PROCESSO DE PRODUÇÃO DE RAIOS X Tânia Aparecida Correia Furquim1 O processo de produção de raios X pode ser descrito como: 1. O catodo é aquecido e, essa energia térmica é capaz de liberar elétrons, (processo chamado de emissão termoiônica). 2. Essa nuvem eletrônica liberada é acelerada em direção ao anodo, devido à aplicação de uma diferença de potencial (comumente chamada pela unidade, kV) formando uma corrente (comumente chamada pela unidade, mA). O tempo de duração desta aplicação multiplicado pela corrente é chamada de produto corrente-tempo, mAs. 3. Ao chocarem com o anodo, os elétrons penetram no material e passam muito próximo dos núcleos dos átomos, causando uma desaceleração. Esse processo faz com que estes elétrons percam energia que é emitida em forma de fótons de raios X. Esse processo é conhecido como Bremsstrahlung ou radiação de freamento. 4. Os elétrons podem também colidir com elétrons orbitais dos átomos do material do anodo e retirá-los, caso a energia cinética destes seja maior ou igual à energia de ligação dos elétrons no átomo. Ao ser removido do átomo, o elétron deixa uma vacância naquela órbita. Isso faz com que elétrons de camadas mais externas ocupem essa vacância. Como em órbitas mais internas há uma menor energia de ligação, o excesso é emito em forma de fótons de raios X. Esse fenômeno é conhecido como radiação característica (Figura 1). 1 Física Médica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Doutora em Tecnologia Nuclear -‐ Aplicações (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares -‐ SP), Mestre em Biofísica (Instituto de Física da USP), Especialista em Radiologia Diagnóstica (Associação Brasileira de Física Médica) A. B. Figura 1 A. Diagrama esquemático da produção de radiação X por Bremsstrahlung, mostrando a liberação de um fóton de raios X devido a perda de energia do elétron com a desaceleração. B. Descrição da produção de radiação característica, quando um elétron incidente retira um elétron orbital, causando uma vacância. Um elétron de uma camada mais externa ocupa esta vacância e, o excesso de energia é emitida em forma de fóton de raios X. Depois de formados, os raios X saem do tubo passando através de uma janela de berílio (Be) e passam por um filtro que pode ser de Mo, Rh ou W, os quais absorvem os fótons de raios X indesejáveis para a imagem. A Figura 2 ilustra os espectros obtidos para os alvos compostos por Mo e W. Atualmente, algumas combinações de alvo e filtro são comuns: Mo/Mo, Mo/Rh, Rh/Rh e W/Al. Para mamografia, a combinação Mo/Mo possui a radiação mais homogênea de comprimentos de onda e energias discretas limitadas de forma útil; no entanto, a dose de radiação ao paciente e a carga térmica ao tubo de raios X são ligeiramente mais baixas com a combinação W/Al. A combinação W/Rh emite radiação em uma energia maior e é mais efetivo para obter imagens de mamas maiores, bem como no caso de Rh/Rh. Alguns fabricantes de mamógrafos incluem um sistema deslizante dos filtros de Mo e Rh para melhor combinação de técnicas operacionais para cada tipo de mama das pacientes. Figura 2 Espectros de raios X produzidos por um alvo de Molibdênio (Mo) e um de tungstênio (W). O alvo de Mo produz fótons com energias mais baixas do que o de W, que melhora o contraste radiográfico1 Referência: 1 KOPANS, D. B. Breast Imaging. 2. ed. Lippincott-Raven Publishers, Philadelphia, 1998.