CONSULTORIA PAULISTA DE ESTUDOS AMBIENTAIS RELATÓRIO ANEXO – RA-27 SIMULAÇÃO DE DRAGAGEM E COMPORTAMENTO DOS CONTAMINANTES QUÍMICOS ABRIL DE 2009 1 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ........................................................................ 1 1.1 Testes de elutriação de sedimentos aplicados à avaliaçao do processo de dragagem (SET e DRET) ......................................................................................... 5 2. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 6 2.1 Teste de SET .................................................................................... 6 2.2.Teste de DRET ................................................................................. 11 2.3 Métodos Analíticos ............................................................................14 2.4. Amostragem ...................................................................................15 2.5. Coleta de sedimento ........................................................................15 2.5.1. Identificação e localização dos pontos de coleta de sedimento ............... 15 2.5.2. Procedimentos adotados para a amostragem de sedimento superficial ...... 16 2.5.3. Medidas físico-químicas nas amostras de sedimento ............................. 17 2.5.4. Ensaios ecotoxicológicos .............................................................. 17 2.6. Coleta de ÁGUA ...............................................................................18 2.6.1 Identificação e localização dos pontos de coleta de água ....................... 18 2.6.2. Procedimentos adotados para a amostragem de água de fundo ............... 19 2.6.3. Medidas físico-químicas in situ nos corpos de água .............................. 20 3. GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE (QA/QC) .............................................20 3.1 Avaliação dos resultados obtidos nas amostras de controle de qualidade ...........22 3.1.1 Branco do método ...................................................................... 22 3.1.2 Amostra de controle laboratorial (LCS) ............................................. 23 3.1.3 Material de referência ................................................................. 23 3.1.4 Surrogates ................................................................................ 24 3.1.5 Amostras em triplicata ................................................................. 24 3.1.6 Conclusão ................................................................................ 24 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................26 4.1. Caracterização química dos sedimentos e águas estuarinas dos pontos investigados ........................................................................................................26 4.2. Resultados obtidos no teste de SET .......................................................29 4.3. Resultados de água...........................................................................31 4.4. Resultados obtidos no teste de DRET .....................................................36 4.5. Aplicação do Modelo de Equilíbrio de Partição ..........................................40 5. CONCLUSÕES .......................................................................................47 6. REFERÊNCIAS .......................................................................................49 Anexo 1 .................................................................................................52 Dossiê fotográfico da coleta de sedimento .......................................................52 Anexo 2 .................................................................................................54 Localização dos pontos amostrais de sedimento ................................................54 Anexo 3 .................................................................................................57 2 Protocolo de armazenamento para amostras de SEDIMENTO e água superficial ...........57 Anexo 4 .................................................................................................60 POP001 - PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO E ANÁLISE DO EQUIPAMENTO HANNA - 9828 ..60 Anexo 5 .................................................................................................61 Laudos analíticos do laboratório TECAM ..........................................................61 Anexo 6 .................................................................................................62 Laudos analíticos do laboratório CORPLAB .......................................................62 Anexo 7 .................................................................................................63 Laudos analíticos do laboratório da FUNDESPA ..................................................63 Anexo 8 .................................................................................................64 Descrição do procedimento para análise de compostos orgânicos ...........................64 FIGURAS Figura 2.1-1. Teste de SET (Standard Elutriate Test) segundo US EPA (1998) ............... 7 Figura 2.1-2 – Amostras de sedimento acondicionadas em geladeira para preservação ... 8 Figura 2.1-3 – Agitação da amostra composta de sedimento e água estuarinos na proporção de 4:1 ....................................................................................... 9 Figura 2.1-4 – Decantação da amostra PSE-01/PAE-01 ao longo de 1 hora ................... 9 Figura 2.1-5 – Decantação da amostra PSE-02/PAE-02 após 1 hora............................ 9 Figura 2.1-5 - Filtração das amostras em filtro de microfibra de vidro ......................10 Figura 2.1-6 – Alíquotas preparadas após as diluições para os ensaios químicos (A) e ecotoxicológicos (B) ..................................................................................11 Figura 2.2-1. Teste DRET segundo USEPA/USACE (1998) .......................................13 Figura 2.5.2 - 1. Draga do tipo van Veen utilizada para coleta de sedimento superficial. ...........................................................................................................17 Figura 2.6.2-1. Garrafa do tipo van Dorn utilizada para coleta de água em profundidade. ...........................................................................................................19 Figura 4.4-1. Gráfico do comportamento dos parâmetros P (A), TKN (B) e HPA (C) na amostra PAE-01 .......................................................................................36 Figura 4.4-2. Gráfico do comportamento dos parâmetros P (A), HPA (B) e TKN (C) na amostra PAE-02 .......................................................................................39 Figura A1-1. Medidas físico-químicas in-situ nas amostras de sedimento. ..................53 Figura A1-2. pHmetro da marca DIGMED, utilizado para as medições de pH in-situ no sedimento. .............................................................................................53 Figura A1-3. Tubo utilizado para amostragem de sedimento em profundidade. ...........53 Figura A1-4. Sedimento sendo retirado do testemunho. .......................................53 Figura A1-5. Amostragem de sedimento superficial utilizando uma draga do tipo Van Veen. ...................................................................................................53 Figura A1-6. Amostra de sedimento sendo acondicionada em frascos apropriados. .......53 Figura 1-A2. Mapa da localização dos pontos amostrais ........................................56 3 TABELA Tabela 2.1-1 – Amostras obtidas após a realização do teste SET .............................10 Tabela 2.2-1 – Amostras obtidas após a realização do teste SET .............................14 Tabela 2.3-1 – Métodos analíticos utilizados nas análises dos parâmetros selecionados ..15 Tabela 2.5-1. Identificação e coordenadas dos pontos amostrais de sedimento. ..........16 Tabela 2.6-2. Identificação e coordenadas dos pontos amostrais de água, durante a maré de quadratura. ........................................................................................18 Tabela 2.6.2-1. Profundidades da coluna de água para cada ponto amostral. .............20 Tabela 3.1.3-1. Resultados obtidos, em mg/Kg, para metais no sedimento de referência SRM1944. ...............................................................................................24 Tabela 4.1-1. Resultados obtidos na caracterização dos sedimentos investigados neste trabalho ................................................................................................27 Tabela 4.1-2. Resultados obtidos na caracterização das águas ...............................28 Tabela 4.2-1. Resultados obtidos na análise dos sedimentos após elutriação ..............30 Tabela 4.3-1. Resultados obtidos na análise das águas após elutriação segundo SET e comparação com o padrão de qualidade de água (Resolução357/05) .......................33 Tabela 4.4-2. Aplicação do teste de Grubbs para o ponto 01 .................................37 Tabela 4.4-1. Resultados obtidos no teste de DRET e comparação com o padrão de qualidade de água (Resolução Conama 357/05) .................................................38 Tabela 4.4-3. Aplicação do teste de Grubbs para o ponto 02 .................................39 Tabela 4.5-1. Comparação da concentração de contaminantes entre teste de SET e modelo de equilíbrio de partição ..................................................................43 Tabela 4.5-2. Comparação da concentração de contaminantes entre teste de DRET e modelo de equilíbrio de partição para o ponto 01 ..............................................45 Tabela 4.5-3. Comparação da concentração de contaminantes entre teste de DRET e modelo de equilíbrio de partição para o ponto 02 ..............................................46 Tabela A3-1: Acondicionamento e preservação das amostras de sedimento ...............58 Tabela A3-2: Acondicionamento e preservação das amostras de água ......................59 4 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS A caracterização do sedimento a ser dragado para o aprofundamento do canal de navegação do Porto de Santos, apresentado no Estudo Impacto Ambiental apontou para a presença de contaminantes entre Nível 1 e Nível 2, e acima de Nível 2 em dois trechos localizados próximos a região da Alemoa conforme indicado na Figura 1 abaixo. Assim, como previsto na Resolução CONAMA 344/04, foi realizado um estudo complementar com o objetivo de avaliar o possível impacto da dragagem e disposição do material dragado desta região na área marinha estudada para o aprofundamento do canal da CODESP e dragagem de outros empreendimentos localizados no estuário de Santos. O estudo visa simular, de forma mais realista, as etapas da atividade de dragagem e disposição observando os processos físico-químicos e as alterações no potencial tóxico que ocorrem durante as etapas de dragagem, transporte e disposição em área oceânica. Estudos similares têm sido conduzidos pela USACE (U.S. Army Corps of Engineers), responsável pela execução e controle de dragagens realizadas nos Estados Unidos, juntamente com a USEPA (U.S. Environmental Protection Agency), desde os anos 80; aprimorando protocolos que foram desenvolvidos e testados por vários pesquisadores destes órgãos nos anos 70 (Jones & Lee, 1978; Hayes, 1987; Havis, 1987, Havis, 1988; Ludwig et al, 1989, DiGiano, 1993 e DiGiano et al, 1995). Dragagem de grandes áreas na costa sem reaproveitamento dos sedimentos dragados, portanto, com disposição oceânica, normalmente são realizadas com dragas auto-propelidas de grande porte do tipo Hopper com disposição por abertura direta das cisternas. Este tipo de equipamento retira o material do fundo através de dois braços tubulares laterais que ao mesmo tempo desagregam e sugam o sedimento do fundo enquanto a embarcação se desloca sobre a área a ser aprofundada. Para possibilitar o bombeamento do material para dentro da cisterna da embarcação o sedimento é sugado juntamente com água formando uma mistura fluida na proporção aproximada de 4 partes de água para 1 de sedimento. A tubulação encaminha a mistura para a cisterna que será preenchida até que se obtenha uma condição otimizada deste preenchimento. Isto é obtido com um mecanismo que regula a densidade da mistura que está preenchendo a cisterna. O material sólido da mistura começa a decantarse e o sobrenadante, ao atingir o sensor que determina a densidade ótima de carregamento, é selecionado havendo o retorno da fase aquosa para o local de dragagem; este último procedimento conhecido como overflow. O material é então transportado para a área de despejo. O material na cisterna apresenta-se em duas fases: o material de maior densidade no fundo e um de menor densidade, mais liquefeito, na parte superior da cisterna. O despejo é feito em área marinha onde a coluna d’água possui salinidade superior a da mistura da cisterna e a profundidade de lançamento normalmente superior a uma dezena de metros. Na disposição ocorre a diluição da fração mais aquosa e a decantação no fundo do material mais denso. Este material que em poucos minutos atinge o fundo passa a ser remobilizado 1 pelas correntes quando o ambiente é hidrodinamicamente dispersivo e a fração mais aquosa é transportada pela coluna d’água. Durante toda atividade o sedimento da área de dragagem sofre os seguintes processos físicos: a. Elutriação: mistura vigorosa da fração sólida e aquosa na proporção de 1:4 durante a dragagem b. Decantação e separação: durante o transporte da mistura no interior da cisterna até o local de lançamento c. Diluição: da fração aquosa ao misturar-se com a coluna d’água do local de lançamento d. Lixiviação: da fração sólida que decanta ao fundo e é remobilizada pelas correntes Os compostos e elementos químicos agregados ao sedimento (tanto a fase sólida quanto a água intersticial originalmente existente) sofrem uma série de alterações durante estes processos. Estas alterações com dissolução, dessorção, quebras e novas ligações químicas modificam a disponibilidade destes compostos e elementos para a coluna d’água e para a absorção pelos organismos aquáticos. A forma que se apresentam estes compostos interfere nos seus potenciais tóxicos. Estes processos estão representados no desenho esquemático a seguir: 2 O estudo complementar aqui apresentado consistiu na realização de um ensaio experimental com duas amostras simulando os processos acima descritos durante a atividade de dragagem. Foram coletadas amostras compostas nas duas regiões mais críticas na área da Alemoa (Figura A2-1). O ensaio realizado foi baseado na metodologia proposta pela USEPA (U.S. Environmental Protection Agency (1998) e DiGiano et al (1995), em trabalho para a USACE. 3 A hipótese testada pelo experimento foi derivada da seguinte situação: a caracterização química do sedimento apontou para concentrações de arsênio, mercúrio, diversos HPA e α-BHC e DDT acima de Nível 1, e mercúrio e γ-BHC acima de Nível 2. A classificação em Nível 2 indica o “limiar acima do qual prevê-se um provável efeito adverso à biota” e portanto, o ensaio experimental tem o objetivo de responder: a. A caracterização química dos sedimentos indica que há um potencial tóxico dos sedimentos, se esta toxicidade ou seu potencial se confirmarem, estes permanecem após a elutriação provocada pelo processo de dragagem? b. A qualidade da água após a elutriação é alterada significativamente? c. A toxicidade é transferida para a fase aquosa? d. Durante a disposição da mistura do material dragado, o material que ficará no fundo apresenta toxicidade? e. A fração aquosa durante a disposição sobre diluição na coluna d’água; caso esta fração seja tóxica qual o grau de diluição até que o CENO (concentração de efeito não observado) seja atingido? A hipótese é que os processos físico-químicos da atividade alteram o equilíbrio e a partição entre as partículas de sedimento, os compostos e elementos químicos associados e que, o potencial tóxico e de disponibilidade de contaminantes que o sedimento antes da dragagem apresenta podem ser muito diferentes logo após a dragagem e após a disposição dos sedimentos dragados. Estas alterações, inerentes ao processo de dragagem, podem minimizar o potencial tóxico dos sedimentos e desta forma não apresentar risco significativo aos organismos aquáticos que ocorrem no local de disposição. Segundo a Resolução CONAMA 344/04 a caracterização química dos sedimentos condiciona a tomada de decisão quanto à disposição de material dragado em águas jurisdicionais brasileiras de acordo com o estabelecido em seu artigo 7º. Os incisos II e III tratam daquele material cujas concentrações químicas ultrapassem o Nível 2 ou Nível 1 para os contaminantes mais preocupantes. “Art. 7 o O material a ser dragado poderá ser disposto em águas jurisdicionais brasileiras, de acordo com os seguintes critérios a serem observados no processo de licenciamento ambiental: (...) II - o material cuja concentração de qualquer dos poluentes exceda o nível 2 somente poderá ser disposto mediante previa comprovação técnico-cientifica e monitoramento do processo e da área de disposição, de modo que a biota desta área não sofra efeitos adversos superiores àqueles esperados para o nível 1, não sendo aceitas técnicas que considerem, como princípio de disposição, a diluição ou a difusão dos sedimentos do material dragado. III - o material cuja concentração de mercúrio, cádmio, chumbo ou arsênio, ou de PAHs do Grupo A estiver entre os níveis 1 e 2, ou se a somatória das concentrações de todos os PAHs estiver acima do valor correspondente a soma de PAHs, deverá ser submetido a ensaios ecotoxicológicos, entre outros 4 testes que venham a ser exigidos pelo órgão ambiental competente ou propostos pelo empreendedor, de modo a enquadrá-lo nos critérios previstos nos incisos I e II deste artigo.” Cabe salientar que a definição de Nível 1, segundo o artigo 3º da Resolução é: “Nível 1: limiar abaixo do qual prevê-se baixa probabilidade de efeitos adversos à biota.” A seguir são apresentadas as metodologias aplicadas para a formulação deste ensaio experimental e seu embasamento técnico. 1.1 TESTES DE ELUTRIAÇÃO DE SEDIMENTOS APLICADOS À AVALIAÇAO DO PROCESSO DE DRAGAGEM (SET E DRET) O processo de dragagem com dragas do tipo Hopper promove a ressuspensão de sedimentos em três fases do processo: (i) na desagregação dos sedimentos de fundo; (ii) no retorno da fase aquosa menos densa para a área de dragagem através do overflow; e (iii) no lançamento do material dragado sob lâmina de água. A ressuspensão de sedimentos implica em mudanças nos parâmetros físico-químicos da água, podendo alterar sua qualidade e, indiretamente, afetar a biota aquática. Neste trabalho, foram realizados dois procedimentos tendo como objetivo avaliar as alterações físico-químicas que ocorrem com o sedimento durante um processo de dragagem, a partição dos contaminantes associados ao sedimento entre as fases aquosas e sólidas da mistura que constitui o material dragado e a toxicidade relativa a cada fase. As simulações realizadas visaram avaliar o impacto que o lançamento de material dragado da região da Alemoa pode causar à biota marinha do local de disposição e no momento da dragagem. As dragas hidráulicas podem causar impactos no local de dragagem, principalmente devido à prática do “overflow”. Junto com a água são carreadas as partículas de sedimento mais fino que não se depositam prontamente no fundo das cisternas e é justamente neste sedimento mais fino que existe maior probabilidade de ocorrer contaminantes agregados. Um teste foi desenvolvido pela USACE, posteriormente aprimorado por Palermo (1986), para simular o processo de dragagem por dragas hidráulicas, e foi denominado teste de DRET (dredging elutriate test) (DiGiano et al; 1995). O teste avalia a liberação de contaminantes no local de dragagem. A USACE e a USEPA desenvolveram também um teste com o propósito de prever a liberação de contaminantes durante a disposição oceânica (teste de SET – standard elutriate test). Embora ambos baseiem-se nos mesmos princípios físico-químicos, os protocolos de ensaio são diferentes. No Capítulo 2 o teste de SET é denominado como T1 e o teste de DRET como T2. As principais diferenças entre os testes estão na razão sedimento: água, medição das concentrações remanescentes de contaminante na fase dissolvida e total no elutriato e inclusão de etapa de aeração. Neste trabalho, incluiu-se no teste de SET a avaliação do teor de contaminante na fase total e dissolvida do elutriato. 5 Em cada etapa as frações líquidas foram submetidas a testes de toxicidade com larvas de ouriço (CETESB, 1999) e a fração sólida a testes com o amfípoda estuarino Leptocheirus plumulosus (USEPA, 1994). 2. MATERIAIS E MÉTODOS O processo de dragagem promove a ressuspensão de sedimentos em três fases do processo: (i) na desagregação dos sedimentos de fundo; (ii) no seu transporte ao longo da coluna d’água (dragas mecânicas) e acumulação no interior da draga (dragas hidráulicas com overflow); e (iii) no lançamento do material dragado sob lâmina de água. Para a avaliação da possível liberação durante a dragagem recorreu-se ao teste de DRET (dredging elutriate test) modificado por Palermo (1986) (simulando os itens i e ii acima). Para avaliar o efeito da disposição do material dragado, utilizou-se o teste de SET (standard elutriate test) (item iii acima). O procedimento para execução do teste de SET foi designado como T1 e realizado segundo preconizado por US EPA (1998). As principais diferenças entre os testes estão na razão sedimento:água, medição das concentrações remanescentes de contaminante na fase dissolvida e total no elutriato e inclusão de etapa de aeração. 2.1 TESTE DE SET O teste designado T1 (Teste de SET) foi realizado segundo USEPA (1998). O diagrama das etapas envolvidas no procedimento é apresentado na Figura 2.1-1 a seguir. 6 Figura 2.1-1. Teste de SET (Standard Elutriate Test) segundo US EPA (1998) Para a realização do teste, foram coletadas amostras compostas provenientes das duas regiões críticas na região da Alemoa (Figura A2-1). Em cada área amostral foi realizada uma coleta de sedimentos para compor uma amostras de 20 kg (as amostras denominadas, PSE-01 e PSE-02), também forma coletados 50 L de água a aproximadamente 50 cm acima do fundo (amostras denominadas, PAE-01 e PAE-02). As amostras, após terem sido acondicionadas em recipientes apropriados, foram encaminhadas e recepcionadas pela FUNDESPA (entidade responsável pelas análises laboratoriais para a realização do teste), e posteriormente armazenadas em geladeiras a temperatura controlada entre 2 e 6 ºC, assim como demonstrado na Figura 2.1-2, a seguir. 7 Figura 2.1-2 – Amostras de sedimento acondicionadas em geladeira para preservação Previamente ao início da realização do teste, as amostras de sedimento foram homogeneizadas e divididas em triplicatas para realização dos ensaios físico-químicos segundo as diretrizes preconizadas pela Resolução CONAMA 344/04, nos laboratórios do Instituto Oceanográfico da USP e Corplab Brasil. Ainda, para a realização dos ensaios ecotoxicológicos, as amostras foram enviadas ao laboratório Tecam. Para a realização do teste propriamente dito, transferiu-se 6 L de sedimento, medido com auxílio de uma proveta, para uma caixa com capacidade para 50 L, adicionando-se em seguida 24 L de água estuarina. A proporção utilizada foi de 4 partes de sedimento para 1 de água simulando o processo de dragagem já descrito. Ressalta-se que este procedimento foi realizado para cada ponto amostral. A mistura foi agitada por trinta minutos, ininterruptamente, assim como demonstrado pela Figura 2.1-3 a seguir. Figura 2.1-3A Agitação das amostras utilizadas para o ensaio de elutriação T1 8 Figura 2.1-3B – Agitação da amostra composta de sedimento e água estuarinos na proporção de 4:1 Após a elutriação, com intuito de simular o ocorrido dentro da cisterna da draga e segundo o protocolo do teste, deixou-se decantar cada alíquota por uma hora, ocorrendo então a separação da amostra em duas fases: sólida e líquida. Nas Figuras 2.1-4 e 2.1-5 a seguir, estão demonstradas as duas amostras (PSE-01/PAE-01 e PSE-01/PAE-02) após a decantação. Tempo de decantação = 0 min Tempo de decantação = 30 min Tempo de decantação = 60 min Figura 2.1-4 – Decantação da amostra PSE-01/PAE-01 ao longo de 1 hora Figura 2.1-5 – Decantação da amostra PSE-02/PAE-02 após 1 hora Após separação das frações líquida (interface sedimento-coluna d’água) e sólida (sedimento), procedeu-se a filtração de uma alíquota da fração líquida em um filtro de microfibra de vidro, como demonstrado na Figura 2.1-5 a seguir. 9 Figura 2.1-5 - Filtração das amostras em filtro de microfibra de vidro Sendo assim, após estes procedimentos realizados, na Tabela 2.1-1 abaixo estão relacionadas as amostras obtidas. Ressalta-se, novamente, que todo o procedimento acima relatado foi realizado para as duas amostras de sedimento e água provenientes de uma região estuarina e que de cada amostra foi retirada uma alíquota para a realização dos testes ecotoxicológicos. Tabela 2.1-1 – Amostras obtidas após a realização do teste SET Amostra Descrição PSE-01 Sedimento bruto PAE-01 Água estuarina bruta PSE-01-T1 Sedimento obtido após teste de elutriação com sedimento PSE-01 e água PAE-01 PAE-01-T1 Água obtida após teste de elutriação com sedimento PSE-01 e água PAE01 PAE-01F-T1 PAE-01-T1 após filtração em filtro de microfibra de vidro PSE-02 Sedimento bruto PAE-02 Água estuarina bruta PSE-02-T1 Sedimento obtido após teste de elutriação com sedimento PSE-02 e água PAE-02 PAE-02-T1 Água obtida após teste de elutriação com sedimento PSE-02 e água PAE02 PAE-02F-T1 PAE-02-T1 após filtração em filtro de microfibra de vidro As amostras descritas acima foram analisadas para os parâmetros da Resolução CONAMA 344/04, além de teste de toxicidade crônica nas amostras de água com o organismo-teste Lytechinus variegatus 10 (embriões de ouriço do mar) (CETESB, 1999), e toxicidade aguda nas amostras de sedimento com o organismo-teste Leptocheirus plumulosus (USEPA, 1994). As amostras de fase líquida provenientes da elutriação (PAE-01-T1 e PAE-02-T2) foram diluídas com uma amostra de água marinha (denominada de PAE-03) coletada a aproximadamente 15 km da região estuarina, em direção á mar aberto, com intuito de simular o ocorrido com o material dragado quando o mesmo é descartado em áreas oceânicas, nas seguintes proporções: 75%, 50%, 25% e 12,5%. Para esta amostra de água do mar, foi realizada também a caracterização química, avaliando-se os mesmos parâmetros da Resolução CONAMA 344/04, assim como foi submetida a teste de toxicidade crônica com o organismo-teste Lytechinus variegatus. Em cada uma das diluições, realizou-se apenas o ensaio de toxicidade crônica com o organismo-teste Lytechinus variegatus. Na Figura 2.1-6 abaixo, estão apresentadas as alíquotas obtidas após as diluições e preparadas para a realização dos ensaios tanto de caracterização química quanto ecotoxicológicos. A B Figura 2.1-6 – Alíquotas preparadas após as diluições para os ensaios químicos (A) e ecotoxicológicos (B) 2.2.TESTE DE DRET Para a realização deste teste, foram utilizadas também as amostras de sedimento (PSE-01 e PSE-02) e água (PAE-01 e PAE-02) estuarinos, provenientes das mesmas amostras utilizadas para a realização do teste SET. O teste designado T2 (Teste DRET) foi realizado segundo os procedimentos descritos em USEPA/USACE (1998). Foi conduzido em frascos de 50 L, equipados com um difusor para aeração com intuito de simular o processo no qual o sedimento é resuspendido pela draga, tendo como conseqüência a promoção de oxidação e desta maneira a transferência de massa de contaminantes entre as fases líquida e sólida. O ar foi borbulhado na solução contendo sedimento e água a uma taxa de 0,24 L/min durante uma hora, conforme descrito em Palermo (1986). A única variável do teste foi a concentração inicial de sólidos. Embora Palermo (1986) tenha recomendado uma concentração de sólidos de 150 g/L para simular o retorno da água proveniente de áreas de disposição confinadas (UDCs) de descarte de material dragado, Havis (1987) relatou que a 11 concentração devido a ressuspensão de sólidos pela dragagem é muito menor. A fim de determinar o efeito na concentração de sólidos na liberação de contaminantes pela atividade de dragagem (no local de dragagem), quatro concentrações distintas de STS foram testadas: 0,1; 1; 5 e 10 g/L. É importante ressaltar que a concentração de STS observada naturalmente no ambiente estuarino de Santos pode variar entre algumas unidades de mg/L a pouco acima de uma centena de mg/L. Estes dados constam do Estudo de Impacto Ambiental realizado para o aprofundamento da calha do canal de navegação da CODESP. Na Figura 2.2-1 abaixo são apresentadas, esquematicamente, as etapas do teste. 12 Figura 2.2-1. Teste DRET segundo USEPA/USACE (1998) Deixou-se a mistura, sob condição quiescente, por 1 hora. Após este período e precedente a decantação, um sifão foi utilizado para retirar a solução acima do material decantado para análise dos parâmetros contemplados na Resolução CONAMA 344/04 e de testes de ecotoxicidade com o organismo-teste Lytechinus variegatus (embriões de ouriço do mar). As análises foram realizadas tanto nas frações total e dissolvida. Nas alíquotas de fração total, realizou-se também ensaio de STS (sólidos totais suspensos). É válido ressaltar que a determinação de STS e dos contaminantes nas duas frações viabiliza a avaliação da concentração no material suspenso, o qual é de fundamental importância visto que os contaminantes estão preferencialmente sorvidos nas partículas de sedimento e não solúveis. Com o procedimento adotado, na Tabela 2.2-1 a seguir, são apresentadas as amostras obtidas após a realização deste teste. 13 Tabela 2.2-1 – Amostras obtidas após a realização do teste SET Amostra PAE-01-T2-0,1 PAE-01-T2-0,1F PAE-01-T2-1 PAE-01-T2-1F PAE-01-T2-5 PAE-01-T2-5F PAE-01-T2-10 PAE-01-T2-10F PAE-02-T2-0,1 PAE-02-T2-0,1F PAE-02-T2-1 PAE-02-T2-1F PAE-02-T2-5 PAE-02-T2-5F Descrição Água obtida após teste de elutriação com 0,1 g sedimento PSE-01 por cada litro de água PAE-01 PAE-01-T2-0,1 após filtração em filtro de microfibra de vidro Água obtida após teste de elutriação com 1 g sedimento PSE-01 por cada litro de água PAE-01 PAE-01-T2-1 após filtração em filtro de microfibra de vidro Água obtida após teste de elutriação com 5 g sedimento PSE-01 por cada litro de água PAE-01 PAE-01-T2-5 após filtração em filtro de microfibra de vidro Água obtida após teste de elutriação com 10 g sedimento PSE-01 por cada litro de água PAE-01 PAE-01-T2-10 após filtração em filtro de microfibra de vidro Água obtida após teste de elutriação com 0,1 g sedimento PSE-02 por cada litro de água PAE-02 PAE-02-T2-0,1 após filtração em filtro de microfibra de vidro Água obtida após teste de elutriação com 1 g sedimento PSE-02 por cada litro de água PAE-02 PAE-02-T2-1 após filtração em filtro de microfibra de vidro Água obtida após teste de elutriação com 5 g sedimento PSE-02 por cada litro de água PAE-02 PAE-02-T2-5 após filtração em filtro de microfibra de vidro PAE-02-T2-10 Água obtida após teste de elutriação com 10 g sedimento PSE-02 por cada litro de água PAE-02 PAE-02-T2-10F PAE-02-T2-10 após filtração em filtro de microfibra de vidro 2.3 MÉTODOS ANALÍTICOS Os ensaios nas matrizes sedimento e água foram realizados no Laboratório do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) para metais, pesticidas organoclorados (POC), bifenilas policloradas (PCB) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA). Para TKN, TOC, 14 mercúrio e STS, as análises foram realizadas no Laboratório Corplab Brasil e para os ensaios ecotoxicológicos as análises foram feitas no Laboratório Tecam. Os métodos empregados são descritos na Tabela 2.3-1 abaixo. Tabela 2.3-1 – Métodos analíticos utilizados nas análises dos parâmetros selecionados PARÂMETRO HPA POC e PCB Metais e semi-metais TOC TKN Mercúrio STS MÉTODO DE ANÁLISE EM SEDIMENTO MÉTODO DE ANÁLISE EM FASE AQUOSA Ehrhardt, 1983 (preparação) UNEP, 1992 (análise) Ehrhardt, 1983 (preparação) Matos, 2002 (análise) SW 846 US EPA 3050 (preparação) SW 846 US EPA 6010 (análise) K.H.Tan, 1995 SM 4500NorgC SW 846 US EPA 7471 - Ehrhardt, 1983 (preparação) UNEP, 1992 (análise) Ehrhardt,1983 (preparação) Matos, 2002 (análise) SW 846 US EPA 3005A (preparação) SW 846 US EPA 6010 (análise) US EPA 415.2 US EPA 351.3 SW 846 US EPA 7470 US EPA 160.2 Maiores detalhes sobre o procedimento analítico para compostos orgânicos são apresentados no Anexo 8. 2.4. AMOSTRAGEM No Anexo 1, encontra-se o dossiê fotográfico referente aos procedimentos de coleta de sedimento superficial utilizados durante as campanhas de amostragem. As coletas de sedimento superficial foram realizadas no dia 02 de fevereiro de 2009 e encaminhadas ao laboratório para a realização das análises no mesmo dia. As coletas de água de fundo foram realizadas, durante a maré de quadratura, entre os dias 02 e 03 de fevereiro de 2009, sendo enviadas ao laboratório nos mesmos dias de realização das amostragens e, de modo a atender o holding time de cada parâmetro. As amostragens foram realizadas pelos técnicos da Consultoria Paulista de Estudos Ambientais, sendo as análises realizadas pela FUNDESPA. 2.5. COLETA DE SEDIMENTO 2.5.1. Identificação e localização dos pontos de coleta de sedimento Foram coletadas amostras de sedimento superficial no estuário de Santos. A seguir, na tabela 1, são apresentadas as coordenadas e as nomenclaturas utilizadas para a identificação de cada ponto de amostragem. 15 Tabela 2.5-1. Identificação e coordenadas dos pontos amostrais de sedimento. Coordenadas Geograficas Ponto amostral Profundidade Data da coleta Longitude Longitude PSE-01 superfície 02/02/2009 23 54 51.6 S 46 22 10.3 W PSE-02 superfície 02/02/2009 23 55 35.7 S 46 20 06.0 W * Datum WGS84 O mapa, mostrando a localização dos pontos amostrais para sedimento superficial, encontra-se na figura A2-1 do Anexo 2. As análises químicas e físicas realizadas nas amostras de sedimento seguiram as exigências da Resolução CONAMA 344/04, a qual estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras. Foram realizadas, em laboratório, as seguintes análises: Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, criseno, dibenzo(a,h)antraceno, acenafteno, acenaftileno, antraceno, fenantreno, fluoranteno, fluoreno, 2-metilnaftaleno, naftaleno, pireno); POC (,β,δ,γ BHC, ,γ clordano, DDD/DDE/DDT, dieldrin, endrin); PCB (7 marcadores); Metais e semi-metais (P, As, Cd, Pb, Cr, Cu, Hg, Ni, Zn); Carbono Orgânico Total (TOC) Nitrogênio Kjeldahl Total (TKN) Fósforo Total Todas as amostras coletadas foram enviadas ao laboratório da FUNDESPA, juntamente com as respectivas cadeias de custódias preenchidas, de forma a atender o tempo de preservação (holding time) de cada analito (Anexo 3). 2.5.2. Procedimentos adotados para a amostragem de sedimento superficial Os sedimentos superficiais foram coletados com auxílio de um pegador de fundo tipo van Veen (Figura 2.5.2 - 1), construído em aço inoxidável. 16 A amostra coletada foi composta por 3 lançamentos do equipamento de coleta, para que o material coletado fosse suficiente para a realização das análises laboratoriais e o mais representativo do local amostrado. Os sedimentos coletados foram homogeneizados e acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados. Os sacos foram mantidos em caixas térmicas com gelo, de forma a manter a temperatura entre 4 ± 2 ºC, desde o momento da coleta até o envio ao laboratório. Figura 2.5.2 - 1. Draga do tipo van Veen utilizada para coleta de sedimento superficial. 2.5.3. Medidas físico-químicas nas amostras de sedimento Foram realizadas medidas in-situ de pH, potencial redox (EH) e temperatura nas amostras de sedimento. Para a medição destes parâmetros foram utilizadas as seguintes instrumentações: pH: eletrodo portátil DIGIMED, modelo DM-2. Potencial Redox (EH): eletrodo portátil HANNA, modelo HI98120 (POP 006: Procedimento de calibração e análise do equipamento HANNA HI98120). Temperatura: eletrodo portátil HANNA, modelo HI98120 (POP 006: Procedimento de calibração e análise do equipamento HANNA HI98120). 2.5.4. Ensaios ecotoxicológicos Para as amostras de sedimento superficial foram realizados, também, ensaios ecotoxicológicos com a fração total do sedimento, utilizando um anfípoda marinho da espécie Leptocheirus plumulosus. 17 2.6. COLETA DE ÁGUA 2.6.1 Identificação e localização dos pontos de coleta de água As coletas foras realizadas durante a maré de quadratura A Tabela 2.6-1 a seguir mostra os dias os quais foram coletadas as amostras, a respectiva maré e os horários onde estavam ocorrendo as enchentes. Tabela 2.6-1 – Variação das amplitudes de ambas as marés Lua Maré Dia 02/02/2009 Crescente Quadratura 03/02/2009 Hora Altitude 01:45 0,5 06:30 1,0 12:54 0,6 22:24 1,0 02:58 0,7 07:11 0,9 15:09 0,7 23:56 1,2 Foram coletadas amostras de água de fundo. Na Tabela 2.6-2, a seguir, são apresentadas as coordenadas e nomenclaturas utilizadas para a identificação de cada ponto de coleta e a profundidade nas quais foram realizadas as amostragens. Tabela 2.6-2. Identificação e coordenadas dos pontos amostrais de água, durante a maré de quadratura. Ponto amostral PAE – 01 PAE – 02 PAM – 01 * Datum WGS84 Coordenadas Geográficas Identificação Profundidade de coleta Data da coleta PAE – 01 PAE – 02 PAM – 01 Fundo Fundo Fundo 02/02/2009 02/02/2009 03/02/2009 Longitude Latitude 23 54 51.6 S 23 55 35.7 S 24 07 51.2 S 46 22 10.3 W 46 20 06.0 W 46 23 19.0 W O mapa, mostrando a localização dos pontos amostrais de água de fundo, encontra-se na figura A21 do Anexo 2. As análises químicas que foram realizadas nas amostras de água de fundo seguiram as diretrizes da Resolução CONAMA 357/05, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, sendo que os pontos PAE - 01 e PAE - 02 foram classificados como água salobra de classe 1 (artigo 21) e o ponto PAM - 01 como água salina de classe 1 (artigo 18). Foram realizadas as seguintes análises nas amostras de água de fundo: 18 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, criseno, dibenzo(a,h)antraceno, acenafteno, acenaftileno, antraceno, fenantreno, fluoranteno, fluoreno, 2-metilnaftaleno, naftaleno, pireno); POC (,β,δ,γ BHC, ,γ clordano, DDD/DDE/DDT, dieldrin, endrin); PCB (7 marcadores); Metais (P, As, Cd, Pb, Cr, Cu, Hg, Ni, Zn); Carbono Orgânico Total (TOC) Nitrogênio Kjeldahl Total (TKN) Fósforo Total Todas as amostras coletadas foram enviadas aos laboratórios juntamente com as respectivas cadeias de custódias preenchidas de forma a atender o tempo de preservação (holding time) de cada análise (Anexo 3). 2.6.2. Procedimentos adotados para a amostragem de água de fundo Para a coleta das amostras de água de fundo, foi utilizada uma garrafa do tipo van Dorn (figura 2.6.21), cujo funcionamento consiste na abertura da garrafa, a bordo da embarcação, e desarmamento na profundidade desejada, por meio de um peso de metal (mensageiro). Figura 2.6.2-1. Garrafa do tipo van Dorn utilizada para coleta de água em profundidade. Na tabela 2.6.2-1, a seguir, são apresentadas as profundidades da coluna de água para cada ponto amostral, as coletas foram realizadas aproximadamente a 30 cm acima do fundo. 19 Tabela 2.6.2-1. Profundidades da coluna de água para cada ponto amostral. Ponto amostral Profundidade coluna d’água (m) PAE – 01 PAE – 02 PAM - 01 14 14,4 24,5 2.6.3. Medidas físico-químicas in situ nos corpos de água Foram realizadas medidas in-situ de pH, potencial Redox (EH), condutividade, salinidade e temperatura em profundidade. Para a medição destes parâmetros, foi utilizada uma sonda multiparamétrica modelo 9828 da marca HANNA, devidamente calibrada seguido os procedimentos internos da Consultoria Paulista preconizados no POP 001 (Anexo 4). 3. GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE (QA/QC) Com o intuito de obter resultados fidedignos para as amostras de sedimento do projeto IDCPEA695, o laboratório contratado aplicou um Programa de Qualidade Assegurada/Controle de Qualidade, por meio de atividades que demonstram exatidão (proximidade do valor verdadeiro) e precisão (reprodutibilidade dos resultados). Os seguintes controles de qualidade foram realizados: Branco do Método: é uma amostra de água destilada ou areia pura que é processada junto com o lote de amostras reais, passando por todas as etapas analíticas. O branco do método é fundamental para monitorar interferência analítica causada por uma possível contaminação proveniente do laboratório, que poderia induzir a resultados falsos positivos nas amostras reais; esta contaminação pode ser proveniente da manipulação das amostras, dos reagentes utilizados (solventes, ácidos), vidraria, do ambiente de laboratório, equipamento analítico, etc. O valor encontrado para o branco do método deve ser menor que o limite de quantificação praticável. Amostras de controle laboratorial (LCS – laboratory control sample) – são brancos fortificados com uma quantidade conhecida de analitos-alvo. O desempenho de uma técnica analítica é avaliado pelos resultados de LCS. Se não se obtém resultados aceitáveis de LCS (dentro dos critérios de qualidade do laboratório), significa que os resultados das amostras reais são questionáveis e uma ação corretiva deve ser tomada imediatamente. LCS é usado para testar a exatidão do método. 20 Material de referência – trata-se de uma amostra real, com concentração conhecida e certificada por institutos reconhecidos internacionalmente, tais como NIST (National Institute of Standards & Technology) e IAEA (International Atomic Energy Agency). Os resultados obtidos pelo laboratório devem estar dentro do intervalo de aceitação apresentado no certificado. Os resultados do material de referência permitem acessar a exatidão analítica. Surrogate – são traçadores adicionados às análises de compostos orgânicos (como compostos HPA, pesticidas organoclorados e PCB). São compostos deuterados, bromados ou fluorados, com características químicas similares às dos analitos-alvo, mas não estão presentes em amostras ambientais. Os resultados de surrogate devem estar dentro dos critérios de controle de qualidade do laboratório para serem considerados aceitáveis; por meio de seus resultados é possível acessar exatidão por amostra e avaliar efeito de matriz na recuperação dos analitos-alvo. Amostras em replicatas– Tomam-se, no mínimo, duas alíquotas da mesma amostra, as quais são tratadas como amostras independentes. Estas passam por todo o processo analítico e os valores obtidos são comparados. Para avaliar a precisão entre os resultados, deve-se adotar um teste estatístico, tal como Grubbs. O Teste de Grubbs é utilizado para rejeição de resultados "outliers" (ou valores dispersos). O teste consiste em calcular G "Grubbs" e comparar com G "Grubbs" crítico, conforme equação [1] abaixo. Gcalculado Xi X S [1] Xi = valor suspeito de ser um “outlier” X = média S = desvio-padrão amostral Também deve ser feita a avaliação dos valores a partir da variação do desvio-padrão (Leite, 2008). E emprega-se a fórmula de Grubbs da maneira seguir: G X maior X e G X X menor S S S= desvio-padrão Xmaior = maior valor do conjunto de dados Xmenor = menor valor do conjunto de dados Xmédio = média aritmética do conjunto de dados 21 Os valores obtidos são comparados com os valores críticos, a 95% de confiança. Para este trabalho, as amostras de sedimento foram analisadas em triplicata. Desta forma, G crítico é 1,155. Caso o valor calculado seja menor que o crítico, considera-se que os resultados são precisos. Com a realização de ensaios químicos nas amostras de qualidade descritas acima, viabilizou-se o monitoramento da precisão e exatidão analíticas dos laboratórios contratados, bem como avaliação de possível interferência nos resultados por manipulação, transporte, preparação e análise das amostras. A precisão pode ser definida como a concordância entre medidas de uma mesma amostra obtidas em um mesmo dia, nas mesmas condições de rotina (repetitividade) ou em dias diferentes, com condições variáveis, tais como analista, temperatura, calibração (reprodutibilidade). A precisão foi avaliada neste trabalho pelos resultados em triplicata das amostras de organismo. Já a exatidão é definida como o grau de concordância de um valor medido com o valor verdadeiro. Esta foi obtida pela realização de análises de amostras LCS, surrogates e material de referência. E finalmente, pôde-se confirmar que não houve interferência na qualidade dos resultados obtidos nas amostras pela realização dos ensaios em provas de branco (de método). 3.1 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NAS AMOSTRAS DE CONTROLE DE QUALIDADE 3.1.1 Branco do método Os laboratórios Corplab Brasil e Fundespa, contratados para as análises de sedimentos e água, adotaram um branco do método por matriz e parâmetro. Os resultados analíticos das amostras de sedimento referentes ao branco do método encontram-se nos laudos analíticos (Anexos 5 a 7): Água: Laboratório Corplab Brasil – Relatórios de Ensaios Nº 0660209 (páginas cujo título é “Relatório de Ensaio”; Fundespa – Relatório Fundespa, páginas 3, 9 e 15. Sedimento: Laboratório Corplab Brasil – Relatórios de Ensaios Nº 0670209 (páginas cujo título é “Relatório de Ensaio”; Fundespa – Relatório Fundespa, páginas 2, 5 e 8. 22 Todos os resultados obtidos estiveram abaixo do limite de quantificação dos laboratórios, evidenciando que não houve contribuição de solventes, vidraria, preparação e manipulação nos resultados finais apresentados para as amostras. 3.1.2 Amostra de controle laboratorial (LCS) Os laboratórios Corplab Brasil e Fundespa, contratados para as análises de sedimentos e água, adotaram um LCS por matriz e parâmetro. Os resultados analíticos das amostras de sedimento referentes à amostra de controle laboratorial nos laudos analíticos (Anexos 5 a 7): Água: Laboratório Corplab Brasil – Relatórios de Ensaios Nº 0660209 (páginas cujo título é “AMOSTRAS DE CONTROLE DE QUALIDADE - BRANCO DO MÉTODO E LCS”; Fundespa – Relatório Fundespa, páginas 3, 9 e 15. Como podem ser observados, todos os resultados obtidos estiveram dentro dos limites de controle de qualidade adotados pelos laboratórios, evidenciando, assim, a exatidão dos métodos analíticos empregados. 3.1.3 Material de referência Na Tabela 3.1.3-1 abaixo são apresentados os resultados obtidos pelo laboratório da Fundespa no ensaio de metais em sedimento pelo método de preparação SW 846 US EPA 3050 e de análise, US EPA 6010. Foi analisado o sedimento certificado NIST SRM 1944. O DPR variou de 0,9 (para níquel) a 12,7% (para arsênio), enquanto que a recuperação oscilou entre 85% (arsênio) e 103% (chumbo), indicando, respectivamente, uma excelente precisão e exatidão analítica, levando em consideração que o documento Tier I Data Validation Manual For the Ohio EPA - Division of Hazardous Waste Management (2009) considera até 20% como valor aceitável para metais em amostras ambientais. 23 Tabela 3.1.3-1. Resultados obtidos, em mg/Kg, para metais no sedimento de referência SRM1944. Elemento Resultado Obtido Arsênio Cádmio Chumbo Cobre Cromo Níquel Zinco 16,5 7,7 318 348 253 76,8 627 Valor Esperado % Recuperação 18,9 8,8 330 380 266 76,1 656 85 99 103 91 100 94 89 Intervalo de aceitação 85-115 84-116 85-114 89-110 91-109 93-107 88-111 % DPR (0-20%) 12,7 12,5 3,6 8,4 4,9 0,9 4,4 3.1.4 Surrogates O laboratório contratado (FUNDESPA) utilizou como compostos surrogate para monitoramento dos métodos de análise de compostos orgânicos por amostra: PCB e Pesticidas Organoclorados: PCB-103 e Decaclorobifenil HPA: Criseno-d12. Todos os resultados obtidos estiveram dentro dos limites de controle de qualidade estabelecidos pelos laboratórios, os quais foram obtidos pelas referências Wade e Castillo (NOAA, 1994), para pesticidas organoclorados e PCBs, e UNEP (1992), para HPAs. 3.1.5 Amostras em triplicata As amostras de sedimento PSE-01 e PSE-02 foram analisadas em triplicata. Os resultados obtidos foram submetidos ao teste estatístico de Grubbs para avaliação da precisão dos resultados. Conforme pode ser visto na Tabela 3.1.5-1, os valores de G calculados estiveram menores ou igual ao G crítico, para 95% de confiança e n=3, de 1,155. Desta forma, comprova-se a homogeneidade da amostra e a precisão entre os resultados. 3.1.6 Conclusão Com base em todos os resultados de controle de qualidade apresentados, foi possível evidenciar que os resultados obtidos nas amostras de sedimento deste trabalho são fidedignos e tecnicamente válidos. 24 Tabela 3.1.5-1. Resultados obtidos no teste estatístico de Grubbs para as amostras de sedimento 25 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS SEDIMENTOS E ÁGUAS ESTUARINAS DOS PONTOS INVESTIGADOS A Tabela 4.1-1 apresenta os resultados obtidos na análise realizada para os sedimentos PSE-01 e PSE-02 (amostras compostas de cada uma das áreas de interesse antes do processo de elutriação). As análises foram feitas em triplicata com o intuito de avaliar a homogeneidade das amostras compostas. Maiores detalhes são apresentados no item 3 de Garantia e Controle de Qualidade. Observa-se que na amostra PSE-01 as concentrações de arsênio, HPAs (exceto fenantreno, fluoranteno e pireno), gama-BHC (lindano) e DDD estão acima de Nível 1 e mercúrio, pouco acima de Nível 2. Já a amostra PSE-02 foi caracterizado pela presença de arsênio, alguns compostos HPA (acenafteno, benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, dibenzo(a,h)antraceno e fluoreno) e alfa-BHC acima de Nível 1. Também foi quantificado gama-BHC acima de Nível 2. Apesar das concentrações encontradas, em ambos os sedimentos o resultado do teste de toxicidade crônica com o organismo Leptocheirus plumulosus foi não tóxico. 26 Tabela 4.1-1. Resultados obtidos na caracterização dos sedimentos investigados neste trabalho A Tabela 4.1-2 apresenta os resultados obtidos na análise das águas estuarinas (PAE-01 e PAE02) e da água marinha utilizada para diluição no teste de SET (denominadas águas-brutas, isto é, antes do processo de elutriação). 27 Tabela 4.1-2. Resultados obtidos na caracterização das águas 28 Como pode ser observado na Tabela acima, foram encontrados traços de 2-metilnaftaleno na amostra de água marinha (PAE-03) e o teste crônico com o organismo Lytechinus variegatus apontou média de 36% de pluteus anormais, realizando-se o ensaio com 4 réplicas. O resultado foi considerado estatisticamente diferente do controle (com 17% de pluteus anormais), mas com percentual inferior a 50% de efeito. A toxicidade apresentada foi considerada apenas limiar. Já as águas estuarinas investigadas neste trabalho apontaram a presença de nitrogênio Kjeldahl total (TKN), fósforo total, traços de acenafteno, 2-metilnaftaleno, pireno e/ou fluoranteno. Apesar das concentrações dos parâmetros quantificados nestas amostras serem muito baixas e inferiores aos respectivos padrões de qualidade de água (Resolução Conama 357/05), o teste de com Lytechinus variegatus indicou alta toxicidade (com 100% de pluteus anormais). Este resultado não é condizente com as os resultados das análises químicas realizadas nesta mesma matriz. Pode-se, neste caso, apenas especular sobre as hipóteses que podem responder a este resultado anômalo sendo o mais provável que o resultado corresponda a um falso-positivo não relacionado às características originais da água pois toxicidades altas a esse nível ocorrem apenas em efluentes brutos ou áreas conhecidamente contaminadas. 4.2. RESULTADOS OBTIDOS NO TESTE DE SET A Tabela 4.2-1 apresenta os resultados obtidos na análise dos sedimentos após teste de elutriação. 29 Tabela 4.2-1. Resultados obtidos na análise dos sedimentos após elutriação Como pode ser constatado na Tabela acima, não houve diferença significativa na qualidade do sedimento antes e após a elutriação. Para o composto p,p´-DDD, a diferença entre os resultados pode ser justificada pela incerteza associada ao próprio método analítico. Segundo informado no relatório da Fundespa (Anexo 7), a faixa de recuperação aceitável para pesticidas organoclorados é de 50 a 120%, ou seja, em uma amostra que tenha 1,8 µg/Kg de DDD pode-se obter como resultado valores entre 0,9 e 2,16 µg/Kg. Portanto, as duas concentrações quantificadas de DDD (antes e depois da elutriação) podem ser consideradas iguais, 30 do ponto de vista analítico. Este resultado infere que os contaminantes encontrados estão adsorvidos às partículas de sedimento e que há baixa probabilidade de solubilização destes contaminantes. 4.3. RESULTADOS DE ÁGUA A Tabela 4.3-1 apresenta os resultados obtidos na análise das águas do estuário após teste de elutriação. Nota-se, pela Tabela, que não houve alteração na qualidade da água após a elutriação. Os resultados para os compostos orgânicos clorados (pesticidas e PCBs) foram sempre abaixo do limite de quantificação do laboratório, o que é condizente, uma vez que são compostos hidrofóbicos. Na amostra PAE-01, quantificou-se acenafteno, fluoranteno, 2-metilnaftaleno e pireno, em concentrações extremamente baixas, em nível de ppt (ng/L), enquanto que na amostra PAE-02 quantificou-se, também em concentrações muito baixas, vários dos HPAs investigados. Os compostos benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno e criseno, embora mobilizados, apresentaram concentrações muito abaixo dos padrões de qualidade de água, de acordo com a Resolução Conama 357/05, mesmo comparando com o VMP (valor máximo permitido) mais restritivo para o caso de ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo. Para alguns dos HPAs mobilizados não há padrão legal de qualidade de água, porém as concentrações são extremamente baixas, da ordem de ppt. Cerca de 60% da concentração total encontrada esteve associada ao material particulado do elutriato. Nas águas dos sistemas naturais a fração solúvel dos HPAs é muito baixa, exceto para o naftaleno que apresenta uma solubilidade de cerca de 102 vezes maior que os demais HPAs. A distribuição dos hidrocarbonetos entre as fases aquosa e sólida na coluna de água é governada por diversos fatores, como a solubilidade dos compostos, as características físico-químicas da água (temperatura, pressão, salinidade, potencial redox e pH), a concentração e composição da matéria orgânica dissolvida e dos sólidos em suspensão, a taxa de sedimentação e os processos biológicos (Whitehouse, 1984). Portanto, espera-se que haja a remobilização de HPAs para a coluna d’água seja pouco significativa, além disso, a tendência é que esses compostos sejam mobilizados novamente nos sedimentos e não se mantenham dissolvidos na coluna d’água. Em relação aos metais, houve pequena mobilização de chumbo na amostra PAE-01, na forma solúvel, cujo valor obtido (10,3 µg/L) foi igual ao limite de quantificação da amostra. Resultados medidos próximos ao limite de quantificação da amostra, como ocorreu para o elemento chumbo na amostra PAE-01, apresentam uma incerteza associada em torno de 30% (Taylor, 1987), podendo, desta forma, o resultado verdadeiro de chumbo estar dentro de uma faixa de 7 a 13 µg/L. Assim, o VMP (10 µg/L) e o resultado obtido (10,3 µg/L) não podem ser considerados significativamente diferentes. Os metais traço nos sedimentos marinhos estão geralmente associados ao sulfeto (Di Toro et al., 1990; Allen and Deng, 1993; Huerta-Diaz et al., 1998). A dragagem, devido à ressuspensão dos sedimentos, pode mobilizá-los para a coluna d’água (Delaune and Smith, 1985; Calmano et al., 1994; 31 Petersen et al., 1997). Concomitantemente, existe rápida formação de oxi-hidróxidos de Fe e Mn, que tendem a sorver ou co-precipitar os metais (Calmano et al., 1994; Saulnier and Mucci, 2000; Gerringa, 1995). Em trabalho realizado com metais para o teste de SET por Jones e Lee (1978), os pesquisadores verificaram que uma fração muito baixa dos metais investigados (Cd, Cr, Ni, Pb, Cu, Hg e As) passaram para a fase dissolvida. O ferro e o manganês presentes na forma reduzida no sedimento, geralmente são oxidados devido a ressuspensão do material no sedimento, e por esta razão os hidróxidos (Fe(OH)3 e Mn(OH)3) formados atuam como retentores de metais. Caetano et al. (2002), reportaram resultados de um estudo de laboratório (curto – tempo) no qual sedimentos anóxicos coletados em uma área de dragagem foram ressuspensos em água aerada natural do estuário estudado. Os resultados desses experimentos indicaram que a ressuspensão de sedimentos ricos em sulfetos em coluna d’água aerada pode induzir em uma liberação de Fe, Mn, Cd, Pb e Cu. Logo após a liberação para a fração dissolvida, Pb e Cu foram quase que totalmente removidos dentro de quatro horas por oxi-hidróxidos de Fe recentemente precipitados, permanecendo na fração solúvel apenas o Cd (mais de 50%). O processo global resultou em níveis menores (que antes da remobilização) de metais traço na fração dissolvida com exceção do Cd. Freqüentemente, espera-se que a dragagem de áreas estuarinas promova a remobilização de metais, mudanças nas condições redox do meio e altere a partição de metais nos sedimentos ressuspensos. No entanto, deve ser considerada a remoção dos metais liberados para a coluna d’água pelos oxi-hidróxidos de Fe e Mn. A extensão desse processo é altamente controlada pelo período de dragagem e pela área a ser submetida a essas operações. 32 Tabela 4.3-1. Resultados obtidos na análise das águas após elutriação segundo SET e comparação com o padrão de qualidade de água (Resolução357/05) 33 De acordo com a Tabela 4.3-1, é possível observar que o carbono orgânico, nitrogênio e fósforo total foram elutriados, sendo que, na amostra PAE-01, todo fósforo encontrou-se no material particulado e 60% do TKN (somatória de nitrogênio orgânico e amoniacal) esteve na forma dissolvida. Em contrapartida, na amostra PAE-02, todo TKN esteve no material particulado e 60% do fósforo esteve na forma dissolvida. A liberação de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, para a coluna d’água não é dependente apenas da concentração destes nos sedimentos, mas também da quantidade de material ressuspenso, duração do processo de ressupensão, da proporção de sedimentos de granulometria mais fina, do volume de material dragado, dentre outros fatores. Embora as concentrações de fósforo nas águas, após elutriação, tenham ultrapassado os valores presentes no artigo 21 da Resolução do CONAMA 357/05, o evento é considerado temporário e de pequena magnitude. A maior preocupação com os nutrientes é a possibilidade de eutrofização das águas e a proliferação de algas no entanto, em ambientes marinhos e estuarinos o fator limitante para o crescimento destes organismos é, normalmente, o nitrogênio e não o fósforo (NRC, 2000). A quantidade de carbono orgânico transferida esteve pouco acima do padrão de qualidade para a amostra PAE-01 após a elutriação, enquanto o fósforo superou o padrão de qualidade para as duas amostras após a elutriação. As amostras da fase líquida da elutriação foram diluídas com amostra de água do mar (PAE-03), simulando o processo de mistura do conteúdo da cisterna com as águas na área do descarte, a diluição simulada foi das seguintes proporções: 75%, 50%, 25% e 12,5% e realizou-se o ensaio de toxicidade crônica com o organismo-teste Lytechinus variegatus em cada uma das diluições. O objetivo deste procedimento é verificar qual seria a Concentração de Efeito Não Observado (CENO) desta fração líquida da mistura do material dragado, para que seja possível a determinação da zona de mistura na região de descarte através de modelagem matemática. Para o ponto PAE-01, independentemente da diluição realizada, todos os testes apresentaram toxicidade, o que pode estar vinculado à toxicidade original da água bruta de mistura ou da água de elutriação. A Figura 4.3.1 apresenta gráfico de correlação concentração versus efeito. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que seria necessária uma concentração abaixo de 5,7% da água PAE-01, diluída com água marinha PAE-03, para que fosse observado efeito não tóxico (<50%). 34 Figura 4.3-1. Gráfico de correlação concentração versus efeito (PAE-01) O comportamento da água PAE-02 foi distinto. Houve um maior grau de correlação entre a concentração e o efeito, sendo que a partir de uma concentração de 39,6% já não se observaria efeito tóxico, assumindo o limiar deste como 50% de pluteus anormais. Figura 4.3-2. Gráfico de correlação concentração versus efeito (PAE-02) É importante ressaltar que não é possível afirmar que a elutriação provocou toxicidade, visto que as águas brutas apresentaram efeito tóxico (100% pluteus anormais). Os resultados com o PAE-02 são ainda menos coerentes uma vez que a toxicidade se reduz após a elutriação, o que não é esperado. A toxicidade pode estar atribuída a um resultado falso-positivo onde o organismo foi sensível a algum outro fator físico, químico ou de resposta biológica (fator interferente), não vinculado a presença de contaminantes na água. No entanto, a concentração mais conservadora (5,7%) é a que será utilizada para a determinação da zona de mistura na área de descarte. 35 4.4. RESULTADOS OBTIDOS NO TESTE DE DRET A Tabela 4.4-1 apresenta os resultados obtidos no teste de DRET nas condições estabelecidas para este trabalho. As principais mobilizações foram devidas a TKN, fósforo e HPAs. A Figura 4.4-1 apresenta o comportamento destes para os dois pontos amostrais investigados neste trabalho. A B C Figura 4.4-1. Gráfico do comportamento dos parâmetros P (A), TKN (B) e HPA (C) na amostra PAE-01 Com os resultados obtidos, aplicou-se o teste estatístico de Grubbs. O Teste de Grubbs é utilizado para rejeição de resultados "outliers" (ou valores dispersos). O teste consiste em calcular G "Grubbs" e comparar com G "Grubbs" crítico, conforme equação [1]. Os resultados estão nas Tabelas 4.4-2. Como pode ser observada na Tabela referente ao ponto 01, segundo o teste de Grubbs, a um nível de confiança de 95%, a concentração de TKN manteve-se constante com o aumento da concentração do sedimento, ou seja, não houve mobilização do TKN para fase dissolvida. Este comportamento persiste até 10g/L de sedimento:água, quando começa a haver solubilização. 36 Tabela 4.4-2. Aplicação do teste de Grubbs para o ponto 01 Fósforo total não foi mobilizado, permanecendo a concentração semelhante àquela obtida para a água bruta do estuário, independentemente da concentração do sedimento na água. Da mesma forma, o teste de Grubbs mostrou que a somatória dos HPAs manteve-se constante, havendo um outlier para o ponto 1g/L (total). 37 Tabela 4.4-1. Resultados obtidos no teste de DRET e comparação com o padrão de qualidade de água (Resolução Conama 357/05) 38 É importante salientar que a variação dos resultados de HPAs é devido às baixíssimas concentrações quantificadas nas amostras (da ordem de 10-9 g/L), as quais se encontram em uma zona de incerteza analítica elevada (ver Figura xx). Desta forma, com os resultados obtidos, pode-se concluir que não houve alteração da qualidade da água com a elutriação, ocorrendo apenas mobilização de fósforo a partir de 10g/L. A Tabela 4.4-3 apresenta os resultados obtidos com a aplicação do teste de Grubbs no ponto 02. Estatisticamente, o substrato não se comportou de maneira diferente do ponto 01. Tabela 4.4-3. Aplicação do teste de Grubbs para o ponto 02 B A C Figura 4.4-2. Gráfico do comportamento dos parâmetros P (A), HPA (B) e TKN (C) na amostra PAE-02 Os resultados de sólidos totais suspensos para o ponto 01 apontam que, após 1 hora de decantação, não há variação significativa em relação ao teor de sólidos presentes originalmente na amostra, independentemente da concentração inicial do sedimento usada. Já no ponto 02, há uma diminuição da concentração originalmente encontrada do material em suspensão em relação à após 39 uma hora de decantação; porém, a concentração é praticamente a mesma nas quatro concentrações de sedimento testadas. Em estudo realizado por Palermo e Thackston (1988b), preparando testes com misturas sedimento:água nas razões de 57 a 152 g/L e observaram que o teor de sólidos totais suspensos, após 24 horas, era muito baixo (10 a 85 mg/L), sugerindo que a maior parte do material suspenso durante a dragagem decanta rapidamente, deixando na água partículas extremamente finas (90% das partículas do sedimento sobrenadante eram menores que 10 µm em diâmetro). Estudos de campo e laboratório quantificaram a extensão e o mecanismo de ressuspensão de sedimentos (NRC, 1989). Estes mostraram que a concentração de sedimentos ressuspensos é geralmente menor que 100 mg/L exceto na área imediatamente vicinal à operação de dragagem. Na maioria dos estudos de campo, a concentração de sedimentos ressuspensos é menor que 10 mg/L em distâncias da ordem de 100 m da draga. Estes resultados diferem fortemente de algumas especulações feitas inicialmente sobre concentrações de sedimentos ressuspensos de ordem superior a 1000 mg/L. Nenhum estudo de campo conduzido nos EUA revelou concentrações de sólidos suspensos tão elevadas (McLellan et al., 1989; Collins, 1995). 4.5. APLICAÇÃO DO MODELO DE EQUILÍBRIO DE PARTIÇÃO O modelo de equilíbrio de partição pode ser usado para prever a concentração de contaminantes solúveis e sorvidos no material suspenso, após a atividade de dragagem. Ele se baseia na premissa de que o sistema em equilíbrio entre a água intersticial e o sedimento gera a mesma exposição que aquela associada à coluna d’água (Di Toro et al., 1991). Segundo este modelo, a acumulação de contaminantes nos sedimentos ocorre através de um processo de partição. O coeficiente de partição (Kp) é definido como a razão de contaminantes entre a fase sólida e a dissolvida na água de interface ou intersticial. O balanço de massa entre o contaminante solúvel e sorvido na coluna d’água a partir da mistura com sedimento é dado por: Ms*qi=VlCe + MsKpCe, onde: Ms = massa de sedimento usada no teste de DRET, em g; qi = massa de contaminante sorvida no sedimento; Vl = volume de água utilizada para o teste; Ce = concentração do contaminante na forma solúvel no equilíbrio, em mg/L; Kp = coeficiente de partição, em mL/g e Kp = foc*Koc, onde: foc = fração de carbono orgânico no sedimento; 40 Koc = coeficiente de partição normalizada, em mL/g. Para compostos orgânicos neutros, apolares e hidrofóbicos, o valor de Koc pode ser estimado por: log Koc = log Kow – 0,21 (Karickhoff et tal, 1979), onde: Kow é o coeficiente de partição octanol-água do composto. A partir desta fórmula [2], tem-se que: Ce qi V1 Kp Ms [2] A concentração de contaminante sorvido no material em suspensão é representada por: FSS = (1 + STS*Kp)*Ce onde; STS= concentração de sólidos totais suspensos, em g/mL, na coluna d’água. O modelo de equilíbrio de partição pode ser uma alternativa para avaliar o impacto associado à atividade de dragagem, prevendo-se a concentração de contaminante na coluna d’água, nas formas suspensa e dissolvida, desde que se disponha dos dados de TOC e caracterização química do sedimento e do teor de sólidos totais remanescentes e TOC na coluna d’água. Há uma limitação do modelo para compostos orgânicos; deve-se conhecer profundamente o ambiente estudado porque nem todo o composto orgânico presente na água intersticial está biodisponível, principalmente quando da presença de altos valores de carbono orgânico dissolvido que complexam com o composto na água intersticial e o tornam não biodisponíveis. Realizou-se uma comparação entre os resultados obtidos pelos testes de SET e DRET com os teóricos, aplicando-se o modelo de equilíbrio de partição. Os resultados são apresentados nas Tabelas 4.5-1, 4.5-2 e 4.5-3. A concentração de compostos sorvidos (FSS) foi obtida, conforme definida por Palermo e Thackston (1988a), a partir da diferença entre o teor na fração total do elutriato (Ctotal) e na fração dissolvida (Cdiss): Fss Ctotal Cdiss STS 41 Como pode ser visto na Tabela 4.5-1, os resultados teóricos e os obtidos experimentalmente pelo teste de SET apresentaram excelente concordância. Os resultados de HPA foram os que apresentaram menor correlação, principalmente para naftaleno na fase solúvel, onde a concentração teórica é superior a experimental. Este fato é esperado, em virtude de se tratar de um composto volátil, susceptível a perdas, as quais já são previstas e controladas, durante o processo de preparação da amostra para análise. Deve-se ressaltar que as concentrações apresentadas para compostos orgânicos estão em -9 ppt (10 g/L ou 10-9 g/Kg) e que incerteza analítica associada a este nível de concentração é elevada. 42 Tabela 4.5-1. Comparação da concentração de contaminantes entre teste de SET e modelo de equilíbrio de partição 43 Nas Tabelas 4.5-2 e 4.5-3 são apresentados os resultados comparativos de concentração dos contaminantes investigados para o teste de DRET. Como podem ser observadas, as concentrações teóricas de HPAs na fração sorvida foi superior à experimental, provavelmente devido à degradação dos compostos nos sedimentos investigados por agentes químicos e microbiológicos; a extensão da degradação depende do tipo de composto, potencial redox no sedimento e da abundância de microorganismos. Em estudo realizado por Delaune et al (1981), observou-se que a capacidade de degradação de HPAs decresce durante condições anaeróbicas comparadas com condições aeróbicas e Kennish (1997) concluiu que a fauna aquática exibe capacidade variável de metabolizar HPAs. Observa-se, pelas tabelas, que os valores teóricos, obtidos a partir do modelo de coeficiente de partição, variaram pouco de acordo com a concentração de sedimento utilizada no teste de DRET. De fato, coeficiente de partição é tão alto (Kp) que o valor obtido pelo modelo de equilíbrio de partição independe da faixa de concentração do teste de DRET, visto que Kp>> Vl/Ms. Nas Tabelas 4.5-2 e 4.5-3 também são apresentadas as concentrações de contaminantes no material particulado. É importante mencionar que estão expressas em µg/Kg (para metais) e ng/Kg (para orgânicos), e que representam a massa de contaminante por cada quilograma de material particulado, sendo que este está presente em miligrama na coluna d’água, ou seja, os valores apresentados estão seis ordens de magnitude superiores aos encontrados na fração total da água. Pode-se usar como exemplo um material em suspensão enriquecido com 14.000 ng/Kg de fenantreno; se ele estiver presente a uma concentração de 300 mg/L em uma amostra de água, contribuirá para uma concentração final nesta água, devido à fase sólida, de 0,0042 µg/L de fenantreno. Deve-se considerar que o teor de contaminantes sorvido no material em suspensão depende do tamanho das partículas. Palermo e Thackston (1988a) julgam que a concentração obtida no material suspenso (FSS) será sempre maior nos testes de elutriação em comparação ao campo, devido às diferenças nas condições de decantação. Em laboratório, ocorre uma decantação quiescente, enquanto que no campo, em virtude da ação do vento, algumas partículas mais grossas permanecem em suspensão. Como resultado, tem-se um FSS maior no teste de DRET, uma vez que as partículas finas têm maior afinidade aos contaminantes. 44 Tabela 4.5-2. Comparação da concentração de contaminantes entre teste de DRET e modelo de equilíbrio de partição para o ponto 01 45 Tabela 4.5-3. Comparação da concentração de contaminantes entre teste de DRET e modelo de equilíbrio de partição para o ponto 02 46 5. CONCLUSÕES 1. Apesar da caracterização química dos sedimentos nos dois pontos avaliados ter sido semelhante entre os dois pontos investigados, o teste de SET, o qual envolve uma maior mobilização de sedimento em relação ao teste de DRET, apontou que o substrato tem capacidades diferentes para adsorver e/ou remobilizar contaminantes para a coluna d’água, no entanto, em ambos os casos essa mobilização foi praticamente insignificante; 2. De todos os compostos avaliados, os nutrientes (TKN e fósforo) foram os que mais se mobilizaram para a coluna d’água no teste de SET. No entanto, esta mobilização é temporária, de pequena magnitude e reversível, uma vez que estão associados às partículas finas que voltam a sedimentar. 3. Embora alguns compostos HPA tenham sido mobilizados, as concentrações foram negligenciáveis, e ao serem comparados com o VMP (valor máximo permitido) da classe correspondente (Classe 1 – águas salobras – Resolução Conama 357/05), verifica-se que são inferiores aos mesmos, ou seja, ainda que tenha ocorrida uma baixa mobilização de HPA para a coluna d’água, o padrão de qualidade de água foi mantido. 4. Em virtude dos resultados da água do estuário dos dois pontos amostrados terem apontado toxicidade, não foi possível avaliar a influência da elutriação na toxicidade uma vez que os resultados apontam para uma diluição da toxicidade inicial mesmo com uma água de mistura inicial 100% tóxica; 5. Os resultados com o PAE-02 demonstram essa incoerência uma vez que a toxicidade se reduz após a elutriação, o que não é esperado. A toxicidade pode estar atribuída a um resultado falso-positivo onde o organismo foi sensível a algum outro fator físico, químico ou de resposta biológica (fator interferente), não vinculado a presença de contaminantes na água. No entanto, a concentração mais conservadora (5,7%) é a que será utilizada para a determinação da zona de mistura na área de descarte. 6. Embora as concentrações de HPAs, mercúrio e arsênio nos sedimentos ultrapassem Nível I, e alguns casos, Nível II, valor acima do qual é esperado um efeito provável de toxicidade (segundo Resolução 344/04), não foi constatado efeito tóxico no sedimento em nenhuma das etapas desta simulação. Adicionalmente, os testes realizados, mostraram que as concentrações de contaminantes no sedimento não foram suficientes para provocar remobilização de contaminantes para a coluna d’água em níveis prejudiciais, visto que os mesmos não ultrapassaram os padrões de qualidade para água, de acordo com a Resolução Conama 357/05. 47 7. O modelo de equilíbrio de partição pode ser uma ferramenta útil de screening para estimar a mobilização de contaminantes, economizando tempo. 8. Considerando que o teor de contaminantes sorvido no material em suspensão depende do tamanho das partículas e que de acordo com Palermo e Thackston (1988a) a concentração obtida no material suspenso será sempre maior nos testes de elutriação em comparação ao campo, e que os resultados deste estudo mostraram que apenas os nutrientes foram elutriados, é possível concluir que para as amostras utilizadas neste estudo a simulação da atividade de dragagem não representou alteração da qualidade para a água. 9. Com base nos resultados deste estudo é possível concluir que a atividade de dragagem, simulada pelos testes, não impactaria significativamente a qualidade da água de acordo com os padrões estabelecidos na Resolução Conama 357/05, devido ao fenômeno de remobilização de contaminantes para a coluna d’água, em nenhuma das etapas do processo de dragagem. 48 6. REFERÊNCIAS Allen, H.E.; Fu, G. & Deng, B. (1993). Analysis of acid – volatile sulfide (AVS) and simultaneously extracted metals (SEM) for the estimation of potential toxicity in aquatic sediments. Environ. Toxicol. Chem., 12: 1441 – 1453. Calmano, W.; Förstner, U.; Hong, J. (1994) In Environmental Geochemistry of Sulfide Oxidation; Alpers, C. N., Blowes, D.W., Eds.; American Chemical Society: Washington, DC, pp 298 – 321. DiGiano, F. A; Miller, C.T M., and Yoon, J. 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USEPA/USACE. 1998. Evaluation of Dredged Material Proposed for Discharge in Waters of the US – Testing Manual. EPA-823-B-98-004. U.S. Environmental Protection Agency, Office of Water (4305) and U.S. Army Corps of Engineers, 176p. UNEP (United Nations Environment Programme). Determinations of petroleum hydrocarbons in sediment. Reference methods for marine pollution studies, n. 20, 97 p., 1992. WADE, T. L.; Cantillo, A. Y. Use of standards and reference materials in the measurement of chlorinated hydrocarbons residues. Chemistry Workbook 1994. National Status and Trend Program for Marine Environmental Quality, NOAA, Silver Spring, 1994. 51 ANEXO 1 DOSSIÊ FOTOGRÁFICO DA COLETA DE SEDIMENTO 52 Figura A1-1. Medidas físico-químicas in-situ nas amostras de sedimento. Figura A1-2. pHmetro da marca DIGMED, utilizado para as medições de pH in-situ no sedimento. Figura A1-3. Tubo utilizado para amostragem de sedimento em profundidade. Figura A1-4. Sedimento sendo retirado do testemunho. Figura A1-5. Amostragem de sedimento superficial utilizando uma draga do tipo Van Veen. Figura A1-6. Amostra de sedimento acondicionada em frascos apropriados. sendo 53 ANEXO 2 LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS DE SEDIMENTO 54 55 Figura 1-A2. Mapa da localização dos pontos amostrais 56 ANEXO 3 PROTOCOLO DE ARMAZENAMENTO PARA AMOSTRAS DE SEDIMENTO E ÁGUA SUPERFICIAL 57 Tabela A3-1: Acondicionamento e preservação das amostras de sedimento Parâmetros Método de análise Prazo para análise Recipiente de armazenamento Preservação Quantidade de amostra Orgânicos Ehrhardt, 1983 (preparação) UNEP, 1992 (análise) Ehrhardt, 1983 (preparação) Matos, 2002 (análise) 14 dias até a extração e 40 dias para análise; Frasco de vidro Refrigerar a 4º C 100 gramas 14 dias até a extração e 40 dias para análise; Frasco de vidro Refrigerar a 4º C 100 gramas Carbono Orgânico Total K.H.Tan, 1995 (análise) 28 dias para análise Frasco de vidro Refrigerar a 4º C 100 gramas Pesticidas Organoclorados Ehrhardt, 1983 (preparação) Matos, 2002 (análise) 14 dias até a extração e 40 dias para análise; Frasco de vidro Refrigerar a 4º C 100 gramas Química Clássica: 28 dias (para Frasco de vidro análise) Metais Refrigerar a 4º C 100 gramas HPA PCB Nitrogênio Kjeldahl US EPA 351.3 Metais totais SW 846 US EPA 3050 (PREPARAÇÃO) SW 846 US EPA 6010 (ANÁLISE) 6 meses (para análise) Frasco de vidro Refrigerar a 4º C 100 gramas Mercúrio total SW 846 US EPA 7471 28 dias (para análise) Frasco de vidro Refrigerar a 4º C 100 gramas 58 Tabela A3-2: Acondicionamento e preservação das amostras de água Recipiente de armazenamento Preservação Quantidade de amostra 7 dias até a extração e 40 dias para análise; Frasco de vidro âmbar Refrigerar a 4º C 4 Litros Ehrhardt,1983 (preparação) Matos, 2002 (análise) 7 dias até a extração e 40 dias para análise; Frasco de vidro âmbar Refrigerar a 4º C 4 Litros Carbono Orgânico Total US EPA 415.2 28 dias para análise Frasco de vidro âmbar Refrigerar a 4º C, H2SO4 até pH<2 250 mL Pesticidas Organoclorados Ehrhardt,1983 (preparação) Matos, 2002 (análise) Refrigerar a 4º C 4 Litros Nitrogênio Kjeldahl US EPA 351.3 STS US EPA 160.2 Metais totais SW 846 US EPA 3005A (PREPARAÇÃO) SW 846 US EPA 6010 (ANÁLISE) 6 meses (para análise) Frasco plástico Refrigerar a 4º C, HNO3 até pH<2 500 mL Mercúrio total SW 846 US EPA 7470 28 dias (para análise) Frasco plástico Refrigerar a 4º C, HNO3 até pH<2 500 mL Parâmetros Método de análise HPA Ehrhardt, 1983 (preparação) UNEP, 1992 (análise) PCB Prazo para análise Orgânicos 7 dias até a Frasco de vidro extração e 40 dias âmbar para análise; Química Clássica: 28 dias (para análise) 7 dias (para análise) Metais Frasco plástico Frasco plástico Refrigerar a 4º C, H2SO4 até pH<2 Refrigerar a 4º C 250 mL 250 mL 59 ANEXO 4 POP001 - PROCEDIMENTO EQUIPAMENTO HANNA - 9828 DE CALIBRAÇÃO E ANÁLISE DO 60 ANEXO 5 LAUDOS ANALÍTICOS DO LABORATÓRIO TECAM 61 ANEXO 6 LAUDOS ANALÍTICOS DO LABORATÓRIO CORPLAB 62 ANEXO 7 LAUDOS ANALÍTICOS DA FUNDESPA 63 ANEXO 8 DESCRIÇÃO DO ORGÂNICOS PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DE COMPOSTOS 64