DNA MITOCONDRIAL E A TAXONOMIA DA FAMÍLIA THAMNOPHILIDAE (AVES : PASSERIFORMES). Fagner Ramos1, Luiza Magalli Henriques2, Renata Valente2, Janice Muriel-Cunha1, Horacio Schneider1 & Iracilda Sampaio1 . 1Laboratório de Genética e Biologia Molecular, UFPA - Campus de Bragança, Belém, PA; 2 Departamento de Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA E-mail: [email protected] A família Thamnophilidae pertence à ordem Passeriformes, e possui aproximadamente 190 espécies, sendo a segunda família mais numerosa da América do Sul. Sua ampla distribuição geográfica vai desde o México até o norte da Argentina. Na floresta Amazônica encontra-se a maior diversidade, com cerca de 30 a 40 espécies. Apenas poucos membros desta família são exclusivamente terrestres, sendo a grande maioria arborícola. Uma característica padrão da família é o grande dimorfismo sexual de plumagem. Poucos estudos têm sido realizados sobre a taxonomia desta família utilizando o gene mitocondrial CytB, com um reduzido número de espécies sendo amostradas. Para compreender os níveis de relacionamento filogenético das espécies de Thamnophilidae, foram analisadas espécies próximas ou populações da mesma espécie, que estão atualmente separadas por rios. Seqüências do gene mitocondrial 16S foram obtidas em exemplares das seguintes espécies, oriundas do rio Xingu, Pará: Phlegopsis nigromaculata, Pyriglena leuconota, Hylophylax naevia, Hylophylax poecilinota, Hypocnemis cantator e Myrmotherula leucophthalma. Segundo as análises filogenéticas, com exceção de Hylophylax, os demais gêneros são claramente monofiléticos. As divergências nucleotídicas entre indivíduos da mesma espécie, mesmo que de margens diferentes do rio (no caso de Myrmotherula leucophthalma), foram inferiores a 1%. Divergências intergenéricas variaram entre 6 e 11%. As espécies H. naevia e H. poecilinota apresentaram divergência muito elevada para espécies do mesmo gênero (~8,5%), o que coloca em questionamento o status taxonômico das mesmas. Baseando-se em estudos de comportamento, tem sido sugerido que a espécie H. poecilinota não pertenceria a este gênero, sendo mais próximo do gênero Hypocnemoides. Estudos futuros que comparem geneticamente Hylophylax poecilinota com espécies do gênero Hypocnemoides podem vir a elucidar esta questão. Apoio: Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi