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COMO COLOCAR AS TEORIAS ESTUDADAS NA FORMAÇÃO DO PNAIC EM
PRÁTICA NA SALA DE AULA? – REFLEXÕES DE PROFESSORES
ALFABETIZADORES SOBRE O TRABALHO COM O SISTEMA DE NUMERAÇÃO
DECIMAL
Cláudia Queiroz Miranda (SEEDF1)
[email protected]
Raimunda de Oliveira (SEEDF)
[email protected]
Resumo:
A presente pesquisa visa compreender as práticas pedagógicas de professores alfabetizadores,
para o ensino do sistema de numeração decimal a partir dos estudos teóricos realizados na
formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC. Para tanto a
metodologia escolhida é da pesquisa-ação (THIOLLENT, 2002). Os sujeitos da pesquisa são
professores alfabetizadores de Ceilândia – DF, que são cursistas do PNAIC/2014. Os
resultados parciais indicam que as principais dificuldades apresentadas para o trabalho
pedagógico com a matemática estão relacionadas ao entendimento de como implementar as
teorias estudas na formação em prática na sala de aula. Deste modo, conhecer conceitos
matemáticos, desenvolver o interesse dos estudantes, utilizar material concreto e jogos,
ensinar estudantes com dificuldades de aprendizagem ou lidar com a falta de recursos
pedagógicos são dificuldades apresentadas pelos professores alfabetizadores que foram
categorizadas na análise inicial deste estudo.
Palavras-chave: práxis, formação de professores alfabetizadores e sistema de numeração
decimal.
Justificativa:
O Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa - PNAIC é constituído por uma
série de ações sistemáticas com o objetivo de assegurar que todas as crianças estejam
alfabetizadas até os oito anos de idade. Estas ações estão organizadas em torno de quatro
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Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal
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eixos de atuação: formação continuada, material didático de apoio, avaliações sistemáticas e
gestão, controle e mobilização.
No ano de 2013 a formação continuada foi organizada em torno do estudo sobre língua
materna. Este ano as aulas darão enfoque a Alfabetização Matemática na perspectiva do
letramento.
O público alvo desta formação são professores alfabetizadores, no Distrito Federal,
docentes que atuam em regência de classe com turmas de 1º ao 3º anos do Bloco Inicial de
Alfabetização (BIA) e os orientadores de estudo são articuladores do CRA - Centro de
Referência em Alfabetização, que exercem o papel de coordenadores de grupos de escolas
com o intuito de planejar, executar, acompanhar e avaliar a implementação das Diretrizes
Pedagógicas para o BIA2.
As pesquisadoras envolvidas nesta proposta de trabalho são professoras da Secretaria
de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF, que atuam como articuladoras do CRA
e orientadoras de estudos do PNAIC.
No primeiro dia do curso de formação do PNAIC na cidade de Ceilândia foi realizada
uma pesquisa com o objetivo de construir um perfil inicial dos professores participantes. O
questionário respondido continha duas perguntas uma relacionada às dificuldades enfrentadas
no trabalho com Matemática em sala de aula e outra relacionada aos seus anseios quanto à
formação continuada.
Na tabulação dos resultados obtidos, a primeira questão levou a constituir categorias
que abordaram dificuldades relacionadas a diferentes aspectos da ação pedagógica. Elas
apontaram para uma única problemática: Com implementar teorias de ensino na prática de
sala de aula para efetiva aprendizagem do sistema de numeração decimal?
Esta questão será o foco central desta pesquisa que acontecerá no espaço de formação
continuada e no espaço de coordenação pedagógica com quatro professoras de escolas da rede
pública de ensino do Distrito Federal.
Objetivos
Como veremos explicitado na metodologia as estratégias desenvolvidas nesta pesquisa
são baseadas na pesquisa-ação. Para tal feito, Thiollente (2002) nos aponta que nesse tipo de
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As Diretrizes Pedagógicas para o BIA é o documento da SEEEDF que orienta as práticas
pedagógicas de alfabetização e a reorganização dos espaços e tempos escolares desta etapa de
ensino, entre outros aspectos.
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pesquisa social são estabelecidos objetivos práticos e de conhecimento que precisam ser
mantidos em relação. Deste modo temos:
Objetivo prático: Identificar estratégias pedagógicas que auxiliem os professores em
formação no PNAIC de matemática a colocar as teorias estudadas em prática na sala de aula
de turma do Bloco Inicial de Alfabetização.
Objetivo de conhecimento: Compreender as práticas pedagógicas de professores do
Bloco Inicial de Alfabetização, para o ensino do sistema de numeração decimal a partir dos
estudos teóricos realizados no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Para isso, temos como objetivos específicos:
• Analisar planejamentos das aulas dos professores para o trabalho com o sistema de
numeração decimal.
• Analisar atividades desenvolvidas com as crianças voltadas para a compreensão do
sistema de numeração decimal.
• Identificar os aspectos teóricos apresentados nos cadernos do PNAIC para a
construção do sistema de numeração decimal.
• Identificar obstáculos enfrentados por professores em formação no PNAIC ao
implementar ações pedagógicas voltadas para o ensino do sistema de numeração
decimal.
• Identificar possibilidades para implementação de ações pedagógicas voltadas para o
ensino do sistema de numeração decimal fomentadas no estudo no PNAIC de
matemática.
No PNAIC de matemática se prevê a centralidade do papel do professor "[...] não
cabendo confundi-lo com o de alguém que na sala de aula irá reproduzir métodos e técnicas."
(BRASIL, 2014, p.10).
Para a presente pesquisa a temática escolhida nasce de um levantamento das
expectativas dos professores alfabetizadores sobre o curso de formação do PNAIC em
matemática realizado na abertura do mesmo, em Ceilândia.
Um das perguntas deste levantamento foi a seguinte: Quais os maiores desafios no
trabalho com a Matemática em sua sala de aula?
A partir desta questão várias categorias foram encontradas quando analisamos as
respostas dos professores, uma nos chamou muita atenção pela sua abrangência e
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complexidade, trata-se da relação teoria e prática, esboçada no seguinte problema de pesquisa:
Como colocar as teorias estudadas na formação de professores em prática na sala de aula
com os estudantes?
Com esse questionamento ressaltamos a nossa compreensão sobre a linha tênue que
une a teoria e a prática. Vemos no conceito de práxis sua melhor elucidação. Vázquez (1977,
p. 234), nos chama atenção ao fato de que "[...] a prática não fala por si mesma, isto é, não é
diretamente teórica". Deste modo, entendemos que as teorias também não são diretamente
aplicáveis.
Neste caso Muniz (2009, p.115), nos chama a atenção de que uma forma de mudar a
prática pedagógica é valorizar didaticamente os esquemas de pensamento das crianças. Assim,
a busca por reflexões em torno do problema de pesquisa esboçado requer pensar na
possibilidade de estudo a partir das produções matemáticas das crianças para colocar em
relação: o que pensa o professor e as teorias estudadas.
Metodologia
Como a Pesquisa-ação tem como objetivo, segundo Thiollent (2002, p.16) "aumentar o
conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o 'nível de consciência' das pessoas e
grupos [...]", considerados sujeitos implicados na pesquisa. A opção metodológica requer:
encontros mensais entre pesquisadores e professores alfabetizadores da pesquisa para estudo
sobre quais os problemas, as soluções e as ações pedagógicas para a aprendizagem das
crianças em torno do sistema de numeração decimal.
Isso implicará em levantamento de problemas enfrentados no desenvolvimento de
práticas pedagógicas que levem à aprendizagem das crianças sobre sistema de numeração
decimal. Outras demandas são: mapeamento geral das turmas das professoras sobre os
conhecimentos de sistema de numeração decimal das crianças e análise dos esquemas de
pensamento das crianças a partir de resoluções das atividades escolares.
Além de registro, em um caderno denominado por nós de "Caminhos da pesquisa", de
tópicos que evidenciem situações, dúvidas, problemas, ou seja, aspectos vivenciados em aula
ou em planejamento que chamaram a atenção do professor. Esse material será feito pelos
professores implicados na pesquisa. O mesmo será orientador das discussões, estudos e
encaminhamentos realizados nos encontros mensais.
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Haverá também, acompanhamento das decisões, ações e intencionalidades
pedagógicas dos professores da pesquisa por meio: da análise dos planejamentos das aulas
que envolvam o sistema de numeração decimal, da participação dos docentes no curso de
formação do PNAIC e nos momentos de visitas dos Articuladores do CRA para planejamento,
visando identificar obstáculos e possibilidades para o trabalho e observação de aulas.
Serão utilizadas análise documental com base na pesquisa social segundo GIL (1999),
Borba e Araújo (2006). Técnicas, nos momentos de encontros mensais, que levem em
consideração a forma de raciocínios e argumentação, as hipótese e comprovações, as
inferências e generalizações dos grupos, segundo Thiollent (2002).
Os professores implicados na pesquisa são professores alfabetizadores, em Ceilândia,
inscritos no curso de formação do PNAIC de 2014.
Resultados Parciais
Os resultados parciais da pesquisa foram tabulados já no primeiro dia de formação do
PNAIC 2014. A questão referência para essa tabulação foi:
Quais os maiores desafios no trabalho com a Matemática em sua sala de aula?
As categorias destacadas foram:
• Planejar práticas a partir de teorias de ensino estudadas na formação continuada.
• Conhecer questões conceituais para o ensino da matemática.
• Desenvolver nos estudantes interesse pelas aulas, o raciocínio lógico e o uso de
estratégias pessoais para resolução de situações problemas.
• Utilizar material concreto e jogos de forma lúdica.
• Ensinar estudantes com dificuldades de aprendizagem ou com déficit de conteúdo para
o ano.
• Lidar com a falta de recursos pedagógicos e espaços físicos.
• Ensinar em turmas com muitos alunos.
As duas primeiras categorias listadas acima demonstram que os docentes questionam
suas práticas e seus conhecimentos a cerca do trabalho com matemática em sala de aula e
vislumbram na formação continuada respostas a estas dificuldades. No entanto, não é
suficiente participar de um curso de formação continuada, mas perceber neste espaço, um
lócus de construção de sentido para sua prática profissional.
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Os próximos três itens mostram a fragilidade na compreensão, pelo professor, da
dimensão do trabalho docente. Entender o contexto infantil e levá-lo em consideração no
planejamento diário pode ser uma tarefa difícil, se não considerarmos as atividades lúdicas
como momentos privilegiados de aprendizagem, mas que só serão validados pela mediação e
problematização do professor.
Além disso, realizar diagnósticos das crianças entendendo o que de fato elas já sabem
e o que precisam aprender é parte essencial da efetivação de um planejamento intencional e na
busca da aprendizagem de todos. Estudantes apontados com déficit de aprendizagem ou até
passíveis de encaminhamentos médicos, em muitos casos, não tiveram um olhar diferenciado
as suas produções e são caracterizados apenas por suas dificuldades.
As duas últimas categorias listadas dizem respeito a aspectos externos a decisões
docentes, mas que influenciam diretamente na organização de seu trabalho pedagógico não
podendo ser desconsideradas.
Entender teorias de ensino-aprendizagem, ampliar os estudos de determinada área do
conhecimento ou organizar o ambiente de sala de aula como espaço de aprendizagem de todas
as crianças desafia o professor a lançar um olhar reflexivo a cerca de sua prática, seus
impasses e dificuldades.
E, é neste olhar ao que o professor já realiza em sala, e na possibilidade de
ressignificação de práticas a partir de teorias estudas na formação continuada do PNAIC que
esta pesquisa está sendo desenvolvida.
Referencial teórico
BORBA, Marcelo de Carvalho; ARAÚJO, Jussara de Loiola (Org.). Pesquisa qualitativa em
educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
BRASIL. Cadernos do Programa de formação de professores - Pacto Nacional pela
Alfabetização na idade certa. Ministério da educação, 2014.
BRASÍLIA. Diretrizes Pedagógicas do Bloco Inicial de Alfabetização. Secretaria de Estado
de Educação do Distrito Federal, 2012.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
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MUNIZ, Cristiano Alberto. A produção de notações matemáticas e seus significados. IN:
FÁVERO, Maria Helena. Psicologia do conhecimento - o diálogo entre as ciências e a
cidadania. Brasília: Unesco - Liber Livro Editora, 2009.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo, SP: Cortez, 2002.
VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez. Filosofia da práxis. Editora Paz e Terra. 1977.
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