MEDEIROS, G.D.A.; RÊGO, M.M.; REGO, E.R.; DIAS, J.A.; BARROSO, P.A.; PESSOA, A.M.S.; CRISPIM, J.G.; Identificação molecular de alelos-s do maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims.). In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 106). Identificação molecular de alelos-s do maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims.) Gláucia Diojânia Azevêdo Medeiros1; Mailson Monteiro do Rêgo3; Elizanilda Ramalho do Rêgo3; Jefferson Alves Dias1; Priscila Alves Barroso1; Angela Maria dos Santos Pessoa1, Joelson Germano Crispim2 1 Pós-graduação em Agronomia. Universidade Federal da Paraíba, 58397-000,; e-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. Bolsista de iniciação Científica, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal da Paraíba, Areia – PB, Brasil.. e-mail: [email protected]. 2 Docente. Universidade Federal da Paraíba, Areia - PB; e-mail: [email protected], [email protected]. Palavras Chave: Autoincompatibilidade, Locus-S, SLG, Passifloraceae Introdução O maracujazeiro (Passiflora edulis Sims), embora apresente flores hermafroditas férteis, normalmente é incapaz de fertilizar suas próprias flores ou flores de plantas que possuem a mesma constituição genética, devido à presença da autoincompatibilidade (Bruckner et al., 1995). A autoincompatibilidade em P. edulis é do tipo homomórfica esporofítica, controlada por um loco-S multialélico, que codifica para enzimas que interrompem a formação do tubo polínico no processo de polinização de plantas autoincompatíveis, impedindo a fecundação (Rego et al., 2000). A identificação de alelos-S é um processo demorado, pois um grande número de cruzamentos testes é necessário. Além disso, o fenótipo da autoincomptibilidade é influenciado tanto por fatores ambientais quanto pelo estado fisiológico das plantas. Neste sentido, a identificação molecular dessa característica permitiria uma análise mais rápida e acurada da diversidade genética tanto em coleções de trabalho quanto em bancos de germoplasma de Passifloraceaes. Assim como, o conhecimento dos alelos-S de cada cultivar torna-se de fundamental importância para o manejo dos pomares quanto à adequada polinização das flores, além de ser crucial para o entendimento da base genética da autoincompatibilidade em maracujazeiro (Takayama e Isogai, 2005). O objetivo deste trabalho foi identificar a nível molecular alelos-S do sistema de autoincompatibilidade do maracujazeiro amarelo (P. edulis Sims), visando identificar genótipos com suficiente diversidade genética. . Material e Métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB. Foram utilizadas vinte plantas do híbrido BRS Gigante Amarelo (GA), coletadas no município de Remígio, PB. As quais apresentam fenótipos distintos com base nos alelos da autoincompatibilidade. O DNA genômico de cada planta foi extraído a partir de 200 mg de folhas jovens, usando o método descrito por Doyle e Doyle (1990). Para reação de amplificação, 2,5 μL do DNA genômico das plantas foi misturado com 2,5 μL de cada iniciador específicos de SLG de Brassica, descritos por Nishio et al. (1996), utilizando cinco combinações distintas (PSA+PSB, PS3+PS4, PS3+PS21, PS5+PS15 e PS15+PS18). A condição de PCR foi de 30 ciclos térmicos de 1 min a 93 °C, 2 min a 55 °C, e 3 minutos a 72 °C. Para as combinações PS3+PS4 e PSA+PSB as temperaturas de anelamento foram de 50 °C e 58 °C, respectivamente. Os produtos de PCR foram analisados por electroforese em gel de agarose 1,5%, em tampão TBE 0,5X, 60V por 60 minutos, usando como padrão o marcador de massa molecular o DNA Ladder 1 kb (Ludwig Biotecnologia LTDA). Os géis foram corados com brometo de etídio e fotodocumentados. Resultados e Discussão Nos ensaios de amplificação realizados foi observado em quase todos os genótipos, o fragmento de 1,3 kb com os iniciadores da classe II de SLG de Brassica (Figura 1). Os iniciadores específicos da classe I de SLG (PS5+PS15 e PS15+PS18) não amplificaram o DNA genômico das plantas testadas, provavelmente em decorrência da falta de homologia na região de anelamento, visto que a semelhança entre alelos de classe I e classe II de Brassica é em torno de 70% (Nishio et al., 1994). Segundo Nishio et al. (1996), não existe sequência espécie-específica em alelos SLG, portanto, possivelmente os alelos-S analisados neste trabalho, estão incluídos apenas na classe II de SGL de Brassica. Rêgo (2001), trabalhando com outras progênies de maracujazeiro, verificou que, em ensaios de amplificação utilizando os iniciadores da classe I de SLG (PS5+PS15) e da classe II (PS3+PS21) de Brassica, incluíram seus alelos-S na classe I de SLG. II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015 Valorização e Uso das Plantas da Caatinga Os perfis eletroforéticos dos fragmentos amplificados pela reação de PCR mostraram-se complexos, pois além do fragmento esperado de 1,3 kb, ocorreu a amplificação de bandas adicionais (Figura 1A e 1B). Fragmentos adicionais podem ser amplificados simultaneamente com estas combinações de iniciadores, pois os mesmos apresentam semelhança de sequência com os genes SRK, SLR2 e SRLI (Nishio et al., 1996). Figura 1. Análise em gel de agarose dos ensaios de amplificação via PCR realizados com amostras de DNA genômico de vinte plantas de P. edulis Sims, variedade híbrida, BRS-Gigante Amarelo, utilizando iniciadores para SLG da classe II. (A) Iniciadores PSA+PSB. (B) Iniciadores PS3+PS21. (C) Iniciadores PS3+PS4. As setas indicam o fragmento de tamanho esperado. M: Marcador Molecular Conclusões O fragmento correspondente ao gene SLG do loco-S (1,3 kb), foi amplificado na maioria dos genótipos de Passiflora edulis Sims. Fragmentos adicionais também foram amplificados, provavelmente, devido à semelhança de sequência do gene SLG com os genes SRK, SLR2 e SRLI. A partir desses resultados, será possível analisar e comparar a diversidade genética dos alelos relacionados ao loco-S de forma mais rápida e precisa. Referências BRUCKNER, C. H.; CASALI, V. W. D.; MORAES, C. F. DE; REGAZZI, A. J.; SILVA, E. A. M. Selfincompatibility inpassion fruit (Passiflora edulis Sims). Acta Horticulturae. The Hague, n. 370, p. 45-57, 1995. DOYLE, J. J.; DOYLE, J. L. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, v.1, p.13-15. 1990. NISHIO, T.; KUSABA, M.; WATANABE, M.; HINATA, K. Registration of S alleles in Brassica campestris L by the restriction fragment sizes of SLGs. Theoretical and Applied Genetics, v. 92, p. 388-394. 1996. NISHIO, T.; SAKAMOTO, K.; YAMAGUCHI, J. PCR-RFLP of S locus for identification of breeding lines in cruciferous vegetables. Plant Cell Rep, v. 13. 1994 RÊGO, M. M. Indução in vitro de Haploides e de Poliploides e Detecção Molecular de Alelos da Autoincompatibilidade em Maracujazeiro (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg). 75 f. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento), Universidade Federal de Viçosa, Minas gerais, 2001. RÊGO, M. M. DO; RÊGO, E. R.; BRUCKNER, C. H.; SILVA E. A. M. DA; FINGER, F. L.; PEREIRA, K. J. C. Pollen tube behavior in yellow passion fruit following compatible and incompatible crosses. Theoretical and Applied Genetics, v. 101, p. 685-689. 2000. TAKAYAMA, S.; ISOGAI, A. Self-Incompatibility in Plants. Annual Review of plant Biology, Palo Alto CA, USA, v. 6, p. 467-489. 2005. II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015