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ID: 25597263
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19-06-2009 | P2
Tiragem: 59760
Pág: 12
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,21 x 37,26 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
P2
Cultura
Dois bancos e um cabide
em valchromat do projecto
Cut Furniture: peças construídas
com uma fibra resistente, ecológica
e não tóxica, que tem a vantagem
suplementar de não exigir a
utilização de pregos, parafusos,
cola ou outros materiais acessórios
Cut Furniture e Hard Club vencedores ex aequo
Prémio Indústrias Criativas distingue design
de mobiliário e centro de animação cultural
Primeira edição do concurso liderado por Serralves e Unicer e que quer ajudar a transformar
ideias criativas em negócio distinguiu projectos do Porto e de Leiria com 25 mil euros
ANA MARIA COELHO
Sérgio C. Andrade
a O projecto de transformação
do centenário Mercado Ferreira
Borges num centro de animação
cultural polivalente e uma linha de
mobiliário que dispensa o uso de
ferramentas e ferragens valeram
aos seus autores, ex aequo, o Prémio
Nacional de Indústrias Criativas,
que foi ontem à noite anunciado em
Lisboa.
O Hard Club, uma sala de
concertos que já fez história na
marginal de Gaia e está agora a
transferir a sua actividade para o
velho recinto da Praça do Infante,
no Porto, alargando-a a outras
vertentes de animação cultural e
de lazer, e o projecto Cut Furniture
(inicialmente chamou-se Recortes),
de Mariana Silva, de Leiria,
são os vencedores da primeira
edição deste Prémio lançado
em Novembro do ano passado,
sustentado por uma rede de nove
parceiros públicos e privados e
gerido pela Fundação de Serralves e
pela Unicer.
A quarta edição do Laboratório
Criativo desta empresa cervejeira,
ontem, na estação do Rossio,
foi o “cenário” escolhido para a
apresentação pública do prémio,
que dividirá pelos dois vencedores
os 25 mil euros estipulados e lhes
dará entrada na Incubadora de
Artes de Serralves.
Foi ainda atribuída uma menção
honrosa ao projecto Ideias.M, de
Júlio Martins e João Petiz, dois
engenheiros da Universidade
do Porto. Utilizando materiais
compósitos, como a fibra de
carbono usada na aeronáutica e
na Fórmula 1, esta dupla começou
em 2004 a construir instrumentos
musicais e outros produtos ligados
às artes.
O júri, constituído por
representantes da Unicer e de
Serralves, viu nos projectos que
decidiu distinguir o reflexo “do
conceito emergente das indústrias
criativas”. “Ambos compreendem
actividades inovadoras e criativas
e responderam de forma eficaz
ao desafio de transformar ideias
e com a Universidade do Minho
(Braga), para que estas, através dos
seus cursos de artes e comunicação,
participem na animação do novo
equipamento.
Experimentar coisas novas
em negócio, adaptando o modelo
de actividade à realidade do
mercado nacional perante a
actual conjuntura económica”,
lê-se na declaração do júri, que
realçou também a qualidade dos
dez projectos nomeados para a
fase final do concurso, depois de
uma pré-selecção de 36 das 171
candidaturas apresentadas.
A confirmar e a dar sequência
a esta apreciação positiva do
primeiro conjunto de candidaturas,
a organização do prémio
encaminhou 26 dos projectos para
o IAPMEI. Destes, dois (Canopus
e By GG, respectivamente no
sector dos artigos funerários e
dos acessórios de moda) foram
seleccionados e desafiados a
desenvolver planos de negócios;
e o By GG, com o Há Coisas do
Cartão (bancos e cadeiras de cartão
reciclável), foram apresentados, no
passado dia 1 de Junho, em Lisboa, a
representantes da loja do MoMA de
Nova Iorque, com a qual poderão
vir eventualmente a estabelecer
contratos.
Ainda antes de ter conhecimento
da decisão do júri, Paulo Ponte, um
dos cinco músicos e empresários
(um deles é Calu, baterista dos
Xutos e Pontapés) que delinearam o
projecto do Hard Club no Mercado
Ferreira Borges admitia que o
prémio seria “um reconhecimento
justo da criatividade” do referido
programa.
A distinção surge, curiosamente,
na altura em que o Hard Club
recebeu finalmente luz verde do
Igespar para o avanço das obras de
requalificação do velho mercado, a
partir de um projecto do arquitecto
Francisco Aires Mateus. O edifício
está já envolto com andaimes
e as obras deverão começar na
próxima semana, patrocinadas pela
Unicer. Depois, fica a faltar apenas
a aprovação final, pelo organismo
camarário Porto Vivo, das condições
que permitirão transformar o
mercado numa sala de concertos,
estúdio de gravação, livrariadiscoteca, restaurante-cafetariaesplanada e ainda num espaço
vocacionado para as crianças.
O Mercado Ferreira
Borges vai ser
transformado num
equipamento polivalente
No total, a transformação do
Ferreira Borges num Hard Club
para o século XXI vai custar dois
milhões de euros. Uma soma
perante a qual os 12.500 euros
do Prémio Indústrias Criativas
significam pouco, do ponto de vista
numerário, “mas significariam
imenso para as pessoas do Hard
Club”, admitia Paulo Ponte,
realçando que se tratava “do
reconhecimento da dedicação e
ambição” dos autores do projecto.
Para o futuro, a equipa do Hard
Club quer estabelecer uma rede de
cumplicidade criativa com outras
instituições da cidade. Com esse
objectivo, estabeleceu já protocolos
com a Universidade Católica (Curso
de Som e Imagem), com a Escola
Superior Artística do Porto (ESAP)
Outra parceria foi igualmente
estabelecida com a Escola Superior
de Arte e Design (ESAD) de
Matosinhos, com a qual foi lançado
o concurso MobiliHard, para a
criação de mobiliário para as novas
instalações. O vencedor foi o aluno
André Alves Campos, que desenhou
um banco, um móvel expositor,
um caixote do lixo e um aquecedor
– peças que irão agora ser adaptadas
ao sítio para onde estão destinadas,
nota Paulo Ponte, que perspectiva o
início das actividades do novo Hard
Club na próxima Primavera. “Até
lá, é cedo para falar em concertos.
Vamos estar atentos aos festivais
de Verão e ver como é que as
bandas se portam nos palcos”, diz o
empresário.
O outro projecto vencedor, Cut
Furniture, diz respeito à produção
de peças de mobiliário com material
valchromat, uma fibra de madeira
mais sofisticada do que o MDF,
resistente, ecológico e não tóxico,
com a vantagem suplementar de
não exigir a utilização de pregos,
parafusos, cola ou outros materiais
acessórios.
Trata-se de um projecto de
uma designer de equipamento
que trabalha em part-time numa
empresa de mobiliário, mas que
quis experimentar “coisas novas
e produtos mais exigentes”. Antes
de saber também que tinha sido
premiada, Mariana Silva admitia,
ontem, que a distinção lhe iria
“permitir participar em feiras
internacionais” e aí apresentar as
suas criações com condições de
que não dispõe até agora. O seu
projecto Cut Furniture foi também
apresentado aos responsáveis
pela loja do MoMA, e a designer
espera que este e outros contactos
– agora com a mais-valia do Prémio
Indústrias Criativas – lhe permitam
levar por diante a sua ideia de
negócio.
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Prémio Indústrias Criativas distingue design de mobiliário e centro