PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS PRESENCIAL E A DISTÂNCIA Cesar Bernardo Ferreira 1 Herbert Gomes Martins, DSc 2 Zenildo Buarque de Moraes Filho, DSc 2 Cleonice Puggian, DSc 2 3 Maria Rita Resende Martins da Costa Braz, MSc 4 Este artigo relata a experiência, em andamento, bem como os resultados da fase de pilotagem, da produção de material didático em vídeo abordando o tema “equilíbrio químico”, sendo que o mesmo integra os conteúdos da disciplina físico-química no currículo do 3º ano do ensino médio (BRASIL, 1999). A experiência faz parte da pesquisa de uma dissertação do Mestrado em Ensino de Ciências na Educação Básica da UNIGRANRIO e sua conclusão é prevista para o segundo semestre de 2011. O objetivo central do vídeo consiste na criação de um recurso instrucional de apoio para professores de biologia e química que ministram a referida disciplina tanto no ensino médio quanto no superior, pois é ressaltada na literatura a falta de material didático que propicie o ensino contextualizado sobre o tema equilíbrio químico (ABREU; GOMES; LOPES, 2008). O vídeo foi concebido como um objeto de aprendizagem, ou seja, um recurso digital dinâmico, interativo e reutilizável em diferentes ambientes de aprendizagem elaborados a partir de uma base tecnológica. Dessa forma, prevê-se sua aplicabilidade na metodologia semipresencial no ensino de ciências (química, física e biologia). A experiência envolve o conhecimento de uma equipe multidisciplinar composta de um biólogo, um químico, um sociólogo, uma pedagoga e uma comunicóloga. Essa articulação entre diferentes áreas do conhecimento foi possível graças à parceria estabelecida entre o Mestrado de Ensino e a Escola de Ciências Sociais Aplicadas por meio do Curso de Comunicação Social. A produção do vídeo deve cumprir as seguintes fases: concepção do tema; elaboração do roteiro; filmagens, edição, formatação e disponibilização para acesso em repositório de conteúdos didáticos digitais. A seqüência programada para a filmagem contempla as seguintes tomadas: meio ambiente, água enquanto equilíbrio e fator de conservação da vida, e coleta e análise da água do mar. Será avaliada a adequação do recurso didático em sala de aula. As seqüências serão detalhadas a seguir: O meio ambiente é considerado um tema de grande importância pelos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais). No ensino médio deve ser estudado em várias disciplinas não se restringindo à química. A proposta de utilização do vídeo como material didático em ambiente não presencial está relacionada com a necessidade de contextualizar a aprendizagem dos fenômenos físico-químicos e, em especial, a identificação do tema “meio ambiente” ao dia-a-dia dos alunos. Através de uma abordagem de ensino baseada na Teoria da Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, 1980), criam-se alternativas pedagógicas que conciliam a conservação da natureza com o desenvolvimento sustentável das populações, potencializando o aprendizado de química. A água enquanto equilíbrio, a conservação da vida A água é essencial para vida. Todos os seres vivos dependem de água para existir. É preciso que os vários ecossistemas do planeta estejam em equilíbrio e a manutenção da diversidade depende do equilíbrio químico. Coleta e análise do material Para a coleta de material haverá uma incursão ao mar em embarcação a uma distância de 1000 metros da costa. O material será coletado com o uso de um amostrador específico, obedecendo metodologicamente três amostragens por ponto, tendo a primeira amostragem à profundidade de ___________________ ¹ Discente do Programa de Pós-Graduação em Ensino das Ciências, UNIGRANRIO 2 Docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino das Ciências, UNIGRANRIO 3 Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras e Ciências Humanas, UNIGRANRIO 4 Docente da Escola de Ciências Sociais Aplicadas, UNIGRANRIO 38 cinqüenta centímetros, a segunda com cinqüenta por cento da profundidade total e a última com noventa e cinco por cento da profundidade total do local da amostragem para que o substrato não consolidado entre no amostrador e venha a contaminar o material amostrado. O material será trazido a bordo da embarcação pelo amostrador, dividido em amostras menores (50 ml) e analisado suas características químicas, tais como pH, nitrito (NO2-), nitrato (NO3-), amônia (NH3) e dureza (KH), através de testes feitos com técnicas de titulação, no próprio barco, com os testes próprios para cada parâmetro físico-químico. Verificação da adequação do recurso didático em sala de aula Após as filmagens e edição distribuiremos o vídeo em DVDs para um grupo de dez professores de química da rede pública e particular. O material será utilizado como complemento às aulas de equilíbrio químico por uma semana. Um questionário de dez perguntas objetivas e subjetivas será fornecido para avaliar a aplicabilidade do material e sua viabilidade como complemento às aulas teóricas de química (LÚDKE; ANDRÉ, 1986). Realizamos uma experiência piloto com alunos de escolas públicas na baía da Ilha Grande no ano de 2010 utilizando vídeo anteriormente produzido e os resultados revelaram que, durante as aulas práticas, os alunos foram capazes de visualizar os fenômenos e as diferenças nos indicadores químicos que podem indicar parâmetros diferentes. Contextualizou-se o ensino de química através da prática, favoreceu-se a interdisciplinaridade e evitou-se a fragmentação do conhecimento. Na experiência em tela, prevê-se que a produção do vídeo como material didático para EaD permitirá a utilização de seu conteúdos como recurso didático para um maior número de alunos e professores. Isso porque, apos a finalização da produção, o vídeo será disponibilizado para acesso no Youtube e no Rived como objeto de aprendizagem (VAZ, 2009). Significa dizer que estará acessível aos alunos e professores como recurso digital que pode ser utilizado e reutilizado, podendo contribuir para a inovação didática através do uso de tecnologias no ensino de ciências em ambiente presencial e a distância. Dessa forma, ampliam-se as possibilidades de aprendizagem em tempo e espaços diversos. Entende-se que a produção de um vídeo como objeto de aprendizagem, pode torná-lo um recurso didático de larga escala, configurando-se assim como uma inovação didática para o ensino de ciências, pois: - dotará professores e alunos de material didático adequado ao ensino e aprendizagem contextualizada sobre os fenômenos físico-químicos. -permitirá a interdisciplinaridade ao articular, no processo de ensino e aprendizagem, diferentes disciplinas do currículo e integrar, na produção do material, profissionais de diferentes áreas do conhecimento; - estimulará a apreensão crítica dos conteúdos de ciências ao fornecer evidências empíricas sobre as interações entre os fenômenos físico-químicos, as alterações ambientais e seus impactos na qualidade da água do mar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, R. G.; GOMES, M. M.; LOPES, A. C. Contextualização e tecnologias em livros didáticos de biologia e química. Disponível em <http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/revista.htm> Acesso em: 02 de abril de 2008. BIANCHI, J. C. A.; ALBRECHT, C. H.; DALTAMIR, J. M., Universo da Química. São Paulo: FTD, 2005. CACHAPUZ, A.; PRAIA, J; JORGE, M. Ciência, Educação em Ciência e Ensino das Ciências. Lisboa: Ministério da Educação, 2002. LÚDKE, M. ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagem qualitativa. São Paulo: EPU, 1986. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – Ensino Médio; Ministério da Educação, 1999. AUSUBEL, D. (et al). Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. 39 PERRENOUD, P. Ensinar: Agir na Urgência, Decidir na Incerteza. (2ª ed.) Porto Alegre, RS, ArtMed, 2001. VAZ, M. F. R. Os padrões internacionais para a construção de material educativo online. In: LITTO, F. M. e FORMIGA, M. Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. PP. 386-394. 40