TREINAMENTO SOBRE PERDAS DE CANA NA COLHEITA MECANIZADA Mauro Benedini Gerente Regional do CTC - Centro Tecnologia Canavieira A Canaoeste, juntamente com os profissionais do CTC - Centro Tecnologia Canavieira, Adriana Lúcia da Silva, especialista em Tecnologia Agrícola e Mauro Benedini, gerente regional do CTC, promoveu no dia 6 de julho, mais um treinamento sobre perdas na colheita mecanizada. A parte teórica do treinamento foi realizada no período da manhã, na fazenda Santa Rita, de propriedade da Copercana e Canaoeste. O treinamento prático foi realizado no período da tarde, numa propriedade rural próxima da fazenda Santa Rita. A responsável técnica pelo treinamento, Adriana mostrou as principais perdas que ocorrem no processo de colheita mecanizada e deu dicas de como minimizálas. A figura 1 esquematiza a colhedora de cana. Colhedoras - Componentes e Sistemas Figura 1 – Colhedora de cana. Fonte: Projetos P&D do CTC Adriana fez considerações de como levantar essas perdas no campo (amostragem), correlacionando-as com os diversos componentes da colhedora. As perdas podem ser visíveis e invisíveis. As visíveis são aquelas que podem ser detectadas no campo e ocorrem na forma de cana inteira, pedaços de cana, lascas, toletes, tocos e cana ponta (cana agregada ao ponteiro). São facilmente identificadas e coletadas no campo. Devem ser amostrados no mínimo 10 ou 1 mais pontos aleatórios por área de liberação de colheita e a representatividade de cada amostra de 10m2 (figura 1) não deve ultrapassar a 3 hectares. As perdas invisíveis ocorrem na forma de caldo, serragem e pequenos estilhaços, durante o processamento interno da matéria prima na colhedora, devido aos impactos mecânicos dos sistemas de corte, picagem, transporte e limpeza. O CTC vem estudando e quantificando essas perdas invisíveis visando minimizálas, através do conhecimento das suas origens, efetuando as correções necessárias na colhedora. Figura 1- Esquema da amostragem de campo. As perdas por estilhaços surgem devido à má regulagem do extrator primário, cuja rotação deve variar de acordo com as condições do canavial. É importante que o operador tenha o hábito de alterar essa rotação regularmente devido às mudanças de talhões, variedades, umidades relativas do ar, entre outros fatores. Uma maneira prática de acompanhar essas perdas por estilhaços é quantificá-las em 1m2 (fotos 1 e 2). Lembrando que 100 g/m2 equivale a uma perda de 1 t/ha. Quando a carga estiver com muita impureza vegetal, a melhor alternativa pode ser a de reduzir a velocidade de operação da colhedora e não aumentar a rotação do extrator primário. 2 Foto 1: Extrator regulado a 900 rpm. Foto 2: Extrator regulado a 1100 rpm. As perdas por toletes estão principalmente relacionadas à falta do sincronismo entre colhedora e transbordo. Os toletes são formados pelas facas de corte do rolo picador. Quando apenas uma das facas estiver cortando bem, haverá canas cortadas em diversos tamanhos ou canas parcialmente cortadas, gerando um aspecto popularmente conhecido por “linguiça”. Isso é constatado também quando algumas partes da colhedora, principalmente no elevador, ficam com cana e palha não picadas como se fosse um varal. (fotos 3 e 4). Fotos 3 e 4 – Problemas ocasionados pela facas do sistema síncrono. A sincronização entre colhedora e veículo transportador é de responsabilidade do operador e também do tratorista, devendo ter atenção redobrada principalmente nos momentos de passagens de carreador, no início e término da linha de cana e nas paradas da máquina provocadas por embuchamentos e obstáculos. Vários fatores interferem na altura do corte de base: sistematização inadequada com sulco profundo e falta de “quebra de lombo”, torrões devido ao cultivo inadequado, locais com pedra, cana tombada, excesso de velocidade da máquina e falta de habilidade do operador. Uma observação prática é sobre o tamanho das faquinhas. O tamanho de 4” (quatro polegadas) gastam e quebram mais que as do tamanho de 3”, que são as recomendadas pelos fabricantes. 3 O acompanhamento de perdas na colheita mecanizada é fundamental, pois pode chegar a valores muito altos e resultar em perdas significativas de cana. Valores extremos de perdas de 10-15 toneladas/hectare podem ocorrer. Valores próximos de 3-4 ton/ha são considerados aceitáveis (Tabela 1). O treinamento e capacitação do pessoal envolvido no processo de colheita são fundamentais para diminuir as perdas de cana a valores satisfatórios. No período da tarde foi realizada a amostragem em área de fornecedor para exemplificar o procedimento preconizado pelo CTC. 4