Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior Cascas Cascas Placas e Cascas – 7641 3º Ano da Licenciatura em Engenharia Aeronáutica Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1. Tensões de Membrana em Cascas • Uma casca é um corpo tridimensional com: – uma das suas dimensões muito menor do que as outras duas; – a curvatura da sua superfície média na configuração inicial não é nula. Cascas • Exemplos de cascas: – – – – – – Reservatórios de pressão; Asas de avião; Tubos; Exterior de foguetes; Pneus; Lâmpadas. superfície média Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.1. Introdução • Consideram-se cascas finas quando a razão da sua espessura pelo raio de curvatura é inferior a 1/20; • Cascas finas de interesse prático têm esta razão inferior a 1/1000; • A análise de cascas inclui, normalmente, duas teorias distintas: – Teoria de membra: Cascas • Usualmente, aplica-se uma grande área da casca; • Uma membrana não resiste a momentos ou forças de corte; • Uma membrana suporta esforços de tracção ou compressão. – Teoria de flexão: • Inclui os efeitos da flexão; • Permite ter em conta descontinuidades na distribuição de tensão numa área limitada da placa; • Esta teoria, geralmente, engloba uma solução de membrana corrigida nas áreas com efeitos de descontinuidade pronunciados e, por isso, permite ter em conta forças nas arestas e forças concentradas. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.2. Comportamento Geral de Cascas É importante notar que as forças de membrana são independentes da flexão e são totalmente definidas pelas condições de equilíbrio estático. Na derivação da teoria de membrana as propriedades do material não são usadas e, por isso, ela é válida para todas as cascas independentemente do material utilizado. Cascas No caso da teoria de flexão isto já não é verdade. É necessário coinsiderar alguns pressupostos cinemáticos básicos associados à deformação de cascas finas usados na análise de pequenas deflexões. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.2. Comportamento Geral de Cascas Pressupostos: 1. 2. Cascas 3. 4. A razão da espessura da casca pelo raio de curvatura da superfície média é pequena comparada com a unidade. A deflexão da superfície média é pequena comparada com a espessura da casca. Secções planas inicialmente normais à superfície média permanecem planas e ficam normais à superfície deformada após a flexão. Isto indica que as extensões de corte verticais, γxz e γyz, são desprezáveis. Conclui-se que a extensão normal εz resultante do carregamento transversal pode ser omitido. A tensão normal ao plano médio, σz, é pequena comparada com as outras componentes e pode ser desprezada. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.3. Resistência da Casca ao Carregamento O mecanismo de suporte de cargas das cascas não é igual ao das vigas ou das placas finas. Por exemplo, uma casca de ovo ou uma lâmpada incandescente suportam elevadas forças normais apesar da sua fragilidade (um ovo de galinha tem um raio r=20mm e uma espessura t=0,4mm – t/r=1/50). Cascas Este comportamento contrasta com o de materiais idênticos na forma de viga ou placa. Uma casca é curva e, assim, pode desenvolver forças no plano que formam a acção primária de resistência para além das forças que que existem numa viga ou numa casca. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.3. Resistência da Casca ao Carregamento Para descrever o fenómeno, considere-se parte de uma casca esférica de raio r e espessura t sujeita a uma pressão uniforme p. A condição das forças verticais ser igual a zero é 2πr0 N sin φ − pπr02 = 0 ou Cascas N= pr0 pr = 2 sin φ 2 onde N é a força no plano por unidade de circunferência. Esta relação é válida em qualquer posição na casca, uma vez que N não varia com φ. Ao contrário das placas, nas cascas o carregamento é suportado pela superfície média. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.4. Geometria de Cascas de Revolução Considere um tipo de casca particular descrito por uma superfície de revolução: por exemplo a esfera, o cilindro ou o cone. A superfície média de uma casca de revolução é gerada pela rotação do meridiano em torno de um eixo no seu plano. Cascas Um ponto na placa é localizado pelas coordenadas θ, φ e r0 e a superfície elementar ABCD é definida por dois meridianos e dois paralelos. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.4. Geometria de Cascas de Revolução Os planos associados com os raios de curvatura principais r1 e r2 em qualquer ponto na superfície média da casca são o plano meridiano e o plano paralelo no ponto em questão, respectivamente. Os raios de curvatura r1 e r2 estão, assim, relacionados com os lados CD e AC. O raio principal r2 gera a superfície da casca na direcção perpendicular à direcção da tangente da curva meridiana. Cascas Os dois raios r0 e r2 estão relacionados por r0 = r2 sin φ Daqui vê-se que os comprimentos do elemento curvilíneo da casca são LAC = r0 dθ = r2 sin φdθ LCD = r1dφ Nesta descrição assume-se que os raios de curvatura principais r1 e r2 são constantes conhecidas. No caso de os raios de cuvatura não serem constantes usa-se a equação que define a forma da casca. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.5. Carregamentos Simétricos (Cascas (Cascas de de Revolução) Revolução) Nos problemas axi-simétricos com cascas de revolução não existem forças de corte e existem apenas duas forças de membrana por unidade comprimento, Nθ e Nφ. Cascas As equações que governam estas forças são derivadas a partir de duas condições de equilíbrio. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.5. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) Devido à condição de simetria tanto o carregamento como as forças de membrana não variam com θ. As forças externas por unidade de área são representadas pelas componentes py e pz nas direcções y e z, respectivamente. O equilíbrio na direcção z requer que se considerem as componentes em z do carregamento e as forças que actuam em cada aresta do elemento. Cascas O carregamento distribuído na direcção z na área do elemento é p z r0 r1dθdφ A força que actua na aresta superior do elemento é Nφr0dθ. Desprezando os termos de ordem superior, a força na aresta inferior é também Nφr0dθ. A componente destas forças na direcção z é, assim, Nφr0dθsin(dφ/2). Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.5. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) Esta força é quase igual a Nφr0dθdφ/2, dando a força seguinte para a resultante das duas arestas Nφ r0 dθdφ A força em cada um dos lados do elemento é Nθr1dφ. A resultante na direcção do raio do plano paralelo para as duas forças é Nθr1dφdθ que produz na direcção z Cascas Nθ r1dφdθ sin φ Destas três forças, com ∑F z =0 tem-se Nφ r0 + Nθ r1 sin φ + p z r0 r1 = 0 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.5. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) Esta expressão pode ser simplificada dividindo por r0r1 e substituindo r0 por r2sinφ. Desta forma, uma das relações básicas para cascas com carregamentos axisimétricos é Nφ Cascas r1 + Nθ = − pz r2 O equilíbrio de forças na direcção da tangente meridional, na direcção y, é d (Nφ r0 )dφdθ − Nθ r1dφdθ cosφ + p y r1dφr0 dθ = 0 dφ O primeiro termo representa a soma das forças normais nas arestas AC e BD. O segundo termo é a componente, na direcção y, da força radial resultante Nθr1dφdθ que actua nas faces AB e CD. O terceiro termo é a componente do carregamento. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.5. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) Dividindo esta equação por dθdφ, a equação do equilíbrio das forças em y fica d (Nφ r0 ) − Nθ r1 cosφ = − p y r1r0 dφ Cascas Pode notar-se que outra equação de equilíbrio pode ser usada em vez desta isolando a parte da casca interceptada pelo ângulo φ. Substituindo a resultante de todas as forças externas aplicadas neste corpo livre por F e lembrando que da simetria as forças Nφ são constantes em redor da aresta, o equilibrio das forças verticais é 2πr0 Nφ sin φ + F = 0 ou Nφ = − F 2πr0 sin φ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.5. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) Estas equações são suficientes para determinar a força de hoop Nθ e a força meridional Nφ. A partir destas forças as tensões são obtidas directamente. Cascas Valores negativos indicam tensões de compressão. Devido à liberdade de movimento na direcção z, para a casca de revolução com carregamente axi-simétrico considerada, são produzidas extensões que garantem a consistência com o campo de tensões e a compatibilidade entre as extensões e as tensões. Esta é a diferença base entre um problema de membrana da casca e um de tensão plana. Neste último é preciso aplicar a equação de compatibilidade. Também é claro que quanto a casca está sujeita a carregamentos de superfície concentrados ou tem as extremidades constrangidas a teoria da membrana não cumpre as condições de deformação em todos os lados. A solução completa precisa da teoria de flexão. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas (Cascas de de Revolução) Revolução) As tensões de membrana em qualquer casca de revolução com um carregamento axi-simétrico pode ser determinado pelas equações de equilíbrio obtidas anteriormente. Cascas Em seguida alguns elementos estruturais comuns são apresentados. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) Casca Esférica Nas cascas esféricas pode considerar-se o raio médio a=r1=r2. Assim, as equações de equilíbrio ficam N φ + Nθ = − p z a Cascas Nφ = − F 2πa sin 2 φ O caso mais simples é uma casca esférica sujeita a uma pressão interna constante p, como um balão. Temos p=-pz, φ=90º e F=-πa2p. Como qualquer que seja a secção considerada obtém-se um corpo livre idêntico, Nφ=Nθ=N. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) A tensão fica σ= N pa − πa 2 p =− = 2 t 2tπa sin (π / 2 ) 2t Cascas onde t é a espessura da casca. A expansão da esfera, aplicando a Lei de Hook, 1 ε x = (σ x −νσ y ) E é a N N pa 2 (1 −ν ) δ s = ⎛⎜ −ν ⎟⎞ = E⎝ t t ⎠ 2 Et Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) Casca Cónica Neste caso típico o ângulo φ é constante (r1=∞) e, por isso, não pode ser usado como coordenada do meridiano. Cascas Assim, introduz-se a coordenada s que é a distância de um ponto na superfície média, normalmente medida desde o vértice, ao longo da geratriz. Desta forma, o comprimento de um elemento meridional é ds=r1dφ e d d = r1 dφ ds Também se tem r0 = s cos φ r2 = s cot φ Nφ = N s Introduzindo estas relações nas equações de equilíbrio obtém-se d ( N s s ) − Nθ = − p y s ds Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) e 0 Ns Nθ pr + = − p z ⇔ Nθ = − p z s cot φ = − z 0 r1 s cot φ sin φ onde r0 é o raio médio na base. Cascas As cargas py e pz estão nas direcções s e radial, respectivamente. A soma das duas equações anteriores dá d ( N s s ) = −( p y + p z cot φ )s ds A força meridional, depois da integração desta expressão, é 1 N s = − ∫ ( p y + p z cot φ )sds s Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) Uma forma alternativa da primeira equação pode ser obtida usando a segunda forma da segunda equação de equilíbrio. As forças de membrana ficam Ns = − F 2πr0 sin φ Cascas Nθ = − p z r0 sin φ Pode ver-se que, dada uma distribuição de carregamento exterior, as tensões de hoop e meridional podem ser calculadas independentemente. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) Casca Cilíndrica Circular Para obter as tensões resultantes num cilindro circular pode começar-se com as equações da casca cónica colocando φ=π/2, pz=pr e o raio médio a=r0=constante. Assim, as equações acima ficam Cascas Ns = Nx = − F 2πa Nθ = − p r a Para um cilindro com as extremidades fechadas sujeito a uma pressão interna constante tem-se p=-pr e F=-πa2p. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.6. Casos Típicos (Cascas de Revolução) As tensões axial e de hoop ficam σx = pa 2t pa t Da Lei de Hooke, a extensão do raio do cilindro sujeito a estas tensões é Cascas σθ = 2 a (σ θ −νσ x ) = pa (2 −ν ) E 2 Et Soluções para outros casos de interesse podem ser derivadas usando um procedimento idêntico. δc = Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.7. Deformação Axi-Simétrica Vamos ver os deslocamentos numa casca de revolução com carregamento simétrico considerando um elemento AB com comprimento r1dφ no meridiano duma casca sem extensão. Consideremos os deslocamentos na direcção tangente ao meridiano v e os deslocamentos na direcção normal à superfície média w. Cascas Depois de sofrer extensão, AB desloca-se para A’B’. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.7. Deformação Axi-Simétrica Nesta análise vamos utilizar a aproximação de deformações pequenas e desprezar termos infinitesimais de ordem superior. A deformação sofrida por um elemento de comprimento infinitesimal r1dφ pode ser considerada como sendo composta de um aumento de comprimento (dv/dφ)dφ devido aos deslocamentos tangenciais e uma redução do comprimento wdφ produzido pelo deslocamento radial. Cascas A extensão meridional εφ, a deformação total por unidade de comprimento do elemento AB, é assim εφ = 1 dv w − r1 dφ r1 A deformação de um elemento de um círculo paralelo pode ser obtida de forma similar. Pode ser mostrado que o aumento no raio r0 do círculo, produzido pelos deslocamentos v e w é vcosφ-wsinφ. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.7. Deformação Axi-Simétrica Como a circunferência do paralelo expande em proporção directa com o raio, então 1 ε θ = (v cos φ − w sin φ ) r0 Cascas Relembrando que r0=r2sinφ, a extensão de hoop é 1 ε θ = (v cot φ − w) r2 Eliminando w destas equações ficamos com a equação diferencial em v dv − v cot φ = r1ε φ − r2ε θ dφ As extensões estão relacionadas com as tensões de membrana pela lei de Hooke 1 1 ε φ = (σ φ −νσ θ ) ε θ = (σ θ −νσ φ ) E E Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.7. Deformação Axi-Simétrica Usando estas relações na equação diferencial obtém-se dv 1 − v cot φ = [σ φ (r1 + νr2 ) − σ θ (r2 + νr1 )] dφ E Pode observar-se que as deformações simétricas da casca de revolução podem ser obtidas integrando esta expressão quando as tensões de membrana são conhecidas. Colocamos Cascas dv − v cot φ = f (φ ) dφ Esta equação tem a solução ⎡ f (φ ) ⎤ v = ⎢∫ dφ + c ⎥ sin φ sin φ ⎣ ⎦ onde a constante de integração c se obtém das condições de fronteira. Conhecendo v, w pode ser facilmente calculado. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.7. Deformação Axi-Simétrica Exemplo 3.1 Considere um telhado semi-esférico com apoios simples, raio a, espessura t e sujeito ao seu peso p por unidade de área. Cascas a) Determine as tensões no telhado; b) Assumindo que o telhado é feito em betão de 70mm de espessura, com densidade de 23KN/m3, e um diâmetro de 56m determine a capacidade do telhado resistir à fractura. A tensão de ruptura à compressão é σu=21Mpa e o módulo de elasticidade é E=20GPa. c) Verifique a existência de instabilidade. d) Determine os deslocamentos no telhado. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.7. Deformação Axi-Simétrica 1.0 0.8 tensão normal / (pa/t) Cascas 0.6 51,1º 0.4 θ 0.2 0.0 -0.2 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 -0.4 -0.6 φ -0.8 -1.0 φ , graus Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.8. Carregamentos Assimétricos (Cascas (Cascas de de Revolução) Revolução) Na flexão de cascas de revolução com carregamentos não simétricos, não estão presentes apenas as forças normais Nφ e Nθ nos lados de um elemento mas também as forças de corte Nφθ e Nθφ. O equilíbrio de momentos implica que Nθφ=Nφθ, o que acontece sempre numa casca fina. Cascas O carregamento na superfície tem componentes px, py e pz. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.8. Carregamentos Assimétricos (Cascas de Revolução) Vamos ver as forças na direcção x. A força ∂Nθ r1dθdφ ∂θ deve-se à variação de Nθ. Cascas A componente horizontal das forças Nθφr1dφ que actuam nas faces AB e CD do elemento faz um ângulo dθ e, por isso, têm a seguinte resultante em x Nφθ r1dφ cos φdθ A diferença das forças de corte que actuam nas faces AC e BD do elemento são ∂N ⎛ ⎞⎛ dr ⎞ ⎜ Nθφ + θφ dθ ⎟⎜ r0 + 0 dφ ⎟ − Nθφ r0 dθ ∂ φ d φ ⎠ ⎝ ⎠⎝ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.8. Carregamentos Assimétricos (Cascas de Revolução) ou Nθφ ∂N dr0 ∂ (r0 Nθφ )dθdφ dφdθ + θφ r0 dφdθ = ∂φ dφ ∂φ A componente da força externa é p x r0 r1dθdφ Cascas Logo, o equilíbrio na direcção x fica ∂ (r0 Nθφ )dθdφ + ∂Nθ r1 + Nθφ r1 cosφ + px r0 r1 = 0 ∂φ ∂φ À expressão do equilíbrio em y obtida na secção 1.5 é necessário adicionar a força ∂Nθφ r1dθdφ ∂φ devido à diferença das forças de corte nas faces AB e CD. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.8. Carregamentos Assimétricos (Cascas de Revolução) Uma vez que a projecção das forças de corte no eixo z desaparece, as equações de equilíbrio em y e z ficam, respectivamente, d (Nφ r0 ) + ∂Nθφ r1 − Nθ r1 cosφ + p y r1r0 = 0 dφ ∂θ Nφ Cascas r1 + Nθ = − pz r2 Estas equações permitem determinar as forças de membrana numa casca de revolução com carregamento não simétrico que pode, em geral, variar com θ e φ. Da mesma forma que para os carregamentos axi-simétricos se obteram expressões para o equilíbrio de cascas esféricas, cónicas e cilíndricas, também se podem obter expressões para carregamentos não simétricos. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.9. Cascas Cilíndricas Uma casca cilíndrica é formada por um linha recta, a geratriz, que se desloca ao longo de uma trajetória fechada paralela. Um elemento de uma casca cilíndrica está compreendido por duas geratrizes e dois planos normais ao eixo axial x, distanciadas de dx. Cascas Este elemento é posicionado pelas coordenadas x e θ. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.9. Cascas Cilíndricas Vamos assumir que um carregamento não uniforme actua nesta casca cilíndrica. Neste caso, um corpo livre de um elemento da membrana contém as forças aplicadas (figura anterior). As componentes em x e θ das forças externas são px e pθ com sentido positivo no sentido positivo dos respectivos eixos. Cascas A componente normal ou radial do carregamento, pr, actua no sentido positivo para dentro. O equilíbrio de forças nas direcções x, θ e r são, respectivamente, ∂N ∂N x dxrdθ + xθ dθdx + p x dxrdθ = 0 ∂θ ∂x ∂N xθ ∂Nθ dθdx + dxrdθ + pθ dxrdθ = 0 ∂θ ∂θ Nθ dxdθ + pr dxrdθ = 0 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.9. Cascas Cilíndricas Dividindo estas expressões por dxrdθ obtêm-se as equações de equilíbrio para cascas cilíndricas. Assim, Nθ = − pr r Cascas ∂N xθ 1 ∂Nθ + = − pθ ∂x r ∂θ ∂N x 1 ∂N xθ + = − px ∂x r ∂θ Estas equações também podiam ser obtidas a partir das equações gerais. Pode ver-se que estas equações são simples e que podem ser resolvidas uma de cada vez. Para um dado carregamento, Nθ é obtido da primeira equação. Nxθ e Nx são, depois, obtidas integrando as outras duas. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.9. Cascas Cilíndricas Então, Nθ = − pr r 1 ∂Nθ ⎞ ⎛ N xθ = − ∫ ⎜ pθ + ⎟dx + f1 (θ ) r ∂θ ⎠ ⎝ Cascas 1 ∂N xθ ⎞ ⎛ N x = −∫ ⎜ px + ⎟dx + f 2 (θ ) r ∂θ ⎠ ⎝ onde f1(θ) e f2(θ) são funções de integração arbitrárias que dependem das condições nas arestas. Estas funções resultam da integração das derivadas parciais. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 1.9. Cascas Cilíndricas Exemplo 3.2 Uma tubagem longa e cilíndrica está apoiada como mostra a figura e contém um líquido com peso específico γ. Determinar as forças de membrana nas seguintes condições: a) existem juntas de expansão nas duas extremidades; Cascas b) ambas as extremidades estão rigidamente fixas. Pedro V. Gamboa - 2009 Cascas Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2. Tensões de Flexão em Cascas 2.1. Introdução • Foi visto anteriormente que a teoria de membrana não consegue fornecer soluções compatíveis com as condições reais de deformação em todas as situações. • Também nas fronteiras e em certas partes da casca esta teoria não consegue prever o estado de tensões. • Estas limitações são ultrapassadas pela introdução da teoria de flexão que tem em conta forças de membrana, forças de corte e momentos que actuam na estrutura da casca. • Para desenvolver as equações diferenciais para os deslocamentos da superfície média u,v e w que definem a geometria e a cinemática da deformação procede-se da mesma forma que para as placas. Pedro V. Gamboa - 2009 2.1. Introdução • Primeiro derivam-se as relações básicas entre as tensões e as deformações de cascas de geometria genérica. • A teoria de flexão completa é matematicamente intrincada e as primeiras soluções de tensões de flexão de cascas datam de 1920. Cascas Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.2. Resultantes das Tensões na Casca Para derivar uma expressão para as resultantes das tensões, isto é, as forças e momentos resultantes que representam as tensões internas, considera-se um elemento infinitesimal. Este elemento é definido por dois pares de planos normais à superfície média da casca. Cascas A origem do sistema de eixos coordenados é localizada num canto do elemento com os eixos x e y tangentes às linhas de curvatura principal e o z perpendicular à superfície média. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.2. Resultantes das Tensões na Casca Devido à curvatura da casca, os comprimentos dos arcos afastados de uma distância z da superfície média não são apenas dsx e dsy, os comprimentos medidos na superfície média, mas sim ds y (ry − z ) ⎛ z⎞ = ⎜⎜1 − ⎟⎟ds y ry r y ⎠ ⎝ onde rx e ry são os raios de curvatura principais nos planos xz e yz, respectivamente. Cascas ds x (rx − z ) ⎛ z⎞ = ⎜⎜1 − ⎟⎟ds x rx r ⎝ x ⎠ As tensões que actuam nas faces planas do elemento são σx, σy, τxy, τxz e τyz. Se Nx representar a força normal resultante que actua na face yz por unidade de comprimento tem-se, usando o arco real, ⎛ t 2 z⎞ N x ds y = ∫ σ x ⎜⎜1 − ⎟⎟ds y dz −t 2 ⎝ ry ⎠ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.2. Resultantes das Tensões na Casca Dividindo pela distância arbitrária dsy tem-se ⎛ t 2 t 2 z⎞ N x = ∫ σ x ⎜⎜1 − ⎟⎟dz = ∫ σ x (1 − zk y )dz −t 2 −t 2 r y ⎠ ⎝ Da mesma forma, podem derivar-se expressões para as outras resultantes de tensão. Cascas Assim, ⎧ Nx ⎫ ⎧σ x (1 − zk y )⎫ ⎪N ⎪ ⎪σ (1 − zk )⎪ x ⎪ y⎪ ⎪ y ⎪ ⎪ N xy ⎪ t 2 ⎪τ xy (1 − zk y )⎪ ⎨ ⎬ = ∫−t 2 ⎨ ⎬dz ⎪ N yx ⎪ ⎪τ yx (1 − zk x )⎪ ⎪ Qx ⎪ ⎪τ xz (1 − zk y )⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩ Qy ⎭ ⎩τ yz (1 − zk x )⎭ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.2. Resultantes das Tensões na Casca e Cascas ⎧Mx ⎫ ⎧σ x (1 − zk y )⎫ ⎪ M ⎪ t 2 ⎪σ (1 − zk )⎪ ⎪ y⎪ ⎪ y x ⎪ ⎨ ⎬ = ∫−t 2 ⎨ ⎬ zdz ( − τ 1 zk M y )⎪ ⎪ xy ⎪ ⎪ xy ⎪⎩M yx ⎪⎭ ⎪⎩τ yx (1 − zk x )⎪⎭ A convenção dos sinais é a mesma das placas. Destas equações pode conclui-se que, apesar de τxy=τyx, as forças de corte Nxy e Nyx e os momentos torsores Mxy e Myx não são, geralmente, iguais. Isto ocorre porque rx≠ry. No entanto, para cascas finas (são estas que nos interessam) t é pequeno em comparação com rx e ry e, por isso, z/rx e z/ry podem ser desprezados em comparação com a unidade. Neste caso Nxy=Nyx e Mxy=Myx. Pedro V. Gamboa - 2009 2.2. Resultantes das Tensões na Casca Assim, as resultantes de tensão são descritas com as mesmas expressões das placas, isto é ⎧σ x ⎫ ⎧ Nx ⎫ ⎪N ⎪ ⎪σ ⎪ ⎪⎪ y ⎪⎪ t 2 ⎪⎪ y ⎪⎪ ⎨ N xy ⎬ = ∫−t 2 ⎨τ xy ⎬dz ⎪Q ⎪ ⎪τ ⎪ ⎪ xz ⎪ ⎪ x⎪ ⎪⎩ Q y ⎪⎭ ⎪⎩τ yz ⎪⎭ Cascas Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior ⎧Mx ⎫ ⎧σ x ⎫ ⎪ ⎪ t2⎪ ⎪ ⎨ M y ⎬ = ∫−t 2 ⎨σ y ⎬ zdz ⎪M ⎪ ⎪τ ⎪ ⎩ xy ⎭ ⎩ xy ⎭ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento Para relacionar as resultantes de tensão com as deformações da casca, as tensões σx, σy e τxy têm que ser calculadas em termos das extensões. De acordo com os pressupostos, a tensão na direcção z é desprezada, σz=0. A lei de Hooke fica, então, σx = E (ε x −νε y ) ; σ y = E 2 (ε y −νε x ) ; τ xy = Gγ xy 1 −ν 2 1 −ν Cascas Temos que determinar as extensões que aparecem nestas expressões. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento O elemento deformado da casca da figura, tem os lados mn e m’n’ rectos de acordo com o pressuposto 3. A superfície média está esticada e o lado mn está rodado em relação à configuração original. O alongamento unitário εx de uma fibra lf, posicionada no plano xz a uma distância z da superfície média, é dado por Cascas εx = Δl f lf Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento Aqui, Δlf é o alongamento sofrido por lf. Assim, ⎛ z⎞ Δl f = ds x (1 + ε x 0 )⎜⎜1 − ⎟⎟ − l f ⎝ rx′ ⎠ l f = ds x (1 − zκ x ) Cascas onde εx0 representa a deformação unitária na superfície média, r’x é o raio de curvatura depois da deformação e dsx é o comprimento da fibra na superfície média. Substituindo estas equação na equação da extensão tem-se εx = ε x0 − z ⎡ 1 − 1⎤ (1 − z rx ) (1 − z rx ) ⎢⎣ (1 − ε x 0 )rx′ rx ⎥⎦ onde rx é a curvatura antes da deformação. Uma vez que temos t«rx, z/rx pode ser omitido. Por outro lado a influência de εx0 na curvatura é desprezável. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento Desta forma, a expressão acima fica ⎛1 1⎞ − ⎟⎟ = ε x 0 − zχ x ⎝ rx′ rx ⎠ ε x = ε x 0 − z ⎜⎜ onde χx representa a variação da curvatura da superfície média. Cascas O alongamento unitário em qualquer distância normal à superfície média está, assim, relacionado com o esticar da superfície média e a mudança da curvatura associada à deformação. Para a direcção y obtém-se uma expressão idêntica ⎛1 1⎞ ε y = ε y 0 − z⎜⎜ − ⎟⎟ = ε y 0 − zχ y ⎝ ry′ ry ⎠ Falta determinar a distribuição da extensão de corte γxy. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento Considera-se γxy0 a extensão de corte na superfície média. Devido à rotação da aresta AB em torno do eixo x e γxy0, e referindo à equação das placas γ xy = −2 zκ xy tem-se Cascas γ xy = γ xy 0 − 2 zχ xy Aqui, χxy designa a torção da superfície média. Isto representa o efeito da rotação dos elementos da casca em torno da normal à superfície média. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento Substituindo estes resultados nas equações das tensões tem-se E [ε x0 +νε y 0 − z (χ x −νχ y )] σx = 1 −ν 2 E [ε y 0 +νε x 0 − z (χ y −νχ x )] σy = 1 −ν 2 Cascas τ xy = G (γ xy 0 − 2 zχ xy ) Finalmente, desprezando os termos z/rx e z/ry, como anteriormente, e substituindo as tensões nas expressões das resultantes de tensão obtém-se Et (ε x 0 +νε y 0 ) 1 −ν 2 Et (ε y 0 +νε x 0 ) Ny = 1 −ν 2 Et N xy = N yx = γ xy 0 2(1 + ν ) Nx = Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.3. Força, Momento e Deslocamento e M x = − D(χ x −νχ y ) M y = − D (χ y −νχ x ) M xy = M yx = − D(1 −ν )χ xy Cascas D=Et3/[12(1-ν2)] define a rigidez de flexão da casca, à semelhança do obtido para a placa. Estas equações são as equações constitutivas para cascas. Nas condições em que a flexão pode ser desprezada, a análise das tensões simplifica-se bastante uma vez que Mx, My e Mxy=Myx desaparecem. O que sobra são as forças de membrana Nx, Ny e Nxy=Nyx. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.4. Tensões Compostas nas Cascas Estamos, agora, em condições para escrever as tensões compostas numa casca produzidas por forças e momentos. Para isso, substitui-se as extensões e deformações obtidas das equações das resultantes de tensão nas equações das tensões, o que dá N x 12 M x z + t t3 N 12 M y z σx = y + t t3 N 12 M xy z τ xy = xy + t t3 Os primeiros termos nestas expressões representam as tensões de membrana e os segundos as tensões de flexão. Cascas σx = Pode observar-se que a distribuição das componentes da tensão σx, σy e τxy na espessura é linear. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.4. Tensões Compostas nas Cascas Também pode ser verificado, à semelhança das placas, que as tensões de corte vertical têm uma distribuição parabólica. τ xz = 3Qx ⎛ 4 z 2 ⎞ ⎜1 − 2 ⎟⎟ 2t ⎜⎝ t ⎠ 3Q y ⎛ 4 z 2 ⎞ ⎜1 − 2 ⎟⎟ 2t ⎜⎝ t ⎠ Estes valores são pequenos quando comparados com as outras tensões planas, tal como eram no caso da placa. Cascas τ yz = Pode concluir-se que as relações de tensão fundamentais são idênticas para as vigas, as placas e as cascas. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas (Cascas Cilíndricas) Cilíndricas) Tubos, tanques e outros contentores sugeitos a pressão interna são alguns exemplos de cascas cilíndricas com carregamentos axi-simétricos. Devido à simetria, um elemento cortado de um cilindro de raio a terá as resultantes de tensão Nθ, Mθ, Nx e Qx. A força e o momento em torno da circunferência, Nθ e Mθ, não variam com θ. Cascas Assim, o deslocamento na circunferência v desaparece e só é necessário considerar os deslocamentos em x e y, u e w, respectivamente. Desta forma, apenas três das seis equações de equilíbrio do elemento da casca têm que ser satisfeitas. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) Supondo que o carregamento externo é como mostrado na figura, os equilíbrios nas direcções x e z resultam em dN x dx ⋅ adθ + p x ⋅ adθ ⋅ dx = 0 dx Cascas dQx dx ⋅ adθ + Nθ dx ⋅ dθ + pr ⋅ dx ⋅ adθ = 0 dx Pedro V. Gamboa - 2009 Cascas Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) O equilíbrio de momentos em torno de y é dado por dM x dx ⋅ adθ − Qx ⋅ adθ ⋅ dx = 0 dx Dividindo todas as equações por dx.adθ obtém-se dN x + px = 0 dx dQx 1 + Nθ + pr = 0 dx a dM x − Qx = 0 dx É interessante notar que a última equação é a relação básica das vigas: a força de corte é a primeira derivada do momento flector. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) Da primeira equação a força axial Nx é N x = − ∫ p x dx + c onde c é uma constante de integração. Cascas Pode ver-se que as incógnitas Qx, Nθ e Mx não podem ser determinadas das duas últimas equações e, por isso, é necessário examinar os deslocamentos da superfície média. Uma vez que v=0, as relações extensão-deslocamento são, da simetria, du dx (a − w)dθ − adθ w εθ = =− adθ a εx = Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) Aplicando a lei de Hooke, tem-se Et (ε x +νε θ ) = Et 2 ⎛⎜ du −ν w ⎞⎟ Nx = 2 a⎠ 1 −ν 1 −ν ⎝ dx de onde se tira du 1 −ν 2 w = N x +ν dx Et a Cascas Logo, da lei de Hooke Nθ = Et (ε θ +νε x ) = − Et 2 ⎛⎜ w −ν du ⎞⎟ dx ⎠ 1 −ν 2 1 −ν ⎝ a As relações entre momento flector e deslocamentos são as mesmas que para um plano dobrado numa superfície cilíndrica. Assim, como, d 2w =0 dy 2 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) tem-se d 2w dx 2 onde D é a rigidez de flexão da casca. Cascas M x = −D M θ = νM x Usando as duas últimas equações de equilíbrio e eliminando Qx obtém-se d 2M x 1 + Nθ + p r = 0 a dx 2 Finalmente, quando esta expressão é combinada com as equações anteriores, tem-se d2 ⎛ d 2 w ⎞ 1 ⎧ Et ⎡ w ⎛ 1 −ν 2 w ⎞⎤ ⎫ ⎜ ⎟ + ⎨− D − −ν ⎜⎜ N x + ν ⎟⎟⎥ ⎬ + pr = 0 2⎜ 2 ⎟ 2 ⎢ a ⎠⎦ ⎭ dx ⎝ dx ⎠ a ⎩ 1 −ν ⎣ a ⎝ Et D d 4 w Et ν + w − N x − pr = 0 a dx 4 a 2 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) Uma forma mais conveniente desta expressão é νN d 4w p + 4β 4 w − x = r aD D dx 4 onde Et 3(1 −ν 2 ) = a 2t 2 4a 2 D e o parâmetro geométrico β tem dimensão L-1. Cascas β4 = Esta equação juntamente com a equação de du/dx representam as condições de deslocamento que governam uma casca cilíndrica com carregamento simétrico. Quando não existe carga axial, Nx=0, estas equações ficam du w =ν dx a d 4w p 4 + 4β w = r D dx 4 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) A primeira equação dá u depois da integração. A segunda é uma equação diferencial ordinária com coeficientes constantes. Ela também representa a equação de uma viga com rigidez de flexão D, sobre apoios elásticos e sujeita a um carregamento pr. A solução homogénia desta equação é dada por Cascas wh = c1e m1x + c2 e m2 x + c3e m3 x + c4e m4 x em que c1, c2, c3 e c4 são constantes e m1, m2, m3 e m4 são raízes da expressão m 4 + 4β 4 = 0 Esta expressão pode ser escrita, somando e subtraindo 4m2β2, como (m 2 + 2 β 2 ) − 4m 2 β 2 = 0 2 Daqui m 2 + 2 β 2 = ±2mβ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.5. Carregamentos Simétricos (Cascas Cilíndricas) cuja solução é m = ± β (1 ± i ) Daqui segue-se que wh = e − βx (c1eiβx + c2 e −iβx ) + e βx (c3eiβx + c4 e −iβx ) Cascas Se f(x) representar a solução particular wp, a solução geral da equação em causa é w = e − βx (C1 cos βx + C2 sin β x ) + e βx (C3 cos βx + C4 sin β x ) + f ( x ) onde C1, C2, C3 e C4 são constantes de integração arbitrárias, obtidas com base nas condições de fronteira. Pode notar-se que os resultados da teoria de membrana podem ser sempre considerados como as soluções particulares das equações da teoria de flexão. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos (Carregamentos Simétricos Simétricos em em Cascas Cascas Cilíndricas) Cilíndricas) Consideremos um problema de flexão de um cilindro com o comprimento muito grande comparado com o diâmetro, um cilindro infinito, sujeito a uma carga P uniformemente distribuída ao longo da secção circular. Uma vez que não existe pressão pr distribuída sobre a superfície da casca Nx=0 e f(x)=0. A solução deste problema fica Cascas w = e − βx (C1 cos βx + C2 sin βx ) + e βx (C3 cos βx + C4 sin βx ) Devido à simetria da casca, as condições de fronteira para a metade direita são deduzidas do facto de quando x→∞, a deflexão e todas as derivadas de w com respeito a x desaparecem. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) Estas condições são cumpridas quando C3=C4=0. Assim w = e − βx (C1 cos βx + C2 sin βx ) Como Nx=0 Nθ = − Etw a Cascas e dM x d 2w d 2w d 3w = −D 3 M θ = −νD 2 Qx = 2 dx dx dx dx As condições aplicáveis imediatamente à direita da carga são M x = −D Qx = − D d 3w p =− 3 2 dx dw =0 dx Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) A primeira condição indica que cada metade do cilindro suporta metade da carga externa. A segunda condição indica que o declive do deslocamento é zero ao centro do cilindro devido à simetria. Cascas Introduzindo estas condições na equação do deslocamento, com x=0, obtém-se p C1 = C2 = 3 8β D O deslocamento fica w= pe − βx (sin βx + cos βx ) 8β 3 D Ou, noutra forma, w= π ⎞⎤ pe − βx ⎡ ⎛ 2 sin ⎜ βx + ⎟⎥ 8β 3 D ⎢⎣ 4 ⎠⎦ ⎝ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) Pode observar-se que a defleção atenua com a distância como uma onda sinusoidal amortecida exponencialmente. As funções seguintes são usadas para representar de uma forma mais conveniente as expressões da deflexão e resultantes de tensão: f1 (βx ) = e − βx (cos β x + sin β x ) Cascas f 2 (β x ) = e − βx sin βx = − 1 ′ f1 2β 1 ″ ′ f 2 = − 2 f1 2β 1 ′ 1 1 ''' ″ f 4 (β x ) = e − βx cos β x = f3 = − 2 f 2 = f1 2β 2β 4β 3 1 ′ f1 (βx ) = − f 4 f 3 (βx ) = e − βx (cos βx − sin β x ) = 1 β β Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) A tabela mostra valores numéricos destas funções para vários valores de βx. Cascas O termo βx é adimensional. Pedro V. Gamboa - 2009 Cascas Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) Substituindo a equação de w nas equações das resultantes de tensão tem-se P w = 3 f1 (βx ) 8β D EtP Nθ = − 3 f1 (βx ) 8β Da P Mx = f 3 (β x ) 4β νP Mθ = f 3 (β x ) 4β P Qx = − f 4 ( β x ) 2 As expressões são válidas para x≥0. Para a metade esquerda do cilindro, toma-se o x na direcção oposta à da figura. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) A deflexão máxima e momento máximo ocorrem em x=0: Cascas wmax = P = Pa 2 β eEt 8β 3 D P M max = 4β Os valores máximos das tensões ocorrem em x=0 e z=t/2: 3P σ x ,max = 2βt 2 σ θ ,max = Pβ ⎛ a 3ν ⎞ ⎜− + ⎟ 4 ⎝ t β 2t 2 ⎠ que são as tensões máximas axiais e da circunferência, respectivamente. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) Da tabela anterior pode ver-se que cada função diminui à medida que βx aumenta. Assim, na maior parte das aplicações de engenharia, o efeito de cargas concentradas pode ser desprezado em posições em que x>π/β. Conclui-se, desta forma, que a flexão tem um carácter local. Cascas Uma casca com comprimento L=2π/β, carregada ao meio, sofre uma deflexão máxima e um momento máximo quase iguais aos existentes numa casca longa. As equações anteriores usadas com o princípio da superposição permitem determinar a deflexão e tensões em cilindros longos sujeitos a outros tipos de carregamentos. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.6. Casos Típicos (Carregamentos Simétricos em Cascas Cilíndricas) Exemplo 3.3 Um cilindro muito longo de raio a está sujeito a um carregamento uniforme p ao longo de uma distância L. Cascas Derive uma expressão para a deflexão para um ponto arbitrário O dentro da distância L. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.7. Carregamentos Simétricos (Cascas (Cascas de de Revolução) Revolução) Considere-se um corpo na forma geral de uma casca de revolução sujeito a cargas rotacionais simétricas. A esfera, o cone e o cilindro circular são geometrias simples nesta categoria. Cascas Primeiro, é necessário definir o estado de tensão num ponto destas cascas, representado pelo elemento infinitesimal da figura. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.7. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) As condições de simetria indicam que apenas as resultantes Qφ, Mθ, Mφ, Nθ e Nφ existem e que as forças normais Nθ e os momentos flectores Mθ não variam com θ. A notação para os raios de curvatura é igual à usada na teoria de membrana. Cascas A derivação das equações de equilíbrio num elemento ABCD da casca é idêntica à realizada anteriormente. A condição de que a soma das forças na direcção y é igual a zero é dada por d (Nφ r0 dθ )dφ − Nθ r1dθdφ cosφ − Qφ r0 dθdφ + p y r1dφr0 dθ = 0 dφ O primeiro, segundo e quarto termos são os mesmos do caso da membrana. O terceiro termo deve-se à força de corte Qφr0dθ nas faces AC e BD do elemento. Estas faces formam um ângulo dφ entre elas. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.7. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) A condição de equilíbrio na direcção z obtém-se da equação da membrana e adicionando a força de corte Qφr0dθ. Assim, Cascas Nφ r0 dθdφ + Nθ r1dφdθ sin φ + d (Qφ r0 dθ )dφ + pz r1dφr0 dθ = 0 dφ A equação do equilíbrio de momentos em torno de x é d (M φ r0 dθ )dφ − Qφ r0 dθr1dφ − M θ r1dφ cosφdθ = 0 dφ Os termos desta equação são: O primeiro é o incremento do momento Mφr0dφ: O segundo representa o momento da força de corte Qφr0dφ; O terceiro é a resultante dos momentos Mθr1dφ. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.7. Carregamentos Simétricos (Cascas de Revolução) Os dois momentos Mθr1dφ que actuam nas faces AB e CD do elemento não são paralelos. As suas componentes horizontais Mθr1dφcosφ formam uma ângulo dθ entre eles resultando no último termo. Cascas Dividinto todos os termos por dθdφ obtêm-se as equações de equilíbrio. d (Nφ r0 ) − Nθ r1 cosφ − Qφ r0 + p y r1r0 = 0 dφ d Nφ r0 + Nθ r1 sin φ + (Qφ r0 ) + p z r1r0 = 0 dφ d (M φ r0 ) − Qφ r0 r1 − M θ r1 cosφ = 0 dφ As equações que governam as cascas de revolução comuns sujeitas a carregamentos axi-simétricos podem ser derivadas a partir destas expressões. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.8. Casos Típicos (Cascas (Cascas de de Revolução) Revolução) Casca Esférica Cascas Nas cascas esféricas pode considerar-se que o raio da superfície média é a=r1=r2 e que r0=a.sinφ. Assim, as equações de equilíbrio ficam d (Nφ sin φ ) − Nθ cosφ − Qφ sin φ = − p y a sin φ dφ d Nφ sin φ + Nθ sin φ + (Qφ sin φ ) = − p z a sin φ dφ d (M φ sin φ ) − M θ cosφ − Qφ a sin φ = 0 dφ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.8. Casos Típicos (Cascas de Revolução) Casca Cónica Neste caso o ângulo φ é constante (r1=∞) e, por isso, não pode ser usado como coordenada do meridiano. Assim, introduz-se a coordenada s que é a distância de um ponto na superfície média, normalmente medida desde o vértice, ao longo da geratriz. Desta forma, Cascas r2 = s cot φ r1dφ = ds Nφ = N s As equações de equilíbrio ficam d ( N s s ) − Nθ = − p y s ds d Nθ + (Qs s ) cot φ = − p z s cot φ ds d (M s s ) − Qs s + M θ = 0 ds Pedro V. Gamboa - 2009 Mφ = M s Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.8. Casos Típicos (Cascas de Revolução) Casca Cilíndrica Cascas Para obter as tensões resultantes num cilindro circular pode começar-se com as equações da casca cónica colocando s=x=r2tanφ, φ=π/2 e o raio médio a=r2=constante. Fazendo isto as equações ficam iguais a dN x + px = 0 dx dQx 1 + Nθ + pr = 0 dx a dM x − Qx = 0 dx Se nestas equações retirarmos os termos com forças de corte e momentos, elas ficam iguais às equações obtidas pela teoria de membrana. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.9. Elementos Finitos em Cascas Os factores que complicam a análise de problemas de cascas podem, geralmente, ser reduzidos a irregularidades na forma ou espessura da casca e não uniformidade na carga aplicada. Substituindo a geometria real da estrutura e a configuração da carga por aproximações de elementos finitos apropriados não se perde muito na precisão do resultado. Cascas Considere-se o caso de uma casca com espessura variável e forma arbitrária. Existem várias formas de obter uma casca equivalente que não comprometa significativamente a resposta elástica. Por exemplo, pode substituir-se a casca por uma série de elementos triangulares curvos ou planos, ou elementos finitos de outra forma, ligados nas suas arestas e cantos. Independentemente da configuração do carregamento, este é reduzido a uma série de forças concentradas ou distribuídas aplicadas a cada elemento finito. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.9. Elementos Finitos em Cascas Quando uma casca de revolução é sujeita a uma carga não uniforme, a forma de elemento finito usual é substituir um elemento da casca por dois elementos planos, um sujeito às resultantes de forças directas e o outro sujeito às resultantes de momentos. A carga aplicada pode ser convertida em forças uniformes ou concentradas que também actuam nos elementos. Cascas Os efeitos no plano e os de flexão podem, assim, ser analisados em separado e sobrepostos. Desta forma, um elemento de casca pode ser desenvolvido como uma combinação de um elemento de membrana e um elemento de placa com a mesma forma. A casca fica, assim, idealizada como uma montagem de elementos planos. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.9. Elementos Finitos em Cascas Já foram propostos elementos curvos para se obterem aproximações melhoradas das cascas mas a análise na sua aplicação é mais complexa que no caso da utilização de elementos planos. Cascas No tratamento geral de cascas com carregamentos axi-simétricos que se descreverá em seguida vão ser usados elementos planos. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas (Cascas c/ c/ Carregamento Carregamento Axi-Simétrico) Axi-Simétrico) Uma casca com carregamento axi-simétrico pode ser representada por uma série de troncos de cone. Cada elemento é um anel gerado pelo segmento de recta compreendido entre dois círculos paralelos ou “nós”, i e j. Cascas A espessura pode variar de elemento para elemento. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) Como anteriormente, o deslocamento de um ponto na superfície média é especificado por duas componentes v e w na direcção meridional e normal, respectivamente. Cascas As relações extensão-deslocamento são dadas por dv ds ⎧ε s ⎫ ⎧ ⎫ ⎪ ε ⎪ ⎪(w cos φ + v sin φ ) r ⎪ ⎪ {ε } = ⎪⎨ θ ⎪⎬ = ⎪⎨ ⎬ 2 2 χ − d w ds ⎪ ⎪ s⎪ ⎪ ⎪⎩ χθ ⎪⎭ ⎪⎩ − (dw ds )sin φ r ⎪⎭ Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) As relações tensão-extensão são ⎧ Ns ⎫ ⎡1 ⎪N ⎪ ⎢ Et ⎢ν ⎪ θ⎪ ⎨ ⎬= 2 ⎪ M s ⎪ 1 −ν ⎢ 0 ⎢0 ⎪⎩M θ ⎪⎭ ⎣ 0 ⎤⎧ ε s ⎫ 1 0 0 ⎥ ⎪⎪ ε θ ⎪⎪ ⎥⎨ ⎬ 0 t 2 2 νt 2 12⎥ ⎪ χ s ⎪ 0 νt 2 12 t 2 12 ⎥⎦ ⎪⎩ χθ ⎪⎭ ν 0 Cascas ou ⎧ Ns ⎫ ⎪N ⎪ ⎪ θ⎪ ⎨ ⎬ = [D ]{ε } ⎪M s ⎪ ⎪⎩M θ ⎪⎭ onde [D] é a matriz de elasticidade da casca com carregamento axi-simétrico. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) Para cada nó são escolhidos três deslocamentos. Assim, os deslocamentos nodais são ⎧δ ⎫ {δ }e = ⎨ i ⎬ = {vi wi ⎩δ j ⎭ βi v j wj β j }T Onde v, w e β representam o movimento axial, o movimento radial e a rotação, respectivamente. Cascas Os deslocamentos dentro do elemento, expressos na forma padrão, são ⎧v ⎫ { f } = ⎨ ⎬ = [N ]{δ }e w ⎩ ⎭ Estes são determinados a partir de {δ}e e a posição s. O declive e o deslocamento são mantidos ao longo de todo o elemento. A matriz [N] é uma função da posição a definir mais à frente. Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) Quando se avaliam v e w nos nós i e j, podemos relacioná-los com {δ}e através de uma matriz de transformação. Por exemplo, no nó i tem-se ⎧ vi ⎫ ⎡ cos φ ⎪ ⎪ ⎢ ⎨ wi ⎬ = ⎢− sin φ ⎪(dw ds ) ⎪ ⎢ 0 ⎣ ⎩ i⎭ sin φ cos φ 0 0⎤ ⎧ vi ⎫ ⎪ ⎪ 0⎥ ⎨wi ⎬ = [λ ]{δ i } ⎥ 1⎥⎦ ⎪⎩ β i ⎪⎭ Cascas As expressões seguintes para {f} contêm seis constantes Os deslocamentos dentro do elemento, expressos na forma padrão, são v = α1 + α 2 s w = α3 + α 4 s + α5s 2 + α 6 s3 Para determinar os valores destas constantes, a coordenada s dos pontos nodais é substituída nas funções do deslocamento. Pedro V. Gamboa - 2009 Cascas Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) Isto vai gerar seis equações em que as únicas incógnitas são os coeficientes. Assim, pode resolver-se para α1 até α6 em termos dos deslocamentos vi, ..., wi e obter-se finalmente ⎧ vi ⎫ ⎪ w ⎪ i ⎪ ⎪ s1 0 0 0 0 ⎤ ⎪ (dw ds )i ⎪ ⎧ v ⎫ ⎡1 − s1 ⎨ ⎬=⎢ ⎨ ⎬ 1 − 3s12 + 2s13 s1 (1 − 2 s1 + s12 )h 0 s12 (3 − 2 s1 ) s12 (− 1 + s1 )h ⎥⎦ ⎪ v j ⎪ ⎩ w⎭ ⎣ 0 ⎪ wj ⎪ ⎪ ⎪ ⎩(dw ds ) j ⎭ onde s1 = s h (0 ≤ s1 ≤ 1) Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) Representando a matriz de 2x6 como [P] pode escrever-se ⎧v ⎫ ⎡[λ ] ⎨ ⎬ = [P ]⎢ ⎩ w⎭ ⎣0 0⎤ {δ } = [[Pi ][λ ] [λ ]⎥⎦ e [P ][λ ]]{δ } = [P]{δ } j e e A equação das extensões fica Os deslocamentos dentro do elemento, expressos na forma padrão, são Cascas {ε } = [B]{ε }e = [[Bi ][λ ] [B j ][λ ]]{δ }e onde −1 h ⎡ ⎢(1 − s )sin φ r [Bi ] = ⎢ 1 0 ⎢ ⎢ 0 ⎣ ⎤ + 2 s )cos φ r hs1 (1 − 3s1 + s12 )cos φ r ⎥ ⎥ 6(1 − 2 s1 ) h 2 2(2 − 3s1 ) h ⎥ 2 (− 1 + 4s1 − 3s1 )sin φ r ⎥⎦ 6 s1 (1 − s1 )sin φ r h 0 (1 − 3s 2 1 0 3 1 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) e 0 0 ⎡ 1h ⎤ ⎢ s sin φ r s 2 (3 − 2 s )cos φ r hs 2 (− 1 + s )cos φ r ⎥ 1 1 1 1 ⎥ [B j ] = ⎢ 1 0 6(− 1 + 2 s1 ) h 2 2(1 − 3s1 ) h ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ( ) ( ) − + − s s r h s s r 0 6 1 sin φ 2 3 sin φ ⎣ ⎦ 1 1 1 1 Cascas A matriz de rigidez para o elemento é dada por [k ]e = ∫ [B]T [D ][B]dA A Aqui a área do elemento é dA = 2πrds = 2πrhds1 E a matriz de rigidez fica [k ]e = 2πh ∫0 [B]T [D][B]rds1 1 Pedro V. Gamboa - 2009 Placas e Cascas Departamento de Ciências Aeroespaciais - Universidade da Beira Interior 2.10. Elementos Finitos (Cascas c/ Carregamento Axi-Simétrico) Nesta equação, r tem que ser expresso em função de s antes de se proceder à integração. Os passos 1 até 3 do processo geral da solução dos elementos finitos descrito nas placas pode ser aplicado para se obterem os deslocamentos nodais da casca. Cascas Depois determinam-se as extensões, as resultantes de tensão e as tensões com as equações descritas acima. Nas cascas de revolução com carregamento axi-simétrico, as forças “concentradas” ou “nodais” são, de facto, cargas daxi-simétricas distribuídas em torno da casca. Pode observar-se que, se apenas for desejada a solução de membrana, as grandezas χs, χθ, β, Ms e Mθ são ignoradas e as expressões aqui descritas ficam mais simplificadas. Pedro V. Gamboa - 2009