ANÁLISE TEMPORAL DA FRAGMENTAÇÃO DA MATA NATIVA NO MUNICÍPIO
DE FAXINAL DO SOTURNO –RS1
SANTOS, Leonardo Pinto dos2; LANZA, Solange Schio3; SILVA, Franciele da4;
CONTI, Valquíria5; PEREIRA, Carla Silveira 6; MACHADO, Mayara Oliveira7,
KAUFMANN, Angélica Inês8; MONGUILHOTT, Michele9.
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Trabalho de Pesquisa _UFSM
Curso de Geografia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
3
Curso Técnico em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.
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Curso de Geografia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
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Curso de Geografia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
6
Curso de Geografia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
7
Curso de Geografia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
8
Curso de Geografia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
9
Professora do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria,
RS, Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected].
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RESUMO
O seguinte artigo traz as perspectivas de análise do tipo de ocupação e uso do solo do
município de Faxinal do Soturno – RS, no período que abrange de 2000 a 2009. Partindo do
entendimento da formação histórica do município e as repercussões espaciais que se originam da
imigração italiana, faremos uma análise do avanço do desmatamento da floresta nativa em
detrimento ao cultivo de uma agricultura predominantemente irrigada. Os resultados oriundos do
Sistema de Informação Geográfica (SIG) se mostram indispensáveis para o melhor planejamento de
políticas públicas que venham conservar a mata nativa e outros recursos naturais ainda existentes,
garantindo sua manutenção como forma de minimizar os impactos ambientais derivados do cultivo de
arroz irrigado, cultura esta, predominante na área de estudo.
Palavras-chave: SIG; Floresta Nativa; Agricultura; Faxinal do Soturno; Imigrantes Italianos.
1. INTRODUÇÃO
Entender a história de um município é ponto crucial para compreender o tipo de uso
e ocupação do solo, bem como, a organização espacial e as relações homem/natureza
deste. Dentro de Faxinal do Soturno os traços da cultura italiana são marcantes, o que
repercute diretamente no tipo de uso do solo que encontramos dentro do limite do município.
1
O Rio Grande do Sul apresenta em diferentes regiões do estado a colonização
italiana, que por terem vindo tardiamente ao Brasil em comparação a outras etnias como os
alemães, acabaram se fixando em áreas mais íngremes que apresentassem condições
semelhantes com as regiões da Itália, já que, as partes mais planas e solos mais férteis,
estavam ocupados por imigrantes que aqui chegaram anteriormente (VIZZOTTO, 1991).
Um traço marcante da imigração europeia de nosso estado é o desenvolvimento de
uma agricultura predominantemente em pequenas e médias propriedades. Isto é o que
encontramos dentro de Faxinal do Soturno, que possui sua economia calcada no setor
primário, representado pela agropecuária, desenvolvida em propriedades com dimensão
média de 20 hectares onde são realizados cultivos de arroz irrigado, soja, milho, feijão,
fumo, fruticultura e criação de gado de leite e corte (NARDI, 2007).
Dentro desta percepção, podemos analisar os problemas ambientais oriundos deste
tipo de uso do solo, utilizando as ferramentas do Sensoriamento Remoto que nos possibilita
observar as transformações na superfície terrestre, fundamentalmente à questão dos
fragmentos de mata que são pontos chaves em uma maior qualidade de vida por parte dos
cidadãos faxinalenses. Sendo que, a cobertura florestal exerce influência direta sobre os
microclimas, ciclo hidrológico, conservação do solo, fauna e ainda influi diretamente em
fatores econômicos.
Os problemas relacionados ao meio ambiente, como é o caso do desmatamento,
sempre ocorreram na história do Brasil, embora em menor escala. O homem se tornou o
principal ator das transformações do espaço, convivendo cada vez mais, de forma
desarmônica com a natureza. O desflorestamento se tornou algo muito sério, a derrubada
da mata, o aumento da agricultura e das áreas urbanas vem levando a destruição das
extensas áreas de floresta, nos deixando somente pequenos fragmentos de mata que levam
a uma piora na qualidade de vida dos seres vivos.
2. METODOLOGIA
A área de estudo é o município de Faxinal do Soturno no Rio Grande do Sul (Figura
1). Ele está inserido dentro da região da Quarta Colônia que está situada entre vales,
várzeas e campos do Planalto Meridional e da Depressão Central Gaúcha, Região Centro
do Rio Grande do Sul.
Abrange parte das cartas topográficas de Camobi, Faxinal do Soturno, Val de Serra e
Nova Palma. Limita-se ao norte com o município de Nova Palma, a oeste com Ivorá e
Silveira Martins, ao sul com São João do Polêsine e a leste com Dona Francisca. A área do
município engloba as localidades denominadas: Sitio Alto, Sitio dos Melos, Linha GuardaMor, Val Varonês, Linha Saxônia, Santos Anjos, Linha Nova Palma, Linha São Luiz, Novo
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Treviso, Colonial, Linha Formosa, Linha Dona Francisca e a sede administrativa do
município.
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo
O presente trabalho está fundado na comparação dos fragmentos de mata em escala
temporal de uma década, período este, que engloba os anos de 2000 e 2009, a partir desta
observação dos dois mapas temáticos, poderemos verificar o avanço ou recuo do
desmatamento.
Os procedimentos técnicos foram realizados a partir da convergência de dados em
um ambiente SIG que se mostra uma esplêndida ferramenta de planejamento e tomada de
decisões, além de integrar e converter dados de diferentes fontes.
ASSAD; SANO (1998, p. 3) colocam que:
O termo Geoprocessamento denota uma disciplina do conhecimento que
utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento de
informações
geográficas
[...]
os
instrumentos
computacionais
do
geoprocessamento, chamados de Sistemas de Informações Geográficas
(SIG’s), permitem a realização de análises complexas ao integrar os bancos
de dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados.
Os SIG’s tornam possíveis ainda a automatização da produção de
documentos cartográficos.
Teixeira; Moretti; Christofoletti (1992, p. 30) afirmam que “de forma geral, um SIG
pode ser visto como um sistema composto por um banco de dados, por um conjunto de
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software dedicado à execução de operações sobre os dados (análise espacial) e pelo
hardware”.
MELO (2006, p. 70) dá a seguinte definição para um SIG.
O SIG pode ser considerado como a combinação de hardware, software,
dados, metodologias e recursos humanos envolvidos que operam de forma
coerente para analisar e produzir novas informações geográficas. Parte dos
recursos humanos é formada pelos usuários do SIG; em geral, são
especialistas que coletam, manuseiam, armazenam, recuperam, examinam
e
geram
novas
informações
georreferenciadas
em
um
ambiente
computacional para solucionar problemas de planejamento e gerenciamento
espacial.
. O uso do ArcGIS 9.3 permitiu a integração dos dados oriundos do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul), MMA (Ministério do Meio Ambiente) e a conversão dos arquivos para um mesmo
sistema de referência, o SIRGAS 2000.
Para a extração das informações como limite municipal, estradas, rede de drenagem,
limite urbano, sobrepostas nos cartogramas, foram utilizadas as cartas topográficas da DSG
(Diretoria do Serviço Geográfico do Exercito), Folha de Faxinal do Soturno (SH.22.V-C-V-1),
de Nova Palma (SH.22-V-C-II-3), de Val de Serra (SH.22-V-C-I-4), e a carta de Camobi
(SH.22-V-C-IV-2), todas na escala 1:50.000.
Com os arquivos digitais, montaram-se o mosaico das cartas para obter todo o limite
municipal de Faxinal do Soturno. No programa ArcMap do ArcGIS 9.3 realizou-se o
georreferenciamento das cartas e das imagens orbitais, para posteriormente realizar a
vetorização das áreas de interesse em cima da imagens LANDSAT do ano 2000 e do
GOOGLE EARTH datada de 2009.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O meio rural do território Faxinalense abrange compartimentos geomorfológicos
pertencentes ao Rebordo do Planalto Meridional Brasileiro, Depressão Central e Vales do
Jacuí e do Rio Soturno, proporcionando um relevo bastante diversificado composto por
montes, vales, rios e grutas que formam as áreas onde há a presença de fragmentos de
mata, já que os terrenos mais planos do município já foram, em grande parte, desmatados
para dar lugar principalmente ao arroz irrigado que se localiza predominantemente as
margens dos corpos hídricos, como o Rio Soturno, o Melo e o Guarda-Mor.
Por apresentar um relevo bastante irregular podemos verificar uma boa conservação
de áreas verdes dentro do município, já que, o terreno íngreme se mostra de forma precária
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para o uso e ocupação antrópica. O município abrange uma área de 169,9 km² (IBGE,
2010), sendo que, o total de 66 km² são fragmentos de mata no ano de 2000 e 62 km² em
2009.
Figura 2 – Mapa de fragmentos de mata em 2000
Figura 3 – Mapa de fragmentos de mata em 2009
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As áreas planas do município de Faxinal do Soturno apresentam, de forma marcante,
o cultivo de arroz irrigado, o que acarretou no desmatamento acentuado da mata ciliar dos
rios, se encontrando de forma irregular de acordo com as normativas federais presentes no
Código Florestal quando a questão das APP’s.
A vegetação do município é formada por pequenas extensões de campos limpos e
mata galeria. A vegetação primitiva do município que era constituída de matas tropicais
aparece quase inteiramente desaparecida, cedendo lugar a agricultura que é à base da
economia faxinalense.
Outro fator que contribui para o desmatamento das áreas mais planas é a crescente
urbanização do município (Tabela 1). Faxinal do Soturno possui aproximadamente 60% da
população vivendo em território urbano, o que demonstra um recorrente êxodo rural,
decorrente de anos de crise na agricultura e do baixo preço pago ao arroz e aos produtos
agropecuários que leva ao desestímulo para que os jovens permaneçam no campo,
levando-os para os centros urbanos.
Tabela 1: Grau de Urbanização de Faxinal do Soturno – RS
Município
Faxinal do Soturno
Ano
Grau de Urbanização (%)
1960
21,01%
1970
28,7%
1980
38,6%
1991
50,76%
2000
59,9%
2010
62,0%
Fonte: KERSTEN (2009) e Sinopse Preliminar do Censo Demográfico do Brasil 2010
Organização: SANTOS, L. P. dos e SCHIO, S. L.
Apesar de ser um município de pequeno porte, observamos dentro da configuração
do seu sítio urbano, construções que adentram o rebordo do Planalto Meridional, merecendo
a devida atenção por parte do poder público (SPOLAOR, 2010).
Os resultados encontrados revelam certa estagnação no desmatamento da mata
nativa que se deu de forma marcante no processo de colonização do município, dizimando a
mata nativa das áreas de menor declividade para a instalação das famílias italianas em
pequenas propriedades. A presença de terrenos declivosos auxiliou na preservação de
fragmentos de mata nos morros e encostas presentes principalmente no interior de Faxinal
do Soturno, pois as mesmas se mostram impróprios à ocupação humana.
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4. CONCLUSÃO
O presente trabalho destaca a importância de buscarmos a preservação de nossas
matas utilizando diferentes formas, sendo uma delas o uso dos Sistemas de Informações
Geográficas na busca pela melhora na qualidade de vida do homem. Sendo que a
depreciação de áreas verde resulta diretamente de forma negativa na qualidade do solo,
água e clima de nossas cidades e campo.
O uso de técnicas de geoprocessamento se mostrou de grande valia para a
compreensão dos fenômenos terrestres, nos dando uma visão mais ampla sobre estes fatos
dentro de uma escala temporal pré-determinada.
O uso do ArcGis 9.3 e de SIGs em geral se demonstram como importante
instrumento para a análise das áreas verdes e outros recursos naturais, colaborando com o
poder público na tomada de decisões enquanto o tipo de ocupação e uso do solo e
preservação dos recursos naturais, sendo indispensável para uma maior compreensão do
espaço geográfico que circunda a todos nós.
REFERÊNCIAS
ASSAD, E.D.; SANO, E.E. Sistemas de Informações Geográficas: Aplicações na Agricultura. 2ª.ed.
Brasília: EMBRAPA, 1998.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse Preliminar do Censo
demográfico do Brasil 2010. Disponível em: < http://www.censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 08
ago. 2012.
KERSTEN, D. S. Avaliação ambiental por geoprocessamento, com base ao plano diretor de Faxinal
do Soturno – RS. 2009. Dissertação (Mestrado em Geomática) Universidade Federal de Santa Maria.
Santa Maria, 2009.
MELO, A. de. A. Atlas geográfico escolar: aplicação analógica e digital no ensino fundamental. 2006.
305f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2006.
NARDI, O. O meio rural da quarta colônia de Imigração italiana como tema e cenário turístico. 2007.
Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2007.
SPOLAOR, S. Os papéis urbanos nas pequenas cidades da região da quarta colônia. 2010.
Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2010.
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TEIXEIRA, A. L. de A. MORETTI, E. CHRISTOFOLETTI, A. Introdução aos Sistemas de Informação
Geográfica. Rio Claro, 1992.
VIZZOTTO, V. L. Distribuição espacial da mata ciliar do Rio Soturno em 3 décadas no município de
Faxinal do Soturno – RS. 1991. Monografia (Graduação em Geografia) Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria, 1991.
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