MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] ÓLEO DE ALGODÃO EM DIETAS PARA FRANGOS DE CORTE NAS FASES DE CRESCIMENTO Gleissa Mayone S. Vogado (Bolsista do PIBIC/UFPI), Leilane Rocha B. Dourado (Orientadora CPCE/UFPI) INTRODUÇÃO Os custos de produção na prática avícola são representados principalmente pela alimentação, o que tem sido motivo de preocupações para os produtores e nutricionistas, que visam alta produtividade e menores custos. Neste contexto, inúmeros alimentos têm sido estudados para avaliar e consolidar a utilização destes como importantes fontes alternativas, capazes de substituir total ou parcialmente o milho e o farelo de soja, atendendo às exigências dos animais nas suas diferentes fases de produção, contudo, sem influenciar negativamente o desempenho produtivo dos mesmos (Nascimento et al., 2005). Frente à carência de informações acerca da utilização do óleo de algodão na alimentação de frangos de corte, este trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos da inclusão do óleo bruto de algodão em rações isoenergéticas suplementadas ou não com sulfato ferroso sobre as variáveis de desempenho, rendimento de carcaça e cortes, peso relativo dos órgãos, parâmetros hematológicos de frangos de corte no período de 21 a 42 dias de idade, além de realizar um estudo de viabilidade econômica das dietas. METODOLOGIA O experimento foi conduzido no setor de avicultura do Colégio Técnico de Bom Jesus-CTBJ, no Campus Professora Cinobelina Elvas-CPCE da Universidade Federal do Piauí, no município de Bom Jesus-PI. Foram utilizadas 560 frangos de corte machos, da linhagem Ross. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4 x 2 (quatro níveis de óleo com ou sem sulfato ferroso), cinco repetições com 14 aves por unidade experimental. Os níveis de óleo de algodão foram 0, 2, 4 e 6% respeitando a exigência energética de cada fase, preconizada por Rostagno et al. (2011). O sulfato ferroso (Fe 2(SO4)3) foi incluído na dosagem de 0,1%, conforme Santos et al. (2009). As dietas experimentais foram formuladas para atender as exigências nutricionais dos frangos na fase em estudo, de acordo com a recomendação de Rostagno et al. (2011). As dietas experimentais foram formuladas para atender as exigências nutricionais dos frangos na fase em estudo, de acordo com a recomendação de Rostagno et al. (2011) (Tabelas 1 e 2). O óleo de algodão utilizado foi obtido pelo método de prensagem mecânica, possuía 1,2% de gossipol e energia bruta de 9120Kcal/kg. Para a formulação utilizou-se a composição dos ingredientes de acordo com Rostagno et al., (2011), exceto para o óleo de algodão em que foi considerada a energia metabolizável determinada em estudo anteriormente realizado por Bastos et al. (2014), de 7732 Kcal/kg para o óleo de algodão sem sulfato ferroso e 8270 Kcal/kg para o óleo de algodão com sulfato ferroso, cujos valores foram utilizados para ajustes do nível energético das dietas. Foi avaliado o consumo de proteína (CPtn), obtido pela diferença entre a quantidade de ração fornecida e as sobras das rações experimentais multiplicado pelo teor de proteína das dietas. O ganho proteíco foi determinado pela diferença da pesagem das aves no início e ao final da fase, multiplicado pelo teor de proteína na carcaça, respectivamente. A eficiência de deposição de proteína foi calculada pela relação entre o ganho proteico e o consumo de proteína. Os dados foram submetidos à avaliação de homogeneidade e normalidade, os outliers identificados foram removidos. Em seguida, os dados foram submetidos à análise de variança pelo procedimento GLM do SAS (Statistical Analysis Sistem, 9.0). As estimativas no nível do óleo de algodão foram estabelecidas por meio de modelos de regressão linear e polinomial. As médias foram comparadas pelo teste SNK com α=0,05 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 3 - Efeito dos níveis de óleo de algodão com ou sem adição de sulfato ferroso sobre o consumo de proteína (CPtn), ganho de proteina (GPtn) e eficiência de retenção de proteína (ERPtn) de frangos de corte de 21 a 42 dias de idade. Variável (kg) Nível de óleo de algodão (%) SF Média 0 2 4 1 6 P>F CV (%) SF NO SF*NO 3,18 0,817 0,190 0,144 11,5 0,465 0,272 0,104 11,0 0,477 0,273 0,133 21 a 42 dias CPtn GPtn ERPtn Sem 552,5 564,9 566,6 534,6 557,1 Com 544,9 561,5 555,1 562,7 555,7 Média 548,3 563,2 560,9 550,7 Sem 433,5 470,5 442,9 442,4 448,7 Com 422,5 421,3 490,7 507,3 457,9 Média 427,4 445,9 466,8 479,5 Sem 78,6 83,2 78,1 82,3 80,5 Com 77,8 75,1 88,2 90,0 82,4 83,2 1 Média 78,1 79,1 86,7 Com relação ao desempenho das aves na fase total (21 a 42 dias), não foi observada interação (P<0,05) entre os níveis de óleo de algodão e a adição ou não de sulfato ferroso nas dietas, nem influência dos níveis de óleo (Tabela 3). De modo geral, pesquisas realizadas com subprodutos do algodão em dietas para monogástricos tem demonstrado queda nos índices de desempenho dos animais em virtude dos elevados níveis de inclusão destes ingredientes, no entanto, este trabalho não demonstrou isso, o que implica dizer que a adição de até 6% de óleo de algodão em dietas para frangos de corte na fase de crescimento não causa efeito negativo sobre as variáveis de desempenho das aves, fato este que pode está relacionado ao nível de gossipol livre presente no óleo utilizado, o período de consumo e as condições de estresse às quais os animais foram submetidos, que não foi o bastante para prejudicar o consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar dos mesmos (Gamboa et al., 2001). CONCLUSÕES A adição do óleo de algodão e do sulfato ferroso não afeta a retenção proteica, à medida que se aumenta o nível de óleo na dieta. REFRÊNCIAS GAMBOA, D. A.; CALHOUN, M. C.; KUHLMANN, S. W.; HAQ, A. U.; BAILEY, C. A. Use of expander cottonseed meal in broiler diets formulated on a digestible amino acid basis. Poultry science, v. 80, n. 6, p. 789-794, 2001. NASCIMENTO, G. A. J.; COSTA, F. G. P.; JÚNIOR, V. S. A.; BARROS, L. R. Efeitos da substituição do milho pela raspa de mandioca na alimentação de frangos de corte, durante as fases de engorda e final. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 1, p. 200-207, 2005. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos. Composição de alimentos e exigências nutricionais. 3Ed. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252p. SANTOS, M. S. V.; ESPÍNDOLA, G. B.; LÔBO, R. N. B.; FUENTES, M. F. F.; CARVALHO, L. E.; SANTOS, A. B. E. Desempenho e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais submetidas às dietas com diferentes óleos vegetais. Revista Brasileira de Saúde Produção Animal, v. 10, n. 3, p. 654-667, 2009 Palavras-chave: Gossipol, Desempenho, Retenção de proteína.