FUNCIONAMENTO BÁSICO DO STM (SCANNING TUNNELING MICROSCOPE) Gustavo Bernardes Nogueira1, Prof.Dra.Regina Maria Ricotta2 1,2 Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC - SP [email protected] , [email protected] 1. Introdução 3. A corrente de tunelamento O STM (Scanning Tunneling Microscope) utiliza-se do fenômeno de tunelamento de elétrons para obter informações sobre a estrutura topográfica local da superfície da amostra, e a imagem obtida contém informações relacionadas à estrutura eletrônica local da superfície. [1][2] Este trabalho apresenta o funcionamento básico e a tecnologia utilizada em um típico STM, primeiramente desenvolvido por Gerd Karl Binnig e Heinrich Rohrer, que ganharam o Prêmio Nobel de Física de 1986. O cálculo do coeficiente de transmissão para uma barreira real é impraticável. Porém como a separação entre ponta e amostra é da ordem de 0,9nm (núcleo a núcleo), o tunelamento pode ser tratado por uma teoria de perturbação de primeira ordem. Segundo Tersoff e Hamann [3], considerando um modelo em que a ponta era ideal (um ponto material), calcularam a corrente para potenciais fracos (da ordem de 10mV), e para potenciais fortes consideram o modelo planar de tunelamento, no qual o método WKB prevê que a probabilidade de transmissão em um local (rt) é dada por: 2 Z 2m φ s + φt eV T ( E , eV , rt ) = exp − ⋅ + − E (1) h 2 2 onde E é a energia do elétron, eV é a energia potencial aplicada, Z é a distância perpendicular da ponta em relação a amostra, m é a massa do elétron, h é a constante de Planck dividida por 2π, e φs e φt são 2. O Microscópio A idéia básica do funcionamento do STM é que uma ponta extremamente fina (usualmente de Pt ou W) varra a superfície da amostra, sem contato físico entre si, em duas dimensões laterais, enquanto um circuito de realimentação ajusta, constantemente, a altura da ponta em relação à superfície da amostra, e dessa forma, a mesma é reproduzida pelo caminho que a ponta fez. Os movimentos da ponta são realizados por elementos piezoelétricos e o ajuste grosso de aproximação ponta-mostra pode ser feito por “andadores eletromagnéticos” ou sistema de rosca, por exemplo. O STM pode ser operado em dois modos de varredura: à corrente constante ou à altura constante. O ciclo de operação para um único ponto da amostra, é realizado, tipicamente, em 500µs, dentre eles 80µs são para estabilizar a separação entre ponta e amostra, 400µs para obtenção da curva I x V e 20µs para o “dead time”. Como a magnitude da corrente túnel é da ordem de nanoamperes, são utilizados amplificadores de sinais. A corrente amplificada entra em um sistema de realimentação, que compara o valor de entrada ao valor de referência, enviando um sinal para o alimentador de voltagem do elemento piezoelétrico do eixo z, para alterar a posição da ponta de forma adequada. Outros sinais são enviados aos outros elementos piezoelétricos que corrigem a posição da ponta nos outros eixos x e y. Para produzir imagens com a resolução desejada, deve-se ter um sistema de isolamento de vibrações. função trabalho da amostra e da ponta, respectivamente. 4. A imagem Quando se aplica um potencial negativo na amostra, os elétrons saem da banda de condução para a ponta, e quando se aplica um potencial positivo na amostra, os elétrons saem da ponta e penetram na amostra pela banda de valência. Dependendo da magnitude do potencial aplicado o elétron pode, preferencialmente, sair ou penetrar em átomos diferentes da amostra. Dessa forma, pode-se diferenciar os átomos na imagem obtida. 5. Conclusões A imagem é gerada a partir da correlação, feita pelo computador, das informações: posição da ponta, variação I x V e densidade de carga dos estados. O computador registra e analisa essas informações e as relaciona com a densidade de carga dos estados (banda de condução e de valência), projetando, assim, graficamente a imagem da superfície da amostra. 6. Referências [1] Bonnell, Dawn A., Scanning Tunneling Microscopy and Spectroscopy, VCH Publishers, 1993. [2] Carnevali, Américo F., Dissertação de Mestrado (UNICAMP), 1992. [3] J. Tersoff e D. R. Hamann, Phys. Rev. B 31, 805 (1985); Phys. Rev. Lett. 50, 1998 (1983). [4] Schmid, Michael. Disponível em: http://www.iap.tu wien.ac.at/www/SURFACE/STM_Gallery/ stm_schematic.html>Acessado em: 12/08/2008. Figura 1- Esquema para obtenção da imagem [4] 1 Aluno de IC do CNPq.