AVALIAcAO DA ESTABILIDADE DAS ENCOSTAS DO
RESERVATORIO DA UHE MIRANDA
Jose Carlos Virgili
Antonio Carlos Magalhaes
ESC Consultoria e Engenharia Ltda.
Rua Gonsalves Dias, 3.172 - 3° andar
CEP.: 30.140-093 - Belo Horizonte - MG
E Mail: [email protected]
RESUMO
O reservatorio da UHE Miranda e circundado por encostas basalticas (principalmente) e
gnaissicas . Estas encostas tem declividade media de 30° e maxima de 50-60°. Estao
recobertas quase que totalmente por coluvios basalticos argilosos, pouco susceptiveis a
erosao. Analises de estabilidade feita para estas encostas , para verificar o seu comportamento
quando da implantacao do reservatorio ,
(geologicos,
geotecnicos ,
geomorfologicos ,
considerando todos os aspectos pertinentes
pedologicos ,
use e ocupacao do solo.
instabilidades ja instaladas , deplecao do reservatorio ), mostraram que as encostas sao estaveis,
nao devendo apresentar processos de ruptura relevantes apos o inicio de operarao da
hidreletrica . Esse projeto integra o Plano de Controle Ambiental - PCA, apresentado pela
CEMIG e aprovado pelo Conselho Estadual de Politica Ambiental - COPAM, dentro do
processo de licenciamento ambiental em curso nesse orgao.
I - INTRODU4AO
O trabalho apresenta resumidamente os estudos efetuados e resultados obtidos para a
avaliacao dos processos erosivos e da estabilidade das encostas, nas areas do entorno do
reservatorio da UHE Miranda. apos a implantacao do lago.
Os servicos
foram coordenados pela IESA - Internacional de Engenharia S.A. e
desenvolvidos . no periodo de novembro de 1995 a marco de 1996, em parceria com a ESC
.\'.\7/ Senrinririo Nacional de Grandes Barragens 125
Consultoria e Engenharia Ltda. em estreita interacao corn a equipe tecnica da CEMIG.
responsavel pelos estudos e projetos ambientais.
2 - ALGUNS DADOS DO EMPREENDIMENTO
A UHE Miranda, pertencente a CEMIG - COMPANHIA ENERGETICA DE MINAS
GERAIS, e atualmente em final de construcao, esta localizada no rio Araguari, sudoeste do
Estado de Minas Gerais, ocupando areas dos municipios de Uberlandia , Uberaba, Indianopolis
e Nova Ponte . fazendo parte de um conjunto de empreendimentos , formados pelas UHE's de
Nova Ponte ( em operacao ) a montante e Capim Branco (a construir) a jusante (Figura 1).
O reservatorio sera formado por uma barragem de terra e enrocamento, corn uma crista de
1.050 m de comprimento, situada a cota 699 m e com 79 m de altura maxima, cobrindo uma
area de 50 km2 no seu nivel d'agua maximo normal, num comprimento aproximado de 85 km.
Com a operacao da UHE Miranda o nivel de agua do reservatorio tera oscilacoes ao longo do
ano. caracterizando uma faixa de deplecao, tendo como limites os seguintes niveis: N.A.
minimo normal = 693,00 m; N.A. maximo normal = 696,00 m. Em valores aproximados o
N.A. do reservatorio estara acima da cota 693,00 m em 100% do tempo, em 50% do tempo
estara acima da cota 695,7 m e em 93% do tempo estara acima da cota 694,5 m. 0
reservatorio tera uma faixa de deplecao de 3,0 m, oscilando, na maior pane do ano, entre as
cotas 694.5 m e 696,0 m. A velocidade de deplecao sera baixa, da ordem de 20 - 30 cm/mes.
3 - NIETODOLOGIA
3.1 - Fases de Estudo
Para o desenvolvimento dos estudos adotou-se a seguintes sequencia de estudos: definicao da
area de estudo, situada aproximadamente entre a cota 693,0 m (reservatorio) e 800,0 m;
levantamento e consulta a bibliografia e cartografia existente; fotointerpretacao geolbgica e
geomorfologica preliminar para identificacao dos dominios geologicos, geotecnicos e
geomorfologicos dos locais ja impactados ou susceptiveis a fenomenos erosivos, a
escorregamentos de encostas e a erosao por embates de ondas de origem eolica; cadastramento
de formas de use e ocupacao dos solos; levantamentos inicial de campo visando aferir a
totointerpretacao executada, formular preliminarmente os modelos de interesse, orientar uma
126
XXI I Seminbrio Nacionai de Grandes Barragens
nova Ease do detalhamento da fotointerpretacao, identificar e caracterizar preliminarmente as
feicoes erosivos e de instabilidade de encostas; fotointerpretacao conclusiva visando a
consolidacao dos dominios e modelos, identificacao dos locais portadores de erosao, selecao
de encostas passiveis de ocorrencia de escorregamentos. A pre-selecao de encostas para
estudo mais detalhado de campo foi feita a partir de suas declividades. Foram selecionadas
para estes estudos aquelas corn declividades superiores a 25° num total de 45; levantamento
conclusivo de campo visando o detalhamento dos aspectos geologicos, geotecnicos,
geomorfologicos, pedologicos, de use e ocupacao do solo; caracterizagdo detalhada dos focos
erosivos e das encostas passiveis de escorregamentos, quanto as suas causas, previsao de
evolucao e criticidade; consolidacao dos modelos geologico, geotecnico, geomorfologico e
pedologico; elaboracao de mapas tematicos; analise de estabilidade das encostas; elaboracao
de mapas com as areas de risco quanto a escorregamento de encostas e solapamento por
embate de onda, com graduacao de criticidade, areas portadoras de erosao.
3.2 - Caracterizacao da Area
• Geologia e Geotecnia
A area e constituida basicamente por basaltos que constituern a unidade geologica mais
importante para os estudos. Gnaisses ocorrem localizadamente na porcao jusante do
reservatorio. nas proximidades da barragem, e tambem na porcao montante, proximo a UHE
Nova Ponte. A unidade basaltica e composta por quatro derrames, quase sempre intercalados
por camadas centimetricas a metricas de arenito silicificado. A1em do arenito, observa-se entre
os derrames ocorrenci.as de basalto amigdoloidal, quase sempre mais intemperizado que os
outros niveis basalticos. A diversidade de derrames associados aos basaltos confere ao relevo
o aspecto escalonado, estando as areas planas no contato entre os derrames, e as escarpas ou
encostas de major declividade, desenvolvidas num tinico derrame. A area dos entornos do
reservatorio encontra-se praticamente toda recoberta por solos coluvionares argilosos. de
proveniencia basaltica, que estao assentados sobre solo residual, saprolito, substrato rochoso
basaltico (predominante) ou gnaissico. Estes solos estao descritos resumidamente a seguir. Os
parametros de resistencia (coesao e angulo de atrito) e peso especifico associados foram
estimados a partir de bibliografia, principalmente do projeto da UHE Nova Ponte, e tambem
com base na experieneia tecnica da equipe que desenvolveu os estudos, adquirida em
I Sentintirio Naeional de Grandes Barragens
XX/
127
trabalhos realizados em macicos semelhantes. Os valores utilizados foram adotados
considerando-se tambem a escala do estudo em questao, ou seja, encostas com pequenas
espessuras de solo, cujos valores de SPT sao inferiores a 10 golpes.
- solos aluvionares : sao restritos no dominio do reservatorio em estudo. Os depositos ativos
ocorrem no leito do rio Araguari , atualmente sendo explorados como material de
construFao em diversos pontos do trecho estudado; sAo, neste caso , bastante arenosos.
Ocorrem ainda os terracos aluvionares antigos , compostos por areias, argilas e siltes, na
forma de platos pouco extensos , alcados logo acima do leito do rio. Todos os aluvioes
serao totalmente inundados pelo reservatorio.
- solos coluvionares : sao os solos mais importantes para o estudo em questao; recobrem
praticamente toda a area de interesse ; tern proveniencia basaltica e constituicao argiloarenosa ou argilo-siltosa, com presenca, em alguns locais, de fragmentos de rocha de
diferentes dimensoes (diametro maximo de 30 cm ) e estagios de decomposicao; sua
espessura varia em geral de 4 m nas encostas mais suaves a poucos centi : metros nas
encostas mais ingremes ; cor marrom avermelhada; coesao de 2,0 tf/m2, angulo de atrito de
25° e peso especifico de 1,6 tf/m3. Quando no dominio dos gnaisses , o horizonte
coluvionar , tambem de proveniencia basaltica, mas com alguma influencia de fonte
gnaissica . tem constituicao predominante argilo-arenosa e os parametros de resistencia c
indice fisico sao: coesao de 2,0 tf/m2 , angulo de atrito de 27° e peso especifico de 1,6
tf/m3. Em ambos os casos estes solos tern Como caracteristica geotecnica marcante,
principalmente para o estudo em questao , a sua baixa susceptibilidade a erosao.
solo residual maduro de basalto: aparece abaixo do coluvio e e muito semelhante a este, a
excecao da presenca de fragmentos de rocha imersos na matriz argilosa . Na maior parte
dos casos a muito dificil a distincao entre estes dois tipos de solo. Para efeito da estimativa
de espessura , considerou- se este horizonte de solo residual como parte do horizonte de
coluvio, isto e , as espessuras estimadas para este ultimo englobam os dois horizontes. Tern
coesao de 2,0 tf/m2, angulo de atrito de 2 5° e peso especifico de 1,7 tf/m3. A semelhanca
do horizonte coluvionar . a muito pouco susceptive ] a erosao.
solo residual jovem de basalto : aparece abaixo do horizonte constituido pelo coluvio/solo
residual maduro de basalto . Em muitos locais, principalmente naqueles de topografia mais
ingreme . este solo praticamente nao aparece. ou tern espessura muito pequena, com o
coluvio/solo residual maduro estando assentado diretamente sobre o macro rochoso. Nits
/28
XX/l Semindrio Nacional de Grandes Barragens
encostas mais suaves, inferiores a 30°, sua espessura a de cerca de 2 m. Tern constituigao
argilo-siltosa a areno-argilosa (areia fina), cor vermelho arroxeado/amarelado, coesao de
1.5 tf?m , angulo de atrito de 30° e peso especifico de 1,7 tf/m3. E medianamente a pouco
susceptive] a erosao.
solo residual maduro de gnaisse: como no caso do solo residual de basalto, este horizonte
e muito semelhante ao coluvio, sendo dificil a distingao entre os mesmos. Sao, no entanto,
mais espessos, devido ao dominio dos gnaisses ser caracterizado por uma maior tendencia
a decomposigao do que os basaltos. Tern coesao de 0,5 tf/m`, angulo de atrito de 29° e
peso especifico de 1,7 tf/m3. E muito pouco susceptivel a erosao.
solo residual jovem de gnaisse: nao foram considerados no estudo, apesar de serem muito
susceptiveis a erosao. Aparecem no entanto em encostas suaves e recobertos por grandes
espessuras de solos argilosos (coluvios e/ou solos residuals maduros de basalto ou
<gnaisse), que impedem a sua exposigao.
talus: no dominio dos basaltos podem ocorrer alguns raros depositos de talus. Sao pouco
espessos (1 a 2 m) e com blocos pequenos (diametro de ate 30 cm).
No dominio dos basaltos , principalmente nas encostas mais suaves , o contato do solo residual
com o macigo rochoso e transicional . Entre estes dois horizontes aparece um saprolito
constituido por uma mistura de solo com blocos de rocha medianamente a muito decomposta.
Abaixo deste aparece o macigo rochoso, com sua pane superior muito ou medianamente
alterada e muito fraturada. Sao frequentes , principalmente nas encostas corn declividade maior
que 40-45°, os afloramentos de rocha sem nenhuma cobertura ou entao sob delgada camada
de coluvio ( no maximo 50 cm). Em muitos casos esta rocha , quando muito decomposta e
fraturada apresenta processo de esfoliagao esferoidal de blocos.
As espessuras dos solos sao variaveis , dependendo da declividade da encosta e de sua origem.
As encostas menos ingremes apresentam maiores espessuras de coluvio e de solo residual. 0
dominio gnaissico e caracterizado por uma maior tendencia a decomposigao que os basaltos e
o seu horizonte de solo residual normalmente e mail espesso e suas encostas bastante suaves,
com declividades inferiores a 25°.
Para efeito das analises e de acordo com as observagoes de campo estabeleceu-se uma
correlagao aproximada e conservadora , para efeito de estabilidade , entre a declividade das
encostas e espessuras dos solos, conforme apresentado adiante no item 3.4.1.
.\"\7l Semin4rio Nacional de Grandes Barragens 129
As areas de gnaisse, por terem uma declividade media muito baixa, na faixa de proximidade
as bordas do reservatorio, nao sao propensas ao fenomeno de escorregamento e nao foram
consideradas para analises deste tipo de fenomeno de instabilidade.
A maior espessura do pacote de solo estudado refere-se ao coluvio/solo residual maduro. A
espessura de solo residual jovem raramente ultrapassa 2 m. o mesmo acontecendo com a
espessura de saprolito.
• Geomorfologia
Na area de interesse a unidade geomorfologica de maior significado frente a implantacao do
futuro reservatorio e a de vertentes convexas e patamares estruturais . Sao zonas de encostas
convexas ingremes e patamares estruturais escalonados evoluidos durante o Quaternario sobre
rochas basalticas cretaceas , predominantemente recobertas por decomposicoes argilosas "in
situ". pouco espessas, corn afloramentos rochosos e rampas de coluvio argilosos.
• Pedologia
Predominam na area do estudo os solos corn horizonte B textural, ou seja, terra roxa, e
podzolicos. seguidos dos latossolos e cambissolos. Os solos com horizonte B textural
apresentam como principal caracteristica um incremento do teor de argila do horizonte A para
o B. A argila transloca-se do horizonte A, depositando-se nas superficies das estruturas
(agregados) do horizonte B, formando a cerosidade. Esta caracteristica dificulta a infiltracao
da agua favorecendo o processo de erosao da camada aravel (30 cm). A diferenca neste caso
entre a terra roxa e os podzolicos a devida ao material de origem, o primeiro a originario do
basalto e o seguindo a relacionado com as rochas do embasamento (gnaisse).
• Uso e ocupac ao do solo
Predominam na area as ocupacoes por pasto e pasto sujo ( 88%), seguidas por mata/capoeira.
As areas cultivadas ou ocupadas por reflorestamento significam apenas 3% da area do entorno
do reservatorio.
• \'entos e ondas
A principal direcao dos ventos tem azimute 225°, com velocidade media de 13 km/h e
mLixima de 80 km/h. Este posicionamento medios dos ventos indica que podera ocorrer
XXII Seminario Nacional de Grandes Barragens
/.?(I
I
formaFao de ondas direcionadas de nordeste para sudoeste. Os ventos de nordeste sao
aproximadamente perpendiculares ao cixo de major alongamento do reservatorio, indicando
que em locais onde o lago encontre-se encaixado, a acao dos ventos na formacao de ondas
sera bern reduzida devido ao bloqueio topografico do confinamento do reservatorio. 0
direcionamento dos ventos para o azimute 225° podera gerar ondas que afetarao mais
efetivamente a margem esquerda do reservatorio (Figura 1). Para calculo das dimensoes das
ondas foram selecionadas duas encostas, mapeadas como tendo possibilidade de
escorregamento e, situadas frontalmente a direcao dos ventos dominantes. Uma das areas tem
uma grande extensao de reservatorio defronte ela e foi considerada , a princIpio. como mais
crjtica em termos de formacao de ondas e a outra, com pequena extensao de reservatorio
frontal. como pouco critica. Os valores maximos de altura de ondas obtidos foram de 1.76 m
para a primeira encosta e de 0,70 m para a segunda.
3.3 - Indjcios de Instabilidade
A Area de Entorno do reservatorio a caracterizada pela ocorrencia de sulcos e ravinas, ao
longo de parte de sua extensao. Associada quase sempre as encostas recobertas por rampas de
coluvio argilo-arenosos ou argilo-siltosos de origem basaltica , utilizadas para pastagens, a
erosao ocorre mais comumente em locais com declividades que variam entre 15 e 30°. A
origem do processo erosivo esta associada, inicialmente, ao desmatamento e use intensive da
area por pastagens. que. com o pisoteio. favorece o processo de rastejamento do solo. 0 solo
desprotegido e saturado e movimenta-se muito lentamente encosta abaixo. 0 rastejo ocorre
preferencialmente em segmentos suavemente concavos das encostas, onde se concentra o
escoamento pluvial. A saturacao do pacote de coluvio / solo residual maduro, principal
causador do rastejo. tem como superficie de base a rocha subjacente, mais impermeavel. Os
rastejamentos sao acompanhados por abatimentos do solo, estando quase sempre
desenvolvidos em sequencias lineares de alta a baixa encosta. As trincas geradas por estes
processor fztvorecem a concentracao da agua das chuvas e o injcio dos sulcamentos, que
podem evoluir para ravinas. Nao verificou-se no campo, na area de interesse ou proximo dela.
nenhum escorregamento de qualquer porte, mesmo em locais ja afetados por awes antropicas
(estradas. culturas. etc.).
X.\71 Seminririo N'acional de Grandes Barragens 131
3.4 - Analises de Estabilidade
3.4.1 - Premissas basicas
Para a execucao das analises foram adotadas as seguintes premissas:
• Declividade das encostas x espessura de solo: de acordo corn o observado no campo e
apresentado anteriormente adotou-se, simplificadarnente e conservadoramente a relacao
apresentada na Tabela 1.
TABELA1
DECLIVIDADE DAS ENCOSTAS x ESPESSURA DE SOLO
DECLIVIDADE (°)
ESPESSURA MEDIA DE SOLO (m)
Maximo
Minimo
30
20
5
40
30
3
50
40
1
-
50
0,5
• Tipo e caracteristicas do solo : para a elaboracao das analises de estabilidade considerouse. conservadoramente , que todo o horizonte de solo a constituido por coluvio/solo
residual maduro . Este tipo de solo, tern resistencia global ao cisalhamento inferior a do
solo residual j ovem e/ou saprolito subjacente.
• Altura
do escorregamento :
considerou- se que a altura maxima de urn eventual
escorregamento seria de 10 m. De urn modo geral , a partir desta altura, o relevo torna-se
ingreme devido a presenca das escarpas basalticas , corn a rocha estando praticamente
aflorante.
• Fator de seguranca : o fator de seguranca usualmente considerado como minimo aceitavel
para encostas como as do reservatorio da UHE Miranda (pequenas alturas susceptiveis a
escorre(,amentos , baixa espessura de solo. inexistencia de sinais previos de instabilidade.
132
XXII Semindrio Nacional de Grandes Barragens
I
reservatorio estreito e com baixa deplerao, talude de pequena responsabilidade, ou seja,
cuja ruptura nao acarretara grandes danos) e de 1,1.
• Modelos de Analise: em funcao do modelo geotecnico determinado para as encostas do
reservatorio (taludes com altura sujeita a instabilizacoes de cerca de 10 m, apresentando
horizonte superficial de coli vio/solo residual maduro, sobreposto a material mais
resistente), pode-se classificar os potenciais mecanismos de ruptura como caracteristicas
de escorregamentos translacionais de solo.
• Metodos de Analise: o metodo de analise de Janbu para analise de estabilidade de
superficies nao circulares planares e adequado para o caso em questao, permitindo ainda
avaliar a sensibilidadc do coeficiente de seguranca das encostas a diferentes situacoes de
nfveis freaticos e, consequentemente, de poropressoes no interior do macigo.
• Parametros para analise: foram considerados nas analises os parametros de resistencia e
indices fisicos abaixo apresentados, e discutidos anteriormente.
coesao: 2,0 Kgf/m`
angulo de atrito:25°
condicoes de saturacao:
total, correspondendo ao abaco 5 de Hoek e Bray
parcial com o nfvel freatico interceptando o talude a 1/3 da altura (abaco 3 - Hoek
e Bray)
parcial, com o nfvel freatico interceptando o talude no pe (abaco 2 - Hoek e Bray)
3.4.2 - Resultados Obtidos
Os resultados obtidos das analises de estabilidade das encostas estao apresentados na
I ahela
.V.V// Se,ninririo Naeional de Grander Barragens 133
TABELA2
RESULTADOS DAS ANALISES DE ESTABILIDADE
SITUACAO DE ANALISE
FATOR DE SEGURANCA
ALTURA TALUDE (m) ANGULOTALUDE (°) ESPESSURA SOLO (m) COND .SATURACAO
METODO
JANBU
30°
5,00
20°
40°
3,00
10,00
30°
50°
1,00
400
50°
0,50
(1)
1,24
(2)
1,69
(3)
1,87
(I)
1,83
(2)
2,39
(3)
2.63
(1)
1,10
(2)
1,50
(3)
1,63
(1)
1,43
(2)
1,73
(3)
2,04
(I)
1.55
(2)
2,02
(3)
2,10
(1)
2,04
(2)
2,43
(3)
2,56
(1)
3,00
(2)
3.39
(3)
3,48
Lc,,enda:
(1) Total (abaco 5 - Hoek e Bray).
( 2) Parcial com o nivel freatico interceptando o talude a 1 /3 da altura (abaco 3 - Hoek e Bray).
(3) Parcial com a freatica interceptando o talude no pd ( abaco 2 - Hoek e Bray).
4 - AVALIAcAO DE RISCO
Com base nas observacoes de campo, nos resultados das analises de estabilidade efetuadas e
na experiencia da equipe tecnica foi criada uma escala de criticidade da estabilidade das
encostas. considerando-se os diferentes fatores intervenientes, visando obter a percepcao da
potencialidade da ocorrencia de rupturas.
134 X // Seminbrio Nacional tie Grandes Barragens
Alto risco:
muitos sinais de rastejo e erosao em toda a encosta ; declividade em torno de 30-40°; espessura
de solo de 3 a 5 m: fator de seguranca inferior a 1,1; volume mobilizado grande , em caso de
escorregamento : encosta sujeita a solapamento basal causado por ondas formadas pelo vento:
vegetacao tipo pasto.
Baixo risco:
pouco ou nenhum sinal de rastejo: declividade inferior a 30° ou superior a 50°; espessura de
solo inferior a 3 m; fator de seguranca superior a 1,1; volume mobilizado pequeno em caso de
escorregamento; encosta pouco sujeita a solaparnento basal causado por ondas; formadas pelo
vento; vegetacao mais densa (mata, capoeira).
Considerou-se como de medio risco situacoes intermediarias entre as duas apresentadas
acima.
De acordo com este criterio apenas 9 encostas foram consideradas como de medio risco e o
restante de baixo risco. 0 fator preponderante pars a classificacao das primeiras foi o embate
de ondas.
5-CONCLUSOES
Das observacoes de campo efetuadas e dos resultados obtidos das analises de estabilidade
pode-se concluir em relacao a avaliacao de risco que: a probabilidade de ocorrencia de
rupturas nas encostas marginais ao reservatorio a muito pequena. Mesmo considerando-se
uma situa4ao conservadora em termos de seguranca , como aquela de declividade superior a
30°. espessura de solo de aproximadamente 5 m e saturacao total da massa eventualmente
propensa a escorregamento , o fator de seguranrca e superior a 13. Os solos que capeiam as
encostas. nas proximidades da linha do reservatorio sao muito pouco susceptiveis a erosao.
Deste modo. mesmo com a ocorrencia de ondas formadas pelo vento , o eventual solapamento
do pe das encostas sera minimizado pela caracteristica de resistencia do solo a este fenomeno.
Caso eventualmente venha a ocorrer alguma ruptura , esta mobilizara um volume pequeno de
material pots a espessura maxima na area de solo na area de interesse e de aproximadamente 5
I'll.
.C:\71 Semindrio Nacional de Grandes Barragens 135
6 - 13113LI OGRAFIA
CEMIG. UHE Nova Ponte/Estudo sobre direcao dos ventos em Nova Ponte . s.1.,1995.
CEMIG/DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DE GERAccAO. Rio Araguari/
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------------ Estabelecimento de projetos executivos de obras de contencao dos
escorregamentos nas encostas marginais do reservatorio Paraibuna -
Paraitinga.
Relatorio n° 17236, 1982.
------------ lmplantagao e desempenho das obras de contencao dos escorregamentos nas
encostas marginais do reservatorio Paraibuna - Paraitinga . Relatorio n° 21528,
1985,
LEME-CEMIG. Usina Hidreletrica de Nova Ponte /Projeto Controle dos Processos
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LEME-CEMIG . Usina Hidreletrica de Emborcacao/Estudo C-34 /Estabilidade das
encostas do reservatorio. Belo Horizonte, 1980.
136
XXII Seminario Nacional de Grandes Barragens
LEGENDA
0
CIDADE
DISTRITO
RODOVIA (FEDERAL.ESTADUAL)
REFERENCIA - MAPA GEOGRAF(CO DO
ESTADO DE MINAS GERAIS - 1980- 10 A
ESCALA 1:500.000 - ATUALIZADO.
5
10
15
ESCAIA ORIGINAL 1 : 500.000
BARRAGEM
LIMITE DA AREA DE INFLUENCIA
DRENAGEM
Figura I - Mapa da situacdo
XXII Seminr rio Nacional de Grandes Barragens 137
km
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