SME defende recompra de ações em mãos da Southern SEB detém 14,41% do capital LUCIANE LISBOA A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) defende a recompra das ações da Southern Electric Brasil (SEB) pela Companhia Energética de Mins Gerais (Cemig). Para o presidente da entidade, Márcio Trindade, a estatal sempre se distinguiu das demais empresas brasileiras de energia pelo seu perfil expansionista. E com a comprovação do sucesso de sua atual política aquisitiva, voltar a investir “nela mesma”, seria, definitivamente, um bom negócio. “A Cemig mantém uma política de expansão equilibrada, orientada por quem realmente entende do assunto. Desde a sua criação, a estatal sempre foi gerida por empreendedores que visavam sua escalada rumo à liderança do mercado”, disse. A saída do capital da SEB da Cemig abre espaço para que a estatal possa recomprar suas ações. A SEB é integrante do consórcio formado pelas norte-americanas AES e Mirant, além do banco Opportunity, e que detém, desde 1997, 32,96% do capital votante e 14,41% do capital total da concessionária mineira. No entanto, isto não estaria nos planos da companhia, já que tais ativos estariam sendo negociados com Andrade Gutierrez Concessões (AGC) desde o ano passado. A empresa teria firmado um acordo com o fundo de investimentos 524 Participações, controlado pelo Opportunity, para a aquisição das ações da SEB. Para tanto, pretende pagar US$ 25 milhões além de assumir uma dívida de US$ 1,4 bilhão que o consórcio tem com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Na opinião de Trindade, na hora certa a Cemig saberá tomar a decisão mais acertada em relação à recompra ou não de suas ações. “A Cemig sempre foi exemplo de boa gestão. Com certeza, será uma decisão empresarial acertada”, ressaltou. Segundo ele, as aquisições realizadas pela estatal nos últimos anos, mesmo tendo sido priorizados ativos fora de Minas – a Cemig investiu R$ 1,8 bilhão só no ano passado na compra de participações acionárias em várias companhias, a última aquisição foi exatamente dos 13,03% da AEG e da Equatorial Energia na concessionária Light S/A – comprovam que a direção da empresa está fazendo um excelente trabalho, consolidando-a como a maior companhia de energia elétrica do Brasil. “Foram boas oportunidades de negócios”, ressaltou. Ele também não acredita que a estatal esteja sendo usada como arma política pelo governador Aécio Neves para consolidar uma possível candidatura à Presidência da República. “Essa crítica não procede. A gestão da Cemig só é comprometida com os resultados”, disse. Polêmica – A abertura da Cemig ao capital privado foi polêmica e ocorreu durante o governo Eduardo Azeredo. Na época, o consórcio da SEB adquiriu quase 33% das ações votantes da estatal com recursos financiados pelo BNDES, como parte do programa de privatização adotado pelo então presidente FHC. O banco de fomento até hoje não recebeu o pagamento da operação. E está na Justiça para conseguir ser ressarcido ou ter as ações de volta. Em 1999, Itamar Franco, durante sua gestão no governo de Minas, moveu uma ação questionando o negócio. Ele era contra a venda das ações da Cemig para a iniciativa privada e queria obrigar a empresa a recomprar a parte negociada com a SEB. No entanto, conseguiu apenas rever o poder de voto da acionista minoritária junto ao Conselho Administrativo da estatal. Doze anos após da venda das ações da Cemig para o consórcio norte-americano, ainda não está claro porque o governo do Estado renunciou a essa parte das ações na Cemig.