AS PALAVRAS E SUAS FUNÇÕES Programa – Conhecendo nosso idioma Curso 4 CETEB - Centro de Ensino Tecnológico de Brasília Brasília, DF – 2007 Apresentação Uma das características do momento histórico vivido pela humanidade á a rapidez com que a informação circula neste mundo globalizado. É indiscutível a importância da Internet na disseminação da informação. Textos maravilhosos chegam-nos às mãos quase que diariamente e, logo, queremos enviá-los a nossos amigos, explorá-los em sala de aula com nossos alunos, tão ricos em conteúdo são. No entanto uma segunda leitura já arrefece o nosso entusiasmo, pois a maioria desses textos constitui um atentado à lingua portuguesa. Seus autores, ou tradutores, demonstram total desconhecimento das normas básicas da nossa língua. Sabemos que o domínio da língua materna, tanto oral quanto escrita, tornou-se uma habilidade das mais valorizadas no campo profissional, em qualquer área de atuação. Executivos bemsucedidos devem, obrigatoriamente, dominar o Português. E, como o imediatismo das comunicações impede que se busque sempre um especialista para realizar as revisões em nosso cotidiano, a solução é procurar rever e ampliar nosso conhecimento, mediante cursos que nos propiciem o acesso ao conhecimento dos aspectos lingüísticos básicos do Português, de forma agradável, nos momentos disponíveis do dia-a-dia, e no prazo que nos for conveniente. Nessa perspectiva, o CETEB, servindo-se da vasta experiência em Educação a Distância, oferece o Programa – Conhecendo nosso idioma, com cursos que possibilitam rever, ampliar e atualizar os conhecimentos lingüísticos, favorecendo a habilidade de comunicação verbal. Objetivo do Programa Desenvolver habilidades e competências de comunicação verbal, mediante a discussão e análise de conteúdos lingüísticos básicos, em nível semântico, fonético, morfológico e sintático. Estrutura do Programa O Programa compõe-se de cinco cursos, assim constituídos: – Curso 01 – Conhecendo nosso idioma As palavras: seus significados e sons – Curso 02 – Conhecendo nosso idioma As palavras e suas classes: nomes – Curso 03 – Conhecendo nosso idioma As palavras e suas classes: verbo – Curso 04 – Conhecendo nosso idioma As palavras e suas funções – Curso 05 – Conhecendo nosso idioma As palavras e suas relações Como estudar a Língua Portuguesa Você deverá ler atentamente os textos das unidades e realizar todos os exercícios propostos. Sempre que tiver dúvida, não a guarde para si, tente tirá-la com seus colegas ou com o orientador do seu curso. Para que você possa enriquecer mais seu conhecimento da língua, sugerimos que leia jornais, revistas, livros e participe de espetáculos culturais. Certamente, após o estudo e a realização das atividades solicitadas, você dominará o Programa de Língua Portuguesa. DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial deste documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico, inclusive por processos xerográficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão expressa e por escrito do CETEB. Programa – Conhecendo nosso idioma Curso 04 – As palavras e suas funções Sabemos que a língua é o mais perfeito código de comunicação que existe. Por ser um código estruturado, utiliza-se de signos, cujo valor simbólico permite a transmissão de mensagens entre os membros de uma mesma coletividade. Os signos lingüísticos – as palavras – são constituídos de dois elementos: o significante (lado material – fonemas e letras) e o significado (lado imaterial – a idéia, o conceito). Para aperfeiçoar nossa habilidade de comunicação lingüística e conhecer melhor nosso idioma, é necessário não só entender o significado do sigino lingüístico, como também identificar suas classes, suas flexões e seu emprego adequado para atender às nossas necessidades de comunicação.Para aperfeiçoar nossa habilidade de comunicação lingüística e conhecer melhor nosso idioma, é necessário não só entender o significado do sigino lingüístico, como também identificar suas classes, suas flexões e seu emprego adequado para atender às nossas necessidades de comunicação. Neste curso, estudaremos as palavras e suas funções: a sintaxe que normativa a estrutura da língua e que nos possibilita expressar de maneira correta nossas idéias, em busca de uma comunicação mais eficiente. Entretanto o curso não se restringe a esses aspectos gramaticais. No decorrer do estudo, apresentaremos alguns textos para possibilitar-lhe ampliar as habilidades de leitura e de interpretação, bem como discutiremos aspectos de redação para auxiliá-lo a se expressar por meio da língua escrita. Objetivo geral do Curso Desenvolver habilidades e competências de comunicação lingüística a partir do estudo da estrutura frasal. 4 Curso 04 Sumário Curso 04 05 – Unidade 1 – Interpretação de texto: O senhor 07 – Unidade 2 – Frase e oração 09 – Unidade 3 – Sujeito 12 – Unidade 4 – Predicado 16 – Unidade 5 – Redação: Carta 20 – Unidade 6 – Interpretação de texto: Amor com A maiúsculo 22 – Unidade 7 – Objeto direto, objeto indireto e predicativo do objeto 27 – Unidade 8 – Complemento nominal e agente da passiva 29 – Unidade 9 – Adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto e vocativo 32 – Unidade 10 – Redação: Descrição, narração e dissertação 35 – Unidade 11 – Interpretação de texto: Elas estão à procura de outro homem 37 – Unidade 12 – Coerência entre as idéias 40 – Unidade 13 – Pontuação 45 – Unidade 14 – Redação: Dissertação 49 – Bibliografia consultada 5 Curso 04 Curso 4 – Conhecendo nosso idioma As palavras e suas funções Unidade 1 – O senhor Objetivo: Interpretar textos. Leia, com atenção, este texto de Rubem Braga. O SENHOR CARTA a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de “você”, se dirigiu ao autor chamando-o: “o senhor”: Senhora Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem ninguém. Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis “você” escolhestes a mim para tratar de “senhor”, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí, o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós dois um muro frio e triste. Vi o muro e calei. Não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira. De começo eram apenas os “brotos” ainda mal núbeis que me davam senhoria; depois assim começaram a tratar-me as moças de dezoito a vinte, com essa mistura de respeito, confiança, distância e desprezo que é o sabor dessa palavra melancólica. Sim, eu vi o muro; e, astuto ou desanimado, calei. Mas havia na roda um rapaz de ouvido fino e coração cruel; ele instou para que repetísseis a palavra; fingistes não entender o que ele pedia, e voltastes a dizer a frase sem usar nem “senhor”, nem “você”. Mas o danado insistiu e denunciou o que ouvira e que, no embaraço de vossa delicadeza, evitáveis repetir. Todos riram, inclusive nós dois. A roda era íntima e o caso era de riso. O que não quer dizer que fosse alegre; é das tristezas que rimos de coração mais leve. Vim para casa e como sou um homem forte, olhei-me ao espelho; e como tenho minhas fraque-zas, fiz um soneto. Para vos dar o tom, direi que no fim do segundo quarteto eu confesso que às vezes já me falece valor “para enfrentar o tédio dos espelhos”; e no último terceto digo a mim mesmo: “Volta, portanto, a cara e vê de perto – a cara, a tua cara verdadeira – ó Braga envelhecido, envelhecido.” Sim, a velhice é coisa vil; Bilac o disse em prosa, numa crônica, ainda que nos sonetos 1 ele almejasse envelhecer sorrindo. Não sou Bilac; e nem me dá consolo, mas tristeza, pensar que as musas desse poeta andam por aí encanecidas e murchas, se é que ainda andam e já não desceram todas à escuridão do túmulo. Vivem apenas, eternamente moças e lindas, na música de seus versos, cheios de sol e outras estrelas. Mas a verdade (ouvi, senhora, esta confissão de um senhor ido e vivido, ainda que mal e tristemente), a verdade não é o tempo que passa, a verdade é o instante. E vosso instante é de graça, juventude e extraordinária beleza. Tendes todos os direitos; sois um belo momento da aventura do gênero humano sobre a terra. Detrás do meu muro frio eu vos saúdo e canto. Mas ser senhor é triste; eu sou, senhora, e humildemente, o vosso servo – R. B. Glossário plebeu – pertencente à classe popular, à plebe. 6 Curso 04 núbeis – plural de núbil, significa que está em idade de casar. senhoria – qualidade ou condição de senhor ou senhora. instou – verbo instar, significa pedir, solicitar. soneto – composição poética de catorze versos, dispostos em dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos). falece – verbo falecer, significa morrer. vil – miserável, mesquinha. musas – seres inspiradores de poemas. encanecidas – que têm os cabelos brancos. b) “Sim, eu vi o muro; e, astuto ou desanimado, calei.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3. Essa foi a primeira vez que o autor recebeu o tratamento de senhor? O que ele diz sobre isso? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 4. Que acontecimento chamou a atenção de todos para o tratamento que a moça usou? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ III – Marque X nos parênteses diante da alternativa correta. servo – criado, servidor, escravo. Sabemos que Rubem Braga nasceu em 1913. Essa crônica é de 1951. Ele estava, portanto, com 38 anos quando a escreveu. Com base neste dado, podemos concluir que o autor Após a leitura do texto, não havendo dúvidas quanto à sua compreensão, realize os exercícios a seguir. a. b. c. d. Exercícios I – Dê o significado que têm no texto as palavras e expressões destacadas. 1. ...“só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos.” ________________________________________ 2. ...“ergueu entre nós dois um muro frio e triste.” ________________________________________ 3. ...“que é o sabor dessa palavra melancólica.” ________________________________________ 4. ...“um rapaz de ouvido fino e coração cruel”... ________________________________________ 5. ...“se é que ainda andam e já não desceram todas à escuridão do túmulo.” ________________________________________ II – Com base no texto, responda às questões. 1. Por que Rubem Braga ficou magoado quando uma jovem dirigiu-se a ele, chamando-o de senhor? Transcreva o trecho do texto em que ele diz a que atribuiu o fato. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2. O que revelam as frases: a) “Essa palavra ‘senhor’, no meio de uma frase, ergueu entre nós dois um muro triste.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ( ( ( ( ) ) ) ) parecia ter menos idade. aparentava a idade que tinha. estava envelhecido para a sua idade. era muito velho. IV – Em relação ao último parágrafo do texto, escreva, nos parênteses, (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. 1. ( 2. 3. 4. 5. 6. ) Bilac disse numa crônica que a velhice é coisa vil. ( ) Rubem Braga, em um soneto, declarou que desejava envelhecer sorrindo. ( ) Pensar nas musas de Bilac dá consolo a Rubem Braga. ( ) As musas de Bilac vivem eternamente moças em seus versos. ( ) Para Rubem Braga, a verdade é o tempo que passa. ( ) Ao dizer que “a verdade é o instante”, Rubem Braga está enaltecendo a juventude e a beleza da moça. Leia este soneto de Bilac mencionado no texto. VELHAS ÁRVORES Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera , e o inseto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem: 7 Curso 04 Na glória da alegria e da bondade Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! Chave de correção I – 1. 2. 3. 4. 5. no branco; uma barreira (ou uma distância, ou um impedimento); gosto/triste; aguçado (ou afiado, ou apurado); morreram. II – 1. O cronista ficou magoado porque entendeu que a jovem o chamou de senhor por considerá-lo velho. Isto se revela no trecho: “é bem verdade que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí, o território onde eu mando é no país do tempo que foi.” 2. a) O cronista se sentiu excluído do mundo dos jovens. O tratamento “senhor” foi sentido como uma barreira que o afastava da jovem. b) Ele percebeu a barreira e ficou calado. Poderia ter protestado, ter dito: “me chame de você” ou qualquer coisa do gênero, mas por “astúcia ou desânimo” calou. Astúcia por não querer chamar a atenção para o fato. Desânimo por achar que de nada adiantaria. O estrago já estava feito. 3. Rubem Braga revela que essa não foi a primeira vez que assim foi tratado. No início, eram apenas as moças muito jovens. Depois, as moças de dezoito a vinte anos também passaram a tratá-lo de senhor. 4. Na roda, havia um rapaz “de ouvido fino e coração cruel” que pediu à moça que repetisse a palavra. E, mais que isso, insistiu e denunciou o que ouvira, quando a moça, por delicadeza, não quis repetir a palavra senhor. III – c. ( x ); IV – 1. ( V ); 2. ( F ) Foi Olavo Bilac que, em um soneto, mencionou o desejo de envelhecer sorrindo. 3. ( F ) Rubem Braga se entristece ao pensar nas musas de Bilac. 4. ( V ); 5. ( F ) Para Rubem Braga, a verdade é o instante que passa. 6. ( V ) Note que há frases grandes e frases constituí-das de uma só palavra. Algumas possuem verbo e outras não. O que caracteriza, então, a frase? Observe que todas elas possuem sentido completo, mesmo que sejam formadas de uma só palavra. Podemos então dizer que frase é todo enunciado de sentido completo. As frases podem ser formadas 1. de uma só palavra, que pode ou não ser um verbo. Chove. Volte! Atenção! Socorro! 2. de várias palavras, entre as quais pode ou não estar incluído um verbo. • com verbo: Sim, eu vi o muro. “Detrás do meu muro frio eu vos saúdo e canto.” • sem verbo: Que tristeza! Qual nada! Vimos, então, que, para que haja frase, a presença do verbo não é necessária. Se o enunciado possui sentido completo, ele será uma frase. As frases sem verbo são chamadas de frases nominais. Frase e oração 10 Sim, eu vi o muro. 20 “Vi o muro/e calei.” UNIDADE 2 – Frase e Oração A primeira frase tem apenas um verbo; a segunda, dois. Dizemos, então, que, na primeira, há uma oração e, na segunda, duas. Objetivos: Reconhecer frases e orações e identificar os elementos básicos da oração. Temos, então, que a frase pode conter uma ou mais orações. Observe as frases: 1. Contém apenas uma oração, quando apresenta Sim, eu vi o muro. Envelheço. “Detrás do meu muro frio eu vos saúdo e canto.” Que tristeza! Atenção! Silêncio! • uma forma verbal: Sim, eu vi o muro. • duas ou mais formas verbais, integrantes de uma locução verbal. Os cabelos foram ficando brancos. 8 Curso 04 2. Contém mais de uma oração, quando há nela mais de uma ação verbal. “Vi o muro/e calei.” (duas orações) “Não é de muito, /eu juro/, que me acon-tece essa tristeza; /mas também não era a vez primeira.” (quatro orações) Quando a frase é constituída de uma só oração, dizemos que o período é simples e a oração é absoluta; quando a frase é formada de duas ou mais orações constitui um período composto. “Vi o muro/e calei.” Dois verbos → duas orações Período composto A estrutura básica da oração “A roda era íntima”... ...“eu vi o muro”... ...“a velhice é coisa vil”... Observe que nessas orações é sempre feita uma declaração a respeito de algo ou de alguém. O elemento do qual se fala denomina-se sujeito, a declaração recebe o nome de predicado. Veja: Sim, eu vi o muro. Um só verbo → uma só oração Período simples – oração absoluta Temos assim que dois termos formam a estrutura básica da oração: o sujeito e o predicado. Veja. A roda era íntima”... sujeito predicado ...“eu vi o muro”... sujeito predicado o ser de quem se diz algo → a roda → sujeito aquilo que se diz do ser → era íntima → predicado o ser de quem se diz algo → eu → sujeito aquilo que se diz do ser → vi o muro → predicado ...“a velhice é coisa vil”... sujeito predicado Para se encontrar o sujeito de uma oração, basta fazer, antes do verbo, a pergunta: Quem? (para pessoas) ou O quê? (para coisas). Assim: • A roda era íntima. O que era íntima? A roda. sujeito • Eu vi o muro. Quem viu o muro? Eu. sujeito • A velhice é coisa vil. O que é coisa vil? A velhice. sujeito Você já sabe, então, que o elemento da oração a respeito do qual se diz alguma coisa é o sujeito e que aquilo que se diz do sujeito é o predicado. Esses são os dois termos essenciais da oração, que estudaremos, em profundidade, na próxima unidade. Responda, agora, aos exercícios. o ser de quem se diz algo → a velhice → sujeito aquilo que se diz do ser → é coisa vil → predicado Exercícios I – Escreva, nos parênteses, F para as frases nominais e O para as orações. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Socorro! Que carta longa! Responda! Calei. Volte logo! Atenção! “Não sou Bilac.” “A verdade é o instante.” Que dia! Silêncio! II – Transforme as frases nominais em orações acrescentando um verbo. 1. Silêncio! ________________________________________ 2. Que dia! ________________________________________ 3. Atenção! ________________________________________ 9 Curso 04 III – Destaque os verbos e divida os períodos em orações, classificando-os em simples ou compostos. 1. “Não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza.” ________________________________________ 2. “E vosso instante é de graça, juventude e extraordinária beleza.” ________________________________________ IV – Indique, nas orações, o sujeito e o predicado como no modelo. Observe as orações: Teresa chamou o cronista de senhor. sujeito A bela Teresa chamou o cronista de senhor. sujeito Veja que o sujeito pode aparecer sozinho ou acompanhado de outros elementos que o determinam, especificam, situam ou descrevem. 3. Eu fiz um soneto. O elemento principal, o ser do qual se diz alguma coisa, no caso Teresa, recebe o nome de núcleo do sujeito. Os demais elementos são os adjuntos adnominais. 4. A moça recebeu a carta do cronista. Veja: 5. O rapaz tinha um coração cruel. A bela Teresa chamou o cronista de senhor. 1. O velho cronista escreveu uma carta. 2. A jovem ficou triste. Chave de correção I – 1. ( F ); 2. ( F ); 3. ( O ); 4. ( O ); 5. ( O ); 6. ( F ); 7. ( O ); 8. ( O ); 9. ( F ); 10. ( F ). II – Veja algumas sugestões. Suas orações não precisam ser iguais a estas. 1. Faça silêncio! Peço silêncio! 2. Que dia é esse? Que dia está nascendo! 3. Preste atenção! Quero atenção! III – 1. “Não é de muito, / eu juro, / que me acontece essa tristeza.” Período composto 2. “E vosso instante é de graça, juventude e extraordinária beleza.” Período simples – oração absoluta IV – 1. O velho cronista escreveu uma carta. sujeito predicado 2. A jovem ficou triste. sujeito predicado 3. Eu fiz um soneto. 4. A moça recebeu a carta do cronista. predicado 5. O rapaz tinha um coração cruel. sujeito núcleo do sujeito As flores do campo murcharam. sujeito núcleo do sujeito Na primeira oração, temos como sujeito a bela Teresa. O núcleo do sujeito é Teresa. A e bela são os adjuntos adnominais que determinam e caracterizam o núcleo do sujeito. Na segunda oração, temos como sujeito as flores do campo. O núcleo do sujeito é flores. As e do campo são os adjuntos adnominais que determinam e caracterizam o núcleo do sujeito. Nos exemplos a seguir, observe a classe gramatical das palavras que constituem o núcleo dos sujeitos e os adjuntos adnominais. Os cabelos brancos nem apareciam. adjunto ⇒ adjetivo sujeito predicado sujeito sujeito predicado núcleo do sujeito ⇒ substantivo adjunto ⇒ artigo Ele ficou triste. sujeito ⇒ pronome Um é pouco. UNIDADE 3 – Sujeito Objetivo: Identificar e classificar o sujeito das orações. Você já sabe que sujeito é o ser de quem ou do qual se diz alguma coisa. sujeito ⇒ numeral Viver é maravilhoso. sujeito ⇒ palavra substantivada Você deve ter observado que: 10 Curso 04 • o sujeito pode ter como núcleo substantivos, pronomes, numerais ou uma palavra substantivada. • os adjuntos adnominais são artigos e adjetivos. Agora, observe: Na casa de tijolos vermelhos, moravam duas meninas. predicado sujeito Logo desapareceram os visitantes indesejados. predicado sujeito Você deve ter notado que nessas orações o sujeito está colocado depois do verbo. Quando isso ocorre, não há nenhuma dificuldade para se descobrir o sujeito da oração. Você deve agir da mesma maneira, fazendo a mesma pergunta. Veja: É difícil esta questão. O que é difícil? Esta questão (sujeito) Na casa de tijolos vermelhos, moravam duas meninas. Quem morava na casa de tijolos vermelhos? Duas meninas (sujeito) Logo desapareceram os visitantes indesejados. Quem desapareceu logo? Os visitantes indesejados (sujeito) De acordo com o núcleo, podemos determinar os vários tipos do sujeito. Sujeito simples núcleo núcleo – três núcleos ⇒ sujeito composto Quem sorriu? Tereza, o cronista e o amigo cruel. Como você pôde ver, essas orações têm seus sujeitos formados por mais de um núcleo. Esse tipo de sujeito é chamado de sujeito composto. Sujeito subentendido na desinência verbal (ou oculto)) Vimos até aqui o sujeito simples e o composto, apresentando sempre um núcleo claramente expresso. No entanto, há orações em que temos de recorrer ao verbo para saber a que pessoa ele se refere. Veja: Encontrei Maria na feira. ⇒ sujeito eu Compramos frutas. ⇒ sujeito nós Nessas orações, através da forma verbal, podemos chegar ao sujeito, que está implícito na desinência. Na primeira, temos a forma encontrei, que está na primeira pessoa do singular – eu encontrei. Se fizermos a pergunta ao verbo, teremos a mesma resposta. Quem encontrou Maria na feira? Eu encontrei. O mesmo ocorre na segunda oração. Compramos está na 1a pessoa do plural – nós. Quem comprou frutas? Nós compramos frutas. Veja a frase: Veja: O cronista ficou magoado/e escreveu uma carta. Quem sorriu? O cronista núcleo do sujeito – um só núcleo ⇒ sujeito simples Os cronistas sorriram. núcleo do sujeito – dois núcleos ⇒ sujeito composto Quem sorriu? O cronista e a amiga núcleo sujeito O cronista sorriu. núcleo do sujeito Teresa, o cronista e o amigo cruel sorriram. É difícil esta questão. predicado O cronista e a amiga sorriram. Quem sorriu? Os cronistas núcleo do sujeito – um só núcleo ⇒ sujeito simples O sujeito é simples quando apresenta um só núcleo, que pode ser singular ou plural. Sujeito composto Agora observe as frases: Neste período, temos duas orações: 1a O cronista ficou magoado sujeito 2a e escreveu uma carta. Quem escreveu uma carta? Ele (o cronista). sujeito – ele – subentendido na forma verbal Como você pôde observar, o sujeito da 2a oração vem subentendido na forma verbal para que não se repita desnecessariamente o nome ou o pronome. 11 Curso 04 Sujeito indeterminado São verbos impessoais: Observe: 1. haver, nos sentidos de existir, acontecer, realizar-se, decorrer. Há crianças no parque. Houve algo estranho? Havia três noites que chorava. Roubaram meu carro. Deram presentes às crianças. Estão tocando a campanhia. Nessas orações, o verbo está na 3 pessoa do plural, e o sujeito não está identificado. Ao contrário, é comunicado de modo vago, impreciso. Na realidade, não sabemos quem roubou o carro, quem deu presentes às crianças ou quem está tocando a campanhia. Nesses casos, o sujeito está indeterminado. E os verbos estão na 3a pessoa do plural, não porque se refiram a várias pessoas, mas porque não sabemos quem praticou as ações. a Podemos indeterminar o sujeito de duas maneiras: • com o verbo na 3a pessoa do plural, sem referência a qualquer agente expresso nas orações anteriores, como nos exemplos dados, ou • com o verbo na 3 a pessoa do singular, acompanhado do pronome se. Como nos casos: Vive-se bem aqui. Falava-se demais sobre a princesa. Devagar se vai ao longe. E passou-se a falar em revolução. Observe que nesses casos, também não podemos saber quem pratica as ações. O sujeito é, então, considerado indeterminado. Oração sem sujeito Observe, com atenção, a estrutura das orações. Sujeito Predicado 2. fazer, ser e estar com referência ao tempo. Faz muito frio. É muito tarde. Está muito quente. O verbo ser, impessoal, concorda, excepcionalmente, na 3a pessoa do plural, em frases como: São três horas da manhã. Daqui à fazenda são dois quilômentros. São 17 de outubro. 3. amanhecer, anoitecer, chover, gear, ventar, relampejar e outros que exprimem fenômenos meteorológicos. Amanheceu repentinamente. Choveu durante a noite. Aqui venta sempre. Agora, observe: O pai trovejou ameaças contra o filho. sujeito Choveram tapas para todos os lados. sujeito Eu não amanheci muito bem. sujeito Nessas orações, os verbos impessoais estão sendo usados em sentido figurado. Alguém está exercendo as ações de trovejar, chover, amanhecer. Nesse caso, os verbos deixam de ser impessoais, pois as orações têm sujeito. Para fixar os conteúdos estudados, responda aos exercícios. Havia muitas pessoas nas ruas. Choveu durante a noite. Está muito frio. Veja que essas orações não têm sujeito. Ninguém realizou essas ações, ninguém é responsável por haver muitas pessoas nas ruas, por chover durante a noite ou por estar muito frio. O conteúdo do verbo não é atribuído a nenhum ser. Isso ocorre nas orações construídas com verbos impessoais, na 3a pessoa do singular. Exercícios I – Escreva, nos espaços indicados, o sujeito das orações. 1. O rapaz implicou com o escritor. ________________________________________ 2. Eles entenderam tudo. ________________________________________ 3. Nós sabemos resolver a questão. ________________________________________ 12 Curso 04 4. Dois é demais. ________________________________________ 5. Aquilo era preocupante. ________________________________________ 6. Ninguém entendeu. ________________________________________ Chave de correção I– 1. o rapaz; 2. eles; 3. nós; 4. dois; 5. aquilo; 6. ninguém; 7. Rubem Braga 8. o carro; 9. o tenente; 10. Pedro e Paulo. II – 1. Aqueles alunos do 2 ano ganharam um prêmio. o 7. Rubem Braga é um cronista famoso. ________________________________________ 2. Nossas roupas novas estão prontas. 8. O carro quebrou na estrada. ________________________________________ 4. O meu canário amarelo canta muito. 9. O tenente trovejou ameaças contra o sargento. ________________________________________ 3. Um rapaz de ouvido fino irritou o cronista. 5. As belas musas já morreram. 1. A musa e o poeta – sujeito composto (2 núcleos: musa e poeta) III – 2. Os cabelos brancos – sujeito simples (1 núcleo: cabelos) 10. Pedro e Paulo são irmãos. ________________________________________ 3. eu – sujeito simples (1 núcleo: eu) II – Sublinhe o sujeito das orações e circule o núcleo do sujeito. 4. vós – sujeito subentendido pelo verbo. 5. Vosso instante – sujeito simples (1 núcleo: instante) 6. sujeito indeterminado 1. Aqueles alunos do 2o ano ganharam um prêmio. 7. eu – sujeito subentendido pelo verbo 8. sujeito indeterminado 2. Nossas roupas novas estão prontas. 9. sujeito indeterminado 3. Um rapaz de ouvido fino irritou o cronista. 10. oração sem sujeito 4. O meu canário amarelo canta muito. 11. Ninguém – sujeito simples ( 1 núcleo: ninguém) 5. As belas musas já morreram. 12. os peixes – sujeito simples (1 núcleo: peixes) III – Sublinhe, quando possível, e classifique o sujeito das orações. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. A musa e o poeta formam um par. Os cabelos brancos envelheciam seu rosto. “Detrás do meu muro frio eu vos saúdo.” “Tendes todos os direitos.” “Vosso instante é de graça, juventude e extraordinária beleza.” Jogaram lixo na rua. Não gostei. Fala-se demais sobre novelas. Estão chamando você ao telefone. Ventou durante a madrugada. Ninguém saiu. No lago nadavam os peixes. IV – Considerando o sujeito das orações e sua classificação, relacione as colunas, escrevendo nos parênteses a letra adequada. 1. 2. 3. 4. 5. A. B. C. D. E. ( ( ( ( ( sujeito simples sujeito composto sujeito subentendido na forma verbal sujeito indeterminado oração sem sujeito ) Relampejou a noite toda. ) Pedro e Paulo brigaram. ) Ele chegou. ) Chegamos agora. ) Assaltaram a casa. IV – 1. ( E ); 2. ( B ); 3. ( A ); 4. ( C ); 5. ( D ). UNIDADE 4 – Predicado Objetivo: Identificar e classificar o predicado das orações. Você já sabe que o predicado é o termo da oração que contém uma declaração, referida, geralmente, ao sujeito. Há vários tipos de predicado. Vamos ver, primeiro, o predicado verbal. Observe a oração: O cronista escreveu uma carta. sujeito predicado O predicado escreveu uma carta declara alguma coisa sobre o sujeito o cronista. Se retirássemos o verbo dessa oração, ela ficaria sem sentido. Veja: O cronista uma carta. Sem o verbo, não podemos saber o que o cronista fez. O verbo é, então, a palavra mais importante deste predicado. É o núcleo. Temos, assim, que, no predicado verbal, o núcleo significativo é o verbo. 13 Curso 04 Agora veja: O cronista escreveu. Assim como há verbos que pedem um ou mais complementos, há os que não precisam de complemento para formar o predicado. Escreveu o quê? Veja: Vemos, então, que, mesmo sendo o núcleo do predicado, o verbo pode precisar de um complemento. No caso, o complemento do verbo é uma carta. A carta chegou. As laranjeiras floresceram. O gato morreu. Os verbos que necessitam de complementos para inteirar a informação são chamados de transitivos. Nessas orações, os verbos contêm toda a significação do predicado. Os verbos de sentido completo são chamados de intransitivos. Veja mais alguns exemplos de predicados verbais com verbos transitivos. Acompanhando os verbos intransitivos, podem aparecer advérbios ou locuções adverbiais, que indicam a circunstância (tempo, modo, lugar, etc.) em que ocorre a ação. João comprou um carro. predicado verbal Vendemos a casa. predicado verbal Maria leu o livro. Veja: A carta chegou agora. As laranjeiras floresceram cedo. O gato morreu rapidamente. predicado verbal As crianças gostam de sorvete. predicado verbal Predicado nominal Nem sempre o verbo é o núcleo do predicado. Observe como as orações dariam informações incompletas se tirássemos os complementos. Veja as orações: João comprou Vendemos Maria leu sujeito As crianças gostam de Veja que, nas três primeiras orações, os complementos vêm diretamente ligados ao verbo, sem o auxílio de preposição1 . Nelas temos, então, verbos transitivos diretos. Na última oração, o verbo pede complemento regido por preposição. Neste caso, o verbo é chamado de transitivo indireto. Observe a oração. João comprou um carro para Maria. A carta é triste. predicado O cronista ficou aborrecido. sujeito predicado A moça parecia confusa. sujeito predicado Observe que os verbos dessas orações sozinhos não nos dão a informação que queremos transmitir sobre o sujeito. A carta é O cronista ficou A moça parecia Neste predicado, temos dois complementos: Mas se tirarmos o verbo e ficarmos só com o adjetivo, teremos a informação. sem preposição → um carro Veja. regido por preposição → para Maria. A carta triste O cronista aborrecido A moça confusa Quando isso ocorre, isto é, o verbo pede dois complementos, dizemos que ele é transitivo direto e indireto. 14 Curso 04 Vemos, então, que o núcleo de significação do predicado dessas orações não está no verbo e sim em um nome (adjetivo). Quando isso ocorre, quando a significação básica do predicado está em um nome que se refere ao sujeito e lhe atribui uma característica temos o predicado nominal. Nesses casos, o verbo é chamado de verbo de ligação e o núcleo do predicado recebe o nome de predicativo do sujeito. Veja: Os principais verbos de ligação são ser, estar, parecer, ficar e muitos outros que não sejam significativos nas orações em que aparecem. Para que um verbo seja de ligação, é preciso, então, que ele não seja o núcleo significativo do predicado, servindo apenas de ligação entre o sujeito e o predicativo. Observe: Verbos de ligação núcleo do predicado núcleo do predicado A carta é triste. Maria ficou triste. sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito predicado nominal núcleo do predicado O cronista ficou aborrecido. predicado nominal núcleo do predicado A moça estava confusa. Maria anda alegre. predicado nominal núcleo do predicado Maria virou crente. sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito predicado nominal O predicativo do sujeito nem sempre é um adjetivo como vimos até agora. Ele pode ser representado também por: núcleo do predicado • um substantivo – O comandante parece um opressor. verbo de ligação predicativo do sujeito predicado nominal núcleo do predicado • um pronome substantivo – O malvado é ele. sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito predicado nominal núcleo do predicado • um numeral – Nós somos quinze. sujeito núcleo do predicado sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito sujeito predicado nominal verbo de ligação predicativo do sujeito predicado nominal predicado nominal núcleo do predicado Maria está confusa. sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito predicado nominal Verbos significativos Maria ficou em casa. sujeito núcleo do predicado adj. adv. de lugar predicado verbal verbo intransitivo Maria anda rapidamente. sujeito núcleo do predicado adj. adv. de lugar predicado verbal verbo intransitivo Maria está em casa. sujeito núcleo do predicado adj. adv. de lugar predicado verbal verbo intransitivo 15 Curso 04 A canoa virou. sujeito núcleo do predicado predicado verbal verbo intransitivo Como você pode notar, um mesmo verbo pode ser de ligação (e, neste caso, o núcleo significativo do predicado é o predicativo do sujeito) ou significativo (constitui o núcleo verbal do predicado de uma oração). Por isso, precisamos estar atentos ao contexto (à oração) em que o verbo aparece, para podermos classificá-lo corretamente. Se o verbo transmitir uma informação sobre o sujeito, o predicado é verbal. Se a informação for transmitida por um nome, o predicado é nominal. O núcleo nominal do predicado verbo-nominal recebe o nome de predicativo. No caso, predicativo do sujeito, pois é ao sujeito que ele se refere. No próximo módulo, quando estudarmos os complementos (objeto direto e indireto), voltaremos ao assunto e você verá o predicativo do objeto. Para fixar os conteúdos estudados até aqui, responda aos exercícios. Exercícios I – Sublinhe o predicado das orações e circule o núcleo. Predicado verbo-nominal 1. ...“a verdade não é o tempo”... Observe as orações: 3. A palavra “senhor” ergueu entre nós um muro. 2. ...”escolhestes a mim”... 4. Eu sou o vosso servo. O tenista jogou. 5. O dia está chuvoso. sujeito predicado verbal II – Sublinhe e classifique o predicado das orações. A criança voltou. 1. A jovem recebeu uma carta. ________________________________________ sujeito predicado verbal Nessas orações, o predicado é verbal e o núcleo de significação é o verbo. Agora, veja: 2. Minha prima ganhou um presente. ________________________________________ 3. Os pássaros cantam durante a madrugada. ________________________________________ O tenista jogou machucado. 4. O relógio é importado. ________________________________________ sujeito 5. O trabalhador chegou cansado. ________________________________________ predicado verbo-nominal (O tenista jogou e estava machucado.) A criança voltou curada. sujeito predicado verbo-nominal (A criança voltou e estava curada.) Note que, além do núcleo significativo dado pelo verbo, o predicado das orações tem agora mais um núcleo de significação, constituído por um nome (adjetivo). Temos, então, o predicado verbo-nominal, que é constituído de dois núcleos significativos: um verbo e um nome. O tenista jogou machucado. sujeito núcleo verbal núcleo nominal predicado verbo-nominal 6. As frutas amadureceram. ________________________________________ 7. Secaram as roupas. ________________________________________ 8. Eram boas as suas notas. ________________________________________ 9. Ele nasceu rico. ________________________________________ 10. Os passageiros saíram apressados. ________________________________________ III – Observando a classificação dos verbos quanto à predicação, relacione as colunas escrevendo nos parênteses a letra adequada. A. B. C. D. verbo de ligação verbo intransitivo verbo transitivo direto verbo transitivo indireto 16 Curso 04 1. 2. 3. 4. ( ( ( ( ) ) ) ) Comprei flores. Os pássaO predicadoros voam. Este livro é importante. Gostava de você. IV – 1. João vendeu o carro. (o predicado é verbal – o carro é complemento) 2. Teresa está gripada . 3. A encomenda chegou quebrada. IV – Circule, quando houver, o predicativo do sujeito. 4. Ninguém procurou você . (o predicado é verbal – você é complemento) 1. João vendeu o carro. 5. Todos ficaram interessados . 2. Teresa está gripada. 3. A encomenda chegou quebrada. 4. Ninguém procurou você. UNIDADE 5 – Carta 5. Todos ficaram interessados. Objetivo: Redigir carta. Chave de correção I – 1. ... “a verdade não é o tempo” ... 2. ... “escolhestes a mim”... 3. A palavra senhor ergueu entre nós um muro. 4. Eu sou o vosso servo . 5. O dia está chuvoso . II – 1. A jovem recebeu uma carta. Predicado verbal (verbo transitivo direto) (recebeu é o núcleo e uma carta é o complemento) 2. Minha prima ganhou um presente. Predicado verbal (verbo transitivo direto) (ganhou é o núcleo e um presente é o complemento) 3. Os pássaros cantam durante a madrugada. Predicado verbal (verbo intransitivo) (cantam é o núcleo e durante a madrugada é uma expressão de tempo) 4. O relógio é importado. Predicado nominal (é constitui verbo de ligação e importado é o predicativo do sujeito e núcleo do predicado) 5. O trabalhador chegou cansado. Predicado verbo-nominal (chegou é o núcleo verbal e cansado, núcleo nominal, é o predicativo do sujeito) 6. As frutas amadureceram. Predicado verbal (verbo intransitivo) (amadrureceram é o núcleo). Na unidade 1, você leu uma crônica de Rubem Braga, em forma de carta. Trataremos agora, especificamente, do assunto carta, que é uma das formas de correspondência (comunicação escrita entre as pessoas). Existem vários tipos de carta: comercial, social, oficial, que se diferenciam pelo assunto tratado e pela linguagem usada. Nesta unidade, estudaremos a carta comercial e a social. A carta comercial é um documento de comunicação entre a empresa e os compradores ou fornecedores e vice-versa. Sendo assim, é documento importante nas transações comerciais e tem formas bem definidas. Elas são padronizadas na apresentação e na lingua-gem. Veja, a seguir, um exemplo de carta comercial. Note os números que assinalam as suas partes indispensáveis. 1 2 Senhores Gomes & Cia Rua das Pedras, 30 1321 São Paulo – SP 4 Prezados Senhores 5 Solicito a gentileza de V. Sas. no sentido de remeter-me, com a máxima urgência, sua mais recente lista de publicações, acompanhada de lista de preços e de informações sobre as condições de pagamento. 6 Antecipadamente grato pela resposta, subscrevo-me. 9. Ele nasceu rico. Predicado verbo-nominal (nasceu é o núcleo verbal e rico, núcleo nominal, e o predicativo do sujeito) 10.Os passageiros saíram apressados. Predicado verbo-nominal (saíram é núcleo verbal e apressados, núcleo nominal, e o predicativo do sujeito) III – 1. ( C ); 2. ( B ); 3. ( A ); 4. ( D ). Brasília, 20 de setembro de 1997. 3 7. Secaram as roupas. Predicado verbal. (verbo intransitivo) (secaram é o núcleo). 8. Eram boas as suas notas. Predicado nominal (o verbo é de ligação eram e boas é o predicativo do sujeito e o núcleo do predicado) LIVRARIA GOSTO DE LER SCO BL. X L X. Brasília – DF Tel.: 595-4100 Atenciosamente, 7 _______________________________________ Livraria Gosto de ler – ME 17 Curso 04 Vamos conhecer agora todas as partes da carta comercial. 1 Cabeçalho ou timbre Os papéis de carta das empresas trazem cabeçalho, ou timbre, impresso, com indi-cações quanto à espécie de negócio, nome da firma, endereço, telefone. No cabeça-lho, temos então todas as indicações do remetente – aquele que escreve e envia a carta – da carta comercial, que, no caso, é a Livraria Gosto de ler. 2 Data (lugar, dia, mês e ano) A data de expedição de uma carta comercial deve ser colocada por extenso, ou seja, sem abreviações, citando o nome da cidade, o dia, o mês e o ano. Note também que devemos colocar uma vírgula logo após o nome da cidade, que os nomes dos meses são escritos em letras minúsculas e que a data termina por um ponto final. 3 Endereçamento Deve conter o tratamento, o nome do destinatário – aquele a quem a carta é destinada – e seu endereço completo. Observe que isso é colocado do lado esquerdo do papel, na seguinte ordem: tratamento, nome e endereço. a) Tratamento – as principais formas de tratamento em cartas comerciais são: Ilmo. Sr. – Ilustríssimo Senhor Sr. Srs. – Senhor, Senhores Sra. Sras. – Senhora, Senhoras b) Nome – se a carta é dirigida a uma empresa, o nome deve ser o da própria firma: Gomes & Cia. Quando se tratar de pessoa física, usa-se o seu nome antecedido do título universitário que a pessoa, porventura, possuir. Veja: Ilmo. Sr. Dr. Pedro Pereira c) Endereço – devem constar os seguintes dados: nome da rua, número, CEP, cidade e unidade da federação. 4 Vocativo ou saudação Nas cartas comerciais, costumamos utilizar: • Senhor(es) • Prezado(s) Senhor(es) Usamos o vocativo no singular quando nos dirigimos à pessoa física ou a uma microempresa que só tenha um dono. Para as sociedades, o vocativo será sempre plural, pois estaremos nos dirigindo a um grupo de pessoas. É muito fácil saber se a empresa é um grupo ou não. Quando é grupo, a razão social (o nome da firma) vem acompanhada das expressões Cia. Ltda. (Companhia Limitada) ou S.A. (Sociedade Anônima). 5 Texto É a parte da carta que contém a mensagem. Nesta parte devemos ter cuidado com a clareza e a correção. A redação deve ser objetiva e precisa, empregando o menor número de palavras e na forma mais direta possível. As normas gramaticais devem ser obedeci-das. O tratamento usado no vocativo deve ser mantido. Ao usarmos senhores no vocativo, devemos usar V. Sas no texto da carta. 6 Fecho ou despedida No exemplo dado, apresentamos um fecho mais longo, mas a tendência atual é a de reduzi-lo às palavras: Cordialmente, Atenciosamente, Cordiais saudações, etc. 7 Assinatura do remetente Quem assina a carta é o responsável pela empresa ou, em seu lugar, algum funcioná-rio autorizado, cujo cargo deve aparecer sob o nome. Assim: _____________________________ Paulo Dias Gerente Passemos, agora, ao estudo da carta social. Na carta social, aquela que é trocada entre amigos, permite-se uma liberdade muito maior e uma ampla margem de escolha de tratamento e de disposição das partes. Leia agora uma carta remetida por Machado de Assis ao seu amigo Joaquim Nabuco. As partes principais estão também numeradas. 18 Curso 04 1 Rio de Janeiro, 20 de nov. 1904. 2 Meu caro Nabuco, • com hífen – Rio de Janeiro, 20-11-1904 • com barra – Rio de Janeiro, 20/11/1904 • com vírgula – Rio de Janeiro, 20,11,1904 2 Vocativo 3 Tão longe, em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou logo a sua simpatia por um telegrama. A única palavra com que lhe agradeci é a mesma que ora lhe mando, não sabendo outra que possa dizer tudo o que sinto e me acabrunha. Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixou alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramente são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas preocupações do espírito e na própria carreira que a cada um cabe. Aqui me fico, por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina. Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará. Não posso, meu caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe. Até outra e breve; então lhe direi o que convém ao assunto daquela carta, que, pelo afeto e sinceridade, chegou à hora dos melhores remédios. É também indispensável, mas não há regras para ele nas cartas particulares. O grau de amizade ou de intimidade é que determina o vocativo a ser escolhido. Machado usa “Meu caro Nabuco”, como poderia ter usado Caro amigo, Querido amigo, Nabuco, etc. 3 Texto As cartas particulares são escritas em linguagem coloquial. Deve-se ter, no entanto, o cuidado de usar um único tratamento (não misture tu com você). 4 Fecho O fecho é também determinado pelo grau de intimidade. 5 Assinatura do remetente Agora você só precisa prestar atenção ao sobrescritar o envelope. Veja: Frente Sr. João Andrade Rua das Palmeiras, 25 Jardins 2 8 4 3 1 - 0 1 0 São Paulo – SP Na parte da frente, devemos escrever o nome e o endereço completo do destinatário, não esquecendo nunca do CEP, que facilita o trabalho dos correios. Verso 4 Aceite este abraço do triste amigo velho 5 Machado de Assis. 1 Local e data Observe que a carta começa com a indicação do lugar e da data em que o remetente escreve. Isso é necessário, mesmo nas cartas particulares, mas o remetente tem liberdade para abreviar o nome do mês, como fez Machado, e pode ainda usar essas outras formas: Rem. Pedro da Silva Rua da Liberdade, 385 ap. 402 Tijuca 4 2 9 7 3 - 0 0 1 Rio de Janeiro – RJ 19 Curso 04 Nunca deixe de colocar seu nome e endereço completos no verso do envelope. Se o destinatário de sua carta não for encontrado, os Correios terão como devolvê-la. Agora é a sua vez de trabalhar. Você escreve a um amigo, contando-lhe entusiasmado as maravilhas do lugar para o qual se mudou recentemente. Aproveite para convidá-lo a passar uns dias com você e antecipe a programação que está planejando para esses dias. Redija a carta observando o uso do tratamento, a linguagem coloquial e as partes da carta. Exercícios Faça o que se pede. 1. Redija uma carta comercial, de acordo com a seguinte situação. Gabriel Ferreira, proprietário da loja Vestebem, escreve uma carta para a empresa fornecedora de roupas de sua loja, reclamando da demora no atendimento de sua última encomenda. Invente o nome da empresa e os endereços da loja e da empresa. Redija a carta observando: •o uso do tratamento • a adequação da • as partes da carta 2. Redija uma carta social, de acordo com a seguinte situação. adequado linguagem comercial _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ 20 Curso 04 AMOR COM A MAIÚSCULO Chave de correção 1. Compare sua carta comercial com a nossa. VESTEBEM SCLN 107 Bl. A Lj. 71 Brasília – DF. Brasília, 27 de agosto de 1997. Senhores FABRIL & CIA Rua das Bandeiras, 8 345781 São Paulo – SP Prezados Senhores Venho solicitar a V. Sas. providências urgentes a respeito da encomenda no 73, do dia 3 de agosto, que até o momento não foi atendida. Sem mais, esperando a remessa do referido pedido, subscrevo-me. Cordialmente ___________________________________________________ VESTEBEM & CIA 2. Compare a carta para o seu amigo com a nossa. João Pessoa, 27 de maio de 1997. Amigão. Você nem imagina a loucura que é isso aqui! Mas tente, procure só imaginar o que é uma praiona enorme bem na frente da sua casa. Você levanta de manhã, ainda meio dormindo, pensa que ainda está em Brasília, abre a janela e dá de cara com esse mar todo bem na sua frente! É bom demais! Quero muito que você venha passar uns tempos aqui. Que tal nas férias de julho? Não se preocupe, aqui no Nordeste não tem inverno. Às vezes chove um pouco, mas o sol acaba sempre aparecendo. Vamos pegar muitas ondas, surfar muito e dar grandes passeios de Bugre nas dunas. Tenho certeza de que você vai se divertir muito. Um abraço do R. Unidade 6 – Amor com A maiúsculo Objetivo: Ler e interpretar textos. Leia com atenção, o texto de Marina Colasanti, consultando o dicionário quando necessário. Ninguém tem dúvidas quanto ao que seja amor. Pergunte à mais rutilante estrela do“jet-set”, ou a uma modesta costureirinha, e nenhuma das duas terá qualquer hesitação em lhe responder. Hesitarão, sim, à procura das palavras, intimidadas frente à necessidade de explicar aquilo que consideram ser o sublime. Mas no seu íntimo, ambas estão bem certas de que sabem do que se trata. Referem-se, ou tentam se referir, àquele amor de que ouviram falar desde pequenas e que, desde pequenas, lhes foi ensinado como indispensável. O amor absoluto. Ao falarmos de amor, sem especificações, é sempre a ele que nos referimos, o grande, tão grande que às vezes reforçamos nosso sentimento chamando-o de amor com A maiúsculo. E é por ele que esperamos. Mas existe mesmo esse amor, tão total, tão avassalador, tão completo? Ou nós o inventamos, instituindo talvez a exceção como regra? De um lado a vida. Do outro a morte. Imprensada entre dois acontecimentos inegavelmente absolutos, decorre a vida do ser humano. E para ela, assim que começamos a formular nossos medos, foi necessário encontrar uma justificativa. Por que éramos jogados na vida, sem qualquer participação voluntária, e dela éramos retirados contra nosso desejo? A razão deveria ser forte, tão forte quanto nascer e morrer, pois só assim os justificaria. E a única que nos pareceu qualificada foi o amor. Era através do amor que a vida se gerava, e era gerando outras vidas que nos iludíamos de vencer a morte. O amor era portanto o único elemento que podíamos considerar como participante direto dos dois pólos fundamentais. Daí a instituirmos o amor como absoluto deve ter sido um passo, e um passo lógico, que vinha, aparentemente, solucionar nosso mais grave problema. Exigir que percebêssemos estar criando outro, quase tão grave quanto aquele do qual fugíamos, é pretender demais, sobretudo num processo que obviamente não foi tão linear nem tão consciente quanto aqui o traçamos. E criado o amor absoluto, tivemos que viver com ele. Curso 04 21 Glossário 5. “Imprensada entre dois acontecimentos inegavelmente absolutos, decorre a vida do ser humano.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ rutilante – brilhante, esplendorosa. “jet-set” – palavra da língua inglesa que significa alta-roda. sublime – que atingiu um grau muito elevado na escala dos valores morais, intelectuais ou estéticos; o mais elevado grau da perfeição. II – Dê um antônimo para as palavras destacadas nos seguintes trechos. absoluto – que não tem limites nem restrição, que é inteiro, total. 1. “Ninguém tem dúvidas quanto ao que seja amor.” ________________________________________ especificação – descrição das características, cada item da descrição. 2. “Pergunte à mais rutilante estrela do “jetset”... ________________________________________ avassalador – dominador. 3. ... “ou a uma modesta costureirinha”... ________________________________________ instituir – estabelecer, criar. 4. ...“intimidadas frente à necessidade de explicar aquilo que consideram ser o sublime.” ________________________________________ formular – expor com precisão. voluntária – espontânea, derivada da própria vontade. obviamente – evidentemente. linear – claro, direto, simples. Com base no texto, responda às questões a seguir. Exercícios I – Reescreva os trechos, substituindo as palavras destacadas por sinônimos. 1. ...“e nenhuma das duas terá qualquer hesitação em lhe responder.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2. ...“intimidadas frente à necessidade de explicar aquilo que consideram ser o sublime.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3. ...“àquele amor de que ouviram falar desde pequenas e que, desde pequenas, lhes foi ensinado como indispensável.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 4. “Ou nós o inventamos, instituindo talvez a exceção como regra?” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 5. “E a única que nos pareceu qualificada foi o amor.” ________________________________________ III – Com base no texto, escreva, nos parênteses, V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. 1. ( 2. ( 3. ( 4. ( 5. ( ) No íntimo, ninguém sabe ao certo o que é o amor. ) Todos sabem o que é o amor, a dificuldade está em explicar um sentimento considerado sublime. ) Desde pequenas, as mulheres ouvem falar que o amor é indispensável. ) A vida do ser humano decorre entre dois acontecimentos absolutos: o nascimento e a morte. ) Gerando outras vidas, conseguiram vencer a morte. IV – Responda. 1. Questionadas sobre o amor, por que as pessoas hesitam ao responder? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2. Quando se referem ao amor, sem especificações, de que tipo de amor as pessoas estão falando? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3. Qual a opinião da autora sobre a existência do amor absoluto? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 22 Curso 04 V– Assinale X nos parênteses diante da única opção certa para cada questão. 1. No 4O parágrafo, o amor é visto como a. ( ) um mal necessário. b. ( ) uma justificativa para a vida. c. ( ) um acontecimento banal. d. ( ) um sentimento transitório. 2. Os dois pólos fundamentais apresentados no 4o parágrafo são a. ( ) o amor e o ódio. b. ( ) o amor absoluto e o medo da morte. c. ( ) o sublime e o absoluto. d. ( ) o nascimento e a morte. 3. Ao se referir ao amor absoluto, a autora está tratando do amor a. ( ) material. b. ( ) universal. c. ( ) entre a mulher e o homem. d. ( ) fraternal. 4. Ao criarmos o amor absoluto, estamos a. ( ) resolvendo todos os nossos problemas. b. ( ) tornando o mundo mais humano. c. ( ) aumentando a solidariedade. d. ( ) criando outro problema. 5. O texto de Marina Colasanti contém a. ( ) a narração de uma história. b. ( ) a descrição de um ambiente. c. ( ) a descrição de uma pessoa. d. ( ) considerações sobre o amor. UNIDADE 7 – Objeto direto, objeto indireto e predicativo do objeto Objetivo: Identificar objeto direto, objeto indireto e predicativo do objeto. No módulo anterior, vimos que os verbos transitivos, por não possuírem sentido completo, pedem complemento. O termo da oração que completa o sentido de um verbo transitivo recebe o nome de objeto. Veja: Nós inventamos o amor ? sujeito objeto Observe que nessa oração o objeto complementa a ação verbal, diretamente, isto é, sem o auxílio de preposição. Quando isso ocorre, o verbo é chamado de transitivo direto e o complemento, de objeto direto. Veja: Nós inventamos o amor ? sujeito Chave de correção I – Você deve ter reescrito os trechos, substituindo as palavras destacadas por: 1. dúvida (ou indecisão, vacilação); 2. acovardadas (ou receosas, temerosas, apreensivas); 3. imprescindível (ou essencial, necessário); 4. criamos (ou imaginamos); 5. transcorre (ou passa). II – 1. certezas; 2. apagada; 3. rica (ou abastada, opulenta, pomposa); 4. encorajadas; 5. imprópria (ou inadequada, desqualificada). III – 1. ( F ) Ninguém tem dúvidas quanto ao que seja amor. 2. ( V ); 3. ( V ); 4. ( V ); 5. ( F ) Gerando outras vidas, iludiam-se de vencer a morte. IV – 1. Segundo o texto, todos sabem o que é o amor, mas as pessoas hesitam ao responder, porque não sabem que palavras usar, para explicar um sentimento considerado sublime. 2. Quando se referem ao amor sem especificação, estão falando do amor absoluto, do amor com “A maiúsculo”. 3. A autora põe em dúvida a existência do amor absoluto. Esse amor que todos esperam encontrar um dia (o sonho de todas as adolescentes). Questiona sua existência, perguntando se não o teriam inventado para dar uma justificativa à vida. V – 1. b. ( x ); 2. d. ( x ); 3. c. ( x ); 4. d. ( x ); 5. d. ( x ). predicado verbal verbo transitivo predicado verbal verbo transitivo direto objeto direto Assim como o sujeito, o objeto também tem um núcleo – palavra principal – constituído por um substantivo, ou palavra substantivada, que pode vir acompanhado de outros termos, que servem para determiná-lo ou qualificá-lo e que são chamados de adjuntos adnominais. Veja: A moça não achou as palavras certas. sujeito núcleo do sujeito predicado núcleo do objeto sujeito – a moça núcleo do sujeito – moça adjunto adnominal – a predicado verbal – não achou as palavras certas núcleo do predicado – achou objeto direto – as palavras certas núcleo do objeto direto – palavras adjuntos adnominais – as, certas 23 Curso 04 Agora, veja: Recebi um recado de Carlos . Maria gosta de João. sujeito predicado verbal objeto indireto verbo transitivo indireto verbo transitivo direto e indireto objeto direto objeto indireto O verbo gostar é um verbo transitivo indireto porque pede complemento regido de preposição obrigatória – objeto indireto. Você não poderia dizer Maria gosta João. A preposição é, então, indispensável entre o verbo transitivo indireto e o objeto indireto. As preposições que mais aparecem na introdução do objeto indireto são: a, de, em, para, com, por. Os núcleos dos objetos direto e indireto podem ser representados por: Veja: • substantivos predicado verbal objeto indireto verbo transitivo indireto preposição predicado verbal objeto indireto verbo transitivo indireto O namorado ofereceu flores à amada . predicado verbal verbo transitivo direto e indireto objeto direto objeto indireto Os verbos que pedem dois complementos (objeto direto e indireto) são chamados de transitivos diretos e indiretos. Veja outros exemplos: núcleo do O.I. Não vi aquilo . V.T.D. núcleo do O.D. V.T.I. núcleo do O.I. • numerais V.T.D. núcleo do O.D. Isto interessa aos três . V.T.I. objeto indireto Dei um presente para ele. objeto indireto núcleo do O.I. • palavras substantivadas O artista busca o sensível . V.T.D. núcleo do O.D. Ela acredita no amado . V.T.I. Comprei um carro para meu filho . objeto direto V.T.I. Ganhei dois milhões . Veja que quem oferece oferece alguma coisa (no caso, flores) e a oferece a alguém. Esse verbo pede então dois complementos um sem e outro com preposição obrigatória. verbo transitivo direto e indireto Maria gosta de flores . Eu não precisava de nada . Observe, agora, a oração: objeto direto objeto indireto • pronomes substantivos Penso em você. verbo transitivo direto e indireto objeto direto V.T.D. núcleo do O.D. Todos precisam de amor . sujeito verbo transitivo direto e indireto Maria ama João . preposição sujeito Pedi um favor a você . núcleo do O.I. • pronomes pessoais oblíquos Eu o amo. núcleo V.T.D. do O.D. Não me diga. O.I. V.T.I. É preciso atenção especial quanto ao uso dos pronomes oblíquos na função de objeto. Curso 04 Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as, quando complemento do verbo, funcionam apenas como objeto direto: A paixão abalou Maria. O.D. A paixão abalou- a . O.D. Espero as amigas na estação. 24 Vimos que o objeto direto é o termo da oração que completa o significado de um verbo transitivo direto, sem ser introduzido por preposição obrigatória. No entanto há casos em que o objeto direto pode vir introduzido por preposição – objeto direto preposicionado –, sendo que essa preposição não é exigida pelo verbo, que é transitivo direto, mas sim, em alguns casos, pela harmonia, clareza ou ênfase necessárias à frase. Em certos casos, ela é inteiramente facultativa. Veja os casos em que o objeto direto aparece regido de preposição ( de 1 a 4 a preposição é necessária, de 5 a 9 é facultativa). O.D. Espero- as na estação. 1. Quando é um pronome pessoal oblíquo tônico: O.D. Ofenderam a mim. Estimo meus pais. O.D. V.T.D. Estimo- os muito. O.D. O pronome pessoal oblíquo lhe (lhes) funciona apenas como objeto indireto: Respondi a João sem pensar. objeto direto preposicionado preposição (Veja que o verbo é transitivo direto: Ofenderam Teresa.) 2. Quando é o pronome quem: A quem ele adorava? O.I. objeto V.T.D. direto preposicionado preposição Repondi- lhe sem pensar. O.I. Eles deram uma oportunidade a João. O.I. Eles lhe deram uma oportunidade. O.I. Os demais pronomes pessoais oblíquos variam de acordo com a transitividade do verbo. Assim: 3. Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando que o objeto direto seja tomado como sujeito: Traiu ao pai o filho mais velho. V.T.D. objeto direto preposicionado a + o = ao preposição artigo • Se o verbo for transitivo direto, o pronome será objeto direto. Eles nos amam . O.D. V.T.D. Eles me chamaram . O.D. Elas nos obedeceram . V.T.I. Eles me perdoaram. O.I. 4. Nas expressões de reciprocidade, para garantir a clareza da frase: As feras despedaçam-se umas às outras. V.T.D. objeto direto preposicionado a + as = às V.T.D. • Se o verbo for transitivo indireto, o pronome será objeto indireto. O.I. (O filho mais velho traiu o pai.) V.T.I. preposição artigo 5. Quando é formado de pronome indefinido: A notícia sensibilizou a todos. V.T.D. objeto direto preposicionado preposição 25 Curso 04 6. Quando é o numeral ambos(as): O sol queimou a ambos. V.T.D. objeto direto preposicionado preposição 7. Quando é nome próprio, principalmente na expressão de sentimentos: Amemos a Deus sobre todas as coisas. V.T.D. objeto direto preposicionado preposição Os romanos adoravam a Júpiter. preposição objeto direto preposicionado 8. Em construções enfáticas, nas quais se antecipa o objeto direto para dar-lhe realce: Aos maus, não os temo. objeto direto V.T.D. preposicionado a + os = aos preposição artigo A você é que não enganam. objeto direto preposicionado preposição V.T.D. 9. Nas expressões idiomáticas: Comeu do pão. artigo Puxou da espada. V.T.D. objeto direto preposicionado de + a = da preposição artigo Veja, agora, estas orações em que se pretende dar ênfase, salientar uma idéia contida no objeto: Este sentimento, já o conheço. objeto direto V.T.D. objeto direto Ao apaixonado, nada lhe interessa. objeto indireto Veja mais alguns exemplos: O amor, muitos o louvam. objeto direto V.T.D. objeto direto pleonástico O dinheiro, ela o trazia escondido. objeto direto V.T.D. objeto direto pleonástico A mim, o que me deu foi pena. objeto indireto V.T.I. objeto indireto pleonástico Observe, agora, esta oração. As paixões tornam os homens cegos. V.T.D. O.D. Veja que o termo destacado – cegos – refere-se ao objeto de um verbo transitivo – os homens. Assim, o predicativo do objeto é o termo do predicado que informa algo a respeito do objeto. Veja outros exemplos: O ingrato deixou a namorada sozinha. V.T.D. O.D. predicativo do objeto O júri declarou o réu culpado. V.T.D. objeto direto preposicionado de +o = do preposição Observe que, nessas orações, os objetos são colocados no início da frase e depois são repetidos através de um pronome oblíquo. Esse tipo de objeto recebe o nome de objeto pleonástico, ou enfático, e tanto pode ser direto como indireto. V.T.I. objeto indireto V.T.D. O.D. predicativo do objeto Observe que os termos cegos, sozinha e culpado informam algo de novo a respeito de seus respectivos objetos. Há gramáticos que consideram que, entre o objeto e o seu predicativo, há um verbo de ligação subentendido. Assim: O ingrato deixou a namorada (ficar) sozinha. O júri declarou o réu (como sendo) culpado. Agora observe as orações: Consideramos perigosa a sua viagem. predicativo do objeto objeto direto Julgaram inconveniente a nossa pergunta. predicativo do objeto objeto direto 26 Curso 04 Como você viu através dos exemplos dados, o predicativo do objeto também pode aparecer antes do objeto. Você deve ter notado que até aqui só tratamos de predicativo do objeto direto. Isso se deve ao fato de que geralmente o predicativo se refere ao objeto direto. Só aparece predicativo do objeto indireto com o verbo chamar no sentido de atribuir uma característica a algo ou alguém, quando este for transitivo indireto. Veja: Chamei-lhe de covarde. objeto indireto predicativo do objeto indireto Para fixar os conteúdos estudados, responda aos exercícios. Exercícios I – Considerando as palavras destacadas nas orações, escreva, nos parênteses, D para objeto direto e I para objeto indireto. 1. ( 2. ( 3. ( 4. ( 5. ( ) Ninguém tem dúvidas. ) Pergunte a uma modesta costureirinha... ) A autora está se referindo ao amor absoluto. ) O amor justifica a vida. ) Não gosto de você. II – Dê a função sintática das palavras destacadas nas orações. 1. Nós o inventamos. ________________________________________ 2. É difícil encontrar as palavras certas. ________________________________________ 3. Teresa ama Pedro. ________________________________________ 4. Pedro não gosta de Teresa. ________________________________________ 5. Comprei flores para você. ________________________________________ 6. Comprei flores para você. ________________________________________ 7. Puxou da espada com rapidez. ________________________________________ 8. Não prejudiques a mim. ________________________________________ 9. Não prejudiquem a Pedro em favor de ninguém. ________________________________________ III – Sublinhe com um traço os objetos diretos e com dois os indiretos. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Necessitamos de amor. Pedi-lhe para voltar. Preciso de ti. Não me convidaram. Ele a ama. A novidade agradou a todos. IV – Escreva nos parênteses, a letra adequada. A. objeto direto B. objeto direto pleonástico C. objeto indireto D. predicativo do objeto E. objeto direto preposicionado 1. ( ) O pai deixou o filho desamparado. 2. ( ) A felicidade, muitos a desejam. 3. ( ) João ganhou dois mil reais. 4. ( ) Nós o amamos. 5. ( ) Maria brigou com o namorado. 6. ( ) A quem procuras? 7. ( ) A chuva molhou a ambos. V – Circule o núcleo do objeto direto. 1. Comprei um belo carro amarelo. 2. Vendi um quadro azul. 3. Ele adotou duas lindas crianças. VI – Escreva, nos parênteses, PS para o predicativo do sujeito e PO para o predicativo do objeto. 1. 2. 3. 4. 5. 6. ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) O trem chegou atrasado. A lua é um satélite. O ladrão deixou a família pobre. O soldado marchava tenso. Considero leviana a sua resposta. Chamei-lhe de valentão. VII – Reescreva as frases, substituindo as palavras destacadas por pronomes, anexando-os adequadamente aos verbos (observe que as palavras destacadas são objeto direto). 1. 2. 3. 4. 5. Preciso vender a casa este ano. Elogiaram meu amigo pelo projeto. Convidaram as professoras para o debate. Deve vender os carros amanhã. Eu trouxe o livro agora. VIII – Reescreva as frases substituindo os objetos diretos pelos pronomes O ou A e os indiretos pelo pronome LHE. 1. O pai escrevia ao filho. ________________________________________ 2. Procurei meu irmão na estação. ________________________________________ 27 Curso 04 3. Paguei ao médico. ________________________________________ bio), ligando-se a eles por meio de preposições. Essas palavras são os complementos nominais. 4. Comprei a casa. ________________________________________ Veja outros exemplos de complementos nominais: 5. Rogo a você. ________________________________________ Chave de correção I – 1. ( D ); II – 1. 3. 5. 7. 8. 9. 2. ( I ); 3. ( I ); 4. ( D ); complemento nominal 5. ( I ). III – Você deve ter sublinhado os seguintes termos: 1. de amor; 2. lhe; 3. de ti; 4. me; 5. a; todos (OD preposicionado). 2. ( B ); 6. ( E ); 3. ( A ); 7. ( E ). V – Você deve ter circulado: 1. carro; 2. quadro; VI – 1. ( PS ); 5. ( PO ); 2. ( PS ); 6. ( PO ). responsável pela ordem complemento nominal 6. a 4. ( A ); 3. crianças. 3. ( PO ); 4. ( PS ); VII – 1. Preciso vendê-la este ano. 2. Elogiaram-no pelo projeto. 3. Convidaram-nas para o debate. 4. Deve vendê-los amanhã. 5. Eu o trouxe agora. VIII – 1. O pai escrevia-lhe. 3. Paguei-lhe. 5. Rogo-lhe. complemento nominal impróprio para menores objeto direto; 2. objeto direto; objeto direto; 4. objeto indireto; objeto direto; 6. objeto indireto; objeto direto preposicionado; objeto direto preposicionado; objeto direto preposicionado. IV – 1. ( D ); 5. ( C ); a fé em Deus 2. Procurei-o na estação. 4. Comprei-a. UNIDADE 8 – Complemento nominal e agente da passiva Objetivos: Identificar complemento nominal e agente da passiva; transformar frases da voz ativa em passiva. Observe as palavras destacadas: O homem tem necessidade de amor. substantivo Ele estava cheio de boas intenções. adjetivo Agiu favoravelmente à reconciliação. Um grande número de nomes que pedem complemento são substantivos abstratos derivados de verbos. Veja: a queima de fogos substantivo derivado a defesa das leis substantivo derivado complemento nominal do verbo defender a lembrança do passado substantivo derivado complemento nominal do verbo lembrar o amor ao próximo substantivo complemento nominal derivado do verbo amar Veja como são bem diferentes o objeto indireto e o complemento nominal, apesar de ambos serem precedidos de preposição obrigatória. O objeto indireto completa o sentido de um verbo, enquanto o complemento nominal completa o sentido de nomes (substantivos, adjetivos e alguns advérbios em – mente). Confio em Deus. verbo objeto indireto Tenho confiança em Deus. substantivo complemento nominal advérbio Veja que as palavras circuladas completam o sentido de nomes (substantivo, adjetivo, advér- complemento nominal do verbo queimar Obedeça aos mais velhos. verbo objeto indireto 28 Curso 04 Tenha obediência aos mais velhos. substantivo complemento nominal Observe: 1o O vento agitava as folhas. sujeito agente objeto direto 2o As folhas eram agitadas pelo vento. sujeito paciente agente da passiva Na 1a oração, o verbo está na voz ativa, pois o sujeito é agente, isto é, executa a ação expressa pelo verbo. Na 2a oração, o verbo está na voz passiva, pois o sujeito é paciente, isto é, sofre a ação expressa pelo verbo. Quando a oração está na voz passiva, aparece o agente da passiva, que corresponde ao sujeito da oração quando na voz ativa. E o objeto direto da voz ativa passa a sujeito paciente da voz passiva. Maria ama João. sujeito agente objeto direto João é amado por Maria. sujeito paciente agente da passiva O agente da passiva é, então, o complemento de um verbo na voz passiva e representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo. Vem regido pelas preposições por e de. Veja um exemplo com a preposição de. A fazenda estava rodeada de saqueadores. agente da passiva O agente da passiva pode ser expresso por substantivos, como vimos até aqui, e também por pronomes. O trabalho foi feito por mim. Todos estavam dominados por ele. Responda aos exercícios. Exercícios I – Marque X nos parênteses diante da frase em que se encontra em destaque o complemento nominal. 1. 2. 3. 4. ( ( ( ( 5. ( Ela necessita do seu amor. O filho deixou a mãe preocupada. Temos necessidade de amor. Os problemas foram resolvidos pela diretora. ) Todos amam a liberdade. ) ) ) ) II – Considerando os termos destacados, escreva, nos parênteses, CN para complemento nominal, AP para agente da passiva. 1. 2. 3. 4. ( ( ( ( 5. ( 6. ( Eles não têm respeito às leis. A queima de fogos já acabou. A grama foi aparada pelo jardineiro. O líder era respeitado pelos companheiros. ) As lembranças do passado não o deixam viver. ) Tenho confiança em você. ) ) ) ) III – Complete as orações com complementos nominais adequados. 1. O soldado luta em defesa ________________________________________ 2. Este filme é impróprio ________________________________________ 3. O correio já fez a remessa ________________________________________ 4. Durante a festa, haverá queima ________________________________________ IV – Troque o complemento verbal pelo nominal, como no modelo. Essa bebida cheira a uva. Essa bebida tem cheiro de uva. 1. Eu gosto de arte. ________________________________________ 2. Admiro você. ________________________________________ 3. Confio na vitória. ________________________________________ 4. Eles não amam os pobres. ________________________________________ V – Circule os agentes da passiva, quando possível. 1. O amor absoluto foi inventado por nós. 2. Gato escaldado tem medo de água fria. 3. A lâmpada elétrica foi inventada por Tomás Édson. 4. O pai era respeitado pelos filhos. 5. Todo amor que vai e volta de fingido tem sinais. 29 Curso 04 VI – Passe as orações para a voz passiva e sublinhe o agente da passiva. 1. Policiais cercavam a casa. ________________________________________ 2. João partiu o bolo. ________________________________________ 3. A água invadira a casa. ________________________________________ O termo da oração que se refere ao substantivo, núcleo de uma função sintática (sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, etc.), com a função de determiná-lo ou caracterizá-lo, é o adjunto adnominal. Além do artigo e do adjetivo, podem ser adjuntos adnominais: • pronomes adjetivos – aquele, aquela, meu, nosso, este, muitas, etc. Chave de correção Aquele menino está apaixonado. I – 3. ( x ) II – 1. ( CN ); 5. ( CN ); 2. ( CN ); 6. ( CN ). 3. ( AP ); 4. ( AP ); núcleo do sujeito Meu namorado é bonito. III – Você deve ter completado as frases, mais ou menos, assim: 1. O soldado luta em defesa da Pátria. 2. Este filme é impróprio para menores. 3. O correio já fez a remessa das cartas (ou da encomenda). 4. Durante a festa, haverá queima de fogos. IV – 1. Eu tenho gosto pela arte. 2. Tenho admiração por você. 3. Tenho confiança na vitória. 4. Eles não têm amor aos pobres. V – Você deve ter circulado as seguintes expressões: 1. por nós; 2. Não há agente da passiva porque o verbo não está na voz passiva. 3. por Tomás Édson; 4. pelos filhos; 5. Não há agente da passiva porque o verbo não está na voz passiva. VI – 1. A casa estava(era) cercada por policiais. 2. O bolo foi partido por João. 3. A casa foi invadida pela água. núcleo do sujeito Esse rapaz conhece muitas garotas. núcleo do sujeito • numerais – cem, dois, duzentos. Dois adolescentes fugiram de casa. núcleo do sujeito • locuções ou expressões adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, finalidade ou outra especificação. roupa de rei — qualidade livro do mestre — posse água do poço — origem muro de alvenaria — matéria UNIDADE 9 – Adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto e vocativo Objetivo: Identificar adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto e vocativo. Observe as palavras destacadas. A rutilante estrela sabe explicar o amor absoluto. núcleo do sujeito núcleo do objeto Veja que o artigo a e o adjetivo rutilante estão determinando e caracterizando o substantivo estrela, que é o núcleo do sujeito. Da mesma forma, o artigo o e o adjetivo absoluto estão se referindo ao substantivo amor, que é o núcleo do objeto direto. aula de português — especialidade É preciso ter cuidado para não confundir o adjunto adnominal formado por locução adjetiva com o complemento nominal, já que ambos são introduzidos por preposição. Observe o seguinte: 1. Se o termo introduzido por preposição estiver ligado a adjetivo ou advérbio, será complemento nominal. O marido era favorável à reconciliação. adjetivo complemento nominal Votou desfavoravelmente ao réu. advérbio complemento nominal 30 Curso 04 2. Se o termo introduzido por preposição estiver ligado a substantivo, será adjunto adnominal ou complemento nominal. Veja a oração: • Adjunto adnominal – quando tiver sentido ativo (quando for o agente) ou a origem, a qualidade de alguém ou de alguma coisa. Veja: O adjunto adverbial cedo acrescenta à ação verbal chegaram a circunstância de tempo em que ela ocorre. a resposta do aluno adjunto adnominal (O aluno deu a resposta. → sentido ativo) folhas de árvores adjunto adnominal (As folhas pertencem às árvores.) • Complemento nominal – quando tiver sentido passivo, quando for o alvo da ação expressa por um nome. a resposta ao professor complemento nominal (O professor recebeu a resposta. sentido passivo) Veja as orações onde aparecem o adjunto e o complemento nominal. A resposta do aluno ao professor foi satisfatória. adjunto núcleo adnominal do adjunto adnominal complemento nominal sujeito O aluno dá a O professor recebe a resposta. resposta. (sentido passivo) (sentido ativo) O pedido do menino ao pai foi absurdo. adjunto núcleo adnominal do sujeito adjunto adnominal complemento nominal O menino faz o pedido. (sentido ativo) O pai recebe o pedido. (sentido passivo) Chegaram cedo. Além do advérbio, o adjunto adverbial pode ser formado também por locuções adverbiais, que, da mesma forma, expressam as circunstâncias em que ocorrem as ações verbais. Veja: Chegaram em São Paulo. O adjunto adverbial em São Paulo, formado por uma locução adverbial, indica a circunstância de lugar em que ocorre a ação verbal. Veja alguns exemplos de adjuntos adverbiais compostos por advérbios e por locuções adverbiais: • de afirmação – sim, certamente, com certeza. • de dúvida – talvez, provavelmente. • de intensidade – muito, pouco, bastante. • de lugar –longe, perto, aqui, na frente, em cima, no alto, no Rio de Janeiro,em casa, na rua, aqui em casa, em São Paulo. • de modo – depressa, devagar, à toa, lentamente. • de negação – não, em hipótese nenhuma. • de tempo – ontem, hoje, amanhã, nunca, jamais, de repente, logo mais. Observação Chegaram cedo. Os adjuntos adverbiais podem também aparecer ligados a adjetivos ou a outro advérbio, com o objetivo de intensificar o sentido destas palavras. Saíram daqui. Veja: Observe agora as palavras destacadas: Ela anda devagar. A criança chorou muito. Você deve ter notado que as palavras destacadas são advérbios, que acrescentam circunstância de tempo, lugar, modo, intensidade aos verbos. Os advérbios têm, na oração, a função de adjuntos adverbiais. A criança é muito chorona. adjunto adjetivo adverbial de intensidade O menino chora muito alto. adjunto adverbial de intensidade advérbio 31 Curso 04 Observe agora os destaques destas orações: Marina Colasanti, escritora famosa, publicou um livro sobre o amor. Na primavera – estação das flores –, a cidade fica mais bonita. O motorista, um homem gordo e sorridente, esperava-a. Veja que o termo destacado nas frases serve para explicar, identificar, esclarecer um outro termo da oração. Esse termo recebe o nome de aposto e, nesses casos, vem separado por vírgulas ou travessão. Veja outro exemplo: Poeta romântico , Álvares de Azevedo morreu cedo. aposto Nessa oração, temos o aposto colocado antes do termo a que se refere. Agora, observe: Só está faltando uma coisa: a sua mala . aposto Roubaram tudo: dinheiro, documentos, jóias. uma infinidade de cidades (termo genérico), mas apenas uma é o Rio de Janeiro. Observe as palavras destacadas nestas frases: Amigos, entrem logo! Meu filho, não anda na chuva! “Serenai, verdes mares!” (José de Alencar) Olá comadre, como vai? A fidelidade, meus amigos, é a base do casamento. Rex, volta aqui! Certamente você notou que o termo destacado nas frases tem a função de indicar as pessoas ou seres a quem nos dirigimos. Esse termo é o vocativo (palavra que vem do latim vocare e que significa chamar). O vocativo se refere sempre à 2a pessoa do discurso, ao ser ao qual nos dirigimos. Esse ser pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou uma entidade abstrata personificada. Observe que o vocativo vem sempre separado por vírgulas, pode aparecer no início, no meio ou no final da oração e ser antecedido por uma interjeição de apelo (ó, olá, eh!). Eh! menino, vem logo! Responda aos exercícios. aposto Desejo-lhe uma coisa: saúde . aposto Nesses exemplos, o aposto vem ao final da oração e depois de dois pontos. Exercícios I – Relacione as colunas escrevendo, nos parênteses, a letra adequada. Há ainda um outro tipo de aposto denominado aposto de especificação. Veja: a cidade do Rio de Janeiro aposto o rio Amazonas aposto rua Osvaldo Cruz aposto O aposto de especificação, que não é separado por nenhuma pontuação, especifica ou individualiza um termo genérico. Por exemplo, há 1. 2. 3. 4. A. adjunto adnominal B. adjunto adverbial C. aposto D. vocativo ( ) Renato, vem comigo! ( ) Meu vestido azul rasgou. ( ) Todos chegaram tarde. ( ) Zico, ex-jogador do Flamengo, é dono de uma escola de futebol. II – Sublinhe os adjuntos adnominais e circule os adjuntos adverbiais.. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Ontem comprei um sapato marrom. Esta parede amarela será pintada novamente. Nesta escola, ninguém usa uniforme. Comprei meu carro novo em Goiânia. A resposta do menino não estava incompleta. Nossa encomenda chega hoje. 32 Curso 04 III – Dê a função sintática das expressões destacadas. 1. Alunos, dirijam-se à sala. ________________________________________ UNIDADE 10 – Descrição, narração e dissertação 2. D. Pedro I, imperador do Brasil, foi um homem sábio. ________________________________________ Objetivos: Identificar textos descritivos, narrativos e dissertativos e elaborar parágrafos dissertativos. 3. Às vezes, penso em você. ________________________________________ 4. Sim, meu irmão, um brinde aos bons tempos! ________________________________________ 5. Carlos Drummond de Andrade, nosso poeta maior, influenciou mais de uma geração. ________________________________________ 6. Aquele senhor nunca mais voltou. ________________________________________ Você já sabe descrever e narrar. Contudo, antes de iniciarmos o estudo desta modalidade de redação, a dissertação, vamos rever as características da descrição e da narração. Leia os textos a seguir, observando as características de cada um e procurando identificar a modalidade narrativa a que pertencem. 1. Ana tinha agora diante de si três caras morenas, curtidas pelo vento e pelo sol. Ali estava o pai, com os grossos bigodes grisalhos, o corpo pesado e retaco, o ar reconcentrado; Antônio, alto e ossudo, os cabelos pretos e duros, e Horácio, com seu rosto de menino, o buço ralo e os olhos enviesados. Em todas aquelas caras havia um retesamento de músculos, já uma rigidez agressiva.1 2. Ana entrou no rancho e contou tudo à mãe, que estava junto do fogão botando no forno uma forma de lata com broas de milho. D. Henriqueta escutou-a em silêncio, tapou o forno, ergueu-se limpando as mãos na fímbria da saia e fitou na filha os olhos tristes e assustados.2 3. As figuras femininas que integram a vasta galeria de personagens de Érico Veríssimo são particularmente famosas. O escritor que soube criar o Capitão Rodrigo, soube também dar vida a mulheres inteiras e convincentes. Elas são muitas na extensa obra. Mas pode-se dizer que nenhuma traz tanta beleza, tanto amor e altivez, um destino tão tristemente forte como Ana Terra. Esta é e será sempre uma das mulheres mais bem concebidas da literatura em língua portuguesa.3 7. Ele afastou-se apressadamente. ________________________________________ 8. Olhe, João, vim pedir desculpas. ________________________________________ 9. Graciliano Ramos, escritor nordestino, é autor de obras memoráveis. ________________________________________ 10. Não, querido, não sou teu anjo da guarda. ________________________________________ IV – Escreva nos parênteses, A para os adjuntos adnominais e B para os complementos nominais. 1. ( ) O diretor proibiu as manifestações dos empregados. 2. ( ) As detetives foram hábeis na passagem de informações. 3. ( ) A ação do treinador é indispensável. 4. ( ) A educação visa à formação do caráter. Chave de correção I – 1. ( D ); 2. ( A ); 3. ( B ); 4. ( C ). II – 1. Ontem comprei um sapato marrom. 2. Esta parede amarela será pintada novamente . 3. Nesta escola ninguém usa uniforme. 4. Comprei meu carro novo em Goiânia . 5. A resposta do menino não estava incompleta. 6. Nossa encomenda chega hoje . III – 1. vocativo; 3. adjunto adverbial; 5. aposto; 7. adjunto adverbial; 9. aposto; IV – 1. ( A ); 1 2 2. ( B ); 2. aposto; 4. vocativo 6. adjunto adnominal; 8. vocativo; 10. vocativo. 3. ( A ); 4. ( B ). Veríssimo, Érico, Ana Terra. Porto Alegre: Globo, 1971. p.10. Idem p.10/11. 3 Apresentação do romance Ana Terra pelo editor. Agora veja. 1. O primeiro trecho é descritivo. Ele nos apresenta as características físicas de três personagens. 33 Curso 04 O texto descritivo trabalha com a nossa capacidade de percepção, com os nossos cinco sentidos. No texto em questão, o sentido predominante é a visão. O narrador descreve aquilo que seus olhos vêem e nós, que o lemos, vemos os personagens através de seus olhos. Mas você sabe que há textos descritivos muito mais completos. Sabe que, ao elaborarmos uma descrição, podemos transmitir outras sensações, como os odores, os sons, o gosto das coisas e as sensações de frio ou calor, por exemplo. 2. O segundo trecho é narrativo. É um pequeno trecho de uma narrativa maior. Narrar é contar. A narração exige muita imaginação criadora, pois, ao narrar, criamos personagens, construímos enredos. Criamos também o narrador, decidimos se ele participa ou não, como personagem, da história contada ( Você notou que no texto em questão, o narrador não participa da história?). Não devemos esquecer também que na narração pode e deve estar incluída a descrição dos personagens e dos ambientes que compõem a história. Repare como o narrador se refere aos olhos “tristes e assustados” de D. Henriqueta. 3. O terceiro texto é dissertativo. Nele o autor elogia os personagens criados por Érico Veríssimo, destacando Ana Terra, por ele considerada como uma das mais importantes criações femininas da literatura de língua portuguesa. Introdução (apresenta o assunto a ser discutido) Desenvolvimento (apresenta a argumentação) Conclusão As figuras femininas que integram a vasta galeria de personagens de Érico Veríssimo são particularmente famosas. O escritor que soube criar o Capitão Rodrigo, soube também dar vida a mulheres inteiras e convincentes. Elas são muitas na extensa obra. Mas pode-se dizer que nenhuma traz tanta beleza, tanto amor e altivez, um destino tão tristemente forte como Ana Terra. Esta é e será sempre uma das mulheres mais bem concebidas da literatura em língua portuguesa. A coincidência entre as partes da dissertação e as do parágrafo não se deu por acaso. Você já sabe que o parágrafo é a unidade do texto, que tem por função agrupar as frases que tratam do mesmo assunto. Por sua vez, o parágrafo dissertativo também tem as suas partes, que são: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. Veja: Vemos, então, que a dissertação é um texto composto por idéias ou opiniões sobre um determinado assunto. 1o Tópico frasal – é a frase que indica o assunto a ser tratado no parágrafo. Essa frase, geralmente, é a primeira do parágrafo. Na dissertação, devemos desenvolver um raciocínio e apresentar argumentos que defendam a nossa posição (o nosso ponto de vista). 2o Desenvolvimento – são as frases que explicam, exemplificam ou justificam o assunto indicado no tópico frasal. O texto que apresentamos é constituído de apenas um parágrafo , é um comentário rápido, mas, mesmo assim, podemos encontrar nele as três partes fundamentais da dissertação: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. 3o Conclusão – expressa a opinião ou conclusão do autor sobre o assunto tratado no parágrafo. Os parágrafos podem não apresentar conclusão. Ela só é necessária se o parágrafo for o último de um texto dissertativo. Quando há conclusão, ela é sempre a última frase e geralmente vem antecedida das conjunções: portanto, então, logo. 34 Curso 04 Vimos, então, que o parágrafo é uma unidade de idéias. As frases que o compõem devem estar diretamente relacionadas com o assunto apresentado no tópico frasal. Isso deve ser observado com muita atenção: um parágrafo só pode tratar de um assunto. Ao tratar de um novo assunto, crie um novo parágrafo. Realize agora os exercícios propostos. II – Elabore um parágrafo dissertativo dando a sua opinião sobre algum problema da cidade em que você vive. ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Exercícios I – Escreva, nos espaços, o nome da modalidade de redação predominante em cada um dos trechos a seguir . ___________________________________________ 1. ______________________________________ ___________________________________________ É possível que, de todos os personagens que povoam O Tempo e o Vento, Ana Terra só perca em fascínio para o já lendário Capitão Rodrigo Cambará. Nem seu filho Pedro, nem mesmo sua neta Bibiana, ninguém mais se coloca num plano tão aproximado da consagração pública, da devoção sucessiva dos leitores. É que Ana Terra, como o bravo capitão, encerra muito de símbolo na sua vida corajosa e sofrida.5 ___________________________________________ 3. ______________________________________ 6 ___________________________________________ ___________________________________________ O sol batia de chapa no toldo de palha e a cabana estava quente como um forno. Ana via os irmãos comendo e suando, as caras barbudas e reluzentes, a testa gotejando, as camisas empapadas. O panelão de feijão, com pedaços de lingüiça e toicinho, fumegava no centro da mesa, e moscas voavam no ar pesado.6 5 ___________________________________________ Numa noite de lua cheia Horácio saiu para o campo a caçar tatu e voltou pela madrugada trazendo uma mulita magra. No dia seguinte a mãe preparou a caça para o almoço e Maneco e Horácio mostraram-se satisfeitos, pois a carne de mulita era muito apreciada por todos. Pedro, porém, recusou-se a comê-la com uma veemência que quase se aproximava do horror. – Não gosta? – perguntou D. Henriqueta. – Nunca provei. – Pois então prove. O índio sacudia a cabeça obstinadamente. – Mas não tem outra coisa – avisou ela. – Só tatu e abóbora.4 2. ______________________________________ 4 ___________________________________________ Ana Terra, p.23. Orelha do romance Ana Terra. Ana Terra, p,36. ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Chave de correção I – 1. narração; 2. dissertação; 3. descrição. II – Você deve ter elaborado seu parágrafo observando a unidade de idéias. Ele deve ter um tópico frasal, indicando o assunto que vai ser tratado. Em seguida, vem o desenvolvimento, composto por frases que explicam, exemplificam ou justificam o assunto indicado e, por fim, deve haver uma frase conclusiva. Veja como poderia ser um parágrafo dissertativo sobre um problema de Brasília. Brasília, cidade nova e planejada, não deveria ter os problemas que angustiam os habitantes das grandes e velhas cidades. No entanto é preciso que os governantes solucionem os problemas de trânsito e, principalmente, a falta de estacionamentos. Caso contrário, brevemente, não poderemos mais sair de casa, pois não teremos onde deixar o carro. Curso 04 UNIDADE 11 – Elas estão à procura de outro homem Objetivo: Ler e interpretar textos. Leia, com atenção, mais um texto de Marina Colasanti. ELAS ESTÃO À PROCURA DE OUTRO HOMEM O público consumidor dos romances de amor é prevalentemente feminino. A primeira razão alegada para isso é sempre o “romantismo” das mulheres, entendendo-se por “romantismo” um certo tipo de alienação açucarada que as levaria a procurar no amor fantástico a solução de suas vidas. Já vimos como as mulheres lidam com o amor imaginário. Vamos ver agora como o mercado lida com os sonhos das mulheres. Desde a safra Delly, que data do princípio do século, os romances de amor passaram a ter uma cor e uma definição femininas: são os romances cor-de-rosa. Bastaria isso para torná-los proibitivos ao público masculino. Um macho bigodudo não leria Delly, assim como não usaria cuecas “pink”. Ambos seriam um atentado à sua virilidade. A partir daí, a coisa intensificou-se. Hoje, todas as coleções de romances de amor, as de livrarias e sobretudo as de bancas de jornais, têm na capa apelos tipicamente femininos, quer na parte gráfica – que em alguns mais parece um risco de bordado, cheio de flores e corações –, quer nas ilustrações, quer nos títulos. No Brasil, várias coleções foram batizadas com nomes de mulher, como Sabrina ou Júlia. Nada, no exterior desses livros, levaria um homem a comprá-los. Ou melhor, dentro da atual divisão de papéis masculino/ feminino, tudo o afasta deles. Esses romances tornaram-se tão exclusivamente femininos quanto o sutiã ou os absorventes higiênicos. O conteúdo não trai as promessas de capa. Não só são escritos quase que apenas por mulheres, como se dirigem só a elas. A personagem central é sempre uma mulher. O homem que ela ama obedece ao estereótipo clássico do macho idealizado: é bonito, mais velho, forte, rico e aparentemente distante ou difícil. Mas se revelará doce e terno ao final, quando seu amor pela heroína explodir em toda a intensidade. A maioria desses romances não tem violência, e muitos não 35 têm sequer sexo. Tudo se passa no plano da expectativa, do por-vir. A felicidade não se encontra no presente, mas sim no futuro que já está a caminho. As mulheres, portanto, não procuram esses livros tão espontaneamente quanto parece. Nem os homens tão espontaneamente se afastam deles. O que existe é uma manipulação, realizada através de um produto preparado para atingir só o públicoalvo. Um público valioso, porque além de ter poder aquisitivo – as mulheres que trabalham têm seu próprio dinheiro, e as que não, controlam grande parte do orçamento doméstico –, costuma ter mais interesse em leitura; uma pesquisa realizada na França mostrou que, em 1983, os compradores de livros foram 9,2 milhões de homens, para 11,6 milhões de mulheres. E por que esse produto agrada tanto às mulheres? Primeiro porque, como já vimos, apesar da aparente inocência, mexe com emoções profundas. E as mulheres estão, mais do que os homens, ligadas a essas emoções. Segundo porque reforça todo um quadro de “filiação” feminina ao homem, que ainda está muito arraigado em nós. Mas eu acho que há uma terceira razão, que é o desapontamento da mulher em relação ao homem. Sem perceber, a sociedade cria uma grave duplicidade na imagem masculina que a mulher traz dentro de si. Desde o início lhe vende uma imagem de homem absolutamente fantástico: forte, maduro, centrado, protetor, que lhe dará plena felicidade ao leito e saberá amá-la romanticamente. Este homem impossível parece encontrar identidade na força todo-poderosa e equilibrada que é oficialmente atribuída ao pai. Sem perceber o equívoco, as mulheres crescem se preparando para esse homem. Mas rumo à idade adulta, descobrem, progressivamente, que ele não existe. Nenhum homem pode reunir em si tantas qualidades. Os homens são fortes ou fracos, maduros ou imaturos, centrados ou aloprados. Podem dar felicidade ao leito, mas as mulheres têm que batalhar por ela. E quanto a amar romanticamente, costuma ser muito difícil para eles, que tiveram cortado o trânsito com as emoções. O entendimento tem que ser realizado com esse novo homem, que é real, que existe e está disponível. Mas, embora conseguindo-o, e 36 Curso 04 eventualmente até com bons resultados, fica no coração da mulher a saudade daquele outro para o qual havia preparado o enxoval que, nunca usado, continua guardado com cheiro de alfazema nas escuras arcas do seu ser. É esse outro que ela vai procurar nos romances de amor, certa de que não será desapontada. Glossário prevalentemente – principalmente. fantástico – fantasioso, imaginativo. alienação – falta de consciência dos problemas sociais. Delly – Madame Delly - pseudônimo dos irmãos Fréderic Joseph e Marie H. de la Rosière, que, nas décadas de 30/40 e 50, marcaram a juventude de milhões de brasileiras. “pink” – palavra da língua inglesa que significa cor-de-rosa. estereótipo – modelo, tipo. manipulação – armação, maquinação. por-vir (porvir) – que virá, futuro. poder aquisitivo – poder de compra, isto é, possuir dinheiro para comprar. arraigado – enraizado. Responda aos exercícios. Exercícios I – Reescreva as frases substituindo as palavras destacadas por sinônimos. 1. ...“entendendo-se por ‘romantismo’ um certo tipo de alienação açucarada”... ________________________________________ 2. “Bastaria isso para torná-los proibitivos ao público masculino.” ________________________________________ 3. “Ambos seriam um atentado à sua virilidade.” ________________________________________ 4. “Sem perceber o equívoco, as mulheres crescem se preparando para esse homem.” ________________________________________ 5. “Mas rumo à idade adulta, descobrem, progressivamente, que ele não existe.” ________________________________________ 6. “Nenhum homem pode reunir em si tantas qualidades.” ________________________________________ II – Relacione os antônimos, escrevendo, nos parênteses, a letra adequada. A. superficiais B. fatalmente C. bruto D. real E. interior F. próximo 1. 2. 3. 4. 5. 6. ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) exterior idealizado distante terno eventualmente profundas III – Com base no texto, responda. 1. Segundo a autora, três razões explicam o fato de ser a mulher o público consumidor dos romances de amor. Quais são essas razões? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2. Quais são as estratégias de manipulação utilizadas pelo mercado dos romances de amor para atingir seu público-alvo? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3. Por que os homens não lêem romances de amor? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 4. Que argumentos a autora usa para explicar o que ela chama de “desapontamento da mulher em relação ao homem”? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 5. Explique este trecho do último parágrafo. ... “fica no coração da mulher a saudade daquele outro para o qual havia preparado o enxoval que, nunca usado, continua guardado com cheiro de alfazema nas escuras arcas do seu ser.” ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ Chave de correção I – Você deve ter reescrito os trechos substituindo os termos em destaque por: 1. adocicada; 2. proibidos; 3. masculinidade; 4. engano; 5. percebem (ou notam); 6. ter (ou possuir). II – 1. ( E ); 2. ( D ); 3. (F ); 4. ( C ); 5. ( B ); 6. ( A ). 37 Curso 04 III – 1. A primeira delas é o alegado “romantismo” das mulheres, que as leva a procurar, no amor idealizado, a solução de suas vidas. A segunda razão são as estratégias de manipulação usadas pelo mercado de romances para atrair e envolver as mulheres. A terceira é o desapontamento das mulheres em relação ao homem real, o que as leva a procurar o seu herói idealizado nos romances. 2. A estratégia de sedução já começa na capa, que tem apelos tipicamente femininos: desenhos de flores e corações e títulos com nomes de mulher. O conteúdo combina com a capa. Os romances são, geralmente, escritos por mulheres e dirigidos às mulheres. A personagem central é sempre uma mulher que luta pelo amor de um homem perfeito: bonito, rico, forte, doce e terno. Esses romances não contêm violência e, muitas vezes, nem sexo. “Tudo se passa no plano da expectativa.” A felicidade se encontra no futuro que está a caminho. 3. Dirigidos às mulheres e tipicamente “cor-de-rosa”, esses romances representam “um atentado” à virilidade masculina. 4. A autora responsabiliza a sociedade por criar para a mulher uma imagem fantasiosa do homem: “forte, maduro, centrado, protetor.” É para esse homem que as mulheres se preparam. E, na idade adulta, descobrem que não existe, que ninguém é tão perfeito. Elas têm, então, que se contentar com o homem real e com todos os seus defeitos. 5. Mesmo conseguindo se entender com o homem real, fica no coração da mulher a saudade do homem idealizado, do príncipe encantado, com o qual havia sonhado tanto e que nunca encontrou. O “enxoval nunca usado” são os sonhos não realizados que ficaram guardados no fundo do coração (“as escuras arcas do seu ser”). UNIDADE 12 – Coerência entre as idéias Objetivo: Empregar conjunções que completem coerentemente o sentido de frases. Leia primeiro. Comente depois. Na terceira, encontramos a palavra quando unindo duas orações que se completam, sendo que a segunda é termo sintático da primeira. Observe como ela tem a função de um adjunto adverbial de tempo da primeira oração, pois está indicando a circunstância de tempo em que ocorre a ação da primeira oração. As palavras invariáveis que servem para relacionar dois termos da mesma oração ou duas orações, sintaticamente independentes ou não, chamamse conjunções. Ao relacionar termos e orações, as conjunções estão relacionando idéias. E essas idéias devem ser relacionadas com coerência (com lógica) para que o sentido da frase não seja prejudicado. Leia as frases: Ela não é bonita, como também tem um belo sorriso. Não é só preguiçoso, porém é mal-educado. Estava cansado, por isso foi trabalhar. Veja que não há lógica em nenhuma das frases. Podemos dizer que uma pessoa que não é bonita, tem um belo sorriso. Não podemos é usar a conjunção como também entre as duas idéias que são opostas. Vamos, então, trocá-la pela conjunção adequada. Veja: Ela não é bonita, mas tem um belo sorriso. Observe as palavras destacadas: Embora não seja bonita, tem um belo sorriso. As mulheres adultas e as jovens lêem romances de amor. Já, na segunda frase, as idéias de que alguém é preguiçoso e mal-educado não são opostas, por isso a conjunção porém não é apropriada. Leia primeiro e comente depois. Lia muito quando era jovem. Na primeira frase, temos a palavra e ligando dois termos de uma oração: as mulheres adultas e as jovens. Na segunda, vemos a mesma palavra e ligando duas orações sintaticamente independentes, isto é, uma não é termo da outra, uma não completa o sentido da outra. Veja: Veja essa frase com a conjunção certa: Não só é preguiçoso, como também é maleducado. As idéias se somam. Na última frase, temos a informação de que a razão de alguém ter ido trabalhar foi o fato de estar cansado, o que é incoerente. Alguém pode trabalhar mesmo estando cansado, mas não por causa disso. Veja a frase com uma conjunção adequada: 38 Curso 04 Estava cansado, contudo foi trabalhar. Dormiu cedo porque estava cansado. ou Embora estivesse cansado, foi trabalhar. Entraram rapidamente pois os pais haviam chegado. Vimos, então, que, para relacionarmos corretamente as idéias, devemos usar a conjunção adequada. Observe que, no período em que aparece a causal, existe, necessariamente, uma relação de causa e efeito. Existem vários tipos de conjunções e locuções conjuntivas. Vamos estudar as principais. Veja: Indicam idéias opostas: • adversativas – mas, porém, contudo, todavia, no entanto. Estava doente, mas não ficava quieto. Quando alguém está doente, espera-se que fique quieto, mas a informação que se tem a dar é, justamente, contrária ao que se espera, usa-se então uma conjunção adversativa entre as orações. porque estava cansado → causa dormiu cedo → efeito chegada dos pais → causa entrada rápida → efeito Indicam conclusão ou conseqüência: • conclusivas – logo, portanto, por conseguinte, por isso, pois (depois de verbo). As árvores balançam, logo está ventando. Veja outros exemplos: A estrada está seca, portanto não choveu. Ficou triste, porém não chorou. Observe que as orações introduzidas pelas conclusivas indicam uma conclusão: concluímos que está ventando porque as árvores balançam; concluímos que não choveu porque a estrada está seca. Trabalhou muito, no entanto continua pobre. • concessivas – embora, enquanto, apesar de que, ainda que. Exprimem a idéia de concessão (ato de conceder, de permitir uma idéia contrária). Veja como é usada a conjunção conclusiva pois, depois de verbo. Lerei esse livro, embora ele seja açucarado. Essa doença é curável, deves, pois, tratar-te. Comprarei seu livro, ainda que seja caro. • consecutivas – que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto, tamanho, às vezes, subentendidos), de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, sem que, que. Indicam justificativa, causa, motivo: • explicativas – que, porque, porquanto, pois (antes de verbo). Venha depressa, que eles já estão aqui. Não solte balões, porque podem causar incêndios. Deve ter chovido, pois a rua está molhada. Veja que as explicativas introduzem orações que apresentam uma justificativa para o fato declarado na primeira oração. A oração que antecede a explicativa traz o verbo geralmente no imperativo ou numa forma hipotética. • causais – porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já que, uma vez que, desde que. Fazia tanto frio que meu nariz estava gelado. Seus olhos doíam tanto que mal podia ler. Note que essas conjunções introduzem uma conseqüência, um efeito, um resultado: o frio era tanto que sua conseqüência era o nariz gelado, a dor nos olhos era tanta que mal podia ler. Veja exemplos com os termos conclusivos subentendidos. Bebia que era uma lástima! (Bebia tanto que era uma lástima!) Chovia que era um horror! (Chovia tanto que era um horror!) 39 Curso 04 Indicam adição (soma), acrescentamento: Explico tudo se você ficar calmo. • aditivas – e, nem, mas também, mas ainda, senão também, como também, bem como. Lerei este livro, desde que não seja açucarado. “A maioria desses romances não tem violência e muitos não têm sequer sexo.” Não só é preguiçoso, como também é mal educado. Veja que ligadas pelas aditivas as idéias se somam. Indicam alternativa, alternância: • alternativas – ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer. Ela nos levará, contanto que cheguemos cedo. Se chegarmos tarde, não haverá mais ninguém. As condicionais indicam uma hipótese ou uma condição necessária para que algo seja ou não realizado. Indicam circunstância de tempo: • temporais – quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, até que, agora que. Quando escurecer, iremos embora. Ou você estuda, ou arruma um emprego. Logo que escurecer, sairemos. Ora ria, ora chorava. Desde que ele chegou, muitas coisas aconteceram. Quer reagisse, quer se calasse, sempre levava a pior. Indicam fatos que ocorrem juntos, simultaneamente: • proporcionais – à proporção que, à medida que, ao passo que, enquanto, quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto) ...quanto. Ela engordava à proporção que comia. Ela se cansava à medida que corria. Quanto mais corria, tanto mais se cansava. Quanto mais comia, mais engordava. Observe que os fatos ligados pelas proporcionais, além de ocorrerem simultaneamente, variam um de acordo com o outro. Começou a chover assim que ele saiu. Exercícios I – Complete as frases com um fato que se ligue coerentemente ao primeiro pela conjunção indicada. Modelo: . Quanto mais comia doces, tanto mais. (fato simultâneo) Quanto mais comia doces, tanto mais engordava. 1. Trocou a cidade pelo campo a fim de ________________________. (finalidade) 2. Pedro e Paulo eram amigos até que ________________________. (fato que fez terminar a ocorrência do outro) Indicam finalidade: 3. A menina começou a andar logo que ______________________. (fato imediato) • finais – para que, a fim de que, que. Fiz-lhe sinal para que se levantasse. 4. Conserte as goteiras antes que _________________________. (fato que ocorrerá depois) Falou em voz bem alta a fim de que todos o escutassem. 5. A colheita foi boa porque _________________________________. (causa ou motivo) Fiz-lhe sinal que se levantasse. 6. A colheita foi tão boa que _______________________________. (conseqüência) Observe que as finais ligam os fatos ao seu objetivo, à sua finalidade. Indicam condição: • condicionais – se, caso, contanto que, sem que, a não ser que. 7. Estudou muito, porém ______________________________. (idéia oposta) 8. Não só é bonita, como também ______________________________. (idéia de adição) 40 Curso 04 9. Nem é bonita, nem ____________________________________. (idéia de adição) 10. Não pode ver um doce, que não _____________________________. (conseqüência) II – Usando as conjunções embora e entretanto, ligue as idéias de modo que as frases se tornem coerentes. • Sabia toda a matéria. Errou a maior parte da prova. a. Embora soubesse toda a matéria, errou a maior parte da prova. b. Sabia toda a matéria, entretanto errou a maior parte da prova. 1. Queria fazer economia. Comprava tudo o que encontrava. a. ______________________________________ b. ______________________________________ 2. Estava doente. Não queria ficar em casa. a. ______________________________________ b. ______________________________________ 3. Gostava da namorada. Não queria continuar o romance. a. ______________________________________ b. ______________________________________ III – Preencha as lacunas com as conjunções que completam coerentemente as frases. 1. Estava doente ______________________ não foi ao médico. (idéia contrária) 2. Estava doente ______________________ foi ao médico. (conclusão) 3. Foi ao médico ______________________ estava doente. (causa) 4. ____________________ estivesse doente, iria ao médico. (condição) IV – Escreva nos parênteses, a letra adequada. 1. 2. 3. 4. 5. A. idéia contrária B. acrescentamento C. justificativa D. conclusão E. alternâcia ( ) O comerciante comprou o carro e o vendeu. ( ) Ou estuda ou trabalha. ( ) Apressa-te, porque o tempo é escasso. ( ) Pagou a compra, portanto poderia levá-la. ( ) Querem ficar ricos, mas não trabalham V – Reescreva as frases substituindo as conjunções destacadas por outras de igual significado, mantendo a coerência da frase. 1. O doente sofre, contudo não se queixa. ________________________________________ 2. Comprarei o carro desde que não seja caro. ________________________________________ 3. Ela vestia-se bem, embora fosse pobre. ________________________________________ 4. Saiu correndo uma vez que estava atrasado. ________________________________________ Chave de correção I – 1. Trocou a cidade pelo campo a fim de melhorar sua saúde. (ou descansar) 2. Pedro e Paulo eram amigos até que brigaram. 3. A menina começou a andar logo que fez 1 ano. 4. Conserte as goteiras antes que chova. 5. A colheita foi boa porque choveu. (ou fez bom tempo) 6. A colheita foi tão boa que vamos comemorar. 7. Estudou muito, porém não foi aprovado. (ou não passou, ou não aprendeu) 8. Não só é bonita, como também é simpática. (ou qualquer outra qualidade) 9. Nem é bonita, nem é rica. (ou qualquer outra qualidade) 10. Não pode ver um doce, que não o queira comer. II – 1. a. Embora quisesse fazer economia, comprava tudo o que encontrava. b. Queria fazer economia, entretanto comprava tudo o que encontrava. 2. a. Embora estivesse doente, não queria ficar em casa. b. Não queria ficar em casa, entretanto estava doente. 3. a. Embora gostasse da namorada, não queria continuar o romance. b. Não queria continuar o romance, entretanto gostava da namorada. III – 1. Estava doente, mas não foi ao médico. (ou entretanto, no entanto, contudo, todavia, porém) 2. Estava doente, por isso foi ao médico. ( ou portanto, por conseguinte, logo) 3. Foi ao médico porque estava doente. (ou pois) 4. Se estivesse doente, iria ao médico. IV – 1. ( B ); 2. ( E ); 3. ( C ); 4. ( D ); 5. ( A ). V – 1. O doente sofre, mas não se queixa. (ou porém, todavia, entretanto, no entanto) 2. Comprarei o carro, contanto que não seja caro. 3. Ela vestia-se bem, ainda que fosse pobre. 4. Saiu correndo, pois estava atrasado. (ou porque, já que, visto que). UNIDADE 13 – Pontuação Objetivo: Empregar adequadamente ponto, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos, aspas, travessão, parênteses, reticências. A pontuação tem a importante função de facilitar a leitura e a compreensão das orações e dos períodos. Através dos sinais de pontuação, podemos: • assinalar as pausas e as inflexões (a entoação) da voz na leitura; 41 Curso 04 • separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas; • esclarecer o sentido da frase, evitando ambigüidades. Ótimo! Que susto! Parabéns! Volte aqui! Leia a história, a seguir, que ilustra o poder da pontuação. Vírgula Uma cidade estava cercada por tropas inimigas, que só esperavam as ordens de seu soberano para abrir fogo contra a população. O soberano envia, finalmente, um telegrama com a mensagem: A vírgula é o sinal de pontuação que indica uma pausa de certa duração. Pode ser usada para separar os termos de uma oração, ou para separar as orações dentro de um período. Fogo, não poupem a cidade! Na nossa língua, a ordem normal dos termos na oração é a seguinte: No entanto o telegrafista trocou a posição da vírgula, e a mensagem ficou assim: sujeito – verbo – complementos – adjuntos adverbiais. Fogo não, poupem a cidade! Quando os termos da oração estão nessa ordem, eles estão na ordem direta (ou ordem lógica) e não se separam por vírgula. Com isso salvaram-se a cidade e os seus habitantes. Vamos ver agora como devem ser usados os principais sinais de pontuação. Ponto final É usado no final de período. Na leitura, indica uma pausa. Não podemos emendar um período ao período seguinte sem fazermos essa pausa. “Já vimos como as mulheres lidam com o amor imaginário. Vamos ver agora como o mercado lida com os sonhos das mulheres.” É usado também nas abreviaturas. Veja: As mulheres lêem romances de amor com interesse. Não se usa, portanto, vírgula entre o sujeito e o predicado, entre o verbo e seu complemento e entre o nome e seu adjunto. A vírgula no interior da oração 1. Alguns termos que se intercalam ou se antepõem à ordem direta, quebrando a seqüência natural da oração, devem ser separados por vírgulas. Assim, são separados Sr. (senhor) Sra. (senhora) p. (página) a.C. (antes de Cristo) M. Delly, autora de romances “cor-de-rosa”, foi muito lida até os anos 50. Ponto de interrogação b) as expressões de caráter explicativo ou corretivo (ou melhor, isto é, aliás) É usado ao fim de um palavra, oração ou frase, para indicar pergunta direta. A qualidade literária dos seus livros, ou melhor, a ausência de qualidade literária sempre foi notada. Aonde? Entendeu? E por que esse produto agrada tanto às mulheres? Não lerei esse livro amanhã, ou melhor, não o lerei nunca. Ponto de exclamação É usado depois das interjeições, locuções ou frases, para denotar entusiasmo, surpresa, espanto, dor, ordem, etc. a) o aposto É um romance adocicado, isto é, romântico demais. c) as conjunções intercaladas “As mulheres, portanto, não procuram esses livros tão espontaneamente quanto parece.” 42 Curso 04 d) os adjuntos adverbiais antepostos ou intercalados “Desde a safra Delly, que data do início do século, os romances de amor passaram a ter uma cor e uma definição femininas: são romances corde-rosa.” Várias coleções, no Brasil, foram batizadas com nomes de mulher, como Sabrina ou Júlia. Quando os adjuntos adverbiais forem constituídos de uma só palavra, a vírgula não é obrigatória, pois pode-se considerar que não há quebra da seqüência lógica do enunciado. As crianças agora estão quietas. Agora as crianças estão quietas. 2. A vírgula é usada para separar o vocativo. Mulheres, não sejam tão românticas! Observa, leitora, como esse romance é adocicado. Não chore, leitora! 3. A vírgula é usada para marcar a omissão de uma palavra na frase, geralmente o verbo. Ela prefere os romances de amor e ele, romances de aventura. 4. Usa-se a vírgula para separar os termos de uma enumeração. “O homem que ela ama obedece ao estereótipo clássico do macho idealizado: é bonito, mais velho, forte, rico e aparentemente distante ou difícil.” A vírgula entre orações 1. As orações independentes (exceto as iniciadas pela conjunção aditiva e) separam-se por vírgula. Elas liam muito, porém liam obras de valor literário duvidoso. E volta, e recomeça, e se esforça, e consegue. 2. As orações que aparecem intercaladas (dentro de outra oração) são geralmente separadas por dupla vírgula ou duplo travessão: Eu, disse o professor, não concordo com isso. oração intercalada Eu – disse o professor – não concordo com isso. oração intercalada Ponto-e-vírgula O ponto-e-vírgula marca um pausa mais longa que a vírgula e menos longa que a do ponto. É empregado, principalmente, para separar 1. orações independentes de certa extensão ou que já tenham vírgula no seu interior: “Não dançou; viu, conversou, riu um pouco e saiu.” (Machado de Assis) 2. os diversos itens de um considerando, de um artigo de lei ou de uma enumeração. Observe um trecho da Constituição Federal. Art. 89. O conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: I – o Vice-Presidente da República; II – o Presidente da Câmara dos Deputados; III – o Presidente do Senado Federal; IV – os líderes da maioria na Câmara dos Deputados; V – os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI – o Ministro da Justiça; Dois-pontos Os dois pontos são empregados Há casos em que a vírgula é usada antes da conjunção e. 1. para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção: • Quando as orações tiverem sujeitos diferentes: “Ana não respondeu. O rapaz tornou a perguntar: As crianças brincavam, e os pais ficavam observando. — Os bandidos já foram?” (Érico Veríssimo) • Quando a conjunção e vier repetida enfaticamente como recurso estilístico (essa figura chama-se polissíndeto): Bem diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. 2. antes de uma citação 43 Curso 04 3. antes de certos apostos, principalmente nas enumerações: “O homem que ela ama obedece ao estereótipo clássico do macho localizado: é bonito, mais velho, forte, rico.” Travessão O travessão é empregado, principalmente, para 1. indicar a mudança de interlocutor nos diálogos: 4. para indicar um esclarecimento, um resultado ou resumo do que se disse: “– É ela, mãe? – sussurrou Pedro. – Ela quem? – A vovó. – Tua avó está enterrada lá em cima da coxilha. – É a alma dela. – Não é nada, meu filho. Deve ser o vento.” Mas eu acho que há uma terceira razão: o desapontamento das mulheres em relação aos homens. 2. substituir dupla vírgula, nas intercalações, quando se quer dar destaque ao termo intercalado: “Desde o início lhe vende uma imagem de homem absolutamente fantástico: forte, maduro, centrado, protetor”... Aspas As aspas são usadas 1. no início e no fim de uma citação de outro autor, para distingui-la do resto do texto. Se quisermos citar a frase de Marina Colasanti, por exemplo, devemos colocá-la entre aspas assim: “A felicidade não se encontra no presente, mas sim no futuro que já está a caminho.” 2. para pôr em evidência expressões ou conceitos. Veja como no texto, a autora põe aspas na palavra romantismo: A primeira razão alegada para isso é sempre o “romantismo” das mulheres, entendendo-se por “romantismo” um certo tipo de alienação açucarada.... 3. para destacar palavras estrangeiras, gírias ou expressões populares: Ele era um “gentleman”. (gentleman: Palavra de língua inglesa que significa cavalheiro). O rapaz ficou “grilado” com a pergunta. 4. para destacar títulos de poemas, crônicas, capítulos de livros: “Elas estão à procura de outro homem.” 5. para destacar os títulos de livros, revistas e jornais, usa-se, preferencialmente, sublinhá-los. Nas publicações, você vai encontrá-los em negrito ou itálico: E por falar em amor E por falar em amor E por falar em amor “Hoje, todas as coleções de romances de amor, as de livrarias e sobretudo as de bancas de jornais, têm na capa apelos tipicamente femininos, quer na parte gráfica – que em alguns mais parece um risco de bordado, cheio de flores e corações –, quer nas ilustrações, quer nos títulos.” Parênteses Os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários explicativos. Podem ser usados nos mesmos casos das vírgulas duplas e do duplo travessão, mas, geralmente, indicam uma separação mais acentuada. Veja: No mundo (quem não sabe disso?) a justiça é um bem raro. “Ela (a rainha) é a representação viva da mágoa”... (Lima Barreto) Observe como o escritor Érico Veríssimo usa os travessões duplos e os parênteses em um mesmo parágrafo. “Quando cessaram as primeiras chuvas de inverno – julho devia estar principiando – começaram a semear. Lançaram as sementes nos sulcos (quanto mais fundo o rego, melhor – sabia ele).” Repare que, nesse parágrafo, os parênteses representam um isolamento maior que o dos travessões. Enquanto os travessões estão separando uma informação adicional, os parênteses estão isolando algo que, segundo o narrador, devia estar na cabeça de um dos personagens. 44 Curso 04 Reticências As reticências são usadas para 1. marcar, nos diálogos, uma interrupção na seqüência da frase: “– Ou então eu ia embora... – Mas pra onde? – Pra Rio Pardo, pra qualquer outra parte... – Mas fazer o quê?” (Érico Veríssimo) 2. indicar certa hesitação ou breve interrupção do pensamento: – Porque...não sei, porque...é meu destino. 3. sugerir movimento de continuação de um fato: “E a vida passa...efêmera e vazia.” 4. indicar supressão de palavras numa frase transcrita: “O sertanejo é (...) um forte.” (Euclides da Cunha) A frase inteira de Euclides da Cunha é: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Exercícios I – Torne claras as frases, usando vírgulas onde for necessário. 1. M. Delly escritora de romances cor-de-rosa já foi muito famosa. 2. Todas as jovens portanto adoravam seus livros. 3. Desde muito jovem adorava romances. 4. Ele comprou gravatas e ela sapatos. 5. Minhas amigas isso não é literatura! 6. Os comerciantes naquele dia fecharam as lojas mais cedo. 7. Zico ex-jogador do Flamengo parou de jogar. 8. A sua atitude ou melhor o seu comportamento não merece elogios. 9. Chegou pediu silêncio aguardou alguns minutos e começou a conferência. II – Reescreva o parágrafo, colocando as vírgulas e os pontos necessários. (Escreva com letra inicial maiúscula toda palavra que vier após o ponto.) Muitos anos mais tarde Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado e no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar escutava vozes via caras e lembrava-se de coisas... ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ III – Reescreva o parágrafo usando os pontos, os dois pontos, as vírgulas e o travessão necessários. (Não esqueça as letras maiúsculas.) Uma tarde Ana Terra olhou bem para o filho e começou a ver nele traços do pai os olhos meio oblíquos as maçãs salientes o mesmo corte de boca Pedrinho era um menino triste gostava de passeios solitários e agora que completara onze anos começava a fazer perguntas um dia indagou e o meu pai ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ IV – Use parênteses onde for necessário. 1. A taipa estrutura de barro e madeira era muito usada para a construção de casas. 2. Todo mundo comentava eu nunca vi que eles brigavam muito. 3. Meus infiéis amigos! começou assim não estou aqui para agradar-vos. V – Coloque, onde for necessário, vírgula, dois pontos, ponto, aspas, reticências e travessão. 1. Era por isso que muito mais tarde sendo já mulher feita Bibiana ouvia a avó dizer quando ventava noite de vento noite dos mortos 2. O visitante limitava-se a sacudir a cabeça e a murmurar São dessas coisas major são dessas coisas Chave de correção I – 1. M. Delly, escritora de romances cor-de-rosa, já foi muito famosa. (aposto) 2. Todas as jovens, portanto, adoravam seus livros. (conjunção intercalada) 3. Desde muito jovem, adorava romances. (adjunto adverbial anteposto) 4. Ele comprou gravatas e ela, sapatos. (omissão do verbo) 5. Minhas amigas, isso não é literatura! (vocativo) 6. Os comerciantes, naquele dia, fecharam as lojas mais cedo. (adjunto adverbial intercalado) 7. Zico, ex-jogador do Flamengo, parou de jogar. (aposto). 8. A sua atitude, ou melhor, o seu comportamento não merece elogios. (expressão de caráter corretivo) 9. Chegou, pediu silêncio, aguardou alguns minutos e começou a conferência. (orações independentes) 45 Curso 04 II – “Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas”... III – “Uma tarde, Ana Terra olhou bem para o filho e começou a ver nele traços do pai: os olhos meio oblíquos, as maçãs salientes, o mesmo corte de boca. Pedrinho era um menino triste, gostava de passeios solitários e, agora que completara onze anos, começava a fazer perguntas. Um dia indagou: – E o meu pai?” IV – 1. A taipa (estrutura de barro e madeira) era muito usada para a construção de casas. 2. Todo mundo comentava (eu nunca vi) que eles brigavam muito. 3. Meus infiéis amigos! (começou assim) não estou aqui para agradar-vos. V – 1. “Era por isso que, muito mais tarde, sendo já mulher feita, Bibiana ouvia a avó dizer quando ventava: – Noite de vento, noite dos mortos...” 2. “O visitante limitava-se a sacudir a cabeça e a murmurar: – São dessas coisas, major, são dessas coisas”... De nada adianta uma grande argumentação se não soubermos organizar a nossa dissertação. Antes de tudo, precisamos saber diferenciar o tema do título. Então, veja. O tema é o assunto sobre o qual escrevemos, ou seja, é a idéia que é defendida ao longo da dissertação. O título é a expressão, geralmente curta, colocada no início da redação. Ele é, na verdade, apenas uma referência ao assunto tratado. Observe a diferença entre o título e o tema no texto de Marina Colasanti. Título – “Elas estão à procura de outro homem” Tema – As mulheres como consumidoras prevalecentes de romances de amor. Vamos ver agora um dos métodos mais fáceis de elaborar uma dissertação. UNIDADE 14 – Dissertação Objetivo: Elaborar textos dissertativos. No texto que você leu na unidade 6, a autora parte da afirmação de que o público consumidor de romances de amor é prevalentemente feminino, em seguida, passa a tratar das razões que levam as mulheres a serem as consumidoras preferenciais desses livros. O texto de Marina Colasanti é, portanto, um texto de idéias, um texto dissertativo. Apresenta um ponto de vista e uma argumentação para fundamentar esse ponto de vista. Todos nós pensamos sobre a vida, sobre o mundo em que vivemos, sobre os problemas da nossa comunidade. Todos nós temos opiniões. E devemos saber defendê-las. A dissertação é um exercício que nos ajuda a organizar nossas idéias. Dissertar é debater, discutir, questionar, chegar a uma conclusão. Na dissertação, apresentamos um ponto de vista a partir de um tema proposto. Temos, então, liberdade para expressar nossa opinião. Toda opinião é válida. O importante é saber defendêla. É saber argumentar. A argumentação é, por isso, o elemento mais importante da dissertação. E o que é argumentar? Argumentar é defender, fundamentar, justificar, explicar, exemplificar. Imagine que você deva dissertar sobre o mesmo tema: As mulheres são as maiores consumidoras de romances de amor. A sua primeira atitude deve ser de escrever o tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: Por quê? Você deve pensar bastante antes de responder, e então, você anota as respostas. Essas respostas serão os argumentos da dissertação. Veja: Tema – As mulheres são as maiores consumidoras de romances de amor. Por quê? 1o – As mulheres são mais românticas que os homens. o 2 – Buscam nos romances cor-de-rosa a satisfação para as suas fantasias. o 3 – Isso é explorado pelo mercado que passou a fazer das mulheres o seu público-alvo. Tendo estabelecido o tema e os argumentos (no caso estabelecemos três), temos o necessário para começar a redigir a dissertação. Assim como os outros tipos de redação já estudados (descrição e narração), a dissertação é organizada em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. 46 Curso 04 Vamos agora redigir o parágrafo da introdução, tendo, como base, as informações anteriores. Para fazê-lo, basta copiar o tema e a ele acrescentar os três argumentos apresentados. Veja: As mulheres são as maiores consumidoras de romances de amor porque são mais românticas e buscam nesses livros a satisfação para as suas fantasias. Isso foi detectado pelo mercado que passou a fazer das mulheres o seu público-alvo. Na introdução, os argumentos são apenas mencionados. A introdução informa sobre o assunto a ser tratado. Os argumentos serão desenvolvidos nos parágrafos seguintes. Cada argumento em um parágrafo. Vamos, então, ao desenvolvimento da dissertação. 1o argumento Não há como negar que as mulheres são mais românticas que os homens. A própria sociedade, educando meninos e meninas de maneira diversa, contribuiu para acentuar as diferenças que naturalmente existem entre os sexos. Aos meninos e rapazes tudo é permitido: as aventuras mais arriscadas, a liberdade de brincar na rua, a ausência de horários rígidos. Enquanto às meninas restam as bonecas, as panelinhas de plástico, as casinhas de brinquedo, os livros de contos de fadas. 2o argumento Toda a preparação para o futuro lar e para a criação dos filhos, cultivada na infância, acentua-se na adolescência. O príncipe encantado dos contos de fada transforma-se no seu herói idealizado, no seu modelo de felicidade, que agora é encontrado nos romances “cor-de-rosa”. 3o argumento E o que deveria ser uma leitura transitória, tornase permanente, porque o mercado, interessado em vender, passa a fazer da mulher o seu públicoalvo, criando uma série de atrativos que tornam esses livros irresistíveis: capas e títulos atraentes, histórias preparadas para satisfazer todas as suas fantasias, pois os “príncipes” dessas histórias são os homens perfeitos que sempre povoaram seus sonhos e que não coincidem com os homens reais que ela tem encontrado na vida. Para a dissertação ficar pronta, falta apenas a conclusão. Veja como fazê-la. Para redigir a conclusão, é preciso analisar as partes já elaboradas, pois a conclusão será o fecho de tudo o que dissemos. Podemos iniciá-la com uma expressão (expressão inicial) que remeta ao que foi dito nos parágrafos do desenvolvimento. Depois devemos retomar o tema e a ele acrescentar um comentário (uma opinião) sobre os argumentos desenvolvidos. Veja as partes da conclusão de nossa dissertação, as quais se encontram numeradas e destacadas: (1) expressão inicial (2) retomada do tema (3) comentário ou opinião. Como vimos(1), se as mulheres são as maiores consumidoras dos romances cor-de-rosa2, a responsabilidade por essa escolha não é apenas delas. A sociedade que as educou tão diferentemente dos seus parceiros (criando na mulher uma insatisfação com o homem real) e a manipulação do mercado, (que a presenteia com o homem perfeito), são, certamente, tão ou mais responsáveis que elas por essa escolha.(3) Veja agora como ficou a dissertação completa, acrescida de um novo título, mais adequado à argumentação que escolhemos. AS MULHERES COR-DE-ROSA As mulheres são as maiores consumidoras de romances de amor porque são mais românticas e buscam nesses livros a satisfação para as suas fantasias. Isso foi detectado pelo mercado, que passou a fazer das mulheres o seu público-alvo. Não há como negar que as mulheres são mais românticas que os homens. A própria sociedade, educando meninos e meninas de maneira diversa, contribuiu para acentuar as diferenças que naturalmente existem entre os sexos. Aos meninos e rapazes tudo é permitido: as aventuras mais arriscadas, a liberdade de brincar na rua, a ausência de horários rígidos. Enquanto às meninas restam as bonecas, as panelinhas de plástico, as casinhas de brinquedo, os livros de contos de fadas. Toda a preparação para o futuro lar e para a criação dos filhos, cultivada na infância, acentua-se na adolescência. O príncipe encantado dos contos de fadas transforma-se no seu herói idealizado, no seu modelo de felicidade, que agora é encontrado nos romances “cor-de-rosa”. 47 Curso 04 E o que deveria ser uma leitura transitória, tornase permanente, porque o mercado, interessado em vender, passa a fazer da mulher o seu públicoalvo, criando uma série de atrativos que tornam esses livros irresistíveis: capas e títulos atraentes, histórias preparadas para satisfazer todas as suas fantasias, pois os “príncipes” dessas histórias são os homens perfeitos que sempre povoaram seus sonhos e que não coincidem com os homens reais que ela tem encontrado na vida. Como vimos, se as mulheres são as maiores consumidoras dos romances cor-de-rosa, a responsabilidade por essa escolha não é apenas delas. A sociedade que as educou tão diferentemente dos seus parceiros (criando na mulher uma insatisfação com o homem real) e a manipulação do mercado, (que a presenteia com o homem perfeito) são, certamente, tão ou mais responsáveis que elas por essa escolha. Agora você já conhece todos os passos para a elaboração da dissertação e está pronto para começar a trabalhar. Passe, então, ao exercício. Exercício Faça uma dissertação a partir do seguinte tema: O mundo moderno caminha para a sua própria destruição. Ao elaborar sua dissertação não esqueça o esquema: Título Introdução 1o parágrafo tema + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 Caso você não encontre três argumentos, pode usar apenas 1 ou 2. Desenvolvimento 2o parágrafo desenvolvimento do argumento 1 3o parágrafo desenvolvimento do argumento 2 4o parágrafo desenvolvimento do argumento 3 Conclusão 5o parágrafo expressão inicial + reafirmação do tema + observação final _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ Curso 04 48 ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ Chave de correção Veja como poderia ficar uma dissertação a partir do tema proposto e feita segundo o esquema dado. DESTRUIÇÃO: A AMEAÇA CONSTANTE O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na América Central que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis. Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável. Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos. Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras. 49 Curso 04 Bibliografia consultada AMARAL, Emília. SEVERINO, Antônio. Redação I e II. São Paulo: Nova Cultural, 1991. _____. Alguma poesia. In: Fazendeiro do ar & poesia até agora. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955. ANDRADE, Carlos Drummond de. As impurezas do branco. Rio de Janeiro: José Olympio/ MEC, 1973. _____. Prosa e poesia 5. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1988. ANDRÉ, Hildebrando Afonso de. Curso de Redação. São Paulo: Marco Editorial, 1978. AZEVEDO, Dirce Guedes de. Palavra & criação: língua portuguesa. 6. ed. São Paulo: FTD, 1966. _____. Palavra e criação. São Paulo: FTD, 1996. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 20. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1976. BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 1980. BRANCO, Samuel Murgel. O meio ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1988. BRANDÃO, Maria do Carmo. O marido da mãe. São Paulo: Moderna, 1990. CAMPOS, Paulo Mendes. Quadrante. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1962. CARRASCO, Walcyr. O golpe do aniversariante e outras crônicas. In: Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1996. v. 20. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 39. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1996. CENTRO DE ENSINO TECNOLÓGICO DE BRASÍLIA. Escola Aberta, Curso a distância. Supletivo 1o grau. Língua portuguesa, módulo 01. Brasília: 1993. _____. Supletivo de 1o grau. Língua Portuguesa, módulo 10. Brasília: 1995. _____. Módulo 3. Brasília: 1993. _____. Escola Aberta. Curso a Distância. Português: 1o grau, módulo 08. Brasília: CETEB, 1995. _____. Escola Aberta. Curso a distância. Supletivo de 1o grau. Língua portuguesa, módulo 02. Brasília: 1993. _____. Escola Aberta. Português: 1o grau. Brasília:1993. Módulo 10. COLASANTI, Marina. E por falar em amor. 7. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1985. CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1970. _____. Celso. Gramática do português contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1970. DIAFÉRIA, Lourenço. O empinador de estrelas. São Paulo: Moderna, 1984. FARACO, Carlos Emílio. Para gostar de escrever. São Paulo: Ática, 1984. FERNANDES, Millor. Todo homem é minha caça. Rio de Janeiro: Nórdica, 1981. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. 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