Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências Departamento de Oceanografia e Limnologia Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática Abundância das formas imaturas de Psaroniocompsa incrustata ( Lutz, 1910) (Diptera: Simuliidae) em um criadouro natural no rio Pium/RN, e sua fauna associada. Francilene Miranda dos Santos Rodrigues Natal / RN 2006 Francilene Miranda dos Santos Rodrigues Abundância das formas imaturas de Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) em um criadouro natural no rio Pium/RN, e sua fauna associada. Orientador: Prof. Dr. Herbet Tadeu de Almeida Andrade DMP/CB/UFRN Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Bioecologia Aquática do Departamento de Oceanografia e Limnologia, do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do Título de Mestre em Bioecologia Aquática. Natal / RN 2006 II Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências Departamento de Oceanografia e Liminologia Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática Esta dissertação, apresentada pela aluna FRANCILENE MIRANDA DOS SANTOS RODRIGUES ao programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática do Departamento de Oceanografia e Liminologia, do Centro de Biociências, da Universidade Federal do Rio grande do Norte, foi julgada aprovada, pelos Membros da Banca Examinadora, na sua redação final, para a conclusão do curso e a obtenção do título de Mestre em Bioecologia Aquática. MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA __________________________________________ PROF. DR. HERBET TADEU DE ALMEIDA ANDRADE UFRN/CB/DMP _________________________________________________ PROFa. DRa. SATHYABAMA CHELLAPA UFRN/CB/DOL _________________________________________________ PROF. DR. JANSEN FERNANDES DE MEDEIROS CPCS/INPA III AGRADECIMENTOS À Deus, causa primeira de todas as coisas, por ter guiado meus passos em mais uma caminhada. Aos meus Pais, que mesmo em dizer “abrigado por tudo”, seria pouco pelo esforço e apoio dedicados desde o início da minha caminhada estudantil até a minha profissionalização. Ao meu esposo, pelo apoio e compreensão empenhados principalmente nos momentos mais difíceis. Ao Profº Dr. Herbet Tadeu de Almeida Andrade, pela orientação durante o desenvolvimento deste trabalho, mas principalmente pelo incentivo, compreensão e amizade. A colega e companheira de trabalho Adriele Noronha, pela ajuda prestada durante a realização deste trabalho. Ao Dr. Ulysses Carvalho Barbosa, do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, pela confirmação das identificações dos espécimes da fauna entomológica bentônica. Ao Dr. Jansen Fernandes de Medeiros, do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, pela ajuda prestada durante o desenvolvimento da pesquisa. Ao Dr. Felipe Arley Costa Pessoa, do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, pelas imagens de simulídeos cedidas para ilustração dessa dissertação. Aos Profº Dr.(a) Sathyabama Chellapa e Ricardo Andreazze, pelas sugestões dadas durante a qualificação deste trabalho. A EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte, pelo fornecimento dos dados pluviométricos. IV Ao proprietário do sítio Aconchego, por permitir a realização deste trabalho nesse local. A CAPES, pelo apoio financeiro durante a realização deste trabalho. A este Programa de Pós-Graduação e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na forma de Instituição. A todos, que de forma direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. V SUMÁRIO RESUMO............................................................................................... VIII ABSTRACT........................................................................................... IX RELAÇÃO DE TABELAS.................................................................. X RELAÇÃO DE FIGURAS................................................................... XI RELAÇÃO DE FLUXOGRAMAS...................................................... XII 1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 1 1.1 A Família Simuliidae.............................................................................. 2 1.2 A dinâmica populacional dos imaturos e os fatores abióticos................ 5 1.3 Manejo de Simuliidae.............................................................................. 7 1.4 Fauna associada às espécies de Simuliidae............................................. 8 1.5 Predação à Simuliidae............................................................................. 10 2 OBJETIVOS DA PESQUISA.............................................................. 14 2.1 Objetivo geral.......................................................................................... 15 2.2 Objetivos específicos............................................................................... 15 3 MATERIAL E MÉTODOS GERAL................................................... 16 3.1 Área de estudo......................................................................................... 17 3.1.1 Clima....................................................................................................... 17 3.1.2 Geomorfologia........................................................................................ 19 3.1.3 Vegetação................................................................................................ 19 3.1.4 Sócio-econômico..................................................................................... 20 3.2 Trabalho em campo................................................................................. 21 3.2.1 Coleta dos imaturos de Simuliidae.......................................................... 21 3.2.2 Coleta da fauna associada....................................................................... 22 3.2.3 Fatores abióticos..................................................................................... 23 3.3 Trabalho em laboratório.......................................................................... 24 3.4 Nomenclatura.......................................................................................... 29 4 RESULTADOS...................................................................................... 30 Artigo 1................................................................................................... 31 VI Abstract................................................................................................... 32 Resumo.................................................................................................... 33 Introdução................................................................................................ 33 Material e Métodos.................................................................................. 34 Resultado e Discussão............................................................................. 35 Referências.............................................................................................. 37 Tabelas.................................................................................................... 40 Artigo 2................................................................................................... 42 Abstract................................................................................................... 43 Resumo.................................................................................................... 44 Introdução................................................................................................ 45 Material e Métodos.................................................................................. 46 Resultado e Discussão............................................................................. 47 Referências.............................................................................................. 49 Tabelas.................................................................................................... 51 5 DISCUSSÃO GERAL........................................................................... 53 6 CONCLUSÕES..................................................................................... 58 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 60 8 ANEXO.................................................................................................. 68 Normas de publicação- Revista Brasileira de Entomologia.................... 69 VII RESUMO A espécie Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) foi estudada quanto a abundância em períodos sazonais diferentes, a físico-química do criadouro e a predação da fauna associada sobre os imaturos desta espécie. O estudo foi realizado durante oito meses, abril à julho de 2005 (estação de chuvas) e outubro/2005 à janeiro/2006 (estação de seca), em um criadouro natural localizado no rio Pium, pertencente a Bacia Hidrográfica do rio Pirangi, no Rio Grande do Norte. Os imaturos de Simuliidae foram coletados manualmente em substrato vegetal. Nesse mesmo local, foi realizada a amostragem da fauna associada utilizando-se coletor do tipo Surber, e as medições das variáveis ambientais. Para observar a predação da fauna associada, foi realizada a análise do conteúdo estomacal de possíveis inimigos naturais dos simulídeos. A coleta dos imaturos resultou em 7.713 exemplares, todos da espécie P. incrustata, sendo a sua maior abundância observada na estacão de seca, e a entomofauna associada, totalizou 20.314 espécimes, distribuídos nas Ordens: Diptera, Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera e Hemiptera, com maior representatividade dos dípteros. A análise do conteúdo estomacal dos espécimes das famílias Libellulidae e Hydropsychidae revelou a presença de simulídeos em apenas 4% do material examinado, não sendo constatado a realização de um eficiente controle biológico por parte destes, sobre os simulídeos, nesse criadouro. VIII ABSTRACT The species psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) was studied in relation to its abundance in different and seasonal periods, the physico-chemical of the breending ground and the fauna predation added to the immature of the species. The study was developed during eight months, from April to July, 2005 (rainy season) and from October, 2005 to January, 2006 (drought season), in one natural breending ground situated in the Pium river, that is part of the hydrographical basin of the Pirangi river in Rio Grande do Norte. The immature of Simuliidae were collected manually in vegetal substrate. At the same place, it was made one sampling of the associated fauna using Suber collectors and the measurement of the environment variants. It was also made one analysis of the stomach content of possible enemies of the simulídeos, to observe the predation of the associated fauna. It was collected 7.713 samples, all from de species P. Incrustata, it was observed a bigger abundance in the drought season, and the entomologic fauna associated totalizing 20.1314 species, distributed in the kinds: Diptera, Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera, e Hemiptera, with a bigger representativity of Dipteros. The analysis of the stomach content of the species from the families Libellulidae and Hydropsychidae showed the presence of the simulídeos in only 4% of the material analysed, therefore it was not confirmed the presence of one efficient biological control of the simulídeos in this breending ground. IX RELAÇÃO DE TABELAS Tabela 1: Nomenclatura dos simulídeos............................................... 29 ARTIGO 1 Tabela 1: Número total de imaturos de P.incrustata, coletado em substrato vegetal, no rio Pium/RN, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006............ 40 Tabela 2: Correlação de Spearman........................................................ 40 Tabela 3 Caracterização abiótica do criadouro natural de P. incrustata no rio Pium/RN, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006)...................... 41 ARTIGO 2 Tabela 1: Número total de imaturos de P.incrustata, coletado em substrato vegetal, no rio Pium/RN, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006............ Tabela 2: 51 Número total da fauna associada à P. incrustata, coletada na vegetação e sedimento, no rio Pium, Rio Grande do Norte, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006................................................. 52 X RELAÇÃO DE FIGURAS FIGURA 1: Mapa de localização da área de estudo................................. 18 FIGURA 2: Trecho do rio Pium/RN onde foram realizadas as coletas.... 20 FIGURA 3: Vista da lagoa do Pium (Lagoa Azul)................................... 20 FIGURA 4: Coleta manual de Simuliidae no rio Pium/RN...................... 23 FIGURA 5: Coleta da fauna entomológica associada à Simuliidae no rio Pium/RN.......................................................................... FIGURA 6: FIGURA 7: 24 Triagem da entomofauna associada a Simulidae, coletada no rio Pium/RN..................................................................... 28 Amostra de substrato vegetal coletado no rio Puim/RN....... 28 XI RELAÇÃO DE FLUXOGRAMAS FLUXOGRAMA 1: Coleta manual dos simulídeos no rio Pium........................... 21 FLUXOGRAMA 2: Coleta da fauna associada no rio Pium.................................. 22 FLUXOGRAMA 3: Triagem do substrato vegetal................................................ 25 FLUXOGRAMA 4: Triagem do sedimento........................................................... 26 FLUXOGRAMA 5: Análise do conteúdo estomacal............................................. 27 XII 1- INTRODUÇÃO 1.1. A família Simuliidae Os simulídeos (Diptera: Simuliidae) são insetos conhecidos no Centro e Sul do Brasil como “burrachudos” e por “piuns” no Norte e Nordeste. A família Simuliidae pertence à ordem Diptera, subordem Nematocera, infra-ordem Culicomorpha, superfamília Chironomoidea. São insetos holometabólicos, ou seja, apresentam seu ciclo de vida em quatro estágios (ovo-larva-pupa-adulto). Os ovos desses dípteros são pequenos, de 100 a 400µm com formato ovóide e superfície lisa. As larvas possuem tipicamente uma forte cápsula cefálica, uma par de grandes leques cefálicos filtradores anexos à boca que se abrem hemisfericamente. Para se fixar, tem apenas um pé não articulado, na forma de um prolongamento do tegumento, no tórax, próximo à cabeça, e uma estrutura circular no extremo posterior do corpo, ambos coroados por ganchos. As pupas, por sua vez, encontram-se fixas em um casulo debaixo da água, por um arranjo de ganchos abdominais, apresentando um par de grandes brânquias filamentosas torácicas. Os adultos são pequenos e com um corpo bem definido, geralmente de 2 a 4mm de comprimento, cabeça ovalada sobre o tórax arqueado; as antenas curtas compõem-se geralmente de onze segmentos e não apresentam cerdas junto às articulações; corpo escuro ou negro, mas as vezes castanhoavermelhado ou amarelado com grandes asas largas e hialinas; aparelho bucal picadorsugador com probóscida curta e robusta; as pernas são curtas, os machos podem ser diferenciados das fêmeas por apresentarem os olhos compostos unidos na região frontal de cabeça (Gaona & Andrade, 1999). As fêmeas da família Simuliidae ovipositam sobre pedras, galhos, e folhas encontradas em cachoeiras, rios e córregos (Baba & Takaoka, 1991). Cada fêmea coloca em média 200 a 300 ovos por postura, amadurecendo em torno de 5 a 6 dias dependendo da temperatura 2 da água e da espécie (Coutinho, 1993). Após esse período, se inicia a eclosão das larvas que se fixam e se locomovem aderidas aos substratos através de uma teia, produzida por substância salivar (Coscaron, 1981). Os simulídeos distribuem-se em todas as regiões zoogeográficas e englobam 1.798 espécies registradas até o ano de 2004. No Brasil, até este mesmo ano, foram descritas 85 espécies (Crosskey e Howard, 2004). No nordeste do Brasil, eles são encontrados nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Ceará pertencentes aos gêneros: Cerqueirellum, Chisrostilbia, Coscaroniellum, Ectemnaspis, Hemicnetha, Inaequalium, Psaroniocompsa e Psilopelmia (Almeida et al., 1999;Pessoa et al., 2005). Os simulídeos, mas precisamente as fêmeas desse inseto são hematófagas, sendo vetoras em potencial de vírus, bactérias, protozoárias e helmintos. Além disso, são insetos incômodos e insistentes em seus ataques podendo ocasionar sérios problemas médicosócio-econômico em regiões de alta incidência (Hamada, 1993). No Brasil, mais precisamente na região Amazônica, algumas espécies de simulídeos estão associadas à transmissão de duas filarias: a Onchocerca volvulus e Mansonela ozzardi, responsáveis respectivamente pela oncocercose e mansonelose (Cerqueira, 1959; Andreazze e Py-Daniel, 1999; Medeiros e Py-Daniel, 1999). Para os simulídeos também tem se reportado a transmissão da encefalite eqüina, estomatite vesicular, e uma síndrome reconhecida clinicamente como “febre de simulídeo” ou simuliidose humana. Outras doenças, como o “mal de Pinto”, o pênfigo foliáceo ou fogo selvagem e a síndrome hemorrágica de Altamira, parecem ser motivadas pelas picadas dos simulídeos (Gaona & Andrade, 1999). Considerando a área veterinária, esses dípteros são transmissores da oncocercoses para o gado, infecções usualmente não patogênicas, que são causadas por várias espécies de 3 nematódeos filarídeos do gênero Oncocerca. Os simulídeos são ainda transmissores de leucocitozoonozes (malária das aves), doença que pode ser mortal para perus, patos, gansos e frangos, sendo causada por protozoários parasitas de sangue, do gênero Leucocytozoon, um problema econômico importante para as criações e a industria de perus na América do Norte. Além disso, muitas das espécies picadoras causam também reações alérgicas e sérios prejuízos diretos em rebanhos (vacas, cavalos, mulas, asnos, ovelhas e porcos), como redução na produção de gado leiteiro, e na produção de peso e postura em aves de criação, entre outros (Gaona & Andrade, 1999). Do ponto de vista sócio-econômico, os ataques de simulídeos aos seres humanos causam prejuízos principalmente à saúde e ao bem estar das comunidades. Embora não seja determinado, é possível visualizar o valor econômico que representa para empresas madeireiras, de construção, de mineração, agrícolas, de turismo e de desenvolvimento recreativo em geral, entre outras. Uma das causa indiretas das perdas econômicas são os ataques intensivos ao gado, trazendo danos a propriedades do campo, pelo estresse provocado aos animais, além de perdas diretas devidas a mortes e doenças, redução na produção de gado leiteiro e de ovos em aves de criação (Crosskey, 1990). Ecologicamente, os simulídeos desempenham importante papel na natureza, uma vez que são parte integrante da cadeia alimentar dos ecossistemas lóticos, sendo considerado presa para vários organismos nesse ambiente, como moluscos, peixes, e outros insetos, principalmente das ordens trichoptera e odonata. 4 1.2. A Dinâmica populacional dos imaturos e os fatores abióticos A dinâmica de populações de insetos transmissores de enfermidades, é um aspecto de grande importância na epidemiologia em geral e na dinâmica de transmissão, em particular, de qualquer enfermidade em que tais insetos participem (Ortega e Oliver, 1985). Devido à família Simuliidae ser um grupo eurióico, ou seja, com ampla margem de tolerância para fatores ambientais, pode ser encontrada nos mais diversos ambientes, desde águas muito frias (cerca de 0ºC) até águas com temperaturas próximas aos 35ºC (euritérmicos), desde o nível do mar até alturas de 4.700m; em água doce e podendo tolerar certo grau de salinidade; desde águas com pH de 3,5 (na Amazônia) até 10 (na África); desde águas cristalinas até turvas, desde as saturadas de oxigênio até as com baixas concentrações de oxigênio e alto grau de contaminação, mas sempre exigindo movimento da água como condição primordial (Gaona e Andrade, 1999). Coscarón e Coscarón-Arias (1999), estudando a dinâmica populacional de simulídeos no rio Paraná, em uma região próxima à Argentina, observaram a presença quatro espécies de simulídeos, com predominância do Cerqueirellum cuneata, que apresenta alta antropofilia e ataca principalmente na primavera. Os autores verificaram ainda, que um determinante da presença dos simulídeos foi a velocidade da água, pois observaram-se que os dípteros só eram encontrados onde a correnteza era superior a 0,70m.s-1; também verificaram-se correlação negativa com a temperatura e sólidos dissolvidos. Coscarón et al (2000), em estudos no rio Quequén, na Argentina, também investigaram a variação populacional de simulídeos, e relacionaram com a variação de fatores ambientais. Os autores verificaram que os simulídeos (Psaroniocompsa bonaerense e Thyrsopelma orbitale) estiveram presentes durante todo o tempo do estudo em altas 5 porcentagens, e que o P. bonaerense foi a espécie mas abundante nesse período. Por outro lado, na correlação com as variáveis ambientais, apenas o T. orbitale apresentou correlação negativa com a temperatura, que foi um dos fatores analisados. Na primeira pesquisa sobre estudos ecológicos nos criadouros naturais de simulídeos no Brasil, Gorayeb e Pinger (1978), caracterizaram físico e quimicamente dois igarapés localizados em uma região de mata com árvores de aproximadamente 15m de altura, próximo a cidade de Manaus-AM. Nesta pesquisa, foram verificados o pH da água, temperatura, taxa de oxigênio, velocidade da água, condutividade elétrica, largura, profundidade e vazão. No Estado do Rio Grande do Norte, os imaturos de Hemicnetha brachyclada foram encontrados em criadouros com 1,0m a 6,0m de largura e 1,5 cm a 13cm de profundidade, com velocidade da água entre 20cm/s e 100cm/s, com vazões entre 7,5cm3 e 390cm3, com temperaturas entre 22ºC e 30ºC, em locais com altitudes entre 30m e 640m e clima do tipo semi-árido (Andrade, 1992; Andrade e Py-Daniel, 1995). A utilização de substratos artificiais tem sido apontada como uma das melhores ferramentas para estudos de colonização por simulídeos, pois permite o seu uso em diferentes locais e a padronização das amostragens, possibilitando a comparação dos resultados entre os estudos dessa natureza (Lewis e Bennett, 1974). Pepinelli e Strixino (2002), utilizaram fitas plásticas de diferentes cores (preta, amarela e azul) como substratos artificiais, a fim de verificar a preferência de colonização por imaturos de Inaequalium inaequale e Chirostilbia pertinax, e relataram que a escolha do tipo e da cor do substrato deve ser feita de acordo com as características locais (tipo de leito do córrego e velocidade da água) e das espécies alvo do estudo. 6 No Estado do Rio Grande do Norte, Medeiros et al. (1999), testando a preferência larval de Psaroniocompsa incrustata, por diferentes cores de substrato artificial no rio Pium, utilizaram fitas plásticas na cor verde, amarelo claro e amarelo escuro, mas não encontraram preferência significativa pelas cores utilizadas. Quanto à colonização em substratos naturais, Andrade (2001), observou estágios imaturos da espécie H. brachyclada, na região do semi-árido nordestino, colonizando tanto os substratos rochosos quanto os vegetais, porém sempre com maior representação numérica das larvas. Entretanto, a maior quantidade tanto de larvas quanto de pupas nos dois tipos de substratos, coincidiu com o período de maior velocidade da água e vazão do rio pós-barragem. 1.3. Manejo de Simuliidae No que diz respeito ao controle dos simulídeos, este procedimento vem sendo amplamente utilizado devido ao interesse em saúde pública e para prevenir perdas econômicas em agropecuárias, tanto em áreas rurais como em regiões metropolitanas. Impactos econômicos negativos e reações alérgicas por picadas de borrachudos ocorrem também em áreas turísticas e rurais que agravam o bem-estar de todos. Tecnicamente falando, o controle dos simulídeos pode ser feito por diferentes métodos: mecânicos, químicos, biológicos, desenvolvendo-se pesquisas ecológicas e genéticas, pela química de repelentes e atraentes, e pelo uso de políticas e programas educativos como parte de um programa de manejo integrado (Petry et al., 2004). Nos municípios de Ubatuba-SP e Ilhabela-SP, Andrade e Castelo Branco (1991), realizaram um estudo para verificar a susceptibilidade de populações de Chirostilbia 7 pertinax, ao temephos e a um formulado à base de Bacillus thuringiensis var. Israelenses. Neste estudo, foram realizados quatro experimentos com concentrações diferentes dos dois compostos, verificando-se ao final que existiu uma alta susceptibilidade das larvas ao produto microbiano, e ausência total de mortalidade no tratamento com temephos confirma o alto grau de resistência suspeito nessa população. No rio Dom Rodrigo, região metropolitana de Curitiba-PR, Lozovei et al (1992) testaram o controle de simulídeos com a remoção física de imaturos (ovos, larvas e pupas), no leito do rio e em lajes de vertedouros, alcançando resultados muito satisfatórios. Petry et al. (2004), realizaram um controle integrado de espécies de simulídeos por Bacillus thuringiensis e manejos mecânicos, no riacho e nos vertedouros de tanques de piscicultura em Almirante Tamandaré-PR, e constataram que o índice reducional médio das larvas no controle integrado foi de 88,83% em ambos os habitats; já o controle executado só com manejo mecânico alcançou uma redução média de 90,57% já a partir do segundo controle. Desse modo, é recomendado pelos autores que o manejo mecânico constitui o método preferencial, pela fácil e econômica execução e pela certeza de resultado mais rápido. 1.4. Fauna associada às espécies de Simuliidae As formas imaturas de Simuliidae fazem parte da comunidade de insetos dos ecossistemas lóticos, e estão presentes com freqüência e em elevadas densidades numéricas nesses ambientes. Desse modo, são diversos os organismos que co-habitam com os simulídeos. 8 Dellome-Filho (1992), observou-se que a fauna aquática de artrópodes associada aos simulídeos foi representada por: Trichoptera, Plecoptera, Diptera: Chironomidae, Ceratopogonidae, Athericidae; Ephemeroptera, Neuroptera, Coleoptera, Odonata, Lepidoptera e Acarina. Segundos o autor, os imaturos de Chironomidae foram os mais freqüentes, encontrados em quase todos os substratos. Araújo-Coutinho (1993), em seu trabalho sobre a abundância sazonal de formas imaturas de Chirostilbia pertinax, determinou a entomofauna associada a essa espécie, e verificou que as famílias Chironomidae e Baetidae são os principais representantes nessa região. Em Almirante Tamandaré-PR, Petry et al (2004), realizaram um controle integrado de espécies de simulídeos por Bacillus thuringiensis e manejos mecânicos, no riacho dos Padres. Durante a aplicação de Bti - var. Israelenis no criadouro foi observado pelos autores, em todas as amostras monitoradas a presença de uma fauna associada aos simulídeos, representada pelos grupos: Platyhelminthes (Turbelária), Annelida (Hirudínea), Gastropoda (Biomphalaria e Lymnaea), Acari (Hydracarina), Diplopoda, Colembola, Plecoptera (Grypopterydae), Ceratopogonidae, Coleoptera Chironomidae e (Hidrophilidae), Empididae), Trichoptera Diptera (Tipulidae, (Hydropsychidae) e Hymenoptera (Plastygasteridae). Ribeiro e Uieda (2005), em pesquisas sobre a estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos de um riacho de serra em Itatinga, verificaram diversas famílias como representantes da entomofauna associada a Simulidae, como: Perlidae, Leptohyphidae, leptophlebiidae, Baetidae, Caenagrionidae, Calopterygidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Glossosomatidae, Pyralidae, Elmidae, Psephenidae, Ceratopogonidae, Empididae, Psychodidae, Tabanidae e Chironomidae. 9 Dentre estas, verificou-se maior abundância tanto na estação de chuva quanto na estação de seca, das famílias Chironomidae e Baetidae. No Estado do Rio Grande do Norte, Andrade e Py-Daniel (2000), estudando a família Simuliidae em três bacias hidrográficas desse Estado, verificaram que a fauna associada às espécies de simulídeos foi composta de insetos (Diptera, Hemiptera, Ephemeroptera, Trichoptera, Odonata, Coleoptera e Lepidoptera), crustáceos (Caridae e Brachyura) e peixes (Characiformes, Cyprinondontiformes e Perciformes). Além da fauna associada, os autores também observaram a predação dessa fauna aos simulídeos, e ainda organismos da família Mermithidae parasitando formas imaturas de Simulidae. 1.5. Predação à Simuliidae Imaturos e adultos de simulídeos são vítimas de vários predadores ou organismos parasitas que ocorrem nos riachos nos quais se desenvolvem, ou próximo à eles. Peterson (1960), em “Notas de alguns inimigos naturais de Simulídeos”, descreve vários organismos envolvidos na predação dos simulídeos como Trichoptera (Hydropsychidae, Rhyacophilidae, Brachycentridae e Philopotamidae), Coleoptera (Hydrophilidae e Dytiscidae), Hymenoptera (Formicidae), Diptera (Empididae) e outros como peixes (Salmo gairdneri), acrescentando ainda organismos parasitas das larvas de simulídeos, como espécies de Microspodia do gênero Thelobania e Mermitídeos do gênero Hydromermis. Estudos sobre a predação de Trichoptera à imaturos de simulídeos, revelou, através da análise de conteúdo estomacal de larvas de Hydropsyche, que 10% deste conteúdo era composto por larvas de Edwardsellum damnosa (Burton e McRae, 1972). 10 O primeiro registro para região Neotropical sobre a predação aos imaturos dos simulídeos por moluscos, foi feito por Darwich et al. (1989). O estudo foi desenvolvido dentro de um projeto de levantamento da entomofauna de interesse médico efetuado na região do alto rio Uruguai. Na pesquisa, através de exame do conteúdo digestivo do molusco Asolene (Pomella) megastoma, os autores verificaram a presença de larvas e pupas dos Thyrsopelma orbitale e Psaroniocompsa spp. Magni e Py-Daniel (1989), em observações de campo e de laboratório, evidenciaram pela primeira vez, a predação preferencial de larvas e pupas de simulídeos pelo crustáceo Aegla Platensis, sendo ressaltado, pelos autores, a possibilidade de ser usado em um manejo integrado ao controle de simulídeos. No Brasil, estudos ecológicos realizados por Gorayeb e Pinger (1978) em criadouros naturais de simulídeos nas imediações da cidade de Manaus-AM, incriminaram pela primeira vez como predadores naturais do Psilopelmia fulvinota, as larvas de espécies do gênero Macronema (Hydropsychidae) e de Lepidoptera (Nymphulinae, Pyralidae). Além destes, náiades de Libellulidae (Odonata), Perlidae (Plecoptera), e larvas de Corydalidae (Neuroptera) também foram incriminadas como predadoras naturais do P. fulvinota. O trabalho foi realizado através de testes sorológicos de precipitação em tubos capilares e imunodifusão em agar-gel, aliados a análise de conteúdo estomacal dos suspeitos predadores. Py-Daniel e Rapp Py-Daniel (1984), descreveram pela primeira vez no Brasil a presença de larvas e pupas de simulídeos no conteúdo estomacal de um loricarídeo (Spatuloricaria evansi), capturado no Rio Maranhão-GO. Os autores relatam ainda a possibilidade do uso deste peixe no controle biológico dos simulídeos. 11 De acordo com Sato (1987), cerca de 80% dos municípios de Santa Catarina apresentam problemas com os simulídeos, e somente na região nordeste do Estado, foram identificadas 25 espécies. No município de Joinville, onde o problema é particularmente grave, o nível de incidência de simulídeos, apesar da aplicação sistemática do larvicida, atinge níveis não toleráveis. Na tentativa de se efetuar um controle biológico, foi realizada a coletas de peixes em 35 riachos, para identificar possíveis predadores. Foram então identificadas 35 espécies pertencentes a 27 gêneros e 10 famílias. Entre as 29 espécies analisadas, 18 apresentaram larvas de simulídeos no conteúdo estomacal. Entretanto, após uma análise mais ampla dos resultados, os autores consideraram que o peixe não pode ser considerado como solução para o problema do simulídeo. Andrade et al. (2000), em seus estudos no rio Ceará-Mirim, Estado do Rio Grande do Norte, fizeram o primeiro relato de simulídeos como componente principal da dieta de Poecilia vivipara Bloch & Schneider, 1801 no Brasil. Foram realizadas analises do conteúdo estomacal de 14 exemplares de P. vivípara (Poecilidae), encontrando-se em quatro deles, larvas e pupas de H. brachyclada compondo 28,7% do conteúdo estomacal desses peixes. Andrade e Py-Daniel (2000), relatando a fauna associada a Simuliidae (Diptera: Culicomorpha) em três bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte, registraram como predadores naturais dos simulídeos, peixes da família Characidae (Knodus sp) e Poecilidae (Hemigrammus sp) e insetos da família Agrionidae (Hetaerina sp). Além destes, verificou-se Mermithidae parasitando larvas de Chirostilbia subpallida e a ocupação de casulos de Ectemnaspis perflava por Empididae (Hemerodromia sp). Considerando a importância médico-sócio-econômica da Família Simuliidae, e principalmente da espécie P. incrustata, considerada vetora secundária da oncosercose na 12 região Norte do Brasil, e ainda pouco estudada no Estado do Rio Grande do Norte, a presente pesquisa é desenvolvida em função de ampliar os conhecimentos acerca da biologia e ecologia desta espécie, e dos demais grupos de insetos que co-habitam em seu criadouro. 13 2. OBJETIVOS DA PESQUISA 14 2.1. Objetivo Geral Estudar aspectos da biologia e ecologia da espécie Psaroniocompsa incrustata e da fauna entomológica associada, em um criadouro natural no rio Pium Estado do Rio Grande do Norte, a fim de fornecer subsídios para uma maior compreensão da espécie e para futuros programas de controle biológico. 2.2. Objetivos Específicos 1. Determinar a dinâmica populacional numérica dos imaturos de Simuliidae. (Artigo I) 2. Caracterizar os fatores físicos e químicos do criadouro natural de Simuliidae no rio Pium. (Artigo I) 3. Determinar a entomofauna associada a P. incrustata (Diptera: Simuliidae) no rio Pium. (Artigo II) 4. Verificar a presença de possíveis predadores naturais dentre sua fauna associada. (Artigo II) 15 3- MATERIAL E MÉTODO 16 3.1- Caracterização da área de estudo O estudo foi desenvolvido no rio do Pium, que está localizado no litoral Sul do Estado do Rio Grande do Norte, entre as coordenadas geográficas 05º 59’ e 06º 02’ de Lat. S e 35º 17’ de Long. W. Pertence à bacia Hidrográfica do rio Pirangi, que ocupa uma superfície de 458,9 km2, abrangendo parte dos municípios de São José do Mipibu-RN, onde são encontradas suas nascentes e 42,8% do leito do rio, e no município de Nísia FlorestaRN, com 57,1% do rio, até desaguar no rio Pirangi em direção ao oceano Atlântico. Possui aproximadamente, 17 Km de extensão. As principais vias de acesso ao local, são a BR-101, RN-316 (Rota do Sol), além das estradas vicinais que margeiam a microbacia (Hurka, 2002) (Fig. 01). O trecho do rio pesquisado encontra-se à jusante da lagoa do Pium (Fig. 02) conhecida popularmente como Lagoa Azul, uma das lagoas perenes da microbacia do rio Pium (Fig. 03). 3.1.1- Clima O clima da região é tropical chuvoso com verão seco, e de um modo geral, as chuvas anuais médias de longo período decrescem do litoral para o interior, passando de cerca de 1.300mm na foz para 900mm nas cabeceiras (SERHID, 2004). 17 Figura 01: Mapa de localização da área de estudo (Fonte: IDEMA). 18 3.1.2- Geomorfologia A geomorfologia da região é constituída por tabuleiros costeiros, relevos topograficamente planos e de origem sedimentar, possuindo baixas altitudes, desenvolvidos sobre os sedimentos do grupo Barreiras, e também é por Dunas, de acordo com Guerra e Guerra (1997); apud Hunka (2002), são definidas como montes de areias móveis, depositados por ação dos ventos. Nessa área as Dunas se encontram sobrepostas nos Tabuleiros Costeiros, direcionadas transversalmente para NO e NNO, apresentando altitudes inferiores a 100 metros. De acordo com o IDEMA (1999a, 1999b), os solos predominantes na área do rio Pium são, o Latossolos Vermelho Amarelo Distrófico, que caracteriza-se por apresentar fertilidade natural baixa, com textura média, sendo muito profundos e porosos. São encontrados em relevo planos e fortemente drenados. Ocorrem também solos Aluviais Eutróficos, formados a partir de deposições de sedimentos fluviais não consolidados, de natureza muito variada. Contém textura argilo-arenosa, areno-argilosa e arenosa, encontrados em relevos planos e pouco drenados, variando de moderadamente e muito profundos (IDEMA, 1999b). 3.1.3- Vegetação A cobertura vegetal é constituída de Floresta Subperenifólia, caracterizada por possuir vegetação com árvores sempre verdes, com grande número de folhas largas, com troncos relativamente delgados, encontrados em zonas úmidas. São observadas também formações tabuleiros costeiras, Campo de Várzea, Ecossistema Protegido: Mata Atlântica, e vegetação fixadora de dunas (Hurka, 2002). 19 3.1.4- Sócio-econômico Sob uma visão sócio-econômica, o que se observa na área do rio Pium, é o crescimento da atividade turística, que vem tornando este rio um atrativo de recreação e lazer, tanto para a população local como também para visitantes. Figura 02: Trecho do rio Pium/RN onde foram realizadas as coletas. Figura 03: Vista da lagoa do Pium (Lagoa Azul). 20 3.2- Trabalho em campo 3.2.1 Coleta dos imaturos de Simuliidae As coletas dos imaturos de Simuliidae e da fauna associada foram realizadas em um único trecho do rio Pium, localizado à jusante da Lagoa Azul. Durante o trabalho, foram efetuadas oito amostragens, sendo quatro no período de chuvas, de abril a julho de 2005, e quatro no período de seca, de outubro de 2005 a janeiro de 2006. Os simulídeos foram coletados manualmente em vegetais que se encontravam fixos ao leito do rio, mergulhados ou parcialmente mergulhados e tombados da vegetação marginal (Fig. 04). Amostravam-se mensalmente 60g, que em seguida eram acondicionados em fracos plásticos, conservados com álcool 70% (Fluxograma 1). Amostragem manual Substrato vegetal 60g Acondicionamento (frascos plásticos c/ álcool 70%) Encaminhado ao Lab.Entomologia Fluxograma 1: Coleta manual dos simulídeos no rio Pium. 21 3.2.2. Coleta da fauna associada A coleta da fauna associada foi realizada utilizando-se um coletor do tipo Surber com abertura de malha 250µm (Fig. 05), conforme metodologia sugerida por Bicudo e Bicudo (2004); Pepinelli et al. (2005) para rios rasos e arenosos. Essa amostragem foi realizada nas margens e no leito central do rio, coletando-se vegetação e sedimento. Em cada coleta, foram amostrados 240g de vegetação e 300g de sedimento, independente da presença ou ausência do simulídeo. Em seguida, o material foi acondicionado em recipientes plásticos separados, conservados com álcool 70% (Fluxograma 2). Ao final, somando-se a coleta manual dos imaturos de Simuliidae, obtinha-se em cada mês, 300g de vegetação e 300g de sedimento. Amostragem c/ coletor Surber Substratos Vegetação Sedimento 240 g 300g Acondicionamento (frascos plásticos c/ álcool 70%) Encaminhado ao Lab.Entomologia FLUXOGRAMA 2: Coleta da fauna associada aos simulídeos no rio Pium. 22 3.2.3. Fatores abióticos Dentre os fatores abióticos foram verificados: o pH e temperatura da água, com o uso de PHâmetro digital WTW (pH 330i-7); comprimento, largura e profundidade do trecho estudado através de trena (m); velocidade (m/s) e vazão (m3/s), tomadas pelo método indireto, com auxílio de cronômetro e bola de isopor. A pluviometria foi fornecida pala Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). Ao final, os imaturos de Simuliidae e a fauna associada eram transportados ao laboratório de Entomologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para triagem e identificação. Figura 04: Coleta manual de Simuliidae no rio Pium/RN. 23 Figura 05: Coleta da fauna entomológica associada à Simuliidae no rio Pium/RN. 3.3 - Trabalho em laboratório Nesta etapa, cada amostra coletada foi triada individualmente em bandejas plásticas, com uso de pinças, pipeta de Pasteus, e fonte iluminação sob a bandeja (Fig. 06). As amostras do substrato vegetal foram analisadas em sua totalidade (Fig. 07). Logo após a triagem, os espécimes retirados desse substrato, foram devidamente identificados e quantificados, e em seguida acondicionados em tubos plásticos contendo álcool 70%, e etiquetados com informações da data de coleta, Ordem e Família (Fluxograma 3). As amostras do sedimento, antes da triagem, foram submetidas a um conjunto de peneiras com abertura de malha 2mm e 0,25mm. Depois de ser feito o fracionamento das amostras, o material retido na peneira com abertura de malha 2mm, foi totalmente triado em bandeja plástica; enquanto que do material retido na peneira com abertura de malha 24 0,25mm, foi padronizada uma sub-amostra de 10g, como sugerido por Bicudo e Bicudo (2004), para posterior análise microscópica (lupa) (Fluxograma 4). Terminada a triagem das amostras dos substratos vegetais e do sedimento, os espécimes foram identificados ao nível de Família, também sob microscopia óptica, utilizando-se chaves dicotômicas de identificação de McCafferty, (1981) e Pescador et al., (1995). Acondicionamento em bandejas plásticas Retirada dos espécimes (pinça e pipeta de Pasteus) Identificação (Ordem e Família) e quantificação Acondicionamento em tubos c/ álcool 70% e etiquetagem. FLUXOGRAMA 3: Triagem do substrato vegetal. 25 Fracionamento da amostra (conj. de peneiras abertura 2mm e 0,25mm) Amostra da peneira abertura 2mm Amostra da peneira abertura 0,25mm Acondicionamento em bandejas Sub-amostra de 10g Retirada dos organismos, identificação e quantificação Retirada dos organismos sob microscopia óptica, ident. e quant. Acondicionamento em tubos c/ álcool 70% e etiquetagem. FLUXOGRAMA 4: Triagem do sedimento. Após a identificação dos insetos coletados, foi feita a quantificação com auxílio de lupa (microscópio estereoscópio). Em seguida, foram novamente acondicionados em tubos plástico contendo álcool 70% e etiquetados com informações da data de coleta das famílias as quais pertenciam os espécimes. Posteriormente foram enviados ao Laboratório de Etnoepidemiologia do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, para confirmação da identificação das famílias. Para realizar a análise do conteúdo estomacal dos organismos, foram escolhidas duas ordens bastante representativa neste trabalho, e que são considerados predadores de 26 imaturos de simulídeos, entre elas: Odonata (Libelullidae) e Trichoptera (Hydropsychidae) (Peterson, 1960; Burton e McRae, 1972; Gorayeb e Pinger, 1978). A retirada do conteúdo estomacal dos espécimes foi realizada em microscópio estereoscópico, com uso de pinças e estiletes. Após a retirada, o conteúdo foi analisado, e baseando-se em estruturas fortemente quitinizadas, observou-se a presença de simulídeos. Logo depois, o conteúdo foi acondicionado em recipientes plásticos contendo álcool 70%, devidamente etiquetados (Fluxograma 5). Libellulidae Hidropsychidae 50 espécimes 50 espécimes Retirada do conteúdo estomacal sob microscopia óptica. Análise da presença de simulídeos baseado em estruturas quitinizadas. Acondicionamento em tubos c/ álcool 70%. FLUXOGRAMA 5: Análise do conteúdo estomacal. 27 Figura 06: Triagem da entomofauna associada à Simulliidae, coletados no rio Pium/RN. Figura 07: Amostra do substrato vegetal coletado no rio Pium/RN. 28 3.4. Nomenclatura A nomenclatura utilizada para as espécies de simulídeos, encontra-se de acordo com a classificação de Py-Daniel e Moreira Sampaio (1994, 1995), os quais elevaram a categoria de sub-gênero para gênero. Deste modo, para efeito mais didático da leitura são utilizados no texto apenas os novos termos sistemáticos. Na tabela 1 é apresentada uma relação das espécies renomeadas e citadas neste trabalho. Tabela 1. Nomenclatura dos simulídeos Nomenclatura utilizada neste trabalho Nomenclatura anterior Cerqueirellum cuneata (Enderlein, 1936) Simulium (Cerqueirellum) cuneatum Chirostilbia pertinax (Kollar, 1832) Simulium (Chirostilbia ) pertinax Edwardsellum damnosa ( Theobald, 1903) Simulium (Edwardsellum) damnosum Hemicnetha brachyclada (Lutz e Pinto, Simulium (Hemicnetha) brachycladum 1932) Inaequalium inaequale (Peterson e Simulium (Inaequalium) inaequale Shannon, 1927) Psaroniocompsa bonaerense (Coscarón y Simulium (Psaroniocompsa) bonaerense Wigodzinsky, 1960) Psaronicompsa incrustata (Lutz, 1910) Simulium (Psaroniocompsa) incrustatum Psilopelmia fulvinota (Cerq. e Mello, 1968) Simulium (Psilopelmia) fulvinotum Thyrsopelma orbitale (Lutz, 1910) Simulium (Thyrsopelma) orbitale 29 4- RESULTADOS 30 Artigo 1 Abundância das formas imaturas de Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) e caracterização do seu criadouro natural, no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte. FRANCILENE M. S. RODRIGUES & HERBET T. A. ANDRADE Artigo a ser submetido para publicação na Revista Brasileira de Entomologia ISSN: 0085-5626 Revista de QUALIS A (CAPES / MEC) (Atende aos objetivos 1 e 2) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 2006 31 Abundância das formas imaturas de Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) e caracterização do seu criadouro natural, no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte. Francilene Miranda dos Santos Rodrigues1 & Herbet Tadeu de Almeida Andrade2 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Oceanografia e limnologia, Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática. Praia de mãe Luiza, s/n, Natal/RN, CEP: 59020-000 [email protected] 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Av. Salgado Filho 3000, Campus Universitário, CEP: 59970-000, Natal RN, Brasil [email protected] ________________________________________________________________________________ ABSTRACT. The abundance of the immature of Psaroniocompsa Incrustata, Lutz, 1910 (Diptera Simuliidae) and the characterization of the natural breending ground in the Pium river, Rio Grande do Norte state. This study was made in the Pium river that is part of the hydrographical basin of the Pirangi river in Rio Grande do Norte. The immature Simuliidae were collected in a monthly vegetal substrate, totalizing eight samplings, including the rainy and drought seasons. The environment variants were: water temperature, water ph, length, wideness, deepness, velocity, discharge and pluviose. The immature collected resulted in 7.713 samples, all from the species P. Incrustata with 6.280 larvae and 1.433 pupas, the biggest abundance was found in the drought season. According to the correlation analysis of Spearman, it was observed a positive correlation between the quantity of larva and the flow-rate, and a negative correlation both in the quantity of larva and the quantity 32 of pupa, with the pluviose. This information can be used as data to future integrated controlled programmes. KEYWORDS. Simuliidae; Nordeste; Pium river; Diptera. RESUMO. Abundância das formas imaturas de Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) e caracterização do seu criadouro natural, no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte. Este estudo foi realizado no rio Pium, pertencente a Bacia Hidrográfica do rio Pirangi, no Rio Grande do Norte. Os imaturos de Simuliidae foram coletas em substrato vegetal mensalmente, totalizando oito amostragens, abrangendo estações de chuvas e seca. Foram tomadas as variáveis ambientais: temperatura da água, pH da água, comprimento, largura, profundidade, velocidade, vazão e pluviosidade. A coleta dos imaturos resultou em 7.713 exemplares, todos da espécie P. incrustata, sendo 6.280 larvas e 1433 pupas, e a maior abundância verificada na estação de seca. De acordo com a Análise de Correlação de Spearman, observou-se correlação positiva entre as o número de larvas e a correnteza, e correlação negativa tanto do número de larvas quanto do número de pupas, com a pluviosidade. Estas informações podem ser usadas como subsídios para futuros programas de controle integrado. PALAVRAS-CHAVE. Simuliidae; Nordeste; rio Pium; Diptera. _________________________________________________________________________ Variações na abundância dos Simulídeos é um aspecto de grande relevância na dinâmica de transmissão e na epidemiologia geral, de qualquer enfermidade em que estes 33 insetos estejam envolvidos, considerando que a sua densidade populacional é diretamente proporcional à transmissão de doenças, sendo as fêmeas hematófagas e vetoras em potencial de vírus, bactérias, protozoárias e helmintos (Ortega e Oliver, 1985; Hamada, 1993). Além de sua associação às doenças, são insetos incômodos e insistentes em seus ataques, podendo causar sérios problemas alérgicos, através de suas picadas, ao homem e outros animais (Gaona & Andrade, 1999). A espécie Psaroniocompsa incrustata, apresenta ampla distribuição pelo Brasil, ocorrendo nas áreas do Escudo das Guianas, nas áreas do Escudo do Brasil Central e em toda região litorânea do Nordeste até o Rio grande do Sul (Coscarón & Wygodzinsky, 1984). Na região Norte do Brasil, está associada à transmissão de duas filarias: a Onchocerca volvulus e Mansonela ozzardi, responsáveis respectivamente pela oncocercose e mansonelose (Cerqueira, 1959; Andreazze e Py-Daniel, 1999; Medeiros e Py-Daniel, 1999). A distribuição e riqueza das espécies nos ambientes limnéticos, são influenciadas por diferentes fatores ambientais entre os quais a natureza do substrato, a velocidade da água, a cobertura vegetal, a presença ou ausência de represamento da água e o tamanho do corpo d’água são os mais relevantes (Pepinelli et al., 2005). O presente estudo objetivou conhecer a abundância das formas imaturas da espécie P. incrustata no rio Pium e caracterizar físico-quimicamente seu criadouro natural. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido no rio Pium, que está localizado no Litoral Sul do Estado do Rio Grande do Norte, entre as coordenadas geográficas 05º 59’ e 06º 02’ de Lat. S e 35º 34 17’ de Log. W. Pertence a bacia Hidrográfica do rio Pirangi possui aproximadamente 17Km de extensão. As coletas foram realizadas em um trecho do rio Pium (05º58’54” S e 35º11’47” W), município de Nísia Floresta/RN, de abril à julho/2005 (período de chuvas) e outubro à dezembro/2005 e janeiro/2006 (período de seca). Os imaturos de Simuliidae foram coletados em substrato vegetal, localizado nas margens e leito central do rio. Posteriormente foram pesados 60g desse substrato fresco, fixado em álcool 70% e encaminhado ao laboratório de entomologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para triagem, identificação e quantificação. Foram medidas as seguintes variáveis ambientais: temperatura da água, pH da água, comprimento, largura, profundidade, velocidade e vazão. A pluviometria foi fornecida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte - EMPARN. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletados 7.713 imaturos de P. incrustata, sendo 6.280 (81,4%) larvas e 1433 (18,6) pupas (Tabela I). A maior abundância dos imaturos durante a estação de chuvas foi observada no mês de julho, sendo coletados 687 (53%) larvas e 164 (33%) pupas. Durante a estação de seca, os simulídeos foram mais abundantes no mês de dezembro, onde 1642 (33%) foram larvas e 282 (30,2%) pupas, percentuais referentes ao total de cada período. De acordo com a Análise de Correlação de Spearman (Tabela II), observou-se correlação positiva entre o número de larvas coletadas e a correnteza, e correlação negativa 35 tanto do número de larvas coletadas quanto do número de pupas com a pluviosidade. As demais variáveis ambientais não apresentaram correlação significativa. Considerando a correlação de Spearman e a dinâmica sazonal dos imaturos, observou-se que a pluviosidade foi a grande influenciadora da menor abundância dos imaturos, uma vez que condicionou alterações dos fatores profundidade, largura e vazão. Além destes, pode ter ocasionado o deslocamento do substrato vegetal, diminuindo os sítios de colonização, bem como provocado a migração dos imaturos para outras manchas de substratos afastados do local estudado. Segundo Lewis & Bennett (1975); Hamada (1993); Strieder et al. (2006), o tipo de substrato e a sua disponibilidade para a fixação das formas imaturas (ovos, larvas, pupas), a velocidade da água e a correnteza, são as variáveis ambientais que afetam significativamente tanto a distribuição, quanto a migração das formas imaturas de simulídeos. Andrade (2001), analisando a dinâmica sazonal de imaturos de Hemicnetha brachyclada, na região semi-árida do Nordeste Brasileiro, verificou que a velocidade superficial da água e a vazão foram as variáveis ambientais que melhor explicaram a dinâmica sazonal dessa espécie. Araújo-Coutinho et al. (1997), relacionaram fatores físicos e químicos com a abundância das larvas de Chirostilbia pertinax Kollar, e constataram que a velocidade da correnteza, a profundidade do substrato e a poluição foram as variáveis que mais influenciaram. Considerando o aspecto de larvas e pupas, verificou-se que o número de larvas foi muito superior ao de pupas, o que condiz com o ciclo de vida dos simulídeos, no qual o 36 período larval apresenta duração consideravelmente maior que o período pupal. Andrade (2001), também afirmou este dado considerando que esse estágio é mantenedor da espécie. A caracterização geral do criadouro é apresentada na tabela III. De modo geral, o pH da água apresentou uma leve variação durante o estudo, caracterizando as águas do rio Pium, no trecho estudado, como levemente ácidas. Já a temperatura, apresentou uma variação mais acentuada +/- 5,6º C, sendo importante considerar, uma vez que este fator pode afetar o desenvolvimento dos organismos. Para a correnteza e vazão, foram registradas oscilações semelhantes à da pluviosidade, principalmente no período de chuvas. Medeiros et al. (1999), ao realizarem um estudo sobre a preferência larval de P. incrustata por diferentes cores de substratos artificiais neste mesmo local, obtiveram dados abióticos semelhantes, principalmente os valores da largura, pH e temperatura da água. Isso mostra que as condições abióticas nesse ambiente não sofreram grandes alterações, nos últimos sete anos. Então, podemos afirmar que as formas imaturas de P. incrutata se fazem presentes no rio Pium, durante as duas estações do ano, sendo a sua maior abundância na estação de seca. É importante salientar, a necessidade de estudos complementares nesse ambiente, já que o mesmo é considerado cenário de recreação tanto para os moradores do local quanto para visitantes, buscando subsídios para futuros programas de controle integrado. AGRADECIMENTOS. Ao Sr. Haroldo, proprietário do sítio Aconchego, por permitir que este trabalho fosse desenvolvido em sua propriedade, e a CAPES pela bolsa concedida durante a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS ANDRADE, H.T.A., 2001. Dinâmica sazonal de imaturos de Hemicnetha brachyclada (Lutz & Pinto, 1932) (Diptera, Simuliidae) em um criadouro permanente na região 37 Semi-Àrida do Nordeste Brasileiro. Tese (Doutorado), Universidade Federal de São Carlos. ANDREAZZE, R. PY-DANIEL, V. 1999. Atividade Hematofágica mensal e infecção natural de Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (Diptera, Culicomorpha, Simuliidae) vetor de Onchocerca vulvulus (Leuckart, 1983) em Xitei Xidea, área indígena yanomami, Roraima, Brasil. 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Atividade hematofágica e infecção natural de três espécies de simuliidae (Diptera: Culicomorpha) em Xitei/Xidea, área indígena yanomami, Roraima, Brasil. Entomologia y Vectores, Rio de Janeiro, 6(3):210-226p. ORTEGA, M. & OLIVER, M. C., 1985. Entomologia de la oncocercosis em el Soconusco, Chiapas. II. Estúdios sobre dinâmica de poblacion de las tres especies de Simulidos considerados transmisores de oncocercosis en el foco sur de Chiapas. Folia Entomológica Mexicana, Nº 66: 119-136. PEPINELLI, M., STRIXINO, S.T., HAMADA, N., 2005. Imaturos de Simulidae (Diptera, Nematocera) e caracterização de seus criadouros no Parque Estadual Intervales, SP, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia 49(4): 527-530p. STRIEDER, M.N., J.E. dos Santos & Vieira, E.M. 2006. Distribuição, abundância e diversidade de Simuliidae (Diptera) em uma bacia hidrográfica impactada no Sul do Brasil. Revista Brasileira de Entomologia 50(1): 119-124. 39 Tabela I: Número total mensal de imaturos de P.incrustata, coletado em substrato vegetal, no rio Pium-RN, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006 MESES CHUVA Abril Maio Junho Julho Sub-Total SECA Outubro Novembro Dezembro Janeiro Sub-Total TOTAL LARVAS % PUPAS % 198 228 182 687 1295 15,3 17,6 14,1 53 72,3 119 112 103 164 498 23,9 22,5 20,6 33 27,3 533 1049 1642 1761 4985 6280 10,7 21 33 35,3 84,2 81,4 35 480 282 138 935 1433 3,7 51,3 30,2 14,8 15,8 18,6 Tabela II: Correlação de Spearman FATORES ABIÓTICOS pH Temperatura Profundidade Largura Correnteza Vazão Pluviosidade LARVAS 0,417 0,108 0,060 -0,193 0,577 0,000 -0,810 PUPAS -0,295 0,024 -0,108 -0,241 0,454 -0,095 -0,619 40 Tabela III: Caracterização abiótica do criadouro natural de P. incrustata no rio Pium, Rio Grande do Norte. Meses pH T. água Prof. Larg. Corr. Vaz. Pluv. ºC m m m/s m3/s mm 5,3 29,9 0,42 6,26 0,394 1,037 111,7 Abr 5,6 28,6 0,58 6,3 0,416 1,522 431 Mai 5,5 24,8 0,76 6,74 0,468 2,401 617,8 Jun 5,4 24,3 0,7 6,4 0,441 1,976 112,8 Jul 5,9 28,3 0,7 6,5 0,468 2,132 43,3 Out 5,3 27,7 0,6 6,4 0,5 1,92 3,6 Nov 5,9 28,9 0,73 6,35 0,5 2,317 13,2 Dez 5,9 28,6 0,63 6,3 0,468 1,86 11,1 Jan T.água = Temperatura da água; Prof.= Profundidade do rio; Larg.= Largura do rio; Corr.= Correnteza; Vaz.= Vazão; Pluv.= Pluviosidade. 41 Artigo 2 Sobre a predação da entomofauna associada Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) em um criadouro natural no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte. FRANCILENE M. S. RODRIGUES & HERBET T. A. ANDRADE Artigo a ser submetido para publicação na Revista Brasileira de Entomologia ISSN: 0085-5626 Revista de QUALIS A (CAPES / MEC) (Atende aos objetivos 3 e 4) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 2006 42 Sobre a predação da entomofauna associada Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) em um criadouro natural no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte. Francilene Miranda dos Santos Rodrigues1 & Herbet Tadeu de Almeida Andrade2 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Oceanografia e limnologia, Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática. Praia de mãe Luiza, s/n, Natal/RN, CEP: 59020-000 [email protected] 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Av. Salgado Filho 3000, Campus Universitário, CEP: 59970-000, Natal RN, Brasil [email protected] _________________________________________________________________________ ABSTRACT. About the predation of the entomologic fauna associated Psaroniocompsa Incrustata, Lutz, 1910 (Diptera Simuliidae) in the natural breending ground of Pium river in Rio Grande do Norte state. This study was made in the Pium river that is part of the hydrographical basin of the Pirangi river in Rio Grande do Norte. The immature of Simuliidae were collected manually. At the beginning, it was observed the presence of the immature in the substrate to do the collect afterwards. It was also made one analysis of the stomach content of possible enemies of the simulídeos, to observe the predation of the associated fauna. It was collected 7.713 samples, all from de species P. Incrustata, it was observed a bigger abundance in the drought season, and the entomologic fauna associated totalizing 20.1314 species, distributed in the kinds: Diptera, Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera, e Hemiptera, with a bigger representativity of Dipteros. The analysis of the stomach content of the species from the families Libellulidae and Hydropsychidae showed 43 the presence of the simulídeos in only 4% of the material analysed, therefore it was not confirmed the presence of one efficient biological control of the simulídeos in this breending ground. KEYWORDS. Nordeste; associated fauna; Simuliidae; predation. RESUMO. Sobre a predação da entomofauna associada Psaroniocompsa incrustata, Lutz, 1910 (Diptera: Simuliidae) em um criadouro natural no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte. Este estudo foi realizado no rio Pium, pertencente a Bacia Hidrográfica do rio Pirangi, no Rio Grande do Norte. Os imaturos de Simuliidae foram coletados manualmente. A princípio observava-se a presença dos imaturos nos substratos, para posteriormente efetuar a coleta. Nesse mesmo local, foi realizada a amostragem da fauna associada utilizando-se coletor do tipo Surber. Para observar a predação da fauna associada, foi realizada a análise do conteúdo estomacal de possíveis inimigos naturais dos simulídeos. A coleta dos imaturos resultou em 7.713 exemplares, todos da espécie P. incrustata, e a entomofauna associada, totalizou 20.314 espécimes, distribuídos nas Ordens: Diptera, Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera e Hemiptera. A análise do conteúdo estomacal dos espécimes das famílias Libellulidae e Hydropsychidae revelou a presença de simulídeos em apenas 4% do material examinado, não sendo possível constatar a realização de um eficiente controle biológico por parte destes, sobre os simulídeos, nesse criadouro. PALAVRAS-CHAVE. Nordeste; fauna associada, Simuliidae; Predação _________________________________________________________________________ 44 Os simulídeos são dípteros importantes, pois além de serem considerados insetos incômodos por sua insistência em atacar o homem e outros animais, são transmissores de doenças (Gorayeb e Pinger, 1978; Hamada, 1993). Na região Amazônica do Brasil, algumas espécies, entre elas a Psaroniocompsa incrustata Lutz, 1910, estão associadas à transmissão de duas filarias Onchocerca volvulus e Mansonela ozzardi, responsáveis respectivamente pela oncocercose e mansonelose (Cerqueira, 1959; Andreazze e Py-Daniel, 1999; Medeiros e Py-Daniel, 1999). As formas imaturas dos simulídeos fazem parte da comunidade de insetos dos ecossistemas lóticos, estando presente com freqüência em elevadas densidades numéricas. Nesses ambientes, co-habitando com diversos organismos, são vítimas de vários predadores e organismos parasitas (Peterson, 1960; Pepinelli et al., 2005). Andrade & Py-Daniel (2000), descreveram, como membros da fauna associada aos simulídeos, as Ordens: Trichoptera, Coleoptera, Ephemeroptera, Odonata, Hemiptera e Lepidoptera, destacando a predação de organismos da família Agrionidae (Odonata) à P. incrustata. A predação pode ser uma forte influência na estrutura das comunidades, afetando a reprodução, alimentação, adaptação a fatores abióticos e a defesa, o que, segundo Peckarsky (1984) e Alencar et al. (1999), são os quatro requisitos básicos para a sobrevivência e perpetuação de determinado animal. O presente estudo se propôs a caracterizar a entomofauna associada à espécie P. incrustata em um criadouro natural no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte, identificando entre os organismos dessa fauna, possíveis predadores naturais. 45 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido no rio Pium, que está localizado no Litoral Sul do Estado do Rio Grande do Norte, entre as coordenadas geográficas 05º 59’ e 06º 02’ de Lat. S e 35º 17’ de Log. W. Pertence à bacia Hidrográfica do rio Pirangi e possui aproximadamente 17Km de extensão. As coletas foram realizadas em um trecho do rio Pium (05º58’54” S e 35º11’47” W), município de Nísia Floresta/RN, de abril à julho/2005 (período de chuvas) e outubro à dezembro/2005 e janeiro/2006 (período de seca). Os imaturos de Simuliidae foram coletados em substrato vegetal, localizado nas margens e leito central do rio. Nesse mesmo local, foi realizada a amostragem da fauna associada utilizando-se um coletor do tipo Surber com abertura de malha 250µm, conforme metodologia de Bicudo & Bicudo (2004); Pepinelli et al (2005) para rios rasos e arenosos. O material coletado foi fixado em álcool 70% e encaminhado ao laboratório de entomologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para triagem, identificação e quantificação dos espécimes coletados. Para realizar a análise do conteúdo estomacal, foram escolhidos duas ordens bastante representativas neste trabalho, e que são considerados predadores de imaturos de simulídeos, entre elas: Odonata (Libelullidae) e Trichoptera (Hydropsychidae) (Peterson, 1960), (Burton & McRae, 1972), (Gorayeb & Pinger, 1978). 46 RESULTADOS E DISCUSSÃO No criadouro natural do rio Pium, foi quantificado 7.713 imaturos de P. incrustata, sendo 6.280 larvas e 1.433 pupas (Tabela I). A entomofauna associada à P. incrustata, coletada nas amostra da vegetação e do sedimento, totalizaram 20.314 espécimes, classificados nas Ordens: Diptera, Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera e Hemiptera (Tabela II). Os dípteros foram os mais representativos sobre as outras Ordens com 9567 (47,1%) especímes, sendo identificados membros das famílias Ceratopogonidae (0,06%), Chironomidae (99,6), e Empididae (0,33%). Na Ordem Ephemeroptera identificados 1811 (8,9%) especímes, dentre estes os Baetidae (76%) foram mais abundantes do que Leptophlebiidae (24%). Dentre a Ordem Odonata, foram identificados membros das Famílias Calopterygidae (7,8%), Coenagrionidae (21,3%), Corduliidae (1,4%), Gomphidae (21,3%), Protoneuridae (10,6%) e Libellulidae (37,5%), sendo os libelulídeos os mais expressivos. Na Ordem Trichoptera foram identificados 8774 (43,2%) organismos dos quais a família Hydropsychidae (98,3%), teve a maior representatividade; já a Ordem Hemiptera com 21 (0,2%) organismos, teve a menor abundância, sendo representada pelas famílias Belostomatidae (19%), Veliidae (14,3%) e Naucoridae (66,6%). No rio Marumbi-PR, Dellome Filho (1992), estudou os Simulídeos e sua fauna associada, que segundo o autor, foi representada por: Trichoptera, Plecoptera, Diptera, Ephemeroptera, Neuroptera, Coleoptera, Odonata, lepidoptera e acarina, constatando também maior abundâcia das famílias Chironomidae e Hydropsychidae. A análise do conteúdo estomacal dos espécimes das famílias Libellulidae e Hydropsychidae revelou a presença de simulídeos em 4% do material examinado. 47 Porcentagem observada apenas no conteúdo de Libellulidae, não sendo observado, portanto, nenhum percentual no conteúdo de Hydropsychidae. Burton & McRae (1972), em estudos sobre a predação de Trichoptera à imaturos de Simuliidae, observaram, através da análise de conteúdo estomacal de larvas de Hydropsyche, que 10% deste conteúdo era composto por larvas de Edwardsellum damnosa. Gorayeb & Pinger (1978), em estudos ecológicos realizados em criadouros naturais nas imediações da cidade de Manaus/AM, incriminaram pela primeira vez como predadores naturais do Psilopelmia fulvinota, as larvas de espécies do gênero Macronema (Hydropsychidae) e náiades de Libellulidae (Odonata), entre outros como Pyralidae e Nymphulinae (Lepidoptera), Perlidae (Plecoptera) e Corydalidae (Nauroptera). Alencar et al (1999), em estudos desenvolvidos em dois igarapés da reserva Florestal Adolpho Ducke (Sabiá-I) em Manaus/AM, realizaram a análise do conteúdo estomacal de organismos considerados predadores de Simuliidae, e obtiveram as seguintes proporções: Plecoptera (12,4%), Odonata (2,2%). Andrade & Py-Daniel (2000), observaram insetos da Família Agrionidae (Hetaerina sp) predando P. incrustata, em estudos sobre a fauna associada a Simuliidae, em três bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte. Considerando os critérios de Dutt & DeBach (1984), para a classificação de organismos como inimigos naturais (A. Alta capacidade de busca; B. Alta especificidade com a presa; C. Alto potencial reprodutivo; e D. Capacidade de ocupar todos os nichos ocupados pela presa e ter boa sobrevivência), não condiz enquadrar os insetos da família Libellulidae e Hydropsychidae, como inimigos naturais efetivos dos simulídeos, uma vez que não foi possível constatar a realização de um eficiente controle biológico por parte destes, nesse criadouro. 48 No entanto, consideramos ser de grande importância a realização de novos estudos com esse enfoque, em virtude da importância médico – sócio – econômica dos simulídeos, em particular no rio Pium, já que o mesmo é considerado cenário de recreação tanto para os moradores do local quanto para visitantes, buscando subsídios para futuros programas de controle integrado. AGRADECIMENTOS. Ao Sr. Haroldo, proprietário do sítio Aconchego, por permitir que este trabalho fosse desenvolvido em sua propriedade, e a CAPES pela bolsa concedida durante a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS Andrade, H.T.A. & Py-daniel, V., 2000. A fauna associada a Simulidae (Diptera: Culicomorpha) em três bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte. Revta Ecol. Aqua Tropi., 10, 71-76. Andreazze, R. Py-Daniel, V. 1999. Atividade Hematofágica mensal e infecção natural de Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (Diptera, Culicomorpha, Simuliidae) vetor de Onchocerca vulvulus (Leuckart, 1983) em Xitei Xidea, área indígena yanomami, Roraima, Brasil. Entomologia y Vectores, 6(4): 415 – 440. Alencar, Y.B., Hamada, N. & Margni-Darwich, S. 1999. Stomach content analysis of potential predators of Simuliidae (Diptera: Nematocera) in tho Lowland Forest Streams, Central Amazonia, Brazil. An. Soc. Entomol. Brasil 28(2): 327-332. Bicudo, C.E.M., Bicudo, D.de C. Amostragem em Limnologia. São Carlos/SP, RiMa, 2004. 371p. Burton, G.J. & McRae, T.M., 1972. Observations on trichopteran predators of aquatic stages of Simulium damnosum and other Simulium species in Ghana. J. Med. Ent. Vol. 9, nº 4: 289-294. 49 CERQUEIRA, N.L.1959. Sobre a transmissão da Mansonella ozzardi da 1º e 2º notas (trabalho do INPA). Jornal Brasileiro de Medicina I (7): 885-914. Dutt, R.L. & Debach, P. 1984. Some biological control concepts and questions. In P. Debach (org.) Biological control of insects pests & weeds. Londres, Chapman and Hall, 118-142. Gorayeb, I.S., Pinger, R.R., 1978. Determinação de predadores naturais das larvas de Simulium fulvinotum Cerq. & Mello, 1968 (Diptera, Nematocera). Acta Amazônica 8(4): 629-637. Hamada, N. 1993. Estudos bioecológicos sobre piuns (Diptera: Simuliidae) como base para o controle de Oncocercose e Mansonelose na Amazônia Brasileira. Bases Científicas para Estratégias de Preservação e Desenvolvimento da Amazônia. Vol.2. 135140p. Medeiros, J.F., Py-daniel, V., 1999. Atividade hematofágica e infecção natural de três espécies de Simuliidae (Diptera: Culicomorpha) em Xitei/Xidea, área indígena yanomami, Roraima, Brasil. Entomologia y Vectores, Rio de Janeiro, 6(3):210-226. Peckarsky, B.L. 1984. Predator-prey interactions among aquatic insects, p. 196-254. In V.H. V.H. Resh & D.M. Rosenberg, (eds.). The Ecology of Aquatic Insects.625p. Pepinelli, M., Strixino, S.T., Hamada, N., 2005. Imaturos de Simulidae (Diptera, Nematocera) e caracterização de seus criadouros no Parque Estadual Intervales, SP, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia 49(4): 527-530p. Peterson, B.V., 1960. Notes on some natural enemies of utah black flies (Diptera: Simuliidae). The Canadian Entomologist, april, pp 266-274. 50 Tabela I: Número total de imaturos de P.incrustata, coletado em substrato vegetal, no rio Pium-RN, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006. MESES CHUVA Abril Maio Junho Julho Sub-Total SECA Outubro Novembro Dezembro Janeiro Sub-Total TOTAL LARVAS % PUPAS % 198 228 182 687 1295 15,3 17,6 14,1 53 72,3 119 112 103 164 498 23,9 22,5 20,6 33 27,3 533 1049 1642 1761 4985 6280 10,7 21 33 35,3 84,2 81,4 35 480 282 138 935 1433 3,7 51,3 30,2 14,8 15,8 18,6 51 Tabela II: Números totais da fauna associada à P. incrustata, coletada na vegetação e sedimento, no rio Pium, Rio Grande do Norte, durante o período de abril à julho de 2005 e outubro/05 à janeiro de 2006. ORDENS E FAMÍLIAS DIPTERA Ceratopogonidae Chironomidae Empididae EPHEMEROPTERA Baetidae Leptophlebiidae ODONATA Calopterygidae Coenagrionidae Corduliidae Gomphidae Protoneuridae Libellulidae TRICHOPTERA Hydropsychidae Hydroptilidae Leptoceridae Odontoceridae HEMIPTERA Belostomatidae Veliidae Naucoridae TOTAL Abr Mai Jun VEGETAÇÃO Jul Out Nov Dez Jan SEDIMENTO Abr Mai Jun Jul Out Nov Dez Jan TOTAL 1 1 771 333 0 0 1 454 2 1 820 10 0 1676 0 0 2899 7 0 1397 3 0 831 2 0 8 3 1 32 1 0 8 0 0 62 1 0 4 0 0 20 0 24 27 27 11 141 73 60 42 52 46 127 38 182 64 747 87 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 6 6 1 14 33 1381 430 0 1 0 2 0 3 3 0 0 0 0 14 2 2 0 0 0 10 1 3 1 0 0 0 0 1 0 1 0 4 0 23 0 2 15 7 2 0 0 7 0 5 3 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 9 0 0 11 30 2 30 15 53 336 325 1027 2 0 0 10 2 10 0 1 0 1282 1 12 1 1142 0 26 0 1531 1 26 0 1560 0 12 0 1253 1 37 0 1 0 0 0 2 0 0 0 4 0 0 0 100 0 0 0 2 0 1 0 7 0 4 0 48 0 2 0 3 0 2 0 8623 5 144 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1177 719 1722 0 0 0 2233 1 2 2 0 4 4682 0 0 0 3232 1 1 10 2980 0 0 0 12 0 0 0 38 0 0 0 0 0 0 12 164 0 0 0 7 0 0 0 46 0 0 0 0 0 0 253 86 4 3 14 20314 2951 0 0 193 25 0 0 5 9533 29 52 5- DISCUSSÃO GERAL 53 Analisando a variação sazonal dos imaturos de P. incrustata, foi verificado que o número de organismos coletados no período de chuva foi três vezes menor que a quantidade coletada no período de seca. Desse modo, considerando a correlação negativa da pluviosidade com o número de larvas e pupas, entende-se que esta variável foi bastante significativa na abundância dos imaturos, uma vez que condicionou alterações dos fatores profundidade, largura e vazão. Além destes, pode ter ocasionado o deslocamento do substrato vegetal, diminuindo os sítios de colonização, bem como provocado a migração dos imaturos para outras manchas de substratos afastados do local estudado. Segundo Lewis e Bennett (1975); Hamada (1993); Strieder et al. (2006), o tipo de substrato e a sua disponibilidade para a fixação das formas imaturas (ovos, larvas, pupas), a velocidade da água e a correnteza, são as variáveis ambientais que afetam significativamente tanto a distribuição, quanto a migração das formas imaturas de simulídeos. Andrade (2001), analisando a dinâmica sazonal de imaturos de Hemicnetha brachyclada, na região Semi-Árida do Nordeste Brasileiro, verificou que a velocidade superficial da água e a vazão foram as variáveis ambientais que melhor explicaram a dinâmica numérica dessa espécie. Sobre o aspecto de larvas e pupas, verificou-se que o número de larvas foi muito superior ao de pupas, o que condiz com o ciclo de vida dos simulídeos, no qual o período larval apresenta duração consideravelmente maior que o período pupal. Andrade (2001), também afirmou este dado considerando que esse estágio é mantenedor da espécie. Considerando a entomofauma associada a P. incrustata no rio Pium, verificou-se que a mesma esteve representada pelas Ordens: Diptera, Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera, e 54 Hemiptera, sendo esta a menos representativa. Por outro lado, as famílias Chironomidae e Hydropsychidae apresentaram a maior abundância entre os organismos coletados. No rio Marumbi-PR, Dellome Filho (1992), estudou a Simuliofauna presente em substratos naturais e artificiais, e sua fauna associada. Segundo o autor, a fauna de artrópodes associada aos Simulídeos foi representada por: Trichoptera, Plecoptera, Diptera, Ephemeroptera, Neuroptera, Coleoptera, Odonata, lepidoptera e acarina, com maior abundâcia das famílias Chironomidae e Hydropsychidae. Analisado a variação sazonal da freqüência das Ordens amostradas, foi verificado uma maior ocorrência de organismos no período seco, sendo a mesma freqüência também observada por Kikuchi & Uieda (1998). Contudo, alguns grupos sobressaíram-se tanto no período seco como no chuvoso: Chironomidae, Hydropsychidae e Baetidae. Quanto a predação da entomofauna associada, a análise do conteúdo estomacal dos organismos da família Libellulidae revelou a presença de larvas de P. incrustata em 4% desse conteúdo. Por outro lado, o conteúdo estomacal dos indivíduos da família Hydropsychidae não apresentou Simulídeos na sua composição. Segundo Dutt e DeBach (1984), para ser considerado inimigo natural efetivo, é necessário apresentar as seguintes características: A. Alta capacidade de busca (capacidade de encontrar a presa mesmo quando ela é escassa); B. Alta especificidade com a presa (atacar preferencialmente a espécie alvo); C. Alto potencial reprodutivo (reproduzir-se mais que a presa); e D. Capacidade de ocupar todos os nichos ocupados pela presa e ter boa sobrevivência (deve apresentar boa sincronização com a presa e alta adaptabilidade para uma larga variação de condições ecoclimáticas). Assim, comparando-se estes critérios com o resultado obtido neste trabalho, entende-se que o baixo percentual de simulídeos encontrado no conteúdo estomacal dos organismos 55 analisados dá a indicação de que as espécies analisadas não apresentam alta capacidade de busca pela presa. Alem disso, variedade de componentes observada no conteúdo estomacal, mostra não haver especificidade com a presa, uma vez que o desejado seria encontrar apenas larvas e pupas de simulídeos. Por outro lado, os pré-requisitos C e D, apesar de não terem sido testados, apresentaram indícios positivos, já que tanto os Libellulídeos quanto os Hydropsychídeos estiveram presentes em todas as coletas dos simulídeos durante o estudo. Gorayeb & Pinger (1978), em estudos ecológicos realizados em criadouros naturais nas imediações da cidade de Manaus-AM, incriminaram pela primeira vez como predadores naturais do Simulium fulvinotum, as larvas de espécies do gênero Macronema (Hydropsychidae) e náiades de Libellulidae (Odonata), entre outros como Pyralidae e Nymphulinae (Lepidoptera), Perlidae (Plecoptera) e Corydalidae (Nauroptera). Alencar et al (1999), ao realizarem a análise do conteúdo estomacal de organismos considerados predadores de Simuliidae obteve as seguintes proporções: Plecoptera (12,4%), Odonata (2,2%). Andrade e Py-Daniel (2000), observaram insetos da família Agrionidae (Hetaerina sp) predando P. incrustata, em estudos sobre a fauna associada a Simuliidae, em três bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte. Entende-se então, que a baixa positividade do conteúdo estomacal analisado nesse estudo, indica que os organismos das famílias Libellulidae e Hydropsychidae não podem ser considerados inimigos naturais efetivos dos simulídeos, uma vez que não foi possível constatar a realização de um eficiente controle biológico por parte destes, sobre os simulídeos, nesse criadouro. 56 No entanto, consideramos ser de grande importância a realização de novos estudos com esse enfoque, em virtude da importância médico – sócio – econômica dos simulídeos, em particular no rio Pium, já que o mesmo é considerado cenário de recreação tanto para os moradores do local quanto para visitantes, buscando subsídios para futuros programas de controle integrado. 57 6. CONCLUSÕES 58 1- As formas imaturas de P. incrustata se fazem presentes no rio Pium, durante as duas estações do ano, sendo a sua maior abundância na estação de seca. 2- A pluviosidade, condicionando alterações na correnteza, vazão e profundidade, foi a variável ambiental que mais influenciou a abundância dos simulídeos e sua fauna associada. 3- A fauna associada à P. incrustata no rio Pium, Estado do Rio Grande do Norte, foi representada por 19 (dezenove) Famílias, distribuídas em 5 (cinco) Ordens de insetos aquáticos. 4- A análise do conteúdo estomacal dos espécimes das famílias Libellulidae e Hydropsychidae realizada nesse trabalho, não confirmou a predação efetiva desses organismos às formas imaturas de Psaroniocompsa incrustata. 59 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60 ALMEIDA, H.T., PY-DANIEL, V., TORRES A.V.S. 1999. Simulidae (Diptera: Culicomorpha) no Nordeste brasileiro. Entomologia y Vetores, Rio de Janeiro, Vol 6 (4): 323-337p, Jul./ Ago. 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ANEXO 68 INSTRUÇÕES AOS AUTORES • Escopo e política • Forma e preparação de manuscritos • Envio de manuscritos ISSN 0085-5626 versão impressa ISSN 1806-9665 versão online Escopo e política A Revista Brasileira de Entomologia (RBE), órgão da Sociedade Brasileira de Entomologia (SBE), publica trabalhos científicos inéditos produzidos na área da Entomologia, ou mesmo em outras, dentro de Arthropoda. A RBE mantém seções destinadas à divulgação de notas científicas, resenhas bibliográficas e notícias de interesse. Para publicar na RBE, todos os autores devem ser sócios da SBE e estar em dia com a anuidade. Caso o(s) co-autor (es) não sejam sócios deverão associar-se a SBE ou pagar o valor correspondente a uma e meia anuidades, cada um. Trabalhos redigidos em outro idioma que não o português, ou o inglês, poderão ser aceitos para a publicação a critério da Comissão Editorial. Forma e preparação de manuscritos Os manuscritos devem ser enviados preferencialmente via correio eletrônico, como arquivo(s) anexo(s). Poderão também ser submetidos impressos em papel (três vias), acompanhados dos arquivos em disquete ou CD. O texto deve ser editado, de preferência, em Microsoft Word®, em página formato A4, usando fonte Times New Roman tamanho 12, espaço duplo 69 entre as linhas, com margem direita não justificada e com páginas numeradas. Usar a fonte Times New Roman também para rotulagem das figuras e dos gráficos. Apenas tabelas e gráficos podem ser incorporados no arquivo contendo o texto do manuscrito. Figuras em formato digital devem ser enviados em arquivos separados, com, no mínimo, 300 dpi de resolução para fotos coloridas e 600 dpi para desenhos a traço e fotos branco e preto, em formato tiff ou jpeg de baixa compactação. Não enviar desenhos e fotos originais quando da submissão do manuscrito. O manuscrito deve começar com uma página de rosto, contendo: título do trabalho e nome(s) do(s) autor(es) seguido(s) de número(s) (sobrescrito) com endereço(s) completo(s), inclusive endereço eletrônico, e com respectivos algarismos arábicos para remissão. Em seguida, apresentar ABSTRACT, com no máximo 250 palavras, com o título do trabalho em inglês e em parágrafo único; KEYWORDS, em inglês, em ordem alfabética e no máximo cinco. Na seqüência virá o RESUMO em português, incluindo o título e PALAVRAS-CHAVE, em ordem alfabética e equivalentes às KEYWORDS. Devem ser evitadas palavras-chave que constem do título e do resumo do artigo. No corpo do texto, os nomes do grupo-gênero e do grupoespécie devem ser escritos em itálico. Os nomes científicos devem ser seguidos de autor e data, pelo menos na primeira vez. Não usar sinais de marcação, de ênfase, ou quaisquer outros. Conforme o caso, a Comissão Editorial decidirá como proceder. As referências devem ser citadas da seguinte forma: Canhedo (2004); (Canhedo 2003, 2004); Canhedo (2004:451); (Canhedo 2004; Martins & Galileo 2004); Parra et al. (2004). As figuras (fotografias, desenhos, gráficos e mapas) devem ser sempre numeradas com algarismos arábicos e, na medida do possível, na ordem de chamada no texto. As escalas devem ser colocadas na posição vertical ou horizontal. As tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos e incluídas, no final do texto em páginas separadas. Se necessário, gráficos podem ser incluídos no arquivo do texto e, como as tabelas, deverão vir no final do texto. As figuras em formato digital deverão ser enviadas em arquivos separados. O tamanho da prancha deve ser proporcional ao espelho da página (23 x 17,5 cm), de 70 preferência não superior a duas vezes. Para a numeração das figuras utilizar Times New Roman 11, com o número colocado à direita e abaixo. Isto só deve ser aplicado para as pranchas quando em seu tamanho final de publicação. A fonte Times New Roman deve ser usada também para rotulagem inserida em fotos, desenhos e mapas (letras ou números utilizados para indicar nomes das estruturas, abreviaturas etc.) e em tamanho apropriado de modo que em seu tamanho final não fiquem mais destacados que as figuras propriamente ditas. As figuras originais não devem conter nenhuma marcação. A Comissão Editorial poderá fazer alterações ou solicitar aos autores uma nova montagem. Fotos (preto e branco ou coloridas) e desenhos a traço devem ser montados em pranchas distintas. As legendas das figuras devem ser apresentadas em página à parte. O custo da publicação de pranchas coloridas deverá ser arcado pelos autores. Os AGRADECIMENTOS devem ser relacionados no final do trabalho, imediatamente antes das Referências. Sugere-se aos autores que sejam sucintos e objetivos. Para as REFERÊNCIAS, adota-se o seguinte: 1. Periódicos (os títulos dos periódicos devem ser escritos por extenso e em negrito, assim como o volume do periódico): Zanol, K. M. R. 1999. Revisão do gênero Bahita Oman, 1936 (Homoptera, Cicadellidae, Deltocephalinae). Biociências 7: 73145. Martins, U. R. & M. H. M. Galileo. 2004. Contribuição ao conhecimento dos Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae), principalmente da Costa Rica. Revista Brasileira de Entomologia 48: 467-472. Alves-dos-Santos, I. 2004. Biologia da nidificação de Anthodioctes megachiloides Holmberg (Anthidiini, Megachilidae, Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia 21: 739-744. 2. Livros: Michener, C. D. 2000. The Bees of the World. Baltimore, Johns Hopkins University Press, xiv+913 p. 3. Capítulo de livro: Ball, G. E. 1985. Reconstructed phylogeny and geographical history of genera of the tribe Galeritini (Coleoptera: Carabidae), p. 276-321. In: G. E. Ball (ed.). Taxonomy, Phylogeny and Zoogeography of Beetles and Ants. 71 Dordrecht, W. Junk Publishers, xiii+514 p. Referências a resumos de eventos não são permitidas e deve-se evitar a citação de dissertações e teses. As cópias do manuscrito, juntamente com os pareceres dos consultores, serão enviadas ao autor (ao primeiro, se em coautoria ou ao autor indicado) para que sejam feitas as correções/alterações sugeridas. Estas cópias deverão ser devolvidas à Editoria da RBE juntamente com uma cópia impressa da versão corrigida e do respectivo disquete (devidamente identificado) ou por via eletrônica. Alterações ou acréscimos ao manuscrito enviados após o seu registro poderão ser recusados. Nas Comunicações Científicas o texto deve ser corrido sem divisão em itens (Material e Métodos, Resultados e Discussão). Inclua o Abstract e o Resumo seguidos das Keywords e Palavras-Chave. Provas serão enviadas eletronicamente ao autor responsável e deverão ser devolvidas, com as devidas correções, no tempo solicitado. O teor científico do trabalho assim como a observância às normas gramaticais são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Para cada trabalho publicado serão fornecidas 30 (trinta) separatas, independente do número de autores. Sugere-se aos autores que consultem a última edição da revista para verificar o estilo e lay-out. Ao submeter o manuscrito o autor poderá sugerir até três nomes de revisores para analisar o trabalho, enviando: nome completo, endereço e e-mail. Entretanto, a escolha final dos consultores permanecerá com os Editores. 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