02/10/2010 SISTEMA DIGESTÓRIO Ingestão de alimentos ALIMENTAÇÃO BOCA ÂNUS NUTRIÇÃO Eliminação de fezes DIGESTÃO = Fracionamento dos nutrientes ingeridos em moléculas mas simples Alimentação CARBOIDRATOS LIPÍDIOS PROTEÍNAS MONOSSACARÍDEOS ÁCIDOS GRAXOS e MONOGLICERÍDEOS AMINO ÁCIDOS Produção de ENERGIA Remontagem de NOVAS MOLÉCULAS ABSORÇÃO = Os produtos da DIGESTÃO passam para a corrente sangüínea 1 02/10/2010 ATIVIDADES do SISTEMA DIGESTÓRIO Os processos básicos: INGESTÃO do alimento na boca DIGESTÃO do alimento - digestão mecânica - digestão química - movimento do alimento ao longo do tubo digestivo ABSORÇÃO do alimento digerido para os sistemas circulatório e linfático DEFECAÇÃO: eliminação das substâncias não digeríveis e restos metabólicos do corpo SISTEMA DIGESTÓRIO Um TUBO CONTÍNUO que se estende da boca ao ânus = CANAL ALIMENTAR = TRATO GASTRINTESTINAL BOCA FARINGE ESÔFAGO ESTÔMAGO INTESTINO DELGADO Duodeno Jejuno Íleo INTESTINO GROSSO Ceco Colo ascendente Colo transverso Colo descendente Colo sigmóide Reto Canal anal/ ânus SISTEMA DIGESTÓRIO Um TUBO CONTÍNUO que se estende da boca ao ânus que recebe SECREÇÕES que auxiliam na DIGESTÃO do alimento BOCA FARINGE ESÔFAGO Glândulas gástricas ESTÔMAGO Glândulas intestinais INTESTINO DELGADO Duodeno Jejuno FÍGADO Íleo PÂNCREAS INTESTINO GROSSO Ceco Colo ascendente Colo transverso Colo descendente ÓRGÃOS Colo sigmóide DIGESTIVOS Reto ACESSÓRIOS Canal anal/ ânus Glândulas salivares 2 02/10/2010 TRATO GASTRINTESTINAL Um TUBO CONTÍNUO divisível em REGIÕES ESPECIALIZADAS BOCA FARINGE ESÔFAGO ESTÔMAGO INTESTINO DELGADO Duodeno Jejuno Íleo INTESTINO GROSSO Ceco Colo ascendente Colo transverso Colo descendente Colo sigmóide Reto Canal anal/ ânus Ingestão, mastigação, digestão Deglutição Conexão faringe-estômago Preparação para a digestão DIGESTÃO, ABSORÇÃO Absorção (H2O, Na, Cl) DEGLUTIÇÃO mecanismo que move o bolo alimentar da boca para o estômago Envolve: - boca - faringe - esôfago Ondas rítmicas de contração (musculatura lisa) = PERISTALTISMO SISTEMA DIGESTÓRIO BOCA 3 02/10/2010 SISTEMA DIGESTIVO BOCA e PREPARAÇÃO MECÂNICA do BOLO ALIMENTAR para a digestão para a deglutição Língua/ movimentos (labios e bochechas) POSICIONAMENTO do BOLO na BOCA MASTIGAÇÃO Dentes Glândulas salivares UMIDIFICAÇÃO do BOLO ALIMENTAR DIGESTÃO QUÍMICA dos AMIDOS (amilase salivar= ptialina) 1 à 2 litros de saliva por dia! SISTEMA DIGESTIVO BOCA- Soalho SISTEMA DIGESTÓRIO BOCA- Teto palato duro tonsila lingual palato mole arco palatoglosso (nódulos linfáticos) arco palatofaríngeo CÁRIE DENTAL Doença destrutiva, pós-erupção localizada nos tecidos calcificados dos dentes. O processo inicia-se com a produção de ácidos, quando o produto do metabolismo bacteriano ocupa a placa dentária. A descalcificação da superfície continua até a ação de tamponamento da saliva ser capaz de elevar o pH acima do nível crítico. Conforme a cárie se desenvolve, a placa a protege de algum modo pelo tamponamento e pela remineralização salivar. Posteriormente, a placa se combina com o cálcio e endurece, formando o tártaro ou o cálculo, irritando também a gengiva e podendo levar ao desenvolvimento da doença periodontal. 4 02/10/2010 Dentes = estruturas especializadas para o processamento inicial dos alimentos. Compostos por três tecidos mineralizados (esmalte, dentina e cemento), que envolvem a polpa dentária altamente vascularizada ou “nervo”. Condições que afetam a integridade da estrutura do osso ao redor do alvéolo resultam em doença periodontal, podendo progredir até o afrouxamento ou perda dos dentes. CÁRIE DENTAL A principal interação entre os fatores dietéticos e a placa dental envolve os sacarídeos, em que parte do amido consumido fica retida na cavidade oral, sobre as coroas ou em suas proximidades. A maltose a glicose penetram na placa gerando um substrato nutritivo para os microorganismos resistentes. O sacarídeo mais importante na formação da placa e na etiologia da cárie é a sacarose, que, transformada em monossacarídeo, atua no metabolismo glicolítico anaeróbio das bactérias acidogênicas da placa (lactobacilos e estreptococos). FATORES RELACIONADOS A CARIOGENICIDADE Alimentos cariogênicos: ingestão de CHO freqüente e tempo de permanência na boca, favorecendo a ação das bactérias na metabolização dos CHO fermentáveis e na produção de ácidos e na queda do pH (< 5,5). Os caramelos são muito agressivos pela sua aderência na superfície do dente. Alimentos cariostáticos: não são metabolizados pelo organismo na placa para diminuir o pH (< 5,5). Proteínas: peixes, frango, ovo, carne. A gordura também tem essa ação, pela formação de película oleosa como cobertura. Líquidos (água): são importantes pela hidratação e pelo mecanismo de limpeza. Fibra (celulose): importantes para a limpeza e por favorecer a irrigação. 5 02/10/2010 FATORES RELACIONADOS A CARIOGENICIDADE Consistência da dieta: a líquida é menos cariogênica, pois o tempo de retenção e de aderência na boca é menor. A seqüência e a combinação dos alimentos influem na cariogenicidade (ex.: mistura de biscoito com queijo ou leite batido com banana ou comer vários biscoitos de uma vez são mais cariogênicos que comer vários biscoitos ao longo do dia. Elementos anticariogênicos: impedem a placa de reconhecer um alimento cariogênico (ex.: goma de mascar e queijo tipo cheddar ), pois estimulam a produção salivar, reduzem a placa bacteriana e aceleram o tempo de limpeza dos alimentos na superfície do dente. Higienização: inadequada é um dos grandes fatores para o surgimento da cárie dentária. Aderência à superfície dos dentes (ex.: caramelo). PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA CÁRIE DENTÁRIA Uma vez formada a cárie dentária, o método de tratamento envolve o tratamento dentário restaurador, a higiene individual adequada, as aplicações periódicas de flúor. FLUOR: Detém os efeitos prejudiciais das bactérias na cavidade oral. Incorporado ao esmalte e à dentina, juntamente com o cálcio e o fósforo, forma a fluoropatita (composto menos vulnerável ao ataque de ácidos). O fluoreto produz a remineralização das superfícies dentárias com lesões de cáries iniciais. A ingestão de flúor influencia a formação dos dentes antes da erupção. CÁRIE DENTÁRIA - CONDUTA DIETOTERÁPICA Formulada para evitar a cárie dental, outras doenças bucais e para diminuir o risco global do paciente. VET (VCT): de acordo com as necessidade individuais. Sacarídeos: normo a hipoglicídica sem concentração de dissacarídeos, principalmente de sacarose (é cariogênica). Protídeos: hiperprotídica para a restauração das células epiteliais e por ter função cariostática. Lipídeos: normolipídica tendendo a hiperlipídica (evitando fritura, com controle de poliinsaturados / saturados, dando preferência aos de fácil digistibilidade, pois têm função cariostática e colaboram na lubrificação da cavidade. Vitaminas e minerais: ajustar de acordo com a necessidade individual 6 02/10/2010 CÁRIE DENTÁRIA - CONDUTA DIETOTERÁPICA Vitaminas a destacar: Vitamina A = necessária para o tecido epitelial = reepitelização e ativação da ceratina – dentina. Vitamina D = absorção de cálcio e fósforo, importante para a dentina e para a síntese dos tecidos ósseos Vitaminas do complexo B = participam na metabolização dos macronutrientes. Folacina: garante suprimento de sangue adequado Vitamina C = síntese de colágeno, facilita a elaboração de substâncias intracelulares pelas células do tecido conjuntivo. CÁRIE DENTÁRIA - CONDUTA DIETOTERÁPICA Fracionamento, volume e consistência: normais ou ajustados à tolerância do cliente / paciente. Temperatura: normal. Líquidos: hiper-hídricos para facilitar a hidratação e a limpeza. Fibras: rica em fibras com destaque para a celulose, por sua atuação como elemento de limpeza e de irrigação. Outros elementos: devem ser ajustados às necessidades do cliente / paciente. Educação nutricional: Visando os aspectos qualitativos e quantitativos dos alimentos. Alertar para o uso rotineiro de doces ou bebidas carbonatadas. Orientar para a lavagem e enxágüe da boca após as refeições. GENGIVITE Processo inflamatório agudo ou subagudo, ou crônico ou recidivante, necrotizante e hemorrágico. Um dos fatores etiológicos no desenvolvimento de gengivites é a presença de placas no sulco gengival, produzindo toxinas que destroem o tecido e levam à perda de peças dentárias. Tratamento medicamentoso: analgésico, antitérmico, antibiótico ou antiinflamatório e anti-séptico oral oxigenante. 7 02/10/2010 GENGIVITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA VET (VCT): de acordo com as necessidade individuais. Normoglicídica: sem concentração de sacarídeos simples para evitar a fermentação e por sua cariogenicidade. Hiperprotídica: para colaborar na diminuição do processo inflamatório, promover a cicatrização e atender às necessidades pelo aumento do catabolismo (inflamação, infecção e febre). Normolipídica: sem concentração , para evitar a sensação de saciedade precoce. Vitaminas e minerais: ajustar de acordo com a necessidade individual GENGIVITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA Vitaminas a destacar: Vitamina A = necessária para o tecido epitelial = reepitelização . Vitaminas do complexo B = participam na metabolização dos macronutrientes. Vitamina B6 = garante a utilização da proteína dietética. Folacina: garante suprimento de sangue adequado). Vitamina C = aumento da permeabilidade da barreira gengival, processo inflamatório e cicatrização. Folato: comprometimento da barreira gengival e anemia. Minerais a destacar: Ferro: evita anemia. Zinco: falta compromete a permeabilidade da barreira gengival. Sódio: diminuir na presença de dor. GENGIVITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA Fracionamento: aumentado. Volume: diminuído e concentrado para evitar a sensação de saciedade precoce e intolerância. Consistência: líquida completa ou pastosa de acordo com a tolerância. Temperatura: normal sem extremos, para evitar a dor. Líquidos: hiper-hídricos para evitar hipo-hidratação comum na gengivite – sem caldos concentrados em purina, que são excitantes da mucosa gastrointestinal. Evitar alimentos de difícil digestibilidade, flatulentos, fermentáveis, excitantes e irritantes do trato gastrointestinal e condimentos picantes. Ajustar a dieta visando evitar e/ou minimizar as colateralidades e as interações entre os nutrientes e os fármacos em uso. 8 02/10/2010 SISTEMA DIGESTÓRIO ESÔFAGO SISTEMA DIGESTIVO - ESÔFAGO Porções: cervical, torácica e abdominal As afecções que acometem mais freqüentemente o esôfago são as doenças do refluxo gastroesofágico Estômago e a hérnia hiatal. ESÔFAGO A esofagite ou doença do refluxo gastroesofágico ocorre em 10 a 20% dos indivíduos. Suas principais conseqüências ocorrem pela diminuição da eficácia dos mecanismos anti-refluxo, do volume alimentar, de alterações no tempo de esvaziamento do conteúdo gástrico, da natureza e agressividade (pH) do material refluído, levando à diminuição da resistência do tecido esofagiano à referida agressão e à eficácia dos mecanismos de clareamento esofagiano. Os fatores predisponentes envolvem a hérnia hiatal, os hormônios envolvidos com a gravidez (aumento da progesterona), a obesidade, a úlcera péptica com presença da bactéria Helicobacter pylori, a esclerose sistêmica progressiva, o uso de antiinflamatórios não esteróides e anticoncepcionais orais (aumento da progesterona). 9 02/10/2010 ESOFAGITE QUADRO CLÍNICO: Pirose Disfagia Regurgitações Dor retroesternal baixa ou atrás do apêndice xifóide com irradiação Sialorréia A disfagia surge após a deglutição dos alimentos e se origina em razão da dificuldade no transporte do bolo alimentar da faringe ao esôfago e deste ao estômago. Depende do tamanho do bolo alimentar, do diâmetro luminal, da contração e relaxamento do esfíncter esofagiano superior (EES) e esfíncter esofagiano inferior (EEI). Pode ser classificada em orofaringiana, com alterações na primeira e segunda fases da deglutição, e esofagiana, que pode ainda ser classificada como obstrutiva (diminui o lúmen esofagiano, dificultando o transporte dos alimentos) e motora (alteração na peristalse ou no EEI). ESOFAGITE PIROSE É a manifestação do refluxo gastroesofágico, gerando esofagite de refluxo por ação nociva do ácido clorídrico (HCL) sobre a mucosa esofagiana. Apresenta sensação de dor em queimação, localizada na região retroesternal, podendo irradiar-se para o abdômen superior, a garganta e as regiões ântero-laterais do tórax. 10 02/10/2010 ESOFAGITE TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Antiácidos para diminuição da acidez gástrica. Anticolinérgicos que aumentam a pressão do esfíncter esofagiano inferior. Antagonista da dopamina (metoclopramida), que auxilia aumentando a pressão do esfíncter esofagiano inferior e promovendo o esvaziamento gástrico. Em casos mais resistentes, usa-se omeprazol ou cimetidina, cujos efeitos diminuem os bloqueadores dos receptores de íons hidrogênio da histamina. ESOFAGITE - OBJETIVO DIETOTERÁPICO Recuperar ou manter o estado nutricional; Promover a educação nutricional, evitando o surgimento de novas doenças; Evitar o refluxo gastroesofágico; Evitar a progressão de lesões já presentes no cliente / paciente; Minimizar ou evitar os efeitos colaterais e as interações entre fármacos e nutrientes. ESOFAGITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA VET (VCT): de acordo com as necessidade individuais, evitando a obesidade, com o intuito de diminuir a pressão intra-abdominal e, com isso, aumentar a pressão do esfíncter esofagiano inferior (PEEI), que resultará na diminuição do refluxo. Sacarídeos: normo tendendo a hipoglicídico, para evitar a fermentação e o desconforto abdominal. Protídeos: hiperprotídica, em decorrência da liberação da gastrina, que auxilia no aumento da pressão do esfíncter esofagiano inferior e na cicatrização. Lipídeos: normolipídica tendendo a hipolipídica, pois os lipídeos liberam colecistoquinina, que diminui a pressão do esfíncter esofagiano inferior, colaborando para o aumento do refluxo. Vitaminas e minerais: ajustar de acordo com a necessidade individual e com as interações entre os fármacos. 11 02/10/2010 ESOFAGITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA Vitaminas a destacar: Vitamina A = necessária para o tecido epitelial = reepitelização e em conjunto com o PTH (hormônio da paratireóide = paratormônio), mobiliza o cálcio ósseo e aumenta a reabsorção tubular renal de cálcio e fósforo. Vitaminas do complexo B = participam na metabolização dos macronutrientes. Vitamina B6 = garante a utilização da proteína dietética. Vitamina C = auxilia na síntese de colágeno, colabora com a cicatrização, é antiinflamatória, diminui a suscetibilidade a infecção e colabora na absorção do ferro. Folato: colabora no tratamento da anemia, comum nesses pacientes, em função da interação fármaco-nutriente. ESOFAGITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA Fracionamento: aumentado para evitar a distensão, o desconforto e o aumento da pressão abdominal. Volume: diminuído e concentrado, evitando a distensão intraabdominal e a estimulação do ácido gástrico. Temperatura: normal , de acordo com a preparação. Líquidos: normo a hiper-hídricos, evitando a hipo-hidratação. Deve ser isenta em caldos concentrados em purina, que são excitantes da mucosa gastrointestinal. Alimentos de difícil digestibilidade, flatulentos, fermentáveis: isentos, em razão da distensão abdominal, do desconforto e do aumento da pressão intra-abdominal. Ajustar a dieta visando evitar e/ou minimizar os efeitos colaterais e as interações entre os nutrientes e os fármacos em uso. ESOFAGITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA Minerais a destacar: Ferro: em decorrência da interação medicamentosa pode causar anemia. Potássio: em razão da sua interação com o enxofre, que pode causar desconforto e aumento da pressão intra-abdominal, dando origem à diminuição da PEEI. Suco de laranja, tomate, carminativos (diminuem os gases intestinais e estomacais) (hortelã ou menta): devem ser isentos, pois diminuem a pressão do EEI. Chocolate: deve ser isento, em razão do aumento da adenosina monofostato cíclico (AMPc) que diminui a pressão do EEI. Leite desnatado: libera a gastrina e aumenta PEEI. 12 02/10/2010 ESOFAGITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA Última refeição deve ser feita de 3 a 4 horas antes de deitar. Alguns medicamentos diminuem a PEEI: ex.: teofilina, agentes adrenérgicos, etc. Evitar roupas apertadas: aumentam a pressão intra-abdominal e diminuem a PEEI. Não deitar ou carregar peso após as refeições: diminui a PEEI. Elevar a cabeceira da cama com blocos de madeira de 15 a 20 cm: para evitar o refluxo, a aspiração e outras complicações. Evitar o cigarro: a nicotina diminui a PEEI e o esfíncter pilórico, aumenta o refluxo e as alterações da natureza do conteúdo gástrico, aumenta a resposta secretora ácida à gastrina, diminui a habilidade da cimetidina e de outros fármacos usados para a diminuição da secreção ácida noturna. HÉRNIA DE HIATO É provocada pela protrusão de parte do estômago sobre o músculo diafragmático (separa o tórax do abdômen), causando um alargamento da abertura diafragmática, deixando o esôfago passar e se juntar ao estômago. Ocorre a combinação de dois fatores: 1º) Incompetência do hiato diafragmático comum na senilidade, em que o tecido muscular fibroso (entre a parede externa do esôfago e as fibras musculares limitantes do diafragma) fica excessivamente frouxo, levando ao prolapso e ao deslizamento ou rolamento através do referido hiato. 2º) Aumento da pressão intra-abdominal, comum na obesidade, na constipação, no meteorismo, na gravidez, nos vômitos persistentes, etc. 13 02/10/2010 HÉRNIA DE HIATO - SINTOMAS Quando ocorre, pode ou não apresentar sintomas. Se ocorrer, os mais importantes são: dor retroesternal alta, pirose, regurgitação, odinofagia, disfagia, soluço, hematêmese e melena, dispnéia, cianose, tosse, vertigem, taquicardia, palpitação. Também pode surgir complicações como esofagite, úlcera de esôfago e estenose esofagiana. HÉRNIA DE HIATO – CONDUTA DIETOTERÁPICA O tratamento dietoterápico tem por objetivo: Diminuir a pressão intra-abdominal e o peso corporal. Dificultar o refluxo gastroesofágico. Evitar elementos excitantes e irritantes. Aumentar a pressão do EEI. Facilitar o esvaziamento gástrico. Dieta semelhante à da esofagite, individualizada, ajustada às interações e colateralidades provocadas pelos fármacos em uso. 14 02/10/2010 SISTEMA DIGESTÓRIO ESTÔMAGO SISTEMA DIGESTIVO ESTÔMAGO Órgão abdominal à esquerda do plano mediano, logo inferiormente ao diafragma SISTEMA DIGESTIVO Radiografia duplo-contraste (meio de contraste artificial =bário) ESTÔMAGO porção abdominal do esôfago óstio cárdico fundo curvatura gástrica menor corpo curvatura gástrica maior Pregas gástricas antro pilórico 15 02/10/2010 SISTEMA DIGESTIVO ESTÔMAGO Fibras musculares oblíquas O estômago prepara o bolo alimentar, por meios MECÂNICOS e QUÍMICOS, para a digestão. Esfíncter pilórico Glândulas gástricas SUCO GÁSTRICO pH ácido! mucos pepsinogênio pepsina HCl Hormônio gastrina Digestão das proteínas ESTÔMAGO Vários elemento podem causar danos à barreira da mucosa gástrica, destacando-se as altas concentrações de HCL, os ácidos linfáticos, os detergentes naturais e sintéticos, o etanol, os ácidos salicílicos e acetilsalicílico e alguns anestésicos locais, com um mecanismo semelhante, variando apenas com relação ao tempo e à concentração de contato com a mucosa. ESTÔMAGO X ALIMENTOS Alimentos muito quentes levam a congestão da mucosa gástrica, aumentando a secreção ácida e diminuindo o tempo de evacuação gástrica. Infusos concentrados aumentam a secreção ácida e produzem dispepsia. Bebida alcoólica estimula o ácido gástrico (aumenta a secreção ácida). Refrigerante a base de cola diminui a PEEI e facilita o refluxo gastroesofágico. Nicotina diminui a PEEI, facilita o refluxo gastroesofágico, promove alterações do conteúdo gástrico, aumenta a resposta da secreção ácida à gastrina e diminui a habilidade da cimetidina e de outros fármacos usados para diminuir a secreção ácida noturna, que tem papel importante na ulcerogênese. 16 02/10/2010 ESTÔMAGO X ALIMENTOS Condimentos picantes aumentam a secreção e causam irritação da mucosa. Pimenta vermelha e páprica contêm capsaicina (irritante da mucosa, aumenta a secreção ácida e leva à perda de potássio). Pimenta preta produz irritação gástrica, aumento da secreção ácida e dispepsia. Pimenta chilli e mostarda produzem eritema e lesão gástrica. Caldos concentrados em purina são excitantes da mucosa gastrointestinal e aumentam a secreção gástrica. Carboidratos concentrados estimulam os osmorreceptores, gerando retardo no esvaziamento gástrico. Alimentos ricos em gordura promovem diminuição do esvaziamento gástrico. Distensão excessiva do estômago ou do duodeno ocasiona inibição do esvaziamento gástrico. Fatores psicossomáticos ou estímulos ambientais podem diminuir ou aumentar a motilidade gástrica (por vias aferentes simpáticas e parassimpáticas). GASTRITE Processo inflamatório do estômago. Pode ser classificada em aguda (simples ou exógena, corrosiva e tóxica), crônica (superficial, atrófica e hipertrófica) e especial ou pósgastrectomia. GASTRITE AGUDA SIMPLES Causada: •Pela ingestão de álcool e drogas • Por enfermidades infecciosas Pode cursar com anorexia, desconforto epigástrico, náuseas e vômitos e, ocasionalmente, com hematêmese, mal-estar, calafrios, cefaléia, dor epigástrica em queimação, diarréia e dor em cólica (enterite), câimbras musculares, edema e hiperemia da mucosa, prostração e desidratação (caso grave). 17 02/10/2010 GASTRITE CORROSIVA Causada: Por ingestão de substâncias corrosivas, ácido ou álcalis. Em geral é acompanhada de esofagite aguda corrosiva.por enfermidades infecciosas Ocorre dor em queimação, náuseas, vômitos, diarréia, rigidez abdominal, sede intensa, prostração e choque. GASTRITE CRÔNICA Ocorre inflamação difusa ou parcial da mucosa gástrica, com o antro sendo o local primariamente atingido. Divide-se em: • Superficial com: pressão “empachamento”, anorexia, náuseas e vômitos, pirose. • Atrófica com: indisposição gástrica, anorexia, náuseas e vômitos, podendo ou não haver hematêmese. • Hipertrófica com: dispepsia, pirose, edema, hipoalbuminemia, hipersecreção gástrica. GASTRITE TÓXICA Causada: Pelo uso de drogas á base de salicilatos, barbitúricos, entre outros. GASTRITE ESPECIAL OU PÓS-GASTRECTOMIA Pode surgir diminuição da capacidade gástrica gerando saciedade precoce, perda de peso e desnutrição. 18 02/10/2010 GASTRITE TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Gastrite aguda simples: tratar as infecções e os distúrbios hidroeletrolíticos com sedativos ou tranqüilizantes, antiácido, antiespasmódico, se houver necessidade, e dieta zero via oral, até desaparecerem os sinais agudos de dor, náuseas e vômitos. Gastrite aguda corrosiva: dieta zero via oral e, depois da fase aguda, dieta semelhante à da úlcera; aspiração gástrica; hidratação venosa; analgésico; sedativo; antiácido. Evitar lavagens gástricas na presença de corrosão grave, pois há o perigo de perfuração. Gastrite crônica superficial: antiespasmódico; antiácido e regulador fisiológico digestivo. GASTRITE TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Gastrite crônica atrófica: regulador fisiológico digestivo, antiespasmódico e sedativo ou tranqüilizantes. Gastrite crônica hipertrófica: antiácido; regulador fisiológico digestivo; antiespasmódico e sedativos ou tranqüilizantes. Gastrite especial: Pós-gastrectomia: diminuir o volume da ingestão por vez e suplementar, via parenteral, K+ em solução fisiológica, vitamina A (30.000 UI), B1 (3 mg), B2 (5 mg), C (200 mg). Anemia perniciosa: suplementação de B12 (100 µg) e ferro (20 mg). Pseudotumoral: semelhante à da úlcera. GÁSTRITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA A dieta varia de acordo com a etiologia e os sintomas, necessitando ser adaptada aos medicamentos em uso e tendo por finalidade: Recuperar o estado nutricional do paciente / cliente. Favorecer o trabalho gástrico, reduzindo a secreção gástrica, evitando o progresso das lesões e a hemorragia. Promover o esvaziamento adequado do estômago para permitir que o revestimento mucoso regenere. Evitar ou minimizar os efeitos colaterais e as interações com os nutrientes provocados pelos fármacos em uso. Proporcionar hidratação adequada do paciente. Promover a educação nutricional do paciente. 19 02/10/2010 GASTRITE - CONDUTA DIETOTERÁPICA ESPECIFICAÇÃO GÁSTRITE AGUDA GÁSTRITE CRÔNICA VET (VCT) ANP ANP SACARÍDEOS N/h (dextrina maltose 5%) N S/[d] PROTÍDEOS N/H (até 1,2 g) N/H (até 1,4 g) LIPÍDIOS N/h N S/[s] MINERAIS ANP ANP VITAMINAS ANP ANP PURINA Sem caldos concentrados Sem caldos concentrados CONSISTÊNCIA LC/pastosa Pastosa / branda LÍQUIDOS ANP ANP FRACIONAMENTO N VOLUME N TEMPERATURA Normal / corporal Normal / corporal FIBRA (CELULOSE) ANP (modificada) ANP (modificada) ALIMENTOS RICOS EM ENXOFRE Isenta Isenta ALIMENTOS FLATULENTOS Isenta Isenta OUTROS ELEMENTOS ANP ANP ANP = ajustada as necessidades do paciente/cliente; N/h = normo tendendo a hipo; N/H = normo tendendo a hiper; N S/[d] = normo sem concentração de dissacarídeos; N S/[s] = normo sem concentração de saturados ÚLCERA PÉPTICA A úlcera péptica é uma lesão aguda ou crônica localizada no estômago ou duodeno com destruição da mucosa da parede destes órgãos, atingindo os vasos sanguíneos subjacentes. É causada pela insuficiência dos mecanismos protetores da mucosa contra a acidez gástrica, muitas vezes devido a infecção com a bactéria Helicobacter pylori. Além da dor, caracteriza-se pelas hemorragias continuas para dentro do trato gastrointestinal. A ruptura de uma úlcera, criando uma comunicação anormal entre o trato gastrointestinal e a cavidade peritoneal é uma emergência médica potencialmente mortal. ÚLCERA PÉPTICA Pode ser localizada no estômago (pequena curvatura e região pilórica), no duodeno (faces anterior e posterior da primeira porção) e no esôfago (terço inferior, quando possui mucosa gástrica ectópica ou quando há esofagite de refluxo. Ocorre em todas as idades (mais entre 45 a 60 a.), em ambos os sexos. Pode complicar-se com perfuração e hemorragia, infecção, divertículos, penetração em estruturas vizinhas e obstrução pilórica. 20 02/10/2010 ÚLCERA PÉPTICA Classificação Uma úlcera péptica pode ocorrer em vários lugares: Estômago (chamada úlcera gástrica) Duodeno (chamada úlcera duodenal) Esôfago (chamada úlcera esofágica) Úlcera duodenal Helicobacter ÚLCERA PÉPTICA Tratamento Constitui-se de: • Avaliação clínica • Controle da hemorragia com redução do fluxo sangüíneo do estômago ou estabilização do coágulo • Após estabilização hemodinâmica, cuidado com o sangramento recorrente. 21 02/10/2010 ÚLCERA PÉPTICA Aspectos gerais Úlcera duodenal: há aumento da secreção ácida. Úlcera gástrica: a secreção ácida é normal ou diminuída, associada à diminuição da defesa da mucosa. Úlcera gástrica associada à duodenal (comum no antro distal e no piloro): há aumento da secreção ácida. ÚLCERA PÉPTICA Aspectos gerais Tabagismo: há aumento da secreção ácida, bem como do refluxo duodenogástrico. Bebida alcoólica: estimula o ácido gástrico. Estresse: úlcera de estresse comum na região média do corpo gástrico. Cafeína: aumenta a secreção ácida do estômago. Fatores psicológicos: percepção negativa dos eventos existenciais, depressão, dependência, ego debilitado e ansiedade. ÚLCERA PÉPTICA Aspectos gerais Helicobacter pylori: a localização anatômica preferencial das lesões causadas pela bactéria pode determinar aspectos patológicos distintos e o curso da patogênese. As lesões na região antral estão geralmente associadas a gastrite ativa reversível e úlcera péptica. As lesões na região proximal geralmente relacionam-se a gastrite atrófica multifocal e câncer gástrico. 22 02/10/2010 ÚLCERA PÉPTICA Aspectos gerais Antiinflamatórios não esteróides: inibem a produção de prostaglandinas e diminuem a produção de muco e de bicarbonato. O aumento da lipogenese leva ao aumento da produção de leucotrienos e do fator de agregação plaquetária, gerando trombose e hemorragias. A aspirina é um ácido fraco que penetra na célula formando salicilato, altamente lesivo á célula. ÚLCERA PÉPTICA Tratamento medicamentoso: Úlceras pépticas intratáveis, às vezes fulminantes; extrema hiperacidez gástrica; tumores do pâncreas de células não beta, secretores de gastrina: cimetidina, ranitidina e omeprazol. Helicobater pylori: salicilato de bismuto, amoxicilina, metronidazol. Outros: claritromicina, azitromicina, tetraciclina, furazolidona. Úlcera de estresse e outras: antiácido, cimetidina, ranitidina, benzodiazepínicos, sucralfato, entre outros. ÚLCERA PÉPTICA Tratamento dietoterápico: Objetivo do tratamento: Normalizar o estado nutricional; Minimizar a sintomatologia na fase agudizada; Basear a dieta no princípio do repouso fisiológico do estômago e da manutenção de um ótimo estado de nutrição; Evitar a distensão abdominal; Evitar ou diminuir os efeitos colaterais dos fármacos em uso e as interações negativas com os nutrientes; Corrigir as deficiências de hábitos alimentares por meio de educação nutricional. 23 02/10/2010 ÚLCERA PÉPTICA Característica geral da dieta: VET (VCT): ajustado às necessidades do paciente. Proteína: normo tendendo a hiperprotéica até 1,2 g/kg de peso/dia (fase aguda) e até 1,5 g/kg/dia (fase de recuperação) sendo ajustada às necessidades do paciente objetivando a cicatrização. Carboidrato: ajustado ás necessidades do paciente sem concentração de dissacarídeos, com objetivo de evitar a fermentação. Lipídeos: sem concentração de saturados, para minimizar a saciedade precoce e a hiperlipoproteinemia e hipercolesterolemia. Minerais e vitaminas: ajustados às necessidades do paciente e às interações com os fármacos em uso. Caldos concentrados em purina: isentos. Fibra: ajustada ao trato gastrointestinal e modificada por cocção e subdivisão para facilitar o processo digestório. PURINAS: Série de compostos heterocíclicos substituídos de várias maneiras na natureza e conhecidos como bases púricas. Incluem a adenina e guanina, constituintes dos ácidos nucléicos, bem como muitos alcalóides, tais como a cafeína e a teofilina. O ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas. ÚLCERA PÉPTICA Característica geral da dieta: Líquidos: normais, ligeiramente tendendo a hiper. Temperatura: normal da preparação, evitando muito quente, que leva à congestão da mucosa gástrica, ao aumento da secreção ácida e à diminuição do tempo de evacuação gástrica. Fracionamento: aumento na fase aguda e normal na recupaeração. Volume: diminuído na fase aguda, para diminuir o desconforto abdominal e normal na fase de recuperação. Consistência: líquida completa a pastosa (fase aguda) e branda a normal (fase de recuperação). Outros: são isentos os alimentos ricos em enxofre, de difícil digestibilidade, flatulentos, fermentáveis, infusos concentrados, carminativos, bebidas alcoólicas e derivados de cola e cigarro, pois são excitantes da mucosa gástrica. 24 02/10/2010 ÚLCERA PÉPTICA Característica geral da dieta: Na fase pós-ulcerosa, a dieta deve ser ajustada às necessidades do paciente e aos fármacos em uso. O paciente deve ser orientado para ter atividades habituais, procurando diminuir os fatores agressivos físicos e psíquicos. O paciente deve evitar os excessos alimentares, os desajustes de horário, o abuso de agentes medicamentosos sem prescrição médica e o uso de bebidas alcoólicas. ÚLCERA PÉPTICA Observações: Em todas as fases, a dieta deve ser ajustada à ação e aos efeitos dos fármacos em uso. Infusos concentrados aumentam a secreção ácida e provocam dispepsia. Bebidas alcoólicas aumentam a secreção ácida. Condimentos picantes aumentam a secreção e irritam a mucosa. Pimenta preta aumenta a secreção ácida, provoca dispepsia e irritação gástrica. Pimenta vermelha e páprica contêm capsaicina, substância irritante da mucosa que aumenta a secreção ácida e promove a perda de K+. Pimenta chilli e mostarda podem provocar eritema e lesão gástrica. Refrigerantes derivados de cola diminuem a pressão do esfíncter esofagiano inferior e acarretam refluxo gastroesofágico. A ingestão de leite puro deve ser evitada, pois, além de ser um antiácido fraco, é rico em cálcio, que contribui para a hiperacidez rebote. ÚLCERA PÉPTICA Tratamento cirúrgico: Indicado para úlcera intratável e que pode se complicar com esvaziamento rápido, diarréia, vômitos com bile, perda de peso, anemia, doença óssea por deficiência de vitamina B12. Conduta dietoterápica: Depende da técnica anestésica, do retorno dos ruídos peristálticos, do estado nutricional e da tolerância individual. Tem por objetivo: • Facilitar o esvaziamento do estômago e da parte superior do intestino; • Manter o equilíbrio hidroeletrolítico; • Garantir ingestão calórica e de nutrientes, assegurando as reservas de glicogênio e a manutenção do peso corporal adequado; • Promover a cicatrização da ferida cirúrgica; • Promover estado nutricional adequado e a diminuição do balanço nitrogenado negativo 25 02/10/2010 SISTEMA DIGESTÓRIO INTESTINOS SISTEMA DIGESTIVO INTESTINO DELGADO DUODENO DUODENO 25cm JEJUNO 2,5m ÍLEO 3,5m INTESTINO DELGADO Os primeiros 25 cm, aproximadamente, são o duodeno, ao qual segue o jejuno (porção muito longa), e a parte final, o íleo, com 1,5 até 3,5 metros de comprimento. Quando o alimento em estado semi-fluído (quimo) passa ao duodeno através da válvula pilórica, estimula a secreção de suco pancreático e das glândulas tubulares da parede intestinal. 26 02/10/2010 Endoscopia mostrando o interior do duodeno" " I.D - Suco pancreático neutraliza a acidez do quimo e contém diversas enzimas: tripsina-amilase pancreática- lipase. - Bile (não contém enzimas, sua ação é detergente) O tubo digestivo e suas principais estruturas Digestive System (Vander, Sherman & Luciano, Human Physiology, Cap. 17, 2002, McGraw Hill INTESTINO Complementa a digestão, absorve seletivamente os produtos de hidrólise e excreta o que não é necessário ao organismo. Como principais nutrientes absorvidos temos: • Duodeno: aminoácidos, ácidos graxos, monoacilgliceróis, monossacarídeos, dissacarídeo lactose, vitaminas A e B, glicerol e cálcio. • Jejuno proximal: vitaminas A e B, ácido fólico, ferro, dissacarídeo lactose. • Jejuno distal: dipeptídeos, dissacarídeos isomaltose, maltose e sacarose. • Jejuno inteiro: glicose, ácidos graxos, monoacilgliceróis, ácido fólico, biotina, ácido pantotênico, zinco, potássio e cobre. • Íleo distal: B12 (fator intrínseco) e sais biliares. • Íleo proximal: K+, dissacarídeos: isomaltose, maltose e sacarose. • Íleo inteiro: cloreto, sódio. • Todo jejuno e íleo: vitaminas B1, B2, B3, B6, D, E, K, iodo, Ca, Mg e P. • Ceco: água e eletrólitos. • Cólon transverso: água e biotina (síntese). 27 02/10/2010 INTESTINO O volume do conteúdo intestinal; temperatura; composição química dos alimentos e atividade somática são fatores que regulam a função motora do intestino. Os pacientes com alterações intestinais (enterocolopatias) necessitam de acompanhamento dietoterápico, com a finalidade de: Manter ou recuperar o estado nutricional; Regularizar a função intestinal; Evitar e/ou minimizar os efeitos colaterais e as interações entre os nutrientes e os fármacos em uso. As afecções intestinais, entre outros sintomas, cursam com diarréia e/ou constipação. INTESTINO - DIARRÉIA Consiste no aumento da freqüência, da fluidez ou do volume (peso) das defecações, com relação ao hábito usual do indivíduo. Classificação: Segundo a característica das fezes: Aquosa: infecção intestinal, dissacaridases, alergia à proteína do leite de vaca, etc. Gordurosa: fibrose cística do pâncreas, doença celíaca, colestase, linfagiectasia intestinal, esteatorréia droga-induzida (neomicina, colestiramina), etc. Sanguinolenta: disenteria bacilar / amebiana, doença inflamatória intestinal, etc. Segundo a estrutura anatômica envolvida, divide-se em: Diarréia alta Diarréia baixa 28 02/10/2010 INTESTINO - DIARRÉIA Diarréia alta – pode ser: Pós-epitelial ou pós-entérica Defeitos na lâmina própria: Crohn, tuberculose intestinal, linfomas intestinais, etc. Defeitos nos vasos linfáticos: linfangiectasias, malformação linfática. Defeitos nos linfonodos mesentéricos: linfadenite mesentérica. INTESTINO - DIARRÉIA Diarréia alta – pode ser: Pré-epitelial ou pré-entérica: doenças do estômago, pâncreas, fígado e vias biliares, síndrome de alça cega ou estagnante. Epitelial ou entérica; Defeitos não seletivos dos enterócitos: doença celíaca, espru tropical, reações de hipersensibilidade a proteínas, parasitose, defeitos imunes. Defeitos seletivos: má-absorção, hipomagnesemia congênita, abetalipoproteinemia. Defeitos de área absorvente: enterectomia, fístula, atresia jejunoileal, síndrome do intestino curto. INTESTINO - DIARRÉIA Diarréia baixa: apresenta alterações nos cólons, reto e ânus – pode ser: Não sanguinolenta: Sem comprometimento sistêmico: colopatias funcionais (síndrome do cólon irritável) e medicamentosa (catárticos, antiácidos, colchicina, neomicina). Com comprometimento sistêmico: doença inflamatória intestinal e endocrinopatias, como, por exemplo, diabetes mellitus. 29 02/10/2010 INTESTINO - DIARRÉIA Diarréia baixa: apresenta alterações nos cólons, reto e ânus – pode ser: Sanguinolenta: Sem comprometimento sistêmico: hiperplasia nodular linfóide, adenocarcinoma do cólon, protite ulcerativa, amebíase, colite, pós-irradiação. Com comprometimento sistêmico: retocolite ulcerativa, adenocarcinoma e infarto mesentérico. INTESTINO - DIARRÉIA Classificação: Segundo o início e a duração: Aguda: • Mudança do hábito intestinal de início abrupto e duração de poucos dias (inferior a 10 dias). • Há aumento no teor de água e eletrólitos nas fezes, associado ou não ao aumento do número de evacuações em 24h. contendo ou não sangue, muco e pus. •Pode ser causada por infecções virais, bacterianas, protozoários, por alteração na ingestão alimentar ou por uso de fármacos, como antibióticos, antiácidos, hidróxido de magnésio, bloqueadores ganglionares, colchicina, quinidina, digitálicos, etc. INTESTINO - DIARRÉIA Os efeitos sistêmicos da diarréia aguda são: Depleção de água e sal. Diminuição de Na+ e água gerando concentração do espaço extracelular (hemoconcentração). Na+ sérico normal. Diarréia ósmotica, em que a diminuição de água é proporcionalmente superior à de Na+, provocando desidratação hipertônica. Depleção de K+ (hipocalemia) provocando debilidade muscular, transtornos no ritmo cardíaco, etc. Alteração do equilíbrio ácido-básico com diminuição do bicarbonato, acidose metabólica e diminuição da tensão arteria, taquicardia, choque, insuficiência renal funcional e, às vezes, insuficiência renal aguda. 30 02/10/2010 INTESTINO - DIARRÉIA Classificação: Segundo o início e a duração: Crônica: • Quando o episódio dura mais de duas semanas ou as características recidivam depois da crise inicial. • Pode ser um sintoma funcional ou um sinal de doença grave. • Na diarréia crônica, há um processo de má digestão e absorção, bem como perda de nutrientes em graus variáveis, de acordo com o tipo e a fase. • Os exames complementares confirmam ou refutam as hipóteses aventadas. INTESTINO - DIARRÉIA Prescrição dietoterápica: Os dados para a prescrição dietoterápica são: Diagnóstico ou hipótese diagnóstica. Fármacos em uso. Diagnóstico nutricional com base no histórico da doença atual, no histórico patológico pregresso, no histórico familiar, no histórico dietético, na avaliação antropométrica, na avaliação laboratorial e na avaliação clínico-nutricional. Plano dietoterápico constituído de objetivos, características da dieta, análise da composição química, exemplo de cardápio com lista de substituição de alimentos, recomendações e orientações. INTESTINO - DIARRÉIA Tratamento dietoterápico: Objetivos: Regularizar a função intestinal. Normalizar o estado nutricional. Promover a educação nutricional. Evitar ou minimizar os efeitos colaterais e as interações das drogas em uso com os nutrientes. Considerar o paciente/cliente como um todo. 31 02/10/2010 INTESTINO - DIARRÉIA Vias de administração da dieta: Via oral Via enteral Via parenteral Mista INTESTINO - DIARRÉIA Característica geral da dieta: VET (VCT): ajustado às necessidades do paciente/cliente. Proteínas: hiper (reposição e hipercatabolismo), entre 1,2 à 1,8 g/kg de peso/dia. Carboidratos: normo tendendo a hipo sem concentração de dissacarídeos (fermentação e desconforto abdominal) – sacarídeos complexos, polissacarídeos /dissacarídeos. Lipídeos: hipo sem concentração (aumenta a peristalse e provoca saciedade), controlar a relação TCL / TCM e utilizar TCM, quando necessário. Vitaminas: hiper, com complementação. Caldos concentrados em purina: isentos (excitantes da mucosa do TGI) INTESTINO - DIARRÉIA Característica geral da dieta: Minerais: isentos de alimentos ricos em enxofre (são flatulentos e provocam distensão abdominal). Restante hiper, principalmente K+ (sua diminuição provoca alteração do trânsito intestinal e aumenta a anorexia) e ferro (pelo surgimento de anemia). Fibras: hipo, para não acelerar o trânsito intestinal, com exceção da fibra solúvel (pectina). Líquidos: hiper (acima de 1,2 mL/kcal). Reposição e manutenção da hidratação. Fracionamento: aumentado (para minimizar a sensação de saciedade precoce). Volume: diminuído e concentrado (preenchimento das necessidades do indivíduo sem desconforto abdominal). 32 02/10/2010 INTESTINO - DIARRÉIA Característica geral da dieta: Temperatura: evitar frios ou gelados em jejum (para minimizar a aceleração do trânsito intestinal). Consistência: líquida até branda (de acordo com a evolução e a tolerância individual). Outros elementos: isentos de alimentos de difícil digestibilidade, flatulentos e fermentáveis. Outros, de acordo com o fator causal da diarréia e suas características. Observações: vitaminas e minerais deverão ser suplementados nas fases aguda e subaguda, pois não são absorvidos de forma completa. Dieta: deve ser adaptada aos fármacos em uso, para evitar ou minimizar os efeitos colaterais e as interações negativas com os nutrientes. Diarréia • Fibras solúveis: controle do trânsito intestinal (pela viscosidade e produção de AGCC recupera a mucosa); • Fibras insolúveis : evitar; • Utilização de probióticos: organismos vivos com ação protetora, veiculados em alimentos (lactobacilos). 33