UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL
Nível Mestrado
Disciplina optativa
PROGRAMA DE DISCIPLINA
CURSO: HISTÓRIA SOCIAL
PERÍODO: 2015.2
2015.
NOME DA DISCIPLINA
CÓDIGO
A secularização como problema histórico e teórico
CARGA HORÁRIA: 30 hs
DOCENTE: Prof. Dr. Victor de Oliveira Pinto Coelho
EMENTA
1) Partimos da diferenciação estabelecida por Charles Taylor sobre o entendimento da
secularização: (a) como esvaziamento e eliminação da religião nos espaços e instituições
públicas, tendo como centro a separação entre Estado e religião; (b) como crescente
abandono de convicções e práticas religiosas no âmbito da sociedade e cultura; (c) como
mudança no estatuto
tatuto apriorístico da religião, ou seja, a passagem para uma era (moderna) em
que a fé torna-se
se problematizável e tida como uma opção. Assim como Taylor, enfatizaremos
o entendimento “c” (embora não desligado dos dois primeiros), enfatizando a configuração
de uma nova época pela ciência e pela técnica, sua crescente autonomização e também pela
nova concepção de subjetividade. De forma aparentemente paradoxal, tal ênfase deve trazer
também a crítica da concepção da história-progresso,
história progresso, concepção essa que implica
impl a noção da
(suposta) “superação” da religião pela razão.
2) Com isso, destacamos a contribuição de Hans Blumenberg: sua defesa da legitimidade
dos tempos modernos traz uma discussão sobre a configuração, na modernidade, de uma
transcendência não metafísica
ísica (mundana), ou seja, o âmbito da ciência e da técnica – que, por
outro lado, em sua crescente autonomização, impulsionou a ideia moderna e ocidental de
história como Progresso da Humanidade. Nesse sentido, buscamos mostrar a importância da
junção da história
istória das ideias e representações com uma problematização teórica e analítica; e
também indicaremos alguns pontos de contato com a obra de M. Foucault em termos da
quebra da linearidade da história e do foco sobre a constituição de novos saberes.
3) Por fim, a partir dos dois primeiros pontos, i) colocaremos em perspectiva crítica as
filosofias da história, em especial a versão iluminista de que a época moderna seria a da
“quebra dos grilhões” (religião, metafísica, imaginário...) que represavam as capacidades
capac
evolutivas e racionais da humanidade; mas também iremos problematizar a tese (de Karl
Löwith) da equivalência entre as filosofias da história e a concepção Providencial (judaico(judaico
cristã), que enfatiza o telos (sentido-objetivo-futuro);
(sentido
ii) enfatizaremos
mos a teoria da história, tal
como surge no século XIX, enquanto constituição de uma terceira instância (Humboldt)
visando a estabelecer uma mediação entre passado e presente, entre contingência e sentido,
entre ciência e valor; iii) retornando criticamente
criticamente à noção “b” sobre secularização (item 1),
discutiremos a teoria da história subjacente a alguma teses da secularização e, recentemente
da era “pós-secular”
secular” ou da “dessecularização”.
OBJETIVOS
Estabelecer um entendimento sobre o problema da secularização e suas diferentes
concepções e caminhos de análise. Clareando seu caráter transdisciplinar, procuramos, no
entanto, destacar sua natureza essencialmente histórica, implicando uma necessária discussão
no âmbito da teoria da história. Enfatizaremos, sob tais parâmetros e ao longo dos três
módulos da disciplina, a conexão entre secularização e historicidade moderna, com atenção
para a questão dos fundamentos da modernidade enquanto uma era singular.
METODOLOGIA
Aula expositiva com indicação prévia de leituras para discussão. Seminários e debates.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Participação nos debates, seminários e produção textual.
BIBLIOGRAFIA
Texto introdutório
TAYLOR, Charles. Introdução. In: Uma era secular. Tradução: Nélio Schneider e Luiza Araújo. São
Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2010, p. 13-37.
Bibliografia geral (os textos específicos para aulas e seminários serão selecionados ao longo do
curso; não será cobrada leitura de texto em língua com que o aluno não tenha afinidade)
ASAD, Talad. Formations of the Secular. Christianity, Islam, Modernity. Stanford: Stanford University
Press, 2003.
ASAD, Talad; BROWN, Wendy; BUTLER, Judith; MAHMOOD, Saba. Is Critique Secular? Blasphemy,
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CARREIRO, Gamaliel da Silva; SANTOS, Lyndon Araújo dos; FERRETI, Sergio F.; SANTOS, Thiago
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São Luís, 30 de junho de 2015.
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Prof. Dr. Victor de Oliveira Pinto Coelho
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