1 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTUDO DE CASO NA REDE DE SUPERMERCADOS CASA AVENIDA COMÉRCIO E IMPORTAÇÃO LTDA Arthur de Jesus Bastos 1, Marcio Yokota de Souza 2 Dra.Fabiana Ortiz Tanoue de Mello 3 1,2 Acadêmicos do Curso de Tecnologia em Logística da Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antônio Seabra - Fatec, Lins-SP, Brasil 3 Docente do Curso de Tecnologia de Logística da Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antônio Seabra - Fatec, Lins-SP, Brasil. RESUMO O presente artigo busca, através dos conhecimentos teóricos apresentados na revisão bibliográfica, analisar como se dá a organização, o processo de recebimento, armazenamento, despacho e transporte das mercadorias do Centro de Distribuição da rede Casa Avenida para suas lojas, identificando os principais pontos críticos nestes processos e apresentando sugestões de melhoria à empresa. Para a obtenção dos dados e realização do estudo de caso, foi feita uma visita no CD e uma entrevista com os responsáveis pelo setor de logística. Foi possível concluir que o CD da rede tem problemas na movimentação interna dos produtos, devido à infraestrutura não ter acompanhado o crescimento da rede; mercadorias obsoletas devido a problemas com o software utilizado, que não consta produtos no estoque, e problemas relacionados ao transporte para as lojas mais distantes em função da carga ser montada de forma inadequada, levando a rotas mais distantes. Palavras-chave: Logística. Centro de distribuição. Varejo. ABSTRACT This article seeks, through the theoretical knowledge presented in the literature review, analyze how is the organization, the process of receiving, storing, shipping and transporting goods from the distribution center network Avenue to house its stores, identifying the main critical points these processes and making suggestions for improvement to the company. To obtain the data and conducting the case study, a visit was made to the CD and an interview with those responsible for the logistics sector. It was concluded that the CD has network problems on internal movement of goods, due to the infrastructure have not kept up with the growth of the network; obsolete products due to problems with the software used, you can not see products in stock, and problems related to the transport the most distant in terms of load stores be mounted improperly, leading to more distant routes Keywords: Logistics. Distribution Center. Retail. RESUMEN Este artículo pretende, a través del conocimiento teórico presentado en la revisión de la literatura, analizar cómo es la organización, el proceso de recepción, almacenamiento, despacho y transporte de mercancías desde la red de centros de distribución de la avenida para albergar sus tiendas, identificando los principales puntos críticos estos procesos y hacer sugerencias de mejora para la empresa. Para obtener los datos y llevar a cabo el estudio de caso, se realizó una visita a la unidad de CD y una 2 entrevista con los responsables del sector de la logística. Se concluyó que el CD tiene problemas de red en el movimiento interno de mercancías, debido a la infraestructura no se han mantenido al día con el crecimiento de la red; productos obsoletos debido a los problemas con el software utilizado, no se pueden ver los productos en stock, y problemas relacionados con el transporte las más distantes en términos de tiendas de carga montarse inadecuadamente, lo que lleva a las rutas más distantes Palabras-cable: Logistica. Centros de distribución. Venta al por menor INTRODUÇÃO As atividades logísticas, principalmente as que são denominadas como atividades primárias (armazenagem, transporte e processamento de pedidos), são as que mais contribuem para os custos dentro da organização e são essenciais para um melhor desempenho logístico nas empresas. Num mercado cada vez mais competitivo, o uso de Centros de Distribuição faz com que a organização obtenha redução dos custos logísticos, através da centralização dos setores de armazenagem, processamento de pedidos e transporte. Os CDs também proporcionam um atendimento mais eficiente aos clientes, distribuindo de forma mais rápida e eficaz os produtos, e oferecendo serviços de pós-venda e auxilio na logística reversa. Neste contexto, este artigo tem como objetivo analisar como se dá a organização, o processo de recebimento, armazenamento, movimentação, despacho e transporte das mercadorias do Centro de Distribuição da Rede de Supermercados Casa Avenida para as 22 lojas que a rede possui. A partir desta análise, serão identificados os principais pontos críticos nestes processos e sugeridas medidas de melhoria. Através da realização de uma visita técnica e da aplicação de entrevista, baseada em um questionário previamente elaborado, junto aos responsáveis pelo setor de logística do CD Casa Avenida, foi possível conhecer os gargalos existentes no CD, os entraves existentes nos setores de recebimento, armazenagem e expedição e os problemas enfrentados no transporte para as lojas, embasando as medidas de melhoria propostas. O artigo está estruturado da seguinte forma: o primeiro item apresenta uma revisão teórica sobre Logística (Conceito, história e evolução, atividades e importância); o segundo trata de aspectos teóricos sobre Centros de Distribuição (conceito, funções, layout e localização). O terceiro item do trabalho apresenta a metodologia de pesquisa e o quarto o estudo de caso no Centro de Distribuição da Rede de Supermercados Casa Avenida. O trabalho termina com as conclusões e referências bibliográficas. 1. LOGISTICA 1.1 CONCEITO DE LOGISTICA As atividades logísticas não são tão recentes no mundo. Segundo o autor Novaes (2007), estas atividades estão ligadas, na sua essência, às operações militares. Ao decidir avançar com a tropa, seguindo as estratégias militares, era preciso uma equipe responsável pelo deslocamento de materiais bélicos, viveres, equipamentos e socorro médico, e estes deslocamentos deveriam ser realizados na hora certa. Neste contexto surge à logística. Há muito tempo as empresas necessitam transportar seus produtos para depósitos e para as lojas de seus clientes, bem como fazer o abastecimento de matérias-primas para não comprometer sua produção. Com a oscilação do mercado consumidor, é necessário ter produtos acabados armazenados nos estoques da empresa. Mas mesmo com toda a importância destas atividades, elas eram consideradas pela empresa 3 atividades de apoio, e os executivos acreditavam que essas atividades não agregavam valor ao produto, sendo encarada como um setor que era apenas um centro de custos, sem necessidade de criar estratégias e de geração de negócios. Ballou (1993) associa logística ao estudo e administração dos fluxos de bens e serviços e da informação que as põe em movimento. Na sociedade moderna, os bens e serviços não são consumidos onde são produzidos e nem onde se encontram matériasprimas, criando, assim, uma lacuna de tempo e espaço entre matérias-primas e produção e entre produção e consumo. Cabe às atividades logísticas obter um resultado positivo entre a distância e movimentação de bens e serviços, de forma eficiente e eficaz. Sendo assim, a missão é buscar a satisfação do cliente e prover os serviços solicitados por ele, ou seja, o produto certo que foi pedido, no lugar certo, no momento certo, nas condições certas e pelo menor custo possível. A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável. (BALLOU 1993, p.24) 1.2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA Segundo Ballou (1993), a logística é um campo que fascina e que se expande, e com um alto potencial, mas não era assim há tempos atrás. A logística moderna configura um novo cenário, mas as suas atividades não são novidade, já eram praticadas nos primórdios, tais como transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos. O histórico da logística se configura em três partes: antes de 1950, de 1950-1970 e após 1970. A fase inicial, que se dá antes de 1950, é definida como um período adormecido, não tinha uma filosofia que os guiava. As atividades logísticas eram fragmentadas e sua administração era feita por setores distintos dentro da empresa. Por causa da fragmentação ocorriam conflitos de objetivos e responsabilidades. O que ocorria era que o transporte frequentemente era administrado pelo setor de produção; as responsabilidades dos estoques ficavam com o setor de marketing. Na fase intermediária, que se dá entre os anos de 1950 e 1970, segundo Ballou (1993), a logística passa por um período de desenvolvimento, as teorias e as práticas da logística tem uma decolagem. Esse período era oportuno para novos pensamentos administrativos e para as condições econômicas, o surgimento e ou avanços das tecnologias favoreciam o desenvolvimento das atividades logísticas. Alguns fatores foram condições chaves para o desenvolvimento das atividades, como: Alterações nos padrões e atitudes de demanda dos consumidores: alterações dramáticas na população, a migração da população localizada nas zonas rurais para os centros urbanos fez com que as atividades de distribuição e estoques fossem alteradas. Pressão por custos nas indústrias: logo após a segunda guerra mundial, seguido por um período de recessão e uma pressão por lucros por longo período, as empresas procuravam melhores maneiras de produtividade e rentabilidade de lucro. Avanços na tecnologia de computadores: com o decorrer dos tempos, os problemas logísticos se tornaram mais complexos e essa complexidade precisava ser tratada por novas tecnologias que surgiram por volta dos anos 50, essa tecnologias poderiam ajudar na localização nos estoques, como exemplo. 4 Experiência militar: há muito tempo que os militares reconheceram a importância das atividades logísticas e sua coordenação como aquisição, definição de especificações, transporte e administração de estoque. Segundo Ballou (1993), a terceira fase se dá após 1970 e um fato importante ocorrido nesta época foi a crise do petróleo de 1973. À medida que o preço do petróleo aumentou rápido demais, o crescimento do mercado começou a diminuir, a inflação aumentou e a produtividade crescia devagar. O preço do petróleo influenciava no valor do transporte, a inflação e a competitividade aumentavam os custos com estoques e manutenção. O controle de custos, produtividade e qualidade do produto oferecido passaram a ter maior interesse por parte das empresas. 1.3 ATIVIDADES LOGÍSTICAS Segundo Ballou (1993), uma das responsabilidades da logística é guarnecer os recursos, maquinários e informações a um menor custo, para que as atividades sejam sequências na empresa. Mas para que isso de fato ocorra é preciso que o setor de logística tenha uma visão abrangente da empresa, pois se responsabiliza desde a compra e entrada destes materiais até os serviços pós venda. Todos os elementos envolvidos nas atividades logísticas devem ser focados em satisfazer os anseios do consumidor final e suas preferências. Para que de fato isto ocorra na empresa é necessário conhecer as necessidades de cada componente das atividades. O conjunto das atividades logísticas procura agregar valor ao produto, dar agilidade às demais atividades da empresa, e cumprir os prazos estabelecidos previamente, agregando valor ao longo de toda a sua cadeia de suprimentos. Sendo assim, as atividades logísticas buscam interagir todos os setores da empresa de forma efetiva, interagir com os fornecedores formando parcerias, buscando estratégias para tornar os processos mais eficazes e menos dispendiosos, reduzindo os custos em toda a cadeia e satisfazendo o consumidor. Podemos dividir a logística em atividades primarias ou denominadas principais e atividades secundarias ou de apoio 1.3 1 Atividades primárias As atividades denominadas primárias são as atividades que contribuem para os custos maiores das atividades logísticas dentro da organização e são fundamentais para o desempenho de uma tarefa logística. De acordo com o autor Ballou (1993), o transporte, por se tratar de uma das mais importantes atividades logísticas por representar a maior parte dos custos logísticos, garante a movimentação de matéria primas e produtos acabados e a movimentação em diversas fases do produto. Manutenção ou gestão de estoques também são atividades primárias, tendo como responsabilidade manter os níveis de estoque de matérias primas, produtos em processo e produtos acabados no menor nível possível, sem que isso comprometa a disponibilidade aos clientes, ou seja, os clientes precisam ter seus produtos assim que sejam requisitados. Assim como o transporte, a manutenção e gestão de estoques também se encontram entre as atividades que mais oneram recursos financeiros, por este motivo algumas organizações tendem a focar em centros de distribuição, como veremos mais a frente neste trabalho. Na divisão das atividades em primárias e secundárias, a atividade de processamento de pedidos aparece como atividade primária, mesmo que esta atividade gere menos despesas, mas é considerada tão importante quanto às outras duas, por ser considerado ponto de partida para as atividades logísticas. 5 1.3 2 Atividades secundárias Conforme Ballou (1993), atividades secundárias ou de apoio são aquelas que dão suporte para que as demais atividades primárias possam ser realizadas. Estas atividades geram custos, mas não de forma tão onerosa como as atividades primárias. A atividade de armazenagem é considerada atividade secundária, e a ela compete a administração do espaço físico que será necessário para a estocagem dos produtos. Estão diretamente ligadas às localizações, acomodações físicas e a configuração do armazém. O manuseio de materiais, outra atividade secundária, se destina à movimentação dos produtos internamente e nos locais de armazenagem, toda a parte relacionada à movimentação de equipamentos para movimentação dos materiais, os procedimentos de formulação de pedidos, assim como a formulação das cargas de trabalho. Outra atividade secundária é a embalagem, que tem como função inicial armazenar e transportar e, em seguida, proteger e conservar o produto. Porém, com o desenvolvimento das organizações as embalagens acumularam mais funções, tais como identificar seu conteúdo, a marca do fabricante, e impor o apelo de venda. Manuseio e armazenagem são influentes quanto à eficiência da embalagem. A atividade de obtenção e programação de produtos trata da seleção dos fornecedores dos quais são adquiridos os suprimentos, as quantidades necessárias e como deverá ser comprado o produto. Já a programação cuida de quanto deverá ser adquirido dos produtos para que seja suprida a necessidade da produção, também das quantidades que deverão ser produzidas para atender a demanda. A manutenção de informação é uma atividade importante para um correto planejamento e controle das atividades logísticas, pois garante aos clientes produtos e serviços que satisfaçam as necessidades dos mesmos. 1.4 IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA De acordo com Dias (2009), dentro das empresas as áreas de produção e comércio sempre foram vistas com mais importância do que as demais. Porém, com a crescente competição e a globalização dos mercados, cada vez mais o preço de venda, a qualidade do produto e sua segurança se tornaram fatores importantes na competitividade, ou seja, colocar o produto certo, ao menor custo possível, com a qualidade correta, e em plena segurança ao consumidor final. Toda essa cadeia deve ser integrada de forma que seus custos não venham a inviabilizar o plano de negócios da empresa. Segundo Dias (2009), o sistema de logística deve manter uma integração, desde a previsão de vendas, o planejamento da produção, a produção e a entrega do produto final. O bom funcionamento deste sistema faz com que a empresa se adapte às variações e as restrições do mercado. Para que o sistema logístico seja colocado em prática se faz necessário o envolvimento na alocação e controle dos principais recursos de uma empresa, tais como instalações, equipamentos, recursos humanos, matérias-primas e demais materiais. A logística agrega valor aos processos da cadeia de suprimentos, aliando seu estoque estrategicamente para gerar vendas. Conforme Bowersox (2007), a gestão da logística se fundamenta em ter um desempenho melhor do que os dos concorrentes em relação ao custo-benefício. A criação e o desempenho da logística são medidos em termos de disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade do serviço. A disponibilidade consiste em por à disposição o estoque para atender as necessidades dos clientes e materiais para atender a produção, porém a regra tradicional é de que quanto maior a disponibilidade desejada, maior será a quantidade e os custos de estoque. O tempo que se faz necessário para a entrega do 6 pedido de um cliente consiste no desempenho operacional, que envolve a velocidade e a consistência da entrega. Os clientes certamente necessitam de entregas rápidas, mas isto gera um custo maior às empresas Para obter essa operação sem grandes oscilações as empresas se concentram na busca da consistência das entregas, para depois buscar melhorar a velocidade da mesma. E a confiabilidade envolve a qualidade dos serviços logísticos. Para a obtenção da confiabilidade é preciso identificar e programar a disponibilidade do estoque e medição do desempenho operacional. A logística auxilia a busca da minimização dos custos. O custo total inclui todos os custos necessários para as exigências das atividades logísticas. Tradicionalmente, os esforços se concentram em minimizar os custos funcionais, como os custos com transporte. O aprimoramento ajuda no atendimento dos componentes do custo logístico e também identificar os fatores críticos das atividades que anseiam por melhoria. Para alcançar liderança em logística é preciso combinar a competência operacional com o compromisso de atendimento das expectativas e solicitações dos clientes. Um sistema logístico bem planejado e projetado ajuda na conquista de vantagem competitiva, a empresa que obtém vantagem estratégica baseada na competência logística estabelece a natureza do setor em que atua. 2. CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO 2.1 CONCEITO Conforme a 1ASLOG apud Barros (2005), centro de distribuição são armazéns que tem como principal objetivo realizar a gestão dos estoques das mercadorias na distribuição física, um recurso produtivo, um elo importante que gera valor ao cliente no final da cadeia de suprimentos. Além de ofertar serviços tais como armazenagem e estoque, os centros de distribuição agregam valor ao consumidor final, ofertando serviços tais como etiquetagem, embalagem e serviços pós-venda, além do auxilio na logística reversa. No Brasil há uma enorme carência de projetos de centro de distribuição modernos e novos. Segundo Vieira (2011), essa carência se expande também para obras que possam sustentar as necessárias mudanças e análises relacionadas a tomada de decisão para implementação destas unidades que se tornaram sucesso nas cadeias de suprimentos. Geralmente, os centros de distribuição recebem cargas consolidadas em grande número de diversos fornecedores. Estas cargas depois são fracionadas de acordo com a necessidade de cada ponto de venda, de forma que atenda a demanda de vendas dos produtos e quantidades e variedades corretas. Com o intuído de atender as variações da demanda e produção, há necessidade de um estoque que atenda essas variações e que esteja pronto a suprir a necessidade de consumo e atenda os pontos de vendas. Os centros de distribuição permitem que acumulem e consolidem produtos de várias fábricas e de varias empresas que, se combinando, formam uma única carga para os clientes ou destinos comuns, agilizando entregas de clientes chaves e diminuindo custos com transportes. Para os clientes tem um ganho com a diminuição dos custos de operações que são gerados devido ao recebimento de várias mercadorias em um só carregamento, ao invés de receber cada uma dessas mercadorias em vários carregamentos. Sendo assim, os clientes pagam menos pelo transporte e ganham em custos de operações para recebimento. O principal objetivo dos centros de distribuição é permitir eficiência e agilidade diante das necessidades dos clientes de uma determinada área de atendimento que 1 ASLOG- Associação Brasileira de Logística 7 habitualmente são localizados longe da área de produção, melhorando o serviço que a empresa presta. É manter o estoque a fim de que atenda a cadeia de suprimentos. Sendo assim, ambos os objetivos se completam buscando uma otimização do serviço prestado que a empresa oferece ao cliente, facilitando o atendimento com um custo menor na hora certa e local certo. Com os centros de distribuição se torna mais fácil racionalizar os níveis de estoque, com o estoque se centralizando num único local permite melhor acompanhamento e controle das necessidades de reabastecimento. Os centros de distribuição têm como finalidade principal atender os níveis de serviços esperados pelos clientes através da redução do tempo de reabastecimento (lead time), disponibilizando os produtos mais próximos dos pontos de vendas, na localização geográfica, perto dos principais fornecedores e mercado consumidor, oferecendo agilidade nos processos de atendimento dos pedidos. Desta maneira, a frequência de pedidos reduz o volume e minimiza os custos com inventários, que leva à diminuição dos custos logísticos, proporcionando níveis melhores de serviços, mais competitividade, aumentando a participação da empresa no mercado e consolidar sua imagem. Conforme Vieira (2011), para a instalação de um centro de distribuição é necessário que se levante o montante que será investido, a localização que melhor atenderá o mercado consumidor, a montagem de um centro de distribuição deve abranger a totalidade da empresa, focado em manter a coerência de todas as atividades logísticas e funções da empresa. 2.2 FUNÇÕES BÁSICAS As principais atividades que envolvem um centro de distribuição, segundo a ASLOG apud Barros (2005) são: as atividades relacionadas ao recebimento das mercadorias, a movimentação das mesmas, a sua armazenagem, a separação dos pedidos, expedição e em alguns casos, a agregação de valores intrínsecos como a colocação de rótulos, embalagens e a preparação de Kits comerciais e promocionais. A mercadoria chega ao centro de distribuição pelo fornecedor e poderá ser armazenada para futura expedição ou poderá ser encaminhada diretamente para expedição, operação denominada 3crossdocking (com a finalidade de não formar estoque). Quando a mercadoria é destinada a armazenagem ela é movimentada até o estoque, e ficará até que seja solicitada pelo um determinado pedido. Posteriormente, será separada e encaminhada à expedição e levada ao destino adequado. 2 2.2.1 Recebimento De acordo com Rodrigues (2003) o recebimento das mercadorias é o inicio das atividades dos centros de distribuição. Nesta faz, são conferidas as quantidades se estão de acordo com as quantidades prescritas nas notas fiscais e romaneios de entrega, e se estão conforme a qualidade exigida de cada material, e se estão de acordo com as especificações. Em caso de qualquer problema, seja avaria na embalagem ou diferença do solicitado com o que será entregue, deve ser sinalizado neste momento, antes que os produtos entrem no centro de distribuição. O processo de recebimento se inicia com a chegada do modal e entrada no centro de distribuição, ao se aproximar da doca, o local onde deverá ser feita a descarga. Após chegar e estacionar o modal, os materiais devem ser retirados para que possa iniciar a contagem e a conferência física dos produtos. Alguns centros de distribuição dispõem de 2 ASLOG- Associação Brasileira de Logística 3 Crossdocking- processo de distribuição onde a mercadoria recebida é redirecionada sem uma armazenagem prévia 8 equipamentos que nivelam o caminhão de acordo com o tamanho da plataforma onde será realizada a descarga e que diminuem eventuais acidentes durante a movimentação dos materiais. Com o desenvolvimento de tecnologias da informação (TI), o processo de recebimento pode contar com a ajuda de ferramentas que coletam dados e leitores de códigos de barras e evitam erros humanos no processo. Após a coleta dos dados e registro dos produtos, é indicado pelo sistema o endereço de armazenagem ou áreas das quais os materiais deverão ser alocados. 2.2.2 Movimentação As atividades relacionadas à movimentação se iniciam com a descarga do modal após o recebimento. A movimentação interna do produto é o transporte de pequenas quantidades dos materiais no armazém, os centros de distribuição devem minimizar a movimentação com o intuído de não provocar movimentos desnecessários, que aumentam o risco de dano e ou perda dos produtos. Existem dois tipos de movimentação interna no centro de distribuição: a transferência e a separação. A transferência consiste em retirar o material de onde foi descarregado para onde ficará armazenado e a separação é o ato de tirar o material de onde foi armazenado e levar para a execução dos pedidos. Conforme Vieira (2011), para que a movimentação seja feita de forma mais eficiente deverá ser prevista identificação de ruas, fileiras onde ficarão armazenados determinados produtos, e demarcadas as colunas verticais de paletes e a posição de armazenagem, o que leva a uma otimização do tempo em relação à movimentação dos materiais internamente. O processo de movimentação pode ser realizado através da força física humana ou através de equipamentos como empilhadeiras ou transpaleteiras quando são utilizados paletes. 2.2.3 Armazenagem De acordo com Vieira (2011), para a área dedicada à armazenagem deve-se procurar a melhor solução relacionada às edificações, ajustar alturas, inclinação do teto, a resistência do piso e a planicidade do mesmo, que tem que ser de acordo com os equipamentos de movimentação. Estas variáveis devem ser analisadas na fase de projeto do armazém e devem estar relacionadas às atividades logísticas. Armazenagem é a guardada temporária dos produtos que serão destinados à distribuição. Esses estoques são necessários, pois são eles que equilibram a demanda e a oferta, mas, no entanto, as empresas tentem a buscar estoques mais baixos que levariam às empresas a custos menores. Esta atividade é fundamental na otimização e organização do centro de distribuição, a armazenagem correta dos produtos deve respeitar suas características físicas para garantir sua qualidade. A utilização de um sistema pode auxiliar na adequação da armazenagem, assim como melhorar a utilização dos espaços e dos recursos das operações, ganhando tempo e economizando mão de obra, que auxiliaria na separação dos pedidos. As áreas de armazenagem são compostas por estruturas como porta-paletes, drive-in, estantes e racks, que são separadas por corredores para facilitar o o acesso aos produtos. 2.2.4 Separação dos pedidos O processo de retirada do estoque de um produto selecionado relacionado num pedido se denomina separação dos pedidos. Consiste em coletar no armazém o que foi 9 solicitado pelo cliente, corretamente e em quantidades certas. Estes pedidos podem ser de vendas, no caso de um cliente pedir um produto determinado ou de reabastecimento, quando é utilizado para atender a demanda da própria empresa. A estratégia é organizada de acordo com a quantidade de pessoas que são necessárias para a separação de um pedido, o número de diferentes produtos numa coleta e os períodos para a organização de um pedido durante um turno. Na maioria dos centros de distribuição os armazéns ocupam um espaço muito grande para acondicionar o estoque, sendo assim, a separação dos pedidos nestas áreas necessitam de um deslocamento muito grande por parte das pessoas, o que levaria a uma perda de tempo. As estratégias também devem levar em consideração a quantidade de pessoas responsáveis pela separação de cada pedido, o número total de pedidos, a quantidade de produtos por pedido e o tempo necessário para a operação. A separação dos pedidos pode ser analisada por método. Na separação dos pedidos discretos, cada pedido é separado por uma única pessoa e os produtos são coletados um por vez. Este método apresenta poucos erros, porém tem baixa produtividade e um alto gasto com tempo por parte da pessoa. Na separação dos pedidos por zona uma pessoa separa os produtos de uma determinada zona do armazém e coloca numa área comum onde o responsável pela outra zona separa o produto designado àquela zona, sua dificuldade se encontra em balancear a carga de trabalho, pois algumas zonas possuem diferenças em giros de produtos e de equipamentos de movimentação. Na separação dos pedidos por lotes os pedidos são acumulados e uma pessoa vai até o estoque e separa o total de um determinado produto, a produtividade tem um aumento relacionado ao deslocamento da pessoa, porém este método facilita o erro na separação e designação dos pedidos. 2.2.5 Expedição Segundo Rodrigues (2003), a expedição pode ser considerada a última parte das atividades do centro de distribuição, pois ela se dá pelo carregamento dos produtos nos modais corretos. Assim como o recebimento se dá de forma manual, assim também ocorre com a expedição, que possui o auxilio de equipamentos que adequam a doca de acordo com o transporte para que diminua acidentes na hora do carregamento. Nesse processo, as embalagens ou unitização da carga reduz o tempo que se utiliza para carregar o veiculo. A expedição envolve também a atividade de conferência de notas e pedidos, expedição de ordem de embarque e expedição de passagem da carga e valor do frete. Podem-se ter algumas complicações durante as atividades de expedição que ocorrem por fatores externos e interna e afeta a eficiência da atividade, tais como atrasos de transportes terceirizados, avarias no transporte próprio da empresa, a emissão da ordem de separação dos pedidos pode demorar a sair e picos de demanda que foram mal planejados pela empresa podem causar a falta de sincronia nas operações de crossdocking. 2.3 LAYOUTS De acordo com Vieira (2011), o layout do centro de distribuição deve atender as necessidades e características dos seus produtos e serviços, tais como o volume, peso e condição de armazenagem, levar em consideração as instalações físicas, o número de andares e a altura útil do armazém e adequar o layout de acordo com a movimentação dos produtos e os equipamentos que serão utilizados para a realização da movimentação. A obediência de um layout bem estruturado e que esteja bem definido, buscando usufruir de todos os espaços, localizações, condições, acessos e segurança, traz para o 10 CD facilidades relacionadas à movimentação dos materiais e um expressivo ganho relacionado ao tempo. O layout deve ser voltado para a agilidade e preservação dos materiais, agregando valor ao produto e serviço prestado. De acordo com Rodrigues (2003), os layouts projetados com maior frequência são dois: o layout baseado no fluxo e o layout baseado na classificação ABC. Os CDs tendem a buscar um layout que melhor atenda as suas necessidades e gere vantagem competitiva, agregando valor ao produto e eficiência nos processos logísticos. No layout baseado no fluxo os produtos devem ser armazenados em filas, evitando assim congestionamentos nos corredores, os produtos são recebidos numa ponta do CD, armazenado no meio destas filas e despachado na outra ponta do CD. O layout baseado na classificação ABC busca armazenar os produtos de acordo com sua procura e saída e conforme os cuidados, como a data de vencimento ou valor. Sendo assim, os produtos de maior giro são colocados na região mais próxima à área designada à separação dos pedidos, os produtos com giro um pouco menor ficariam na área mais atrás. 2.4 LOCALIZAÇÃO De acordo com Sá (2009), a localização de um CD é um fator decisivo para que seja vantajoso manter os produtos ou até mesmo as matérias-primas estocadas, pois o mesmo deve atender as necessidades da fábrica, dos postos de vendas e do consumidor, num processo com o menor tempo e com a maior lucratividade possível. O CD com um desempenho bom devem estar num ponto centralizado do qual consiga atender aos seus principais mercados na maior agilidade possível e onde encontre mão de obra especializada e motivada. A busca por uma localização ótima visa atender às necessidades do mercado e aprimorar as atividades logísticas num menor tempo possível com custo baixo. A definição da localização dos CDs é um problema comum devido aos grandes investimentos que são realizados e retorno que se espera, e por causa do grande impacto que se tem sobre a localização nos custos logísticos. Os estudos sobre localização são bastante complexos e com grande volume de informações, as tecnologias têm auxiliado na interação destas informações e sistemas por toda a cadeia logística, o que facilita na escolha de um local mais apropriado e que melhor atenda as necessidades do CD. Conforme Vieira (2011), os CDs devem estar localizados em vias de fácil acesso e levado em consideração a infraestrutura que será montada, assim como os produtos que serão armazenados. A localização do CD é importante quanto à qualidade oferecida e a velocidade operacional. A qualidade dos serviços prestados é influenciada pela infraestrutura do CD, já que determinados produtos necessitam de armazenagem diferenciadas. 3. METODOLOGIA A pesquisa é do tipo descritiva, segundo a classificação de Gil (1989). Para o autor, este tipo de pesquisa tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno (a organização do Centro de Distribuição da Rede de Supermercados Casa Avenida) ou o estabelecimento de relação entre variáveis. Como parte dessa pesquisa descritiva, também será realizada uma pesquisa bibliográfica em artigos, livros, dissertações e em outras referências, cujo objetivo é fornecer as bases teóricas atender aos objetivos do artigo. O método usado neste trabalho foi o de estudo de caso, que conforme Severino (2007), trata de estudar um caso particular considerado representativo, e seus dados devem ser coletados e registrados com o maior rigor possível. 11 A técnica usada para a elaboração do estudo de caso foi a de entrevista, mediante a aplicação de um questionário previamente elaborado com perguntas abertas e fechadas (em anexo), que permitiram que o informante respondesse livremente, utilizando a linguagem própria e emitindo suas opiniões. Também foi usada a técnica de observação sistemática, com a visita ao Centro de Distribuição da Rede Casa Avenida, com o objetivo de conhecer a organização, o processo de recebimento, armazenamento, movimentação, despacho e transporte das mercadorias no local. 4. ESTUDO DE CASO - CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO CASA AVENIDA 4.1. FUNDAÇÃO E INICIO DAS ATIVIDADES O início do Grupo Avenida se deu no final dos anos 40, para ser mais preciso em 1947, por Durvalino Binato. Neste período, seu foco foi no comércio de gêneros alimentícios, louças, ferramentas e miudezas em geral. A Casa Avenida, como o grupo é conhecido, já atendia consumidores da cidade de Assis e região, com vendas no atacado e varejo. A empresa cresceu e se modernizou através dos anos acompanhando as tendências do mercado. Durante 58 anos, a Rede Avenida ficou sob o comando de seu fundador, o Sr. Durvalino Binato. Sua capacidade, espírito inovador e visão garantiram a estabilidade da empresa que hoje conta com de 22 lojas e 6 postos de combustíveis, assegurando empregos diretos a aproximadamente 1.800 famílias. Após o seu falecimento, em 2006, a empresa passou a ser administrada por seus filhos, sendo que a direção ficou a cargo de João Antônio Binato. Hoje a empresa tem lojas em dois estados: São Paulo (Assis 7, Cândido Mota 2, Paraguaçu Paulista 1, Maracaí 1, Echaporã 1, Rancharia 1, Ourinhos 3, Presidente Prudente 1, Tupã 1, Lins 1 e Santa Cruz do Rio Pardo 1) e Paraná (Santo Antônio da Platina 1 e Bandeirantes 1), firmando-se como pólo regional de abastecimento de gêneros alimentícios. 4.2. ORGANIZAÇÃO E PROCESSOS O CD Casa Avenida está disposto da seguinte forma: a) uma área de recebimentos de notas, ou seja, uma guarita onde fica a portaria; b) o departamento de faturamento, onde as notas de fornecedores são lançadas no sistema e onde se dá à saída de notas para as lojas; c) uma área de espera que fica do lado de fora do CD; d) um pátio de recebimento de cargas e, e) uma área de armazenamento distribuída em 3 zonas, Verdurão, Carga Seca e Frios. O Verdurão é onde ocorre o recebimento, armazenamento, separação e despacho de produtos hortifrúti- granjeiros para as lojas, sendo este mesmo processo realizado para os produtos de Mercearia e/ou Carga Seca e Frios. Este último é armazenado em 6 conteiner com sistemas de refrigeração e congelamentos. Como a rede não possui um setor específico para logística, existe uma integração entre os seguintes departamentos: COMERCIAL, FATURAMENTO/RECEPÇÃO DE NOTAS, LOGISTICA REVERSA/TROCA, TRANSPORTE E INFORMATICA (TI). Para melhor compreensão, primeiro vale ressaltar onde se dá o inicio do processo, que é o Departamento de Compras ou área comercial, onde surgiu a decisão de se criar o Centro de Distribuição. Com a rede se expandindo na região de Assis, o departamento de compras sentiu a necessidade de ter uma área adequada para centralizar grande parte das mercadorias para suprir as lojas e também ter um aumento no ganho com as negociações de volumes maiores. 12 É no departamento de compras que se decide qual empresa descarrega direto na loja e qual descarrega no CD. Mas para isso se faz necessário uma explicação sobre como é o processo de compras, que está dividido em quatro sistemáticas. 1. Sistemática 1: a loja adquire determinados produtos de FRIOS e CARGA SECA do próprio CD; 2. Sistemática 10: a loja compra do fornecedor que entrega direto na Loja; 3. Sistemática 11: a loja compra do fornecedor que entrega no CD; 4. Sistemática 20: a loja compra de fornecedor que descarrega a pronta entrega na loja ou dentro da mesma semana da data da compra sem aval prévio do comprador da categoria, diferentemente do que ocorre nas sistemáticas 10 e 11, que necessariamente passa pelo crivo do comprador. Todo este processo é supervisionado pelos compradores na área comercial e pelo diretor-gerente do mesmo, pois existe um calendário de compras junto aos fornecedores. Este processo pode ser semanal, como no caso dos pães industrializados, frios, carnes congeladas, resfriados e embutidos, ou quinzenais no caso das mercadorias de alto giro. A compra é mensal e a cada 45 dias para mercadorias de baixo giro, mas sempre levando em consideração que todos os fornecedores têm produtos de baixo giro. Depois que é realizado o cadastro do fornecedor e do(s) produto(s) no sistema RMS, que é o software utilizado pela rede para assessorar todo o processo desde a entrada, estocagem e saída do produto, inicia-se o procedimento de entrega, direta na loja ou no CD. Os produtos regionais geralmente são cadastrados na sistemática 10, pois os fornecedores atendem, somente a loja de sua região. Observa-se que cada fornecedor oferece um beneficio para ser enquadrado na sistemática 11, pois para o Comercial isso é fato importante para se abrir uma negociação, e muitos fornecedores optam por descarregar direto no CD, como Colgate Palmolive, Hipermarcas, Unilever, P e G,entre outras de menor expressão. O CD também é utilizado para armazenar produtos de alto giro como algumas marcas de arroz, feijão, açúcar cristal e refinado, óleo de soja, vinagre, sal, macarrão espaguete e parafuso, café, papel toalha e papel higiênico, entre outros, principalmente no final do ano, que se armazena as bebidas típicas desta época. O fornecedor chega no CD e é recepcionado na portaria, onde é entregue a nota e são verificados os seguintes dados: origem; destino; fornecedor; guia de transporte se houver; volume e data da nota. O transportador é dirigido ao local de espera se for aguardar ou seguir seu itinerário para retornar mais tarde. A nota segue para o setor de faturamento onde é lançada e confrontada com o pedido expedido pelo Comercial. Se tudo estiver em conformidade, o próximo passo é o Romaneo, que é o espelho cego para o recebimento, o entregador confere os volumes com coletores e as informações são retornadas ao faturamento onde se confronta com a nota lançada. Se todo o processo estiver dentro do padrão, o caminhão é liberado e as mercadorias são direcionadas para a armazenagem. O descarregamento é por ordem de chegada da nota, se o fornecedor não estiver na área destinada perde a vez, porém, pode haver um agendamento prévio do mesmo com a área comercial, mas esta só é utilizada com cargas perecíveis e produtos destinados a promoções, que precisarão suprir rapidamente as lojas. As cargas são unitizadas em paletes PBR e são acondicionados em espaços específicos nas ruas destinadas para cada categoria. Porém, hoje existe um gargalo no CD no setor de mercearia, o layout, por existir uma única entrada e saída de mercadorias, embora facilite a separação para as lojas. Cada loja tem um agendamento de caminhões e quando se faz necessário abre caminhões extras para determinadas lojas. O mês mais critico é Dezembro, pelo grande volume de mercadoria que entra no CD. De acordo com a entrevista realizada, desde o início do ano de 2013 a empresa vem buscando melhorias no CD, porém, às vezes esbarram em situações que dificultam 13 ou causam certa lentidão na aplicação das soluções no CD. Hoje o CD está organizado por agrupamentos de categorias, por volumes e um setor de transição de mercadorias. O procedimento de separação e envio para as lojas segue o seguinte processo: primeiro o faturamento recebe do comercial o gradeamento das lojas, romaneos e as notas que são emitidas, seguindo para o CD. Em seguida começa a separação de forma manual, sendo que só são utilizados equipamentos como empilhadeiras e paleteiras para a movimentação da carga quando o romaneo pede uma carga que já está fechada. Após a separação os paletes são enviados para expedição ou já para o caminhão se estiver esperando. É um processo lento e demorado, pois este gradeamento envolve pedidos da sistemática 11 e mais negociações que os compradores disparam para as lojas sem as mesmas pedir. O pedido da sistemática 1 ocorre de forma diferente, só no início, pois o pedido não vem do comercial, e sim direto de cada loja. Um dos pontos críticos na organização do CD são as mercadorias obsoletas, que são redistribuídas para as lojas conforme faturamento e venda das mesmas. O que gera este ponto crítico é a sistemática 11, quando o comprador acrescenta uma compra a mais do que os pedidos das lojas, como eles sobram no estoque físico, mas não é enxergado no estoque do sistema, provocando esta situação. O índice de vencimento de mercadorias é baixo, porém existe e quando ocorrem estas são destinadas ao departamento de troca/logística reversa, que junto aos fornecedores observam as regras de retorno já consolidadas no ato de cadastro do fornecedor e contrato no departamento comercial. Mas a maior parte da troca/perda se dá por descuido de ação humana, como manuseio errado do produto e avaria. Falta mão de obra especializada no setor, há desinteresse por parte do colaborador em aprimorar e reciclar seus conhecimentos técnicos e práticos. Como o CD depende do departamento Comercial, existe também falha na comunicação loja – comercial – CD. Outro problema é o gargalo existente no CD para movimentação de mercadorias. Em função da rede estar se expandindo com a abertura de novas lojas, a estrutura do CD não está acompanhando, mesmo há algum tempo atrás as gôndolas tendo sido remodeladas e as ruas do depósito ampliadas. Este trabalho teve como objetivo analisar como se dá a organização e os processos de recebimento, armazenamento e despacho dos produtos no Centro de Distribuição Casa Avenida, identificando pontos críticos e indicando medidas de melhoria. O CD está localizado em um ponto estratégico para as necessidades de atendimento das lojas, que se encontram a um raio médio de 150 km de distância. As lojas mais distantes são Lins/SP - 146 km, Presidente Prudente/SP - 126 km e Santo Antônio da Platina/PR - 113 km. Estas lojas estão localizadas em pontos extremos. Tupã/SP, a 103 km é rota para Lins/SP. O CD está próximo à Rodovia Raposo Tavares SP 270 e à Rodovia SP333, fora da área central da cidade de Assis/SP. Verificou-se no trabalho que, embora o espaço físico tenha passado por uma reestruturação há alguns anos, modernizando os módulos das gôndolas onde são armazenadas as mercadorias de carga seca e facilitando a organização das ruas, a categorização e endereçamento dos paletes com suas respectivas cargas, o espaço físico para a separação do que sai para as lojas é pequeno para o volume de carga movimentada. Como há uma doca de entrada e outra de saída, cria-se um gargalo na expedição das cargas, situação que tem piorado em função do aumento no volume de produtos nos últimos tempos devido à expansão do número de lojas abastecidas pelo Centro de distribuição. Outro problema identificado é que, apesar da unitização das cargas ser realizada de forma manual buscando diminuir avarias nos produtos, estas acabam sendo danificadas durante o processo de movimentação, em função da má utilização dos equipamentos e maquinários próprios. Outro ponto crítico observado surge na sequência do processo de recebimento, a deficiência em movimentar a carga que está chegando dos fornecedores e já é 14 previamente conferida para dentro do CD, dando vazão mais rapidamente aos produtos que serão enviados para as lojas ou armazenados no interior do CD. O maior problema se dá pela logística do transporte e não pela distância entre as lojas, pois a falta de mão de obra qualificada e a pressa de reabastecimento das lojas faz com que a carga seja montada de forma inadequada no interior do caminhão, causando excesso de peso na carga, fugindo das características descritas no próprio caminhão. Com isso, uma viagem pode ser prolongada por simples fatos que prejudicam a logística num todo. Como exemplo, Lins está a uma distância de 146 km do CD, horário médio de percurso de 1h e 50 minutos, com os desvios a rota fica da seguinte forma: 248 km e a duração da viagem passam para 3h e 15 minutos, pois o trajeto se dá via Assis – Maracaí – Paraguaçu Paulista – Marilia – Guarantã – Lins. Foi possível identificar também que além de alguns problemas de distribuição física no entorno do CD, o primordial é a falta de compromisso do colaborador com a empresa, que pode ser causada por fatores motivacionais, reconhecimento e da própria falta de estrutura organizacional. Foi observada no dia da visita que havia cinco funcionários cumprindo aviso prévio por motivo de demissão, e na ocasião a empresa ainda não tinha encontrado pessoas para suprir esta falta. Um ponto forte observado na empresa diz respeito ao processo de recebimento, que é bem rígido e controlado de forma automatizada, com controles de codificação rápida e assertiva, o que garante agilidade na liberação dos fornecedores, sem criar obstáculos que, em boa parte, podem criar atritos entre comprador e vendedor. Portanto, o Centro de Distribuição é uma parte muito importante no processo logístico de muitas empresas e organizações, porém, pouco difundido e aplicado no Brasil. Para as empresas que já possuem CDs, estes podem facilitar e diminuir a distância entre seus clientes, oferecendo, assim, maior eficiência e agilidade, agregando valor ao produto ou serviço prestado. Tais aspectos garantem maior competitividade à empresa, aumentando sua participação no mercado e consolidando sua imagem. Através do CD a organização também pode alcançar ganhos através de negociações e diminuindo os custos operacionais de recebimento, armazenagem e estoque nas lojas. Contudo, se não for bem dirigido, o CD pode se tornar um problema para a empresa. No caso estudado, os pontos críticos levantados acima podem ser corrigidos de forma a melhorar todo o processo de abastecimento das lojas. As indicações de melhoria para a empresa vão desde o oferecimento de treinamento específico para os funcionários do setor, que envolveria formas de como movimentar e armazenar as cargas para evitar avarias nas mesmas antes de irem para as lojas, treinamento para a utilização de empilhadeiras ou a contratação de novos funcionários com qualificação para operarem os equipamentos de movimentação. No que diz respeito ao transporte, a sugestão é o treinamento logístico para redirecionamento da carga nos veículos de transportes para lojas mais distantes. Já foi adquirido um caminhão Bi-truck para atender as lojas acima de 100 km, o que deve eliminar o desvio das rotas originais para as lojas, principalmente no caso de Lins/SP. A aquisição de um software que auxilie na roteirização e distribuição também seria importante. É preciso orientação na unitização das cargas, principalmente na separação de gêneros como limpeza e alimentos, a redistribuição adequada das cargas no interior dos caminhões, a desobstrução do pátio de recebimento e despacho da carga, para haver uma melhor movimentação. No que se refere à questão de espaço no CD para a movimentação das cargas, pode-se aproveitar melhor o espaço físico existente, pois é mal utilizado. Outra sugestão é a alocação dos frios, que se encontra em duas áreas distintas, em uma área apenas, também retirando uma pequena ilha no centro do pátio de recebimento. Assim, se criaria um espaço adequado para a circulação das cargas no CD sem a necessidade de reformas estruturais e ampliação. 15 Quanto às mercadorias obsoletas que são redistribuídas para as lojas, conforme faturamento e venda, para melhorar este aspecto uma opção seria modificar a sistemática de entrada dos produtos, passando da sistemática 11 para sistemática 1, onde estes constariam no estoque do CD e deixaria de ficar obsoletos e as lojas requisitariam por necessidade. 5 – CONCLUSÃO Conclui-se que a partir da metodologia aplicada e com o levantamento bibliográfico deste trabalho, foi possível observar pontos positivos e negativos confrontando o conteúdo teórico adquirido ao longo do curso e a prática vivenciada no cotidiano de um centro de distribuição. Assim, conseguimos atingir o objetivo deste artigo, que foi trazer a junção dos dois ambientes para o nosso conhecimento, formando uma interdisciplinaridade para nossa formação acadêmica. BIBLIOBRAFIA UTILIZADA Ballou, Ronald H.: Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física / Ronald H. Ballou; tradução Hugo T. Y Yoshizaki – 1. Ed. – 19. Reimpr- São Paulo: Atlas, 1993. Barros, Monica Coutinho: Warehouse Management System (WMS): Conceitos Teóricos e Implementação em um Centro de Distribuição PUC Rio de Janeiro 2005. Bowersox, Donald J. Gestão da cadeia de suprimentos e logística/ Donald Bowersox, David Closs e M. Cooper; tradução de Claudia Mello Belhassof.- Rio de Janeiro: Elsever, 2007 – 2° reimpressão Dias, Marco Aurélio P.: Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão/ Marco Aurélio P. Dias. – 6. Ed. – São Paulo: Atlas, 2009 GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, Atlas, 1989. Novaes, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição / Antônio Galvão Novaes. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 – 10ª reimpressão. Rodrigues, Gisela Gonzaga / Pizzolato, Nélio Domingues: Centro de Distribuição: armazenagem estratégica: XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção – Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de Out. de 2003 Revista supervarejo. anoXIII nº145 Março 2013 pag 54. Sá, Paulo Ivan Matos: Analise teórica sobre a implantação do sistema WMS em centros de distribuição- 2009. Centro tecnológico da zona leste, Faculdade de tecnologia da zona leste. Severino, Antônio Joaquim, 1941- Metodologia do trabalho cientifico/ Antônio Joaquim Severino.-23.ed. ver. e atualizada – São Paulo : Cortez, 2007 Vieira, Darli – Projetos de centro de distribuição: fundamentos, metodologia e pratica para a moderna cadeia de suprimento/ Darli Rodrigues Vieira, Michel Roux- Rio de Janeiro: Elsevier, 2011 ANEXO Questionário – Estudo de Caso Centro de Distribuição – Casa Avenida Informações iniciais: 16 - Número de lojas da Rede Avenida e localização; - Número de funcionários; - Data de fundação da rede e também de abertura das demais lojas; - Sobre o CD: localização, área total, número de funcionários, se lugar é alugado ou próprio etc. 1. A Rede de Supermercado Avenida conta com um Centro de Distribuição? ( ) sim ( ) não Se a resposta for SIM, quais os objetivos na implantação do CD? 2. Qual a localização do CD? Quais fatores foram considerados na escolha dessa localização? 3. Há quanto tempo foi implantado o CD? Como era antes da sua existência? 4. Como se dá o processo de Compras da Rede de Supermercado Avenida? ( ) por loja ( ) centralizada ( ) outros. Justifique. Justificar por que foi escolhido o sistema de compras (centralizado ou descentralizado) 5. Depois que é efetuada a compra, como se dá o processo de recebimento? ( ) CD ( ) loja ( ) os dois Explicar passo a passo como se dá este processo de recebimento (seja na loja ou no CD). 6. Se a resposta anterior for “os dois”, como são definidos os fornecedores que descarregarão no CD e os que seguirão para a entrega direta na loja? 7. ( ( ( ( ( ( ( 8. Qual é a Função do Centro de Distribuição da Rede Casa Avenida? ) Armazenar mercadorias para suprir as necessidades das lojas ) Falta de espaço nas lojas para armazenagem ) Diminuir custos com a gestão dos estoques ) Facilitar o controle dos estoques ) Conseguir descontos nas negociações de volumes maiores ) Centralizar as compras em um só local para reduzir custos de transporte ) Outro. Especificar______________________________________ Qual o custo que o CD representa para empresa? 9. Quando a empresa observou a necessidade de contar com um Centro de Distribuição? 10. A Rede possui um departamento de logística? ( ) sim ( )não Se a resposta for sim, quais as funções deste departamento? 11. Se a resposta anterior for não, qual departamento sincroniza os departamentos envolvidos neste setor? 17 12. Quantas pessoas estão envolvidas direta e indiretamente com o Centro de Distribuição? 13. Quantos e quais departamentos estão interligados ao CD? 14. Quantas lojas são atendidas pelo CD? 15. O Centro de Distribuição é só para mercadorias industrializadas? ( ) sim ( ) não Se a resposta for não, quais os são os outros tipos de produtos armazenados? 16. A empresa possui softwares no CD aplicado ao controle do estoque e da armazenagem? 17. Depois da chegada dos produtos ao CD, qual o critério de classificação para a armazenagem dos produtos? 18. Há sistema de codificação destes produtos antes da armazenagem? Se a resposta for sim, é usado o mesmo código de fabricação do outro ou outro específico da empresa? 19. Existe sistema de rastreabilidade do produto no estoque, ou seja, a localização dos produtos no CD está cadastrada em algum software a planilha Excell? 20. O espaço do CD é considerado adequado para o volume de produtos armazenados? 21. O layout do CD é considerado adequado para a movimentação e armazenagem dos produtos? 22. Há etiquetas, placas ou qualquer tipo de identificação dos espaços de armazenagem no CD? 23. Existem equipamentos para fazer a movimentação e armazenagem dos produtos no CD? Se sim, quais são? O número de equipamentos é adequado? 24. É feita a unitização de cargas para a movimentação e armazenagem no CD? Além do pallet, outro dispositivo é usado? Qual? 25. Existe um controle da data de validade dos produtos armazenados? 26. Qual o valor ou percentual de produtos perdidos em função do vencimento da data de validade? 27. Há produtos obsoletos no estoque do CD (produtos que ficaram encalhados e não vendidos)? Qual o percentual? 18 28. Qual o destino dado aos produtos cuja data de validade venceu antes da venda (especificar por tipo de produto como é feita a logística reversa. Ex: para lácteos, para carnes, etc)? 29. Qual o destino dado aos produtos obsoletos? 30. Como é passada a informação dos produtos e suas respectivas quantidades das lojas ao CD? 31. Explique como se dá o processo de separação dos pedidos e expedição no CD para serem encaminhados às lojas. 32. A Logística de Transporte do fornecedor ao CD é própria ou terceirizada? 33. A Logística de Transporte do CD às lojas é própria ou terceirizada? 34. Se o transporte for terceirizado, quantas transportadoras possui e quais são ? 35. Se for frota própria, quantos veículos compõem a frota? Qual a idade média dos veículos? 36. A frota existente é suficiente para suprir a demanda da distribuição? 37. Explique como é feita a distribuição dos produtos do CD para as lojas (procedimento, frequência das viagens, volume de produtos etc). 38. A empresa possui algum sistema de ERP para gerir os processos logísticos ? ( ) sim ( ) não Se a resposta for sim, qual? 39. Existe Software que auxilia a roteirização e distribuição das mercadorias? 40. Qual o tempo de espera dos fornecedores para o descarregamento no centro de distribuição? 41. Com a existência do CD, as lojas possuem algum estoque? Se sim, de quais produtos e quais os volumes? 42. Depois da instalação do CD, o suprimento dos produtos às lojas ficou mais rápido ou mais lento? Em quanto tempo? 43. O controle das necessidades de reabastecimento das lojas ficou mais fácil ou mais difícil com a instalação do CD? 44. O nível de estoque total (incluindo todas as lojas), se tornou maior ou menor com a instalação do CD? Em que percentual aumentou ou diminuiu? 45. A empresa calcula seus custos de armazenagem? 19 ( ) sim ( ) não Se a resposta for sim, como é feito este cálculo? 46. Há estimativas de quanto (em valor ou em percentual) a empresa conseguiu reduzir seus custos de armazenagem, estoque e transporte depois da instalação do CD? 47. Aponte os resultados obtidos pela empresa após a implementação do CD. 48. Aponte os pontos que ainda devem ser melhorados no sistema de armazenagem e distribuição da empresa.