ENTREVISTA
GLEYSE MARIA COUTO PEITER
COMPROMISSO COM A
Foto: Orlando Aguiar
igualdade
ENTRE
OS SEXOS
C
riada há três anos, a Coordenação
deResponsabilidade Social (CS.P),
gerenciada por Gleyse Maria Couto Peiter,
engenheira de FURNAS há 26 anos, tem
desenvolvido importantes iniciativas que
renderam à Empresa diversos prêmios e
certificações. No ano passado, os 108 projetos sociais apoiados pela CS.P beneficiaram mais de 100 mil pessoas. Em 2003, a
coordenação iniciou a discussão das questões de gênero na Empresa e comunidades
de sua área de atuação. Nesta entrevista, a
gerente apresenta um balanço das atividades da unidade e as perspectivas futuras.
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NESSES TRÊS ANOS, QUAIS AS
FURNAS, não será necessária. Tudo
moradores da região do rio Madeira
MAIORES VITÓRIAS?
está interligado. Esse foi um grande
e, especificamente, com as mulhe-
A principal foi consolidar a impor-
ganho. Atualmente a Empresa per-
res pescadoras que hoje contam com
tância do desenvolvimento social alia-
cebe isso muito bem. Uma outra vitó-
uma cooperativa de biojóias. Isso
do ao econômico, adotar a eqüidade,
ria é a construção do relacionamento
mudou a relação local com as comu-
ter consciência de que não adianta só
com as comunidades. Criar interlo-
nidades, antes mesmo do empreen-
tratar do econômico e não pensar no
cução local, ouvir os moradores para
dimento (Projeto Madeira) come-
social. O desenvolvimento social pas-
saber de suas necessidades, tudo isso
çar a ser construído. Já existe um
sou a ser importante para a imagem
é importante para o nosso trabalho,
processo para a responsabilidade
corporativa, e é um fator de subsis-
e é nesse momento que as questões
social participar dos novos empre-
tência, porque se não houver consu-
de gênero entram na conversa. Te-
endimentos, criar logo no início essa
midores, o país não evolui e desse
mos um bom exemplo em Rondônia,
relação de confiança e de apoio às
modo a energia, que é o produto de
onde fazemos um trabalho com os
comunidades vizinhas.
REVISTA FURNAS
ANO XXXII
Nº 333
JUNHO 2006
A EMPRESA É PIONEIRA NAS
AÇÕES DE GÊNERO NO SETOR
ELÉTRICO?
partir daí, FURNAS criou um Grupo de
Gênero (GG), com representantes de todas as diretorias, para discutir a situação
das mulheres na Empresa e nas comuni-
Sim. FURNAS adotou como eixo de
suas ações sociais os Oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, que
além de ser um posicionamento da
Empresa é um compromisso assumido pela nação brasileira no ano 2000,
por ocasião da cúpula do milênio da
Organização das Nações Unidas
(ONU), quando 191 países assinaram
o compromisso de cumprir oito objetivos, para mudar a realidade do
mundo até 2015. Apesar dos problemas da pobreza e da fome serem
muito parecidos em vários países, na
questão das mulheres, especificamente, que é o objetivo número três –
igualdade entre os sexos e valorização da mulher –, o Brasil tem proble-
dades vizinhas. Ao longo de 2005, implantamos em conjunto com o GG o projeto
Mulher numa Perspectiva de Gênero.
Foram centenas de reuniões em dez meses de trabalho, em oito áreas geográficas, coletando dados. Hoje temos um re-
um retrato
da situação
da mulher na
Empresa e nas
comunidades”.
trato da situação da mulher na Empresa
e nas comunidades. Este ano, vamos estender essas atividades para mais dezoito áreas, discutindo com os empregados e as comunidades com o auxílio de
oficinas e seminários. Ao final de 2005,
os resultados apurados nas áreas regi-
QUAL A IMPORTÂNCIA DO
SELO PRÓ-EQÜIDADE DE
GÊNERO?
onais, no Escritório Central e nas comu-
O Selo Pró-Eqüidade de Gêne-
nidades do entorno geraram as Diretri-
ro dará uma visibilidade à atua-
zes para as Mulheres Sob a Perspectiva
ção da Empresa no que diz respei-
de Eqüidade de Gênero.
to à diversidade e a igualdade
entre os sexos. Ganhar o selo sig-
países islâmicos.
HÁ ALGUMA RESISTÊNCIA NA
PROCESSO?
Hoje temos
Construindo um Olhar Coletivo sobre a
mas bem diversos, por exemplo, dos
COMO TEVE INÍCIO ESTE
“
EMPRESA?
nifica ter um Plano de Ação que
garanta igualdade de oportunidades em FURNAS. O plano foi
Acho que está sendo muito tranqüilo
elaborado pelo GG, submetido
Aqui em FURNAS começamos a
tratar da questão de gênero em FURNAS.
à Secretaria Especial de Política
nos dedicar às questões de gênero
Muitos homens têm participado das ofici-
para as Mulheres e, quando
em 2004, quando participamos da
nas nas áreas regionais e gostam dessa
aprovado, seremos certificados.
I Conferência Nacional de Política para
discussão, até porque é assunto que se
Ainda dentro do Plano de Ação,
as Mulheres, promovida pela Secre-
pode conversar na família. O GG também
FURNAS é a única empresa do
taria Nacional de Política para as
contribuiu muito para ampliar essa discus-
Comitê Permanente de Gênero
Mulheres, em Brasília, e que nas eta-
são, diminuindo as possíveis resistências.
que produziu um documento
pas preliminares mobilizou 120 mil
O processo de discussão já foi uma mu-
como as Diretrizes para as Mu-
mulheres do Brasil inteiro. Todos os
dança na Empresa, porque trouxe à tona
lheres sob a Perspectiva de Eqüi-
ministérios foram convocados, e o de
questões que nunca haviam sido tocadas.
dade de Gênero. Este documen-
Minas e Energia (MME) foi dos mais
FURNAS é uma casa de engenheiros, nas
to, aprovado pela Diretoria e
atuantes criando o Comitê Perma-
áreas regionais 10% são mulheres, no Es-
distribuído a todos os emprega-
nente para as Questões de Gênero do
critório Central são só 19%. Somos muito
dos, reflete a posição da Empre-
MME e Empresas Vinculadas com vis-
poucas. Identificamos uma demanda em
sa como um todo, mulheres e
tas à conferência. FURNAS é repre-
FURNAS para as mulheres serem capacita-
homens; este é o diferencial do
sentada pela CS.P nesse comitê. A
das mais em trabalhos técnicos.
nosso trabalho.
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Compromisso com a igualdade entre os sexos