Governo do Brasil Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-Presidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) Ministro de Estado José Aldo Rebelo Figueiredo Instituto Nacional do Semiárido (INSA) Diretor Ignacio Hernán Salcedo MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Fabiane Rabelo da Costa Batista Silvanda de Melo Silva Maristela de Fátima Simplício de Santana Antônio Ramos Cavalcante Instituto Nacional do Semiárido Campina Grande - PB 2015 Equipe Técnica Editoração Eletrônica e Capa Wedscley Oliveira de Melo Fotos Fabiane Rabelo da Costa Batista João Macedo Moreira Revisão de Texto Carolina Coeli Rodrigues Batista Editora Instituto Nacional do Semiárido Av. Francisco Lopes de Almeida S/N; Serrotão; CEP: 58434-700 Campina Grande, PB [email protected] | www.insa.gov.br Ficha catalográfica elaborada na Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba Bibliotecária: Edna Maria Lima da Fonsêca - CRB-15 - 00051 B333u Basta, Fabiane Rabelo da Costa. O umbuzeiro e o semiárido brasileiro / Fabiane Rabelo da Costa Basta, Silvanda de Melo Silva, Maristela de Fáma Simplício de Santana, Antônio Ramos Cavalcante .-- Campina Grande: INSA, 2015. 72p. : il. ISBN: 978-85-64265-26-4 1. Umbu - semiárido - Brasil. 2. Umbuzeiro - importância socioeconômica - semiárido brasileiro. 3. Umbu - produção - colheita. 4. Umbu - custos - processamento. I. Silva, Silvanda de Melo. II. Santana, Maristela de Fáma Simplício de. II I. Cavalcante, Antônio Ramos. IV. Instuto Nacional do Semiárido. CDU: 634.442(81) SUMÁRIO PARTE I – UMBU E SEUS ASPECTOS DE PRODUÇÃO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. INTRODUÇÃO GÊNERO Spondias: ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA O UMBUZEIRO SISTEMA RADICULAR E XILOPÓDIOS CITOGENÉTICA E SISTEMA REPRODUTIVO VARIABILIDADE DO UMBUZEIRO NO SAB E COLEÇÕES DE GERMOPLASMA PRODUÇÃO DE MUDAS 7.1. Propagação sexuada 7.2. Estaquia 7.3. Enxertia 7.4. Transplantio e enriquecimento da caatinga 09 10 12 18 20 21 25 25 28 29 30 PARTE II – PÓS-COLHEITA E IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DO UMBU PARA O SAB 8. IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DO UMBUZEIRO PARA O SAB 9. QUALIDADE, COLHEITA E CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA 9.1. MUDANÇAS NA QUALIDADE DURANTE A MATURAÇÃO 9.2. COLHEITA E CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA 10. PROCESSAMENTO DO UMBU 10.1. RECEITAS 10.2. RENDIMENTO E CUSTOS DO PROCESSAMENTO 10.3. EXPERIÊNCIAS EXITOSAS COM PROCESSAMENTO DE UMBU – O CASO DA COOPERCUC NO SERTÃO DA BAHIA 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 12. AGRADECIMENTOS 13. REFERÊNCIAS APÊNDICE - Quantidade de umbu produzida segundo os municípios do SAB 33 40 40 44 45 47 51 52 54 54 54 7 PREFÁCIO 8 O umbuzeiro é uma das plantas mais simbólicas do Semiárido brasileiro (SAB), primeiro por ser endêmica dessa região, pois é destacada em muitos contextos e, sobretudo, por ser muito estimada pela população, que usa a planta de várias formas: os frutos para consumo in natura ou para imbuzadas e os xilopódios para fornecer água a vaqueiros nas suas lides na caatinga ou para fazer doces foram os usos pioneiros. Tudo de forma muito extrativista. Esse destaque também ocorreu com as descrições feitas por diversos autores, desde Pio Correia em seu Dicionário de Plantas Úteis do Brasil a Guimarães Duque em seu livro O Nordeste e as Lavouras Xerófilas, porém, um enfoque de uso mais sistêmico só surgiu em anos recentes que talvez não passe de três décadas. De fato, vários produtos têm sido extraídos do umbu, notadamente os doces e geleias diversas que tem na Coopercuc a sua máxima inspiração e que tem se disseminado para diferentes pontos do SAB. As publicações sobre o umbuzeiro também têm aumentado, pois nos últimos 15 anos os autores do livro O umbuzeiro e o Semiárido Brasileiro registraram 79 % das publicações, ficando apenas 21 % para as publicações referenciadas antes do ano 2000. Esse aumento expressivo é muito importante, pois significa que além da importância da planta conferida pelas populações, a comunidade técnica e científica começou a devotar um esforço de produção acadêmica de muito significado no conhecimento da planta e, desse modo, vai desvendando esse grande tesouro do Semiárido e que é endêmico do Bioma Caatinga. Dentro desse contexto houve um trabalho muito significativo, pois foram reunidos os conhecimentos disponíveis sobre a planta que estavam dispersos em muitos trabalhos publicados, nos mais diferentes meios de divulgação, por diversos autores de diferentes instituições do SAB, os quais foram apresentados, de modo sistematizado, em duas partes bem definidas. A primeira delas é devotada ao conhecimento da planta e a segunda trata de sua importância e processamento de seus frutos, com um enfoque de agregação de valor ao produto, fazendo uma excelente incursão na cadeia produtiva do umbuzeiro. Isso permite que o leitor tenha, em uma única obra, uma visão atualizada de tudo que foi produzido sobre o umbuzeiro até o momento e lance um olhar minucioso e profundo no envolvimento das pessoas que habitam o meio rural do Semiárido com os diversos modos de transformação e uso dessa planta tão emblemática e importante para a região. O livro aborda que tudo, ou quase tudo, que é produzido de umbuzeiro é de forma extrativista, e que a baixa densidade de plantas, como existe na natureza, tem fortes consequências na produção total de frutos. Por outro lado, a propagação do umbuzeiro, um componente muito relevante e diretamente relacionado produção, teve avanços significativos em tempos recentes. Um corte na estatística da produção de frutos no Semiárido entre 2008 e 2013 e sua dispersão pelos estados do SAB, o estudo da variabilidade genética que se encontra nas coleções já existentes, o processamento em diferentes níveis de complexidade e o envolvimento das comunidades e ONG com esse trabalho são outros destaques da obra. Dentro do enfoque da cadeia produtiva, os autores sugerem que uma maior demanda seria estabelecida se houvesse maior divulgação dos produtos do fruto do umbuzeiro, uma vez que poucos conhecem os produtos fora do SAB. A Coopercuc tem feito uma divulgação ampla através de convênios, colocando seus produtos em muitos pontos de vendas inclusive fora do Nordeste e do Brasil, porém este alcance é ainda limitado. É apresentada uma análise dos efeitos das várias intermediações nos valores obtidos com a venda de frutos, desde os catadores até os preços praticados nas redes de distribuição para os consumidores e, assim, são interpretadas as perdas de oportunidade de maior valorização para os primeiros, possivelmente os participantes da cadeia que tem o trabalho mais pesado. É destacada também que uma das vertentes de crescimento pode ser a organização dos catadores em grupos ou associações que permitam processar os frutos, dentro de uma qualidade aceitável pelos órgãos de fiscalização e pelos consumidores. Esse fato, juntamente com uma divulgação mais efetiva, poderia ampliar a demanda por produtos do umbuzeiro. Contudo, um aumento da demanda implicará em aumento da oferta. Os autores apresentam propostas, sendo a principal o enriquecimento da caatinga, não esquecendo, porém, que o estabelecimento das plantas na caatinga poderá encontrar objeção de roedores, como o peba, fato que tem sido observado em experiências na Embrapa Semiárido. Outros elementos para novas alternativas de aumento da produção de frutos são apresentadas no livro. É importante destacar que algumas regiões do SAB não têm mais umbuzeiros, como ocorre em grande parte do Semiárido cearense, pois existem outras espécies de Spondias, como o cajá. Igualmente, o Semiárido sergipano quase não tem registro de plantas de umbuzeiros. Ainda no que tange à produção de frutos, uma análise mais detalhada revela uma grande diferença de produção média, com estados com pequenas produções como Alagoas, Paraíba, Ceará e Piauí, e o estado da Bahia, líder absoluto na produção de frutos, com registro em 185 municípios e produtividade média por município de 35,5 toneladas. Com o detalhamento da produção de frutos por município apresentado no livro, o leitor interessado poderá ter uma boa ideia da distribuição da produção no SAB e perceber que são necessárias pesquisas posteriores para explicar as diferenças encontradas. O grande destaque fica com o município de Brumado, com uma produção de quase 1.000 toneladas de frutos. Todos esses pontos poderão ser objeto de pesquisas futuras, fato esse bem estabelecido pelos autores quando indicam que os grandes objetivos da obra são, além de reunir informações, incentivar outros trabalhos com umbuzeiro. De fato, com o estabelecimento de vários cursos de pós-graduação no SAB, esse objetivo tem grandes chances de ser realizado. Com a participação da comunidade acadêmica e o envolvimento da população de agricultores e agricultoras é possível chegar a um processo de produção bem ajustado, em uma cadeia produtiva que traga benefícios a todos os potenciais interessados. Por fim, a razoável lista de referências cuidadosamente selecionada pelos autores também integra e complementa o universo de informações existente nesse estimulante livro. Juazeiro, 16 de fevereiro de 2015 Manoel Abílio de Queiróz, UNEB – Juazeiro-BA 9 PARTE 1 UMBU E SEUS ASPECTOS DE PRODUÇÃO Fabiane Rabelo da Costa Batista 10 1. INTRODUÇÃO O Semiárido brasileiro (SAB) ocupa uma área de 980.134 km2, compreende parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e porção Norte de Minas Gerais, num total de 1135 municípios e uma população estimada em 23.846.982 habitantes (Sigsab 2014). Nessa região predomina o bioma caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro, com grande diversidade de ambientes e vegetações que variam com os tipos de solos e a disponibilidade de água. A vegetação mais típica da caatinga encontra-se nas depressões sertanejas, localizadas ao norte e ao sul do bioma, separadas por uma série de serras que constituem barreiras geográficas para diversas espécies (Velloso et al. 2002), fator esse que favorece a existência de um número expressivo de táxons endêmicos, exclusivos desses locais. O estudo e utilização de espécies nativas e adaptadas a esse ambiente são de suma importância para o desenvolvimento econômico e social do SAB, conferindo uma renda fixa às famílias que vivem no meio rural e fazendo com que elas não tenham que abandonar suas terras em busca dos centros urbanos do país (Drummond 2000). Dentre as espécies com potencial de exploração, o umbuzeiro (Spondias tuberosa) se destaca por sua importância socioeconômica, fornecendo frutos e túberas ricas em água e nutrientes, de múltiplos usos, além de folhas usadas como alimento para os animais. Segundo Duque (2004), o aumento do cultivo dessa espécie, na forma de exploração sistemática, proporcionaria maior renda e tranquilidade aos pequenos agricultores, diante das incertezas das safras de cultivos dependentes de chuva. A densidade de umbuzeiros na caatinga é baixa, variando de três (Albuquerque et al. 1982) a nove (Drumond et al. 1982) plantas por hectare. Cavalcanti et al. (2008) observaram diferenças na densidade de umbuzeiros em relação a preservação das áreas de caatinga. Em locais de caatinga preservada, a densidade de plantas variou entre 6,7 e 8,3 plantas/ha e, na caatinga degradada, entre 3,0 e 3,6 plantas/ha. Além disso, a substituição natural das plantas tem sido prejudicada pela pecuária extensiva praticada na região. O cercamento de áreas para manutenção dos rebanhos pode ser, em alguns casos, mais caro que a propriedade em si, e, por isso, muitos produtores deixam seus animais soltos, consumindo a vegetação e não permitindo que umbuzeiros jovens atinjam a fase adulta. A conservação in situ e ex situ, a adoção de práticas de manejo e o melhoramento genético da espécie, associados a programas de enriquecimento da caatinga, são alternativas importantes para a sobrevivência do umbuzeiro no semiárido e estruturação de um sistema produtivo gerador de renda. Para se ter ideia do valor que a introdução e o estabelecimento de apenas 100 mudas de umbuzeiro podem ocasionar, pode-se considerar o seguinte: cada planta em seu ápice de produção gera, em média, 300 kg de frutos/safra; assim a produção anual seria de 30.000 kg ou 30 toneladas de frutos. O preço mínimo sugerido pela Conab a ser pago ao extrativista para a safra 2013/2014 foi de R$ 0,52 por quilo (CONAB 2013), o que renderia R$ 5.600,00 aos catadores. Por outro lado, o preço mínimo pago no Ceasa pela caixa de 20 kg em março de 2014 foi R$ 55,00 (CEASA 2014), totalizando R$ 82.500,00 ao atravessador. Deve-se considerar, no entanto, que um umbuzeiro adulto inicia sua produção entre 8-10 anos de idade, quando originado de semente, e aos 5 anos, em média, quando enxertado, e que nos primeiros anos, a produção é inferior a 300 kg/planta. Outro aspecto a ser considerado é que a produção varia com a planta, havendo indivíduos bem mais produtivos que outros. Por meio 9 do enriquecimento da caatinga com umbuzeiros, por exemplo, após 10 anos, famílias de agricultores poderiam viabilizar a exploração sistêmica dessas plantas e ter na coleta de frutos uma fonte adicional de renda. Apesar dessa importância socioeconômica, os trabalhos de pesquisa e difusão relacionados ao plantio, conservação e enriquecimento da caatinga com umbuzeiros são poucos. Assim, este livro tem por objetivo reunir as principais informações de pesquisa sobre o umbuzeiro, bem como dados de conhecimento tradicional, de forma a incentivar e subsidiar novas pesquisas com essa fruteira que é um dos símbolos do Semiárido brasileiro. 2. GÊNERO Spondias: ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA 10 O gênero Spondias pertence à família Anacardiaceae, subfamília Spondioideae (Pell et al. 2011). A taxonomia do gênero ainda é confusa e existem controvérsias quanto ao número correto de espécies e sinonímias, bem como sobre a origem de algumas delas. O gênero foi inicialmente descrito por Linnaeus em 1753 e era formado apenas pela espécie S. mombin (Miller 2011). Dois grandes grupos de espécies são descritos na literatura; o primeiro reúne as espécies de origem Asiática e o segundo, as de origem Neotropical. Airy Shaw e Forman (1967) propuseram uma chave de identificação para as 10 espécies de Spondias que ocorriam na Ásia: S. haplophylla, S. bipinnata, S. philippinensis, S. lakonensis, S. laxiflora, S. indica, S. purpurea, S. mombin, S. cytherea e S. pinnata. Esses autores sugeriram que o sudeste da Ásia tropical fosse considerado o centro de diversidade do gênero, já que foram encontradas quatro espécies endêmicas na região. Campbell e Sauls (1991), estudando Spondias que ocorriam na Flórida (EUA), citaram como centro de origem de S. tuberosa o Brasil, S. cytherea a Polinésia, S. mombin e S. purpurea a América tropical; S. pinnata seria uma espécie nativa da Ásia tropical e S. borbonica, das Ilhas Mauricio e Reunião. Eles verificaram que tanto S. cytherea quanto S. mombin possuíam flores bissexuais e autoferteis, porém, dentre os acessos de S. purpurea avaliados, verificou-se que as flores tinham pólen estéril e os frutos não produziam sementes viáveis, de forma que a propagação era feita exclusivamente por estacas. Posteriormente, Mitchell e Daly (1998) descreveram oito espécies ocorrentes nos Neotrópicos: S. purpurea, S. tuberosa, S. radlkoferi, S. macrocarpa, S. testudinis, S. venulosa, S. mombin e S. dulcis (introduzida da Oceania). Eles também propuseram a existência de duas variedades de S. mombin: S. mombin var. globosa e S. mombin var. mombin, que formaram o “Complexo S. mombin”. Com exceção de S. purpurea, as flores das espécies neotropicais eram estrutural e funcionalmente hermafroditas, porém fortemente protândricas (a maturação das estruturas sexuais masculinas precedia a maturação das estruturas femininas) e que havia a ocorrência de híbridos naturais entre as espécies. Em 2012, uma nova espécie asiática foi identificada: S. tefyi (Mitchell et al. 2012). Atualmente, Spondias é considerado um gênero pantropical, com sete espécies neotropicais (Mitchell e Daly 1998; Miller 2011) e 11 asiáticas (Miller 2011; Mitchell et al. 2012), conforme mostra a Tabela 1. Tabela 1: Espécies de Spondias e sua distribuição geográfica. 6 7 S. acida S. acuminata S. bipinnata S. bivenomarginalis S. cytherea (= S. dulcis) S. malayana S. novoguineensis 8 S. pinnata 9 S. tefyi 10 S. tonkinensis 11 S. xerophila Origem e distribuição geográfica Península Malaia Índia, Myanmar e Tailândia Tailândia Província de Yunnan (China) Ásia Culvada no Brasil e Caribe Malasia, Filipinas Nova Guiné, Ilhas Salomão Índia, Himalaias, Myanmar e Sri Lanka Madagascar Tonkin e Província de Lang son (Vietnan) Sri Lanka 12 S. macrocarpa Brasil: Mata Atlânca Cajá redondo Endêmica do Brasil Brasil: Amazonia; Acre Cajá, taperebá Brasil: Amazônia, Caanga, Cerrado e Mata Atlânca Florestas tropicais secas do México e América central México, América Central, Noroeste da Venezuela e Oeste do Equador Cajá mirim (forma culvada e silvestre) Seriguela (forma culvada e silvestre) Espécie 1 2 3 4 Asiáticas 5 13.1 Neotropicais 13.2 S. mombin var. globosa S. mombin var. mombin 14 S. purpurea 15 S. radlkoferi 16 S. testudinis 17 S. tuberosa 18 S. venulosa Brasil: Sudoeste Amazônico Nordeste do Brasil: Caanga Brasil: Caanga e Mata Atlânca Nome comum e outras observações Cajarana, caja-manga 11 Apenas na forma silvestre Cajá de jabo, cajarana da mata, cajarana de anta, taperebá de veado Umbu, imbu Endêmica do Brasil Cajazinho Endêmica do Brasil Fonte: Adaptado de Mitchell e Daly 1998; Miller 2011; Silva-Luz e Pirani 2011; Mitchell et al. 2012. Além dessas, são encontrados no Brasil dois possíveis híbridos naturais entre umbu e cajá e entre umbu e seriguela, umbu-cajá e umbuguela (Spondias sp.), respectivamente. Exceto pelos fenótipos intermediários, não existem dados na literatura que corroborem esta hipótese. Inclusive resultados de bandeamento CMA/DAPI e FISH sugerem que, no caso do umbu-cajá, essa seja uma nova espécie, e não um híbrido (Almeida et al. 2007). Informações sobre cruzamentos interespecíficos e dados gerais sobre outras Spondias são de interesse ao melhoramento, pois, em última análise, essas espécies podem conter genes de interesse que poderão ser introduzidos no umbuzeiro. 3. O UMBUZEIRO 12 O umbuzeiro é uma espécie arbórea que pode atingir 7 m de altura (Cavalcanti e Resende 2006) e copa com diâmetro variando entre 10 e 15 m (Braga 1960; Cavalcanti e Resende 2006). Ele ocorre desde o Piauí até o norte de Minas Gerais e é adaptado a regiões com precipitações entre 400 e 800 mm anuais, temperaturas entre 12 e 38 oC e 2000 a 3000 horas de luz solar/ano. Conforme a classificação dos centros de diversidade brasileiros proposta por Giacometti (1992), o centro de diversidade do umbuzeiro é o centro Nordeste/Caatinga (Centro 6), que abrange parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e a Chapada Diamantina na Bahia. Não existem relatos de ocorrência em outras regiões do planeta, sendo, portanto, considerado uma espécie endêmica do SAB (Prado e Gibbs 1993; Santos 1997; Giulietti et al. 2002; Silva-Luz e Pirani 2011). Lins Neto et al. (2012) afirmam que o umbuzeiro encontra-se em estádio inicial de domesticação. Mesmo em áreas utilizadas para atividades agrícolas e pastejo, as plantas são preservadas e a diversidade genética e morfológica da espécie tem sido mantida nesses locais, como também em áreas de vegetação nativa. Segundo Cavalcanti et al. (2009), o fluxo gênico é realizado por meio de sementes, sendo que em áreas mais preservadas, principalmente por animais silvestres como cotias (Dasyprocta cf. prymnolopha), caititus (Tayassu tajacu), veados (Mazama gouazoubira) e tatus-pebas (Euphractus sexcinctus), dentre outros, enquanto na caatinga degradada, por caprinos e ovinos. É comum encontrar sementes de umbu em currais e outros locais que estes animais frequentam, porém, na maioria dos casos, estas sementes não retornam ao campo e praticamente não são encontradas plantas jovens de umbuzeiro na natureza. Outros fatores como o ataque de insetos às sementes presentes no solo, a alta palatabilidade das brotações jovens e a maior susceptibilidade dessas plantas à estiagem também contribuem para a não renovação dos umbuzeiros na caatinga. A produção do umbuzeiro no SAB concentra-se no período chuvoso, principalmente entre os meses de março e junho, variando com o local e sua respectiva distribuição de chuvas. Do início da frutificação até a maturação dos frutos, são cerca de 125 dias. Os frutos são do tipo drupa, variando entre arredondados, ovoides e oblongos (Neves e Carvalho 2005), podendo ou não ter pelos, e o endocarpo, também conhecido como caroço, envolve a semente. A superfície dos frutos pode ser lisa ou apresentar 4 a 5 pequenas protuberâncias em sua porção distal. A Figura 1 mostra a variabilidade de formas e tamanhos dos frutos do umbuzeiro. O peso médio do fruto é de 18,4 g (Santos 1997), sendo que, em média, a casca corresponde a 22 % do peso total do fruto, a polpa a 68 % e a semente, 10 % (Silva et al. 1987; Mendes 1990; Neves e Carvalho 2005; Costa, comunicação pessoal). O umbu é um fruto rico em vitamina C, com conteúdo superior a 50 mg/100 g de polpa. Ele contém substâncias biologicamente ativas que podem contribuir para uma dieta saudável, entre elas clorofila, carotenóides, flavonoides e outros compostos fenólicos. Além disso, pode ser considerado um fruto com ótimo potencial antioxidante natural, com atividade de proteção ou inibição de oxidação de 87,74 % quando comparado ao antioxidante sintético Trolox (Dantas Junior 2008). 13 Figura 1: Diversidade de frutos de umbuzeiro. A e B) frutos lisos x frutos com pelos - material coletado em Juazeirinho, PB; C) tamanhos distintos e mesmo estádio de maturação - material coletado em Currais Novos, RN; D) frutos com protuberâncias bem proeminentes - material coletado em Boqueirão, PB. Os frutos do umbuzeiro são coletados de forma extrativista e participam significativamente do agronegócio regional, tanto pelo consumo in natura quanto sob a forma processada, sendo de grande importância sócio-econômica principalmente para as populações rurais do SAB. Como os frutos colhidos são obtidos de plantas já existentes na caatinga ou em pequenos pomares e quintais domésticos e não recebem qualquer tipo de insumo como adubos ou agrotóxicos, a produção pode ser considerada agroecológica. Dados sobre o extrativismo do umbu no Brasil entre os anos 1990 e 2013 (IBGE/SIDRA 2015), apontam para redução na safra (Fig. 2 e Tab. 2). Por outro lado, tem se verificado um aumento no preço pago pelos frutos do umbuzeiro no mercado nacional nos últimos anos (Tab. 3). Fatores como o desmatamento da caatinga para extração de madeira lenha e carvão, para formação de pastagens e as queimadas podem ter contribuído significativamente para esta queda de produção (Queiroz et al. 1993). Embora o umbuzeiro seja considerado “árvore sagrada do sertão”, e, por vezes, mantido no campo, o extrativismo predatório de suas túberas, como era feito no passado, pode ter comprometido a sobrevivência de muitas plantas e também contribuído para a diminuição da população na caatinga, com consequente redução da oferta de frutos para coleta. 14 Figura 2: Produção de fruto de umbu entre os anos 1990 e 2013. Tabela 2: Produção de umbu nos estados do SAB entre os anos 2008 e 2013. Estados No de municípios produtores* AL BA CE MG PB PE PI RN Total 11 185 14 20 25 64 13 31 363 2008 55 8.209 39 117 105 453 81 206 9.265 2009 48 8.402 39 122 110 413 90 202 9.426 Quan dade (t) 2010 2011 2012 46 43 34 8.624 8.165 7.010 39 40 38 264 222 124 111 118 83 441 448 403 92 98 56 185 188 231 9.802 9.322 7.979 2013 32 6.601 36 171 79 382 91 167 7.559 * Baseado nos dados de extrativismo do IBGE de 2013. Tabela 3: Valor gerado com a extração do umbu nos estados do SAB, entre os anos 2008 e 2013. Estados AL BA CE MG PB PE PI RN Total 2008 27 5.765 35 118 53 231 46 136 6.411 Valor pago pelos frutos (x mil reais) 2009 2010 2011 2012 17 20 19 25 5.945 6.622 6.700 6.615 35 41 45 53 154 252 222 100 72 73 70 59 238 253 291 281 74 69 77 55 134 167 174 453 6.669 7.497 7.598 7.641 2013 26 6.933 55 193 55 345 92 379 8.078 Os maiores produtores de umbu, em ordem decrescente de importância são Bahia, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. As Figuras 3 e 4, baseadas nos dados do IBGE, resumem a produção estimada de frutos por estado do SAB e seus municípios com registro de ocorrência/coleta de frutos. 15 1,05 2,26 0,48 1,20 5,05 2,21 0,42 87,33 Figura 3: Percentual de umbu produzido, por estado do SAB, em 2013. 16 O umbu é um fruto climatérico (Neves e Carvalho 2005), que atinge seu amadurecimento mesmo após a colheita, por isso, recomenda-se que essa seja feita manualmente, em grau de maturação conhecido como “de vez” (próximo a maturação fisiológica), ou seja, quando a casca estiver verdeclara brilhante a ligeiramente amarelada. O acondicionamento deve ser feito em caixas de papelão ou madeira, semelhantes às utilizadas para uva, com capacidade de 3 a 5 kg, para venda in natura. Quando se destinarem ao processamento, os frutos podem ser acondicionados em sacos de 50 kg (Araújo 2007). Frutos maduros são altamente perecíveis; sua vida de prateleira é de 2-3 dias (Policarpo et al. 2007). A demanda por frutos de umbuzeiro é bastante grande no Nordeste brasileiro, no entanto, a quantidade colhida não atende aos mercados consumidores da região. Não existem plantios de umbuzeiro e toda a produção é extrativista. O cultivo da espécie, como exploração sistemática, proporcionaria maior renda aos pequenos agricultores. Considerando o potencial econômico dessa fruteira para o país e uma alternativa de produção para a região semiárida brasileira, trabalhos voltados para viabilizar a implantação de pomares comerciais, a seleção de boas matrizes e seu uso como fonte de ponteiras para enxertia, resultando em plantas que produzissem frutos de qualidade e que atendessem as demandas do mercado consumidor seriam estratégias que poderiam ser adotadas para melhorar a produção regional. A produção média do umbuzeiro na caatinga, seja ela preservada ou não, é influenciada por fatores como genética (plantas naturalmente mais produtivas que outras, em número e/ou tamanho de frutos), estádio fenológico (plantas adultas e em pleno desenvolvimento tem maior produção), maior ou menor disponibilidade de água no solo (em anos de chuva a produção é maior). Muitas vezes, por não considerar essas variantes, a literatura tem mostrado discrepâncias em relação aos valores de produção encontrados, dificultado a determinação de um valor médio que possa ser usado como referência para produção do umbuzeiro. 17 Figura 4: Distribuição espacial dos municípios do SAB que realizaram extrativismo do umbu em 2012. Santos (1999) avaliou a capacidade produtiva de plantas de umbuzeiro ao longo de três anos e verificou que essa se mantém estável em cada indivíduo, com pequenas flutuações, provavelmente associadas a variações climáticas. Em outras palavras, ser muito ou pouco produtiva é uma característica intrínseca de cada planta, cada genótipo, e basta apenas um ano de avaliação para se obter essa informação ou simplesmente consultar os agricultores locais que possuem dados de observação. Por outro lado, para se determinar características quantitativas como produtividade, número de frutos por planta e peso de polpa são necessários pelo menos quatro anos de avaliação para se ter confiabilidade nos resultados. Aqui serão considerados os dados obtidos por Cavalcanti et al. (2008), que analisaram a produção de 66 umbuzeiros em caatinga preservada e degradada em três municípios do SAB e observaram uma produção média de 358 kg de fruto por planta. Segundo a Embrapa, existe um genótipo de umbu, conhecido popularmente como umbu gigante, cujo peso médio de fruto é próximo ou acima de 100 g (Fonseca 2010). Este umbuzeiro pode produzir até 3.900 kg/ha a partir dos 12 anos (Araújo 2007). A sazonalidade, inexistência de variedades recomendadas e a pouca pesquisa voltada para obtenção de cultivos comerciais são entraves à produção, beneficiamento e comercialização de frutos de umbu (Lederman et al. 2008). 18 4. SISTEMA RADICULAR E XILOPÓDIOS O sistema radicular do umbuzeiro é formado por raízes longas, com até 1,5 m de comprimento e que se concentram na região da projeção de sua copa (Cavalcanti e Resende 2006). Os xilopódios, túberas ou batatas, como são popularmente conhecidos, são estruturas de consistência esponjosa que armazenam nutrientes e água e garantem a sobrevivência da planta inclusive no período de seca (Duque 1980; Epstein 1998) e se localizam junto às raízes secundárias e terciárias, próximo ao tronco das plantas. Os xilopódios são usados para alimentação dos animais na seca e na fabricação de doces. Alguns autores sugerem que os cortes realizados para esses fins comprometem a sobrevivência da planta e têm elevado o risco de extinção da espécie. Outros afirmam que a retirada anual de parte dos xilopódios propicia sua renovação, o que garante a sobrevivência da planta. Cavalcanti et al. (2002) verificaram que a remoção de xilopódios não limitou nem a frutificação do umbuzeiro, nem sua sobrevivência. Uma alternativa para fabricação de doces a partir de xilopódios, sem comprometer a sobrevivência de plantas adultas, é sugerida por Cavalcanti et al. (2004). Plantas jovens, com 6 meses de idade, possuem xilopódios de aproximadamente 28 cm de comprimento, diâmetro médio de 6,5 cm e peso médio de 250 g, ideais para este fim. Este fato pôde ser verificado, comparando-se os rendimentos de doce obtidos a partir de xilopódios de plantas adultas e jovens: 45 % contra 85 %, respectivamente. Outro uso para xilopódios jovens é a fabricação de picles (Cavalcanti et al. 2001a). Neste caso, os xilopódios são extraídos de plântulas a partir dos 4 meses de idade; eles tem cerca de 15 cm de comprimento, diâmetro médio entre 2,6 e 3,2 cm e peso médio de 43 g. Essas dimensões permitem o corte de toletes de 9 cm, adequados para processamento de picles. Os melhores resultados de aceitação pelos consumidores foram obtidos com processamento de picles em salmoura de 2,5 % de sal comum e 0,5 % de ácido ascórbico (Cavalcanti et al. 2001a). As receitas do doce e dos picles de xilopódio são apresentadas no capitulo 10 deste livro. A localização e retirada dos xilopódios em plantas adultas durante o período de estiagem é feita com auxílio de uma enxada. Batidas no solo que emitem som grave indicam que estão cheios de água, enquanto sons agudos indicam que estão secos (Mattos 1990, citado por Cavalcanti et al. 2006). A água encontrada é usada, muitas vezes, para matar a sede dos animais e do próprio homem no meio da caatinga. É durante a fase de dormência vegetativa, isto é, após a queda das folhas, que os xilopódios possuem sua máxima reserva nutritiva. Para iniciar o florescimento, a planta redistribui os nutrientes armazenados nessas estruturas de reserva e por isso, nessa fase, sua quantidade de nutrientes é muito baixa. De acordo com Souza (1998), mudas oriundas de sementes formam xilopódios nos primeiros 30 dias, enquanto as obtidas por estacas têm dificuldade de enraizamento e formação destas estruturas de armazenamento de água (as vezes se formam tardiamente), o que pode comprometer sua sobrevivência, especialmente durante o período seco. Nascimento et al. (2000), utilizando como substrato apenas areia lavada, observaram a formação de xilopódios de um a dois centímetros de diâmetro aos 60 dias após o semeio. A Figura 5 mostra os xilopódios de mudas de umbuzeiro com idades entre quatro e cinco meses. Estas mudas foram produzidas em uma mistura de massame e esterco na proporção 2:1. Figura 5: Mudas de umbuzeiro apresentando xilopódio. A) Aos 130 dias; B) Aos 150 dias. 19 5. CITOGENÉTICA E SISTEMA REPRODUTIVO 20 As primeiras descrições citogenéticas do número cromossômico do umbuzeiro foram feitas por Pedrosa et al. (1999), que observaram 16 bivalentes na metáfase I da meiose. Almeida et al. (2007), analisando cinco espécies de Spondias (S. tuberosa, S. cytherea, S. mombin, S. purpurea e S. venulosa) e um possível híbrido natural entre elas (umbu-cajá – Spondias sp.), com base no bandeamento CMA/ DAPI e FISH, verificam que todas possuíam 2n = 32 cromossomos, com cariótipos muito similares e cromossomos pequenos. Em relação ao híbrido, as imagens do bandeamento e da hibridização in situ fluorescente mostraram que, embora ele fosse mais próximo de S. tuberosa e de S. mombin do que das demais espécies, era cariotipicamente homozigoto e distinto delas. Os autores sugeriram que o híbrido é, na verdade, uma nova espécie, pois embora ele tenha algumas características fenotípicas semelhantes a ambos, cariotipicamente os pais se assemelham mais entre si do que com o suposto híbrido. A espécie S. purpurea, que naturalmente não ocorre no Brasil, foi a mais distinta entre todas. O umbuzeiro é uma espécie alógama ou de fecundação cruzada, andromonóica (Machado et al. 2006), com inflorescências do tipo panícula, contendo aproximadamente 50 % de flores hermafroditas e 50 % masculinas, esta última com estigma e estilete rudimentares (Pires e Oliveira 1986). Nadia et al. (2007), encontraram uma proporção de 60 % masculinas para 40 % hermafroditas, porém a diferença entre elas não foi significativa. A andromonoicia pode ser uma vantagem adaptativa para o umbuzeiro, visto que o custo de maturação de seus frutos é alto. Esta espécie apresenta também autoincompatibilidade (Leite 2006) do tipo gametofítica (Leite e Machado 2010). Mesmo assim, Santos et al. (2011) e Santos e Gama (2013) usando marcadores AFLP, encontraram taxas de autofecundação de 0,287 e 0,196, respectivamente. Em termos evolutivos, a andromonoicia, que é considerada um caráter basal dentro das angiospermas, pode evoluir para a dioicia, mas nesse caso, as plantas andromonóicas apresentam flores hermafroditas com menos grãos de pólen que as masculinas e com menor viabilidade. No umbuzeiro esse fato não ocorre (suas flores hermafroditas produzem mesma quantidade de pólen e com mesma viabilidade que as masculinas), e, por isso, acredita-se que a espécie esteja num estádio ainda mais basal dentro da família Anacardiaceae (Pell 2004). A floração do umbuzeiro ocorre no final da estação seca, antes das primeiras chuvas, o que no Cariri paraibano, corresponde ao período de novembro a fevereiro, com pico de florescimento em dezembro (Nadia et al. 2007). A emissão das inflorescências se dá antes das folhas. Esses autores observaram ainda que o número de flores abertas por inflorescência foi, em média, nove por dia. A durabilidade média das inflorescências foi de sete dias, com abertura das hermafroditas antes das masculinas. As flores masculinas concentraram-se na base da inflorescência, enquanto as hermafroditas, do meio para o ápice. Ambas são pentâmeras, com 10 estames, cinco longos e cinco curtos, com filetes brancos e anteras amarelas, sendo as hermafroditas maiores. A antese inicia-se às 5 h da manhã, sendo que às 6 h as flores já se encontram totalmente abertas. As masculinas permanecem abertas ao longo do dia, senescendo na manhã do dia seguinte, enquanto as hermafroditas permanecem abertas e funcionais por dois ou três dias. Os estigmas ficam receptivos desde a antese, assim como as anteras que se tornam deiscentes. Através da contagem de grãos de pólen, verificou-se que as flores masculinas apresentavam maior quantidade em números absolutos, porém, sem diferença significativa para o número de grãos de pólen das hermafroditas. Em ambas as flores verificou-se que os estames mais longos possuíam mais pólen que os curtos, e a viabilidade polínica média nestas flores foi 98,4 % (Nadia et al. 2007). A entomofilia é a principal forma de polinização das flores de umbuzeiro. Ela ocorre entre 6 e 16 h, com picos entre 6 e 8 h da manhã. No período final de florescimento, as visitas ocorrem até às 15 h. Os principais polinizadores do umbuzeiro são as abelhas. As vespas são consideradas polinizadores secundários (Nadia et al. 2007; Almeida et al. 2011a). Embora o número de flores hermafroditas, com potencial de produção de frutos seja grande e a viabilidade polínica seja alta, a eficiência reprodutiva do umbuzeiro é extremamente baixa. Nadia et al. (2007) observaram que através de polinização natural, apenas 0,58 % das flores produziram frutos. Com a polinização controlada (polinização cruzada), embora tenha havido o início do desenvolvimento do ovário, não houve formação de frutos. Os autores não observaram diferenças significativas entre os doadores de pólen (hermafroditas ou masculinas) para formação dos frutos. Almeida et al. (2011a) observaram que em mais de 50 % das inflorescências não houve a formação de frutos e nas que isso ocorreu, apenas um único fruto foi formado (pelo menos em estádio inicial de desenvolvimento). Ao contrário de outras espécies vegetais cuja eficiência reprodutiva é maior em áreas manejadas pelo homem, não se verificou essa diferença em umbuzeiros, em relação aos que ocorriam em áreas preservadas. A sazonalidade em eventos reprodutivos é frequente em espécies da caatinga, sendo influenciada principalmente pela ocorrência de chuvas. A frutificação no período chuvoso se caracteriza como um mecanismo adaptativo para dispersão de sementes e estabelecimento de novas plântulas. 6. VARIABILIDADE DO UMBUZEIRO NO SAB E COLEÇÕES DE GERMOPLASMA De acordo com Giacometti (1992), os recursos genéticos correspondem à porção da biodiversidade que tem valor atual ou potencial. Os trabalhos realizados com esses materiais iniciam-se com a coleta/ introdução, passando pela multiplicação, regeneração, caracterização e avaliação, de forma a gerar informações que poderão ser usadas não apenas para a própria conservação (formação de coleções base), mas também, e principalmente, para sua utilização, nas mais diferentes formas (coleções de trabalho, bancos ativos de germoplasma – BAGs, dentre outros). O SAB é muito rico em espécies de interesse e uso potencial, podendo ser encontrados acessos para uso em programas de melhoramento já adaptados às condições ambientais da região e que poderão resultar em novas cultivares que darão suporte a produção agrícola nesses locais. Dentre essas, destacam-se muitas fruteiras nativas, espécies forrageiras, plantas medicinais e com potencial de uso ornamental. Por outro lado, o risco de erosão genética e perda de variabilidade são iminentes, uma vez que a degradação dessas áreas vem sendo intensificada nos últimos anos. Diversos fatores têm contribuído para essa perda acentuada, e no caso específico do umbuzeiro, destacam-se o extrativismo predatório dos xilopódios, desmatamento da caatinga para retirada de madeira e estabelecimento 21 de pastagens, queimadas, e também o superpastejo que dificulta a renovação das plantas. Mesmo nos casos de coleções em que o germoplasma está preservado existe risco de erosão genética, já que faltam recursos, infraestrutura e pessoal qualificado para multiplicar e regenerar esse material, ou seja, para manter adequadamente essas coleções. Um estudo mostrou a existência de 115 coleções de germoplasma no Nordeste brasileiro e com amplas possibilidades de uso (Ramos et al. 2008). A Tabela 4 resume a situação das principais coleções de Spondias existentes no Nordeste. Embora muitas delas tenham algum tipo de manejo ou estudo, poucas têm informações de fato relevantes para serem utilizadas nos programas de melhoramento, tais como caracterização e avaliação de aspectos de produção, resistência a estresses bióticos e abióticos, dentre outros. Todas as plantas são conservadas a campo. Tabela 4: Coleções de Spondias no Nordeste Brasileiro. Espécies 22 S. mombin (cajá) S. purpurea (seriguela) S. tuberosa (umbu) Spondias sp. (umbu-cajá) Ins tuições IPA EMEPA Embrapa Meio Norte EBDA UFRB IPA Embrapa Semiárido EBDA IPA EMPARN Embrapa Meio Norte IPA Embrapa Mandioca e Frucultura No de acessos 33 21 30 2 3 11 80 2 31 10 11 36 10 Caracterização e/ou avaliação (%) 100 100 70 Não informado Não informado 100 50 Não informado 10 Não informado 0 100 Não informado Adaptado de Ramos et al. (2008) Os dados da FAO sobre coleções de umbuzeiro no mundo mencionam as já descritas na Tabela 4 e relatam que, além dessas, existem ainda no Brasil as coleções do Cenargen e da EMPARN, com 17 e 10 acessos, respectivamente (WIEWS 2013). Queiroz (2011) destaca que a Colbase de umbu do Cenargen é representada por 30 sementes de cada um dos 1.360 indivíduos coletados em 17 ecorregiões do Semiárido (Santos 1997; Santos et al. 1999), totalizando 40.800 sementes (e uma grande variabilidade genética). A coleção do IPA está localizada na estação experimental de Serra Talhada (PE) e foi estabelecida em março de 1989. Os acessos são representados por uma, duas ou quatro plantas, e neste último caso, duas foram obtidas por sementes e duas por enxertia. O espaçamento entre plantas é de 12 x 10 m (Silva Junior et al. 1999). Considerando que as sementes do umbuzeiro são ortodoxas (Sader e Medeiros 1993, citados por Medeiros et al. 2000) e resistentes ao dessecamento (Medeiros e Eira 2006), pode-se pensar ainda em bancos de sementes e sua conservação em câmaras frias, sem perda de poder germinativo. A conservação ex situ, a adoção de práticas de manejo e o melhoramento genético da espécie associados ao enriquecimento da caatinga podem ser considerados estratégias para a sobrevivência do umbuzeiro no semiárido e a estruturação de um sistema produtivo gerador de renda para a população rural da região. Segundo Alves (2013), na caatinga praticamente não existem plantas jovens de umbuzeiro; as encontradas têm mais de 100 anos de idade, o que pode indicar risco de extinção, ainda que, oficialmente, a espécie não esteja na lista de espécies ameaçadas. O conhecimento prévio da variabilidade genética do umbuzeiro pode subsidiar estratégias de prospecção e coleta de genótipos que, após caracterização, poderão ser empregados em programas de melhoramento visando à obtenção de genótipos mais produtivos e com frutos de qualidade, aumentando a renda do produtor e a qualidade do produto oferecido no mercado. Características como aumento do tamanho de frutos, da quantidade de polpa, redução do tamanho do caroço, dentre outras, seriam de grande interesse e existem relatos de grande variabilidade para esses caracteres. Outra informação importante para coleta de acessos refere-se ao sistema reprodutivo da planta. Em populações alógamas como é o caso do umbuzeiro, espera-se encontrar menor variabilidade dentro das populações do que entre populações (ou locais). Assim, deve-se priorizar a coleta de um maior número de locais e/ou populações, em detrimento a um maior número de indivíduos dentro de cada população para uma melhor representatividade da diversidade da espécie. Segundo Queiroz (2011), é muito importante estudar a variabilidade genética intraespecífica, identificando variantes que poderão ser trabalhadas no sentido da domesticação do umbuzeiro tornando a espécie mais apropriada aos diversos usos a que pode se destinar. Santos (1997) analisou a dispersão da variabilidade fenotípica do umbuzeiro no SAB. Foram avaliadas 11 características de planta e de fruto, em 340 plantas de 17 ecorregiões do Semiárido (20 plantas/ecorregião). O autor afirmou que a variabilidade do umbuzeiro está uniformemente dispersa pela região e que as diferenças edafoclimáticas e as distâncias geográficas não interferiram de forma marcante na evolução e na diferenciação fenotípica da espécie. Com base nos agrupamentos formados, identificou-se como padrão fenotípico predominante no SAB, plantas com altura média de 6,3 m, seis ramos principais, copa arredondada com 11 m de diâmetro, frutos com peso médio de 18,4 g, peso da polpa de 10,7 g, relação polpa/fruto de 0,58 e teor de sólidos solúveis de 12 °Brix. Nas ecorregiões de Porteirinha (MG), Irecê e Livramento do Brumado (BA) foram encontradas plantas de porte baixo, com frutos de grande peso de polpa, boa relação polpa/fruto e teor de sólidos solúveis acima de 12,5 °Brix. Estes locais foram indicados para a prospecção de plantas com características de interesse agronômico e para o melhoramento vegetal. As ecorregiões de Tanquinho, Jeremoabo e Ipupiará, na Bahia, Pio IX, no Piauí e Petrolina, em Pernambuco agruparam o maior número de indivíduos com similaridades fenotípicas e foram apontadas como os prováveis pontos de dispersão e/ou especiação do umbuzeiro. Posteriormente, Santos et al. (2008) trabalhando com marcadores de DNA, encontraram resultados que contradizem o trabalho anterior. Foram avaliadas 68 plantas de 15 ecorregiões do SAB, utilizando marcadores AFLP, e o padrão de agrupamento formado separou a maior parte dos genótipos em função dos locais de coleta, levando-os a concluir que a variabilidade genética do umbuzeiro não estaria uniformemente distribuída no SAB. Essa aparente contradição nos resultados pode ser devida ao uso de marcadores de DNA, que por não sofrerem influência do ambiente, proporcionariam resultados 23 24 mais confiáveis em termos de dispersão da variabilidade que os marcadores fenotípicos, os quais são altamente influenciados pelo fator ambiental e por isso não se prestariam bem para trabalhos de dispersão genética. A estimativa de variação entre ecorregiões foi considerada alta, sugerindo um fluxo gênico restrito entre populações, promovendo um aumento da variabilidade entre elas. Os autores acreditam que esse fato seja consequência, pelo menos em parte, da antropização existente nas áreas de estudo. Dantas Junior (2008), analisando a diversidade genética de acessos de umbu para identificar aqueles mais promissores para consumo in natura e para processamento, identificou como mais promissores os genótipos 10 (Umbu Gigante - Jardim Clonal); 11 (BGU 117) e 25 (BGU 121), por apresentarem alta percentagem de polpa, pequena percentagem de casca e alta relação entre sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT). Por outro lado, os genótipos 26 (BGU 139) e 12 (umbu enxertado – planta 12 anos -Jardim Clonal) com 91,59 e 88,12 % de inibição da oxidação, respectivamente, se destacam como fontes promissoras de antioxidantes naturais. De acordo com a análise de componentes principais, peso e comprimento do fruto, percentagem de casca e rendimento foram as características de maior importância para a diferenciação dos genótipos. Já as que menos contribuíram foram percentagem de semente, percentagem de polpa e diâmetro do fruto. Em relação às características físico-químicas, as de menor importância para a divergência genética foram: vitamina C, SS, AT e acidez antioxidante total relação SS/AT, teor de amido, açúcares redutores, pectina solúvel, flavonóides amarelos, clorofila e ABTS. Por sua vez, pH, açúcares solúveis totais, pectina total, polifenóis extraíveis totais e carotenóides foram as características mais importantes para a diferenciação dos genótipos de umbuzeiros avaliados. Visando à identificação de plantas matrizes superiores a partir da análise de qualidade de frutos, Costa et al. (2011 e 2012) coletaram acessos de umbuzeiro nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Na 1ª avaliação, envolvendo 32 acessos coletados em Soledade, Serra Branca, Juazeirinho, Campina Grande e Currais Novos (Costa et al. 2011), as variáveis que mais contribuíram para divergência foram peso de semente (PS) e peso de polpa (PP), com 28,13 e 22,66 %, respectivamente e as que menos contribuíram foram pH e comprimento longitudinal do fruto (CL), ambas com menos de 1 %. Por outro lado, na 2ª avaliação, com 26 acessos coletados em Carnaúba dos Dantas, Picuí, Boqueirão e Caturité (Costa et al. 2012), as variáveis que mais contribuíram para divergência foram pH e sólidos solúveis totais (SST), com 61,06 % e 22,55 %, respectivamente, e as que menos contribuíram foram CL e PP, com menos de 7 % do total. Considerando as duas análises, separadamente, a característica CL, que praticamente não contribuiu com a divergência genética, seria descartada em futuros trabalhos como esse. Para uma conclusão definitiva sobre a importância e de cada característica, foi feita a avaliação conjunta dos dados das 58 plantas, que incluíram também as informações das matrizes e de pilosidade de frutos, que não haviam sido considerados nesses dois trabalhos. Foi identificada uma grande variabilidade genética entre as plantas analisadas, principalmente no que diz respeito ao tamanho e qualidade dos frutos, o que é muito interessante para a seleção e também em termos de conservação da espécie e enriquecimento da caatinga. Os acessos mais divergentes foram encontrados nos municípios de Boqueirão, Caturité e Serra Branca (Costa et al., em prep.). Considerando que parte dessa variabilidade é de natureza genética, existe potencial de ganho por meio da seleção de genótipos identificados como superiores. Com o objetivo de compreender melhor as interrelações em nível de DNA em Spondias e identificar possíveis combinações para enxertia, Santos e Oliveira (2008) analisaram algumas espécies e dois possíveis híbridos naturais com marcadores AFLP. O material vegetal foi coletado nos estados do Piauí, Bahia e Pernambuco. Foram obtidas 120 marcas AFLP que permitiram o agrupamento de S. purpurea, S. tuberosa e S. cytherea em nível de espécie. Os acessos de umbu-cajá e umbuguela se mostraram mais próximos de S. tuberosa e de S. mombin do que de S. purpurea, sugerindo que o umbuzeiro possa ser um dos parentais dos híbridos analisados. S. cytherea foi a mais divergente das espécies analisadas, enquanto S. purpurea e S. tuberosa se mostraram mais próximas entre si, embora em grupos bem distintos e definidos. Esses resultados corroboram os obtidos por Santos et al. 2002, que usou o umbuzeiro como porta-enxerto para as demais espécies e obteve sucesso de 90 % com umbu-cajá, 86 % com seriguela, 67 % com cajá e apenas 22 % com cajarana. 7. PRODUÇÃO DE MUDAS A adoção de estratégias que visem à renovação dos umbuzeiros no SAB e à sobrevivência da espécie, bem como à estruturação de pomares, na forma de um sistema produtivo gerador de renda para a população rural da região, perpassam pela otimização da propagação da espécie. Após identificar e selecionar plantas que possuam características de interesse, como por exemplo, frutos grandes e doces, o próximo passo é obter mudas dessas plantas, o que pode ser conseguido via semente (propagação sexuada) ou por estaquia (propagação assexuada). Apesar de aumentar a diversidade das progênies, a reprodução sexuada é a forma mais eficiente de multiplicação do umbuzeiro. O conhecimento sobre as técnicas de propagação possibilitará a multiplicação de genótipos superiores, a domesticação das plantas e o cultivo em escala comercial no médio/longo prazos. 7.1. Propagação sexuada O pirênio ou endocarpo, comumente conhecido como caroço do umbu, é usado como semente. Seu formato é oval, sendo uma extremidade um pouco mais afunilada que a outra. Essa extremidade mais estreita é tecnicamente conhecida como extremidade proximal (mais próxima ao pedúnculo do fruto), e a outra, como distal (Fig. 6). Na verdade, a semente localiza-se no interior do endocarpo, uma estrutura dura e lignificada que a protege. Essa rigidez permite a distribuição temporal da germinação, reduzindo a competitividade entre plantas e garantindo a dispersão e a sobrevivência da espécie, pois as sementes resistem à passagem pelo trato digestivo dos animais (Lopes et al. 2009). O umbuzeiro possui apenas uma semente por pirênio. A semente de umbu é formada por 55 % de lipídios, dos quais 69 % são insaturados. Seu conteúdo proteico médio é de 24 %, tem baixo teor de carboidratos e pode ser considerada uma boa fonte de P, K, Mg, Fe e Cu. Seu alto teor lipídico pode ser um atrativo econômico para extração de óleo e para uso na indústria alimentícia (Borges et al. 2007). Mais recentemente, sementes de umbu trituradas têm sido usadas com sucesso na dessalinização de água salobra, porém os resultados ainda estão restritos a 25 pequenos volumes de água e apenas para uso doméstico. Considerando a forma de uso recomendada, é possível remover o cloreto de sódio de 1 L de água salobra utilizando apenas 1 g desse material e aquecendo-se a água a 50 oC (Menezes et al. 2012). Figura 6: Caroço do umbuzeiro (pirênio). A) Diversidade de tamanhos; B) Porção proximal e distal; C) Corte longitudinal, mostrando seu interior. 26 A germinação das sementes de umbu é lenta e desuniforme, o que dificulta a obtenção de mudas. Essa desuniformidade é atribuída à ocorrência de dormência. Segundo Almeida (1987) (citado por Cavalcanti et al. 2006) a dormência em sementes de umbu é do tipo primária, porém superável com o armazenamento. Cavalcanti et al. (2006) analisaram sementes armazenadas por diferentes períodos, porém não tratadas para quebra de dormência, e encontraram os maiores percentuais de germinação aos 60 dias, com sementes armazenadas por 24 e 36 meses. Períodos de armazenamento de 48 e 60 meses acarretaram a queda deste percentual, provavelmente em função do envelhecimento e perda de viabilidade das próprias sementes. Por outro lado, Lopes et al. (2009) sugerem que haja mais de um mecanismo de dormência. Eles testaram vários métodos de quebra de dormência, utilizando sementes retiradas de frutos maduros com auxilio de uma despolpadora e secas à sombra por seis dias. Os autores verificaram que a escarificação mecânica realizada na porção distal do pirênio, sem ferir o endosperma, foi a forma mais eficiente de quebra de dormência. O segundo melhor índice de germinação foi obtido com ácido giberélico na concentração 100 mg/L, aos 60 dias. Nesse caso, as sementes foram imersas em solução por 24 h, sob oxigenação, e mantidas no escuro a 25 oC. Como a imersão em água não acarretou qualquer efeito sobre a germinação (controle), pôde-se concluir que a giberelina foi a responsável pelo incremento na germinação, e não a imersão em si. Em relação ao armazenamento das sementes de umbu, esses autores encontraram taxa de germinação de 83 % entre 120 e 150 dias usando sementes armazenadas em sacos de papel, a temperatura de 22,5 oC e UR média de 65 % (condições de laboratório). De acordo com Araújo (2007), para uma boa produção de mudas por sementes, estas devem ser colhidas preferencialmente de frutos maduros e secas ao sol. Sempre que possível essas sementes devem ser armazenadas por pelo menos um ano para uma germinação mais uniforme. Visando otimizar ainda mais a germinação, recomenda-se a retirada de parte do endocarpo com um canivete, em sua porção mais larga (distal) (Araújo 2007; Souza e Costa 2010). A semeadura deve ser feita a 3 cm de profundidade e o caroço pode ser colocado na posição horizontal (Araújo 2007; Souza e Costa 2010) ou na vertical, sendo que neste último caso, a parte mais larga deve ficar para cima (Souza e Costa 2010). O semeio pode ser feito em sacos de polietileno (duas sementes/saco), irrigando-se duas vezes por dia (Araújo 2007), em bandejas ou canteiros, com areia solarizada ou esterilizada, sob sombrite 50 a 70 % (Souza e Costa 2010). Na fase de plântula, as mudas podem ser transplantadas para sacos, utilizando-se como substrato areia ou barro, mais esterco de gado curtido ou húmus, na proporção 2:1 v/v. As plântulas devem ser mantidas sob sombrite 50 % até a emissão das folhas, quando poderão ser colocadas a pleno sol, tendo o cuidado de irriga-las diariamente, porém sem encharca-las (Souza e Costa 2010). Segundo Araújo (2007), a germinação se inicia a partir do 10º dia. A Figura 7 ilustra as etapas da produção de mudas de umbuzeiro por sementes, desde a formação da sementeira até a fase de aclimatação, pouco antes do plantio definitivo no campo. O uso de tubetes para formação de mudas de umbuzeiro por semente não é recomendado, visto que a formação dos xilopódios dificulta sua retirada e seu transplantio para o campo (Souza e Costa 2010). 27 Figura 7: Produção de mudas de umbu. A) Semeio em canteiros tendo como substrato areia e esterco na proporção 2:1; B) Germinação e emergência; C e D) Transplantio das mudas para sacos, com substrato composto por massame e esterco na proporção 2:1; E e F) Aclimatação das mudas sob telado 50 %. O principal uso de mudas obtidas por sementes é como porta-enxertos. Conforme será detalhado mais adiante, a enxertia tem a grande vantagem de reduzir a fase juvenil da planta, permitindo que ela entre em produção por volta dos 5 anos de idade. Porta-enxertos provenientes de sementes tem maior facilidade de formar xilopódios, o que aumenta a chance de sobrevivência da muda no campo quando submetida a períodos de estiagem prolongados. 7.2. Estaquia 28 Outra forma de obtenção de mudas de umbuzeiro é por meio de estacas, um método de propagação assexuado muito utilizado em fruteiras perenes. Como as mudas formadas serão clones da planta mãe, suas características genéticas serão mantidas e os pomares formados a partir destas plantas serão mais uniformes e precoces quando comparados àqueles oriundos de mudas obtidas por sementes. No caso do umbuzeiro, comumente são usadas estacas grandes, plantadas diretamente no campo, porém existem relatos sobre dificuldade de enraizamento e formação de copa nessas plantas. De acordo com Cazé Filho (1983), isso ocorre em função da coleta das estacas ser feita em período inadequado e não no final do período vegetativo da planta, logo antes do florescimento, o que seria ideal. Há formação da túbera, porém mais tardiamente, o que prejudica o desenvolvimento e a sobrevivência da planta, especialmente considerando o longo período seco do SAB. Araujo et al. (2001), avaliaram e compararam a capacidade de brotação e enraizamento de estacas de 40 cm de comprimento, mas com diferentes diâmetros, obtidas de diversas plantas matrizes. Foi observada uma grande variabilidade para estas características, destacando-se o genótipo BGU 48 (umbuzeiro gigante), em que 78 % de suas estacas emitiram brotações e enraizaram, inclusive formando xilopódios. Os autores acreditam que essa variação em termos de enraizamento é devida a fatores genéticos, relativos a cada genótipo em particular. Souza e Costa (2010) sugerem que as estacas tenham cerca de 25 cm de comprimento e diâmetro aproximado de 2 cm. Depois de colhidas, as estacas devem ser imersas em hipoclorito 0,5 % por 4 minutos. Em seguida, podem ser feitos pequenos cortes em sua parte basal para então mergulha-las em AIB (1000 mg/L). As estacas devem ser plantadas em sacos de polietileno de 15 x 25 cm ou 15 x 28 cm, utilizando como substrato areia ou barro mais húmus ou esterco curtido na proporção 2:1 v/v, mantidas sob sombrite 50 a 70 % e regadas 2 a 3x por semana. Mesmo com todos esses cuidados, o percentual de enraizamento é baixo, de aproximadamente 25 %, e somente após 150 dias a muda está pronta para o transplantio no campo (Souza e Costa 2010). Existem relatos sobre um pomar de umbuzeiro (12 plantas) obtido por estacas, no município de Pilão Arcado, Bahia. Segundo o agricultor que preparou as mudas, as plantas iniciaram a produção aos três anos de idade. As estacas de 2 m foram colhidas quando as plantas matrizes encontravamse totalmente sem folhas, e plantadas até o fim dos dois meses subsequentes. Elas foram enterradas diretamente no solo, cerca de 0,5 m de profundidade, e a terra da cova foi devolvida sem compactação (Macedo et al. 2003). O uso de tubetes para a formação de mudas de umbuzeiro por estaquia pode ser vantajoso quando comparado ao uso de sacos de polietileno, pois protege a raiz, que nesse caso é mais frágil, de danos mecânicos, usa menos quantidade de substrato, facilita o manejo no viveiro, o transporte e o plantio, além de possibilitar maior formação de raízes adventícias. O substrato sugerido para este caso é composto por casca de arroz carbonizada, resíduos de folhas de carnaúba triturados e húmus, na proporção 2:1:1 v/v. A formação de mudas sobre suporte e o uso de substrato solarizado e esterco curtido reduz o surgimento de plantas daninhas, pragas, doenças e nematoides. A adubação por tubete pode ser feita com 1 g de 14:14:14, um adubo de liberação lenta. Vale ressaltar, no entanto, que essa técnica ainda não foi validada cientificamente (Souza e Costa 2010). 7.3. Enxertia Visando reduzir o tempo para início da produção, a uniformização do pomar e a padronização da produção, é possível optar-se pela enxertia. O método de enxertia recomendado pela Embrapa para o umbuzeiro é a garfagem no topo (Araújo 2007). A coleta de estacas para a enxertia deve ser feita no período do repouso vegetativo da planta, antes da floração (Cazé Filho 1983). Essas estacas que serão usadas como enxertos devem possuir de três a quatro gemas e, após a coleta, devem ser lavadas em hipoclorito por quatro minutos (Souza e Costa 2010). Já a obtenção dos porta-enxertos deve ser feita via semente, conforme descrito anteriormente. Cerca de cinco meses após o semeio, quando as plântulas tiverem caules entre 0,8 cm (Souza e Costa 2010) e 1 cm de diâmetro, estarão prontas para serem enxertadas (Araújo 2007). Nessa fase, as mudas têm cerca de 40 cm de altura e aproximadamente 10 folhas (Souza e Costa 2010). Um aspecto importante é que os diâmetros dos caules do enxerto e do porta-enxerto devem ser semelhantes, visando aumentar o índice de pegamento da enxertia. Reis et al. (2010), avaliando a melhor idade das mudas usadas como porta-enxertos e das estacas usadas como enxertos, observaram que, 6 meses após a repicagem, as mudas estavam prontas para serem enxertadas pelo método de garfagem em fenda cheia no topo, usando garfos provenientes de plantas de até 20 anos. Essa combinação resultou em uma taxa de pegamento superior a 80 %. Para garfos oriundos de plantas acima de 40 anos (até 80 anos) verificou-se uma redução gradual nessa taxa, fato este atribuído a perda de vigor destas plantas mais velhas. De acordo com Nascimento et al. (1993), mudas obtidas de sementes e usadas como porta-enxertos têm uma taxa de sobrevivência próxima a 100 % no campo, enquanto as obtidas por estaquia têm sobrevivência média de 6 %. A amarração da enxertia deve ser feita com fita plástica (de polietileno), comumente usada para este tipo de trabalho. Recomenda-se o uso de fitas com 2,5 cm de largura e 10 cm de comprimento (Souza e Costa 2010). Os autores recomendam ainda uma proteção adicional do local da enxertia, que pode ser conseguida com um saco plástico amarrado levemente ao redor desse ponto. Este saco deverá ser retirado após a emissão das primeiras folhas. O plástico tem a função de impedir a entrada de água no corte e o ressecamento do enxerto. As mudas enxertadas devem ficar sob sombrite 70 % até o pegamento e a emissão das primeiras folhas, quando então poderão ser colocadas no sol. Cinquenta (Souza e Costa 2010) a 60 dias após a enxertia (Araújo 2007; Reis et al. 2010) as mudas estão prontas para transplantio no campo. Os brotos abaixo do ponto de enxertia devem ser eliminados e a fita plástica retirada. O uso de pés francos de 29 umbu como porta-enxertos tem boa cicatrização, taxa de pegamento e congenialidade, não apenas com enxertos do próprio umbu, mas também com outras Spondias como cajá e cajarana (Souza 1998; Souza e Costa 2010). Gomes et al. (2010) avaliaram dois tipos de enxertia em umbuzeiro: garfagem em fenda cheia e garfagem a inglês simples. Os diâmetros dos porta-enxertos também foram testados. Porta-enxertos com maior diâmetro de caule (entre 0,75 e 1 cm) resultaram em maior pegamento da enxertia, independentemente do método usado, e a garfagem a inglês simples se mostrou superior à fenda cheia, contrariando as recomendações da Embrapa. Mudas enxertadas de umbuzeiro florescem e frutificam por volta do 4º ou 5º ano de idade (Nascimento et al. 1993), enquanto as não enxertadas levam de oito a doze anos para iniciar a produção (Mendes 1990; Araújo 2007). No entanto, existem relatos de plantas jovens, originadas de sementes cultivadas em quintais domésticos e com alguma irrigação que iniciaram a produção aos cinco anos (Macedo, comunicação pessoal). Outro relato sobre a importância da água na redução do período juvenil da planta é citado por Macedo et al. (2003), em um documento que reuniu as experiências de agricultores paraibanos que visitaram o semiárido pernambucano e baiano para conhecer, in loco, as vivências daqueles locais com o umbuzeiro. O uso de bacias de captação de água também reduziu o início da frutificação para cinco anos. 30 7.4. Transplantio e enriquecimento da caatinga O transplantio das mudas para o campo, sejam elas oriundas de sementes, estacas ou enxertadas, deve ser feito no início das chuvas, preferencialmente em curvas de nível, em covas de 44 x 44 x 44 cm, espaçadas de 6 m na linha e 8 m entre linhas (Araújo 2007), ou ainda 10 m x 10 m (Santos et al. 2005; Santos e Lima Filho 2008). Culturas anuais podem ser cultivadas entre linhas, visando otimizar o uso da área. A adubação recomendada no plantio é de 250 g de super fosfato simples (SS), mais 80 g de cloreto de potássio (KCl), mais 5 L de húmus de minhoca ou 10 L de esterco de curral curtido ou composto. Outra opção seria o uso de 20 L de esterco mais 0,5 kg de cinzas/cova. Podem ser feitas bacias para captação de água ao redor das covas e pode ser usada cobertura morta sobre elas, visando reduzir a quantidade de plantas daninhas e manter a umidade do solo (Araújo 2007). Conforme já mencionado, a sobrevivência do umbuzeiro na caatinga está ameaçada pois a maior parte das sementes que dele derivam não retornam ao campo, não havendo renovação das plantas. O enriquecimento da caatinga é uma estratégia que pode minimizar esse problema. Para o enriquecimento da caatinga, a orientação é que sejam abertas trilhas na mata, espaçadas 10 m entre si, nas quais serão abertas covas de aproximadamente 40 cm a cada 8 m, para o plantio de mudas de umbuzeiro (Fig. 8). Não é necessário que se desmate a área, apenas que sejam retiradas as plantas mais próximas para minimizar o sombreamento das mudas e permitir que elas tenham um bom desenvolvimento inicial (Araújo 2007). Pode-se ainda aproveitar trilhas já existentes para realizar o plantio das mudas. Araujo et al. (2001) promoveram o enriquecimento da caatinga utilizando mudas de umbuzeiro enxertadas, em uma área de um hectare, próxima a Petrolina (PE), e, após 18 meses, verificaram que a taxa de sobrevivência das plantas foi de 97 %. Uma experiência realizada na Estação Experimental do INSA foi a abertura de valetas para captação de água de chuva próximas aos locais de plantio das mudas (Fig. 9), o que resultou num índice de sobrevivência superior a 85 %. As mudas utilizadas eram provenientes de sementes. Figura 8: Enriquecimento da caatinga com mudas de umbuzeiro na Estação Experimental do INSA, Campina Grande, 2013. A) Abertura da trilha; B) Plantio da muda; C) Bacia de captação de água de chuva. Figura 9: Enriquecimento da caatinga com mudas de umbuzeiro, na Estação Experimental do INSA, Campina Grande, 2013. A) Trilha pré-existente; B) Formação da valeta para captação de água de chuva; C) Muda de umbuzeiro 90 dias após o transplantio, com folhas verdes, no meio da estação seca. O umbuzeiro é uma planta de ciclo de vida longo. Estima-se que ela viva cerca de 150 anos, com período de produção de aproximadamente 100 anos (Araújo 2007). Por outro lado, seu crescimento é considerado lento. Cavalcanti et al. (2010) avaliaram o desenvolvimento de plantas de umbuzeiro por 10 anos após o plantio das mudas no campo e verificaram que, embora seu crescimento como um todo fosse linear, seu desenvolvimento inicial (nos primeiros três anos) foi muito lento. 31 PARTE 2 IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA, QUALIDADE, COLHEITA, CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA E PROCESSAMENTO DO UMBU Fabiane Rabelo da Costa Batista Silvanda de Melo Silva Maristela de Fátima Simplício de Santana Antônio Ramos Cavalcante 8. IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DO UMBUZEIRO PARA O SAB O umbuzeiro, além de símbolo do semiárido brasileiro, tem diversas utilidades. Dentre elas, podem ser citadas madeira, lenha/carvão, alimentação humana, medicina caseira, higiene corporal, ornamental, criação de abelhas, forragem e sombreamento (Maia 2004). Seus frutos são vendidos pelos pequenos agricultores e tem grande importância para as populações rurais do SAB, principalmente nos anos de seca. São vendidos para consumo in natura ou na forma processada, como polpa, suco, doce, umbuzada, licor, xarope, pasta concentrada, umbuzeitona, batida, picles, mousse, etc. Cavalcanti et al. (2001b) realizaram um estudo para verificar a participação do extrativismo do fruto do umbuzeiro na absorção de mão-de-obra e geração de renda de pequenos agricultores, em 8 comunidades pertencentes a dois municípios do semiárido baiano, nos anos 2000 e 2001. Foram acompanhados 1005 agricultores que participavam da colheita de umbu nas comunidades. Desses, cerca de 50 % participaram efetivamente do extrativismo nas duas safras. O tempo médio dedicado à colheita foi de 56 dias e a renda média, por agricultor, foi de aproximadamente R$ 324,00, equivalente a pouco mais de dois salários mínimos, considerando os valores vigentes na época (R$ 151,00 em 2000 e R$ 180,00 em 2001) (Dieese 2014). O umbu está sujeito aos efeitos da sazonalidade e perecibilidade. No período de safra ocorre excesso de oferta do produto. Quando colhido na maturação fisiológica e mantido à temperatura ambiente, sua vida pós-colheita é de apenas três dias. Assim, é fácil constatar que durante o pico produtivo ocorre uma grande perda da produção, o que também pode ser atribuído, em parte, ao excesso de oferta, ao avanço da maturação e ausência de infraestrutura adequada de colheita e pós-colheita (Maia et al. 1998). Apesar da importância das fruteiras nativas, sobretudo do umbuzeiro e do seu elevado potencial sócio-econômico, poucos estudos têm sido realizados visando aumentar a base de informações e ampliar suas possibilidades de uso. Os frutos do umbuzeiro apresentam apelo exótico para mercados de outras regiões do Brasil como sul e sudeste, e também para o mercado externo, o que de certa forma pode incentivar o aumento da produção. Ainda não devidamente caracterizado, particularmente no que se refere ao seu potencial agroindustrial, o umbu é uma fruta que demanda pesquisas, principalmente adequação de tecnologias convencionais e desenvolvimento de novas, voltadas para o processamento, de forma a promover um aproveitamento mais rentável, mediante agregação de valor ao produto. Em 2010 o INSA iniciou um trabalho com umbuzeiro, visando a seleção de plantas com frutos de qualidade e características de interesse de consumo, para multiplicação e distribuição de mudas aos agricultores do estado da Paraíba e o enriquecimento da caatinga com estas plantas. Com as coletas nos diferentes municípios, verificou-se uma disparidade em relação à renda gerada com a venda de frutos e que os locais que tinham Unidades de Processamento de frutos (UP) eram mais organizados e tinham maior valor agregado que os que não tinham. A partir daí, em parceria com Coletivo, Patac, Vínculus, Coonap, foram elaborados e aplicados questionários, tanto para as famílias envolvidas com a atividade de extrativismo, quanto para os lideres das UP, com o intuito de fazer um diagnóstico da cadeia produtiva do umbuzeiro em alguns municípios paraibanos. 33 34 A pesquisa de campo foi realizada em 2011 e dividida em duas etapas. Na primeira, foram entrevistados 87 agricultores (as) que tinham na coleta de frutos de umbuzeiro, uma fonte de renda extra. Além dos dados socioeconômicos, eles foram questionados sobre a importância da cultura para a família, tanto em termos de renda quanto aos tipos de uso, conhecimento e práticas de manejo com o umbuzeiro. Num segundo momento, os responsáveis pelas UP foram entrevistados e informações sobre o processamento dos frutos e outras atividades realizadas nas UP foram coletadas. A comunidade de Lajedo de Timbaúba, município de Soledade, foi selecionada como “piloto” para aplicação dos questionários (Fig. 10). Posteriormente, comunidades nos municípios de Juazeirinho, Cubati, Pedra Lavrada, São Vicente do Seridó e Santo André também foram entrevistadas, representando as regiões do Cariri, Seridó e Curimataú paraibanos. Com base nas informações coletadas nos questionários, foram elaboradas tabelas reunindo as principais informações sobre a geração de renda para as famílias que fazem coleta de frutos de umbu (Tab. 5) e também nas UP (Tab. 6). Nos questionários aplicados às famílias, algumas informações se destacaram. É sabido que na atividade de coleta, a principal mão de obra empregada é a de mulheres e de crianças. As análises dos questionários informaram, no entanto, que embora a participação das mulheres tenha sido maioria absoluta, a mão de obra infantil foi praticamente nula. Não sabemos qual a confiabilidade dessa informação, visto que muitos entrevistados se mostraram reticentes em responder a pergunta sobre o uso de mão de obra infantil nessa atividade. No Brasil o trabalho infantil é proibido por lei. O fator de maior influência para a coleta de frutos foi a proximidade dos umbuzeiros em relação à moradia, seguido por tamanho e sabor dos frutos. De maneira geral, os frutos são coletados na planta e no chão, inchados ou maduros, sem qualquer critério de separação. Os frutos deveriam ser colhidos a mão, diretamente nas plantas, lavados, higienizados e selecionados antes do processamento, de acordo com o grau de maturação e com o tipo de produto a ser fabricado. Não existe um padrão de coleta, como por exemplo, frutos maduros destinados ao processamento e frutos inchados ou “de vez” para venda in natura. O acondicionamento dos frutos é feito em baldes, sacos ou caixas de madeira, de forma inadequada, resultando em mais perdas durante o transporte. Frutos mais uniformes, com boa qualidade e em estádios de maturação semelhantes facilitariam o beneficiamento e estabeleceriam um padrão para venda, com preços diferenciados, de acordo com tamanho, aparência, qualidade, o que seria mais vantajoso tanto para o coletor quanto para o consumidor. Segundo Kays (1997), a manutenção da qualidade de frutos de alta perecibilidade como é o caso do umbu requer o desenvolvimento de tecnologias eficientes que reduzam suas taxas metabólicas, retardem o amadurecimento e a incidência de desordens fisiológicas. Mesmo sabendo que outras partes da planta como as túberas, por exemplo, podem ser usadas na fabricação de doces ou picles, em nenhuma comunidade entrevistada foi relatado outro uso que não fosse o do fruto, ou para consumo próprio, ou para venda. Aparentemente não existe, nem por parte das famílias, nem por parte das UP, interesse em melhorar o aproveitamento dos umbuzeiros, objetivando outros usos. Por outro lado, nas comunidades onde existem UP, as famílias envolvidas com a coleta de frutos têm maior consciência sobre a necessidade de preservação do umbuzeiro e da caatinga como um todo. 35 Figura 10: Unidade de processamento de frutas, comunidade de Lajedo da Timbaúba, Soledade, PB. A e B) Unidade de beneficiamento; C, D e E) Equipamentos usados para o processamento e armazenamento de produtos; F) Polpas de umbu de diferentes tamanhos armazenadas em freezer comum. Tabela 5: Preços pagos pelos frutos de umbu em 12 comunidades de seis municípios paraibanos (2011). Famílias: Coleta de frutos e venda in natura Município Comunidade e no de famílias entrevistadas Preço pago pela UP (R$) Lajedo de Timbaúba (16) Caixa 30 kg: 15,00 (i) a 10,00 (f)1 Soledade Juazeirinho Cuba Pedra Lavrada Santo André São Vicente do Seridó Cachoeira dos Torres (7) - Sussuarana (6) Mendonça (9) Balde 15 kg: 2,50 Balde 18 kg: 3,00 Preço pago pelo Atravessador (R$) Ilha Grande (7) - - Coalhada (8) 2 Caixa 20 kg: 8,00 a 10,00 Caixa 25 kg: 12,00 Caixa 20 kg: 4,00 a 8,00 Caixa 30 kg: 7,00 (i); 5,00 a 6,50 (f) Preço/kg: 0,17 a 0,50 Docelina (6) - Canoa de Dentro (8) Belo Monte (10) São Felix (6) Assentamento Olho D’água (1) Caixa 20 kg: 6,00 - Santa Cruz (3) - 2 3 Preço/kg: 0,17 a 0,50 36 Caixa 15 kg: 5,00 Caixa 30 kg: 8,00 Balde 15 kg: 5,00 Estrada e/ou feira livre (R$) Litro: 0,80 a 1,00; kg: 0,50 kg: 0,60 Balde 5 kg: 5,00 (início) e 3,00 (fim do dia) Preço/kg: 0,50 a 1,00 i – início de safra; f – final de safra famílias não recebem pelos frutos; há divisão de lucros após a venda dos produtos processados 3 Processamento caseiro e venda exclusiva de produtos processados 1 2 Tabela 6: Produção e preço de polpa de umbu e derivados em sete unidades de processamento de frutas no estado da Paraíba (2011). UP: Processamento de frutos e venda de derivados Município Comunidade e no de famílias associadas à UP Soledade Lajedo de Timbaúba (30) Sussuarana (9) Juazeirinho 1 2 Mendonça (11) Produção polpa/ano Rendimento de polpa (%) (kg) 30 (frutos pequenos) a 60 2000 (frutos grandes) 900 46 37 (frutos maduros) a 54 600 (frutos inchados) Preço/kg de polpa (R$)2 PAA PNAE Cons Preço de outros produtos (R$) 3,00 2,50 6,00 2,50 4,50 4,00 a 4,50 6,00 Doce: 5,00 (cons) 4,00 Mousse: 1,00 (cons) - Cuba Coalhada (7) 1700 75 2,70 3,00 2,70 Pedra Lavrada Canoa de Dentro (8) 5000 75 3,00 2,75 3,00 Santo André São Felix (6) 800 25 a 37,5 2,50 4,50 3,00 São Vicente do Seridó Assentamento Olho D’água 1 (1) 4001 80 - 3,00 6,00 Doce: 5,00 (cons) Doce: 5,00 (PAA e cons) Doce e geleia: 4,50 (PNAE) a 6,00 (cons) Compotas: 6,00 (cons) Doce: 4,00 (PAA) a 6,00 (cons) Geleia: 5,00 (PNAE) a 6,00 (cons) Processamento caseiro e venda exclusiva de produtos processados PAA - Programa de aquisição de alimentos; PNAE - Programa nacional de alimentação escolar; CONS – consumidor final Em quase todos os locais pesquisados existem famílias que recolhem as sementes e produzem mudas. Algumas são vendidas e outras são doadas ou plantadas em quintais. O que ainda não se sabe é de que forma são preparadas as mudas e se há uma preferência na seleção de plantas para tal (por exemplo, plantas que produzem frutos mais doces tendem a ser multiplicadas em maior quantidade). Infelizmente nas UP não há aproveitamento de sementes, que são simplesmente descartadas. Elas poderiam retornar a caatinga, na forma de mudas, visando a renovação dos umbuzeiros na natureza (enriquecimento da caatinga), ou ainda usadas para formação de porta-enxertos, ambos já discutidos no Capítulo 7 deste livro. Um maior número de plantas em fase de produção representa maior lucro para as famílias que tem na coleta dos umbus uma fonte extra de renda. Outra estratégia de uso para essas sementes seria o plantio e posterior uso dos xilopódios jovens, com 4 a 6 meses de idade, para fabricação de picles e doces, respectivamente, conforme apresentado no Capítulo 4. A Tabela 5 mostra os preços pagos pelos frutos in natura nos diferentes municípios pesquisados. Os valores pagos pelas UP, atravessadores e consumidores variaram com o local e a oferta de produto (início ou fim da safra). O preço pago por quilograma de fruto teve grande variação, tendo em vista se tratar da mesma microrregião. Foram encontrados valores entre R$ 0,16 e R$ 0,50 por quilo em 2011, uma variação de mais de 300 %. A venda de frutos para as UP é feita apenas por famílias cadastradas, o que limita a participação de outros coletores de umbu. Não se sabe, no entanto, se essa venda é preferencial, ou seja, se determinadas famílias são escolhidas como fornecedoras, ou se as UP não conseguem absorver toda a produção e processar maior quantidade de frutos do que já recebem, e por isso não incluem mais famílias em seus cadastros. O fato é que, tanto o excedente destas famílias quanto os frutos provenientes de coletores não cadastrados são vendidos para atravessadores ou diretamente para o consumidor final, em feiras, beiras de estradas e mercadinhos locais. O valor pago pelos frutos nas UP e pelos atravessadores é praticamente o mesmo, podendo haver alguma flutuação dependendo do período da safra. Especificamente na comunidade Mendonça, no município de Juazeirinho, onde os frutos são negociados com ambos, os resultados mostraram ser mais rentável vender ao atravessador do que entregar os frutos na UP, já que o primeiro pagava mais pelo produto (Tab. 5). Uma informação pouco precisa refere-se às medidas e capacidades de baldes e caixas usadas na coleta. De acordo com os questionários, os recipientes usados tem capacidade de 15, 18, 20, 25 ou 30 kg, mas estes são valores estimados pelos próprios coletores, não levando em consideração o tamanho do fruto. O mesmo vale para a venda direta, tendo como medida o “litro” de umbu, como é comumente comercializado em feiras livres. O “litro” é a quantidade de frutos que cabe em uma lata de óleo vazia, o que corresponde a cerca de 0,5 kg de frutos, dependendo do tamanho destes. Essa falta de padronização de medida dificulta não só a comparação entre as quantidades informadas e seus respectivos valores pagos, mas também a comparação entre os preços praticados nas diferentes comunidades. De qualquer forma, cada caso deve ser analisado individualmente, considerando a realidade de cada local, e deve ser verificado se é mais vantajoso para o coletor vender para a UP, para o atravessador ou diretamente para o consumidor final. Este é um assunto que precisa ser debatido com os lideres das comunidades e com representantes das UP, em cada município. De maneira geral, nas comunidades onde existem UP, as famílias que realizavam a coleta eram as mesmas que processavam os frutos. O número de famílias associadas às UP foi bastante variável e estava 37 38 associado à capacidade produtiva de cada unidade. O principal produto derivado do processamento do umbu é a polpa. Todas as UP produzem polpa, em maior ou menor quantidade, além de doces e geleias como outras opções. No caso das comunidades São Felix, em Santo André, e Coalhada, em Cubati, as famílias não recebiam pela venda do fruto, apenas pelo material processado e vendido (sistema de divisão de lucros). Um dado que chamou muita atenção foi a diferença de rendimento de polpa obtido nas UP (Tab. 6). Sem considerar o processamento caseiro realizado no assentamento Olho D’água, as demais UP tiveram rendimento variando de 25 a 75 %. De acordo com os questionários, os responsáveis pelas UP tinham pelo menos o 5º ano de escolaridade e foram capacitados, ou por meio de cursos para este fim, ou através de trocas de experiências com outras UP na Paraíba e em outros estados do Nordeste, embora nenhum deles tivesse formação técnica voltada para agroindústria ou afins. Dentre as diferentes trocas de experiências, muitos representantes visitaram a Coopercuc, a maior e mais famosa cooperativa de processamento de umbu, no município de Uauá, Bahia, que hoje atua junto a 450 famílias, em 18 comunidades, tem capacidade consolidada de produção de 200 toneladas de doces e exporta produtos derivados de umbu para países como França e Itália (Coopercuc 2014). Cubati e Pedra Lavrada, as mais jovens UP, foram as com melhor desempenho. Esses números refletem a necessidade de uma atualização, e para isso, cursos de aperfeiçoamento em processamento de frutas poderiam ser ministrados com o intuito de minimizar essa disparidade. Visando garantir produtos de qualidade, a Anvisa determina alguns cuidados mínimos que devem ser adotados pelas indústrias de alimentos de forma a garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos, as chamadas boas práticas de fabricação (BPF) (Anvisa 1997; 2002). Os cuidados se iniciam na construção das UP, cujo local de instalação deve ser específico para essa atividade, longe de fossas, chiqueiros e outros locais com mau cheiro, fumaça e que atraiam insetos, pássaros e roedores. Ele deve ser de fácil limpeza, com áreas separadas para recebimento e higienização da matéria prima, processamento, armazenamento de insumos, armazenamento de produtos beneficiados, sanitários e outros. Deve haver ainda o planejamento quanto ao destino dos efluentes produzidos (resíduos em geral), visando não acarretar danos ao meio ambiente e manter a limpeza do local e imediações. Das seis UP visitadas no estado da Paraíba, e formalmente reconhecidas como tal (aqui não é considerado o processamento caseiro realizado no Assentamento Olho D’água), não havia informação sobre fiscalização e nenhuma delas atendia a esses requisitos mínimos. Mesmo assim, produziam polpa e outros produtos derivados de umbu que eram comercializados na região. Ainda na Tabela 6, pode-se verificar que todas as UP vendiam parte de sua produção de polpa para o governo, via PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). De maneira resumida, o PNAE tem como objetivo garantir a alimentação escolar dos alunos de escolas públicas e estimular a agricultura familiar. Por lei, 30 % dos recursos do programa devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar e suas organizações, estimulando o desenvolvimento econômico dessas comunidades. Assentados da reforma agrária, comunidades tradicionais indígenas e quilombolas têm prioridade no PNAE (FNDE 2013). Já o PAA, criado em 2003, faz parte das ações do Governo Federal que visam garantir o acesso aos alimentos pelas populações carentes, além de fortalecer a agricultura familiar. O programa incentiva a formação de estoques estratégicos de alimentos, via aquisição direta da produção de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades indígenas e demais povos e comunidades tradicionais ou empreendimentos familiares rurais portadores de DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), para comercializá-los em momentos mais propícios, em mercados públicos ou privados, permitindo maior agregação de valor aos produtos. Cada agricultor pode acessar até um limite anual e os preços não devem ultrapassar o valor dos preços praticados nos mercados locais. O valor máximo de comercialização nesta modalidade, por agricultor familiar, por ano civil, é de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) (MDS 2013). Não se sabe por que os preços praticados pelo governo em cada um desses programas diferiram entre comunidades. No PAA, os preços pagos pelo quilo da polpa de umbu em 2011 variaram de R$ 2,50 a R$ 3,00 (variação de 20 %), e pelo PNAE, de R$ 2,50 a R$ 4,50 (variação de 80 %) (Tab. 6). Além da polpa, a venda de outros produtos beneficiados nas UP (doces e geleias principalmente) se mostrou mais atraente, em termos de lucro, do que a venda dos frutos in natura, devido ao maior valor agregado destes produtos (Tab. 6). Mas será que as UP, como se apresentam hoje, teriam capacidade instalada para aumentar o processamento de frutos e gerar novos produtos? E o armazenamento? Seria possível aumentar os estoques e manter a qualidade dos produtos por períodos prolongados? Na ocasião das entrevistas, todo o armazenamento de polpa era feito em freezer, que apesar de compatível com a realidade local, ficava vulnerável às oscilações de energia e podia trazer prejuízos em termos de estocagem. Particularmente em duas comunidades, Mendonça, em Juazeirinho e Canoa de Dentro, em Pedra Lavrada, a polpa era armazenada também em bombonas, à temperatura ambiente, o que reduzia a durabilidade do produto e comprometia sua qualidade. Por ser um fruto muito perecível, o umbu, mesmo quando armazenado em temperaturas de 5 a o 10 C, conserva-se bem por, no máximo, oito semanas, sem alterar suas características naturais, e a atividade dos microrganismos é inibida apenas parcialmente (Almeida 1999). Assim, para se conservar polpa de umbu por períodos mais longos que dois meses, existe a necessidade congelamento da fruta in natura ou processada. O processamento de umbu para obtenção de polpas congeladas é uma atividade agroindustrial importante, na medida em que se agrega valor econômico à fruta. A ampliação deste mercado depende da melhoria de qualidade do produto final, que engloba os aspectos físicos, químicos e microbiológicos. Por fim, deve se questionar sobre a existência de demanda por estes e outros produtos processados. Existe um mercado para eles? Muitos potenciais consumidores fora do Nordeste nem conhecem o fruto do umbuzeiro. Não seria preciso pensar, em paralelo, numa estratégia de marketing para ampliar esse conhecimento? As respostas para todas essas perguntas permitirão identificar os principais gargalos dessas pequenas agroindústrias e sugerir estratégias que otimizem o funcionamento da cadeia produtiva do umbuzeiro como um todo, beneficiando todos os que dela participam. 39 9. QUALIDADE, COLHEITA E CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA 9.1. Mudanças na qualidade durante a maturação 40 O fruto do umbuzeiro é uma drupa de 2 a 5 cm de comprimento, com peso médio de 10-20 g, de formato ovoide ou oblongo, com casca fina e coloração verde-amarelada quando madura, semente grande e polpa macia, suculenta e de sabor doce-ácido. No entanto, em função da grande variabilidade genética disponível, frutos com mais de 97 g podem ser encontrados. O mesmo se verifica em outras características de qualidade, incluindo aquelas relativas a sabor. Gondim (2012), avaliando frutos de 24 genótipos, reportou rendimento em polpa médio de 85,2 %, desejáveis para a indústria, próximos à média de 90,4 % obtida por Dantas Júnior (2008). Desde a frutificação até o completo amadurecimento, o umbu passa por várias alterações físicas, químicas, fisiológicas e bioquímicas que resultam nas características do produto final. As condições ambientais (variações climáticas e de solo, preponderantemente) regulam a velocidade e intensidade dessas alterações, bem como o momento em que são desencadeadas. Na fase de maturação ocorrem várias e importantes mudanças que levam ao estádio ótimo de consumo do fruto. A caracterização perfeita dessa fase ainda depende da uniformização e sistematização de informações geradas em alguns estudos que adotaram delimitações e identificações variadas para os estádios de maturação. Campos (2007) propôs seis estádios para o amadurecimento do umbu, sendo que no primeiro, denominado 1FTV-F, o fruto se apresenta com coloração totalmente verde e endocarpo em formação. Essa condição ainda se refere à fase de desenvolvimento do fruto e não exatamente à maturidade fisiológica. Em sequência, o estádio 2FTV-D, caracterizado como maturidade fisiológica, em que os frutos se apresentam com coloração totalmente verde, mas com endocarpo firme. No estádio seguinte, 3FTV-In, o fruto ainda está verde, com inicio da mudança de pigmentação, correspondendo ao que se denomina popularmente de “inchado”. Quando a cor da casca é predominantemente amarela, temse o fruto caracteristicamente maduro, ou seja, no estádio 4FPA-M-1. Os frutos com casca totalmente amarela ainda estão maduros e são denominados de 5FTA-M-2. A partir daí, o fruto totalmente amarelo, mas em sobrematuração, são denominados como 6FTA-P. Reportando-se à perecibilidade natural do fruto, a proposição de técnicas de baixo custo, que assegurem maior conservação pós-colheita e, por conseguinte, oportunidade para disponibilização do produto ao consumidor são fundamentais para que a atividade extrativista do umbu evolua para modelos comerciais com maior grau de profissionalização. Iniciativas nesta direção precisam partir da fundamentação referente ao padrão respiratório desse fruto. O umbu apresenta comportamento típico de fruto climatérico, desenvolvendo seu processo de maturação fora da planta quando colhido na maturidade fisiológica. Entretanto, o desenvolvimento do pico climatérico depende do estádio de maturação, podendo ser detectado 24 horas após a colheita, como nos frutos do acesso umbu-laranja colhidos no estádio verde claro, ou aproximadamente 12 horas após a colheita, em umbus colhidos no estádio verde amarelado. Frutos colhidos no estádio amarelo esverdeado, por outro lado, não apresentaram pico respiratório, indicando que já se encontravam em maturação avançada (Lopes 2007). À semelhança da elevação respiratória, que conduz ao pico climatérico, o aumento da síntese de etileno durante a maturação determina as taxas com que ocorrem muitas alterações na composição e nas propriedades físicas do umbu. Em paralelo, estimam a vida útil sob condições específicas de armazenamento. Entretanto, informações básicas sobre as taxas respiratórias e de produção de etileno sob condições de armazenamento variadas não estão disponíveis para umbu. Também não estão disponíveis estudos que avaliem a resposta desse fruto a diferentes concentrações de etileno, caracterizando sua sensibilidade ao regulador de crescimento e permitindo reconhecer a possibilidade de armazenamento em espaço comum com outros frutos. A existência de uma atividade econômica importante em torno de produtos regionais e o fato deles poderem atender nichos de mercado fora da área de origem, por meio do interesse de consumidores por sabores exóticos e por eventuais propriedades nutricionais que agregam, tem melhorado o aporte de informações para frutos como o umbu. Na polpa dos frutos, um vasto grupo de compostos químicos que lhes conferem características importantes, inclusive de sabor, encontra-se dissolvido. Esses sólidos solúveis contemplam açúcares, ácidos orgânicos, compostos fenólicos, pigmentos, entre outros. Seus teores sofrem fortes mudanças ao longo de diferentes fases do ciclo de vida dos frutos, sendo determinantes para caracterizar a maturidade da maioria deles. O aumento no teor de sólidos solúveis é um dos eventos fisiológicos mais diretamente relacionados à maturação. No umbu, esses teores podem aumentar desde 7 até 14,8 oBrix, entre a maturidade fisiológica e o completo amadurecimento, como observado por Narain et al. (1992), Lopes (2007), Dantas Júnior (2008) e Gondim (2012). Essas variações resultam, numa primeira análise, da desuniformidade das características do produto fresco oferecido ao consumidor. Porém, a possibilidade de se identificar plantas que tenham potencial de desenvolver frutos com teores mais elevados de sólidos solúveis e dentro de uma faixa pré-definida como adequada a determinados mercados pode permitir que se estime, com alguma segurança, a oferta de umbus com características superiores. Sendo os açúcares os constituintes majoritários dos sólidos solúveis, seu incremento durante a maturação se deve, em parcela representativa, aos ganhos no primeiro. Os teores máximos atingidos podem ser bastante variáveis, como 3,81 (Gondim 2012) e 9,55 g/100 g (Dantas Júnior 2008). Deste total de açúcares, alguns autores têm reportado que o teor de açúcares redutores representa apenas 40 a 50 % (Gondim 2012). A degradação de ácidos orgânicos também é um evento que caracteriza o avanço da maturação, na maioria dos frutos. No umbu, Narain et al. (1992) informaram que ocorre redução na acidez titulável de valores próximos a 1,35 a 0,95 % de ácido cítrico, em frutos avançando da maturidade fisiológica para o estádio maduro. Vale ressaltar que há grande variação na acidez titulável determinada em umbus coletados de distintas microrregiões do Semiárido. Dantas Júnior (2008) encontrou valores de 0,69 a 2,04 % de ácido cítrico e Gondim (2012) destacaram acidez titulável variando de 0,65 a 1,1 % de ácido cítrico. Lopes (2007) reportou 0,76 % no umbu-laranja colhido totalmente verde e 0,36 % de ácido cítrico no estádio verde amarelado. Atualmente os frutos do umbuzeiro têm ganhado espaço nos mercados nacional e internacional, pois, além de apresentarem sabor agradável e aroma peculiar são uma boa fonte de compostos bioativos e seu consumo pode contribuir substancialmente na dieta (Rufino et al. 2010; Almeida et al. 41 42 2011b; Silva et al. 2012). O umbu é um fruto rico em vitamina C, com conteúdo superior a 50 mg/100 g de polpa (Dantas Júnior 2008). O umbu contém substâncias biologicamente ativas que podem contribuir para uma dieta saudável, entre essas estão a clorofila, os carotenóides, os flavonóides, além de outros compostos fenólicos (Silva e Alves 2008). O umbu pode ser considerado um fruto com muito bom potencial antioxidante natural com atividade de proteção ou de inibição da oxidação de 87,74 % quando comparado ao antioxidante sintético Trolox (Gondim 2012). Frutos de diferentes genótipos de umbuzeiro colhidos na maturidade fisiológica podem apresentar teores de ácido ascórbico de 39 a 76 mg/100 g (Dantas Júnior 2008). Porém, o teor de ácido ascórbico também varia com a maturação. Campos (2007) observou, nos frutos ainda em desenvolvimento mas próximos à maturação, teores de ácido ascórbico de 41,9 mg/100 mL de suco. Esse valor decresceu à medida que o fruto amadurecia, até 8,5 mg/100 mL de suco. Outros teores são relatados, nos frutos maduros, por diferentes autores: 18,4 mg de ácido ascórbico/100 g (Rufino et al. 2010), 12,1 mg de ácido ascórbico/100 g (Almeida et al. 2011b), 13,82 mg de ácido ascórbico/100 g (Narain et al. 1992) e 9,38 mg de ácido ascórbico/100 g (Melo e Andrade 2010). No último caso, os autores trabalharam com frutos adquiridos de locais de venda no varejo. Dependendo das condições de transporte, manuseio e acondicionamento envolvidas, os frutos já podem ter sofrido grau variado de oxidação da vitamina C. No umbu maduro, o teor de amido difere significativamente dos frutos em estádios iniciais de maturação, podendo ser encontrados teores de 1,28 g/100 g (Narain et al. 1992). Em umbu-laranja, o teor de amido diminuiu com a maturação, de 1,1 g/100 g no fruto totalmente verde, a 0,7 g/100 g no fruto amarelo esverdeado (Lopes 2007). Porém, as diferenças genéticas respondem por variações nos teores desde 0,69 até 2,04 g/100 g em frutos de maturidade intermediária ou “de vez” (Dantas Júnior 2008), e de 0,45 a 2,58 g/100 g em frutos colhidos maduros (Gondim 2012). Atentando para o conceito mais amplo de qualidade, que incorporou propriedades funcionais do alimento e elementos de segurança (inocuidade, em especial), é importante destacar a presença de compostos bioativos no umbu e sua contribuição para a saúde do consumidor. Entre estes compostos, destacam-se aqueles de natureza fenólica, incluindo alguns pigmentos. Os pigmentos encontrados no umbu incluem desde clorofilas e carotenoides a antocianinas, em proporções variáveis conforme o estádio de desenvolvimento e maturação e conforme o genótipo. Os pigmentos verdes (clorofilas) estão presentes desde a formação do fruto e são degradados com o avanço da maturação, quando os carotenoides (pigmentos amarelos ou alaranjados) tornam-se predominantes. Os teores observados no estádio que corresponde à maturidade fisiológica variam de 0,8 a 5,5 µg/g (Dantas Júnior 2008). Estudos para caracterização dos teores de antocianinas no umbu, conduzidos por Rufino et al. (2010) e Almeida et al. (2011b), reconheceram valores de 0,3 mg/100 g e de 0,46 mg/100 g, respectivamente. Na casca, esses pigmentos vermelhos a arroxeados estão presentes em alguns genótipos, ocupando porção variada da superfície total. Por sua vez, teores de polifenóis, expressos em equivalente de ácido gálico (GAE), de 44,6 mg GAE/100 g (Almeida et al. 2011b) e 90,4 mg GAE/100 g (Rufino et al. 2010) têm sido relatados em umbu. Em 32 genótipos avaliados, Dantas Júnior (2008) observou valores de 17,98 a 57,61 mg GAE/100 g. Por sua vez, Melo e Andrade (2010) relataram teores de fenólicos totais, em equivalente de catequina, de 32,70 mg/100 g. Mais recentemente, Gondim (2012) observou, em 24 genótipos de umbu oriundos do Cariri Paraibano e do Rio Grande do Norte, teores de fenólicos de 8,27 a 47,1 mg GAE/100 g, em conformidade com a faixa reportada por Dantas Júnior (2008). Destacando-se os taninos dos demais fenólicos e estudando-os ao longo da maturação, Narain et al. (1992) não observaram variações significativas, registrando-se valor médio de 120 mg/100 g. Para o grupo dos flavonoides amarelos, Rufino et al. (2010) quantificaram teores de 6,9 mg/100 g, enquanto Dantas Júnior (2008) enfatizaram variações desde 9,47 a 40,22 mg/100 g, em frutos colhidos de plantas procedentes de diferentes áreas do Semiárido. Considerando os frutos frescos ou na forma de polpa congelada, a atividade antioxidante é considerada baixa (Rufino et al. 2010; Gondim 2012). Em se tratando de frutos frescos, Melo e Andrade (2010) consideraram que, mesmo com teores de fenólicos não tão pronunciados, a capacidade antioxidante do umbu deve estar relacionada a este grupo de compostos, uma vez que não é uma fonte rica de vitamina C e carotenoides. Dantas Júnior (2008) já havia destacado a relação direta entre teores de polifenóis extraíveis e a atividade antioxidante em umbu, determinada pelos métodos da captura do radical ABTS e pelo sistema β-caroteno/ácido linoléico. Em seus estudos, o autor observou que o umbu apresenta proteção média de 81,3 %, sendo esse valor, apesar de alto, inferior ao apresentado pelo Trolox (análogo sintético do tocoferol - vitamina E). Porém, valores superiores podem ser obtidos, alcançando atividade antioxidante média, em diferentes genótipos de umbu, de 91,45 %, valor próximo à proteção dada pelo Trolox, em torno de 96,76 % (Dantas Júnior 2008). Por meio de outros métodos, podem ser observadas respostas diferentes. Assim, este autor considerou que a atividade antioxidante do umbu determinada pelo método ABTS pode ser classificada como intermediária, observando-se valores de 9,83 a 33,96 µM de Trolox/g de polpa fresca. Por sua vez, Gondim (2012) avaliou a atividade antioxidante de umbus pelo método ABTS utilizando vitamina C como análogo, e obteve valor médio de 0,31 mg/g de vitamina C de massa fresca. Almeida et al. (2011b) reportaram valores inferiores ao deste estudo (0,18 mg/g de vitamina C), em frutos procedentes do Ceará. De maneira mais geral, considera-se que a capacidade de sequestro de radicais livres do umbu é fraca. Apesar disso, pode contribuir com o aporte de antioxidante dietético necessário à proteção do organismo contra os danos causados pelos radicais livres (Melo e Andrade 2010). Com base nos compostos que apresenta, não dispõe de algum que individualmente e de maneira direta possa proporcionar alto potencial antioxidante, o que sugere um sinergismo entre alguns deles. Finalmente, uma diversidade de compostos voláteis é sintetizada durante o amadurecimento do umbu, resultando em aroma característico no fruto maduro. Essa síntese foi objeto de alguns estudos que visavam caracterizar, por meio de diferentes técnicas, a natureza e a variedade destes compostos. Apesar da existência de poucos estudos sobre o assunto, as variações nos teores de minerais também refletem as mudanças fisiológicas e estruturais que caracterizam a maturação do umbu. A partir dos trabalhos conduzidos por Narain et al. (1992), constatou-se que os teores de cálcio, ferro e cinzas não variaram com o avanço da maturação, entretanto a redução nos níveis de fósforo caracteriza essa fase fenológica do fruto. 43 9.2. Colheita e conservação pós-colheita 44 O período de safra do umbu corresponde a cerca de quatro meses do ano. Ele é regulado pela disponibilidade hídrica e se restringe, em geral, ao período das chuvas, que em muitos locais do semiárido, corresponde ao período de dezembro a março (Maia et al. 1998). Nessa ocasião, os agricultores comercializam o fruto nas feiras livres das cidades vizinhas ou mesmo à beira das estradas. O momento ideal para a colheita corresponde à maturidade fisiológica, uma vez que permite o manuseio, acondicionamento, armazenamento e transporte dos frutos com menor risco de danos. Nesse estádio de maturação, os frutos têm, em geral, 7 oBrix e acidez titulável correspondente a 2-2,7 % ácido cítrico (Lopes 2007). Deve-se atentar, porém, para as variações naturais, comuns a um produto extrativista e cujas plantas não são submetidas a nenhum manejo de produção de frutos. Finalmente, o destino do fruto, se para consumo fresco ou para indústria, tem importância relevante na decisão de quando realizar a colheita. Quando destinado a mercado fresco, os umbus devem ser colhidos próximo à maturidade fisiológica e nas horas do dia de temperaturas mais amenas, buscandome minimizar os impactos e os danos físicos de modo que a qualidade seja mantida e que se obtenha a máxima vida útil pós-colheita. Sendo destinados para a indústria, a colheita é feita quanto os frutos já estão maduros. O umbu, devido à sua elevada perecibilidade, raramente é consumido fresco em outras regiões do Brasil, Portanto, torna-se importante que estudos mais aprofundados sobre a qualidade sejam realizados, sobretudo quanto à maturidade na colheita e estratégias tecnológicas acessíveis para a manutenção da qualidade pós-colheita sob a condição ambiente, atualmente sua principal forma de comercialização (Moura et al. 2013). Dessa forma, o desenvolvimento de tecnologias visando estabelecer condições que retardem o amadurecimento e a senescência, mantendo a qualidade e prolongando a vida útil durante o armazenamento do umbu é necessário, tendo em vista o potencial socioeconômico desse fruto. A manutenção da qualidade pós-colheita está relacionada com a minimização da taxa de deterioração, ou seja, mantê-los atrativos ao consumidor por um período de tempo mais prolongado (Paliyath et al. 2008). O uso de atmosfera modificada (AM) tem se mostrado eficiente em reduzir as taxas metabólicas ampliando a vida útil de frutos de umbuzeiro (Lopes 2007). O emprego de AM, pelo uso de filmes flexíveis, como o de cloreto de polivinila (PVC), estabelece uma composição gasosa no interior da embalagem diferente da do ar, pela redução da concentração de O2 e elevação do CO2, que pode reduzir as taxas de respiração e produção de etileno, promovendo um retardamento da senescência desses produtos (Kader 2010). Além disso, a colheita dos frutos em estádios adequados de maturação é determinante na manutenção da qualidade pós-colheita. O estádio de maturação de colheita mais adequado depende da interação das características fisiológicas intrínsecas a cada genótipo e da tecnologia de conservação pós-colheita a ser empregada (Santos et al. 2008). Moura et al. (2013) armazenaram umbus colhidos em três estádios de maturação: “verde”, “verde-maduro” e “maduro” a 23 ± 1 oC e 83 ± 2 % UR, sob atmosferas ambiente (AA) e modificada (AM). Os sólidos solúveis de umbus mantidos sob AA foram mais elevados que os sob AM, sendo os menores teores os de frutos do estádio verde. A vida útil de umbu colhido maduro e mantido sob AA foi limitada a três dias, devido à excessiva perda de massa. O emprego da AM foi o fator determinante na manutenção da qualidade do umbu armazenado sob a condição ambiente por reduzir a perda de massa, manter a aparência atrativa, permitir a evolução da coloração para a amarela mais intensa, proporcionando um incremento na vida útil aos frutos colhidos verde e “verde-maduro” em dois e um dia, respectivamente. 10. PROCESSAMENTO DO UMBU De maneira simplificada, processamento é a transformação dos frutos in natura em produtos derivados, como geleias, doces, polpas, compotas e outros. Especialmente nos anos de seca, em que a produção de outros gêneros agrícolas torna-se praticamente inviável, o processamento do umbu pode trazer ganhos financeiros, pois agrega valor ao produto. A produção e venda desses produtos pode ser uma alternativa, e as vezes a única fonte de renda de muitas famílias envolvidas nessa cadeia produtiva. A Figura 11 resume as principais etapas do processamento de frutas. 45 Figura 11: Fluxograma do processamento de frutas (Baseado em Costa 2011). A higiene pessoal, do local e dos utensílios usados no processamento são indispensáveis para assegurar a qualidade e a durabilidade dos produtos ao longo do ano, principalmente disponibilizandoos nos períodos mais críticos, de entressafra do umbu, além de garantir sua aceitação e permanência no mercado. 46 O processamento inicia-se na recepção, que deve ser feita próxima aos lavadores. A primeira lavagem deve ser feita em água corrente, visando eliminar as impurezas provenientes do campo (galhos, terra, insetos, etc.). A matéria-prima deve ser estocada em local ventilado e as caixas devem ser lavadas e secas antes de retornarem ao campo. Em seguida os frutos devem ser pesados, para fins de pagamento e cálculo do rendimento de polpa. A próxima etapa, talvez a mais importante do processamento, é a seleção e classificação dos frutos, pois influencia diretamente na qualidade e padronização do produto. Tamanho, cor, maturação, ausência de manchas, textura e sabor, são atributos que devem ser adotados como critério das operações de seleção e classificação. Frutos podres, muito verdes ou com outras anormalidades deverão ser separados para se verificar se parte da polpa pode ser aproveitada. Em alguns casos, porém, eles deverão ser descartados. A higienização dos frutos deve ser feita com hipoclorito de sódio. Eles devem ser colocados de molho nesta solução por 20 minutos, e após esse tempo, lavados em água corrente. As etapas de embalagem, rotulagem e armazenamento são relativamente comuns a maioria dos produtos processados, diferenciando-se, no entanto, pelas peculiaridades de cada um. As embalagens, além de proteger os produtos e facilitar seu transporte e armazenamento, têm outra finalidade, que é estabelecer comunicação com o consumidor, e pode ser decisiva na escolha deste ou daquele produto. Dessa forma, além de útil, devem ser visualmente atraentes, práticas e seguras, de preferencia transparentes. Os rótulos devem conter as principais informações dos produtos, tais como o nome do alimento embalado, seu conteúdo líquido, data de fabricação, validade e forma de conservação, número do lote, origem, informações nutricionais e instruções sobre preparo e uso. Cada produto tem uma legislação especifica para rotulagem que deverá ser conhecida e seguida. Por fim, o armazenamento também pode influir significativamente na qualidade do produto. Cuidados diferenciados devem ser adotados para produtos armazenados a temperatura ambiente ou sob refrigeração. Os estoques devem ser dispostos de forma que os produtos fabricados primeiro sejam aqueles que serão comercializados primeiro. Isso também facilitará o controle da produção e o transporte para os pontos de venda. Uma grande vantagem do processamento é a possibilidade de armazenar o produto por períodos prolongados, sem perda de qualidade ou valor nutricional, reduzindo o desperdício de matéria prima. O umbu colhido maduro e armazenado a temperatura ambiente tem durabilidade de apenas 2-3 dias (Policarpo et al. 2007). Assim, na safra, a perda pós-colheita é muito grande, devido ao manuseio inadequado e a falta de infraestrutura para armazenamento, que podem ser entraves à comercialização. Para a conservação de frutos maduros, recomenda-se o armazenamento a 50 oC, o que estende sua durabilidade para 15 dias. No caso de frutos “de vez”, o armazenamento a 10 oC aumenta a durabilidade para 30 dias (Almeida 1999). Outra vantagem é que produtos derivados de umbu deixariam de ser sazonais, isto é, só encontrados no comércio em período de safra, e se tornariam uma opção de consumo ao longo do ano. Seguindo esta linha, a venda desses produtos para outras regiões do país e para o exterior, além de divulgar e promover a valorização do umbuzeiro teria a capacidade de gerar nas pessoas envolvidas neste processo, um sentimento de empoderamento e autovalorização, mudando a forma de encarar suas próprias realidades e as tornando mais sensíveis e conscientes sobre a necessidade de preservação e uso racional dessas plantas. A proporção entre casca, polpa e caroço é um indicativo de rendimento da matéria-prima (Chitarra e Chitarra 2005). De acordo com Neves e Carvalho (2005), a medida que a maturação avança, o percentual de casca diminui nos frutos, tornando a aumentar em estádio final de maturação, possivelmente pela dificuldade em separar a casca da polpa. Para a extração da polpa de frutos do umbuzeiro na indústria, especialmente em frutos “de vez”, casca e polpa são homogeneizadas juntas, não havendo influência da sua espessura da casca sobre o rendimento industrial em termos quantitativos, embora possa interferir na qualidade final do produto. Existem diferentes graus de maturação dos frutos. Segundo Cavalcanti et al. (2000), os frutos podem ser classificados como inchados (estádio entre verde e maduro) muito inchados (intermediário entre inchado e maduro), maduros e muito maduros (estádio após maturação plena). O 1º tipo pode ser colhido ainda na planta; os demais podem ser recolhidos no chão, e por isso, apresentam, na maioria das vezes, defeitos como rachaduras ou algum apodrecimento. Nestes casos, deve-se tomar cuidado na seleção do fruto ou de suas partes que irão compor os doces e demais produtos processados, visando obter-se um produto final de qualidade. Dantas Junior (2008), analisando diversos genótipos de umbuzeiro, encontrou grande variabilidade para rendimento de polpa. O genótipo 10 (Umbu Gigante - Jardim Clonal) apresentou ótimas características de rendimento em polpa, pois além de possuir frutos grandes, suas sementes eram proporcionalmente pequenas. Os genótipos 22 (BGU 112) e 28 (BGU 205) também se destacaram por seus percentuais de polpa superiores a 81 %, e outros 11 tiveram rendimento de polpa acima de 73,16 %, média encontrada para esta característica, cerca de 5 % maior que os valores anteriormente descritos na literatura (Silva et al. 1987; Mendes 1990). Por outro lado, o genótipo 12 (Umbu enxertado – planta 12 anos - Jardim Clonal), embora com 88,12 % de inibição de oxidação, e, portanto, identificado como uma fonte promissora de antioxidantes naturais, apresentou dois aspectos negativos para o rendimento de polpa: além da menor quantidade de polpa, apresentou também maior percentual de semente, e por isso, não se adequaria para ser selecionado para processamento. 10.1. Receitas Diversas são as receitas utilizando-se o fruto do umbu. A seguir são apresentadas algumas delas. Pequenas variações nas proporções de polpa, água e açúcar são encontradas na literatura, porém, o mais importante para um bom resultado do processamento e o sucesso à mesa é a qualidade da matéria prima usada, além de cuidados com a higiene. • Suco de umbu (Santos 2010; Costa 2011) Selecione os frutos, lave-os e higienize-os com hipoclorito de sódio. Coloque os frutos na suqueira e leve o liquido extraído ao fogo para cozinhar por cerca de uma hora. 47 O engarrafamento deve ser feito com o suco ainda quente. Os vidros devem ser fechados logo em seguida. Após esfriar, coloque os rótulos e guarde em local apropriado. Obs: A polpa que fica na suqueira poderá ser usada pra fazer doce cremoso ou de corte. • Doce de umbu (cremoso ou de corte) (Santos 2010; Costa 2011) 2 kg de polpa de umbu 1 kg de açúcar Misture a polpa e o açúcar numa panela e leve ao fogo, mexendo sempre, até que o doce solte do fundo (cerca de 30 minutos para doce cremoso e 50 minutos para doce de corte). O doce cremoso poderá ser envasado em vidro; o de corte deve ser colocado em formas e, após esfriar, deverá ser desenformado e embalado. O material deverá ser rotulado e armazenado em local apropriado. 48 • Polpa de umbu (Santos 2010; Costa 2011) Selecione os frutos, lave-os e higienize-os com hipoclorito de sódio. Coloque os frutos em uma panela com água e leve ao fogo para cozinhar até a fervura. Escorra a água (suco), e passe os frutos numa peneira ou despolpadeira para retirada dos caroços. Retorne com a polpa para o fogo e após iniciar fervura, deixe mais 15 minutos, mexendo sempre. Transfira a polpa ainda quente para recipientes esterilizados e tampe imediatamente. Após esfriar, coloque os rótulos e guarde em local apropriado. Obs: o suco (água retirada na preparação da polpa) poderá ser usado pra fazer a pré-geleia. • Pré-geleia de umbu (Santos 2010; Costa 2011) Coloque numa panela o suco retirado do cozimento dos umbus e leve ao fogo. Deixe ferver por cerca de 15 minutos. Após este tempo, transfira o suco ainda quente para recipientes esterilizados e feche imediatamente. Após esfriar, coloque os rótulos e guarde em local apropriado. • Geleia de umbu (Santos 2010; Costa 2011) 2 L de suco de umbu (pré-geleia) 1 kg de açúcar peneirado 2 colheres de polpa de umbu 2 colheres de suco de limão Misture o suco, a polpa e o açúcar até que este último se dissolva. Leve ao fogo, e após a fervura, acrescente o suco de limão; continue mexendo até o ponto de geleia. Retire do fogo, coloque em embalagens esterilizadas e feche. Após esfriar, coloque os rótulos e guarde em local apropriado. • Compota de umbu (doce em calda) (Santos 2010; Costa 2011) 1 kg de umbu “de vez” (inchado) 1 kg de açúcar 1 L de água Para a calda, misture a água e o açúcar e leve ao fogo até engrossar (cerca de 20 minutos), mexendo sempre. Coloque os umbus lavados em vidros esterilizados e acrescente a calda quente. Retire as bolhas dos vidros e tampe. Leve os vidros ao banho-maria por 20 minutos. Após esfriar, rotule e guarde em local apropriado. • Umbuzada (Cerratinga 2014) 270 g de umbus verdes (23 unidades pequenas) 1 xícara de água 1,5 xícara de leite 0,5 xícara de açúcar Lave bem os umbus e leve ao fogo com a água. Cozinhe por cerca de 5 minutos ou até os umbus ficarem moles. Junte o leite e o açúcar e mexa bem. Cozinhe por mais 3 minutos ou até os umbus se desmancharem. Passe por uma peneira para separar os caroços e sirva quente ou gelado. 49 • Doce de xilopódio (Cavalcanti et al 2004) 1,2 kg de xilopódios jovens (oriundos de plantas com 6 meses de idade) 750 g de açúcar Lave os xilopódios em água e higienize-os com hipoclorito de sódio. Em seguida, descasque e rale os xilopódios. A massa proveniente deve ser espremida para retirada do excesso de água. Misture 1 kg de massa de xilopódio com o açúcar antes do cozimento. Leve ao fogo por 35 a 40 minutos, mexendo sempre. Após isso, coloque o doce ainda quente na forma, espere esfriar, desenforme, embale e guarde em local apropriado. • Picles de xilopódio (Cavalcanti et al. 2001a) 50 Xilopódios jovens (oriundos de plantas com 4 meses de idade) 50 g de sal comum 10 g de ácido ascórbico 2 L de água Prepare a salmoura misturando bem o sal e o ácido ascórbico na água. Lave os xilopódios em água corrente, descasque-os e corte os toletes para fabricação do picles. Higienize-os com hipoclorito de sódio por cerca de 30 minutos. Coloque os toletes em vidros esterilizados, adicione a salmoura, faça o branqueamento em água (80 oC por 30 minutos) e o tratamento térmico (banho-maria por 40 minutos). Após esfriar, rotule e guarde em local apropriado, por pelo menos 30 dias, para “apurar” o sabor. • Mousse de umbu (Barreto e Castro 2010) 1 lata de leite condensado 1 lata de creme de leite 100 g de polpa de umbu Misture a polpa congelada aos demais ingredientes e bata no liquidificador por 3 a 5 minutos. Coloque em uma forma e leve a geladeira por pelo menos 6 horas, antes de servir. Rende 5 porções. • Sorvete de umbu (Cerratinga 2014) 1 L de leite 400 g de umbu 350 g de açúcar 1 colher (sobremesa) de emulsificante folhas de hortelã ou capim santo Cozinhe os umbus no leite até que a polpa se desprenda do caroço. Retire-a, adicione o açúcar e deixe esfriar. Bata a mistura aos poucos na batedeira junto com o emulsificante, adicione o hortelã ou o capim santo. Transfira para uma tigela e leve ao congelador por 40 minutos. Retire do congelador e bata novamente na batedeira por 10 minutos, até que a massa fique bem homogênea. Leve de novo ao congelador por mais 40 minutos. Bata novamente na batedeira por mais 10 minutos e leve novamente ao freezer por duas horas. Sirva em seguida. 10.2. Rendimento e custos de processamento De acordo com Santos (2010) e Costa (2011), o processamento do umbu é extremamente vantajoso para os agricultores locais que tem na coleta uma atividade geradora de renda. A Figura 12 resume o caminho percorrido pelos frutos de umbu, desde a caatinga, até chegar ao consumidor final, e mostra o valor de uma saca de 45 kg de frutos em cada etapa. Figura 12: Caminho percorrido pelos frutos de umbu até o consumidor final e valor (entre parênteses) de uma saca de 45 kg de frutos em cada etapa da cadeia. 51 52 Em 2010, um catador de umbu vendia uma saca de 45 kg de frutos por R$ 15,00. O intermediário I, que pagou R$ 15,00 pela saca, a revendia ao intermediário II por R$ 25,00, lucrando R$ 10,00 (66,7 %) sobre o produto. O intermediário II revendia esta mesma saca por R$ 50,00 e obtinha um lucro de 100 % sobre o que pagou, e 233,3 % em relação ao valor recebido pelo catador. O despolpador, que vendia a polpa obtida a partir dos 45 kg de frutos por R$ 80,00, agregava 60 % de valor ao produto que estava in natura e ganhava 533,3 % a mais que o catador. As polpas então eram repassadas aos distribuidores, que as entregavam aos supermercados por R$ 112,00, ganhando R$ 32,00 pela polpa revendida. Ao revender a polpa, o supermercado arrecadava R$ 195,00, ganhando R$ 83,00 sobre o preço pago, o que representava um lucro de 74,1 %. A lanchonete, que comprava a polpa a R$ 195,00, preparava o suco e o vendia ao consumidor. Ela arrecadava R$ 240,00, 23 % de lucro em relação ao valor pago pela polpa. Na ponta da cadeia, o consumidor final pagava (e ainda paga) a conta. Os mesmos 45 kg de frutos de umbu que renderam apenas R$ 15,00 aos catadores, custaram ao consumidor, R$ 300,00 (Santos 2010). Ainda segundo Santos (2010), os mesmos 45 kg de frutos, se forem processados, podem resultar em: • 52 garrafas de 500 mL de suco + 140 potes de 300 g de doce cremoso, ou; • 75 potes de 260 g de geleia + 50 caixas de 300 g de doce de corte, ou; • 96 compotas de 600 g de doce em calda, ou; • 300 polpas de 100 g. Mesmo considerando os custos do processamento, fica claro que o beneficiamento é extremamente vantajoso ao catador e que a agregação de valor resultante pode ser muito grande se ele for capaz de gerar um produto final de qualidade. A matéria prima usada advém da própria caatinga e é obtida de forma extrativista, e, portanto, “grátis” ou a preços reduzidos. Além disso, na maioria dos casos, são as famílias dos catadores que estão envolvidas neste processamento, o que significa o emprego de mão de obra familiar e possibilidade de venda direta ao consumidor, eliminando intermediários. 10.3. Experiências exitosas com processamento de umbu – o caso da Coopercuc, no sertão da Bahia A Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) foi criada em 2004, com 44 cooperados, visando o beneficiamento e processamento de frutas existentes na região. Em 2005 foram construídas 15 mini fábricas nas comunidades e uma fábrica central em Uauá, o que possibilitou o aumento da produção e a melhoria da qualidade de seus produtos. Neste mesmo ano as exportações tiveram início, primeiro para França, através da Alter Eco, e em 2008, para a Áustria. Atualmente a Coopercuc atua em 18 comunidades; são 450 famílias envolvidas na produção de doces cremosos, sucos, geleias, compotas e polpas que compõem a linha Gravetero, tendo o umbu como carro chefe. A cooperativa atende ao mercado interno e externo, com uma estrutura comercial consolidada e uma capacidade produtiva de 200 toneladas de doces por ano, sendo que destes, 60 % são de umbu. A articulação com organizações governamentais, ONGs e de cooperação internacional é uma marca da Coopercuc. São mais de 20 parceiros, destacando-se o IRPAA, as associações comunitárias de fundo de pasto nos municípios de Canudos, Uauá e Curaçá (BA), a CONAB (maior cliente na comercialização dos produtos através do PAA e parceiro de caráter educativo), os grupos de produção, que segundo a Coopercuc, são a própria cooperativa, prefeituras, MDA, Sebrae e Slowfood (Coopercuc 2014). Os produtos da linha Gravetero podem ser obtidos em Natal (RN) e Petrolina (PE) (lojas nos aeroportos), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), além de diversos pontos de venda no estado da Bahia (municípios de Salvador, Ilhéus, Feira de Santana, Juazeiro, Uauá, Simões Filho, Ribeira do Pombal e Santo Antônio de Jesus), e ainda em 60 lojas do Grupo Pão de Açúcar no Sudeste e Centro Oeste, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Distrito Federal. A Tabela 7 mostra os preços de venda de diversos produtos derivados do umbu produzidos pela Coopercuc. Estes valores são para venda direta ao consumidor (varejo), obtidos em junho de 2014, na própria cooperativa. Tabela 7: Principais produtos derivados de umbu e seus preços de venda (Coopercuc, 2014). Produtos de umbu Compota – 590g Geleia – 240g Doce de umbu cremoso – 230g Geleia de umbu light – 220g Doce de umbu com goiaba – 230g Doce de umbu de corte – 300g Umbubom (nego bom de umbu) – 100g Preço de venda (varejo) (R$) 7,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 3,00 Em fevereiro de 2013, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Coopercuc assinaram um convênio para desenvolver ações de promoção de exportações e de incentivo aos negócios sustentáveis que utilizem recursos da biodiversidade brasileira. O montante de um milhão de reais foi distribuído entre a Coopercuc e outras cinco cooperativas brasileiras de agricultores extrativistas. O dinheiro foi destinado à estruturação da cadeia produtiva do umbu e consolidação de mercados (interno e externo) para os seus produtos, principalmente os de maior valor agregado. Essa ação foi uma consonância com o Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade, do Governo Federal, que visa uma contra partida, é agregar valor aos produtos brasileiros e gerar renda para as famílias beneficiadas, que passam a se preocupar com a preservação da vegetação nativa (Apex-Brasil 2013). Segundo especialistas, o umbu encontra adesão em novos mercados porque tem um sabor exótico: é agridoce e de difícil comparação com outras frutas. 53 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 54 Dada a importância socioeconômica do umbuzeiro e sua vulnerabilidade genética na região semiárida brasileira, estratégias voltadas para sua conservação devem ser adotadas. Dentre elas podemos destacar a formação de novas coleções de germoplasma, ou incremento de acessos em coleções já existentes, visando amostrar da melhor maneira possível, os locais de ocorrência da espécie; coleta de frutos e exploração racional das plantas existentes, em conjunto com atividades de beneficiamento e produção de produtos derivados, como polpas, doces, geleias, picles e outros; seleção e multiplicação de boas matrizes visando a recomposição destas plantas na caatinga e o melhoramento genético da espécie, em médio e longo prazos, e possibilitando a formação de pomares, como ocorre com outras frutas da região, como o cajueiro. Do ponto de vista do aproveitamento agroindustrial, o umbu possui grande potencial a ser explorado, necessitando incentivos para uma produção racional e consequente melhoria nas atividades de colheita, pós-colheita e processamento, incluindo qualidade de seus produtos e agregação de valor. Equipamentos podem ser adaptados e o desenvolvimento de novos produtos com essa matéria prima pode incrementar a diversificação do mercado, bem como estratégias de marketing para aumentar o consumo, com apelo nutricional, social e ambiental. O caminho é longo, mas perfeitamente possível de ser trilhado, bastando para isso que pesquisadores e outros apaixonados por este símbolo do Semiárido dediquem tempo e esforços neste sentido. 12. AGRADECIMENTOS Ao INSA e ao BNB pelo suporte financeiro para a realização das pesquisas com umbuzeiros (Convênio BNB/ATECEL/INSA 2010/041) e para a publicação deste livro. Ao Patac, Coletivo, Vínculus e Coonap pelo auxilio junto às comunidades rurais, na mobilização e organização das entrevistas. Ao Dr. Manoel Abílio de Queiroz, por suas contribuições, críticas e sugestões que muito enriqueceram esta obra. 13. REFERÊNCIAS AGÊNCIA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÕES E INVESTIMENTOS – APEX-BRASIL. 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64 Caém Caetanos Caetité Cafarnaum Caldeirão Grande Campo Alegre de Lourdes Campo Formoso Canarana Candeal Candiba Cansanção Canudos Capela do Alto Alegre Capim Grosso Carinhanha Casa Nova Caturama Central Cícero Dantas Cocos Conceição do Coité Condeúba Contendas do Sincorá Cordeiros Coribe Coronel João Sá Curaçá Dom Basílio Érico Cardoso Euclides da Cunha Fátima Feira da Mata Filadélfia Gavião Gentio do Ouro Glória Guajeru Guanambi 2905107 2905156 2905206 2905305 2905503 2905909 2906006 2906204 2906402 2906600 2906808 2906824 2906857 2906873 2907103 2907202 2907558 2907608 2907806 2908101 2908408 2908705 2908804 2909000 2909109 2909208 2909901 2910107 2900504 2910701 2910750 2910776 2910859 2911253 2911303 2911402 2911659 2911709 32 26 14 16 50 100 2 20 53 2 23 25 69 12 1 15 3 111 3 1 19 11 136 4 1 7 26 11 2 5 2 4 2 106 51 4 3 7 Heliópolis Iaçu Ibiassucê Ibipeba Ibipitanga Ibitiara Ibititá Ibotirama Ichu Igaporã Ipirá Ipupiara Iramaia Iraquara Irecê Itaberaba Itaeté Itaguaçu da Bahia Itiúba Ituaçu Iuiú Jacobina Jaguarari Jequié João Dourado Juazeiro Jussara Jussiape Lamarão Lapão Licínio de Almeida Livramento de Nossa Senhora Macaúbas Maetinga Malhada Malhada de Pedras Manoel Vitorino Maracás 2911857 2911907 2912004 2912400 2912509 2913002 2913101 2913200 2913309 2913408 2914000 2914109 2914307 2914406 2914604 2914703 2915007 2915353 2917003 2917201 2917334 2917508 2917706 2918001 2918357 2918407 2918506 2918605 2919108 2919157 2919405 2919504 2919801 2919959 2920205 2920304 2920403 2920502 2 110 11 17 16 17 10 12 60 9 2 12 114 24 3 45 40 48 6 33 1 130 4 210 7 91 7 3 6 7 10 15 15 7 3 63 289 510 65 66 Marcionílio Souza Matina Miguel Calmon Milagres Mirangaba Mirante Monte Santo Morpará Morro do Chapéu Mortugaba Mulungu do Morro Muquém de São Francisco Nordestina Nova Fátima Nova Itarana Novo Horizonte Novo Triunfo Oliveira dos Brejinhos Ourolândia Palmas de Monte Alto Palmeiras Paramirim Paratinga Paripiranga Pé de Serra Pedro Alexandre Piatã Pilão Arcado Pindaí Pindobaçu Pintadas Piripá Planalto Poções Ponto Novo Presidente Dutra Presidente Jânio Quadros Queimadas 2920809 2921054 2921203 2921302 2921401 2921450 2921500 2921609 2921708 2921807 2922052 2922250 2922656 2922730 2922805 2923035 2923050 2923209 2923357 2923407 2923506 2923605 2923704 2923803 2924058 2924207 2924306 2924405 2924504 2924603 2924652 2924702 2925006 2925105 2925253 2925600 2925709 2925808 30 10 72 219 54 175 6 11 40 9 17 10 9 78 61 3 2 10 45 1 23 6 17 5 20 40 5 97 1 2 1 7 7 9 2 11 7 13 Quijingue Quixabeira Remanso Retirolândia Riachão do Jacuípe Riacho de Santana Ribeira do Pombal Rio de Contas Rio do Antônio Rio do Pires Rodelas Santa Brígida Santaluz Santana São Domingos São Félix do Coribe São Gabriel São José do Jacuípe Saúde Seabra Sebastião Laranjeiras Senhor do Bonfim Sento Sé Serra do Ramalho Serra Dourada Serra Preta Serrinha Serrolândia Sítio do Mato Sobradinho Souto Soares Tabocas do Brejo Velho Tanhaçu Tanque Novo Tanquinho Teofilândia Tremedal Tucano 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1 4 1 2 2 3 4 2 1 8 6 5 1 2 69 70 Brejo da Madre de Deus Buíque Cabrobó Cachoeirinha Calçado Carnaíba Carnaubeira da Penha Caruaru Cedro Custódia Dormentes Exu Iati Ibimirim Ibirajuba Iguaraci Inajá Ingazeira Ipubi Itacuruba Itapetim Jataúba Jurema Lagoa Grande Lajedo Manari Mirandiba Moreilândia Orocó Ouricuri Parnamirim Petrolina Poção Quixaba Salgueiro Santa Cruz Santa Filomena Santa Maria da Boa Vista 2602605 2602803 2603009 2603108 2603306 2603900 2603926 2604106 2604304 2605103 2605152 2605301 2606507 2606606 2606705 2606903 2607000 2607109 2607307 2607406 2607703 2608008 2608404 2608750 2608800 2609154 2609303 2614303 2609808 2609907 2610400 2611101 2611200 2611533 2612208 2612455 2612554 2612604 1 42 6 2 4 2 7 1 4 22 4 1 4 54 1 3 10 1 1 1 2 1 4 3 1 4 4 3 2 1 8 11 2 3 5 1 1 6 PI RN Santa Terezinha São Bento do Una São Caitano São José do Egito Serra Talhada Serrita Sertânia Solidão Tabira Tacaimbó Taquaritinga do Norte Terra Nova Trindade Tupanatinga Tuparetama Verdejante Acauã Bela Vista do Piauí Capitão Gervásio Oliveira Caracol Coronel José Dias Lagoa do Barro do Piauí Marcolândia Oeiras Paes Landim Paulistana Queimada Nova São Raimundo Nonato Simplício Mendes Barcelona Bom Jesus Campo Redondo Carnaúba dos Dantas Currais Novos Equador Florânia Januário Cicco Japi 2612802 2613008 2613107 2613602 2613909 2614006 2614105 2614402 2614600 2614709 2615003 2615201 2615607 2615805 2615904 2616100 2200053 2201556 2202455 2202505 2202851 2205565 2205953 2207009 2207306 2207801 2208650 2210607 2210805 2401503 2401701 2402105 2402402 2403103 2403400 2403806 2405306 2405405 2 3 1 3 2 7 65 1 3 2 1 2 1 17 2 3 1 2 3 1 1 5 19 2 2 7 8 37 1 1 4 10 4 1 4 3 1 3 71 72 Lagoa d'Anta 2406205 Lagoa de Velhos 2406403 Lagoa Salgada 2406601 Lajes Pintadas 2406809 Monte das Gameleiras 2407906 Ouro Branco 2408508 Parelhas 2408904 Presidente Juscelino 2410306 Riachuelo 2410900 Ruy Barbosa 2411106 Santa Cruz 2411205 Santana do Seridó 2411429 São Bento do Trairí 2411700 São José do Campestre 2412302 São Miguel do Gostoso 2412559 São Pedro 2412708 São Tomé 2412906 São Vicente 2413003 Senador Elói de Souza 2413102 Sítio Novo 2413706 Tangará 2414001 * Municípios não listados: sem registro de produção (dados não informados ou produção nula) * Municípios não listados: sem registro de produção (dados não informados ou produção nula) Fonte: IBGE – Produção Vegetale edada Silvicultura 2013; SIGSAB Fonte: IBGE – Produçãoda daExtração Extração Vegetal Silvicultura 2013; SIGSAB 2014 2014 3 2 4 4 2 1 11 2 1 2 3 2 2 1 84 3 3 1 1 2 2