Centro Hospitalar ………………………….. Serviço de Gastrenterologia - Unidade de Endoscopia Digestiva Autores: Andrade, J.; Bré, R.; Sousa, C. Sonda Nasogástrica (SNG) versus Gastrostomia Endoscópica Percutânea (PEG) Introdução: A desnutrição é um problema grave, que quando presente contribui para o aumento significativo da morbilidade e mortalidade. Com este trabalho pretende-se relembrar a temática da nutrição entérica através da SNG (sonda nasogástrica) e PEG (gastrostomia endoscópica percutânea) com especial atenção para a nutrição através de PEG, as suas indicações, vantagens, contra-indicações e cuidados a ter. Desenvolvimento: A via oral é o método preferencial para administração da alimentação, no entanto quando esta está comprometida, as vias de acesso podem ser através de SNG ou PEG. A PEG surgiu em 1980, sendo considerada um método simples e reversível. Em 1996 Norton B et al1) efectuaram um estudo prospectivo em que compararam a utilização de SNG versus PEG em utentes após AVC e concluíram que “a PEG é claramente superior à SNG e deve ser eleita a via para nutrição entérica na disfagia pós-AVC.” Actualmente e de acordo com as recomendações da American Society Gastrointestinal Endoscopy (2006), desde que o utente tenha um tubo digestivo funcionante e se preveja a necessidade de nutrição entérica por um período superior a 30 dias, a PEG deve constituir a via de eleição. As principais complicações associadas à PEG são a inflamação e infecção do estoma por extravasamento de suco gástrico, que pode ser tratada ou prevenida, na maioria dos casos, com cuidados adequados ao estoma. A contra-indicação absoluta que impossibilita a realização deste procedimento prende-se com problemas anatómicos (ex. gastrectomia total) que serão devidamente avaliados pelo médico gastrenterologista. Os principais cuidados a ter com a PEG são: limpeza do estoma com água e sabão; colocação de compressa limpa e seca até que a incisão cicatrize, deixando de ser necessária quando isso ocorrer; a rotação diária da sonda, assim como vigilância do seu posicionamento em relação à parede abdominal. Os restantes cuidados são sobreponíveis aos cuidados ao utente com SNG. A remoção da PEG é considerada em duas situações: o utente recupera a deglutição e a PEG já não é necessária, ou o utente não recupera a deglutição e após os 6 meses de colocação da PEG, pode ponderar-se a substituição por um botão de gastrostomia. O utente com necessidade deste procedimento deve ser referenciado para a consulta de especialidade de Gastrenterologia, pelos meios habituais de encaminhamento de utentes, a solicitar avaliação/colocação de PEG. Resultados: Pretende-se melhorar o acesso dos utentes a este procedimento, de acordo com as actuais Recomendações, e contribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem prestados ao utente/família com PEG. Conclusão: Preconiza-se actualmente que a PEG constitui a via de eleição para a nutrição entérica em utentes que não se podem alimentar por via oral por um período igual ou superior a 30 dias. A PEG proporciona um suporte nutricional adequado, sendo uma solução de baixo custo, de gestão simples e com baixa taxa de complicações. Comparada com a SNG, a PEG contribui para uma diminuição significativa de pneumonia por aspiração e refluxo gastroesofágico, aumento significativo do conforto, melhoria da auto-estima e imagem do utente, traduzindo-se na melhoria da qualidade de vida. 1) A randomized prospective comparison of PEG and nasogastric tube feeding after acute dysphagic strok. Br Med J, 1996