AULA PRÁTICA DE QUÍMICA GERAL “Estudando a água – parte 23” 9º NO DO ENSINO FUNDAMENTAL - 1º ANO DO ENSINO MÉDIO OBJETIVO Diversos experimentos, usando principalmente água e materiais de fácil obtenção, são possíveis e importantes para vivenciar as principais propriedades físicas e químicas da água, bem como de sua interação com outras substâncias. É desnecessário falar da importância de se conhecer as propriedades da água, principalmente em tempos que anunciam a escassez desse recurso. Além disso, o estudo da água permite introduzir a compreensão das propriedades de outras substâncias, ampliando os horizontes do entendimento científico de diversos fenômenos do cotidiano, que, por sua vez, são inerentes às questões ambientais, industriais, culinárias, medicinais e muitas outras. INTRODUÇÃO No experimento realizado na parte anterior, você teve a oportunidade de construir um “barquinho pop-pop”, que tem esse nome devido ao barulho intermitente que faz. O movimento do barquinho também é bastante incomum, visto que ele se desloca para frente em sequências muito rápidas de vários arranques e paradas bruscas. Esse comportamento do barquinho acontece porque a água contida no tubo de cobre, aquecida pela vela, entra rapidamente em ebulição, produzindo uma certa quantidade de vapor que escapa pelas pontas das duas hastes dentro da água, na forma de “jatos” de vapor na “popa” do barco. Esses jatos fazem o barco se deslocar para frente, por efeito da lei de ação e reação. Além disso, o tubo de cobre está sendo resfriado nas pontas que estão em contato com a água, o que favorece o resfriamento da água e do vapor internos, na parte mais distante da chama. Essa redução da pressão interna faz com que a pressão atmosférica externa “empurre” mais água para dentro do tubo, que será fervida novamente pela chama. Assim, o ciclo recomeça. É por isso que o barquinho se movimenta em ciclos rápidos de arranques e paradas bruscas, parecendo “tremer” sobre a água, na medida em que se desloca. Em outras palavras, quando o jato de vapor é lançado para trás, o barquinho se desloca para a frente. No momento seguinte, ocorre o efeito contrário, pois a água entra pelo tubo de trás para frente, retardando o movimento do barquinho. Nesse momento, o barco tenderia a se deslocar de ré, mas como já está em movimento para frente, apenas sofre uma “freada” brusca. Depois, o ciclo reinicia, e o barquinho se desloca para a frente de novo. Não dá para entender o funcionamento do barquinho pop-pop, sem entender uma grandeza importante: a pressão. Há várias “pressões” a serem consideradas, que muitas vezes interagem umas com as outras. Além disso, há também a pressão exercida pelos líquidos e pelos sólidos, não somente as dos gases e vapores. A pressão atmosférica, também é importante, embora não seja muito falada. Um dos mais famosos experimentos que comprovam a incrível intensidade da pressão atmosférica foi realizado pelo físico alemão Otto von Guericke, em 1654. Experimento de Otto Von Guericke, em um selo postal comemorativo alemão. Apenas a força somada de 16 cavalos, oito de cada lado, foi capaz de separar as metades da esfera, unidas pela pressão atmosférica. Disponível (acesso: 12.04.2015): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stamps_of_Germany_%28DDR%29_1969,_MiNr_1514.jpg No experimento, Guericke uniu duas meias esferas metálicas e com o auxílio de uma bomba de vácuo desenvolvida por ele, retirou o ar de dentro da esfera. Depois colocou cavalos robustos para puxarem as metades de um e de outro lado, mas, elas só se soltaram quando puxada por um mínimo de dezesseis cavalos, oito de cada lado. O que aconteceu nesse experimento? Ora, retirando o ar de dentro da esfera, não há mais pressão interna, atuando apenas a pressão externa (atmosférica) sobre a esfera, mantendo as suas metades coladas. Ou seja, o peso de vários quilômetros de ar acima de nós atuou sobre a superfície das duas metades, evidenciando sua força, uma vez que não havia força contrária no interior da esfera. Representação por setas das pressões interna e externa, em duas situações da esfera de Guericke. Se há entrada de ar na esfera, a pressão interna se contrapõe à pressão externa, anulando-a, e a esfera se abre imediatamente. Mas, se a esfera permanece sem ar interno, apenas a pressão atmosférica atua sobre a superfície externa da esfera, segurando firmemente os dois hemisférios. Disponível (acesso: 12.04.2015): http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Magdeburg.svg Certamente, para que o experimento de Guericke possa ser realizado, as esferas precisam ser de metal bastante espesso e resistente, para que não seja esmagada pela pressão atmosférica - como vimos no experimento da latinha de refrigerante amassada pelo ar, no segundo experimento da parte 17. Esboço dos hemisférios de Guericke, mostrando a grande espessura do metal e o esquema de encaixe. Disponível (acesso: 15.05.2015): http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Magdeburg_hemispheres_small.png Pressão do ar e pressão da água. Se o ar exerce uma pressão tão significativa sendo muito mais “leve” e pouco denso, a água exerce uma pressão ainda mais intensa, proporcional ao seu peso e densidade. Um corpo mergulhado em um fluido, gasoso ou líquido, sofre a pressão desse fluido de todas as direções e em todos os pontos de sua superfície; não apenas de cima para baixo. Disponível (acesso: 15.05.2015): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wet_van_pascal.png Assim, embora não seja perceptível, a pressão atmosférica é da ordem de um quilograma por centímetro quadrado. Ou seja, em uma simples folha de papel de 20 por 30cm, a pressão do ar é cerca de 600kg, mais de meia tonelada, só não a percebemos, porque a mesma pressão é exercida de todos os lados. Imagine se pudéssemos aproveitar toda essa energia? Mas, isso se refere à pressão do ar na altitude zero, ou seja, no nível do mar, em que a altura da atmosfera é maior. Na medida em que a altitude se eleva, há cada vez menos ar “pesando” sobre os corpos e objetos, então, a pressão atmosférica vai diminuindo com a altitude. EXPERIMENTOS DE CONTRAÇÃO – de UM a QUATRO MATERIAL A) Balão ou bexiga de festa; pode ser um pedaço de balão já estourado B) Uma seringa plástica comum de 10mL, sem agulha C) Barbante ou linha D) Tesoura E) Água de torneira F) Régua comum G) Bacia com água de torneira PROCEDIMENTO – Preparação do balãozinho de ar. 1. Retire o êmbolo da seringa e com uma régua meça seu diâmetro interno 2. Corte um pedaço da bexiga de festa, de aproximadamente 10x10cm 3. Junte as pontas do quadrado e vá torcendo sua parte média, prendendo o ar dentro da bexiga, até obter um balãozinho, que precisa ter um diâmetro menor que o diâmetro interno da seringa. Se necessário, retire um pouco de ar de dento do balãozinho, afrouxando as dobras. 4. Amarre a bexiga, com um pedaço de linha ou barbante, na parte próxima ao balãozinho com ar, mantendo o formato e o diâmetro 5. Corte as sobras de borracha e de linha, mantendo apenas o formato esférico do balãozinho. PROCEDIMENTO – Preparação do balãozinho de água 6. Repita todo o procedimento anterior, mas com a bexiga embaixo de uma torneira ou dentro de uma bacia com água. O importante é obter um balãozinho de tamanho bem próximo do primeiro, ou seja, de diâmetro menor que o diâmetro interno da seringa. Amarre também com linha e corte as sobras de borracha e de linha. EXPERIMENTO UM – Comprimindo um balãozinho de ar, com uma seringa com ar. 7. Coloque o balãozinho de ar dentro da seringa, em seguida encaixe o êmbolo de volta 8. Deixe escapar parte do ar pela ponta, até que o êmbolo marque 10mL exatos, ou outro valor exato que preferir. Não se esqueça de anotar o volume escolhido no quadro da próxima página (item 1 do primeiro experimento). Tampe a ponta bem firmemente com um dos dedos 9. Use a escala da seringa para fazer uma medição do diâmetro relativo do balãozinho, nesse caso não será uma medição em unidade correta de distância, mas uma referência. Se preferir, pode usar uma régua e medir o diâmetro do balãozinho em milímetros. Anote no item 1 do primeiro experimento 10. Aperte o êmbolo até comprimir ao máximo o ar no seu interior. Faça a leitura do menor volume atingido e também do novo diâmetro do balãozinho. Anote os valores no quadro, no item 2 do primeiro experimento 11. Divida o valor obtido de volume da seringa anotado no item 2 pelo valor anotado no item 1, e multiplique por 100. Anote no item “%” 12. Faça o mesmo cálculo para os valores de diâmetro do balãozinho. Anote no item “%” EXPERIMENTO DOIS – Comprimindo um balãozinho de ar, com uma seringa com água 13. Retire o êmbolo da seringa e mergulhe o conjunto na água da bacia 14. Mantendo o conjunto dentro da água, coloque o balãozinho de ar dentro da seringa. Depois, encaixe o êmbolo de volta na seringa 15. Deixe escapar parte da água de dentro da seringa, até que o êmbolo marque 10mL exatos, ou outro valor exato que preferir. Anote o volume escolhido no item 1 do segundo experimento (seringa). Leia o diâmetro do balãozinho como foi feito no experimento um. Anote no item 1 do segundo experimento (balão). Tampe a ponta bem firmemente com um dos dedos 16. Aperte o êmbolo até comprimir ao máximo o ar no seu interior. Faça a leitura do menor volume atingido e também do novo diâmetro do balãozinho. Anote os valores no quadro, no item 2 do segundo experimento 17. Divida o valor obtido de volume da seringa anotado no item 2 pelo valor anotado no item 1, e multiplique por 100. Anote no item “%”. Faça o mesmo cálculo para os valores de diâmetro do balãozinho. Anote no item “%” EXPERIMENTO TRÊS – Comprimindo um balãozinho de água, com seringa com ar. 18. Repita todo o procedimento de medição da contração de volume, dessa vez para o balãozinho com água, dentro da seringa com ar. Anote as medições no quadro nos itens 1 e 2, do experimento três. Faça o mesmo cálculo indicado anteriormente, anotando o resultado na coluna “%” do experimento três. EXPERIMENTO QUATRO – Comprimindo um balãozinho de água, com seringa com água 19. Repita o procedimento de medição da contração de volume, para o balãozinho com água, dentro da seringa também com água. Anote as medições no quadro nos itens 1 e 2, do experimento quatro. Faça o mesmo cálculo indicado anteriormente, anotando o resultado na coluna “%” do experimento quatro QUADRO DE ANOTAÇÕES CONTRAÇÃO 1 UM DOIS TRÊS QUATRO Seringa – ar Balão – ar Seringa - ar Balão – água Seringa - água Balão - ar Seringa – água Balão - água 2 % 1 2 % 1 2 % 1 2 % SERINGA (volume em mL) BALÃO (diâmetro relativo) Obs.: Calcule o percentual de variação (%) sempre dividindo o valor anotado em 2 pelo valor anotado em 1. Depois, multiplique o resultado por 100. Para anotar o percentual, despreze as casas decimais, mas “arredonde” se necessário; ou seja, se o algarismo da primeira casa decimal for maior que 5, some 1 ao valor da casa das unidades. EXPERIMENTOS DE EXPANSÃO – De CINCO a OITO Repita todos os passos anteriores, utilizando os mesmos balões já preparados com ar e com água, para medir a capacidade de expansão dos balõezinhos. Siga cuidadosamente as alterações indicadas abaixo: PROCEDIMENTO 20. As posições iniciais da seringa, com os respectivos dados a serem anotados nas “colunas 1” do quadro da próxima página, devem ser tomados com aproximadamente 5mL de volume da seringa, ou seja, com volume inicial reduzido. Depois, a ponta da seringa deve ser tampada com o dedo. Feito isso, puxar o êmbolo da seringa, para expandir o volume da seringa e também o diâmetro do balãozinho. Anote os valores obtidos nas “colunas 2” do quadro 21. O cálculo de percentual de expansão deve ser feito exatamente da mesma forma, ou seja, dividindo os valores das colunas “1” pelos valores em “2”, e depois multiplicar o resultado por 100 QUADRO DE ANOTAÇÕES EXPANSÃO 1 CINCO SEIS SETE OITO Seringa – ar Balão - ar Seringa - ar Balão - água Seringa - água Balão - ar Seringa – água Balão - água 2 % 1 2 % 1 2 % 1 2 % SERINGA (volume em mL) BALÃO (diâmetro relativo) OBSERVAÇÕES E QUESTÕES 1) Comente as diferenças de resultado obtidas entre o experimento um e dois. O balão no segundo experimento sofreu contração expressiva? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ____________________________ 2) Comente as diferenças de resultado obtidas entre o experimento três e quatro. Houve contração expressiva da seringa? E do balão? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ____________________________ 3) Compare o experimento um com o experimento três. Qual dos dois apresentaram a mesma compressão do balãozinho de ar? Comente. _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ____________________________ 4) Quais dos oito experimentos apresentaram maior variação de volume (contração e expansão) para o balãozinho? O que esses experimentos possuem em comum? Comente. _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ____________________________