Este suplemento faz parte integrante do Diário Económico Nº 5452
e não pode ser vendido separadamente | 25 Junho 2012
&E.
Prémio Infante
D. Henrique é
passaporte para
melhores escolas
do mundo P.3
Vencedor do
Primus Inter Pares
é revelado hoje P.6
Tomohiro Ohsumi/Bloomberg
UNIVERSIDADES & EMPREGO
Portugal recebe
acelerador de
empreendedorismo,
revela Manuel
Laranja P.5
Metade dos universitários
aceita estagiar sem remuneração
Inquérito do Universia revela que 89% dos mais de 300 mil estudantes portugueses
do ensino superior querem fazer um estágio este Verão. P.2
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Diário Económico – Segunda-feira 25 de Junho 2012
U&E/2 TEMA DE CAPA
Capital Humano
Quinta-feira, 14h15
Perto de 90%
dos estudantes
do superior quer fazer
estágio este Verão
“Questionário de Emprego” do Universia revela que a esmagadora maioria dos mais
de 300 mil estudantes universitários portugueses aposta em ganhar experiência profissional.
C
om o desemprego a atingir
um em cada três jovens,
portugueses, 89% dos mais
de 300 mil estudantes universitários quer estagiar,
este Verão, e metade está
disposta a fazê-lo sem
qualquer remunerado,
apenas para adquirir experiência profissional.
A conclusão é do “Questionário de Emprego”
realizado pelo Universia e pelo portal de emprego “trabalhando.com”, em nove países ibero-americanos.
A outra metade dos estudantes universitários
portugueses não está disposta a trabalhar sem
remuneração (49% contra 51%) porque necessitaria de suportar gastos e rentabilizar o tempo.
A principal razão para os jovens quererem fazer estágio (respondida por 79% dos inquiridos)
é adquirir experiência de trabalho, porque sabem que lhes valoriza o currículo quando forem
procurar emprego, e que a oportunidade de integrar um mercado exigente requer uma preparação prévia. Os universitários tentam prepararse, dentro e fora da faculdade, para se tornarem
mais competitivos no mercado.
“Na altura de elevado desemprego que estamos a atravessar, as empresas podem beneficiar
com esta opção numa solução de curta duração,
para quem quer e precisa de trabalhar», afirma
Bernardo Sá Nogueira, director-geral da rede
universitária Universia em Portugal.
A maioria dos inquiridos (55%) espera poder crescer profissionalmente com o estágio,
mais do que os que esperam ganhar créditos
para a universidade (39%) e menos ainda (6%)
os que esperam aplicar conceitos aprendidos
na faculdade (6%).
Perante a possibilidade de prolongar o estágio, 79% dos inquiridos admitem que o fariam
porque acreditam que os ajudaria a adquirir ex-
BERNARDO SÁ NOGUEIRA
“Numa altura de elevado
desemprego, as empresas
podem beneficiar com esta
opção numa solução de
curta duração, para quem
quer e precisa de
trabalhar», diz o directorgeral do Universia Portugal.
Serviços e tecnologias
são as áreas mais populares
NÚMEROS DO INQUÉRITO
89%
A esmagadora maioria
de 89% dos estudantes
universitários inquiridos
pelo “Questionário de
Emprego” prevê fazer
um estágio este Verão.
Apenas 11% diz que não
tenciona estagiar este
Verão.
51%
Metade (51%) dos
inquiridos faria um
estágio não remunerado,
porque lhe serviria para
adquirir experiência. A
outra metade (49%) não
está interessada em fazer
um estágio sem receber
dinheiro, porque
precisaria de suportar
gastos e perderia tempo.
periência, e 11% porque teriam a possibilidade
de continuar a estudar. No entanto, 5% não faria
esta opção, porque consideram que lhes dificultaria os estudos.
Fazer um estágio significa, na maioria dos casos, uma “introdução ao mercado de trabalho” e
daí a sua enorme importância para os jovens
universitários, defende Rita Vaz Jesus, técnica
de recrutamento do Universia Portugal. “Para
muitos recém-licenciados/mestrados é um primeiro contacto com o mundo empresarial e permite um contacto prático entre os conhecimentos adquiridos e as regras da vida empresarial»,
sublinha. É como uma “extensão da aprendizagem”, permitindo aos jovens adquirir novas
competências ou desenvolvê-las e preparandoos para o futuro profissional, acrescenta.
55%
Mais de metade (55%)
dos jovens que
responderam a este
inquérito gostaria de
trabalhar numa empresa
privada. Apenas 28%
estão interessados no
sector público e 17%
preferia uma ONG.
Seja por causa dos cortes de salários e pensões
dos funcionários públicos ou por qualquer outra
razão, a verdade é que a ambição dos estudantes
universitários portugueses não é trabalhar no
Estado, mas no privado. Mais de metade dos inquiridos (55%) gostaria de conseguir um emprego numa empresa privada e apenas 28% se mostram interessados em trabalhar no sector público. Para uma franja ainda considerável dos inquiridos (17%), o ideal seria ir para uma ONG.
Outra conclusão que se pode tirar deste inquérito é que o sector não é muito importante
no momento de começar a trabalhar. O que interessa é poder realizar um estágio profissional,
seja em que área for. Ainda assim, têm preferências distribuídas pelos vários sectores. Os mais
populares são os sectores dos serviços e da tecnologia, com 24% das respostas cada um, 14%
apostam nos recursos humanos, 12% na produção, 13% no marketing, deixando para trás a
área comercial, o Direito e as Finanças.
O inquérito, realizado em Abril pela rede de
universidades ibero-americanas Universia e pelo
portal de emprego chileno “trabalhando.com”,
falou, em Portugal, com uma amostra composta
maioritariamente por jovens do sexo feminino
(66%), 51% tinha entre 21 e 26 anos e 38% mais
de 27, enquanto 68% se encontrava no primeiro
ciclo de formação (entre o 1º e o 3º ano do curso).
No total dos nove países inquiridos – Portugal,
Espanha, Argentina, Chile, Colômbia, México,
Peru, Porto Rico e Uruguai – uma maioria de 69%
acredita que contar com alguma experiência profissional acaba por ser de grande ajuda para os estudantes. A maioria dos 27 mil inquiridos (66%)
prevê realizar estágios profissionais, este Verão,
uma percentagem muito abaixo da média portuguesa (89%). ■ Carla Castro
Um passaporte
O prémio Infante D. Henrique é
um programa de desenvolvimento
social e pessoal para jovens
dos 14 aos 25 anos.
N
a hora de escolher os seus futuros alunos, as melhores universidades do mundo não olham
apenas para as classificações do
ensino secundário. Se os candidatos não apresentarem no seu
currículo actividades de voluntariado ou serviço à comunidade são imediatamente excluídos,
explica Chari Empis, directora da Oeiras International School. Uma forma dos alunos garantirem que preenchem estes requisitos é concorrer ao prémio Infante D. Henrique. Uma certificação que desperta a atenção das melhores ins-
Diário Económico – Segunda-feira 25 de Junho 2012
U&E/3
Com apenas 16 anos, Tiago de Zoeten, um dos 14 vencedores do prémio
Infante D. Henrique deste ano, já sabe que quer estudar Biologia numa
universidade da Escócia. Outra das vencedoras, Maria da Paz, decidiu ajudar
um lar de idosos, onde se deslocava todas as semanas para fazer companhia e ajudar os
mais velhos. Tirar o curso de hotelaria na Suíça é o seu sonho e promete fazer tudo para o
concretizar. Estes dois vencedores garantem que o prémio mudou as suas vidas.
OPINIÃO
Paula Nunes
Demasiados cães
para o mesmo osso
PEDRO MAGRIÇO
MSc student at Católica-Lisbon SBE
S
para as melhores universidades
tituições de ensino superior do mundo quando
avaliam os currículos dos candidatos. Criado
em 1987, o prémio Infante D. Henrique é a versão portuguesa do prémio Duque de Edimburgo. Um galardão criado, em 1956 na Grã-Bretanha, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento pessoal e social dos jovens. Portugal
foi o primeiro país europeu de língua não inglesa a adoptar este sistema. Mas, hoje, já há mais
de sete milhões de jovens de 140 países a participar neste galardão.
O prémio é um “programa internacional de
desenvolvimento pessoal e social dirigido a todos os jovens dos 14 aos 25 anos, que os encoraja
a desenvolverem-se como cidadãos activos, participativos fazendo um contribuição positiva na
sociedade”, sublinha Luísa de Sá Carneiro Beirão, directora do prémio. Uma iniciativa que
permite aos jovens adquirir competências essenciais para todo o seu percurso de vida como
Actualmente,
mais de sete
milhões
de jovens de 140
países
concorrem
a este prémio
que em Portugal
se chama
Infante D.
Henrique.
“autoconfiança, auto-estima, responsabilidade,
cidadania activa, liderança, trabalho em equipa
e motivação”, explica uma das responsáveis
pela iniciativa.
O prémio tem quatro grupos de actividade
que os jovens têm que desenvolver: serviço à comunidade, que inclui voluntariado, ou apoio a
idosos ou crianças; talentos pessoais, em que o
jovens escolhem como meta desenvolver um determinado talento; actividade desportiva e espírito de aventura, que compreende expedições e
explorações nacionais.
“Neste tempo em que encontrar emprego é
tão difícil, é preciso que os jovens se diferenciem
e tenham currículos alternativos”, sublinhou ao
Económico D. Duarte, o Duque de Bragança, que
preside ao prémio Infante D. Henrique.
Certo é que ter este prémio fez a diferença na
vida dos 14 jovens que o receberam, na sexta-feira passada. ■ Madalena Queirós
egundo o Eurostat, o desemprego jovem em Portugal ultrapassa os 35%. O
Ministério de Educação já anunciou
querer cortar vagas nos cursos com
poucasaída.Asperspectivasparaosmeuscolegas que estão a acabar o curso não são de facto
animadoras. Cada vez mais, as empresas limitam as vagas dos seus programas de trainees,
publicam menos oportunidades de estágio e
sãomaisexigentesnoscritériosdeselecção.
No entanto, os melhores alunos – precisamente porque são os melhores – deveriam estarumpoucomaisàvontadecomtudoisto.Eo
que faz um bom aluno? Uma boa média. E, naturalmente, numa universidade de referência.
Depois, as chamadas soft skills – saber comunicar, atitude positiva, liderança… Enfim, tudo
o que qualquer candidato tem de saber comprovar que tem. Finalmente, summer schools
noestrangeiro,Erasmus,estágiosdeVerão,voluntariado e tempos livres interessantes são
elementos cruciais para despertar o interesse
dameninadosRecursosHumanos.
Dado que reúno estes elementos, acredito
que muitas meninas dos RH devem achar o
meu perfil interessante. Deveria portanto poderescolheradedoaempresaparaaqualquero trabalhar. Assim foi com o meu irmão mais
velho, que quando saiu da faculdade há 10
anos tinha várias boas empresas à perna. Foi
sóescolher.
Infelizmente, a minha experiência até agora diz-me que já não é assim tão fácil. Ainda
queestejaapenasàprocuradeumestágiopara
este Verão (e os meus esforços não terem sido
osmaiores),averdadeéqueapenastenhoduas
ofertas em vista – o que é, perdoem-me a arrogância à Mourinho, manifestamente pouco.
Posso não ser o “special one”, mas não sou de
certeza“oneofthebottle”.
O problema é que mesmo havendo poucos
bonsalunos,somosdemasiadosparaasoportunidades minimamente de jeito que aparecem.
Há uns dias, houve uma empresa com um projecto de Verão interessante que me ligou para
marcar uma entrevista para um dia em que eu
não podia (tinha um exame). Depois de ter pedido com delicadeza para marcar para outra
hora e explicado o motivo, disseram-me que ligariam de volta com nova data. Nunca ligaram.
Se a vida não está fácil para os melhores,
para os menos bons estará bastante difícil. De
facto, tenho vários amigos que demoraram
quase um ano a conseguir emprego. No tempo
do meu pai, não passava pela cabeça de ninguém ir para o desemprego com um canudo no
quarto. Hoje? Ter um canudo não basta. Há demasiadoscãesparaomesmoosso.Éprecisosaber vender muito bem o peixe que cada um
tem;sabermostraracapacidadedeacrescentar
valor e de fazer a diferença. Acima de tudo, há
quelutaresangrarporcadaoportunidade.. ■
O problema é que mesmo
havendo poucos bons
alunos, somos demasiados
para as oportunidades
minimamente de jeito
que aparecem.
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Passaporte para as melhores Universidades do Mundo