A Construção da Realidade e a Educação: entre a reprodução e a
mudança social
Danilo Manoel Farias da Silva – UFRPE / Pibic CNPq FUNDAJ
Cibele Maria Lima Rodrigues – Coord. da Pesquisa – FUNDAJ
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Introdução
Introdução
Os estudos clássicos de sociologia da educação apontam a escola
enquanto uma instituição social que reproduz as relações de
desigualdade. Incluem-se nesse debate Althusser e algumas
interpretações de Bourdieu. A contribuição dos estudos do capital
social e cultural demonstram como o contexto familiar pode ser
preponderante nesse processo de reprodução. Estabelecendo com
isso uma relação direta entre a estruturação socio-familiar e o
desempenho escolar.
Mas vários estudos recentes demonstram a possibilidade de se
pensar a socialização escolar como lócus da mudança social,
avançando com isso em relação ao reducionismo reprodutivista das
interpretações clássicas da educação. Segundo autores como Lígia
Barbosa e Bernard Lahire, há ações na socialização escolar que
podem mudar a biografia formada pelo habitus dos estudantes.
Em meio a essa discussão que perpasse o debate da construção
da realidade e constituição do sujeito, incorporamos nesse debate as
contribuições da psicanálise de Lacan, acerca do processo de
formação dos sentidos. Discutindo com isso não apenas os processos
de reprodução, mas também experiências inovadoras que propiciam
mudanças na percepção do mundo dos alunos enquanto sujeitos
sociais.
Objetivo
Objetivo
-
Analisar a formação do habitus dos estudantes
a partir da sua trajetória de vida
-
Verificar até que ponto o programa Mais
Educação
está
propiciando
“choques
biográficos” que causem uma mudança no seu
“habitus”.
Resultados
Resultados ee Discussão
Discussão
A criança desde o seu nascimento já nasce imerso numa estrutura
familiar, e essa é marcada por condicionantes históricos, sociais e culturais
que estão presentes na sua formação. Ela internaliza esse mundo com
gestos refletidos do que está ao seu redor, se deparando coma sociedade
na formação do seu “Eu”, no processo dialético de identificação com o
“Outro” (LACAN, 1998. b). Só existe sujeito/corpo “socializado”, a
personalidade é uma entidade reflexa no processo dialético de interiorização
da sociedade que ocorre juntamente com a interiorização da linguagem.
Esse processo é o que Foucault chama de “subjetivação” (VEYNE, 2011),
Bourdieu (2009) de formação do “habitus” e Lacan (1998) de “estádio do
espelho”. Essa atividade de assimilação ontológica da criança com realidade
social ao seu redor constitui um vinculo social.
A socialização primária que ocorre na família e na escola é a mais
firmemente entrincheirada na consciência, pois é onde é construído o
“primeiro mundo” do individuo (BERGER e LUCKMANN, 2009).Então
enquanto um grupo de alunos a partir de sua estruturação sócio-familiar tem
um habitus ajustado para decodificar as demandas da realidade escolar na
sua biografia o que melhora o seu desempenho, outro grupo que não tem
essa mesma lógica internalizada, se encontrando em situação de
desvantagem social, e assim se reproduz de maneira quase invisível a
desigualdade.
É sobre esse drama social que a política publica sócio-educacional tem
que lidar. E essa ação concreta de tentativa de correção das desigualdades
sociais, é o que foi incorporada pelo MEC na criação do PAR, tendo a
educação integral, estruturada no programa Mais Educação, como
prioridade. Os estudos recentes de mobilidade social apontam que as
gestões de políticas na escola podem contribuir para a correção da
desigualdade formada pelo habitus familiar (BARBOSA, 2009).
Metodologia
Metodologia
Foram pesquisadas 10 escolas da rede municipal de
Jaboatão dos Guararapes que possuiam o programa Mais
Educação, onde foram entrevistados 20 estudantes e seus
respectivos pais e responsáveis.
Foi utilizado o método de análise do discurso para
apreender a formação do sentido que os alunos davam da
política e montar a sua trajetoria de vida enquanto formação de
um habitus.
E em seguida foi visto até que ponto a ação da política no
contexto de escolarização estava operando numa lógica
diferente da estrutura do habitus dos alunos e ocorrendo com
isso uma reprodução social. Ou se as políticas estavam
trazendo outros significantes para os alunos, no sentido de uma
mudança social
Representação da “formação do sentido” em Lacan
(1998)
Referências
Referências
BARBOSA, Maria Ligia. Desigualdade e desempenho: uma introdução à sociologia da escola
brasileira. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2009.
BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade. Petrópolis, Vozes, 2009.
BOURDIEU, Pierre. O Senso Prático. RJ: vozes, 2009.
Brasil. Ministério da Educação. Programa Mais Educação. Passo a Passo.
LACAN, Jacques.Escritos. RJ: Jorge Zahar Ed, 1998.b
ZIZEK, Slavoj. Como ler Lacan. RJ: Zahar, 2010.
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