INCIDÊNCIA DE AIDS POR SEXO NO ESTADO DE MINAS GERAIS, NO PERÍODO DE 2007 A 2010. AIDS INCIDENCE BY SEX IN STATE OF MINAS GERAIS, FROM 2007 TO 2010. Larissa de Oliveira Abrantes1; Amanda Cristina Souza Morais1; Guilherme José Costa Ferreira1; João Paulo Pereira Caldas1; Priscilla Lourenço Carlos1. 1 – Acadêmico do curso de medicina da Faculdade Atenas. Contato: [email protected] Resumo Objetivo: Devido ao acentuado número de casos que, com persistência, concentra-se no Sudeste do país, este estudo teve a finalidade de delinear as taxas de incidência por sexo no estado de Minas Gerais, de 2007 a 2010. Método: Trata-se de estudo ecológico, adotando o estado de Minas Gerais como unidade de observação, usando o sistema DataSUS como base de dados, buscando as notificações de AIDS no período de 2007 a 2010. Resultados: No total, referente ao período avaliado, os casos verificados em homens somaram 6336, enquanto os femininos somaram 3745, ou seja, o sexo masculino apresentou aproximadamente duas vezes maior incidência. Conclusão: Este estudo demonstra que a presença de casos de AIDS no sexo masculino é muito maior do que no sexo feminino. De acordo com os resultados encontrados, a incidência em homens é quase duas vezes maior, tendo 16,88 casos para cada 100 mil habitantes. Palavras-chave AIDS, incidência, sexo, Minas Gerais. Abstract Objective: Due to the accentuated number of cases that, with persistence, are concentrated in the Southeast, this study aimed to delineate the incidence rates by sex in the state of Minas Gerais, from 2007 to 2010. Method: This was an ecological study, adopting the state of Minas Gerais as the unit of observation, using the DataSUS’s system as database, searching the AIDS cases reported in the period from 2007 to 2010. Results: In total, for the period evaluated, the cases occurred in men totaled 6336, while the women totaled 3745, therefore, males had higher incidence approximately twice. Conclusion: This study demonstrates that the presence of AIDS cases among males is much higher than in females. According to the findings, the incidence in men is nearly twice as large, with 16.88 cases per 100 000 inhabitants. Key-words AIDS, incidence, sex, Minas Gerais. INTRODUÇÃO A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ou simplesmente AIDS, conforme é popularmente conhecida, tomou grandes proporções em todo o mundo, sendo hoje um dos principais alvos de preocupação da comunidade cientifica e da população em geral (BRITO, 2000). Apesar do seu enigmático aparecimento, foi reconhecida em 1981 nos EUA, após a identificação de numerosos adultos do sexo masculino, homossexuais, acometidos pelo chamado Sarcoma de Kaposi, além do comprometimento do Sistema Imunológico, característicos da doença (RUTHERFORD, 1997). Atualmente, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (UNAIDS) publicou a incidência de 2,5 milhões de casos e 1,7 milhão de mortes por AIDS, o que representa a quinta queda consecutiva de mortes pela mesma no mundo. O referido progresso, no entanto, é irregular. Desde 2001, o número de pessoas que contraíram o HIV no Oriente Médio e na África setentrional aumentou, assim como na Europa Oriental e Ásia central (PINTO, 2007). No Brasil, o censo realizado em 2010 pelo Ministério da Saúde apontou 34,2 mil novos casos de Aids. Os dados mostram que de 1980 a 2010, foram totalizados 608.230 pessoas infectadas por HIV. Desde o aparecimento dos primeiros casos no país, o Sudeste apresenta os maiores registros. Após as primeiras notificações, a ocorrência de pacientes diagnosticados ficou restrita ao eixo Rio-São Paulo, sugerindo ter sido o Sudeste o foco inicial de disseminação da epidemia de HIV/AIDS no Brasil, chegando a englobar 90% dos casos em 1985. No período entre 2000 e 2010, a região apresentou considerável redução desses números como consequência de diversos programas para combater a AIDS, realizados pelo Ministério da Saúde, especialmente focado na delicada situação apresentada. No entanto, a região engloba, ainda, mais de 50% dos casos, seguido pelo Sul com mais de 20%, sendo tal epidemia mais voltada para a questão do uso de drogas injetáveis (BARBOSA, 2002). Devido ao acentuado número de casos que, com persistência, concentra-se no Sudeste do país, este estudo teve como objetivo delinear as taxas de incidência por sexo no estado de Minas Gerais, de 2007 a 2010. MÉTODO Trata-se de estudo ecológico, adotando o estado de Minas Gerais como unidades de observação. Foram considerados os casos de AIDS notificados ao Ministério da Saúde, por ano de diagnóstico, entre 01 de janeiro de 2007 e 31 de dezembro de 2010, do banco de dados da Rede Interagencial de Informações para à Saúde, DataSUS, em 2012 (BRASIL, 2012). Optou-se por não considerar os casos posteriores ao ano de 2010 em virtude do atraso de notificação. O sexo dos soropositivos foi escolhido como única variável de análise, dada a importância que isso vem apresentando na taxa de incidência da doença, visto os hábitos de vida da população. Para se chegar a população total infectada pelo vírus, em cada ano e por cada sexo, foram usados dados do próprio DataSUS (população total e população por sexo) e as taxas de incidência do respectivo período. Os dados foram trabalhados em Microsoft Excel 2010 (SZWARCWALD, et al. 2000; RODRIGUES-JÚNIOR, 2004). RESULTADOS A incidência total dos casos notificados de AIDS no estado de Minas Gerais, no período de 2007 a 2010, sofreu um ligeiro decréscimo, passando de 2589 casos no primeiro ano a 2344 casos no último, sendo o maior número de casos registrado no ano de 2008, que foi responsável por um total de 2680 casos, de acordo com os dados registrados na tabela 1. Os dados coletados mostram uma incidência maior de casos de AIDS em indivíduos do sexo masculino quando comparados aos do sexo feminino. No ano de 2008, ano em que foi notificado maior numero de casos da doença, a taxa de incidência no sexo masculino foi de 16,88 a cada 100 mil habitantes, totalizando 1657 casos. Já no sexo oposto, no mesmo ano, a taxa de incidência foi de 10,20 a cada 100 mil habitantes, resultando em 1023 casos. No total, referente ao período avaliado, os casos verificados em homens somaram 6336, enquanto os femininos somaram 3745, ou seja, o sexo masculino apresentou aproximadamente duas vezes mais casos. Todos os dados acima estão registrados na tabela seguinte. Tabela 1 – Total de casos notificados de AIDS em MG, nos anos de 2007 a 2010. Ano Casos Masculinos Casos Femininos Casos Totais 2007 1594 995 2589 2008 1657 1023 2680 2009 1530 938 2468 2010 1555 789 2344 TOTAL 6336 3745 10081 DISCUSSÃO Em 2010 foram notificados 34.218 novos casos no Brasil, com taxa de incidência nacional de 17,9/100.000 habitantes e razão de sexo de 1,7 novos casos em homens para cada caso em mulheres (BRASIL, 2012). A mesma razão pôde ser encontrada no total de casos referentes ao período de 2007 a 2010, em Minas Gerais, como demonstrados nos resultados do presente estudo. Contudo, a razão de sexo vem diminuindo ao longo dos anos no país. Em 1985, para cada 26 casos entre homens havia um caso entre mulher, número que foi sofrendo modificações até chegar a 1,7 homens para cada mulher com a doença, observado em 2010. Neste mesmo ano, 41,3% dos casos de AIDS estavam concentrados na região sudeste, sendo que Minas Gerais é o terceiro estado da região com maior número de casos, com 16,6%, ficando atrás do estado de São Paulo, que possui 46,5%, e do Rio de Janeiro, com 31,8%. O estado do Espírito Santo tem o correspondente a 5,1% do total de casos. (BRASIL, 2012). Em 2009, a taxa de incidência do estado foi de 13,2/100000 habitantes, a da região Sudeste, 20,4, e a do Brasil, 20,1 (BRASIL, 2011). CONCLUSÃO Este estudo demonstra que a presença de casos de AIDS no sexo masculino é muito maior do que no sexo feminino. De acordo com os resultados encontrados, a incidência em homens é quase duas vezes maior, tendo 16,88 casos para cada 100 mil habitantes. Considerase fundamental que sejam feitas novas pesquisas e estímulos para intervenções, como intensificar as políticas de saúde pública de prevenção da AIDS em homens, a fim de diminuir a quantidade de casos com tamanha discrepância de valores entre os sexos. Também seria interessante a realização de um estudo que buscasse analisar os motivos dessa diferença e sua relação com os homens, que possuem a incidência maior. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos professores Dr. Helvécio Bueno e Talitha Araújo Faria, pela colaboração e compreensão na confecção deste artigo, mesmo depois de tantos obstáculos. REFERÊNCIAS Barbosa LM. A dinâmica da epidemia de AIDS nas regiões Nordeste e Sudeste. 2002. Brasil, Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico – AIDS e DST. 2012. Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2011/50652/boletim_aids_2011_ final_m_pdf_26659.pdf Acessado em: 20/11/2012, 12:30. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 2011. 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