Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 PROPOSTA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DE TRAJETÓRIA PARA MANIPULADORES INDUSTRIAIS JOSÉ L. N. SILVA¹, JOSIAS G. BATISTA¹, JONAS P. REGES¹, GEORGE A. P. THɲ. 1. Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará, Depto de Tecnologia Da Indústria. Campus Limoeiro do Norte, Rua Estevem Remígio 1145 CEP 62930-000, Limoeiro do Norte-CE. E-MAILS: [email protected] 2. Universidade Federal do Ceará, Depto de Eng. De Teleinformática. Campus do Pici, Caixa Postal 6007 CEP 60755-640, Fortaleza-CE. E-MAILS:[email protected] Abstract - This work is a proposal that includes a solution for trajectory generation based on artificial potential fields and a solution to the trajectory control based on Jacobian Matrix Inverse manipulators . The paper presents the technique of field potential as an alternative to planning the trajectory of a manipulator, considering the presence of obstacles in the workspace and control points . It also presents a numerical example illustrating the applicability of the methodology , presenting a trajectory to be followed by the robot , established by analyzing the gradient of the objective function . This work also set the trajectory control of manipulators in Cartesian space and joint space . Presented the pseudo - inverse of Moore - Peronse as a solution to calculate the inverse Jacobian matrix of manipulators with varying number of degrees of freedom. In these cases the concept of the pseudo- inverse matrix to the left and right are applied . It is presented a solution for the trajectory control using the inverse of the Jacobian matrix. It also includes simulations for trajectory generation and control of a planar manipulator using the concepts developed in this work. Keywords – Trajectory planning, Artificial Potential Field, Trajectory Control, Inverse Jacobian. Resumo - Este trabalho consiste numa proposta que inclui uma solução para geração de trajetória baseada em Campos Potenciais Artificiais e uma solução para o controle de trajetória baseada na Matriz Jacobiana Inversa de robôs manipuladores. O trabalho apresenta a técnica de campo potencial como alternativa para planejamento da trajetória de um manipulador, considerando a presença de obstáculos no espaço de trabalho e pontos de controle. Este trabalho Também apresenta um exemplo numérico que ilustra a aplicabilidade da metodologia, apresentando uma trajetória a ser seguida pelo robô, estabelecido pela análise do gradiente da função objetivo. Também é definido o controle de trajetória de manipuladores no espaço cartesiano e espaço das juntas. Apresentada a matriz pseudo-inversa de Moore-Peronse como uma solução o cálculo da matriz Jacobiana inversa de manipuladores com numero de graus de liberdade variados. Nestes casos são aplicados os conceitos da matriz pseudo-inversa à esquerda e à direita. È apresentada uma solução para o controle de trajetória usando a inversa da matriz Jacobiana. É também inclui simulações para geração e controle de trajetória de um manipulador planar usando os conceitos desenvolvidos neste trabalho. Palavras-chave – Planejamento Trajetória, Campo Potencial Artificial, Controle de Trajetória, Jacobiano Inverso. problema de navegação robô consiste em realizar, em uma única etapa, as seguintes tarefas (siciliano, 2009): 1. Introdução O problema da geração de trajetória consiste em levar o manipulador robótico para a posição especificada, independentemente da posição inicial e das variáveis do ambiente. • • • Este problema está incluso no quadro mais geral da chamada navegação de robôs. O 3954 Planejamento de trajetória; Geração de trajetória; Controle de trajetória. Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 nome ao fato de o campo (vetorial) de forças F(x) ser derivado do campo (escalar) potencial U(x). A função potencial U(x) é típicamente definida no espaço livre como a combinação linear de um campo atrativo, Uatr(x), que atrai o robô para a posição alvo, e de um potencial repulsivo, Urep(x), que o repele para longe dos obstáculos (Latombe, 1991). Assim, considerando a presença de um único obstáculo, definindo as coordenadas da posição do obstáculo como sendo Xobs = (xobs, yobs), a posição do alvo por Xalvo = (xalvo, yalvo), e a posição do centro do robô por X = (x, y) (no caso de um robô móvel) ou origem do sistema de coordenadas da ferramenta (no caso de um manipulador), a trajetória gerada é função do seguinte campo de potencial artificial: Planejamento de trajetória consiste em determinar uma curva no espaço de trabalho, ligando a posição desejada inicial e final do atuador, evitando qualquer obstáculo. A união das posições no espaço cartesiano define dois tipos de perfis para deslocamentos lineares e circulares. Neste trabalho será usada a técnica de campo potencial artificial para realizar o planejamento da trajetória (Craig, 2005). A trajetória parametrizada em tempo resultante, que é comumente chamado de trajetória de referência, é obtida principalmente em termos das coordenadas e perfis definidos no espaço de trabalho. Então, usando o método da cinemática inversa podemos obter uma trajetória parametrizada no tempo para as coordenadas no espaço das juntas. O controle de trajetória consiste em resolver o problema de rastreamento da trajetoria de referência. Nesta etapa será implemtado um algoritmo baseado na matriz inversa do Jacobiano da cinemática do robô. Neste trabalho são realizadas simulações para verificar a aplicação dos conceitos apresentados em um manipulador planar de dois graus de liberdade, além de uma discusão sobre o cálculo da matriz pseudo-inverva para manipuladores com vários graus de liberdade (Romano, 2002). Também são adotadas duas premissas importantes para a geração e o planejamento de trajetórias são a completude e a otimalidade. Um planejamento completo garante que, caso exista uma trajetória no espaço de trabalho, ela será encontrada. Enquanto um planejamento ótimo encontra o caminho de menor custo de acordo com alguma métrica especificada, neste trabalho a métrica adotada é distância mínima (Aguirre, 2007). U ( x ) = U atr ( x ) + U rep (x ) . (1) Em que U(x) é o potencial resultante do campo artificial, Uatr (x) é o potencial atrativo produzido pela posição do alvo, Xalvo, no centro do robô, x, e Urep (x) é o potencial repulsivo induzido pelo obstáculo em x. O vetor que representa a força que deve aplicada no centro do robô móvel ou ferramenta de um manipulador é dado por: F ( x ) = Fatr ( x ) + Frep ( x ) . (2) Onde Fatr ( x) = −∇[U atr ( x )] . [ ] Frep ( x ) = −∇ U rep ( x ) . (3) (4) Em que F(x) é a força resultante, Fatr(x) é uma força atrativa que guia o centro do robô ao alvo, e Frep(x) é uma força que induz uma repulsão artificial da superfície do obstáculo produzida por Urep(x) (siciliano, 2009). A geração de trajetória usando campos de potencial é um método que pode ser utilizado para planejamento global off-line, quando o ambiente do robô é conhecido à priori, ou em planejamento local on-line quando o ambiente é desconhecido e a presença dos obstáculos vai sendo detectada pelos sensores montados no robô. Sob a influência do campo potencial artificial, o robô move-se na direção do simétrico do gradiente, de zonas de potencial mais elevado para a zona de menor potencial (na posição do alvo - mínimo global), onde o gradiente é nulo. No entanto, o campo potencial pode possuir outros mínimos locais. Este é um problema comum para todas as técnicas de otimização que usam o gradiente de uma função. 2. Planejamento de Trajetória Usando Campos Potenciais Artificiais O planejamento de trajetória com Campos de Potencial Artificiais foi introduzido por Oussama Khatib (Khatib, 1985) neste método, considera-se x como uma posição de um ponto que se move num campo de forças. O alvo fornece uma força atrativa e os obstáculos, forças repulsivas. Khatib descreve a filosofia do método de campos de potencial artificiais como: ”The manipulator moves in a field of forces. The position to be reached is an attractive pole for the end effector and obstacles are repulsive surfaces.” Embora este método tenha sido inicialmente introduzido para manipuladores, à maioria das aplicações é no campo da robótica móvel (Silva, 2005), (Tilove,1990). O método de campos de potencial artificiais deve o seu 3955 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 mapeamento não linear entre o espaço das juntas e o espaço cartesiano, realizado pelo modelo cinemático direto (equação 5). Onde T(q) é uma matriz de transformação homogênea que resolve o problema da cinemática direta dos manipuladores. Em (Volpe, 1990) os campos de potencial repulsivos em vez de tenderem para infinito à medida que o robô se aproxima da superfície do obstáculo, tendem suavemente para um valor finito. Este método não elimina a existência de mínimo local, mas reduz a sua existência quando em presença de obstáculos convexos. Apresentam como vantagem a possibilidades de serem empregadas em tempo real. Outra ferramenta para tratar mínimos locais são as funções harmônicas que obedecem à equação de Laplace. Em (Connolly,1990) é utilizada a equação de Laplace onde as fronteiras dos obstáculos são condições de fronteira, daqui resulta uma função harmônica que não tem mínimos locais e que pode ser utilizada como função potencial para o planeamento da trajetória do robô. Além de requerer total conhecimento à priori da geometria do mundo, portanto, não poder ser utilizado para planejamento em tempo real, tem um custo computacional muito elevado (Silva, 2005). Para manipuladores outro ponto é o fato da definição do campo de repulsão somente para a origem do sistema de coordenadas da junta não garante que o robô evitará a colisão com o obstáculo. Portanto é necessária a definição dos chamados pontos de controle. Os pontos de controle são definidos como pontos nos elos do robô que são sensíveis aos obstáculos. Um exemplo de ponto de controle é o centro de massa do elo (Spong, 2006). Há algumas aplicações deste método para ambientes móveis de geometria complexa, funcionando para controle de trajetórias de manipuladores robotizados (Harden, 1997). A técnica de campos potenciais artificiais, permite uma implementação em tempo real (on line), gerando um caminho contínuo e geralmente suave. Sua principal desvantagem está na aparição de mínimos locais que chegam a produzir uma parada no algoritmo empregado (Latombe, 1991). Outra desvantagem é determinar o número de pontos de controle sobre o manipulador. Se não houver números suficientes de pontos existe o risco de colisão de partes do manipulador com obstáculos (Harden, 1997), (Krogh, 1984). Para robôs móveis este problema não existe porque se trata o robô móvel como um ponto no espaço. O centro geométrico é o único ponto de controle. X = T ( q) q . (5) O mapeamento dos pontos gerados é feito ponto a ponto utilizando-se o modelo cinemático inverso (equação 6). q = T ( q ) −1 X . (6) Ou seja, para cada ponto da trajetória cartesiana são computados, através do modelo cinemático inverso, os valores das variáveis de junta correspondentes, que podem então ser utilizados como referência para os controladores de junta (siciliano, 2009). No entanto, devido ao mapeamento nãolinear realizado pelo modelo cinemático inverso, podem ocorrer problemas de singularidades. Isto é, pode ocorrer que para alguns pontos da trajetória espacial não seja possível obter o ponto mapeado no espaço das juntas, significando que a trajetória espacial desejada, gerada com o campo potencial artificial, não seja executável (Craig, 2005). A cinemática diferencial estabelece a relação entre as velocidades das juntas e as correspondentes velocidades linear e angular do efetuador. Este mapeamento é descrito através da matriz Jacobiana que em geral depende da configuração do manipulador (siciliano, 2009). Portanto o controlador do robô deve estabelecer que velocidades sejam aplicadas em cada junta para conseguir que o atuador do robô desenvolva uma trajetória, por exemplo, seguir a trajetória de referência gerada pelo método de campo potencial artificial. Para este e outros fins, é de grande utilidade dispor da relação entre as velocidades das coordenadas angulares e a posição do extremo do robô. A relação entre ambos os vetores de velocidade se obtém através da denominada matriz Jacobiana J. A matriz Jacobiana direta permitir conhecer as velocidades do extremo do robô a partir das velocidades de cada junta: . . X = J (q) q . (7) Assim, a matriz jacobiana inversa permitir conhecer as velocidades necessárias em cada junta para obter uma determinada velocidade no extremo do robô: 3. Controle de Trajetória de Manipuladores Quando a trajetória é gerada no espaço de trabalho (espaço cartesiano) pelo método do campo potencial não são facilmente convertidos os pontos para o espaço das juntas q, devido ao . . q = J (q) −1 X . 3956 (8) Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 implementação em uma linguagem de programação. Tais técnicas não são apenas rápidas, mas também, retornam respostas precisas (Malajovich, 2010). Para manipuladores redundantes, aqueles que dispõem de uma quantidade de graus de liberdade maior do que a quantidade de variáveis necessárias para cumprir uma determinada tarefa ou manipuladores com n < 6, o Jacobiano não pode ser invertido, pelo fato da matriz Jacobiana não ser quadrada. Para estes casos lança-se mão da denominada pseudoinversa de Moore-Penrose. A mesma existe para qualquer matriz que satisfaz as quatro condições que definem uma matriz pseudo-inversa abaixo. 4. Definição do Jacobiano Inverso Para executar tarefas complexas, definida no espaço de trabalho (cartesiano) de um manipulador industrial, são necessários no mínimo seis graus de liberdade. Três para posição e três para orientação do atuador. Denotando-se por m o número de graus de liberdade necessários à execução de uma tarefa e por n os graus de liberdade do manipulador, a matriz Jacobiana é uma matriz m x n, pode-se encontrar relação ao sistema linear associado ao Jacobiano inverso, três situações para os manipuladores robóticos: 1.TT +T = T • Se n < m: não existe solução. • Se n = m pode ocorrer dois casos: primeiro existe um número finito de soluções fora das configurações singulares; segundo existe um numero infinito de soluções nas configurações singulares. • Se n > m, tem-se uma redundancia e existe um numero infinito de soluções. Para obter uma solução única, introduzem-se restrições no espaço de trabalho, ou usa-se um método que minimize determinado critério de desempenho. 2.T +TT + = T + 3.T +T = [T +T ]T (9) 4.TT + = [TT + ]T [.]T Onde denota a matriz transporta. A pseudo-inversa de Moore-Penrose pode ser obtida por decomposição (Malajovich, 2010). A inversa de Moore-Penrose reduz-se à chamada pseudo-inversa à direita se m ≤ n . Aplicando as propriedades obtemos a expressão para pseudo-inversa a direita. Estes casos occorrem para a maioria dos manipuladores industriais, mas existem casos particulares em que não são aplicáveis (Siciliano, 2009). Para o controle de trajetória em tempo real é necessário à solução do problema da cinemática inversa e da matriz jacobiana inversa. A matriz Jacobiana inversa pode ser obtida através de dois métodos: Inversão simbólica: se deixarmos a matriz Jacobiana em sua forma original, forma simbólica, pode-se encontrar a inversa usando a álgebra linear. Exemplo método de Gauss. Mas a complexidade do Jacobiano inverso obtido torna este procedimento muito difícil ou até mesmo impossível. Esta solução é um caso específico que ocorre quando a quantidade de graus de liberdade (n) igual à quantidade de variáveis necessárias (m) para executar uma tarefa. Inversão numérica: para cada instante, a configuração do robô define um conjunto de variáveis no espaço das juntas, deste modo então a matriz Jacobiana, em cada instante, é uma matriz numérica diferente. A literatura em análise numérica apresenta diversas técnicas para a inversão de matrizes. Exemplos são o método da pseudo-inversa de Greville e o método da pseudo-inversa de Moore-Penrose. Este último é adotado neste trabalho por ser mais simples sua definição e fácil à TR+ = T T (TT T ) −1 . (10) A inversa de Moore-Penrose reduz-se à chamada pseudo-inversa à esquerda se m ≥ n . Aplicando as propriedades obtemos a expressão para pseudo-inversa à esquerda. TL+ = (T T T ) −1T T . Aplicando estas definições para manipuladores industriais segue que: (11) os Para o manipulador com n > m: manipulador redundante, utilizamos o conceito da pseudoinversa à direita para determinar do Jacobiano inverso J −1 . J ∈ R mxn , se m < n e o ( JJ T ) −1 existe (Malajovich, rank J = m, então ( JJ T ) ∈ R mxm e tem rank 2010). E neste caso Proposição 1: Para m. usando este resultado obtemos: ( JJ T )( JJ T ) −1 = I J [ J T ( JJ T ) −1 ] = I JJ + = I 3957 (12) Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Onde + T 5. Simulação da geração de trajetória usando campo potencial artificial para manipulador T −1 J = J ( JJ ) (13) Nesta parte do trabalho é feita a geração de trajetória para um robô planar com dois graus de liberdade. O caminho gerado deve evitar a colisão com os obstáculos. Os mesmo são representados por círculos azuis com raio igual a duas unidades. O centro destes círculos são os pontos de coordenadas (1,0) e (-1,0). O cenário para simulação é formado pela posição inicial, posição alvo e a posição do centro geométrico do obstáculo. A posição inicial é dada pela seguinte coordenada no plano: A equação (13) é chamado de matriz pseudo-inversa à direita da matriz Jacobiana J do manipulador. Substituindo a (13) na (8) encontramos a solução do mapeamento das velocidades para o manipulador com n > m: . . q = J T ( JJ T ) −1 X (14) Para o manipulador com n < m: utilizamos o conceito da pseudo-inversa à esquerda para determinar do Jacobiano inverso. x0 = ( x0 , y0 ) = (0,4) J ∈ R nxm , se m > n e o T −1 rank J = n, então ( J J ) existe (Malajovich, A posição alvo é dada pela seguinte coordenada: Proposição 2: Para 2010). E neste caso (18) xT = ( xT , yT ) = (0,−4) ( J T J ) ∈ R nxn e tem rank (19) n. usando este resultado obtemos: Com a definição da posição inicial, uma força de repulsão pode ser gerada na mesma. É uma maneira de garantir que a inércia do movimento será vencida e também que não haverá um mínimo local na posição inicial. A função adotada para representar a repulsão da posição inicial foi (Lavalle, 2006): ( J T J ) −1 ( J T J ) = I [( J T J ) −1 J T ]J = I (15) J +J = I Onde J + = ( J T J ) −1 J T (16) Vr ( x, y ) = A equação (16) é chamado de matriz pseudo-inversa à esquerda da matriz Jacobiana J do manipulador. Substituindo esta equação na equação (8) encontramos uma solução para cinemática inversa da velocidade de manipuladores com n < m. . (x − x0 )2 + ( y − y0 )2 . (20) Onde Kr é um parâmetro que controla a intensidade desta repulsão na posição inicial, ou seja, Kr é o parâmetro que define a intensidade do campo de repulsão para a posição inicial. Em seguida, para calcular as forças devido à ação deste campo usando o conceito do gradiente nas direções x e y da equação (20). . q = ( J T J ) −1 J T X . Kr (17) A utilização de robôs em tarefas complexas como montagem, e o aumento da velocidade, implicará na utilização de mecanismos de controle mais complexos do que os atualmente utilizados na prática. Estas técnicas de controle certamente estarão baseadas numa maior utilização dos modelos matemáticos que usarão a inversa da matriz Jacobiana. Portanto as equações (14) e (17) poderão ser utilizadas não só neste trabalho, mas também no desenvolvimento de manipuladores industriais. ∂Vr . ∂x ∂V f yr ( x, y ) = − r . ∂y f xr ( x, y ) = − (21) (22) Com a definição da posição alvo, uma força de atração pode ser gerada na própria posição inicial. A função adotada que representa a atração para posição alvo foi adotada como (Langer, 2007): Va ( x, y ) = 3958 1 2 2 K a ( x − xT ) + ( y − yT ) . (23) 2 [ ] Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Para geração de trajetória usando Campo Potencial Artificial, foram selecionadas intensidades para os parâmetros conforme mostrados na Tabela 1. Estes valores apresentaram os melhores resultados na simulação, adotando como critérios atingir a posição sem colisão com obstáculos e a manutenção da distância mínima dos obstáculos para trajetória não ser demasiadamente longa. Considere que a trajetória gerada é a trajetória executada pelo atuador do manipulador planar no espaço de trabalho. O campo potencial gerado com estes parâmetros esta representado na Figura 1. O campo vetorial de forças gerado pelo gradiente, ou as linhas do campo artificial, são representadas com espaçamento (distancia entre as linhas de campo) de 0,4 milímetros entre linhas. As simulações foram realizadas com os parâmetros Ka e Kr constantes. Os valores para o parâmetro Ko foram variados no intervalo de 1 até 10. Na figura 2 é apresentada a trajetória gerada com os parâmetros da Tabela 1. A trajetória gerada atende aos dois critérios de completude e otimalidade. Na figura 3 é apresentada a trajetória gerada com parâmetros da Tabela 2. A trajetória gerada não atende aos dois critérios adotados, pois, com o parâmetro Ko no menor valor adotado, a presença dos obstáculos é praticamente ignorada e a colisão é certa. Portanto, essa configuração propicia o pior o desempenho como planejador de trajetória. Na figura 4 é apresentada a trajetória gerada com os parâmetros da Tabela 3. A trajetória gerada também não atende aos dois critérios adotados, pois, com o parâmetro Ko no maior valor adotado, a presença dos obstáculos causa um desvio muito grande e a posição alvo nunca será atingida. No entanto o desempenho é melhor a simulação com Ko=1, pois não houve colisão com os obstáculos. Onde Ka é um parâmetro que controla a intensidade da atração ao alvo, ou seja, Ka é o parâmetro que define a intensidade do campo de atração para posição alvo. Em, seguida, para calcular as forças devido à ação deste campo, é utilizado o conceito do gradiente nas direções x e y da equação (23). ∂Va = − K a ( x − xT ) . ∂x ∂V f ya ( x, y ) = − a = − K a ( y − yT ) . ∂y f xa ( x, y ) = − (24) (25) Com a definição dos obstáculos, ou seja, as coordenadas que representam a localização dos centros dos obstáculos (Xoi, Yoi), são geradas as forcas de repulsão. A função que representa a repulsão devido à presença de um obstáculo foi adotada como (Langer, 2007): Vo ( x, y ) = Ko 2 (x − xoi ) + ( y − yoi )2 . (26) Onde Ko é um parâmetro que controla a intensidade da repulsão aos obstáculos, ou seja, Ko é o parâmetro que define a intensidade deste campo de repulsão. No entanto na presença de vários obstáculos foi realizada a integração dos campos gerados por cada obstáculo. Em, seguida, para calcular as forças devido à ação deste campo, é utilizado o conceito do gradiente nas direções x e y da equação (26). ∂Vo . ∂x ∂V f yo ( x, y ) = − o . ∂y f xo ( x, y ) = − (27) (28) A ação total do campo potencial é obtida pela soma de cada força em sua respectiva direção, conforme equações (29) e (30). Outro ponto importante da simulação é o fato desta metodologia ter sido aplicada inicialmente para o sistema de coordenadas localizado no atuador. Posteriormente foram adotados pontos de controle localizados nos centros de massa de cada elo do manipulador planar de dois graus de liberdade. 6. Simulação do Controle de trajetória usando o Jacobiano inverso Nesta simulação foi usada equação (18) na solução do problema de controle de trajetória contínua tendo como entrada as variáveis no espaço de trabalho (cartesiano), geradas no planejamento de trajetória pelo campo potencial artificial. Após o mapeamento destas coordenadas temos a posição definida no espaço das juntas que será o sinal de referência a ser seguido. f x ( x, y) = f xa ( x, y ) + f xr (x, y ) + f xo (x, y) . (29) f y (x, y ) = f ya (x, y ) + f yr (x, y ) + f yo (x, y) . (30) 3959 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 O controle de trajetória no espaço cartesiano da garra pode gerar posições intermediárias nas juntas que estejam fora do espaço de trabalho das mesmas ou que resultem em configurações singulares para o robô. Todas estas razões fazem com que normalmente seja utilizada a interpolação no espaço das juntas. Os dados inseridos para a simulação foram a posição inicial das juntas 10º e 15º para juntas 1 e 2, considerando o manipulador planar. A posição final é 75º para primeira junta e 45º para a segunda. Esta trajetória foi definida com tempo de execução de três segundos (Figura 5). A trajetória gerada no espaço das juntas é mostrada na Figura 6. Figura 3. Caminho gerado Ko=1 Tabela 1. Parâmetros e intensidades. Parâmetro Intensidade Ka 25 Kr 30 Ko 5 Tabela 2. Parâmetros e intensidades. Parâmetro Intensidade Ka 25 Kr 30 Ko 1 Tabela 3. Parâmetros e intensidades. Parâmetro Intensidade Ka 25 Kr 30 Figura 4. Caminho gerado Ko=10 Ko 10 Figura 5. Espaço para inserir dados da simulação. Figura 1. Campo potencial resultante Figura 2. Caminho gerado Figura 6. Resultado das simulações para manipulador de dois de liberdade 3960 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Harden (1997), T.A.The Implementation of Artificial Potential Field Based Obstacle Avoidance for a Redundant Manipulator. Ph.D. Thesis, University of Texas, Austin, USA. Khatib (1985), O. Real-time obstacle avoidance for manipulators and mobile robots. In: IEEE Conference on Robotics and Automation. Vol. 2. pp. 500–505. Krogh, (1984) B. 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Este custo pode ser ainda menor se o espaço de trabalho for pré-processado, como em ambientes estáticos. Como desvantagem, podese ressaltar o problema dos mínimos locais. Para escapar deste problema adotamos as soluções apresentadas em (Volpe, 1990). Portanto o método de Campo potencial artificial requer ajustar vários parâmetros para que a trajetória gerada seja satisfatória. Como mostrado neste trabalho, através da seleção adequada dos parâmetros Ka, Kr e Ko pode-se atingir a posição e otimizar o caminho percorrendo a distância mínima. Os resultados das simulações foram satisfatórios, visto que a solução proposta, quando aplicada a um manipulador planar de dois graus de liberdade, apresentou completude e a otimalidade. Também foi possível verificar que manipuladores industriais com o número de graus de liberdade n < 6 podem ter a inversa da sua matriz jacobiana obtida através da pseudoinversa à esquerda. Portanto é possível implementar um algoritmo para o controle de trajetória em tempo real nestes manipuladores. Este trabalho representa uma contribuição pelo fato de aplicar uma técnica consagrada na literatura, Campo Potencial Artificial, para geração de trajetória de manipuladores industriais, pois através de pesquisa bibliográfica verifica-se sua aplicação restrita a robótica móvel (Langer, 2007) (Silva, 2005). Outra contribuição é a solução do problema da cinemática inversa usando o Jacobiano inverso. 9. Referencias bibliográficas Aguirre (2007), L. A. (Ed.). Enciclopédia de Automática: Controle e Automação. 1. ed. São Paulo: Blutcher, v. III, 2007. Craig (2005), John J., “Introduction to Robotics,” 3rd Edition, Pearson Education, Inc. Connolly (1990), C.I., J.B. Burns and R. Weiss. Path planning using Laplace’s equation. IEEE Conference on Robotics and Automation pp. 2102–2106. 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