Pólo cultural no Alto Sertão da Paraíba Linaldo Guedes [email protected] Nem só de litoral vive a cultura paraibana. Longe das praias e falésias, perto de serras e cerrados, a cultura também pulsa. Um exemplo é o Núcleo de Extensão Cultural (NEC/UFCG), em Cajazeiras, no Alto Sertão da Paraíba, que sempre está criando e promovendo eventos. Nesta quarta-feira (15), por exemplo, o NEC abriga shows de Chico Corea e eletrônica band e Arlequin Rock Band, a partir das 20 horas. O show do Chico Corea está dentro da programação do Sindicultura e o do Arlequin integra o projeto Estação das Artes. O Núcleo de Extensão Cultural, com sede no Campus da Universidade Federal de Campina Grande, campus de Cajazeiras, tem como objetivo planejar, apoiar, organizar, fomentar, elaborar projetos relativos às manifestações artísticas e culturais no município e de outras áreas atendidas pelo Centro de Formação de Professores, integrando a universidade com os diversos segmentos da sociedade, reativando as fontes criadoras e descobrindo vocações artísticas. Neste sentido, sob a coordenação do professor e compositor Naldinho Braga, lotado na Unidade Acadêmica de Letras, o Núcleo tem desenvolvido algumas ações que lhe tem conferido o destaque como principal espaço de cultura da cidade. Entre as diversas ações do NEC, podem ser destacadas o projeto Cabaçal, Os Pifeiros do Sertão da Paraíba e o projeto Estação das Artes. Com o projeto Cabaçal, Naldinho Braga mapeou todas as bandas de pífanos do sertão da Paraíba, gravou CDs, fomentou a produção de materiais em vídeo e promoveu a inserção de algumas bandas de pífanos do sertão na programação de eventos culturais realizados dentro e fora do estado, a exemplo da virada cultural da cidade de São Paulo, quando na oportunidade viajou com a Banda Cabaçal de São José de Piranhas. O projeto Estação das Artes, no entanto, executado desde 1995, tem possibilitado o acesso a bens culturais produzido na Paraíba e outras regiões do país, sobretudo no campo da música, contribuindo efetivamente para o processo de formação de novas platéias. Pelo projeto, já passaram, por exemplo, os paraibanos Jaguaribe Carne, Quinteto Itacoatiara, Quarteto de Trombones, Tocaia da Paraíba, Adeildo Vieira, Cátia de França, Val Donato, Glaucia Lima, Cristiano Oliveira, Grupo Violação, Milton Dornellas, Cuidado com o Cão, Projeto 50 e Pegado e a Peleja. Recentemente, o projeto recebeu a banda Rieg. O Núcleo promove ainda a Escola de Balé, coordenada pela professora Fátima Leite, a Capoeira Ginga Brasil, de responsabilidade do Mestre Baiano, e o Cineclube Marcélia Cartaxo, coordenado por alunos e ex-alunos do Campus, com exibições todas às sextas feiras, na sede do próprio Núcleo. Além disso, o NEC abre as suas portas para que artistas locais possam ministrar cursos de instrumentos musicas, realização de ensaios, realização de eventos e reuniões ligadas à produção artística. Nos últimos anos, estabeleceram-se parcerias importantes, que tem promovido uma maior movimentação de espetáculos no palco do NEC. São parcerias com o Centro Cultural Banco do Nordeste e com o Sindifisco. Importante salientar, segundo Naldinho, que coordena o NEC desde 1998, que o Núcleo não possui dotação orçamentária e tudo é na base da parceria. SAIBA MAIS SOBRE AS BANDAS: O Arlequim Rock’n’Roll Band nasceu em janeiro de 2006, em Cajazeiras, Paraíba. Corredores, um Ponto de Café na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus de Cajazeiras. Para eles, o palco é “a ponta do iceberg”. A comunicação das ideias, das experiências diversas, é o que forma o sujeito, o artista. Dessa comunicação, se evidenciou o elo de ligação dessas idéias: O ROCK’N’ROLL em sua forma mais clássica, por tudo que representou no contexto mundial desde a década de 50. O Nome da banda surge do “Arlechino”, personagem que remonta aos fins da Idade Média, quando a “Comedia Dell'Arte” envolvia multidões nas feiras. De forma satírica, desfilavam pelo palco os desajustes de uma época, os conflitos entre as classes sociais, além da teia de sentimentos e sensações onde se debatem homens e mulheres. ChicoCorrea & Electronic Band – Jazz? Música erudita? Forró? Bossa? Eletrônica? Reggae? Funk? Baião? Rock? Conforme a divulgação, o multiinstrumentista paraibano Esmeraldo Marques responde "sim" a todas as alternativas anteriores. Homenageando (e "abrasileirando") o ícone jazz-funk Chick Corea (e sua Electric Band), ChicoCorrea & Electronic Band expande os horizontes da música nordestina para muito além da afrociberdelia do mangue beat. Sampler, pedais de eco, scratches e programas de computador são apenas instrumentos a mais que, além de teclados, guitarra, baixo e percussão, convivem em harmonia caótica, correndo atrás do groove. O regionalismo é marcante, mas também é universal e de repente um pandeiro pode ser uma base de ragga, que vira um drum'n'bass, que quase sempre descamba para jam sessions de ritmo e psicodelia nordestina. Uma banda que só encontra parentesco em outro novo nome da música do Norte, o grupo Cidadão Instigado. (Matéria publicada no jornal A União, em 15 de julho de 2015)