Governador de Pernambuco Paulo Henrique Saraiva Câmara Secretário de Educação Frederico da Costa Amancio Secretário Executivo de Planejamento e Coordenação Severino José de Andrade Júnior Secretária Executiva de Desenvolvimento da Educação Ana Coelho Vieira Selva Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Secretário Executivo de Administração e Finanças Ednaldo Alves de Moura Júnior Secretário Executivo de Gestão da Rede João Carlos de Cintra Charamba Gerente de Políticas Educacionais dos Anos Finais do Ensino Fundamental Shirley Cristina Lacerda Malta Chefe de Unidade dos Anos Finais do Ensino Fundamental Rosinete Salviano Feitosa Especialistas em Língua Portuguesa Jamesson Marcelino da Silva Maria da Conceição Borba de Albuquerque Maria Luisa Araújo Guimarães Salmo Sóstenes Pontes Wanda Maria Braga Cardoso 2 SUMÁRIO Apresentação...................................................................................................................04 1. Procedimentos de leitura.............................................................................................05 1.1. Distinguir fato de uma opinião..............................................................................05 1.2.Propostas de Atividades..........................................................................................06 1.3.Sugestão de questões...............................................................................................10 2. Coerência e coesão no processamento do texto.......................................................13 2.1. Estabelecer Relações Lógico-Discursivas Presentes no Texto, Marcadas por Conjunções, Advérbios Etc.......................................................................................14 2.2. Propostas de Atividades.......................................................................................14 2.3. Identificar a tese de um texto...............................................................................17 2.4. Sugestão de questões...........................................................................................17 3. Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.................................19 3.1. Sugestões de questões..........................................................................................21 4. Sugestão de atividades didática PSA..........................................................................26 5. Referencial Bibliográfico............................................................................................32 3 APRESENTAÇÃO Caro (a) Professor(a), Apesar do seu caráter de truísmo, a afirmação de que não existe prática docente bemsucedida se não houver aprendizagem por parte dos estudantes deve estar sempre no horizonte das preocupações de todos aqueles envolvidos com o ato de ensinar. De par com essa ideia, é preciso considerar também que um ensino verdadeiramente eficiente deve dar ênfase tanto ao desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas e operacionais dos alunos quanto aos conteúdos que devem ser partilhados com eles. Assim, o ato de ensinar precisa privilegiar um equilíbrio entre aquilo que o aluno tem de saber e aquilo que ele pode fazer com o que aprendeu. Disso, é esperada a construção de um sujeito criativo, crítico, analítico, pensante, capaz de entender as diversas realidades que a ele se apresentam, transformá-las e propor inovações. O presente caderno é uma tentativa de contribuir para o sucesso das ideias acima expostas por meio da abordagem de descritores que apresentaram, na última avaliação do SAEPE, índices de acerto que podem e devem ser melhorados. Os índices em questão, com certeza, contrariam os esforços realizados pelos professores das diversas escolas das dezessete regionais do Estado de Pernambuco com vistas ao avanço dos estudantes no tocante às competências e habilidade contempladas em tais descritores. Desse modo, precisam ser corrigidos por meio de ações docentes concentradas nos pontos em que foram identificadas as dificuldades. Por isso, o objetivo deste trabalho é contribuir para o aprimoramento da prática dos professores, fornecendo-lhes mais um instrumento de apoio, o qual – certamente – irá se somar às suas iniciativas individuais que visam à ascensão do desempenho dos alunos. Na concepção deste caderno, levou-se em conta a diversidade de características de alunos e de professores, bem como se considerou que várias são as formas de aprender e de ensinar. Assim, ele apresenta questões discursivas, itens de múltipla escolha e sequências didáticas. Fica claro, pois, que o objetivo é, sobremaneira, proporcionar ao educando o desenvolvimento pleno de suas capacidades cognitivas e operacionais, conduzindo-o a isso por meio de atividades significativas pautadas na exploração dos descritores que necessitam de um aprofundamento. Conjugando esses dois modelos de questão, objetiva-se, pois, reforçar as habilidades interpretativas exigidas pelas avaliações externas a que eles são submetidos e contribuir para o desenvolvimento do eixo escrita. Para concluir esta breve apresentação, a equipe de Língua Portuguesa da Gerência de Políticas Educacionais dos Anos Finais do Ensino Fundamental - GEPAF manifesta o desejo de contar com a contribuição de técnicos e professores de todas as regionais do Estado para o aperfeiçoamento deste instrumento pedagógico que chega às mãos dos envolvidos com o ensino de Língua Portuguesa na rede pública estadual de Pernambuco. Críticas, sugestões e adendos são bem-vindos uma vez que o sucesso da prática educacional exige comprometimento coletivo, bem como perene disposição para transformar o educando, reformar as próprias práticas e também se autotransformar. 4 EXPLICITANDO OS DESCRITORES TÓPICO I PROCEDIMENTOS DE LEITURA DESCRITOR (MATRIZ SAEPE): 10 Os textos nem sempre apresentam uma linguagem literal. Deve haver, então, a capacidade de reconhecer novos sentidos atribuídos às palavras dentro de uma produção textual. Além disso, para a compreensão do que é conotativo e simbólico, é preciso identificar não apenas a ideia, mas também ler as entrelinhas, o que exige do leitor uma interação com o seu conhecimento de mundo. A tarefa do leitor competente é, portanto, apreender o sentido global do texto, utilizando recursos para a sua compreensão de forma autônoma. É relevante ressaltar que, além de localizar informações explícitas, inferir informações implícitas e identificar o tema de um texto, nesse tópico deve-se, também, distinguir os fatos apresentados da opinião formulada acerca desses fatos nos diversos gêneros de texto. Reconhecer essa diferença é essencial para que o aluno possa tornar-se mais crítico, de modo a ser capaz de distinguir o que é um fato, um acontecimento, da interpretação que é dada a esse fato pelo autor do texto. D10 - DISTINGUIR FATO DE UMA OPINIÃO A confusão entre fato e opinião é motivo de desentendimentos e mal-entendidos na vida cotidiana. Quantas vezes o indivíduo não se aferra a uma opinião sobre algo, confiante de que sua opinião corresponde à verdade (fato) sobre aquilo que está discutindo, provocando assim dissensos, incorrendo em sectarismos e desperdiçando a oportunidade de realizar um diálogo realmente produtivo sobre algo que - se averiguado com equilíbrio, bom senso e humildade – poderia resultar em esclarecimentos válidos e em benefícios para todos os envolvidos no processo comunicativo? Problema de mesma natureza ocorre na leitura de textos quando – muitas vezes – o leitor toma por fato (conforme a ótica do texto) aquilo que está sendo posto como uma opinião. Tal falha mostra uma percepção equivocada do texto e pode também traduzir ou refletir uma prática equivocada de leitura de mundo. Distinguir fato de opinião implica a capacidade de diferenciar o que é do que se pensa sobre algo. Separar realidade do que se acredita sobre ela. O leitor deve ser capaz de perceber a diferença entre o que é fato narrado ou discutido e o que é opinião sobre ele. Essa diferença pode ser ou bem marcada no texto ou exigir do leitor que ele perceba essa diferença integrando informações de diversas partes do texto e/ou inferindo-as, o que tornaria a tarefa mais difícil. Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno identificar, no texto, um fato relatado e diferenciá-lo do comentário que o autor, ou o narrador, ou o personagem fazem sobre esse fato. Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno é solicitado a distinguir partes do texto que são referentes a um fato e partes que se referem a uma 5 opinião relacionada ao fato apresentado, expressa pelo autor, narrador ou por algum outro personagem. Há itens que solicitam, por exemplo, que o aluno identifique um trecho que expresse um fato ou uma opinião, ou então, dá-se a expressão e pede-se que ele reconheça se é um fato ou uma opinião. FATO ALGO CUJA EXISTÊNCIA INDEPENDE DE QUEM ESCREVE. OPINIÃO MANEIRA PESSOAL DE VER O FATO. A DEPREENSÃO DE CONCEITOS E VALORES A PARTIR DE ALGO PRÉ-EXISTENTE. Alguns exemplos FATO A educação brasileira patina no atraso e na defasagem em relação à dos países desenvolvidos. OPINIÃO Equacionar a problemática da educação no país é inadiável. FATO Novamente, a discussão acerca da redução da maioridade penal ocupa lugar de destaque no congresso. OPINIÃO Como em todo tema polêmico, discutir a maioridade penal requer, pela gama de aspectos envolvidos, sensatez e muita responsabilidade dos legisladores. PROPOSTAS DE ATIVIDADES 1. Identifique as marcas de opinião nos textos abaixo: TEXTO 01 NAVEGAR É PRECISO (NAVEGAR é preciso, 2009) O velejador, economista e empresário Vilfredo Schürmann lançou o livro Navegando com o Sucesso na praça central do Shopping Mueller, em Joinville, e na praça central 6 do Shopping Neumarkt, em Blumenau. Ótimo contador de histórias, apresentou reflexões sobre o sentido de palavras como sucesso, família, trabalho em equipe, sonho e disciplina. TEXTO 02 A POLUIÇÃO NO MUNDO Os grandes países industriais são os mais poluídos do mundo. Em Tóquio vende-se oxigênio nas ruas centrais. É comum os japoneses comprarem uma dose e enfiarem o nariz na “garrafinha”, recuperando-se do veneno que são obrigados a respirar. Os guardas de trânsito, intoxicados pelos gases dos automóveis, têm postos de abastecimento especiais nas esquinas. Apesar da propaganda que apresenta o centro da Europa como um oásis verde entre enormes fábricas, quem lê jornal sabe o que acontece com o Reno: um rio totalmente morto e mortífero, carregando resíduos químicos por milhares de quilômetros, contaminando os depósitos de água potável de vários países. Metade da população holandesa bebe a água do Rio Reno, que é o maior esgoto do mundo e o receptor de inseticidas das fábricas alemães. Seus peixes são proibidos para o consumo, porque os detritos industriais com que se “alimentam” tornam sua carne fétida. E os Estados Unidos, pátria do capitalismo moderno, louvado pelo rigor de suas leis, são – e isto seus próprios técnicos afirmam – o país mais poluído do planeta. Além disso, são os maiores exportadores de poluição: 40% da contaminação da Terra é provocada por suas indústrias, segundo informação de Philip Bart, ecologista e redator da International Review. Fonte: Júlio José Chiavenato. O massacre da natureza. TEXTO 03 O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade e à qualidade de suas águas, mas, se não fizermos boas campanhas educativas para a população, logo perderemos esse privilégio. Em nossa opinião, já manifestada em artigos anteriores, as campanhas são necessárias porque muitas pessoas desperdiçam água lavando calçadas diariamente, não consertando torneiras que vazam e passando muito tempo nos chuveiros. Nem todos são favoráveis às campanhas educativas. Para alguns economistas, a solução é aumentar o preço da água. Pensamos que isso seria um verdadeiro absurdo, pois o preço da água brasileira é um dos mais altos do mundo! Por outro lado, mesmo pagando caro, os brasileiros continuam desperdiçando água. Todos sabemos que seria impossível viver sem água. Então, a solução melhor é fazer campanhas educativas que ajudem a conscientizar a população, mostrando a todos que a água é um recurso que pode se esgotar com o mau uso. Fonte: (Adaptado de Antônio Ermírio de Moraes: Depois da água, por que não o ar? Folha de São Paulo: Opinião – 24/03/02) Texto disponível em: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/10/13.htm 7 TEXTO 04 Textos e Opiniões Por mais que a maioria pense que a função do jornalista é ser imparcial ao relatar fatos, isto não é verdade. Todo texto tem opinião, a qual pode ser explícita ou estar nas entrelinhas, tudo depende de como o autor quer ser visto. O texto abaixo deixa clara a opinião da Rosely Sayão, psicóloga que escreve para o caderno Equilíbrio, da Folha de São Paulo: os meios de comunicação, muitas vezes, atrapalham a reunião familiar na hora das refeições. Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que alimentação é uma questão de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de populações com alto índice de longevidade, alimentos ganham adjetivos como "funcionais". Temos dietas para cardíacos, para hipertensos, para gestantes, para idosos. Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam. Uma criança de nove anos disse uma coisa interessante: para ela, o horário do recreio deveria ser maior porque tomar o lanche demora e, com isso, há menos tempo para brincar. Aí está: lanchar com os colegas não tem, para essa e muitas outras crianças, o caráter de prazer; parece ter uma ligação mais estreita com outras obrigações escolares. Aliás, tenho observado a dificuldade que muitas crianças têm de falar com adultos e pares olhando para seu interlocutor. Elas falam e olham para o lado, para baixo e até para além da pessoa com quem conversam, mas o olho no olho parece ser desagradável, difícil para elas. Talvez seja porque estão acostumadas a olhar para a TV ou para o jogo enquanto conversam com os pais. O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com regularidade e de modo informal. E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus afetos pelos filhos de modo mais natural, além de construir o ambiente acolhedor que permite aos mais novos perceber com clareza que aquele é seu grupo de referência e de pertencimento. Numa época em que os rituais estão em desuso, as refeições em família são um excelente momento para transmitir tradições familiares aos filhos: quais alimentos aquela família prefere e quais são os seus modos usuais de preparação, como se comporta à mesa, quais assuntos costuma abordar durante a refeição, o tom de voz usado, como os membros se tratam. Tudo isso é apreendido pelos mais novos, que podem encontrar seu modelo de identificação familiar e ter contato com o conhecimento construído pelas gerações anteriores da família. O horário das refeições também pode servir para que contradições, diferenças e conflitos entre pais e filhos surjam de modo polido, para que os filhos saibam mais sobre a rotina profissional dos pais e para que estes ouçam sobre a vida escolar e social dos filhos sem cobranças [...]. ( Domingo, 26 de abril de 2009) Texto disponível em: http://raiai.com.br/carro-popular-duvida-na-escolha-leia-a-opiniao-de-quem-usa/ 8 SUGESTÕES O professor poderá realizar essa atividade de identificação de marcas pessoais em grupos. Para tanto, o professor deverá disponibilizar cartolinas, canetas hidrocores e fitas crepe para que os estudantes elaborem o seu esquema de identificação. Posteriormente, os alunos deverão apresentar um novo esquema apresentando os fatos ou argumentos que comprovam as opiniões retiradas dos textos. Eles poderão fazer um quadro com as informações obtidas. 2. Enumere fatos ou argumentos que comprovem cada uma das opiniões seguintes. A) Opinião: O fumo é prejudicial à saúde. Fatos/Argumentos:______________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ B) Opinião: A televisão domina a vida do homem moderno. Fatos/Argumentos: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. Identifique as marcas de opinião no texto abaixo: TEXTO 05 Os cães de gravata Diogo Mainardi Cada um escolhe seu próprio inimigo. O meu morreu no mês passado, aos 95 anos. Era Joseph Barbera, um dos fundadores dos estúdios Hanna-Barbera. No começo de janeiro, morreu também um de seus principais colaboradores, Iwao Takamoto, criador do Scooby-Doo. Estou com sorte. Livrei-me de dois inimigos em menos de um mês. Atribuo grande parte do meu fracasso pessoal aos desenhos animados de HannaBarbera. O fato de ter assistido a todos os episódios dos Herculoides, da Tartaruga Touché e dos Flintstones comprometeu meu futuro. O dano causado por horas e horas de Space Ghost, de Wally Gator e de Jonny Quest foi definitivo. Muitas de minhas falhas intelectuais e de personalidade podem ser imputadas a eles. De nada adiantou ler Montaigne mais tarde. No deserto mental provocado por Frankenstein Júnior, pelos Irmãos Rocha e pela Formiga Atômica, Montaigne simplesmente não frutifica. Até a década de 1960, um episódio de Tom e Jerry ou de Pernalonga era feito com algo entre 25.000 e 40.000 desenhos. Joseph Barbera e seu sócio bolaram um jeito de produzir suas séries com menos de 2.000, abatendo seus custos. A técnica recebeu o nome de "animação limitada". Os personagens permaneciam estáticos. A única parte de seu corpo que se movia era a cabeça, que pulava compulsivamente da direita para a esquerda, ora com a boca fechada, ora com a boca aberta. Para facilitar o corte, todas as figuras tinham o pescoço encoberto por um colarinho ou por uma gravata. Nos desenhos da Hanna-Barbera, sempre há um cachorro de gravata, um super-herói de 9 gravata, um dinossauro de gravata. As paisagens sofreram o mesmo tratamento reducionista. Os personagens dos desenhos de Hanna-Barbera habitam um mundo claustrofobicamente circular. De dois em dois segundos eles passam pela mesma pedra, pelo mesmo veículo espacial, pelo mesmo homenzinho careca e bigodudo de terno azul. A angústia de pertencer a um universo que se repete continuamente só é superada pelo fato de que ninguém se dá conta disso. Maguila, Simbad Júnior e os Brasinhas do Espaço parecem desprovidos de memória. As tramas também se repetem de uma série para a outra. Muda apenas o mote de cada personagem, a sua frase característica, como "Saída pela esquerda", "Shazam!" ou "Oh, querida Clementina", recitada por um mau dublador. Joseph Barbera e Iwao Takamoto empobreceram minha vida. Assim como empobreceram a vida de todos os meus contemporâneos. Há fases em que a humanidade melhora e há fases em que ela piora. Nada representa com tanta clareza o barateamento intelectual do nosso tempo quanto os desenhos animados de HannaBarbera. Cada quadro economizado por eles significou para nós uma ideia a menos, um pensamento a menos, uma sinapse a menos. Os pioneiros de Hanna-Barbera acabam de morrer, mas nossa época está irremediavelmente perdida. O único consolo é que esquecemos a miséria em que vivemos de dois em dois segundos. 4. Enumere fatos ou argumentos que comprovem cada uma das opiniões seguintes. C) Opinião: Atribuo grande parte do meu fracasso pessoal aos desenhos animados de Hanna-Barbera. Fatos/Argumentos:______________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ D) Opinião: Joseph Barbera e Iwao Takamoto empobreceram minha vida. Fatos/Argumentos:______________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ SUGESTÕES DE QUESTÕES Compreendendo e Interpretando o texto TEXTO 06 “Crise da água”? As principais fontes de água doce são os rios, os lagos, as lagoas e os lençóis freáticos, como é chamada a camada de água que fica sob o solo. Aqui no Brasil, essas fontes, que já são mal distribuídas pelo território, sofrem também com a poluição. Os rios estão com a qualidade de suas águas comprometida. É que, ao mesmo tempo em que fazem uso das aguas, as indústrias lançam nelas toda a sujeira que acumulam enquanto estão trabalhando. Grande parte dessa sujeira é formada por 10 substâncias venenosas às plantas e aos animais. Por isso, vemos com frequência peixes mortos em rios e lagos. Alguns cientistas acreditam que o aumento do consumo de água doce somado à sua poluição são fatores que mais vão colaborar para a redução desse líquido no nosso planeta. Pesquisadores avaliam que num futuro muito próximo alguns países poderão brigar mais por reservas de água doce do que por petróleo. E essa “crise da agua” poderá acontecer já no século 21. Por isso, temos a importante tarefa de evitar o desperdício de água doce e reduzir a poluição. Não devemos também nos esquecer de recuperar o que já foi destruído. Será preciso muito trabalho para trazer de volta a qualidade desse líquido que se torna cada vez mais raro. A grande preocupação dos cientistas é que, ao contrário de outros recursos, como o petróleo, para qual existem meios de compensar a falta, a água doce não tem substituto. Então, é bom controlar a torneira! FONTE: Ciência Hoje das Crianças, n. 80, maio 1998. (Encarte Petrobrás; texto adaptado). 5. Mostre que você distingue, do texto lido, o que é fato e o que é opinião, marcando (F) para fato e (O) para opinião: ( ) As principais fontes de água doce são os rios, os lagos, as lagoas e os lençóis freáticos. ( ) Lençóis freáticos é a camada de água que fica sob o solo. ( ) O aumento do consumo de água doce somado à sua poluição vão colaborar para a redução da água no nosso planeta. ( ) Num futuro muito próximo alguns países poderão brigar mais por reservas de água doce do que por petróleo. 6. O texto diz que uma “crise da água” poderá acontecer no século 21. A) O que se pode entender por “crise da água”? B) O que pode causar essa “crise”? C) O que é preciso fazer para evitar essa “crise”? D) O panorama atual vivenciado no País permite afirmar que a crise preconizada no texto já é uma realidade? Dê sua opinião. 7. Enumere argumentos relacionados a cada um dos fatos seguintes. A) A água doce é um recurso escasso em nosso planeta. B) Em ano eleitoral, como foi 2014, candidatos fizeram malabarismos retóricos para amenizar a dimensão do colapso e evitar a palavra racionamento. 8. Os exercícios abaixo são importantes para fixar a diferença entre fato e opinião. Marque F para fato e O para opinião. Justifique o que você marcou como opinião. A) Mesmo que a falta de chuva se concentre no Sudeste, o impacto se espraiará pelo país. 11 B) Em Minas Gerais, após sobretaxar o consumo, o governo sinalizou que pretende adotar racionamento para diminuir o uso em pelo menos 30%. Eventos tradicionais, como o Carnaval em Ouro Preto, terão de ser adaptados. (Zero Hora 31/01/2015) C) Obra de saneamento “não aparece” e, por isso, “não dá voto”. (Zero Hora 31/01/2015) D) Analistas projetam que o Brasil crescerá 0,1% em 2015, só que o ajuste fiscal do governo e a falta de água podem levar a taxa para baixo de zero. (Zero Hora 31/01/2015) Pesquisa de Opinião 9. Organize os alunos em grupo e entregue a cada aluno do grupo uma cópia da mesma frase. Cada aluno deverá entrevistar quatro pessoas em casa ou vizinhos. Voltando ao grupo, em sala de aula, todos ouvirão as respostas. Discutirão entre si e apresentarão à classe sua frase e o resultado da pesquisa. Educa as crianças e não precisarás Educação nunca foi despesa. Sempre foi castigar os homens. investimento com retorno garantido. Pitágoras Sir Arthur Lewis Enquanto o poço não seca, não sabemos Cada dia a natureza produz o suficiente dar valor à água. para nossa carência. Se cada um tomasse Thomas Fuller o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome. Mahatma Gandhi "Crianças gostam de fazer perguntas A educação exige os maiores cuidados, sobre tudo. Mas nem todas as respostas porque influi sobre toda a vida. cabem num adulto." Sêneca Arnaldo Antunes É no problema da educação que assenta o A educação de um povo pode ser julgada, grande segredo do aperfeiçoamento da antes de mais nada, pelo comportamento humanidade. que ele mostra na rua. Onde encontrares Immanuel Kant falta de educação nas ruas, encontrarás o mesmo nas casas. Edmondo Amicis Perguntas para reflexão e debate: A) Você concorda com essa opinião? (O aluno deverá mostrar a frase para o entrevistado ou falá-la) B) O que o autor da frase quis dizer com ela? 12 Compreendendo e Interpretando o texto TEXTO 07 10. Em relação à tira acima, estimule seus alunos a refletirem sobre a diferença entre fato e opinião. EXPLICITANDO OS DESCRITORES TÓPICO IV COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO DESCRITORES (MATRIZ SAEPE): 17,19 e 27 O Tópico IV trata dos elementos que constituem a textualidade, ou seja, aqueles elementos que constroem a articulação entre as diversas partes de um texto: a coerência e a coesão. Considerando que a coerência é a lógica entre as ideias expostas no texto, para que exista coerência é necessário que a ideia apresentada se relacione ao todo textual dentro de uma sequência e progressão de ideias. Para que as ideias estejam bem relacionadas, também é preciso que estejam bem interligadas, bem “unidas” por meio de conectivos adequados, ou seja, com vocábulos que têm a finalidade de ligar palavras, locuções, orações e períodos. Dessa forma, as peças que interligam o texto, como pronomes, conjunções e preposições, promovendo o sentido entre as ideias são chamadas coesão textual. Enfatizamos, nesta série, apenas os pronomes como elementos coesivos. Assim, definiríamos coesão como a organização entre os elementos que articulam as ideias de um texto. As habilidades a serem desenvolvidas pelos descritores que compõem este tópico exigem que o leitor compreenda o texto não como um simples agrupamento de frases justapostas, mas como um conjunto harmonioso em que há laços, interligações, relações entre suas partes. A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada interpretação de seus componentes. De acordo com o gênero textual, o leitor tem uma apreensão geral do assunto do texto. Em relação aos textos narrativos, o leitor necessita identificar os elementos que compõem o texto – narrador, ponto de vista, personagens, enredo, tempo, espaço – e quais são as relações entre eles na construção da narrativa. 13 A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada interpretação de seus componentes, ou da coerência pela qual o texto é marcado. De acordo com o gênero textual, o leitor tem uma apreensão geral do tema, do assunto do texto e da sua tese. Essa apreensão leva a uma percepção da hierarquia entre as ideias: qual é a ideia principal? Quais são as ideias secundárias? Quais são os argumentos que reforçam uma tese? Quais são os exemplos confirmatórios? Qual a conclusão? Em relação aos textos narrativos, pode ser requerido do aluno que ele identifique os elementos componentes – narrador, ponto de vista, personagens, enredo, tempo, espaço – e quais são as relações entre eles na construção da narrativa. D17 – ESTABELECER RELAÇÕES LÓGICO-DISCURSIVAS PRESENTES NO TEXTO, MARCADAS POR CONJUNÇÕES, ADVÉRBIOS ETC. Conjunções e advérbios, categorias morfológicas invariáveis, realizam papéis importantes no processo de construção textual, promovendo as relações de coesão e coerência e dando ao texto articulação (caso das conjunções) e precisão (caso dos advérbios). É importante ter clareza também de que certos advérbios podem funcionar como conectores (são, pois, articuladores) e que há conjunções (subordinativas adverbiais) que introduzem orações que funcionam como advérbios. Por isso, são elementos que contribuem para o estabelecimento de uma maior precisão. Além disso, as unidades pertencentes a essas duas categorias linguísticas são portadoras de carga semântica bem definida, o que muito influi na montagem do sentido dos textos. As habilidades que podem ser avaliadas por este descritor, relacionam-se ao reconhecimento das relações de coerência no texto em busca de uma concatenação perfeita entre as partes do texto, as quais são marcadas pelas conjunções, advérbios, etc., formando uma unidade de sentido. Essa habilidade é avaliada por meio de um texto a partir do qual é solicitada ao aluno a percepção de uma determinada relação lógico-discursiva, enfatizada, muitas vezes, pelas expressões de tempo, de lugar, de comparação, de oposição, de causalidade, de anterioridade, de posteridade, entre outros e, quando necessário, a identificação dos elementos que explicam essa relação. PROPOSTAS DE ATIVIDADES 1. Observe os trechos: O fino suporte de madeira sobre o qual o retrato foi pintado sofreu uma deformação desde que especialistas em conservação examinaram a pintura pela última vez... Seria mais poeta, desde que fosse menos político. Neles, o elemento coesivo “desde que”, mais do que ligar duas orações, estabelece uma relação de sentido entre elas. Indique o valor estabelecido por ele em cada um dos trechos. 14 2. Em relação ao texto abaixo: TEXTO 08 A pergunta da personagem Mafalda, no segundo quadrinho, inicia-se com a palavra "então", que estabelece uma relação de sentido com a situação anterior. Identifique a relação de sentido estabelecida e reescreva a pergunta, substituindo o vocábulo "então" por outro conectivo. 3. Leia o texto abaixo: TEXTO 09 Acho uma boa ideia abrir as escolas no fim de semana, mas os alunos devem ser supervisionados por alguém responsável pelos jogos ou qualquer opção de lazer que se ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes. Poderiam ser feitas gincanas, festas e até churrascos dentro da escola. (Juliana Araújo e Souza. In Correio Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.) Identifique a relação estabelecida pela palavra destacada em “A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.”. Substitua o vocábulo e por um conectivo, de modo a manter o sentido essencial, fazendo apenas as alterações necessárias. 4. Em relação ao texto abaixo TEXTO 10 Do bom uso do relativismo Leonardo Boff Hoje pela multimídia, imagens e gentes do mundo inteiro nos entram pelos telhados, portas e janelas e convivem conosco. É o efeito das redes globalizadas de comunicação. A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer que implica abertura e dialogo ou de distanciamento que pressupõe fechar o espírito e excluir. De todas as formas, surge uma percepção incontornável: nosso modo de ser não é o único. Há gente que, sem deixar de ser gente, é diferente. Quer dizer, nosso modo de ser, de habitar o mundo, de pensar, de valorar e de comer não é absoluto. Há mil outras formas diferentes de sermos humanos, desde a forma dos esquimós siberianos, passando pelos yanomamis do Brasil até chegarmos aos 15 sofisticados moradores de Alfavilles onde se resguardam as elites opulentas e amedrontadas. O mesmo vale para com as diferenças de cultura, de língua, de religião, de ética e de lazer. Deste fato surge, de imediato, o relativismo em dois sentidos: primeiro, importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar aí, goza de direito de existir e de coexistir; segundo, o relativo quer expressar o fato de que todos estão de alguma forma relacionados. Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros porque todos são portadores da mesma humanidade. Devemos alargar, pois, a compreensão do humano para além de nossa concretização. Somos uma geossociedade una, múltipla e diferente. Todas estas manifestações humanas são portadoras de valor e de verdade. Mas é um valor e uma verdade relativos, vale dizer, relacionados uns aos outros, autoimplicados, sendo que nenhum deles, tomado em si, é absoluto. Então não há verdade absoluta? Vale o everything goes de alguns pós-modernos? Quer dizer, o “vale tudo”? Não é o vale tudo. Tudo vale na medida em que mantém relação com os outros, respeitando-os em sua diferença. Cada um é portador de verdade mas ninguém pode ter o monopólio dela. Todos, de alguma forma, participam da verdade. Mas podem crescer para uma verdade mais plena, na medida em que mais e mais se abrem uns aos outros. Bem dizia o poeta espanhol António Machado: ”Não a tua verdade. A verdade. Vem comigo buscá-la. A tua, guarde-a”. Se a buscarmos juntos, no dialogo e na cordialidade, então mais e mais desaparece a minha verdade para dar lugar a Verdade comungada por todos. A ilusão do Ocidente é de imaginar que a única janela que dá acesso à verdade, à religião verdadeira, à autêntica cultura e ao saber crítico é o seu modo ver e de viver. As demais janelas apenas mostram paisagens distorcidas. Ele se condena a um fundamentalismo visceral que o fez, outrora, organizar massacres ao impor a sua religião e, hoje, guerras para forçar a democracia no Iraque e no Afeganistão. Devemos fazer o bom uso do relativismo, inspirados na culinária. Há uma só culinária, a que prepara os alimentos humanos. Mas ela se concretiza em muitas formas, as várias cozinhas: a mineira, a nordestina, a japonesa, a chinesa, a mexicana e outras. Ninguém pode dizer que só uma é a verdadeira e gostosa e as outras não. Todas são gostosas do seu jeito e todas mostram a extraordinária versatilidade da arte culinária. Por que com a verdade deveria ser diferente? Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros, porque todos são portadores da mesma humanidade. (l. 16-17) Identifique a relação de sentido que a oração sublinhada estabelece com a parte do período que a antecede. Reescreva todo o período, substituindo o conectivo e mantendo essa mesma relação de sentido. 16 EXPLICITANDO OS DESCRITORES D19 – IDENTIFICAR A TESE DE UM TEXTO Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer o ponto de vista ou a ideia central defendida pelo autor. A tese é uma proposição teórica de intenção persuasiva, apoiada em argumentos contundentes sobre o assunto abordado. SUGESTÃO DE QUESTÕES TEXTO 11 O que dizem as camisetas (Fragmento) Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito. – Que é que ele está anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido! – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado. – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática. – O voto é secreto. – É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e... – Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica. (...). DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40. 1. O conflito em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de: (A) alguém aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição. (B) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica. (C) um senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade. (D) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta. TEXTO 12 O mercúrio onipresente (Fragmento) Os venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto tudo o que é preciso para controlá-los, eles voltam a atacar. Quando removemos o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando toxinas e resíduos são enterrados em aterros sanitários, contaminam o lençol freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar de todo o seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas quais o nível de contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...]. 17 Mas o mercúrio é famoso pela capacidade de passar despercebido. Uma série de estudos recentes sugere que o metal potencialmente mortífero está em toda parte — e é mais perigoso do que a maioria das pessoas acredita. Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006, p.114-115. 2. A tese defendida no texto está expressa no trecho: (A) as substâncias tóxicas, em aterros, contaminam o lençol freático. (B) o chumbo da gasolina ressurge com a ação do tempo. (C) o mercúrio apresenta alto teor de periculosidade para a natureza. (D) o total controle dos venenos ambientais é impossível. TEXTO 13 O ouro da biotecnologia Até os bebês sabem que o patrimônio natural do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica – ou o que restou dela – são invejadas no mundo todo por sua biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da caatinga têm mais riqueza de fauna e flora do que se costuma pensar. A quantidade de água doce, madeira, minérios e outros bens naturais é amplamente citada nas escolas, nos jornais e nas conversas. O problema é que tal exaltação ufanista ("Abençoado por Deus e bonito por natureza”) é diretamente proporcional à desatenção e ao desconhecimento que ainda vigoram sobre essas riquezas. Estamos entrando numa era em que, muito mais do que nos tempos coloniais (quando pau-brasil, ouro, borracha etc. eram levados em estado bruto para a Europa), a exploração comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento. Essa revolução tem um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo, deixará em breve de ser uma enorme fonte “potencial" de alimentos, cosméticos, remédios e outros subprodutos: ela o será de fato – e de forma sustentável. Outro exemplo: os créditos de carbono, que terão de ser comprados do Brasil por países que poluem mais do que podem, poderão significar forte entrada de divisas. Com sua pesquisa científica carente, indefinição quanto à legislação e dificuldades nas questões de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural em riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupuaçu, já foram registrados por estrangeiros – que nos obrigarão a pagar pelo uso de um bem original daqui, caso queiramos (e saibamos) produzir algo em escala com ele. Além disso, a biopirataria segue crescente. Até mesmo os índios deixam que plantas e animais sejam levados ilegalmente para o exterior, onde provavelmente serão vendidos a peso de ouro. Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a nova realidade econômica global, ou continuará perdendo dinheiro como fruta no chão. Daniel Piza. O Estado de S. Paulo. 3. O texto defende a tese de que (A) a Amazônia é fonte “potencial” de riquezas. (B) as plantas e os animais são levados ilegalmente. (C) o Brasil desconhece o valor de seus bens naturais. (D) os bens naturais são citados na escola. 18 EXPLICITANDO OS DESCRITORES D27 – DIFERENCIAR AS PARTES PRINCIPAIS DAS SECUNDÁRIAS EM UM TEXTO Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer a estrutura e a organização do texto e localizar a informação principal e as informações secundárias que o compõem. Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual pode ser solicitado ao aluno que ele identifique a parte principal ou outras partes secundárias na qual o texto se organiza. Um texto apresenta muito mais ideias secundárias do que ideias principais. Os conteúdos das ideias secundárias não são os mais importantes, mas sem eles o texto não progride. Na verdade, não é possível escrever um texto sem as ideias secundárias. As ideias secundárias funcionam como atores coadjuvantes. Cumprem um papel secundário, mas imprescindível. Redigir bem depende muito do domínio que o autor tem dessas ideias. Leia o trecho abaixo: Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de ferro quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Com isso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mas, demonstrando grande presença de espírito, agachouse, segurou, com as mãos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado. Como você deve ter observado, nesse parágrafo, o narrador conta-nos um fato acontecido com seu primo. É, pois, um parágrafo narrativo. Analisemos, agora, o parágrafo quanto à estrutura. As ideias foram organizadas da seguinte maneira: TIPO EXEMPLO Ideia principal: Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de ferro quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Ideias secundárias: EXPLICAÇÃO A ideia principal, como você pode observar, refere-se a uma ação perigosa, agravada pelo aparecimento de um trem. Com isso, ele não teve tempo As ideias secundárias de correr para a frente ou complementam a ideia para trás, mas, demonstrando principal, mostrando 19 grande presença de espírito, agachou-se, segurou, com as mãos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado. como o primo do narrador conseguiu sair-se da perigosa situação em que se encontrava. Os parágrafos devem conter apenas uma ideia principal acompanhado de ideias secundárias. Entretanto, é muito comum encontrarmos, em parágrafos pequenos, apenas a ideia principal. Veja o exemplo: O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio. Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram aproveitar o bom tempo. Pegaram um animal, montaram e seguiram contentes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela mãe. Nesse trecho, há dois parágrafos. No primeiro, só há uma ideia desenvolvida, que corresponde à ideia principal do parágrafo: O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio. No segundo, já podemos perceber a relação ideia principal + ideias secundárias. Observe: Ideia principal: Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram aproveitar o bom tempo. Ideias secundárias: Pegaram um animal, montaram e seguiram contentes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela mãe. Até aqui, vimos que o parágrafo apresenta em sua estrutura, uma ideia principal e outras secundárias. Isso não significa, no entanto, que sempre a ideia principal apareça no início do parágrafo. Há casos em que a ideia secundária inicia o parágrafo, sendo seguida pela ideia principal. Veja o exemplo: As estacas da cabana tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo estremeceu violentamente sob meus pés. Logo percebi que se tratava de um terremoto. Observe que a ideia mais importante está contida na frase: “Logo percebi que se tratava de um terremoto”, que aparece no final do parágrafo. As outras frases (ou ideias) apenas explicam ou comprovam a afirmação: “as estacas tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo estremeceu violentamente sob meus pés” e estas estão localizadas no início do parágrafo. 20 Então, a respeito da estrutura do parágrafo, concluímos que as ideias podem organizarse da seguinte maneira: Ideia principal + ideias secundárias ou Ideias secundárias + ideia principal É importante frisar, também, que a ideia principal e as ideias secundárias não são ideias diferentes e, por isso, não podem ser separadas em parágrafos diferentes. Ao selecionarmos as ideias secundárias devemos verificar as que realmente interessam ao desenvolvimento da ideia principal e mantê-las juntas no mesmo parágrafo. Com isso, estaremos evitando e repetição de palavras e assegurando a sua clareza. É importante, ao termos várias ideias secundárias, que sejam identificadas aquelas que realmente se relacionam à ideia principal. Esse cuidado é de grande valia ao se redigir parágrafos sobre qualquer assunto. SUGESTÃO DE QUESTÕES 1. Assinale a alternativa cuja ideia não se relaciona com as outras ideias do parágrafo. Depois, complete o parágrafo utilizando qualquer uma que possa completar a ideia dada. I. Havia no rosto de cada criança a expectativa de uma festa maravilhosa. a. ( ) a mesa, arrumada com todo carinho, estava repleta de docinhos e enfeites coloridos, reservando surpresas deliciosas para a meninada. b. ( ) os palhaços entraram no palco, dando cambalhotas, fazendo piruetas e alegrando a todos. c. ( ) O dentista chegou e as foi chamando, uma a uma, para iniciar o tratamento. II. Os peixes nadavam agilmente no aquário. a. ( ) na casa repleta, os animais viviam tranquilos e em harmonia. b. ( ) todos davam reviravoltas, iam até o fundo, subiam à tona para pegar alimento, numa agitação encantadora. c. ( ) as crianças, num alegria contagiante, jogavam migalhas de pão, e os peixes, muito agitados, vinham à tona para alcançá-las. III. Na sala, a professora iniciava sua aula de Português. a. ( ) os alunos, atenciosos, iam arrumando o material de desenho sobre as carteiras: régua, esquadro, compasso, lápis de cor, etc. b. ( ) os alunos, a pedido da professora, abriram os livros à pág. 40, e iniciaram a leitura silenciosa do texto. c. ( ) todos os alunos abriram o livro e a professora iniciou a explicação do texto. IV. O cantor popular iniciou o espetáculo musical. a. ( ) em seu repertório havia canções variadas com que ele homenageava todos os Estados brasileiros. 21 b. ( ) no teatro lotado, o povo assistia ao balé moderno. c. ( ) o som alegre dos instrumentos musicais misturava-se às canções mais conhecidas da plateia. 2. Complete os parágrafos a seguir, escolhendo no retângulo uma ou mais ideias que estejam relacionadas com a ideia em dada. I. Na avenida, interditada ao tráfego, os blocos carnavalescos desfilavam animadamente …………………………………………. . a. os ônibus passavam lotados de foliões. b. o povo, contagiado pela alegria do samba, cantava e dançava c. as fantasias dos sambistas eram um espetáculo maravilhoso. II. No meio da noite, despertei e ouvi vozes agitadas no corredor ………………………………………… a. o quarto estava claro e silencioso. b. pelas frestas da janela entravam alguns raios de sol. c. a luz do lampião entrava por debaixo da porta. Sentei-me na cama e fiquei a ouvir a discussão. d. na casa reinava silêncio absoluto. III. …………………………………………. As pessoas procuravam uma sombra que as abrigasse do sol do meio-dia. As crianças só queriam brincadeiras com água. Os carrinhos de refrigerantes e picolés estavam rodeados por uma pequena multidão. a. o calor estava ameno.b. estava um dia abafado e quente. c. o sol nascera encoberto pelas nuvens e o vento frio fazia tremer os lábios. d. o final da tarde estava muito quente. IV. O baile estava animado. …………………………………………. A orquestra alternava sambas, valsas e tangos, num ritmo contagiante. a. no salão, os pares rodopiavam ao som das músicas alegres. b. o salão estava repleto e a música eletrônica era alegre. c. no salão vazio, alguns casais dançavam ao som dos discos. V. O cavaleiro tentava domar o animal selvagem. O cavalo debatia-se para os lados, erguia a cabeça, empinava o peito e, em movimentos rápidos, levantava e abaixava as patas, tentando derrubar o homem ao chão. No entanto, …………………………… a. o animal resistia bravamente b. o cavaleiro, perdendo o equilíbrio, soltou-se da sela. c. o cavaleiro, equilibrando-se habilmente na sela, domou o animal. 22 TEXTO 14 Animais no espaço Vários animais viajaram pelo espaço como astronautas. Os russos já usaram cachorros em suas experiências. Eles têm o sistema cardíaco parecido com o dos seres humanos. Estudando o que acontece com eles, os cientistas descobrem quais problemas podem acontecer com as pessoas. A cadela Laika, tripulante da Sputnik-2, foi o primeiro ser vivo a ir ao espaço, em novembro de 1957, quatro anos antes do primeiro homem, o astronauta Gagarin. Os norte-americanos gostam de fazer experiências científicas espaciais com macacos, pois o corpo deles se parece com o humano. O chimpanzé é o preferido porque é inteligente e convive melhor com o homem do que as outras espécies de macacos. Ele aprende a comer alimentos sintéticos e não se incomoda com a roupa espacial. Além disso, os macacos são treinados e podem fazer tarefas a bordo, como acionar os comandos das naves, quando as luzes coloridas acendem no painel, por exemplo. Enos foi o mais famoso macaco a viajar para o espaço, em novembro de 1961, a bordo da nave Mercury/Atlas 5. A nave de Enos teve problemas, mas ele voltou são e salvo, depois de ter trabalhado direitinho. Seu único erro foi ter comido muito depressa as pastilhas de banana durante as refeições. (Folha de São Paulo, 26 de janeiro de 1996) 3. No texto “Animais no espaço”, uma das informações principais é (A) “A cadela Laika (...) foi o primeiro ser vivo a ir ao espaço”. (B) “Os russos já usavam cachorros em suas experiência”. (C) “Vários animais viajaram pelo espaço como astronautas”. (D) “Enos foi o mais famoso macaco a viajar para o espaço”. TEXTO 15 Cerca de 20 mil se despedem do poeta Patativa Foi decretado feriado ontem em Assaré (623Km de Fortaleza) para a população local homenagear o principal poeta popular do Brasil, Antonio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, que morreu anteontem, aos 93 anos. As homenagens começaram logo depois da morte, às 18h30. Parte da população (de 20 mil habitantes) acampou durante toda a madrugada na frente da casa do poeta. (...) À tarde, como o número de visitantes aumentou muito, o velório foi transferido para a catedral da cidade, onde sanfoneiros repetiam A Triste Partida, poema cantado por Luiz Gonzaga. O cearense Fagner também gravou a música, mas preferiu cantar ontem o poema Vaca Estrela e Boi Fubá para homenageá-lo em missa assistida por cerca de 10 mil pessoas. 23 O enterro aconteceu às 17h, no cemitério São João Batista. A PM calcula que passaram pelo funeral cerca de 20 mil pessoas. O Estado do Ceará decretou luto de três dias. Beltrão, Eliana Santos; Gordilho, Terezinha. Novo Diálogo . 4. O fragmento que contém a informação principal do texto é: a) “Foi decretado feriado ontem em Assaré para a população local homenagear o principal poeta popular do Brasil, Antonio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, que morreu anteontem aos 93 anos.” b) “À tarde, como o número de visitantes aumentou muito, o velório foi transferido para a catedral da cidade, onde sanfoneiros repetiam A Triste Partida, poema cantado por Luiz Gonzaga.” c) “O cearense Fagner também gravou a música, mas preferiu cantar ontem o poema Vaca Estrela e Boi Fubá para homenageá-lo em missa assistida por cerca de 10 mil pessoas.” d) “O enterro aconteceu às 17h, no cemitério São João Batista. A PM calcula que passaram pelo funeral cerca de 20 mil pessoas. O Estado do Ceará decretou luto de três dias.” TEXTO 16 GÊNIOS E AUTISTAS? Segundo pesquisadores ingleses, Einstein e Newton sofriam de uma síndrome cerebral. O alemão Albert Einstein e o inglês lsaac Newton, dois dos maiores gênios da história da humanidade,provavelmente eram autistas. É o que diz um artigo publicado no Journal of the Royal Society of Medicine, uma das mais prestigiosas revistas científicas da Inglaterra. A hipótese foi formulada por loan James, pesquisador da Universidade de Oxford, e validada pelo psiquiatra Simon Baron-Cohen, Professor, diretor do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge. De acordo com esses especialistas, que esmiuçaram as biografias de Einstem e Newton, ambos encaixavam-se no perfil de quem apresenta um tipo de autismo que acomete principalmente pessoas com inteligência acima da média – a Síndrome de Asperger, uma doença que passou a ser estudada com maior profundidade a partir da década de 80. Seus portadores não vivem completamente desconectados da realidade, como ocorre no autismo clássico. Os principais sintomas da Síndrome são obsessão por um assunto, reações desmedidas de amor e ódio, dificuldade para interpretar sinais não verbais como gestos e olhares, voz monocórdia, rotina repetitiva e uma grande tendência ao isolamento. Newton, que começou a desvendar a lei da gravidade aos 23 anos, era um sujeito distante, de poucas palavras, e frequentemente tinha acessos de mau humor. Desde a infância, quando se apaixonava por um tema, ele o fazia com tanta intensidade que se impunha longos períodos de solidão para estudá-lo. Nessas ocasiões, esquecia até de comer. Os pesquisadores ingleses reconheceram em Newton outros sinais da síndrome 24 de Asperger. Entre eles, o desleixo com a aparência e a mania de reescrever até vinte vezes os seus estudos, sem fazer quase nenhuma alteração de uma cópia para outra. No caso de Einstein, que formulou a Teoria da Relatividade aos 26 anos, os sintomas também seriam típicos. Quando criança, ele costumava repetir a mesma frase durante horas e estava sempre sozinho. Mais tarde, na Universidade de Princeton, adotou uma rotina curiosa. Fizesse chuva ou sol, todos os dias, ele e seu único amigo (um matemático neurótico chamado Kurt Göbel) saíam para passear depois de se telefonarem pontualmente às 11 horas. Einstein também tinha uma maneira peculiar de vestir-se. Em seu guarda-roupa, ele mantinha sete ternos. Todos idênticos. Até sua profunda paixão por música erudita, dizem os pesquisadores, poderia ter relação com a síndrome. “A música é uma forma de ficar independente dos outros”, costumava dizer Einstein. Com uma vozinha monótona, como é próprio dos portadores da tal síndrome. A hipótese de ele e Newton sofrerem da doença não diminui em nada a genialidade de ambos. Afinal de contas, como afirmou o próprio doutor Hans Asperger, um pediatra austríaco, “ao que tudo indica, para ter sucesso na ciência ou na arte, um pouco de autismo é essencial”. Revista Veja 14/05/2003 5. Dividir a turma em 06 grupos e disponibilizar o texto Gênios e Autistas? para todos os grupos. a) Após formação dos grupos, solicite aos alunos que leiam o texto entregue para seu grupo e localizem informações explícitas: O quê? Quem? Quando? Como? Onde? b) Solicite aos alunos que infiram o sentido de palavras ou expressões desconhecidas (com o auxílio do dicionário). c) Peça aos alunos que diferenciem as partes principais do texto das partes secundárias. 25 SUGESTÃO DE ATIVIDADE DIDÁTICA DO PSA A seguir, apresentamos uma atividade didática – adaptada dos Parâmetros na Sala de Aula de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio - que dialoga com alguns dos descritores trabalhados. Atividade 1 – Texto publicitário . 1º momento– Relacionando sinalizações verbais e não verbais Professor, proponha inicialmente a leitura da imagem central da propaganda, o homem dinossauro sentado a uma mesa de trabalho. Os estudantes devem construir suas hipóteses de leitura, atentando para algumas pistas como seu gesto de mão e sua cabeça de dinossauro. Em seguida, devem buscar relacionar essa imagem às sinalizações verbais postas acima da imagem – “Xiiiii!!!! Acabei de enviar o email pra todo mundo. E agora?”e “Essa era já era”. Ou seja, o homem apresenta-se como um dinossauro, 26 alguém que pertence a uma “era pré-histórica”, pois está desatualizado no que diz respeito ao uso de uma tecnologia. Seu gestual, sua fala indicam que ele foi surpreendido por uma operação feita de forma equivocada. O equívoco poderia ser evitado se ele tivesse um programa de controle da informação mais avançado. O texto na caixa à direita detalha as vantagens do novo produto à venda. 2º momento – Identificando o ponto de vista e o argumento Num segundo momento, os estudantes devem identificar o objetivo comunicativo desse texto publicitário – vender um novo produto da Microsoft – para, em seguida, buscar o ponto de vista e o argumento nele utilizado. A imagem tem, nesse texto, como em muitos outros textos publicitários, forte poder de argumentação. Através dela, a propaganda afirma a necessidade de se adquirir o novo produto, a necessidade de atualizar-se. Atividade 2 – Editorial Jornal Folha de São Paulo, 23-06-2002 PAIXÃO E TRANSGÊNICOS A ideia de travar um debate racional e sereno acerca da utilização de organismos geneticamente modificados (OGMs), os populares transgênicos, tornou-se uma impossibilidade prática. Contendores de ambos os lados argumentam de forma tão apaixonada que acabam contaminando a própria racionalidade. Nessa confusão, é o consumidor que fica sem saber para que lado ir. Há dois tipos de riscos associados aos OGMs. Poderiam afetar tanto a saúde humana como o ambiente. No primeiro tópico, uma das maiores preocupações dos pesquisadores é com as alergias. Imagine-se um novo tipo de milho que utilize um gene tirado do amendoim. Pouca gente é alérgica a milho, mas número não desprezível o é ao amendoim. Existe a possibilidade de que a pessoa alérgica ao amendoim consuma o milho transgênico e sofra então um choque anafilático. Os cientistas estão atentos ao problema das alergias, e não surgiram indícios de que elas ocorram em níveis significativos. Um outro risco teórico ao consumo de OGMs é que ele leve a complicações desconhecidas por conta do que os cientistas chamam de efeito pliotrópico. Mais uma vez, no mundo real não há evidências de que isso ocorra. Os transgênicos estão nas mesas dos norte-americanos já há 5 anos sem que tenham sido constatadas anormalidades. Sobre o ambiente, as razões para o temor são mais sólidas. Há estudos ainda inconclusos que demonstraram que a introdução de um OGM pode afetar outras espécies. Aqui, lida-se com uma cadeia longa e desconhecida de interações entre espécies. A possibilidade de ocorrerem surpresas é considerável. Para agir com propriedade, seria preciso avaliar OGMs caso a caso, e sempre no ecossistema em que serão introduzidos. Do mesmo modo que os adversários dos transgênicos não foram capazes de demonstrar de modo irrefutável seus malefícios, os defensores da utilização desses produtos ainda 27 não demonstraram de modo cabal a sua vantagem. As perspectivas teóricas são de fato interessantes. Incluem a diminuição ou até eliminação do uso de agrotóxicos e, para os chamados transgênicos de segunda geração, o aprimoramento do valor nutricional dos alimentos, como no caso do Arroz Dourado, enriquecido com betacaroteno, um precursor da vitamina A. No limite, poderiam até ser criadas vacinas ingeríveis. Na prática, porém, os ganhos de produtividade foram bem mais modestos. A crer nos fabricantes, não foram suficientes nem para compensar o custo da rotulagem obrigatória, que muitos, inclusive esta Folha, defendem. Por menores que sejam os riscos de consumir OGMs, eles em teoria existem. Isso basta para que se garanta a cada consumidor o direito de decidir se quer ou não comer a “comida frankenstein”, como foram apelidados os transgênicos. 1º momento– Identificando posicionamentos distintos Num primeiro momento, esclareça os estudantes a respeito do que é um editorial. Um editorial é um gênero do argumentar que tem algumas especificidades (EA3 – L). Publicados comumente em jornais e revistas, os editorias não têm uma “assinatura”, pois correspondem ao posicionamento do meio de comunicação em que são veiculados e costumam ser redigidos pelos editorialistas. O editorial “Paixão e transgênicos” expõe uma polêmica, ou seja, posicionamentos contrários em relação à “questão-problema” colocada pelo texto: Alimentos transgênicos devem ser consumidos? Embora o editorialista não se manifeste explicitamente sobre essa questão, o último parágrafo do texto registra um posicionamento do Jornal acerca do uso de transgênicos: se existem riscos, ainda que teóricos, associados aos transgênicos, a rotulagem obrigatória deve ser garantida ao consumidor. Os estudantes devem reconhecer esses posicionamentos e os argumentos que os sustentam Os posicionamentos contrários sustentam-se na afirmação dos riscos que os transgênicos podem causar à saúde humana e ao meio-ambiente. Esses argumentos encontram-se nos parágrafos de 2 a 5. Os posicionamentos favoráveis sustentam-se na afirmação de que alimentos transgênicos reduzem a utilização de agrotóxicos e podem significar ganho nutricional. Esses argumentos encontram-se no parágrafo 6. O editorialista posiciona-se, relativizando os posicionamentos contrários e favoráveis (“Do mesmo modo que os adversários dos transgênicos não foram capazes de demonstrar de modo irrefutável seus malefícios, os defensores da utilização desses produtos ainda não demonstraram de modo cabal a sua vantagem”) e assumindo a importância da rotulagem obrigatória dos transgênicos. 2º momento– Avaliando escolhas lexicais O texto lido possibilita outro importante exercício analítico: o de avaliar escolhas lexicais relevantes e seus efeitos de sentido (EA13 – L). Diante de um tema complexo e 28 que divide opiniões, o editorialista da Folha, como vimos, preferiu apresentar os dois lados da polêmica, posicionando-se subliminarmente em alguns trechos, como, por exemplo, ao utilizar, em referência aos transgênicos, o termo “comida Frankenstein”. Observe que a simples seleção de uma palavra pode nos permitir construir hipóteses sobre o posicionamento assumido em um texto. Outras escolhas linguísticas são reveladoras desse posicionamento como a recorrência do adjetivo “teórico” (“riscos teóricos”; “perspectivas teóricas”; ou ainda “os riscos, em teoria, existem”), que reforça a ideia, antecipada no título e no primeiro parágrafo do texto, de que o debate em torno do tema é, ainda, inicial, devendo-se evitar posicionamentos “apaixonados”, em defesa dos OGMs, ou contra eles. Outra escolha relevante é a da palavra “contendores” (de contenda= disputa), que constrói uma representação metafórica das argumentações, dos debates de ideias como “uma guerra”, uma disputa na qual os argumentos são as armas. É uma escolha significativa no texto, pois reafirma a tese de que a discussão “apaixonada” de posicionamentos em torno do tema é prejudicial ao consumidor, que deve estar bem esclarecido para tomar sua decisão. Outra escolha lexical relevante é a do substantivo “paixão”, no título. Ao final da leitura do texto, seria importante que os aprendizes soubessem inferir o sentido desse título, relacionando-o ao conteúdo do texto. 3º momento– Analisando recursos de coesão e coerência Num outro nível de análise, microestrutural, está a consideração dos recursos de coesão e coerência textual. O texto sob análise permite explorar alguns desses recursos. Apontamos, inicialmente, para os recursos de organização tópica, circulados no texto. São marcadores que tecem a ordenação do texto enumerando, em primeiro lugar, os riscos associados aos transgênicos para, em seguida, enumerar possíveis benefícios. Essa ordenação dos tópicos textuais é auxiliada pela organização dos parágrafos. O segundo parágrafo também contribui para organizar o conteúdo do texto, sinalizando que se irá tratar, inicialmente, do tópico “riscos associados aos transgênicos”. Esse tópico será desenvolvido nos parágrafos de 3 a 5. Observe que também se anuncia, no parágrafo 2, que o texto tratará de dois tipos de riscos: riscos à saúde humana e riscos ao ambiente. Os benefícios são abordados no parágrafo 6. O parágrafo 7 conclui o texto, apresentando uma restrição ao conteúdo do parágrafo anterior, posicionamento marcado pelo conector “porém”. Atividade 3 – Textos contra-argumentativos – Reconhecendo posicionamentos contraargumentativos e seus respectivos argumentos A MORTE DO LÁPIS E DA CANETA Boa notícia para as crianças americanas. Vai ficando optativo, nos Estados Unidos, escrever em letra de mão. Um dos últimos a se renderem aos novos tempos é o Estado de Indiana, que aposentou os cadernos de caligrafia agora em julho. O argumento é que ninguém precisa mais disso: as crianças fazem tudo no computador e basta ensinar-lhes um pouco de digitação. Depois do fim do papel, o fim do lápis e da caneta! Tem lógica, mas acho demais. Sou o primeiro a reclamar das inutilidades impostas aos estudantes durante toda a vida escolar, mas o fim da escrita cursiva me deixa horrorizado. 29 A máquina de calcular não eliminou a necessidade de se aprender, ao menos, a tabuada; não aceito que o teclado termine com a letra de mão. A questão vai além do seu aspecto meramente prático. A letra de uma pessoa é como o seu rosto. Como todo mundo, gosto de ver como é a cara de um escritor, de um político, de qualquer personalidade com quem estou travando contato – e logo os e-mails virão com o retrato do remetente, como já acontece no Facebook. (COELHO, Marcelo. Folha de São Paulo, 20/07/2011 – Fragmento.) Na sequência de atividades que estamos propondo, o reconhecimento de posicionamentos contra-argumentativos e de seus respectivos argumentos pode ser considerado como uma atividade complexa de leitura. No artigo de opinião, os dois posicionamentos contrários estão fundados em argumentos. O autor Marcelo Coelho contra-argumenta àqueles que julgam que a escrita cursiva esteja obsoleta no mundo tecnológico, podendo reduzir-se a uma opção para os que quiserem escrever à mão. Esses comemoram a decisão do Estado de Indiana. O enunciado circulado no texto indica o início da contra-argumentação do autor, que se faz a partir de uma ressalva sinalizada pelo operador argumentativo “mas”. Para defender seu posicionamento, o autor do texto utiliza dois argumentos: i) a máquina de calcular não eliminou o aprendizado da tabuada; b) a letra cursiva é um traço da identidade de uma pessoa. Sem dúvida, o argumento mais significativo do texto é esse último, o que se pode atestar pelo enunciado que faz a transição entre os dois argumentos: “A questão vai além do seu aspecto meramente prático.” Atividade 5 – Descrevendo a macroestrutura de argumentações Sem dúvida, a atividade didática mais significativa para o aprendizado sobre como se organizam os textos argumentativos e sobre os recursos linguístico-discursivos que operam sua tessitura é a leitura desses textos: uma leitura atenta, mediada e que inclua exercícios de análise de textos. Essa prática não pretende que os estudantes dominem uma teoria de textos, mas que se tornem leitores proficientes e críticos e, também, bons produtores de textos, usuários competentes da língua em eventos de fala e de escrita. Nesse processo, há um momento em que se pode apresentar aos aprendizes um modelo descritivo da macroestrutura de argumentações. Vale salientar que nem todos os textos argumentativos exibirão todos os componentes descritos abaixo. No entanto, espera-se que argumentações apresentem, ao menos, um ponto de vista e o argumento que o justifica. Alguns textos argumentativos, como o editorial analisado, costumam estruturar-se a partir da apresentação de HIPÓTESES, outros incluem posicionamentos contra-argumentativos, nem todos explicitam a pergunta inicial, que coloca a questãoproblema em debate. MACROESTRUTURA DA ARGUMENTAÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO Apresenta o contexto no qual emerge a questão-problema (ou a polêmica). 30 QUESTÃO POLÊMICA Podemos dizer que todo texto argumentativo é a resposta a uma questão-problema posta ao debate em torno de um tema relevante. Alguns textos exibem a polêmica em forma de pergunta no seu primeiro parágrafo. Na maior parte das vezes, no entanto, essa pergunta está implícita, e identificá-la ajuda a compor o esquema argumentativo de um texto, permitindo encontrar mais facilmente sua tese e argumentos. HIPÓTESES Possíveis respostas que se apresentam à questão polêmica colocada. TESE A tese de um texto é a resposta que seu autor assume como mais adequada à questão que se coloca. É o posicionamento ou ponto de vista. ARGUMENTO Argumento é tudo aquilo que, num texto argumentativo, sustenta a tese defendida. Argumentamos através de postulações que explicam nossos posicionamentos bem como através de recursos vários como: citações, dados estatísticos, exemplos, relatos etc.. CONTRA-ARGUMENTO Contra-argumento é tudo aquilo que em um texto argumentativo rebate um outro posicionamento, do qual se discorda. CONCLUSÃO Exposta a tese, os argumentos e os contra-argumentos, em um texto argumentativo, a conclusão encerra o discurso. Muitas vezes, esse “encerramento” se faz retomando-se o que é central no texto, sua tese. Também é muito comum que as conclusões encaminhem uma solução para o problema posto em discussão. Professor, sugerimos que finalize a reflexão até aqui proposta, solicitando ainda que os estudantes reflitam sobre as estruturais argumentativas e o que as diferenciam das estruturas factuais, explorando, desse modo, o descritor distinguir fato de opinião. Outras práticas (sugestões de atividades) A leitura de argumentações como eixo de práticas interdisciplinares e contextualizadas A leitura de argumentações em sala de aula pode estar associada à discussão de temas de interesse dos estudantes e de temas relevantes de cidadania e direitos humanos. Essa é uma forma de os estudantes atribuírem maior significado às atividades escolares. Para melhor contextualizar essa prática: Motive a produção escrita de argumentações, criando espaços de divulgação dos textos dos estudantes: murais, jornais impressos, blogs, exposições na escola etc. Apresente aos estudantes um JORNAL IMPRESSO. Leve, para a sala de aula, exemplares diferentes: um jornal local; um jornal de grande circulação. Faça com eles o exercício de localizar, nos periódicos, os espaços reservados ao relato 31 de fatos (da notícia, da reportagem) e ao comentário dos fatos, o espaço das argumentações, das opiniões (editoriais, artigos de opinião, carta de leitor, resenhas) (EA7-L). Seria interessante que a escola disponibilizasse um jornal estimulando a leitura diária desse suporte como forma de se manter informado sobre as questões da atualidade. Leia os textos produzidos pelos estudantes com a atenção de quem faz mais que corrigi-los. Selecione posicionamentos interessantes. Peça a autorização do autor e leia o texto para os colegas da classe. Organize júris simulados com os estudantes, motivando o exercício da argumentação oral e da contra-argumentação. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Item 2001: novas perspectivas. Brasília: Inep, 2002. BRASIL. Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil: Ensino Médio: Matrizes de Referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SAEB; Inep, 2008. BRASIL. Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil: Ensino Médio: Matrizes de Referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SAEB; Inep, 1997. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 1999. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Enem: Documento Básico. Brasília: O Instituto, 2000. 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Secretaria de Educação. Base Curricular Comum para as Redes Públicas de Ensino de Pernambuco: Língua Portuguesa / Secretaria de Educação – Recife: SE. 2008. PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Caderno de atividades suplementares para o ensino médio: Língua Portuguesa / Secretaria de Educação – Recife: SE. 2009. PERNAMBUCO. Governo do Estado de. Secretaria de Educação. Diretoria de Política e Programas Educacionais. Matrizes Curriculares de Referência para o Estado de Pernambuco. Recife: Secretaria de Educação / Diretoria de Políticas e Programas Educacionais, v. I, 2002. PERNAMBUCO. Governo do Estado de. Secretaria de Educação. Parâmetros para a educação básica do estado de Pernambuco: Língua Portuguesa / Secretaria de Educação – Recife: SE. 2013. PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Parâmetros na Sala de Aula de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio. Recife: SE, 2013 RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado de Educação. 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