As Condições da Saúde no Estado do Rio de Janeiro Adriana Fontes Ivo Chermont Introdução O Rio de Janeiro viveu uma crise nos anos 90, resultado de fenômenos como o crescimento do desemprego, a expansão das favelas, o aumento da violência dentre outros que dificultam o desenvolvimento do estado. Por outro lado, avanços foram obtidos em diversos aspectos da qualidade de vida da população do estado e do Brasil como um todo. A situação de saúde da população é um dos fatores mais importantes na análise do desenvolvimento de um país, uma região, um estado ou município. É um indicador à medida que mostra o sucesso ou fracasso de um estado na promoção das necessidades mais básicas da população (alimentação, condições sanitárias, etc.). A saúde pode ser vista também como um fator promotor de desenvolvimento de um estado já que influencia, por exemplo, a produtividade da oferta de trabalho. Neste capítulo analisaremos a evolução de alguns indicadores de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, relacionando com os apresentados pelos outros Estados do Brasil, bem como analisando as diferenças internas entre os municípios que compõem o estado. Para isso foram utilizados os dados de 1991 e 2000 contidos no Atlas do Desenvolvimento Humano. Consideramos apenas alguns aspectos da análise das condições de saúde como a evolução da esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil, probabilidade de sobrevivência, taxa de fecundidade, número de médicos e percentual de adolescentes com filhos. Qual o progresso ou retrocesso do Rio e quais os desafios que se apresentam para este melhorar o bem-estar de seus moradores são algumas das questões que se deseja responder. 1 1. Situação Atual do Estado A maior parte dos indicadores de saúde ao longo dos anos 90 melhoraram em praticamente todos os estados brasileiros. O Rio de Janeiro em particular avançou em algumas variáveis, retrocedeu em outra, mantendo-se inalterado em alguns casos. Porém, uma análise conjunta, com os estados do país, deve ser feita para observarmos como estas variações ocorreram em outras federações, e sabermos se houve uma tendência generalizada por todo o Brasil em determinada área, ou se foi apenas uma idiossincrasia do Estado do Rio. A esperança de vida ao nascer e a mortalidade infantil são os índices mais utilizados na comparação das condições de saúde de países. Estes índices contudo são pouco sensíveis a mudanças no curto prazo e nada dizem sobre as causas da mortalidade, tampouco sobre a morbidade dos indivíduos (estado de saúde dos indivíduos vivos). Nos indicadores de longevidade e mortalidade o Rio tem indicadores de saúde melhores que a média brasileira. Entretanto, como veremos em seguida o estado avançou menos que a média brasileira entre 1991 e 2000, o que fez diminuir a distância entre os indicadores do Rio e do Brasil. A esperança de vida dos brasileiros ao nascer é de 68,6 anos, quatro anos maior que em 2000. Os dados de esperança de vida dos estados brasileiros evidenciam grandes desigualdades entre eles. A diferença chega a 12 anos entre Santa Catarina, estado com melhor esperança de vida ao nascer – 73,7 anos -, e Maranhão (61,7 anos). No estado do Rio de Janeiro, a esperança de vida ao nascer é de 69,4 anos. Do total de 27 estados brasileiros, o Rio de Janeiro é o nono estado com maior esperança de vida ao nascer. Essa posição relativa de 2000, coloca o Rio em condições piores do que as encontradas no início dos anos 90 quando ocupava o sexto lugar dos estados brasileiros. Quanto a evolução na década de 90, a esperança de vida ao nascer apresentou aumento em todos os estados brasileiros. Houve um incremento de três anos na esperança de vida ao nascer dos fluminenses, menor do que a média brasileira (4 anos). No Rio Grande do Norte, 2 estado que teve maior aumento, a esperança de vida cresceu 6,5 anos nesse mesmo período, seguido de perto pelos estados de Ceará (6 anos) e Alagoas (5,7 anos). No outro extremo ficou o Distrito Federal e São Paulo com crescimentos de apenas 1,5 e 2,4 anos, respectivamente. Gráfico 1 Gráfico 2 Variação da Esperança de Vida ao Nascer Esperança de vida ao nascer 70 69 68 67 66 65 64 63 62 7,0% 69,4 68,6 6,0% 6,0% 4,5% 5,0% 66,4 64,7 1991 4,0% 2000 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% Brasil Estado do Rio Brasil Estado do Rio O aumento da esperança de vida está fortemente relacionado à redução da mortalidade infantil. Grande parte desta deve-se às doenças que afetam a criança ainda no período de gestação. Houve queda da taxa de mortalidade infantil em todos os estados brasileiros. Na média brasileira, a mortalidade de um ano passou de 44,7 por mil nascidos vivos em 1991 para 30,6 em 2000, uma variação de 32%. Levando em conta os cinco primeiros anos, a mortalidade passa de 59,5 para 39,3 por mil nascidos vivos. No estado do Rio de Janeiro, em cada 1000 crianças nascidas vivas, 21 morrem antes de completar um ano de vida e 23 antes de completarem cinco anos de vida. Esses números no início da década de 90 eram 29,9 e 34,4, respectivamente. A variação relativa entretanto foi inferior à média brasileira, como podemos observar no Gráfico 4. 3 Gráfico 3 Gráfico 4 Variação da Mortalidade Infantil até 1 ano entre 1991 e 2000 Mortalidade Infantil até 1 ano 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Brasil 44,68 -28,0% 30,57 29,94 1991 21,2 2000 -28,5% -29,0% -29,5% -30,5% -31,0% -31,5% Estado do Rio -31,6% -32,0% Gráfico 5 Gráfico 6 Variação da Mortalidade Infantil até 5 anos entre 1991 e 2000 Mortalidade Infantil até 5 anos 59,48 Brasil 60 50 -29,2% -30,0% Brasil 70 Estado do Rio -27,5% 1991 39,32 34,36 40 30 2000 23,07 20 10 0 Brasil Estado do Rio -32,2% -32,4% -32,6% -32,8% -33,0% -33,2% -33,4% -33,6% -33,8% -34,0% Estado do Rio -32,9% -33,9% Apesar da variação relativa ter sido menor que a média brasileira, em relação aos outros estados, nos indicadores de mortalidade infantil, o Rio de Janeiro melhorou ligeiramente sua posição relativa do início da década para 2000: passou de sexto para quinto lugar em termos de mortalidade até um ano de idade e para quarto lugar no que se refere à mortalidade até cinco anos. Os avanços relativos em termos de mortalidade infantil não refletem melhorias relativas a esperança de vida. Isso pode estar associado à violência no Rio de Janeiro que tem se destacado como importante causa de morte.1 Maranhão possui o maior índice de mortalidade infantil até um ano e até cinco anos de idade. Nesse estado, em cada 1000 crianças nascidas vivas, 55 crianças não sobrevivem ao primeiro ano de vida e 85,7 não sobrevivem aos cinco primeiros anos. No outro extremo, 1 Andrade e Lisboa (2001a) e PNUD (2000) 4 está Santa Catarina com a menor taxa de mortalidade (16,8 até 1ano e até 5 anos). Enquanto o Rio melhorou a sua posição relativa em termos de mortalidade infantil, nos indicadores de probabilidade de sobrevivência perdeu posição para outros estados.2 Uma criança recém nascida no Rio de Janeiro, tem a probabilidade de 91,9% de viver até os quarenta anos de idade e de 77,9% de viver até os sessenta anos de idade. Embora as probabilidades tenham crescido, 3% e 7%, respectivamente, em relação às observadas em 1991, os incrementos foram menores do que o apresentado pela média brasileira como podemos observar nos gráficos 8 e 10. O Rio de Janeiro foi de oitavo para nono lugar entre os estados brasileiros em termos de probabilidade de viver até 40 anos, e de sétimo para décimo lugar em termos de probabilidade de viver até 60 anos de idade. Gráfico 7 Gráfico 8 Probabilidade de Sobrevivência até 40 anos 93 Variação da Probabilidade de Sobrevivência até 40 anos entre 1991 e 2000 91,87 4,2% 92 90,43 91 90 1991 88,81 89 88 2000 3,8% 3,6% 86,9 87 3,4% 3,4% 86 3,2% 85 84 3,0% Brasil Estado do Rio Brasil Gráfico 9 Estado do Rio Gráfico 10 Variação da Probabilidade de Sobrevivência até 60 anos entre 1991 e 2000 Probabilidade de Sobrevivência até 60 anos 80 10,0% 77,92 77,63 78 9,4% 7,1% 8,0% 76 1991 74 72 4,1% 4,0% 72,73 70,93 2000 6,0% 4,0% 70 2,0% 68 0,0% 66 Brasil Estado do Rio Brasil Estado do Rio 2 É a probabilidade de uma criança recém nascida viver até certa idade se o nível e padrão de mortalidade por idade permanecerem constantes ao longo da vida. 5 Enquanto a probabilidade de sobrevivência até os 40 anos nos estados do Norte e Nordeste não chega a 90%, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, todos os estados apresentam índices maiores que 90%. Maranhão e Santa Catarina são os extremos também nesse indicador. No Brasil, a probabilidade de viver até 40 anos de idade é de 90,4% enquanto a de chegar aos 60 é de 77,6%. Tabela 1: Indicadores do estado do Rio de Janeiro (2000) Esperança de vida ao nascer Mortalidade até 1 ano Mortalidade até 5 anos Probabilidade de sobrevivência até 40 anos Probabilidade de sobrevivência até 60 anos Taxa de fecundidade % de adolescentes com filhos Número de médicos por mil habitantes 1991 Índice Posição 66,4 6º 2000 Índice Posição 69,4 9º 29,9 22º 21,2 23º 34,4 22º 23,1 24º 88,8 8º 91,9 9º 72,7 7º 77,9 10º 2,1 1º 2,1 3º 5,2 22º 8,1 20º 2,2 1º 2,2 1º Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano. Notas: (1) A posição é dada pelo ranking entre os 27 estados brasileiros. O primeiro lugar é sempre o maior índice, independente de ser o melhor ou o pior. (2) A posição de 2000 em cor azul indica que o Estado do Rio de Janeiro melhorou em relação a 1991 em termos relativos, enquanto a cor vermelha indica que o estado perdeu posição relativa. Pela tabela 1, percebe-se que dos indicadores do Estado do Rio de Janeiro analisados, dois ficaram parados nesses dez anos: a taxa de fecundidade e o número de médicos por mil habitantes. Ambos apresentavam em 1991 a melhor posição dentre os 27 estados brasileiros, sendo que no caso de médicos essa colocação permaneceu, enquanto, em na taxa de fecundidade, o estado foi ultrapassado. A taxa de fecundidade, ou seja, número médio de filhos por mulher, hoje em 2,1 no Estado do Rio de Janeiro era, em 1991, praticamente a mesma como podemos observar no gráfico 11. Mas como os demais estados conseguiram baixar a taxa de fecundidade, o Rio de Janeiro em 2000 perdeu a posição de menor índice para Distrito Federal (2,0) e está em 3º lugar logo atrás de Estado de São Paulo. Analisando as variações, tanto relativas quanto absolutas, percebemos que o Rio obteve as piores taxas. Enquanto todos os Estados tiveram 6 queda em termos absolutos, o Rio manteve-se inalterado. E dado que praticamente todos os Estados tiveram queda relativa de dois dígitos, o Rio caiu apenas 1,9 %. Gráfico 11 Gráfico 12 Taxa de Fecundidade Número de Médicos por Mil Habitantes 3,5 3 2,5 2,5 2,23 2,88 2,24 2 2,37 2,1 2,06 2 1991 2000 1,5 1991 1,5 1,02 1,16 2000 1 1 0,5 0,5 0 0 Brasil Estado do Rio Brasil Estado do Rio O melhor indicador apresentado pelo Rio de Janeiro é o de quantidade de médicos. O número no Estado do Rio de Janeiro é de 2,2 por mil habitantes.3 Como podemos observar no gráfico 12, esse indicador no Rio é bem maior que a média brasileira. Entre 1991 e 2000, o Rio se manteve em primeiro lugar, apesar do indicador ter ficado inalterado, o que reflete a enorme distância do estado com relação aos outros. O segundo lugar é ocupado pelo Distrito Federal (2,0) e São Paulo vem em seguida com 1,6 médicos por mil habitantes, enquanto o pior índice é o do Maranhão com 0,3 médicos por mil habitantes. São Paulo, por exemplo, necessitaria de aproximadamente 34 anos para alcançar o RJ, caso sua variação absoluta se mantivesse a da década de 90 (e o Rio permanecesse parado), e de 22 anos, caso a variação relativa se mantivesse a mesma. Dado isto, embora o Rio não tenha evoluído nesse aspecto na década de 90, observa-se uma situação de relativo vantagem do Estado. Houve acentuado retrocesso no que diz respeito ao percentual de adolescentes (15 a 17 anos) com filhos, passando de uma taxa de 5,2 % em 1991 para 8,1 % em 2000, uma variação relativa de aproximadamente 56 %, comprovando-se a urgência com que esta questão deve ser tratada. 3 Esse indicador é a razão do número de médicos residentes no município e o total de habitantes do mesmo vezes mil. Incluem-se os acadêmicos de hospital (médicos residentes). 7 O aumento no percentual de adolescentes com filhos ocorreu em todas as unidades da federação, com exceção do Amapá. Nessa variável, a situação do Estado piorou com relação ao resto do país. Como podemos observar no gráfico 14, o incremento desse indicador no Rio foi superior ao da média brasileira. O Rio era o 22º no percentual de adolescentes com filhos e passou para 20º, obtendo a 6ª maior taxa de crescimento relativo e a 13ª absoluta. Isto reflete uma enorme variação relativa, de 56 %. O Estado do Brasil com menor percentual de adolescentes com filhos é Minas Gerais, que se manteve em 1º lugar (era 4,1 % em 1991 e passou a 6,1 % em 2000) por toda a década de 90. No outro extremo está o estado de Amazonas com quase 17% das meninas de 15 a 17 anos com filhos, enquanto a média brasileira fica em torno de 10%. Gráfico 13 Gráfico 14 Percentual de Adolescentes com Filhos 8,45 9 Variação do Percentual de Adolescentes com filhos entre 1991 e 2000 8,11 8 7 6 56,3% 60,0% 5,82 5,19 5 1991 2000 4 50,0% 45,2% 40,0% 30,0% 3 20,0% 2 10,0% 1 0 Brasil Estado do Rio 0,0% Brasil Estado do Rio 1.1. Determinantes das condições de saúde As condições de saúde da população têm forte relação com o nível de desenvolvimento do Estado. Uma região mais desenvolvida tem, em geral, melhores condições de saneamento básico, hospitais mais adequados, dentre outros fatores que influenciam os indicadores de saúde. Além disso, no caso do Brasil, o nível de renda das pessoas determina a qualidade dos serviços de saúde recebidos. Alguns trabalhos empíricos mostram a relação do estado de Saúde de uma determinada parcela da população com uma série de variáveis sócio-econômicas. Andrade e Lisboa 8 (2001a) apontam diversos trabalhos que vão nesta direção: Travassos et al. (2000), que “mostram que controlando para idade, sexo, morbidade e renda, os indivíduos mais pobres têm menor chance de consumir serviços de saúde comparativamente às mais ricas”, o que comprova a grande desigualdade do sistema de saúde brasileiro. “Nesse sentido”, apontam os autores, “as curvas de necessidade e utilização vão em direções opostas: enquanto as necessidades de saúde se reduzem com a renda, a utilização dos serviços de saúde apresenta correlação positiva”. Seguindo a mesma linha, outro estudo enfatizado foi o de Viacava et al. (2001), que diz que “os indivíduos sem instrução têm metade da chance de utilizar os serviços de saúde relativamente aos indivíduos com nível superior”. Por fim, Alves e Timmins (2001) e Andrade e Lisboa (2001c) “concluem pela existência de segmentação no acesso a seguro saúde privado ou a serviços médicos com uma maior dependência das populações rurais ou pouco educadas dos serviços públicos”. Deve-se atentar, além disso, para a grande relação entre o estado de saúde da população com a renda: uma pessoa que sofra danos físicos ou mentais têm maior dificuldade de auferir rendimentos. E essa relação, saúde-renda, pode afetar a enorme desigualdade de renda no Brasil. À medida que os mais pobres têm maior dificuldade de obter renda por ter menos acesso a saúde, e é exatamente por ter menos rendimentos que têm menos acesso à saúde, então há um círculo vicioso que deixa o pobre mais longe do sistema de saúde público, o que não o deixa receber maiores dotações. O gráfico abaixo mostra, primeiramente, que existe uma forte correlação entre esperança de vida ao nascer e nível de renda domiciliar per capita. O segundo ponto a ser notado é que de 1991 a 2000 houve uma mudança na inclinação das curvas indicando uma tendência de convergência entre os estados, já ressaltada anteriormente, à medida que os estados do nordeste que possuem uma esperança de vida menor apresentaram maiores ganhos que o Sul e Sudeste. Pode-se notar que o Rio de Janeiro, com o seu nível de renda domiciliar per capita, deveria ter uma esperança de vida maior do que apresenta. Destaca-se ainda que 9 essa distância parece ter aumentado de 1991 e 2000. Por fim, a esperança de vida em 2000 parece ter alcançado o nível que deveria ter em 1991, dada a renda do estado. Gráfico 15 Relação entre renda domiciliar per capita e a esperença de vida ao nascer 75 SC RS Esperança de vida ao nascer SP SC 70 PA CE AP PE RN ACMG MT AM RR RO PR TO AP GO BA PI SE ESMT AL AC AM PA PBRO 65 MA CE PI DF PR RJ SP DF RJ RR PE RN TO BA SE 60 MA MG MS GO MT RS ES PB AL 2000 1991 55 0 100 200 300 400 500 600 700 Renda domiciliar per capita Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil A forte relação entre renda e mortalidade infantil até um ano de idade pode ser vista no gráfico a seguir. Quanto maior a renda domiciliar per capital do estado, menor os índices de mortalidade infantil. Mais uma vez, observando as inclinações das curvas de 1991 e 2000, os estados do nordeste se destacam com os maiores avanços sociais. A diferença que se ressalta em relação ao gráfico de esperança de vida é que a mortalidade infantil do Rio de Janeiro está bem próxima da que deveria com o seu nível de renda domiciliar per capita, dada a realidade dos estados brasileiros. 10 Gráfico 16 Relação entre renda domiciliar per capita e a mortalidade infantil até 1 ano 100 2000 90 Mortalidade Infantil até 1 ano 1991 MA 80 PB AL BA RN SE PI CETOPE 70 60 MA 50 PI 40 30 PA PB RR AL SE AM BA PE TO AP RN RO ES ACCE PR AM MG MT MT RR PA AP AC GO RO SC 20 ES RJ MG MT MS RS GO PR SP DF DF RJ SP RS SC 10 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Renda domiciliar per capita Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil A relação médicos por habitantes também cresce com a renda domiciliar per capita dos estados. No gráfico percebe-se, entretanto, que não ocorreram mudanças em termos de uma maior igualdade entre os estados brasileiros. 11 Gráfico 17 Relação entre renda domiciliar per capita e número de médicos residentes por mil habitantes 2,5 RJ Número de médicos residentes por mil habitantes RJ DF DF 2,0 SP RS 1,5 SP RS MGES ES MG PE GO AL SERN MT PB PR AL PE SC PB RN BA RR RR MT CE AM PA BA S CE PIEPA TO RO PI AP AM AP TO AC MA RO MA 1,0 0,5 PR GO SC MS MT 2000 AC 1991 0,0 0 100 200 300 400 500 600 700 Renda domiciliar per capita Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil O Rio de Janeiro aparece com uma relação médicos por habitantes bastante alta mesmo se comparada a renda domiciliar per capita do estado. Resta saber se essa maior quantidade relativa de médicos se traduz em melhores indicadores de saúde. O gráfico a seguir mostra que com o número de médicos do estado, o Rio de Janeiro deveria ter uma esperança de vida maior do que possui. A esperança de vida em 2000, chegou ao nível que deveria ter em 1991, dada a quantidade relativa de médicos. Nota-se que estados como Santa Catarina, com a metade do número de médicos por habitantes que o Rio de Janeiro, consegue uma esperança de vida bem mais elevada que o nosso estado. Mais uma vez, percebe-se que o Rio chegou em 2000, com a esperança de vida que deveria ter em 1991, dado o indicador de médicos observados nos 27 estados brasileiros. À isto se atribui um ruim sistema de saúde do Estado, se comparado à, por exemplo, o de Santa Catarina, que com menos meios (quantidade de médicos) obtém um resultado mais satisfatório (esperança de vida). 12 Gráfico 18 Relação entre número de médicos residentes por mil habitantes e esperança de vida ao nascer 75 SC RS Esperança de vida ao nascer SP MG SC MS 70 MT PA CE AP AC 65 AC ES TO AP PI AM PA RO MA 60 BA SE DF SP RJ RJ MG PR GO BA MT RR ES SEAL PB PE CE PI TO RS PE RN MT AMRR RO DF GO PR RN PB 2000 AL MA 1991 55 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Número de médicos residentes por mil habitantes Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil A mortalidade infantil, assim como a esperança de vida, também tem relação com o número de médicos por mil habitantes, quanto mais médicos por mil habitantes do estado menor a mortalidade infantil. Entretanto, mais uma vez observa-se que a mortalidade alcançada em 2000 é a que o Rio deveria ter há dez anos atrás, com a quantidade de médicos que dispõe. 13 Gráfico 19 Relação entre número de médicos residentes por mil habitantes e mortalidade até um ano de idade 100 2000 Mortalidade até um ano de idade 1991 MA 80 PB AL BA RN SE TOPI CE 60 PE MA AM RO AC 40 PA PI TO AP APRO AC PB SEAL PE RN PR MT MG RR BA CE AM RR MT PA MT ES GO MS SC ESMG GO 20 SP DF DF RS PR RJ RJ RSSP SC 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Número de médicos residentes por mil habitantes Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil Gráfico 20 Relação entre renda domiciliar per capita e o percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos com filhos Percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos com filhos 20 AC 16 AM MA RR PA AP TO 12 AC AL AP RO RR SERN MT PE PI PACE BA AM MT TO PB GO AL SE RN PR PE ES SC CE PB BA PI MG MA 8 4 MT MS RO GO PR ES RJ RS SC RSMG RJ DF SP SP DF 2000 1991 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Renda domiciliar per capita Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 14 Por fim, deve-se destacar que o percentual de adolescentes não apresentou correlação com a renda domiciliar per capita do estado e nem com os indicadores de educação. A correlação mais significante foi com relação à freqüência ao ensino médio como pode-se observar no gráfico 21, mas mesmo assim não se pode afirmar nada. Gráfico 21 Relação entre percentual de adolescentes de 15 a 17 anos que estão freqüentando o ensino médio e o percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos com filhos Percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos com filhos 20 AC 16 RR AM MA PA AP TO 12 AC TO MA PA AM AL SE CE PB PI BA 4 MT MS AL RO 8 AP RO RR MT SE PI BA MT PB GO RN PE PR ES CE PE GO RN PR RJ ES MG RS SC RJ SP DF RS DF SC SP MG 2000 1991 0 0 10 20 30 40 50 60 Percentual de adolescentes de 15 a 17 anos que estão freqüentando o ensino médio Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil Observa-se através dos gráficos 20 e 21 que o grande problema da gravidez precoce de adolescentes não possui um diagnóstico muito preciso. Enquanto a renda e os indicadores de educação não apresentam correlação muito alta, cabe um estudo aprofundado do assunto, visto que os índices por todo Brasil se deterioraram. O que podemos concluir é que falta no país uma política de prevenção maior, através de campanhas em escolas e universidades, além de propaganda pelos meios de comunicação acessíveis. As principais conseqüências de uma grande quantidade de adolescentes com filhos são pessoas sem grandes perspectivas à medida que acabam abandonando a escola e deixando 15 de investir em capital humano. Com isso essas mulheres têm dificuldades de encontrar empregos de boa qualidade e, portanto, baixa capacidade de gerar renda para o sustento de suas famílias. As famílias de alta renda, em geral, não tiram as adolescentes da escola por terem engravidado, exatamente por terem condições de sustentá-la e educá-la. Já uma adolescente de família pobre não terá condições de deixá-la em casa com alguém com tempo disponível para educar e cuidar do seu filho. Essa adolescente que vem de uma família pobre vai ter baixo capital humano, possivelmente, um trabalho de baixa qualificação, perpetuando a situação de pobreza. 4 1. 2. Situação da Saúde de Brancos e Negros Tabela 2 – Indicadores de Saúde do Estado do Rio de Janeiro por Raça Esperança de vida ao nascer (negros) Esperança de vida ao nascer (brancos) Mortalidade até 1 ano (negros) Mortalidade até 1 ano (brancos) Mortalidade até 5 anos (negros) Mortalidade até 5 anos (brancos) Probabilidade de sobrevivência até 40 (negros) Probabilidade de sobrevivência até 40 (brancos) Probabilidade de sobrevivência até 60 (negros) Probabilidade de sobrevivência até 60 (brancos) % de adolescentes com filhos (negros) % de adolescentes com filhos (brancos) Taxa de fecundidade (negros) Taxa de fecundidade (brancos) Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano. 1991 2000 64,2 69,0 34,8 25,2 42,0 26,9 86,5 91,1 68,4 77,5 6,19 4,26 2,37 1,92 68,0 71,3 23,4 18,7 26,7 18,9 90,6 93,3 75,1 81,3 10,08 6,31 2,35 1,83 Variação Absoluta 3,8 2,3 -11,4 -6,5 -15,3 -8,0 4,1 2,2 6,8 3,8 3,89 2,05 -0,02 -0,09 Relativa 6,0 3,3 -32,8 -25,7 -36,4 -29,7 4,8 2,4 9,9 5,0 62,84 48,11 -0,84 -4,69 Os indicadores de saúde confirmam as diferenças existentes entre brancos e negros no Estado do Rio de Janeiro. Em termos de esperança de vida, os negros vivem quase três anos menos que os brancos. Nota-se pela tabela 2 que nos indicadores de longevidade e 4 Para ver uma revisão da literatura brasileira a respeito da relação entre desigualdade e pobreza e educação, ver Ferreira (2000). 16 mortalidade as variações positivas são mais acentuadas para os negros que para os brancos, indicando uma tendência de convergência, ou seja, as distancias entre brancos e negros têm se reduzido ao longo dos anos. Gráfico 22 Esperança de Vida 72 70 68 Negros 66 Brancos 64 62 60 1991 2000 As desigualdades raciais, contudo, ainda se mostram bastante presentes nos indicadores. È possível perceber que os indicadores dos negros em 2000 estão mais ou menos próximos aos dos brancos há dez anos atrás, com algumas diferenças. Enquanto em termos de mortalidade os negros em 2000 estão um pouco melhor que os brancos estavam em 1991, em longevidade os negros em 2000 estão pior que os brancos estavam dez anos antes. Gráfico 23 Gráfico 24 Mortalidade até 1 ano Mortalidade até 5 ano 40 35 30 25 20 Negros Brancos 15 10 5 0 1991 Gráfico 25 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 2000 Negros Brancos 1991 2000 Gráfico 26 17 Probabilidade até 60 Probabilidade até 40 94 85 92 80 90 88 Negros 75 Negros Brancos 70 Brancos 86 65 84 82 60 1991 2000 1991 2000 Já o percentual de adolescentes com filhos cresceu mais para os negros que para os brancos, aumentando a distância entre eles como podemos observar no gráfico 27. Uma em cada dez meninas negras de 15 a 17 anos têm filhos. A diferença aumentou mais também na taxa de fecundidade. A taxa de fecundidade dos negros diminuiu apenas 0,85 % enquanto a dos brancos em 4,7%. Gráfico 27 Gráfico 28 Taxa de Fecundidade Percentual de adolescentes com filhos 2,5 12 10 2 8 Negros 6 Brancos 4 1,5 Negros Brancos 1 0,5 2 0 0 1991 2000 1991 2000 18 2. As regiões do Rio de Janeiro O Estado do Rio de Janeiro possui 8 regiões, heterogêneas em diversos fatores relacionados à Saúde. Dado isto, esta seção analisa como as regiões da Baia de Ilha Grande, Noroeste Fluminense, Baixada Litorânea, Centro-Sul, Médio Paraíba, Metropolitana, Serrana e Norte Fluminense evoluíram nesta última década, e como estão hoje, nos indicadores de Saúde. Gráfico 29 Esperança de Vida das regiões do Estado do Rio de Janeiro (1991-2000) 72,0 70,6 70,5 70,0 69,6 69,6 69,5 69,9 69,0 68,1 68,0 68,0 67,4 66,5 66,7 66,7 66,0 64,0 66,4 65,6 63,6 62,0 60,0 Norte Fluminense Centro-Sul Metropolitana Baia Ilha Grande 1991 Noroeste Fluminense Baixada Litorânea Serrana Médio Paraíba 2000 A esperança de vida é um indicador bastante homogêneo nas regiões do Estado. No ano de 2000, a região com maior índice foi o Médio Paraíba, com 70,6 anos, seguido de perto pela Região Serrana com 70,5 anos, enquanto a pior foi a Norte Fluminense, com 67,4 anos. No entanto, observa-se que com exceção dessa última, as outras regiões do estado apresentam esperanças de vida acima de 69 e abaixo de 71 anos, o que demonstra a pequena variância. 19 Em 1991, o Médio Paraíba já era a melhor região e o Norte Fluminense a pior. No entanto, como foi que cada região evoluiu ao longo de toda a década? O destaque positivo foi a Serrana, que estava com o terceiro pior índice em 1991 e passou a segundo melhor, após um crescimento de 6,2 % em seu indicador. Igualmente positiva foi a trajetória da Noroeste Fluminense que observou um aumento de 6,1 % na sua esperança de vida. Por outro lado, a Baía de Ilha Grande foi a região que menos cresceu, com um aumento de 2,4 %. Um segundo destaque negativo fora a região Metropolitana, que saiu do 3º lugar para o 6º, evoluindo 4,2 %. Gráfico 30 Mortalidade Infantil até 1 ano nas regiões do Estado do Rio de Janeiro (1991-2000) 45,0 40,0 39,2 35,0 33,0 31,8 30,7 30,6 29,5 30,0 26,0 25,0 25,9 24,2 21,6 20,7 20,0 19,7 19,3 18,7 17,4 17,3 15,0 10,0 5,0 0,0 Norte Fluminense Metropolitana Centro-Sul Noroeste Fluminense 1991 Baia Ilha Grande Baixada Litorânea Serrana Médio Paraíba 2000 20 Gráfico 31 Mortalidade Infantil até 5 anos nas regiões do Estado do Rio de Janeiro (1991-2000) 50,0 45,0 44,7 40,0 37,8 35,1 35,1 35,0 33,8 35,0 29,8 30,0 29,6 27,4 25,0 23,4 23,1 22,4 21,8 21,1 19,7 20,0 19,7 15,0 10,0 5,0 0,0 Norte Fluminense Centro-Sul Metropolitana Noroeste Fluminense 1991 Baia Ilha Grande Baixada Litorânea Serrana Médio Paraíba 2000 Quanto a mortalidade infantil, a melhor região também é a do Médio Paraíba com 17,3 e 19,6 crianças até 1 ano e até 5 anos mortas a cada mil, respectivamente, seguido de perto pela região Serrana com índices de 17,4 e 19,7. Novamente o Norte Fluminense apresenta o maior índice de mortalidade infantil para crianças de até 1 ano, 24,2, e para crianças de até 5 anos, com 27,4. Pelos gráficos percebe-se que entre 1991 e 2000, as regiões do estado ficaram mais homogêneas em termos de mortalidade infantil. A região que mais evoluiu em termos de mortalidade infantil foi a Serrana, com quedas de mais de 40 %. O Noroeste Fluminense também apresentou melhorias significativas na mortalidade infantil. A região que menos avançou foi a Baía de Ilha Grande com decréscimos de 26%. Com isso, a região Serrana saiu do 4º melhor índice para o 1º entre 1991 e 2000, enquanto a Baía de Ilha Grande, que saiu do 2º para o 4º lugar, tanto na mortalidade infantil de 1 ano quanto para 5 anos. 21 Tabela 3: Probabilidade de sobrevivência das regiões do Estado do Rio de Janeiro (19912000) Baia Ilha Grande Noroeste Fluminense Baixada Litorânea Centro-Sul Médio Paraíba Metropolitana Serrana Norte Fluminense Prob. de sobrevivência até os 40 anos 1991 2000 90,6 92,3 88,4 92,1 89,5 92,5 89,1 91,8 90,7 93,0 88,7 91,9 89,1 93,0 86,4 90,4 Prob. de sobrevivência até os 60 anos 1991 2000 76,3 78,8 71,7 78,7 73,8 79,4 73,3 77,7 76,4 80,6 72,8 77,9 73,3 80,5 67,9 74,6 A probabilidade de sobrevivência até os 40 anos e até os 60 anos são outros dois indicadores que apresentam relativa homogeneidade entre as regiões do Rio. A maior probabilidade até 40 anos, no ano de 2000, é do Médio Paraíba com 93 %, seguido de perto pela região Serrana com 92,9 %. Enquanto isso, a menor probabilidade é do Norte Fluminense com 90,4 %, ou seja, uma distância de apenas 2,6 %. Para 60 anos, a região com maior probabilidade de sobrevivência continua sendo do Médio Paraíba, 80,6 %, seguido pela região Serrana com 80,5 %. A menor probabilidade continua sendo a do Norte Fluminense com 74,6 %, distante 5,9 % do 1º lugar. Ou seja, quanto mais velho, maior a distância entre a melhor e a pior região, o que reflete um retorno crescente das condições de Saúde em relação à idade. A região que mais evoluiu nesta última década foi o Norte Fluminense com um aumento na probabilidade de 4,7 % para 40 anos e 10 % para 60 anos. No entanto, por melhor que tenha sido a sua trajetória nos anos 90, o Norte Fluminense não conseguiu sair da pior colocação do Estado do Rio. Da mesma forma que na maioria dos indicadores anteriores, a região que menos evoluiu foi a Baía de Ilha Grande com aumentos de probabilidade para 40 e 60 anos de 1,8 % e 3,4 % respectivamente. Isto reflete uma enorme discrepância com relação à evolução de cada região. A Baía de Ilha Grande possuía a 2ª maior probabilidade de sobrevivência tanto para pessoas de 40 anos quanto para de 60 anos. E devido a essa evolução mais lenta que nas demais regiões, passou a 4ª lugar. Por outro lado, a melhor região, Médio Paraíba, que era 1º em 1991, conseguiu manter-se com 22 a maior probabilidade de sobrevivência do Estado do Rio, mesmo com a 2ª pior trajetória da década. Esta relação negativa entre a colocação no ranking das regiões e trajetória entre 1991 e 2000 pode acarretar, em um futuro próximo, a convergência entre as regiões. Gráfico 32 Percentual de adolescentes com filhos das regiões do Estado do Rio de Janeiro (1991-2000) 12,0 10,3 10,0 8,6 8,5 8,3 8,0 8,0 7,6 7,4 6,6 6,0 6,0 5,5 5,2 5,2 4,8 4,0 3,8 3,6 3,7 2,0 0,0 Baia Ilha Grande Norte Fluminense Noroeste Fluminense Metropolitana 1991 Baixada Litorânea Centro-Sul Serrana Médio Paraíba 2000 Assim como em todo país, em especial no Estado do Rio de Janeiro, o percentual de adolescentes com filhos constitui um grave problema em todas as regiões do Rio. Em 2000 a região com o menor percentual é o Médio Paraíba, com 6% de meninas de 15 a 17 anos com filhos. A pior situação é encontrada na Baía de Ilha Grande que atinge 1 a cada 10 adolescentes. Essa distância de 4,3 pontos percentuais entre as regiões reflete uma grande variância deste índice no Estado do Rio. Mantendo a tendência do resto do país, todas as regiões regrediram na década de 90, aumentando o percentual de adolescentes com filhos. Essa trajetória se mostrou mais acentuada na Baía de Ilha Grande que quase triplicou o percentual. Nota-se que essa região 23 era a que tinha o melhor índice em 1991. A região que conseguiu praticamente manter esse indicador foi a Baixada Litorânea, passando da pior colocação para a 5ª melhor. Das oito regiões, apenas duas, Baixada Litorânea e Serrana, apresentam variação inferior da do Estado do Rio de Janeiro. Tabela 4: Taxa de Fecundidade das regiões do Estado do Rio de Janeiro (1991-2000) Baia Ilha Grande Noroeste Fluminense Baixada Litorânea Centro-Sul Médio Paraíba Metropolitana Serrana Norte Fluminense Taxa de Fecundidade 1991 2000 2,9 2,4 2,4 2,2 2,8 2,3 2,6 2,1 2,3 2,1 2,1 2,0 2,4 2,1 2,5 2,3 A taxa de fecundidade é outro indicador que apresenta certa homogeneidade. A região que apresentou a menor taxa em 2000 foi a Metropolitana com 2,0, enquanto no outro extremo encontram-se a Baía de Ilha Grande com 2,4 e a Baixada Litorânea com 2,3 filhos por mulher. Esses números refletem a enorme importância da região Metropolitana no Estado do Rio, uma vez que a taxa de fecundidade do Estado é de 2,06 e a única região abaixo desta taxa é a região Metropolitana. A colocação das regiões no ranking da taxa de fecundidade apresentou-se relativamente constante entre 1991 e 2000, e isto é conseqüência de uma evolução semelhante entre as regiões. Cinco das oito regiões apresentaram queda nas suas taxas de mais de 10 %. Com destaque positivo para o Centro-Sul com um decréscimo de 18,5 %. A queda menos acentuada ficou com a região Metropolitana, onde a taxa ficou praticamente estável em 2 filhos por mulher, permanecendo a mais baixa do Estado do Rio de Janeiro. 24 Tabela 5: Nº de Médicos por mil habitantes das regiões do Estado do Rio de Janeiro (1991-2000) Baia Ilha Grande Noroeste Fluminense Baixada Litorânea Centro-Sul Médio Paraíba Metropolitana Serrana Norte Fluminense Nº de Médicos por Mil Habitantes 1991 2000 0,8 0,7 1,3 1,2 0,3 1,0 1,4 1,1 1,4 1,6 2,5 2,5 1,3 1,7 1,2 1,3 Por fim, o número de médicos residentes para cada mil habitantes apresenta comportamento discrepante entre as oito regiões do Rio de Janeiro. Da melhor região em 2000, a Metropolitana com 2,5 médicos, para a pior, Baía de Ilha Grande com 0,7 médicos, há uma distância de 1,8 médicos para cada mil habitantes. E pode-se dizer que essa distância diminuiu. Em 1991, a melhor região ainda era a Metropolitana, com os mesmos 2,5 médicos, e a pior era a Baixada Litorânea com 0,3 médicos, uma diferença superior a 2 médicos. A evolução ao longo da década de 90 mostrou-se igualmente heterogênea, com a Baixada Litorânea aumentando pouco mais de 200 % seu número de médicos (passando de 0,3 para 1,0), enquanto o Centro-Sul e a Baía de Ilha Grande obtiveram quedas superiores a 20 % (23,3 % e 22,3 % respectivamente). 25 2. A Região Metropolitana A Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) é composta por 18 municípios além da cidade do Rio de Janeiro. Como a região metropolitana abriga 76% da população do estado, a média dos indicadores praticamente não varia em relação ao Estado como podemos observar na tabela abaixo. Tabela 6 - Indicadores de Saúde – 2000 Indicadores Esperança de vida Mortalidade até 1 Mortalidade até 5 Probabilidade de sobrevivência até 40 Probabilidade de sobrevivência até 60 Taxa de fecundidade Adolescentes com filhos Nº de médicos/mil hab. Estado do Rio de Janeiro 1991 2000 66,4 69,4 29,9 21,2 34,4 23,1 88,8 91,9 72,7 77,9 2,1 2,1 5,2 8,1 2,2 2,2 RMRJ 1991 66,5 29,6 34 88,8 72,7 2,1 5,2 2,5 2000 69,5 21,6 23,1 91,8 77,8 2 8,3 2,5 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano. É interessante observar, entretanto, possíveis diferenças nos avanços ou retrocessos ao longo dos anos 90. Através da tabela 3 percebe-se que os indicadores da Região Metropolitana do Rio são muito próximos ao da média do estado como um todo devido ao peso dessa região. Alem disso as variações foram muito pequenas, podendo-se dizer que houve uma certa igualdade no progresso dos indicadores ao longo da década de 90 entre Estado e Região Metropolitana. Um exercício relevante para avaliarmos a situação do Rio de Janeiro é compararmos as Regiões Metropolitanas de diversos Estados e Centros Regionais como a Grande Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, a Baixada Santista, Campinas e o Vale do aço do Sudeste; Curitiba, Londrina, Maringá, Carbonífera, Tubarão, Foz do Rio Itajaí, Vale do Itajaí, Norte/Nordeste Catarinense, Florianópolis e Porto Alegre do Sul; Belém, Fortaleza, 26 Grande São Luís, Natal Salvador, Maceió e Recife do Norte/Nordeste e Goiânia do Centro Oeste. Ou seja, pretende-se analisar nessa seção se os avanços foram similares aos das outra regiões metropolitanas, maiores ou menores. O primeiro ponto a ser ressaltado nessa análise é que a RMRJ, com exceção do número de médicos por mil habitantes, não se destaca em nenhum dos indicadores escolhidos. A melhor região nos indicadores de longevidade e mortalidade é o Núcleo Metropolitano Norte/Nordeste de Santa Catarina, enquanto a pior é a Região Metropolitana de Maceió. Gráfico 33 Esperança de Vida ao Nascer por Área Metropolitana - 2000 65,2 Maceió 68,4 Natal Grande São Luís 68,6 Grande Vitória 68,7 69,1 Salvador Rio de Janeiro 69,5 Fortaleza 69,6 70,1 Goiânia 70,3 Baixada Santista Belo Horizonte 70,4 São Paulo 70,4 Belém 70,5 Recife 70,6 Núcleo Metropolitano da RM Foz do Rio Itajaí 70,8 Curitiba 70,9 71,4 Londrina 71,8 Núcleo Metropolitano da RM Carbonífera Maringá 71,9 72,0 Porto Alegre Vale do Aço 72,6 Campinas 72,7 Núcleo Metropolitano da RM Vale do Itajaí 74,5 Núcleo Metropolitano da RM Florianópolis 74,6 75,3 Núcleo Metropolitano da RM Tubarão Núcleo Metropolitano da RM Norte/Nordeste Catarinense 58,0 76,2 60,0 62,0 64,0 66,0 68,0 70,0 72,0 74,0 76,0 78,0 O Rio, em termos de esperança de vida ao nascer, está mais próximo de algumas regiões do nordeste, como a de Salvador e Fortaleza, que às do sul-sudeste, como mostra o gráfico 22. A esperança de vida de uma pessoa que nasce na região metropolitana do Rio só é maior que daquelas que nascem nas regiões do nordeste (Salvador, São Luis, Natal e Maceió) e na Grande Vitória. E se observarmos a variação entre 1991 e 2000, percebe-se que enquanto as regiões do nordeste são as que apresentam maiores melhorias da expectativa de vida, Rio e Vitória avançam muito pouco relativamente. O Rio piorou de posição relativa entre 1991 e 27 2000: passou de 18º para 20º lugar dentre as 25 áreas metropolitanas, sendo ultrapassado por Fortaleza e Recife. Com a velocidade dos anos 90, o Rio de Janeiro levaria meio século para alcançar a Região Metropolitana de Florianópolis. No tocante a mortalidade infantil até um ano, a situação da RMRJ também não pode ser vista como favorável. Apenas 9 das 25 regiões analisadas possuem índices de mortalidade infantil maiores que o da região metropolitana do Rio. Embora tenha reduzido em oito pontos percentuais a parcela de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de idade, essa redução foi inferior a da maioria das regiões metropolitanas. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro tinha a menor taxa de fecundidade, 2,1 filhos por mulher, em 1991. Porém, no ano de 2000 a taxa passou para 2,0 e a RMRJ perdeu a posição de menor indicador. Das 25 regiões metropolitanas analisadas, o Rio foi superado por Salvador e Vale do Itajaí e alcançado por mais oito áreas metropolitanas. Neste sentido, o Rio foi o destaque negativo em termos de menores quedas absolutas e relativas da taxa de fecundidade na década de 1990. Ao observarmos as regiões metropolitanas do Brasil, temos como grande destaque positivo a Grande São Luis que tinha a maior taxa em 1991 (quase três filhos por mulher), e passou a 2,1, uma queda relativa de aproximadamente 28 %. Uma trajetória de deterioração ocorreu na variável de adolescentes com filhos, pois em 1991 o Rio de Janeiro estava com uma taxa de 5,2 %, a 9ª menor taxa do país, porém em 2000, com um aumento relativo de 59%, passou a 20º lugar dentre as regiões metropolitanas. Desta forma a RMRJ neste indicador está mais próxima das regiões do Nordeste como Recife e Natal, que de São Paulo ou Belo Horizonte. O Rio obteve uma das maiores variações relativas neste indicador, a 5ª do país. O destaque positivo foi a Região Metropolitana de Tubarão, única região que apresentou redução do percentual de adolescentes com filhos. A distância em termos absolutos entre o Rio de Janeiro e Tubarão é de 5,6 %. O destaque negativo é Salvador com 88 % de crescimento deste indicador, que a fez passar da 3ª menor taxa do Brasil para a 14ª. 28 Gráfico 34 Percentual de Adolescentes (15 a 17 anos) com Filhos por Área Metropolitana - 2000 11,63 Maceió 9,92 Núcleo Metropolitano da RM Foz do Rio Itajaí 9,14 Belém 8,57 Fortaleza 8,50 Curitiba 8,33 Rio de Janeiro Natal 8,32 Recife 8,30 8,27 Porto Alegre Baixada Santista 8,17 Grande São Luís 7,55 7,45 Goiânia Grande Vitória 7,13 Salvador 7,11 Núcleo Metropolitano da RM Carbonífera 7,09 Londrina 7,04 6,92 Maringá Campinas 6,39 Núcleo Metropolitano da RM Norte/Nordeste Catarinense 6,38 São Paulo 6,35 Núcleo Metropolitano da RM Florianópolis 6,26 5,93 Belo Horizonte 4,29 Núcleo Metropolitano da RM Vale do Itajaí 4,12 Vale do Aço 2,69 Núcleo Metropolitano da RM Tubarão 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 A região metropolitana do Rio de Janeiro, assim como o estado, possui o maior número de médicos por mil habitantes dentre as áreas metropolitanas brasileiras. Entretanto destaca-se o crescimento ao longo da década de 1990. Das 25 regiões, 20 apresentaram variações positivas nesse indicador. Deve se ressaltar, entretanto, a vantagem que a RMRJ mantém perante as outras regiões. 29 3. Situação dos Municípios do Estado do Rio de Janerio O estado do Rio de Janeiro é composto por 91 municípios. As diferenças entre eles são muito grandes em termos de tamanho e condições sócio-econômicas. A heterogeneidade é tão grande que temos um Brasil no Rio de Janeiro em termos de distâncias dos indicadores de saúde como veremos a seguir. Devido a essa heterogeneidade, dividimos a análise dos municípios do estado em quatro partes. A primeira faz a comparação entre a cidade do Rio de Janeiro (Núcleo) com a média da região metropolitana e do estado. Depois analisa-se a cidade em comparação com os outros demais 18 municípios da região metropolitana que compõem a Periferia. A terceira parte analisa as cidades médias do estado. Por fim, investigamos os melhores e piores municípios do estado. 3.1. A Cidade do Rio de Janeiro em relação ao Estado e a Região Metropolitana A cidade do Rio de Janeiro, como veremos em seguida, avançou em um ritmo mais lento entre 1991 e 2000 que o resto do estado nos indicadores de saúde. Contudo a capital ainda apresenta indicadores de longevidade e mortalidade melhores que a média metropolitana e do estado, com exceção da mortalidade infantil até um ano de idade. A esperança de vida de um indivíduo que nasce na cidade do Rio de Janeiro é de 70,3 anos, maior que a média da região metropolitana e do Estado. Entretanto, o crescimento entre 1991 e 2000 foi menor que para o estado e região metropolitana de forma que as distâncias foram reduzidas. Em termos de localização entre os municípios, a capital possui a 24ª maior expectativa de vida. 30 Gráfico 35 Gráfico 36 Variação relativa da Esperança de vida entre 1991 e 2000 Esperança de Vida ao Nascer 71 70,3 4,5% 4,5% 3,5% 4,0% 69 67,9 68 67 5,0% 69,5 69,4 70 66,5 66,4 1991 2000 3,0% 2,0% 66 1,0% 65 64 0,0% Estado RMRJ Cidade estado RMRJ Cidade No caso da mortalidade infantil até um ano de idade, a cidade do Rio de Janeiro apresenta um índice ligeiramente superior ao da média do estado e da região metropolitana, apesar do esforço de retração entre 1991 e 2000. Em termos de localização entre os 91 municípios como pode ser visto no anexo 1, a cidade do Rio de Janeiro está em 57º lugar em termos de mortalidade infantil até um ano, ou seja, 56 dos 91 municípios fluminenses têm índices de mortalidade até um ano inferiores ao da capital. Já com relação à mortalidade até cinco anos, a situação se inverte, e o indicador da cidade é melhor que a RMRJ e que a média do Estado e está em 43º lugar entre os municípios. Gráfico 37 Gráfico 38 Variação relativa da Mortalidade Infantil entre 1991 e 2000 Mortalidade Infantil - 2000 Mortalidade até 1 23,5 23,1 23,1 23 22 21,5 -5,0% estado Estado -10,0% RMRJ RMRJ -15,0% Cidade Cidade -20,0% 22,2 22,5 21,6 Mortalidade até 5 0,0% 21,8 21,2 21 -25,0% 20,5 -30,0% 20 Mortalidade até 1 Mortalidade até 5 -35,0% -27,0%-27,8% -29,1% -31,3% -32,8%-32,1% As probabilidades de sobrevivência até 40 e até 60 anos na cidade do Rio de Janeiro são ligeiramente maiores que no estado e que na média metropolitana. Mas pelo gráfico 34, percebe-se que os avanços foram menor na capital 31 Gráfico 39 Gráfico 40 Probabilidade de Sobrevivência (% ) 95 91,9 91,8 Variação relativa das probabilidade de sobrevivência 92,1 90 85 Estado 77,9 80 77,8 78,5 RMRJ Cidade 75 70 Probabilidade de sobrevivência Probabilidade de sobrevivência até 40 até 60 8,0% 7,0% 6,0% 5,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% 7,2% 7,0% 5,9% estado 3,5% 3,4% 3,3% Cidade Probabilidade de sobrevivência até 40 Gráfico 41 8,3 8,1 5,2 Estado Probabilidade de sobrevivência até 60 Gráfico 42 Taxa de Fecundidade Percentual de Adolescentes com Filhos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 RMRJ 5,2 RMRJ 7,6 4,7 Cidade 1991 2000 2,15 2,1 2,05 2 1,95 1,9 1,85 1,8 1,75 1,7 2,1 2,1 2,1 2,0 1991 2000 1,9 Estado RMRJ 1,9 Cidade O crescimento do percentual de adolescentes com filhos ocorreu também na cidade do Rio, que ainda apresenta um percentual inferior ao da RMRJ e do Estado, como podemos observar no gráfico 35. A taxa de fecundidade da cidade, como no estado e na RMRJ ficou praticamente estável. 3.2. Núcleo x Periferia A região metropolitana do Rio de Janeiro possui 19 municípios e muita heterogeneidade. Embora parte de uma mesma área geográfica, Niterói, com os melhores indicadores e Tanguá no outro extremo, por exemplo, apresentam uma enorme discrepância em seus indicadores. Mas e a capital? Como está a cidade do Rio de Janeiro em comparação com os outros municípios da periferia da Região Metropolitana? 32 De uma forma geral, observa-se que a maioria dos municípios da periferia da região metropolitana avançaram mais que a capital, com exceção dos municípios de Maricá e Nilópolis. Mapa 1 Uma pessoa nascida em Niterói tem uma esperança de vida de 73,5 anos, maior média da RMRJ. A cidade do Rio de Janeiro aparece em segundo lugar com 70,3 anos dentre as cidades que compõe a região metropolitana. Com as menores esperanças de vida aparecem Queimados e Tanguá com 66,4 anos. Nota-se ainda, em termos de evolução na década, que enquanto Niterói avançou 5,5 anos entre 1991 e 2000, uma das maiores variações absolutas dos municípios da região metropolitana, a esperança de vida na cidade do Rio cresceu 2,4 anos, uma das menores variações. No tocante a mortalidade infantil, a cidade do Rio embora tenha reduzido seus percentuais perdeu posição relativa em relação aos municípios da periferia. Enquanto em 1991 apresentava a terceira menor mortalidade infantil, abaixo de Niterói e Maricá, em 2000, seis municípios apresentavam índices de mortalidade melhores que o da Capital. Isso ocorreu 33 porque apesar da mortalidade ter caído de 30,2 para 21,8 por mil nascidos vivo, foi uma das menores variações absolutas e relativas. Maricá destaca-se com variações ainda menores, perdendo o posto de primeiro lugar ocupados em 1991 tanto em termos de esperança de vida quanto de mortalidade infantil até 1 e até 5 anos. Gráfico 43 Mortalidade infantil até 1 ano nos municípios da RMRJ - 2000 Tanguá 26,5 Queimados 26,5 Guapimirim 26,5 Japeri 25,9 Paracambi 23,9 Nilópolis 23,9 Duque de Caxias 23,9 Itaboraí 23,9 Belford Roxo 23,5 Magé 23,4 Seropédica 23,3 Nova Iguaçu 22,7 Rio de Janeiro 21,8 Itaguaí 21,7 Mangaratiba 19,6 São Gonçalo 19,4 Maricá 19,4 São João de Meriti 19,1 Niterói 12,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 Fatos similares ocorreram com a mortalidade até cinco anos de idade. Ou seja, o Rio, embora tenha avançado, perdeu posição em relação aos municípios da periferia. Guapimirim, mesmo tendo as maiores retrações absolutas e relativas entre 1991 e 2000, apresentou os piores índices de mortalidade infantil. Niterói se sobressai não só pelos melhores índices, mas pelos maiores avanços observados ao longo dos anos 90. Isso também ocorre em termos de probabilidade de sobrevivência até 40 anos e até 60 anos. E mais uma vez o Rio perde posição em relação a 1991, pelo desempenho não favorável dos anos 90 relativamente aos outros municípios. 34 O município da região metropolitana com menor taxa de fecundidade também foi Niterói, tanto em 1991 quanto em 2000 (passando de 1,76 para 1,61), com o Rio de Janeiro em 2º lugar também nesses dois anos (aumentando de 1,86 para 1,87). O Rio de Janeiro precisa de 260 anos para alcançar Niterói, se mantiver sua taxa relativa de crescimento em 0,5 % e Niterói em – 8,5 %). O pior em 1991 era Guapimirim, com 3 filhos por mulher. A diferença relativa com relação ao Rio de Janeiro era de 40 % ou de 33 anos se mantiver uma taxa de –12,5 %. Em 2000, Tanguá passa à última colocação com uma taxa de 2,73 e uma diferença de 46 % em relação ao Rio de Janeiro. Se mantiver sua taxa em –8,7 %, Tanguá alcança o Rio de Janeiro em 53 anos5. Com relação ao percentual de adolescentes, mais uma vez Niterói possuía a melhor taxa com 3,41 %, enquanto o Rio de Janeiro obteve 4,69 %, com o 3º melhor indicador da região Metropolitana. Em 2000, Guapimirim ultrapassa Niterói (7,35 %) e passa a apresentar o menor percentual de adolescentes com filhos com 7,05 %. O Rio de Janeiro, por sua vez, após um aumento de pouco mais de 60 % passa a uma taxa de 7,55 %, pulando para 4º lugar. A distância relativa entre Guapimirim e Rio de Janeiro é de 7 %, O pior em 1991 era o município de Japeri, com 12,3% das adolescentes com filhos, uma distância relativa com relação ao Rio de Janeiro foi de pouco menos que 100 %. Porém em 2000 após um aumento de 170 % entre 1991 e 2000, a pior taxa passa a ser Mangaratiba (de 5,7 % a 15,4 %). A distância relativa entre o Rio de Janeiro e Mangaratiba é de pouco mais de 100 % ou 17 anos. 5 Isto se o Rio de Janeiro ficar parado. 35 Gráfico 44 Percentual de Adolescentes com Filhos nos Municípios da RMRJ Mangaratiba 15,4 Japeri 14,9 Seropédica 13,4 Paracambi 12,3 Tanguá 12,3 Maricá 11,7 Itaguaí 10,9 Duque de Caxias 10,3 Magé 10,2 Itaboraí 10,0 Belford Roxo 9,7 Nilópolis 9,3 Nova Iguaçu 9,1 Queimados 9,0 São João de Meriti 7,6 Rio de Janeiro 7,6 Niterói 7,3 São Gonçalo 7,2 Guapimirim 7,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 O número de médicos foi o indicador que apresentou uma maior constância nas posições relativas dos municípios. Niterói é o município brasileiro com maior número de médicos residentes por mil habitantes. Esse índice passou de 6,87 para 7,27 entre 1991 e 2000. O Rio de Janeiro, por sua vez, embora com uma queda absoluta de 0,2, também mantém um índice bem elevado de 3,67. Destaca-se entretanto que o Rio Janeiro tem cerca de metade do número de médicos por habitantes de Niterói. Nos demais municípios da região metropolitana o número de médicos por mil habitantes não chega a 1. Em resumo, podemos concluir que a Capital do Estado do Rio de Janeiro ainda é, apesar de seus enormes problemas e retrocessos, um dos melhores municípios desta área. Entretanto, com exceção de Niterói, um outlier na periferia, as distâncias para a Capital ainda são expressivas. De fato, Niterói merece destaque positivo pois em muitas das variáveis analisadas, permaneceu em 1º lugar e com grandes avanços ao longo da década de 1990. 36 3.3. As cidades médias Para esta análise selecionamos as cidades que não fazem parte da região metropolitana e possuem mais que 100 mil habitantes, que totalizam 10 cidades no estado do Rio de Janeiro: Volta Redonda (Médio Paraíba), Barra Mansa (Médio Paraíba), Resende (Médio Paraíba), Angra dos Reis (Baía da Ilha Grande), Cabo Frio (Baixada Litorânea), Nova Friburgo (Região Serrana), Teresópolis (Região Serrana), Petrópolis (Região Serrana), Macaé (Norte Fluminense) e Campos dos Goytacazes (Norte Fluminense). Além disso comparamos com as melhores e piores cidades médias do Brasil em cada indicador analisado. Através da análise dos indicadores de 2000, percebe-se primeiramente que as cidades médias estão em situação favorável para o padrão fluminense. Das dez cidades médias do interior, sete têm indicadores de longevidade e mortalidade superiores aos da capital e de todas os municípios da periferia. Como exemplo temos que a esperança de vida nessas cidades é superior a 70 anos, enquanto a capital e todas as cidades que compõem a periferia têm esperanças de vida inferiores à essa idade. Em situação mais desfavorável, está Angra dos Reis, Macaé e Campos, com alguns indicadores piores inclusive que os municípios da periferia. Nova Friburgo se destaca com os melhores indicadores de esperança de vida e mortalidade infantil enquanto Campos apresenta os piores índices. Em segundo lugar está Barra Mansa no extremo mais favorável e Macaé no outro extremo. Destaca-se que as duas cidades com piores índices de saúde se situam na região do Norte Fluminense. 37 Gráfico 45 Esperança de Vida ao Nascer 73,0 72,3 72,2 72,0 70,8 71,0 70,8 70,1 70,1 70,0 70,0 RJ 69,1 69,0 67,6 68,0 66,8 67,0 66,0 65,0 Ca m po s M ac aé An gr ad os Re is Re se nd e Te re só po lis Pe tró po lis Vo lta Re do nd a Ca bo Fr io M an sa Ba rra Fr ibu rg o 64,0 Como pode ser observado no gráfico 39 das cidades médias do interior, apenas Angra, Macaé e Campos possuem uma esperança de vida inferior a média do estado do Rio de Janeiro. Sendo que no caso de mortalidade infantil até 1 ano, apenas Macaé e Campos apresentam índices superiores ao da média fluminense. 38 Gráfico 46 Mortalidade Infantil até 1 ano 30,0 25,5 23,5 25,0 RJ 20,0 15,0 16,7 14,0 16,7 18,2 18,2 18,3 20,1 14,2 10,0 5,0 Ca m po s M ac aé An gr ad os Re is Re se nd e Te re só po lis Pe tró po lis Vo lta Re do nd a Ca bo Fr io M an sa Ba rra Fr ibu rg o 0,0 Com relação aos municípios do Brasil, mesmo Nova Friburgo levaria 16 anos para alcançar a melhor cidade média brasileira, em termos de esperança de vida, que é Chapecó em Santa Catarina (76,3 anos). Mesmo o município de Campos (66,8 anos) apresenta uma esperança de vida quase 10 anos maior que Codó no Maranhão, pior cidade brasileira nesse indicador. Em termos de maiores avanços das cidades médias fluminense, destacam-se Nova Friburgo e Teresópolis, ambos na região serrana. Já as cidades da região do Médio Paraíba, Volta Redonda e Resende, apresentaram os menores incrementos em termos de esperança de vida e mortalidade infantil. Já em termos de número de médicos por habitantes, tem-se uma situação diferente. Os melhores índices são os de Teresópolis e Volta Redonda, enquanto os piores são de Angra dos Reis e Barra Mansa. Essas duas cidades e Petrópolis não avançaram no sentido de aumentar a relação médicos por mil habitantes. As cidades que mais se beneficiaram com o aumento de número de médicos foram Teresópolis e Cabo Frio. Nessa última, o índice mais que triplicou, passando de 0,6 para 2,0 médicos por habitantes. 39 Na análise das cidades médias do Brasil, nota-se a má distribuição do número de médicos por mil habitantes. Ribeirão Preto, em São Paulo, apresenta um índice de quase cinco médicos por mil habitantes, enquanto Várzea Grande, no Mato Grosso, não chega a 1 médico por mil habitantes e houve retração ao longo dos anos 90. Partindo para a análise da taxa de fecundidade, não há grandes discrepâncias entre as cidades médias do Rio de Janeiro, situando em torno de 2 filhos por mulher. Já entre os municípios médios brasileiros, em Águas Lindas de Goiás, as mulheres têm em média 3,7 filhos e no outro extremo está Juiz de Fora (MG) com 1,7 filhos. Diferente da relativa homogeneidade da taxa de fecundidade, o percentual de adolescentes com filhos varia muito entre as cidades médias fluminenses. Em Barra Mansa, apenas 3,9% das meninas têm filhos, enquanto em Macaé, Angra e Cabo Frio, são mais de 10%. Em termos de variação entre 1991 e 2000, destaca-se que em Angra o percentual de adolescentes com filhos mais que dobrou. Já em Resende, foi a única cidade que conseguiu redução desse índice. Com relação às cidades médias do Brasil, Crato (Ceará) apresenta o maior percentual de adolescentes com filhos (15%). Curioso que Águas Lindas de Goiás, apesar de apresentar a maior taxa de fecundidade, possui o menor percentual de adolescentes com filhos (3,2%). 6 Vale destacar que Quatis estava em 27º lugar em 1991, quando o primeiro lugar era ocupado por Itatiaia. 40 5. Considerações finais Os indicadores de longevidade e mortalidade mostram que o estado do Rio de Janeiro avançou mais lentamente que a média brasileira entre 1991 e 2000. Embora o Rio ainda tenha indicadores melhores que o Brasil como um todo, as distâncias foram reduzidas em termos de mortalidade infantil e esperança de vida. Já no tocante aos indicadores que o Rio apresentava grande vantagem no início dos anos 90, taxa de fecundidade e número de médicos por mil habitantes, houve estagnação. Enquanto o Rio manteve-se em primeiro lugar no índice de número de médicos, deixou de ser o estado com menor taxa de fecundidade. Houve aumento da gravidez precoce em todos os estados, com exceção do Amapá, sendo que no Rio o crescimento do percentual de adolescentes com filhos foi maior que na média brasileira. A relação entre esperança de vida ao nascer e os indicadores meio, tais como renda domiciliar per capita e número de médicos residentes por mil habitantes, mostra que o Rio chegou em 2000 no nível que deveria estar em 1991 com relação aos meios disponíveis. Em outras palavras, a esperança de vida observada em 2000 é a que o Rio deveria ter dez anos antes, dada a sua quantidade de médicos e renda domiciliar per capita. A mesma situação é encontrada na correlação entre mortalidade infantil até um ano e número médicos. As diferenças entre brancos e negros continuam significativas embora tenham se reduzido nos anos 90, já que os indicadores dos negros evoluíram mais que os dos brancos. Entretanto, pode-se afirmar que os negros de uma maneira geral estão em 2000 em uma situação próxima a que os brancos estavam dez anos antes. Quanto às regiões do estado, podemos concluir que em termos de mortalidade e longevidade, a Região do Médio Paraíba tem os melhores resultados, enquanto o Norte Fluminense, apresenta a situação mais grave. A região Serrana teve grandes avanços nos anos 90, enquanto Angra e Parati que compõem a região da Baía de Ilha Grande foram 41 relativamente piores. Essa região já está em último lugar em indicadores como o percentual de adolescentes com filhos. A situação da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) é muito próxima à média do estado devido ao peso dessa região. Mas se comparamos a RMRJ com as 25 demais áreas metropolitanas do Brasil, percebe-se que ela não se destaca positivamente em termos de posição relativa em 2000, nem tampouco na evolução da última década. A RMRJ está mais próxima das regiões do Nordeste, em indicadores como esperança de vida e percentual de adolescentes com filhos, que das regiões do Sul e Sudeste. A cidade apresenta indicadores melhores que o da média do estado e da região metropolitana, com exceção da mortalidade infantil até um ano, embora o ritmo de avanço dos indicadores de longevidade e mortalidade entre 1991 e 2000 tenha sido ainda mais lento que o do estado. Além disso, a gravidez precoce aumentou mais em termos percentuais na cidade que na média do estado e da região metropolitana. A capital do estado ainda é, apesar de ter avançado menos que os municípios da periferia em alguns indicadores e retrocedido em outros, um dos melhores municípios da RMRJ. Niterói destaca-se com os melhores indicadores e maiores avanços, o que o distancia cada vez mais da Cidade do Rio de Janeiro. As cidades médias estão em situação favorável para o padrão fluminense, embora tenham avançado relativamente pouco no período analisado. Destacam-se Nova Friburgo e Barra Mansa com melhores indicadores em 2000 e Teresópolis com maiores avanços. Em situação mais desfavorável, está Angra dos Reis, Macaé e Campos, com alguns indicadores piores inclusive que os municípios da periferia da cidade do Rio. Um dos grandes desafios do Rio de Janeiro é aproveitar os meios que dispõe em termos de renda e número de médicos para proporcionar melhores condições de saúde para a população. Investimentos em saneamento básico e em prevenção se fazem necessários para melhorar significativamente os índices, sobretudo os de mortalidade infantil. Deve-se 42 alertar ainda para a redução dos percentuais de adolescentes com filhos, seja através de informações nas escolas ou através da distribuição de preservativos em comunidades com menor poder aquisitivo. 43 Bibliografia Alves, D. e Timmis, C. “Social exclusion and the two-tiered healthcare system of Brazil”. 2001. Mimeo. Andrade, Mônica Viegas e Lisboa, Marcos de Barros. A economia da saúde no Brasil. In: Microeconomia e Sociedade no Brasil. Rio de Janeiro, Contra Capa, 2001a. Andrade, Mônica Viegas e Lisboa, Marcos de Barros. Mortalidade nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Estudos Econômicos. Vol 31. Nº 1, 2001b. Andrade, Mônica Viegas e Lisboa, Marcos de Barros. Determinantes dos gastos pessoais privados com saúde no Brasil. EPGE, 2001c, Mimeo. Ferreira, F.H.G. Os determinantes da desigualdade de renda no Brasil: Luta de classes ou heterogeneidade educacional?. fev. 2000. 29p. em R. Henriques (ed) Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2000 Gertler, Paul & Gaag, Jaques van der. “The willingness to pay for medical care: evidence from two developing countries.” The Jonh Hopkins University Press, 1995. Pnud. Saúde: entre a prevenção e a cura. In: “Relatório de Desenvolvimento Humano na Cidade”. Ipea, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2000. 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