UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS ESTRANGEIRAS MODERNAS CURSO DE LETRAS LICENCIATURA EM LÍNGUA ESPANHOLA ÉRICA MENDES SARMENTO UMA EXPERIÊNCIA COM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NA PRODUÇÃO DE AUTOBIOGRAFIAS COM ALUNOS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Orientadora: Ana Berenice Peres Martorelli João Pessoa-PB Abril /2013 Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal da Paraíba. Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA). Sarmento, Érica Mendes Uma experiência com sequências didáticas na produção de autobiografias com alunos de espanhol como língua estrangeira. / Érica Mendes Sarmento. - João Pessoa, 2013. 60 f. : il. Monografia (Graduação em Letras) – Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Orientadora: Profº. Ms. Ana Berenice Peres Martorelli. 1. Língua estrangeira – Ensino-aprendizagem. 2. Sequência didática. 3. Interacionismo Sociodiscursivo. I. Título. ÉRICA MENDES SARMENTO UMA EXPERIÊNCIA COM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NA PRODUÇÃO DE AUTOBIOGRAFIAS COM ALUNOS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Letras da Universidade Federal da Paraíba como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Letras Espanhol. Orientadora: Profº. Ms. Ana Berenice Peres Martorelli João Pessoa-PB Abril - 2013 TERMO DE APROVAÇÃO ÉRICA MENDES SARMENTO UMA EXPERIÊNCIA COM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NA PRODUÇÃO DE AUTOBIOGRAFIAS COM ALUNOS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Letras Licenciatura em Língua Espanhola da UFPB, como requisito parcial à obtenção do grau de graduada, sob a avaliação da seguinte banca examinadora. Profª. Ms. Eneida Maria Gurgel de Araújo (UEPB) Examinadora Prof.ªMs. Juliana Barboza D’Albuquerque (UFPB) Examinadora Profª. Ms. Ana Berenice Peres Martorelli (UFPB) Orientadora João Pessoa, 12 de Abril de 2013 AGRADECIMENTOS A Deus primeiramente, por ter me dado coragem e força para concluir este trabalho. A meu marido Ítalo Duarte, pela paciência nos meus momentos de “estresse”. A meus pais, pelo apoio. A minha orientadora e profª Ana Berenice Martorelli, por ter me aceitado como orientanda. Aos meus alunos do espanhol 3, por suas participações. RESUMO A produção de textos, sejam escritos ou orais, em sala de aula possui uma grande importância, principalmente quando falamos em aulas de língua estrangeira. Este trabalho tem como objetivo analisar o impacto do uso da sequencia didática (SD) para produção textual escrita em uma turma de espanhol. Esta pesquisa está baseada nos estudos dos teóricos Dolz, Noverraz e Schnewly (2004) que trabalham com atividades escolares em torno de um gênero textual oral ou escrito. O trabalho destes teóricos está baseado nos estudos do InteracionismoSociodiscursivo de Bronckart (1999), e que no Brasil vem sendo trabalhada com Machado (2009), Cristovão (2009), entre outros. Neste trabalho elaboramos, aplicamos a SD e analisamos os resultados obtidos pelos alunos a partir de suas produções iniciais e finais. Com isso foi observado o desenvolvimento de suas capacidades de linguagem. O corpus da pesquisa foi feito em uma escola estadual de idiomas. O resultado obtido mostrou que apesar das dificuldades que os alunos tiveram em suas produções no que diz respeito a parte gramatical, poucos são os que buscaram o dicionário para escrever, foi bastante positivo o uso da sequência didática para o ensino de língua espanhola, pois enquanto os alunos estão produzindo um texto eles também aprendem na prática o uso dos verbos e, de palavras no idioma estudado. Palavras chaves: Interacionismo Sociodiscursivo, sequência didática, produção textual, gênero textual. ABSTRACT The textual production, whether written or oral, in the classroom has a great importance, especially when it comes to foreign language classes. This work aims at the impact of the use of textual production sequence for teaching writing in a classroom Spanish. This research is based on studies of theoretical Dolz, and NoverrazSchnewly (2004). Work with school activities around a genre oral or written. Their work is based on theoretical studies of Interactionism SociodiscursivoBronckart (1999), and in Brazil has been crafted with Machado (2009), Christopher (2009), among others. In this work we developed, applied and analyzed the results obtained by the students from their initial and final productions. Thus, we observed the development of their language skills. The corpus of the research was done in a public school of languages. The result showed that despite the difficulties that students have in their productions as regards the grammar part, there are few who sought to write the dictionary, was very positive use of the teaching sequence for teaching Spanish language, for while students are producing a text they also learn the practical usage of verbs, words in the language studied. Keywords:Interactionism Sociodiscursivo, didactic sequence, textual production, genre. LISTA DE ILUSTRAÇÕES QUADRO 1 –Frequência dos alunos ............................................................................ 29 QUADRO 2–1º encontro ............................................................................................... 30 QUADRO 3 – 2º encontro ............................................................................................. 30 QUADRO 4– 3º encontro .............................................................................................. 31 QUADRO 5- 4º encontro ............................................................................................... 31 QUADRO 6 – 5º encontro ............................................................................................. 32 QUADRO 7 – 6º encontro ............................................................................................. 33 QUADRO 8 – 7º encontro ............................................................................................. 33 FIGURA 1 - Esquema da sequência didática ................................................................ 22 FIGURA 2- Texto 1 de Camila......................................................................................... 35 FIGURA 3- Texto 1 de Jéssica ........................................................................................ 36 FIGURA 4- Texto 1 de Kallyl.......................................................................................... 36 FIGURA 5 - Texto 2 de Camila ....................................................................................... 38 FIGURA 6- Texto 2 de Jéssica......................................................................................... 39 FIGURA 7- Texto 2 de Kallyl.......................................................................................... 40 FIGURA 8- Texto 3 de Camila ....................................................................................... 41 FIGURA 9- Texto 3 de Jéssica......................................................................................... 42 FIGURA 10- Texto 3 de Kallyl........................................................................................ 43 FOTO 1 –Camila ........................................................................................................... 44 FOTO 2 – Camila e sua família ..................................................................................... 44 LISTA DE ABREVIATURAS ELE – Espanhol como Língua Estrangeira ISD – InteracionismoSociodiscursivo PI – Produção Inicial PF – Produção Final SD – Sequência Didática CA – Capacidade de Ação CL – Capacidade de Linguagem CD – Capacidade Discursiva CLD – Capacidade Linguistico-discursiva SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 CAPITULO I – INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO ...................................... 13 1.1 Origem e influências ................................................................................................ 13 1.2 ISD no Brasil ........................................................................................................... 16 1.3 Gêneros Textuais e as Capacidades de Linguagem ................................................. 17 1.3.1 Gêneros Textuais ............................................................................................... 17 1.3.2 Capacidades de Linguagem ............................................................................... 19 1.3.3 Autobiografia...................................................................................................... 20 CAPÍTULO 2 - SEQUÊNCIA DIDÁTICA ................................................................. 21 2.1 Caracteristicas das Sequências Didáticas ................................................................ 22 2.2 Fases da SD ............................................................................................................ 22 2.2.1 Apresentação da Situação ..................................................................................... 23 2.2.2 Produção Inicial .................................................................................................... 24 2.2.3 Os Módulos ........................................................................................................... 24 2.2.3.1. Trabalhar Problemas de Níveis Diferentes ....................................................... 25 2.2.3.2 Variar as Atividades e Exercícios ...................................................................... 25 2.2.3.3 Capitalizar as Aquisições ................................................................................... 26 2.2.4 Produção Final ...................................................................................................... 26 CAPÍTULO 3 – PROCESSO METODOLÓGICO ....................................................... 29 CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS DADOS .................................................................... 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 45 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 47 ANEXOS ....................................................................................................................... 49 INTRODUÇÃO Inicialmente o ensino de língua estrangeira no Brasil começou durante o império com o ensino das línguas clássicas: grego e latim e em seguida vieram as línguas modernas: francês, inglês, alemão e italiano. Mas com o tempo essas línguas foram diminuindo e hoje de acordo com a LDB art. 26 § 5º - “Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série (6º ano), o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição”. Em relação ao ensino médio o art. 36 III nos diz que “será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição”. Mas em 1998 o Senado aprovou o projeto de lei em que o seria obrigatório a implantação da língua espanhola nos currículos do ensino médio e facultativa no ensino fundamental (6º ao 9º ano) em todos os estados que compõem a Republica Federativo do Brasil. Mas o que se vê hoje, pelo menos na Paraíba é a falta de professores de espanhol nas escolas públicas, e as escolas que possuem, em sua grande maioria são as que estão localizadas nas cidades grandes. O ensino de uma língua estrangeira hoje é de grande importância, pois deve auxiliar o aluno a lidar com as novas tecnologias, a globalização, entre outras coisas. Entre as competências e habilidades a serem desenvolvidas em Lingua Estrangeira Moderna temos algumas que são bastantes interessantes como: - Utilizar os mecanismos de coerência e coesão na produção oral e/ ou escrita. Todos os textos referentes à produção e à recepção em qualquer idioma regem-se por princípios gerais de coerência e coesão e, por isso, somos capazes de entender e de sermos entendidos. - Utilizar as estratégias verbais e não verbais para compensar falhas na comunicação (como o fato de não ser capaz de recordar, momentaneamente, uma forma gramatical ou lexical), para favorecer a efetiva comunicação e alcançar o efeito pretendido (falar mais lentamente, ou enfatizando certas palavras, de maneira proposital, para obter determinados efeitos retóricos, por exemplo). Ao analisar esta parte dos PCNs percebe-se que na prática não é bem isso que acontece, pois dificilmente são trabalhados as produções de textos de maneira adequada, e foi esse um dos motivos que me levou a colocar os alunos de uma turma do Centro de Línguas a produzir um texto, mas ao mesmo tempo faltava algo para servir de guia, foi aí que surgiu a oportunidade de trabalhar com as sequencias didáticas e que serviu como tema para este trabalho. Quando comecei a estudar espanhol, a uns dez anos atrás, sentia muita dificuldade para produzir textos, fossem eles escritos ou orais, e hoje como professora percebo que meus alunos sentem esta mesma dificuldade. Acredito que alguns fatores podem ajudar aos alunos a se sentirem pouco à vontade para escrever, por falta de atividades adequadas nos livros utilizados nas escolas, sejam escolas de idiomas ou de ensino fundamental e médio. Além de na grande maioria das vezes o professor tem que passar para os alunos o conteúdo do livro no tempo determinado pela escola, e com isso dificilmente se tem tempo de realizar atividades extras. O objetivo geral deste estudo, é investigar o impacto que a utilização da sequência didática, como modelo de ensino para produção textual, tem para com os alunos de ELE. E como objetivos específicos temos: 1) Elaborar e aplicar atividades para o trabalho com o gênero textual autobiografia, na disciplina de língua espanhola, da turma de espanhol III; 2) Analisar a produção textual dos alunos, observando o desenvolvimento de acordo com a capacidade de linguagem. Esta pesquisa está fundamentada nos estudos dos teóricos Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz e Michèle Noverraz (2004), partindo da teoria do interacionismo sociodiscursivo de Jean-Paul Bronckart (1999, 2006, 2008). O referido trabalho está dividido em quatro capítulos: No primeiro capítulo será abordado o interacionismo sociodircursivo, em que apresentamos sobre sua origem, e suas influencias. No segundo capítulo trataremos sobre a sequência didática, como está dividida, como deve ser trabalhada para se produzir um texto, serão explicadas parte por parte. No terceiro capítulo, apresentaremos os processos metodológicos utilizados na pesquisa, sua natureza da pesquisa, perfil dos alunos, e descrevemos as aulas ministradas. No quarto e último capítulo realizamos a analise dos dados, analisamos os resultados obtidos através das produções dos alunos com a aplicação da sequência didática. CAPÍTULO I - INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO 1.1 ORIGEM E INFLUÊNCIAS O Interacionismo sociodiscursivo é uma variante do interacionismo social que é uma corrente de pensamento das ciências humano-sociais que se iniciaram nos primeiros anos do século XX. De acordo com Bronckart (2006) em sua versão original, o interacionismo social “sustentava que a problemática da construção do pensamento consciente humano deveria ser tratado paralelamente à construção do mundo dos fatos sociais e das obras culturais.” De acordo com Bronckart (2006, p. 5): O ISD aceita todos os princípios fundadores do interacionismo social, como a contestação do corte atual das ciências humanas/sociais: nesse sentido, ele não pode se constituir uma corrente propriamente “linguística”, mais que uma corrente “psicológica” ou “sociológica”. Segundo Machado apud GOULART (2010)foi a partir de 1980 que a teoria do ISD começou a surgir, tendo como fundador Jean-Paul Bronckart, professor e pesquisador da Faculdade de Psicologia e das Ciências da Educação, da Universidade de Genebra na Suiça e alguns colaboradores como Bernard Schneuwly, EcaterinaBuela, Glaís Sales Corder, ItziarPlazaola-Giger, Janette Friedrich e Joaquim Dolz. Para ele o ISD está centrado sobre a “vertente produção dos textos, em detrimento de sua recepção, o que constitui indiscutivelmente uma limitação da caminhada em seu estado atual”. Bronckart (2006) também revela que na sua origem, os trabalhos teóricos do ISD foram empreendidos para responder a demandas de professores da escola obrigatória, e visaram construir elementos de referencia que lhes fossem uteis em suas práticas didáticas. Em uma entrevista a Revista Virtual de Estudos da Linguagem (ReVEL), no ano de 2006, Bronckart, relata que na sua criação o ISD sofreu algumas influencias e as divide em duas. A primeira são as “técnicas”, e recebe a influência dos linguistas Bloomfield (1933) que forneceu instrumentos que foram, e ainda são, indispensáveis para toda a operacionalização de uma descrição e de uma classificação das empirias linguísticas; Culioli (1990, 2002, 2005), deste linguista Bronckart destacou três pontos: o primeiro consiste num alargamento da metodologia bloomfieldiana: “tentar, a partir dos “dados”, prever o previsível como se fosse o menos previsível, de modo a ultrapassar o caráter local dessa caminhada fundadora”; o segundo ponto a ser destacado, “tratou da reinterpretação do estatuto das empirias linguísticas, em termos de “marcadores” e de “operações”; e, por fim, temos o terceiro e último ponto, ele seria a rede em que o autor designa e descreve as diferentes operações de linguagem: “as noções, as relações primitivas e o esquema da lexis para reformular o estatuto da relação predicativo de seus constituintes de base; a extração, as indicações e os diversos tipos de determinações para codificar os processos que se ampliam secundariamente aos esquemas lexicais.” (Bronckart, 2008, p.3) Um outro linguista é Valochinov(1929/1977), esta seria a terceira influencia técnica sofrida por Bronckart na criação do ISD, dela são extraídas, de um lado, as bases da abordagem do estatuto da “unidade-texto”, e do outro, as modalidades de interação entre as atividades de linguagem e os outros tipos de atividades humanas. Por fim temos Bakhtin (1978, 1984) que propôs, de um lado, uma analise dos gêneros textuais, e do outro, os mecanismos que os organizam. A segunda são as “epistemológicas” que tem como principal influência Vygotski (1934,1997; 1999), com a sua psicologia do desenvolvimento. Cristovão (2009, p. 125) as resumiu em cinco princípios básicos: 1. As ciências humanas teriam como objeto as condições de desenvolvimento e funcionamento das condutas humanas; 2.Todos os processos de desenvolvimento humano se efetivariam com base nos pré-construídos humanos; 3.Todos os conhecimentos construídos são sempre produtos de um agir que se realiza em determinado quadro social; 4.Os processos de construção dos fatos sociais e os processos de formação das pessoas individuais seriam duas vertentes complementares e indissociáveis do mesmo desenvolvimento humano; 5.A linguagem desempenharia um papel fundamental e indispensável no desenvolvimento, e lembrando que é por meio dela que se constrói uma “memória” dos pré-construídos social e que é ela que organiza, comenta e regula o agir e as interações humanas, no quadro das quais são re-produzidos ou re-elaborados os fatos e os fatos psicológicos. Devemos levar em consideração os objetos de pesquisa caracterizados pelo ISD, enumerados por Bronckart apud Cristovão (2009, p. 126): a) Os pré-construídos sociais, entre eles estão as atividades sociais, as formações sociais, as línguas naturais e os gêneros de uma determinada sociedade; b) As características dos sistemas educacionais e formativos, institucionalizandos ou não, que permitem a transmissão dos pré-construídos sociais as novas gerações; c) Os mecanismos de apropriação e de interiorização por meio dos quais os indivíduos constroem seus conhecimentos e sua identidade como pessoa. Outro autor que contribuiu para a formação do ISD foi Saussure (1916,2002), que hoje tende a ser a referência principal, pois Bornckart (2006, p.5) junto com seus colaboradores, exploraram sua teoria do signo “para validar as teses vygotskianas, ou para mostrar em que a apropriação e a interiorização dessas entidades semióticas podem causar a emergência do pensamento humano”. De acordo com alguns colaboradores, pelo menos três das proposições sassureanas, alimentam os desenvolvimentos atuais e futuros do ISD: “a concepção do signo como entidade fundamental processual, que jamais é dotado de um significado imutável, mas que acolhe imagens mentais temporárias e instáveis, porque sem dependentes do uso; a concepção do sistema da língua, não como entidade fechada, mas como estando em perpétua interação com os sistemas sociais, psicológico e discursivos; o acento, enfim, sobre os mecanismos de mudança, e sobre a dinâmica temporalizada que anima o conjunto dos sistemas que subtendem os fatos linguísticos. ( Bronkart, 2006, p.7. Os grifos foram feitos pelo autor) Além desses autores, podemos citar vários outros, entre eles no campo da filosofia, as abordagens de Wittgenstein (1961); no campo da filo-sociológico, as de Habernas (1987), com sua tese do agir comunicativo, de Ricoeur (1986) e de Schutz (1998); no psicológico temos Leontiev (1967), Piaget (1970) e de Wallon(1938); e por fim temos o campo linguístico com Humbolt (1835/1974) e Coseriu (2001). (Bronckart, 2006, p.7) Ainda na citada entrevista, Bronckart relata que o ISD se articula a princípios filosóficos, fundados sobre a obra de Spinosa, depois sobre sua releitura de MarxEngels. De Spinoza (1677/ 1954), o ISD retém os pincípios do materialismo monotista e paralelista. De Marx-Engels (1846/1968) retém que o desenvolvimento humano deve ser apreendido em uma perspectiva dialética e histórica. (Bronckart, 2006, p.10 e 11) Em uma outra entrevista a professora Daisy Cunha, a revista Educação em Revista, no ano de 2008, Bronckart define o ISDcomo“inicialmente, uma posição epistemológica e uma tomada de posição sobre o desenvolvimento humano, sobre uma ciência do humano e sobre as condições de seu desenvolvimento. Uma posição que é, ao mesmo tempo, sócio-histórica, materialista-dialética e que considera importantes as questões da linguagem e da formação-educação.” 1.2 ISD NO BRASIL Segundo Machado (2009) os estudos do ISD no Brasil começaram no inicio dos anos 90, por volta de 1995, antes da edição dos PCN’s em 1998, com o Programa de Pós Graduação em Linguistica Aplicada e estudos da Linguagem (LAEL), pertencentes a Universidade Católica de São Paulo – PUC e aos pesquisadores da Universidade de Genebra. Esta autora continua, neste ano o Brasil passava por um período de reconstrução. Alguns pesquisadores estudavam uma maneira de introduzir nas escolas públicas o ensino-aprendizagem de leitura e produção de textos. Enquanto isso havia também uma mudança em relação ao ensino de língua estrangeira. As ideias do ISD no Brasil estavam relacionadas com a produção dos documentos oficiais do Ministério da Educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as reformas educacionais buscavam uma interação entre as teorias da Psicologia, as teorias Linguísticas e as teorias de Bakhtin. Para esta autora os trabalhos dos pesquisadores brasileiros estão centrados, na sua maioria, no campo da linguística. Tendo como foco a analise de textos, nos vários níveis de textualidade e sua relação com o texto, com o seu desempenho pessoal além do compromisso cientifico e social. As questões que predominam nas pesquisas brasileiras são: a didática e a atuação do trabalho docente. Os trabalhos não são realizados só com alunos desde o 1º ano até a pós graduação, mas também com a formação inicial e continuada de professores. De acordo com Pérez (2009), sobre os estudos do ISD no mundo, existem quatro correntes de trabalhos desenvolvidas em uma rede internacional: 1. Analises da arquitetura e de organização dos textos: estuda a relação entre as formas da língua e os contextos de práticas sociais. 2. Estudos sobre os sistemas formativos: está centralizado nas reformas de programas de ensino, como os realizados na Franca, Suiça, Espanha e Brasil, e no desenvolvimento das sequências didáticas. 3. Formação de adultos: seu principal trabalho está na formação de adultos, não só no âmbito escolar, mas dentro das ciências do trabalho, da ergonomia e da psicologia do trabalho. 4. O desenvolvimento do pensamento consciente e de formas de raciocínio: são pesquisas realizadas do ponto de vista do desenvolvimento psicológico geral. Como dito anteriormente os trabalhos com o ISD estão focados nos textos, seja trabalhando na sua interpretação, ou nos seus níveis de textualidade. Para tanto é importante o estudo dos gêneros textuais e das capacidades de linguagem, que tem como função buscar as aptidões solicitadas para produção de um gênero. 1.3 GÊNEROS TEXTUAIS E AS CAPACIDADES DE LINGUAGEM Os gêneros textuais e as capacidades de linguagem fazem parte do conceito do ISD e estão diretamente relacionadas com o nosso trabalho. Pois nesta pesquisa iremos trabalhar na produção textual de um determinado gênero. 1.3.1 GÊNEROS TEXTUAIS Para Bronckart apud MARCUSCHI (2008, p.221) os textos são um objeto de estudo e que a análise de seus níveis de organização permite trabalhar os problemas relativos a língua em todos os aspectos. E o trabalho com gêneros “são instrumentos de adaptação e participação na vida social e comunicativa”. O primeiro passo para se trabalhar com gênero textual é a escolha do mesmo e a sua adaptação aos conhecimentos dos alunos, para em seguida analisar suas propriedades, usos, formas de realização, variações e contextos de uso. Ainda sobre os textos, Bronckart (2006) qualifica de um lado como todas as produções de linguagem situadas que são construídas e, do outro, mobilizando recursos de uma língua natural dada, levando em consideração modelos de organização textual. Para este autor (1999, p.71) “a noção de texto pode ser aplicada a toda e qualquer produção de linguagem situada, oral ou escrita.” (grifos feitos pelo autor) Ele acrescenta que: cada texto possui um modo de organização; cada texto é composto por frases articuladas de acordo com as regras de composição; por fim eles apresentam mecanismos que lhe asseguram uma coerência interna. “Os textos são produtos da atividade humana estão articulados às necessidades, aos interesses do funcionamento das formações sociais no meio em que são produzidos.” Bronckart (2009, p.72) Desde a Antiguidade existe uma preocupação com a delimitação da diversidade dos textos e isso se traduziu na elaboração de proposições de classificação centradas nos gêneros textuais. Bronckart (2009, p.72 e 73) Para Schneuwly (2004) é processo de desenvolvimento dos indivíduos, na sua participação nas diferentes atividades sociais possibilita a construção de conhecimentos sobre os gêneros e sobre como utilizá-los. O referido autor ainda relata que se os gêneros mais informais são adquiridos nas atividades do dia-dia, sem um ensino formal, os gêneros mais formais, tanto escritos como orais necessitam ser aprendidos de forma sistemática, com isso a responsabilidade recae para a escola, que deverá proporcionar o contato, o estudo e o domínio dos diferentes gêneros utilizados na sociedade. De acordo com Marcuschi (2007, p.23) são inúmeros os gêneros textuais, podemos citar alguns como: carta comercial, romance, bilhete, reportagem jornalística, receita culinária, outdoor, resenha, piada, inquérito policial, entre outros. Com isso vemos que os gêneros estão sempre se atualizando. Para o referido autor, os gêneros textuais são fenômenos históricos vinculados à vida sócio-cultural, contribuindo para estabilizar e ordenar as atividades do dia-dia. Assim, vemos que os gêneros textuais são trabalhados de acordo com o contexto sócio-histórico em que está incluído. Para Aguiar (2011, p.49) “quanto mais o individuo aprende e compreende as práticas de linguagem, mais apto estará para utilizar os gêneros textuais de forma consciente”. Por fim podemos dizer que trabalhar com gêneros textuais em sala de aula, mais especificamente em língua estrangeira, é bastante positivo, pois temos a possibilidade de usar os gêneros formais e os informais. Com isso os alunos poderão se apropriar de um vocabulário e características específicas do texto a ser estudado. 1.3.2 CAPACIDADES DE LINGUAGEM O termo competência foi substituído pelo termo capacidade por Bronckart e Dolz (1999). Pois para os autores o termo capacidade está relacionada à dimensão de aprendizagem exigindo do individuo a sua participação prática no processo, Aguiar (2011). As capacidades de linguagem, de acordo com Dolz, Pasquier e Bronckart (1993), e Dolz e Schneuwly (1998) apud CRISTOVÃO (2009, p. 321) se dividem em três tipos: a) capacidade de ação; b) capacidade discursiva e c) capacidade linguísticodiscursiva. a) capacidade de ação: se refere à adaptação ao contexto de produção. Assim as representações da situação de comunicação estão relacionadas com o gênero, no qual devem estar adaptadas a um destinatário, conteúdo e um objetivo específico. b) capacidade discursiva: possibilita ao individuo escolher a infraestrutura geral de um texto, como também a escolha e elaboração dos conteúdos, isto é, está relacionado com a organização do texto. c) capacidade linguístico-discursiva: está relacionada a arquitetura interna do texto, centralizada nos aspectos linguísticos envolvidos na produção do gênero. Esta capacidade se divide em quatro tipos de operações: de textualização; os mecanismos enunciativos de gerenciamento de vozes e modalização; a construção de enunciados, oração e período; e por fim temos a escolha de itens lexicais. Observamos nesta pesquisa o desenvolvimento dessas capacidades através da análise das produções dos alunos envolvidos no estudo. 1.3.3 AUTOBIOGRAFIA A autobiografia vem do Grego, αὐτός-autos eu + βίος-bios vida + γράφεινgraphein escrita. É um gênero textual em que a pessoa narra sua própria historia de vida, falando desde seu nascimento, suas vitórias, seus fracassos, lugares marcantes, e pessoas importantes para sua vida. Este gênero pertence aos escritos de não ficção, ou seja, que é narrado é verídico. Em uma obra autobiográfica, o escritor tem a liberdade de expressar suas ideias, seus sentimentos. Em uma autobiografia é interessante que o autor apresente informações sobre o quando e onde nasceu, sobre a infância, vida escolar, momentos que marcaram tanto positiva como negativamente, pessoas importantes, férias que trazem momentos inesquecíveis, entre outras situações que para o escritor podem ser imprescindíveis. Neste trabalho desenvolvemos com os alunos o gênero textual autobiografia, no qual eles colocaram em prática o que vivenciaram em todos os momentos importantes de sua vida, sejam eles tristes ou alegres. Este trabalho proporcionou aos alunos uma volta ao passado, fazendo-os recordar de sua infância, da antiga escola, como também pensar no futuro, nos objetivos que se pretende atingir. CAPÍTULO 2 - SEQUÊNCIA DIDÁTICA Segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2010:82) a sequência didática (SD) “ é um conjunto de atividades, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral e escrito”. E que para sua elaboração deve seguir algumas exigências: (2010, 81-83) Permitir o ensino da oralidade e da escrita a partir de um encaminhamento, semelhante e diferenciado; Centrar-se nas dimensões da expressão oral e escrita; Oferecer um material rico em textos de referência, escritos e orais, nos quais os alunos possam inspirar-se para as suas produções; Ser modular, para permitir uma diferenciação do ensino; Favorecer a elaboração de projetos de classe. A sequência didática tem como finalidade ajudar o aluno a dominar melhor um gênero textual, permitindo-lhe escrever ou falar de maneira mais adequada. Servindo para dar acesso aos alunos as práticas de linguagem novas ou dificilmente domináveis. Para Bronckart (2006) as SD tem como principio geral integrar dois objetivos: o primeiro partindo dos gêneros textuais adaptados a situações de atividades determinadas. Trata-se de tornar o aluno consciente dessa correspondência e de tornar os modelos de gêneros relativos para uma dada atividade de linguagem. O segundo objetivo é encontrar os problemas linguísticos que estão nas redações ou na leituracompreensão de todo o texto. Para a escolha do gênero a ser trabalhado em sala de aula devemos levar em consideração a finalidade prática e a possibilidade de fazer funcionar na situação de aula. Bronckart (2008) chama de sequências didáticas metodologias de ensino de dimensões textuais que foram criadas a partir dos anos 1980 e que hoje estão espalhadas no mundo inteiro e que são maneiras de racionalizar o ensino do texto. 2.1 CARACTERISTICAS DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS A SD segue uma estrutura que pode ser representada pelo esquema: Figura 1:Esquema da sequência didática A SD segue algumas orientações metodológicas que funcionam como princípios norteadores os quais Cristovão (2009, p. 307)apresenta da seguinte maneira: a)o primeiro princípio é o da construção: nesta fase as atividades desenvolvidas permitem ao professor avaliar a evolução dos alunos, assim, caso as tarefas não sejam satisfatórias o professor poderá remodelar a SD de acordo com as necessidades dos alunos. b) o segundo princípio refere-se a escolha de textos autênticos: funciona como referencia ao gênero que está sendo trabalhado. c) terceiro e último principio diz respeito a indissociabilidade entre a compreensão e a produção: nesta etapa é importante que o professor e o aluno reconheçam as características da leitura e escrita como processos de construção e reflitam juntos sobre a compreensão e produção dos textos em língua estrangeira para que o aluno possa interpretar e criar textos orais ou escritos, refletir, opinar e argumentar sobre eles. 2.2 FASES DA SD A SD tem como finalidade auxiliar o aluno na produção do texto, de um determinado gênero, escolhido por ele, permitindo-lhe escrever ou falar de uma maneira mais adequada ao contexto. Sendo assim, se faz necessário seguir uma ordem em que tem como primeira fase a apresentação da situação na qual será descrita de maneira mais detalhada o que os alunos deverão realizar. Na segunda temos a produção inicial, etapa em que se elabora o primeiro texto. Em seguida temos os módulos que estão constituídos por várias atividades e exercícios, instrumentos necessários para a obtenção de um melhor domínio do gênero a ser trabalhado. Por fim, se tem a produção final, nesta fase o aluno coloca em prática tudo o que foi adquirido nas fases anterioresDolz,Noverraz e Schneuwly (2010, 83 - 84) Agora vamos detalhar os quatro componentes da sequência didática: 2.2.1 Apresentação da situação: Esta fase segundo os autores citados acima, visa expor aos alunos o projeto de comunicação que será realizado na produção final. E ao mesmo tempo prepara para a produção inicial. É neste momento também em que a turma constrói uma representação da situação de comunicação e da atividade de linguagem a ser executada. Para isto deve se levar em conta duas dimensões: 1. Apresentar um problema de comunicação bem definido: nela devemos apresentar aos alunos de maneira clara e sem deixar dúvidas o projeto que deverá ser trabalhado em sala de aula, levando-se em consideração as seguintes questões: * Qual o gênero que será abordado? * A quem se dirige a produção? * Que forma assumirá a produção? * Quem participará da produção? 2. Preparar os conteúdos dos textos que serão produzidos: nesta dimensão os alunos são apresentados ao conteúdo, ao gênero textual a ser trabalhado durante a SD. 2.2.2 Produção Inicial: Nesta etapa os alunos deverão construir sua primeira produção seja ela oral ou escrita, e se durante a primeira fase, a apresentação da situação for bem esclarecida, todos os alunos, inclusive os com maior dificuldade, serão capazes de produzir um texto. É também nesta etapa que o professor poderá fazer uma avaliação da real situação dos alunos, suas capacidades, potencialidades, dificuldades, para assim definir o melhor caminho a ser utilizado para que eles obtenham um melhor resultado na produção final. Para os autores isso seria a essência da avaliação formativa.“As primeiras produções constituem momentos privilegiados de observação, que permitem refinar a sequência, modulá-la e adaptá-la de maneira mais precisa às capacidades dos alunos de cada turma.” (Dolz,Noverraz e Schneuwly 2010, p. 86-87) Ainda segundo estes autores, a SD começa pela definição do que é preciso trabalhar a fim de desenvolver as capacidades de linguagem dos alunos que, apropriando-se dos instrumentos de linguagem do próprio gênero, estarão mais preparados para realizar a produção final.(2010:86) 2.2.3 Os Módulos: Nesta próxima etapa da SD será trabalhado o que foi analisado, as dificuldades dos alunos que foram encontradas na produção inicial e serão dados a eles subsídios para que possam superá-las. Agora o professor pode aplicar com os alunos atividades, exercícios que possam desenvolver a capacidade dos mesmos para sua produção final.“O movimento geral da SD vai, portanto do complexo para o mais simples: da produção inicial aos módulos, cada um trabalhando uma ou outra capacidade necessária ao domínio do gênero”. Segundo afirma Dolz,Noverraz e Schneuwly 2010:88. De acordo com os referidos autores, devemos levar em consideração três questões para elaboração dos módulos: 1) Que dificuldades da expressão oral ou escrita abordar?;2) Como construir um módulo para trabalhar um problema particular?; 3)Como capitalizar o que é adquirido nos módulos? Para realizar uma SD faz – se necessário seguir alguns aspectos dentro dos módulos: 2.2.3.1. Trabalhar problemas de níveis diferentes A produção de textos orais e escritos é um processo complexo com vários níveis de dificuldade, e em cada um o aluno encontra os problemas específicos de cada gênero e que ao final da SD deverá se tornar capaz de resolvê-los. Os autores dividem esses níveis em quatro: Representação da situação de comunicação: nesta fase o aluno deverá ter a definição de quem será o destinatário do texto, e que finalidade ele terá, de sua posição como autor e do gênero a ser estudado. Elaboração dos conteúdos: aqui o aluno deve ter conhecimento das técnicas para criar seu texto. Essas técnicas irão se diferenciar de acordo com cada gênero: discussões, técnicas de criatividade, busca de informações. Planejamento do texto: neste nível o aluno deve estruturar seu texto de acordo com o que foi falado na representação da situação de comunicação, aqui cada gênero é caracterizado por uma estrutura mais ou menos convencional. Realização do texto: e no último nível o aluno deve definir como irá escrever seu texto: o vocabulário adequado, a variação dos tempos verbais em função do tipo e plano do texto, os organizadores textuais. 2.2.3.2 Variar as atividades e exercícios Para Dolz, Noverraz e Schneuwly (2010:89) “o princípio essencial de elaboração de um módulo que trate de um problema de produção textual é o de variar os modos de trabalho. Para que isto ocorra é interessante que as atividades, os exercícios sejam bastante diversificados.” Para os autores existem três categorias de atividades e exercícios que podem ser: - As atividades de observação e de análise de textos: constituem o ponto de referência indispensável a toda aprendizagem, podendo ser trabalhadas a partir de um texto completo ou de uma parte do texto, pode-se também comparar vários textos de um mesmo gênero ou de gêneros diferentes. - As tarefas simplificadas de produção de textos: são exercícios que possibilita ao aluno concentrar-se mais particularmente no aspecto da elaboração de um texto. Como inserir uma parte que falta num dado texto. - A elaboração de uma linguagem comum: momento da elaboração dos critérios explícitos para a produção de um texto oral ou escrito. 2.2.3.4 Capitalizar as aquisições Ao mesmo tempo em que os alunos estão trabalhando a SD, eles também estão aprendendo a falar sobre o gênero estudado,adquirindo um vocabulário específico, uma linguagem técnica ao gênero. É importante destacar que esse vocabulário específico e as regras elaboradas durante as sequências são registrados em uma lista que resume tudo o que foi adquiridos nos módulos. Esta lista poderá ser feita de diferentes formas sintética, por tópicos, etc. 2.2.4 Produção Final Esta é a ultima fase da sequência didática, é aquela em que o aluno deverá colocar em prática tudo o que foi aprendido nas fases anteriores para realizar seu texto final, devendo fazer uma comparação com a produção inicial e observar o seu progresso durante o desenvolvimento da SD. Segundo Dolz,Noverraz e Schneuwly esse tipo de avaliação permitirá que o professor faça uma avaliação somativa. Este projeto de uma SD,por serrealizado de forma conjunta, trabalha também a integração entre professor e aluno, pois ambos passam por todas as etapas juntos desde a apresentação , a produção inicial, os módulos, e por fim a construção do texto, a produção final, que servirá como resultado do projeto. Ainda sobre a sequencia didática os autores Dolz,Noverraz e Schneuwly esclarecem alguns pontos quanto ao seu procedimento: a) Os princípios teóricos: para esclarecer este ponto é importante ressaltar alguns aspectos como, as escolhas pedagógicas, psicológicas e linguísticas que guiam sua construção e finalidades visadas. - Pedagógica: motiva os alunos a escrever ou a falar com grande variedade de atividades. A avaliação é formativa. - Psicológicas: transforma a maneira de falar e de escrever dos alunos de acordo com o comportamento da linguagem em todos os níveis. São trabalhados a escolha de palavras, adaptação ao público, colocação da voz, organização do conteúdo, etc. - Linguistícas: auxilia o aluno a possuir um melhor domínio da língua em diversas situações do seu cotidiano através do estudo dos gêneros textuais. - Finalidades gerais: prepara os alunos para dominar sua língua nas situações da vida cotidiana, fornecendo-lhes instrumentos quemelhorem suas capacidades para escrever e falar, além de desenvolver uma relação consciente com seu comportamento de linguagem, facilitando procedimentos para uma avaliação formativa e de auto regulação, ajudando-os a construir uma representação da atividade de escrita e de fala como produto de um trabalho. b) A modularidade e a diferenciação: “A modularidade é um principio geral no uso das sequencias didáticas.” (Dolz,Noverraz e Schneuwly 2010:93). Este procedimento se inscreve numa perspectiva construtivista, interacionista e social e supõe atividades intencionais, estruturadas e intensivas que devem ser adaptadas às necessidades dos grupos de aprendizes. As diferenças encontradas entre os alunos podem construir um enriquecimento para as aulas, desde que se tenha uma adaptação. Essas adaptações não exigem só dos alunos, mas do professor também. “ O caráter modular das atividades não deverá obscurecer o fato de que a ordem dos módulos de uma SD não é aleatória. Se vários itinerários são possíveis, certas atividades apresentam uma base para a realização de outras”. Dolz,Noverraz e Schneuwly(2010, p. 94) c) As diferenças do trabalho com textos escritos e orais: existem três diferenças que são importantes em relação a materialidade do objeto oral e escrito: 1. Possibilidade de revisão: nesta atividade a escrita a produção e o texto final são separados, já na produção oral a palavra pronunciada é dita de uma vez por todas. O processo de produção e o produto final constituem um todo. 2. Observação do próprio texto: o texto escrito é considerado como uma forma permanente, exteriorizada, do próprio comportamento de linguagem. No texto oral o objeto produzido desaparece imediatamente, apesar de existir um processo de exteriorização, não prestando para uma análise posterior para se compreender e observar seu funcionamento. 3. Observação de textos de referência: aqui o texto escrito pelo autor presta-se a uma análise mais aprofundada para comparação. 4. Trabalho com as sequencias e atividades da estruturação da língua: as SD visam o aprimoramento das práticas da escrita e da produção oral, mas não devem assumir a totalidade do trabalho, é necessário levar em consideração que o aluno tenha um domínio da língua e deve apoiar-se em conhecimentos construídos em outros momentos. -Perspectiva textual: por ser um trabalho baseado na construção de um texto, se faz necessário observar os níveis presentes para sua construção como também as características do gênero que está sendo analisado. Deve-se observar também alguns elementos textuais como a coesão, coerência, intertextualidade, entre outros. -Gramática e sintaxe: ao produzir um texto, seja oral ou escrito se faz necessário conhecer não só a parte ligada a estrutura textual, mas também deve-se levar em consideração, principalmente quando se trata de uma língua estrangeira da gramática e da sintaxe, pois os textos produzidos pelos alunos servirão de base para orientar o professor para as dificuldades, duvidas, problemas relacionados a gramática e a sintaxe. - Ortografia: este aspecto só será abordado no texto escrito, estes erros não são só encontrados em alunos que escrevem textos, mas para quem está trabalhando na SD é importante observar a ortografia só na produção final para não sobrecarregar os alunos com esses aspectos, deixando-os somente com o texto. Acreditamos que não é só na produção final que encontraremos estes erros, mas sim na produção inicial, pois é a partir desta produção que podemos elaborar os módulos, partindo dos possíveis erros encontrados no primeiro texto elaborado pelos alunos, para assim corrigi-los. 3. PROCESSO METODOLÓGICO Neste capítulo delinearemos o percurso metodológico do nosso trabalho. Para tanto, num primeiro momento apresentamos a caracterização da pesquisa no que diz respeito a sua natureza como sendo de cunho qualitativo. De acordo com Denzin e Lincoln (2006, p.23) a pesquisa qualitativa enfatiza as qualidades das entidades, os processos e significados que não são investigados experimentalmente. Os pesquisadores qualitativos se voltam à “natureza socialmente construída da realidade”. Em seguida, descrevemos o contexto em que nossos dados foram gerados, bem como, os participantes da pesquisa. Posteriormente, centramo-nos nas informações referentes aos encontros. Por último, apresentamos as perguntas da pesquisa. Este trabalho, em que se utiliza uma sequência didática para produção textual, foi aplicado em uma turma de 10 alunos, do básico 3 de língua espanhola do Centro Estadual de Línguas, que está localizado no Miramar. Esta escola funciona nos três turnos de segunda a sexta-feira e aos sábados pela manhã e à tarde. Ela oferece cursos de vários idiomas: espanhol, inglês, francês e português. O grupo, de maioria do sexo feminino, tem no total 7 mulheres e 3 homens, entre 15 e 60 anos. Destes, 6 são estudantes do ensino médio, 2 são universitários, 1 é policial militar e 1 é comerciante. A maioria tem como objetivo estudar espanhol para o vestibular. ALUNOS Camila Débora Fernando Flávia Gabriella Jéssica Kallyl LuisAntonio Mª Denise Priscila PRODUÇÃO PRODUÇÃO Nº DE IDADE INICIAL FINAL FALTAS 15 P P 1 18 P P 2 21 F F 2 17 P P 0 15 F F 3 17 P P 1 25 P P 2 49 F P 1 60 F P 3 20 F F 3 Quadro 1- Frequência e produção textual dos alunos As aulas sobre a SD foram um total de 7 aulas, foram divididas entre a apresentação da situação, produção inicial, módulos (3) e a produção final. 1º Encontro: DATA DURAÇÃO 05/02 1h CONTEÚDO Apresentação da situação e Produção inicial ATIVIDADE DESENVOLVIDA CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA Atividade escrita e oral CA + CLD Quadro 2 – 1º encontro No primeiro encontro, realizado dia 05/02/2013,de aproximadamente 1h, inicialmente foi explicado aos alunos que eles iriam realizar um trabalho, no qual teriam que produzir um texto, mas que seria feito em várias etapas, e em cada etapa eles teriam que produzir algo. Foi descrito que o texto que eles teriam que produzir seria uma autobiografia, que iria fazer parte da nota, e que ao final seria feito um pequeno livro com as autobiografias e entregue a eles. Ao terminar a explanação de como seria realizado o trabalho, foi perguntado o que eles sabem sobre autobiografia, e eles respondiam e a professora perguntava se os outros concordavam, para em seguida serem entregues dois modelos de autobiografias, em espanhol. Ao receberem o material, foi pedido para que alguém lesse, após a leitura foi pedido que eles escrevessem um texto de acordo com o que eles acreditam sero gênero textual escolhido a ser trabalhado, para em seguida entregar à professora, o que seria considerado a produção inicial. 2º Encontro DATA DURAÇÃO 19/02 35 mim CONTEÚDO Estrutura da autobiografia ATIVIDADE DESENVOLVIDA CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA Atividade oral CA + CLD + CD Quadro 3 – 2º encontro No segundo encontro, realizado dia 19/02/2013, que durou cerca de 35 min, o 1º módulo, estavam presentes 8 alunos. Nesta etapa foi apresentada aos alunos a parte da estrutura do gênero a ser estudado. Primeiramente, foi pedido aos alunos que falassem o que uma autobiografia deveria conter. Colocam-se no quadro as respostas, para em seguida ser perguntado se estavam de acordo ou não com o que estava escrito no quadro. Logo após ser feita esta explanação, foi entregue a eles um resumo (apêndice) em que se explica a estrutura do texto estudado, o que deve conter em uma autobiografia, podendo destacar as lembranças, viagens preferidas, saudades, nascimento, e também planos para o futuro. Em seguida foi pedido para que cada um lesse uma parte. Ao terminar a leitura foi perguntado se tinha surgido alguma duvida, caso tivesse seria respondido para todos. Há última tarefa deste encontro os alunos teriam que escrever, mas o tempo não foi suficiente. 3º Encontro DATA DURAÇÃO 26/02 1:40 h CONTEÚDO Pretérito Indefinido e Biográfia ATIVIDADE DESENVOLVIDA CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA Atividade oral CA + CLD Quadro 4 – 3º encontro Neste terceiro encontro foi utilizado pelos alunos o livro didático adotado pela escola. Nele encontra-se a parte que está relacionada ao conteúdo a ser trabalhado na autobiografia. Nele foi explicado o tempo verbal do pretérito indefinido também chamado de pretérito perfecto simple. Foi explicado seu uso, como se conjuga, tanto os verbos regulares como irregulares, em seguida foi pedido para que os alunos fizessem os exercícios do livro. Tudo o que foi transmitido para os alunos neste encontro está no livro Español en Marcha 2, no segundo capítulo, nas páginas 14, 15, 20 e 21. Este tempo verbal é o que se utiliza com mais frequência quando vamos escrever textos relacionados ao passado, mas este tempo, especificamente, é o mais utilizado para as biografias e autobiografias. 4º Encontro DATA DURAÇÃO 05/03 40 min Quadro 5 – 4º encontro ATIVIDADE CONTEÚDO DESENVOLVIDA Uso de “muy” e “mucho” ,diferenças entre “bien”, “bueno”. Atividades escrita e oral CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA CA + CLD Foi realizado no dia 05/03/2013, durou aproximadamente, 40 minutos, com a participação de 7 alunos, foram colocados os erros observados a partir da produção inicial. Como em todos os encontros, na primeira parte da aula que tem a duração de 2h, foi dado o conteúdo que deve ser cumprido pelo professor, exigido pela escola. E na parte final trabalhada a SD. Entre os principais erros, encontrados nas fases anteriores, destacamos os de ortografia, usos de “muy e mucho”, as diferenças ente “bien”, “bueno (a)” e “buen”, entre outros. A partir destes erros foram colocados no quadro as diferenças entre as palavras citadas acima, como também os principais erros de ortografia, encontrados em palavras escritas com r, rr, j,v,b. Foi dado um tempo para que os alunos copiassem o que estava escrito, e foram colocados também alguns marcadores que poderiam ser úteis na produção textual. Em seguida foi pedido para que os alunos escrevessem um texto baseado no que lhes foi transmitido. Para o próximo encontro foi pedido que os alunos trouxessem dicionários de espanhol e livros de verbos. 5º Encontro DATA DURAÇÃO CONTEÚDO Produção 12/03 1h Textual Quadro 6 – 5º encontro ATIVIDADE DESENVOLVIDA CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA Atividade escrita CA + CLD +CD Este encontro foi realizado no dia 12/03/2013. Neste dia estavam presentes 7 alunos. Foi permitido que utilizassem dicionários e livros para confecção do trabalho. Este encontro teve a duração de 1 h. Na primeira parte da aula foi dado o conteúdo do livro para em seguida os alunos produzirem o texto. Foi entregue uma folha para que eles pudessem escrever. Sempre que necessário foi utilizado o material dado em sala de aula. Ao terminarem o texto os alunos o entregaram ao professor para que este pudesse corrigir e analisar a evolução dos alunos. 6º Encontro DATA DURAÇÃO CONTEÚDO 19/03 1h Produção Final Quadro 7 – 6º encontro ATIVIDADE DESENVOLVIDA Atividade escrita CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA CA + CD +CLD Neste encontro foram entregues os textos da aula anterior corrigido para que nesta aula eles pudessem construir um texto sem erros. Em seguida foram corrigidos em sala para que os levassem para serem digitalizados e colocadas as fotos para entrega-los a professora. 7º Encontro DATA 26/03 DURAÇÃO CONTEÚDO 20 min Produção Final ATIVIDADE DESENVOLVIDA Atividade escrita e oral CAPACIDADE DE LINGUAGEM TRABALHADA CA + CD +CLD No último encontro foram entregues a professora as PFs digitalizadas, apresentada com fotos. Cada aluno apresentou sua autobiografia, alguns leram outros só falaram. A participação foi positiva, pois neste dia a maioria dos alunos estava presente. 4. ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo relatamos os resultados obtidos além das dificuldades surgidas durante a aplicação do projeto na turma de espanhol básico 3. Que consiste na produção de uma autobiografia em língua espanhola. As principais dificuldades encontradas pelo professor para a aplicação desta sequência didática foi a greve da UFPB, com isso os semestres da escola e do curso ficaram diferentes, tornando o tempo para aplicação do projeto muito curto. Outra dificuldade encontrada foi o fato de que o professor ao mesmo tempo tinha que trabalhar com a SD e com o livro adotado pela escola, pois existe um conteúdo a ser ensinado num período estabelecido pela coordenação. As aulas eram ministradas uma vez por semana, com duração de quase 2 horas. Outro ponto é o fato da redução do número de matriculados do curso de língua espanhola. Pois no semestre passado a turma era de 15 alunos e hoje ela se reduziu a 10. Apesar das dificuldades encontradas o trabalho foi bastante positivo, ao se escolher o gênero textual autobiografia, que é um gênero de fácil entendimento. Para explicar melhor como foi realizado o trabalho e os resultados dividimos em três momentos, no primeiro relatamos dois pontos da SD, a apresentação da situação e a produção inicial, no segundo detalhamos os módulos e no último momento abordamos a produção final. 1ª Momento: Apresentação da situação e Produção inicial No primeiro encontro, momento em que foi iniciado o projeto da SD, se trabalhou a apresentação da situação e a produção inicial, este dia foi complicado, pois só tinham matriculados 5 alunos, mas mesmo assim foi realizada a primeira etapa. Neste dia foi perguntado aos alunos se eles conheciam os gêneros textuais biografia e autobiografia, os que conheciam foi pedido para que dessem exemplos, primeiramente de biografia, falaram de Shakira, em seguida foi perguntado sobre autobiografia, se eles saberiam dar algum exemplo, e um deles falou o que é uma biografia, só que conta a história de si mesmo e deu exemplo contado sobre ele. Esta etapa durou aproximadamente 1h. Como o tempo era curto, após apresentação do trabalho foi pedido para os alunos construíssem a sua autobiografia com o conhecimento prévio no qual eles já tinham. Ao terminarem, o texto foi entregue a professora. Ao receber os textos da produção inicial observamos alguns erros, gramaticais, ortográficos, entre outros. Mas no geral os textos foram bem interessantes, apesar dos erros da ordem gramatical, as estruturas foram positivas. Neste encontro trabalhamos as capacidades de ação, e as linguístico-discursivas, pois ao realizarmos a apresentação da situação conseguimos utilizar a CA, e ao produzirem o texto os alunos conseguiram trabalhar a CLD. Na CA lidamos com o conhecimento prévio dos alunos e com a estrutura do texto, enquanto que na CLD conseguimos trabalhar com a parte gramatical, com o emprego dos mecanismos de textualização. Entre os textos da produção inicial podemos destacar 3: Texto 1: Camila Figura 2 A produção de Camila é organizada em tópicos. Constitui de alguns erros ortográficos, como “diburros” ao invés de “dubujos”, “payaça” no lugar de “payasa”, em relação aos verbos encontramos “voyestudia”, quando o correto seria “voy a estudiar”. Mas no que se refere à estrutura do gênero textual trabalhado neste projeto, as informações contidas dentro do texto estão de acordo com o proposto em sala. Texto 2: Jéssica Figura 3 Analisando o texto de Jéssica, observamos está escrito de maneira diferente, é um texto mais longo que o de Camila, são poucos os erros encontrados, em relação à gramática, como por exemplo “muchissimo” ao invés de “muchísimo”. Ela discorre bem sobre ela, sobre seus gostos. Está dento da estrutura que se deve possuir uma autobiografia. Texto 3: Kallyl Figura 4 Kallyl desenvolveu um texto curto, com poucas informações, somente relatou o nome de seus pais, a data de nascimento e onde viveu os primeiros anos de sua vida. Neste texto faltaram algumas informações como os seus gostos, mais sobre sua vida. Foram encontrados pouquíssimos erros da língua espanhola. 2º Momento: Os Módulos Neste segundo momento abordamos a terceira fase da SD, os módulos, no qual foi divido em 4 encontros. 1º Módulo: No primeiro encontro em que foi colocado para os alunos a forma estrutural que compõe uma autobiografia, a recepção foi bastante positiva, pois o número de alunos estava maior, agora com o número correto dos alunos, 10 alunos. A duração foi de aproximadamente 35 min, como tinha que dividir o horário a da aula com o conteúdo estabelecido pela escola o tempo que ficou destinado para o projeto ficou bastante curto. Neste dia os alunos tiveram uma boa participação, pois os alunos tiveram uma boa empatia com o conteúdo, e ficaram bastante empolgados em participar deste projeto. Nele foram trabalhadas as capacidades de ação e linguístico-discursiva. 2º Módulo: No segundo encontro em que foi trabalhado com os módulos, o conteúdo ensinado foi o do livro adotado pela escola, no qual tinha haver com a produção do gênero estudado. Neste dia o conteúdo abordado foram, o tempo verbal pretérito indefinido ou pretérito perfectosimple e biografia. A resposta dos alunos não foi tão positiva, pois eles sentem bastante dificuldade em relação aos verbos, seja em que tempo for. E para amenizar esta dificuldade encontrada foi passado alguns exercício para que os alunos possam fixar melhor. 3º Módulo: No penúltimo encontro relacionado aos módulos estavam presentes 7 alunos, nele em que durou aproximadamente 40 minutos, neste módulo foi passado para os alunos os erros encontrados na produção inicial, como erros de ortografia, de conjugação verbal, o uso de muye mucho, entre outros. Foi colocado para eles no quadro de como usar estas palavras, incentivar o uso do dicionário, que eles em sua grande maioria não possuem este costume, pois sempre perguntam ao professor o significado, o uso de gramática. 4º Módulo: Neste último módulo os alunos sentiram um pouco de receio, pois quando se fala em escrever algo, sempre reclamam. Mas apesar de tudo foi bom. Pois ao começarem aescreverem e também ao analisar as suas produções iniciais perceberam que muitos dos erros cometidos ocorreu por falta de atenção, ou por não buscar a maneira correta de escrever a palavra que se tem dúvida, como conjugar o verbo corretamente. Ainda neste dia, devido a dificuldade encontrada em escrever um texto, foi pedido aos alunos que na próxima aula eles tragam dicionário, livro de verbos, e o conteúdo que foi ministrado em relação a autobiografia, para que eles possam produzir a produção final. 2º Texto: Camila Figura 5 No seu texto, apesar dos recursos utilizados para sua produção, Camila ainda cometeu alguns erros encontrados na sua PI. Como por exemplo o verbo “dibujar”, em que continuou escrevendo “diburar”. Neste texto estão marcados de grafite os erros cometidos pela aluna. E comparando com sua PI, seu texto aumentou, Camila acrescentou mais informações sobre si, planos para o futuro, mas continuou escrevendo em tópicos. Contudo observamos que houve uma melhora no seu texto como um todo. Acreditamos que apesar dos erros Camila conseguiu crescer. 2º Texto: Jéssica Figura 6 Em seu texto, Jéssica continuou na mesma linha de sua PI, mas comparando com seu texto inicial, alguns erros permaneceram, poucos, e outros surgiram. O erros encontrados foram simples, acreditamos que tenham sido mais por falta de atenção. Mas no geral seu texto foi positivo, pois ela conseguiu colocar nele o que uma autobiografia se pede, conseguindo atingir os objetivos propostos no trabalho. 2º Texto: Kallyl Figura 7 Em seu texto, Kallyl conseguiu acrescentar mais informações, que no geral o seu resultado foi positivo. Os poucos erros cometidos por ele estão corrigidos em grafite, a maioria de seus erros foram relacionados aos verbos. Cremos que as principais dificuldades encontradas, não só por estes alunos, sejam em relação aos verbos, em como se conjugar, mas que tempo será usado em determinado texto. Mas este aluno, de acordo com os objetivos estabelecidos, ele conseguiu atingí-los. Durante a realização dos módulos conseguimos abordar as três capacidades de linguagem, a de ação, discursiva e a linguístico-discursiva. No primeiro e último módulo foram utilizadas as CA, CD e a CLD. No segundo e no terceiro trabalhamos com às CA e CLD. Nas capacidades abordadas nos módulos utilizamos: a CA continuamos buscando os conhecimentos dos alunos, o tipo linguagem que eles estão escrevendo, o valor social em que atribuem; na CD buscamos observar os tipos de discurso e o tipo de sequência utilizadas, se narrativas, descritivas ou explicativas; e por fim temos a CLD, capacidade esta que diz respeito as escolhas gramaticais, lexicais, ao emprego dos mecanismos utilizados para elaboração textual, como a conexão, coesão nominal e verbal. 3º Momento: Produção Final Este é o último momento do trabalho, nele os alunos realizaram as suas produções finais. Neste dia estavam presentes 7 alunos, nos quais 2 homens e 5 mulheres. Foi dado aos alunos 1 hora, na segunda metade da aula, eles puderam pesquisar dicionários, e as anotações feitas durante a realização dos módulos. Mas mesmo utilizando estes recursos alguns alunos tiveram dificuldades em produzir seus textos. Apesar das dificuldades encontradas, que foram muitas, consideramos este projeto muito positivo, pois com isso podemos proporcionar aos alunos uma oportunidade de dinamizar as aulas de ELE. Foi feita uma proposta aos alunos que ao final do projeto os seus textos serão organizados em forma de livro, e será entregue uma cópia a cada aluno no último dia de aula, com o texto final e fotos que marcaram suas vidas. Neste momento, em que elaboramos a PF conseguimos trabalhar as três capacidades. Na CA Em seguida vamos mostrar a produção final: Agora iremos mostras os textos da PF destes alunos corrigidas, pois ao terminarem este texto ele foi corrigido e entregue aos alunos para que estes possam reescrevê-los corrigidos. 3º Texto: Camila Figura 8 Em sua PF, Camila ainda cometeu alguns erros falados anteriormente, mas quando o texto foi devolvido observamos juntos o erros cometidos para que ela pudesse corrigir para poder digitar. 3º Texto: Jéssica Figura 9 Em sua PF, Jéssica conseguiu corrigir os erros cometidos na PI e no texto construído durante os módulos, sendo assim ela conseguiu atingir os objetivos, com poucos erros gramaticais e com a estrutura que foi pedida para produzir uma autobiografia. 3º Texto: Kallyl Figura 10 Na sua PF Kallyl conseguiu aumentar o seu texto, buscou colocar mais fatos ocorridos em sua vida, deixando-o mais interessante. Neste último momento em que foi construída a PF, utilizamos as três capacidades de linguagem, pois referindo-se a CA, para construção do texto se fez necessário o conhecimento adquiridos no decorrer das aulas anteriores, o tipo de linguagem que foi escrito, a quem se destina; no que se refere a CD conseguimos com que os alunos determinassem que tipo discurso iriam colocar seus textos; e em relação a CLD conseguimos trabalhar com eles a gramática, a parte lexical, coesão nominal e verbal. Mas acreditamos que poderíamos ter trabalhado melhor se tivéssemos mais tempo, apesar do pouco tempo o resultado foi muito positivo, e deixou o caminho aberto para outras produções. Para finalizar vamos mostrar como ficou o texto digitado com as fotos, para no final do semestre possamos montar um pequeno livro com os textos produzidos pelos alunos. Como modelo o texto de Camila: Me llamo Camila dos Santos de Oliveira. Nací em João Pessoa. Hoy tengo 15 años. Mi madre habla que siempre fui muy inquieta, por eso siempre llevé muchas caídas, hoy tengo muchas magulladuras. Me gusta mucho bailar, cantar, dibujar, comer, hablar. Me gusta mucho dibujar, yo tengo varios cuadernos de dibujos. Yo voy a estudiar en la universidad de arquitectura. Foto 1- Camila Yo soy una payasa, me gustan mucho las bromas, los juegos y reir. Me encantan los perros, soy loca por todos los animales. Tengo muchos sueños a realizar. Quiero viajar mucho a varias partes del mundo. A veces yo me quedo pensando en el hermano que no tuve, pero creo que fue mejor así. Casí siempre soy eléctrica, sí estoy triste, me quedo calma. Yo tengo muchos planes para el futuro. Pero por ahora, voy a estudiar mucho, formar y trabajar para vivir bien y cuidar de mi familia. Yo estoy en el vida y espero vivir 2 – Camila e sua inicio de la bastanteFoto familia CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho buscou analisar a evolução dos alunos, do espanhol 3 de uma escola estadual de idiomas, na produção textual do gênero autobiografia. Este trabalho tinha como objetivos avaliar o desenvolvimento dos trabalhos utilizando como parâmetro as capacidades de linguagem. Ao decidir que tema iriamos trabalhar foi analisado qual se encacharia melhor no conteúdo que estava sendo ministrado em sala desta turma do espanhol 3, pois não tínhamos muito tempo para aplicar esta pesquisa. A partir da analise do livro adotado pela escola, ficou decidido que o melhor gênero, ou que se encachava melhor, era o da autobiografia. Vencido este obstáculo foi colocado em prática este projeto. Percebemos então que não era tão difícil, apesar dos semestres se encontrarem em diferentes épocas. Enquanto um estava começando o outro estava da metade par ao final. Acreditamos que esta foi a maior dificuldade. Mas apesar de tudo, a receptividade foi bastante positiva. Foram num total de 7 encontros. Cada encontro era uma perspectiva diferente, enquanto uns se mostravam bastante interessados, outros não estavam muito afim, mas a maioria estava entre os mais interessados. Com isso ficou mais fácil aplicar o trabalho. Ao falar sobre a autobiografia, das suas recordações, sejam elas boas ou ruins, fizeram com que os alunos voltassem ao passado, a sua infância, ao tempo em que tudo era mais simples. Logo depois dos alunos produzirem seus textos e da analise da professora, vimos que, apesar do pouco tempo, o resultado obtido foi bastante positivo, pois em sua grande maioria, eles conseguiram atingir os objetivos propostos no inicio deste trabalho. Procuramos com este estudo, colocar a SD como modelo de ensino para produção textual em ELE, sejam eles orais ou escritos. Proporcionando aos alunos um melhor entendimento sobre os gêneros textuais. Por fim, constatamos o quanto foi importante se trabalhar com este tema, apesar de sua carência literária. Pois é uma nova opção de atividades para as aulas de ELE. Sejam eles em escolas de idiomas, de ensino fundamental, médio ou até mesmo no EJA. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA AGUIAR, Claudiane Costa.Tornando-se sujeito da sua história de aprendiz de língua inglesa: uma experiência com sequencias didática na EJA. Dissertação (Mestrado em Linguistica Aplicada) Universidade Federal da Paraíba: João Pessoa, 2011 BRASIL. MEC. SEF. Língua estrangeira. In: _____. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira.pdf . Acessado em 15/01/2013, 14:34h. BRASIL. MEC. Linguagens, códigos e suas tecnologias . In: ______. 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El escritor tiene absoluta libertad de expresar sus ideas o sentimientos. Se trata de una obra artística de carácter sumamente personal. Una de las funciones principales que cubre una autobiografía, es la de permitirnos ver nuestra vida a través de un (autoexamen), ayudándonos a detectar nuestras áreas de fortalezas y debilidades con el objetivo de iniciar acciones que nos permitan aumentar nuevas fortalezas donde antes existían debilidades. Así mismo, es un instrumento que facilita la toma de decisiones con base en la elaboración de un plan de vida y carrera y para enseñarle a otros. Ejemplo de una autobiografía: Nací en Villena, el treinta de septiembre de 1905, en la calle de La Trinidad, n.º 2, tercer piso, en la misma habitación donde hoy tengo instalado mi despacho particular. Y no es que hayamos vivido allí toda la vida, sino que mi padre, en cierta ocasión tuvo una agencia de seguros en Cartagena y allí vivimos desde 1914 hasta 1917 en la calle Santa Florentina, n.º 11 -allí nació y murió mi hermana Caridad-. ¿Como escribir una autobiografía? ¿Cómo empezar? – redactar una autobiografía puede ser algo complicado si no se tienen en mente los puntos que debe de cubrir. En general puedes incluir toda la información de tu vida que consideres importante, también puedes considerar las siguientes áreas: Personal – incluye información como tu nombre completo, tu edad, tu fecha de nacimiento, el lugar donde vives. Familiar – nombra a las personas que integran a tu familia, si tienes hermanos o hermanas. Académica – describe las escuelas donde has estado, los logros que has obtenido, las materias que más te han gustado. Logros – que has tenido en tu vida, que cosas has hecho que sean dignas de ser contadas, lugares que hayas viajado, experiencias agradables o curiosas. Si tienes fotos o evidencia de estos logros ello ayudará a que tu historia personal sea mas creíble. ( un recuerdo, un amigo, un ídolo, una comida preferida) Metas – escribe sobre las cosas que te gustaría lograr en el futuro, en donde te gustaría trabajar. Pasatiempos – cuales son las cosas que más te gustan, que haces en tu tiempo libre. (un deporte, un juego, una película, un programa de televisión, una canción) Diferencias y semejanzas entre la autobiografía, la biografía y las memorias. Estos tres tipos de obras guardan una estrecha relación y muchas veces pueden prestarse a confusión el distinguir el carácter de cada una. En primer lugar, hay que destacar las similitudes. Tanto la autobiografía, como la biografía y las memorias pertenecen a los escritos literarios de no ficción y narran episodios o la vida completa de una persona. Por otro lado, entre las mismas existen algunos rasgos que las distinguen unas de otras. La diferencia entre autobiografía y biografía consiste en que, mientras que la primera es el relato de la vida del autor escrito por él mismo, en la biografía, si bien narra la vida de una persona, la misma se encuentra escrita por una tercera persona. Un ejemplo actual de biografía lo encontramos “Steve Jobs”, escrita por el autor Walter Isaacson. La distinción entre la autobiografía y la memoria es más compleja. El Diccionario de la Real academia española define a la memoria en los siguientes términos: Libro o relación escrita en que el autor narra su propia vida o acontecimientos de ella. Seguidamente, la definición de autobiografía establece: Vida de una persona escrita por ella misma. Teniendo en cuenta estas definiciones ambas obras son prácticamente idénticas en cuanto a sus características. Sin embargo, frecuentemente, las memorias se escriben con la intención de hablar de una etapa o de un acontecimiento determinado de la vida del autor. La autobiografía es más completa, ya que no abarca un periodo específico, sino que se relata toda la vida. Cabe agregar que esto no es una regla y que siempre dependerá del autor de la memoria o la autobiografía hasta qué punto de su vida pretende darse a conocer en su obra. REFERENCIAS: http://reglasespanol.about.com/od/tiposderedaccion/a/Autobiograf-Ia.htm http://www.salonhogar.net/Salones/Espanol/4-6/Redactar_Autobiografia.htm MUY / MUCHO MUY se usa : - Delante de adjetivos. Ej.: muy buenos. - Delante de adverbios. Ej.: muy bien. - Es invariable. MUCHO se usa: - Delante de sustantivos. Ej.: mucho pan. - Asociado a verbos. Ej.: leer mucho, hablar mucho. - Delante de adjetivos o adverbios que se fundan en la idea de comparación. Ej.: mucho mejores, mucho más, mucho menos, mucho antes, … - Varia en género y número si acompaña o se refiere a un nombre. Ej.: No necesito mucho dinero. Ha dicho muchas cosas interesantes. Usos de Bueno: "Bueno" é um adjetivo e flexiona em gênero e número com o substantivo que modifica: ("bueno, buena, buenos, buenas"). - "Bueno" também pode ter função de advérbio e traduz-se em português como: "bom". 1. Usa-se para expressar bondade, amabilidade. Exemplo: Juan tiene un padre muy bueno que ayuda a todos. (Juan tem um pai muito bom que ajuda a todos.) 2. Usa-se como advérbio para expressar utilidade. Exemplo: Lo que aprendió en la escuela fue muy bueno para la construcción de su identidad. (O que aprendeu na escola foi muito bom para a construção da sua identidade.) 3. Usa-se como advérbio para expressar que algo é delicioso ou agradável. Exemplo: El pescado de este restaurante es muy bueno, todos lo recomiendan. (O peixe deste restaurante é muito bom, é recomendado por todos.) Usos de Buen: - "Buen" é o apócope de "bueno", funciona somente como adjetivo invariável e traduzse em português como:"bom". 1. Usa-se sempre antecedendo a substantivos masculinos em singular. Exemplo: La empresa espera tener un buen resultado este año. (A empresa espera ter um bom resultado este ano.) Atenção: - "Buen" nunca poderá estar depois de substantivos. Es un hombre buen. (É um homem bom.) (errado) Es un buen hombre. (É um bom homem.) (certo) Usos de Bien: "Bien" pode ter função de substantivo masculino ou de advérbio de modo e traduz-se em português como:"bem" 1. Como substantivo, usa-se para fazer referência a uma propriedade. Exemplo: Se ha quedado sin nada, hoy ha vendido su último bien. (Ficou sem nada, hoje vendeu seu último bem.) 2. Usa-se para expressar utilidade. Exemplo: Ese dinero le vino muy bien para pagar las deudas. (Esse dinheiro veio a calhar para pagar dívidas.) 3. Usa-se para modificar advérbios, adjetivos e particípios. Exemplo: Le gusta bañarse con el agua bien caliente. (Gosta de tomar banho com água bem quente.) Todos quedaron bien lindos en la foto. (Todos ficaram muito lindos na foto.) Nos gusta comer aquí porque la comida es bien condimentada. (Nós gostamos de comer aqui porque a comida é bem temperada.) http://www.bomespanhol.com.br/gramatica/adverbios/diferencas-entre-buen-bueno-e-bien