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Análise Social - Revista do Instituto de Ciências
Sociais da Universidade de Lisboa
V. 39, n.º 173 (Inv.2005)
Índice
págs
Tema: Europa e Islão
Apresentação
757
Jack Goody: nota bibliográfica
763
Artigos
Os Taliban, Bamiyan e Nós: o Outro islâmico
Jack Goody
769
Partindo da destruição dos budas de Bamiyan levada a cabo pelos
Taliban, o autor discute as representações ocidentais sobre o Islão
que remetem para uma alteridade irredutível e mostra que a
condenação da representação figurativa existiu sob forma extrema
em várias religiões — Judaísmo, Cristianismo protestante, o próprio
Budismo, religiões africanas — ou em ideologias laicas puritanas,
como as que levaram ao vandalismo no contexto da Revolução
Francesa. Longe de ser algo de excepcional e próprio de islamitas, a
destruição das estátuas de Buda insere-se num conjunto de atitudes
puritanas iconoclastas que têm acompanhado a história de um
grande número de sociedades, incluindo a ocidental.
O sentido dos árabes no nosso sentido. Dos estudos sobre árabes e
sobre muçulmanos em Portugal
Maria Cardeira da Silva
781
Sem ambicionar uma análise exaustiva do campo de estudos sobre
árabes e muçulmanos em Portugal — que só agora começa a ser
empreendida —, pretende-se aqui monitorizar os usos políticos que,
ao longo do tempo, o determinaram.
Historicamente associados a preocupações etnogenéticas e à
arqueologia, os estudos relativos aos árabes e ao Islão continuam
hoje a inspirar — por exemplo, através daquilo que aqui se designa
como «efeito Mértola» — a persistência e difusão do mito de
tolerância
multiculturalista/luso-tropicalista
(numa
versão
islamófila do orientalismo) inscrito atavicamente na etnogenealogia
dos portugueses.
807
Islamização no território de Beja: reflexões para um debate
Santiago Macias
O início da islamização em Beja foi marcado por um conjunto de
acontecimentos que reflectem o confronto entre as oligarquias
autóctones e as tentativas do poder emiral para exercer a sua
autoridade na cidade e no território que dela dependia. A evolução
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que a região irá conhecer entre os séculos vm e xm d. C. será
caracterizada pelo progressivo apagamento desse foco de resistência
(numa primeira fase) e, a partir do século x, por uma progressiva
orientalização, à qual parece ser alheia a ideia de uma «invasão
árabe».
827
Novidades no terreno: muçulmanos na Europa e o caso português
Nina Clara Tiesler
Em 2000 formulei a tese da marginalização do fenómeno da Nova
Presença Islâmica na esfera pública portuguesa. Com as novidades
que entretanto emergiram, chegou a hora de reavaliar essa tese. O
artigo introduz brevemente o contexto da presença muçulmana na
Europa, sublinhando particularidades do caso português. Nele
concentro-me em quatro novidades que lançam novas questões no
terreno: (/) novos padrões migratórios; (//) a maturidade da
segunda geração; (iii) o aumento do interesse público na sequência
do 11 de Setembro; (iv) a nova descoberta do passado medieval. Para
abranger a dinâmica do terreno, proponho para discussão a
distinção
de
três
fases
históricas:
pré-descoloniza-ção,
descolonização e pós-descolonização
«Bangla masdjid»: Islão e bengalidade entre os bangladeshianos em
Lisboa
José Mapril
851
Nos últimos anos, as pesquisas sobre as populações muçulmanas no
Ocidente têm incidido sobre o desenvolvimento de perspectivas
universalistas e ortodoxas do Islão. Afirma-se que a experiência
migratória coloca em contacto diversas populações muçulmanas,
favorecendo a emergência de ideologias universalistas que se
sobrepõem a outras formas de pertença.
Este artigo pretende precisamente matizar estas perspectivas, uma
vez que existem casos onde as fronteiras entre o Islão e outras
formas de pertença não são tão claramente traçadas. Baseado numa
pesquisa etnográfica em curso sobre os imigrantes do Bangladesh
em Lisboa, argumenta-se que a identidade muçulmana e a
identidade bengali não são mutuamente exclusivas; bem pelo
contrário, elas aparecem conjugadas na criação de um espaço de
culto. A mesquita é aqui um espaço de mediação, onde a
universalidade do Islão e a particularidade da bengalidade se
materializam e conjugam.
Livros
René Pélissier, Autores, actores, críticos e «bons samaritanos»
877
Ana Delicado, António Firmino da Costa, Patrícia Ávila e Sandra
Mateus, Públicos da Ciência em Portugal
886
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V. 39, n.º 173 (Inv.2005)
Luís Salgado de Matos, Richard Gunther, José Ramón-Montero e
Juan J. Linz (orgs.), Politicai Parties: Old Concepts and New
Challenges
890
Ruy Llera Blanes, Barbara Rose Lange, Holy Brotherhood. Romani
Music in a Hungarian Pentecostal Church
893
Paulo Jorge Fernandes, António Costa Pinto e André Freire (orgs.),
Elites, Sociedade e Mudança Política
897
José Manuel Rolo, José Cutileiro, Vida e Morte dos Outros — A
Comunidade Internacional e o Fim da Jugoslávia
903
António Pedro das Dores, Michael Woodiwiss, Crime, Crusades and
Corruption — Prohibitions in the United States, 1900-1987
907
Inês Paulo Brasão, J. A. David de Morais, Senhores e Servas: Um
Estudo de Antropologia Social no Alentejo da Primeira Metade do
Século XIX
911
Marco lisi, Francesco Raniolo, I partiti conservatori in Europa
occidentale
914
Irene Flunser Pimentel, José Barreto, Religião e Sociedade. Dois
Ensaios
918
Résumés/Abstracts
929
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