O Design no trânsito entre a criação
c riação e a tecnologia
tecnologia
Moura, Mônica.
Doutora em Comunicação e Semiótica; Pesquisadora e Professora do Mestrado em Design e do
Centro de Pesquisa em Design e Moda; Universidade Anhembi Morumbi
[email protected]
Gusmão, Cláudio.
Mestrando; Universidade Anhembi Morumbi
[email protected]
Resumo
O presente texto aborda a discussão da nomenclatura e do conceito do campo do design e
sua área de atuação, trazendo exemplos e sínteses visuais, refletindo sobre a amplitude
deste campo na contemporaneidade, bem como no permear e na integração da criação e da
tecnologia em seus processos e métodos de inter-relação na constituição de objetos
materiais ou imateriais que constituem o universo artificial e a vida do homem contemporâneo.
Palavras-chave: Design; Criação; Tecnologia.
Introdução
O design não existe se não houver a criação e a tecnologia. Evidentemente estas questões
são permeadas pela conceituação da proposta e pela ação projetual. Uma das implicações da
criação é a produção de algo, um objeto, seja ele material ou imaterial. Esse objeto só toma
corpo, é materializado, torna-se realidade por meio da produção. A produção só se realiza
por meio da tecnologia.
Tudo isto parece muito simples, porém a discussão e os estudos sobre criação e tecnologia
acompanham a história do homem, mas apesar da longa existência dessa discussão há
sempre a necessidade de atualização e do pensar constante a este respeito devido às
modificações geradas pela cultura e inerentes a essas questões que são dinâmicas e,
portanto, passíveis de revisões, alterações e atualizações.
Refletir sobre o design também é tarefa constante, tendo em vista não somente as
abordagens históricas, mas principalmente o pensar sobre a contemporaneidade e os
reflexos e movimentos no modo de produção e na vida do homem.
O design carece do estudo e da reflexão constante sobre o seu campo e os modos que o
engendra. Afinal, o termo e o conceito sobre o design, especialmente na contemporaneidade
são carregados de tensões, dificuldades e inovações. A disseminação do termo e a adoção
da nomenclatura em língua inglesa também criam a necessidade de esclarecimentos. Cabe
aos estudiosos, profissionais e pesquisadores dessa área contribuir para ampliar o repertório
de considerações do que trata este campo do conhecimento.
Esse artigo busca tratar das questões relacionadas ao campo do design, a conceituação e
abrangência deste campo, a inter-relação do design, da criação e da tecnologia, o trânsito e
as fusões estabelecidas por estas questões com o objetivo de colaborar para a
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compreensão e entendimento desta área, bem como disseminar a sua importância e
abrangência na cultura contemporânea.
Afinal, o que é Design?
O dia 05 de novembro foi instituído como o dia nacional do design em homenagem ao
advogado, artista e designer Aloísio Magalhães que muito contribuiu e atuou pela memória
artística e cultural brasileira e foi uma das pessoas de grande importância para a
consolidação do design brasileiro.
Nos discursos das mais diversas comemorações e também nos cartazes, geralmente
lançados em homenagem a esta data, sempre estão presentes frases que indicam o
desconhecimento da profissão. A APDesign - associação dos profissionais em design do Rio
Grande do Sul- lançou um cartaz em 2008 que dizia o seguinte: “se sua avó pensa que você
mexe com computador e sua tia não entende o que você faz, então hoje deve ser seu dia!” e,
mais a frente o texto esclarecia que ainda há muito “a fazer para que a nossa profissão seja
valorizada e compreendida”.
Esta situação apontada em tom irônico ou como uma brincadeira reflete o desconhecimento
acerca do design que existe no Brasil. O desconhecimento ou o não entendimento atinge
desde o que é este profissional, o seu campo de atuação, bem como o significado do termo. E
isto não ocorre só hoje, vem de um bom tempo atrás.
Quando a nomenclatura da profissão era desenhista industrial as pessoas que não eram da
área, sempre nos questionavam se éramos desenhistas de máquinas, desenhistas
mecânicos ou desenhistas técnicos ou ainda acreditavam que trabalhávamos com aviões e
carros. Tal situação somada ao fato de que o maior número de profissionais no Brasil atuava
na área de comunicação visual e também visando o mercado globalizado, levou a troca de
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nomenclatura de desenhista industrial por designer e do campo desenho industrial por design.
Isto ocorreu no ano de 1988 em um encontro que reuniu professores, profissionais e
estudantes da área. A troca de nomenclatura visava um maior entendimento do campo de
ação e do próprio termo que designa a profissão, mas também seguia uma tendência mundial.
Países como o Japão, a Coréia, a China adotaram a nomenclatura na língua inglesa e até a
França o fez. Porém, a nova nomenclatura no Brasil continuou a gerar confusões e
desentendimentos, além de estabelecer um ar um tanto pedante.
Além da dificuldade de entendimento, a nomenclatura deste campo e da profissão começou a
ser empregado em muitos tipos de atividades que mais ajudaram a confundir do que
esclarecer. A palavra design encontra-se nomeando uma série de atividades que não são
design, por exemplo, hair-design, cake-design, flower-design, nail-design. Também essa
palavra cada vez mais é empregada na constituição de frases de efeito ou de impacto,
geralmente de uso publicitário e marketeiro. Aí encontramos exemplo lamentáveis, tais como,
‘qualidade e design em todos os estilos’ ou ‘inovação, tendência, design, realização’ para a
venda de apartamentos em um condomínio ou ainda ‘porque você é louca por design’ em um
editorial sobre perfumes. Nos parece que essas aplicações do termo e frases de efeitos só
colaboram para aumentar as dúvidas e o entendimento clama, cada vez mais não apenas
pela constituição mas para uma ampliação do repertório a este respeito.
Grande número de pessoas ainda não sabe o que significa design e não conseguem delinear,
mesmo que de forma simplista, qual o campo de abrangência deste segmento e as atividades
de atuação do profissional desta área. Acreditam e imaginam que esta palavra diz respeito
apenas ao aspecto exterior dos objetos, ou seja, atribuem ao design o sentido de forma,
formato ou aparência. Alguns se referem às características formais de determinados
produtos, dizendo ‘o design do carro’ ou pior ‘o design desta montanha’ ou aqueles que
pensam estar inteirados no tema chegam a afirmar: ‘o design de superfície desta galinha de
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angola é demais!’. Pior que isto é o emprego da palavra como sinônimo de status ou para
justificar o consumo desenfreado de objetos inúteis e duvidosos.
Estes exemplos indicam o quanto as pessoas ainda hoje possuem uma idéia errada sobre o
design. Consideram que a nomenclatura indica apenas desenho e acreditam que os
designers são apenas desenhistas ou ilustradores ou artistas ou criativos. Os designers
podem desenvolver todas estas atividades, mas não necessariamente estas e não somente
estas.
Segundo Bonsiepe (1997), a postura do público em geral remonta aos anos de 1950 e 1960
quando nas empresas e indústrias focadas na produção o designer encontrava dificuldades
para se estabelecer devido as suas divergências com as áreas das engenharias. Este autor
identifica a mesma postura ainda nos dias de hoje, observando que a tentativa de
compreender o que é design,
(...) Geralmente acaba no juízo — ou preconceito — de que o design
seria nada mais que cosmética (...) com diferentes matizes, estas
opiniões que ligam o design ao mundo superficial, do pouco
importante, do pouco rigoroso, continuam presentes numa concepção
de design que considera a forma e o visual como o mais importante.
(BONSIEPE, 1997, p. 11)
Mediante este panorama há uma grande tendência em considerar o design apenas como
forma ou apenas como criação ou ainda apenas como tecnologia. Desta forma, a discussão
que ora se apresenta busca esclarecer estas relações no âmbito do design.
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Êta palavrinha difícil sô!
A palavra DESIGN abarca um rico universo de significados, talvez esteja aí o motivo das
confusões e incompreensões e o risco de interpretações equivocadas.
Em sua raiz etimológica encontramos uma série de significados, tanto na origem da palavra
em latim quanto na derivação do latim, conforme podemos ver na tabela abaixo.
Design
Latim
Deriv ação do Latim
DESIGNO
DE SIGNUM
Idear
Sinal
Desenhar
Marca
Delinear
Imagem
Designar
Presságio
Marcar
Prodígio
Destinar
Tabuleta
Eleger
Empreender
Determinar
Resolv er
Tabela 1 – Raiz etimológica da palavra design – designo e de signum.
Autoria de Mônica Moura e Cláudio Gusmão.
Na observação de sua etimologia podemos verificar que a palavra design carrega relações
entre o projeto e o desenho. Idear, designar, destinar, eleger, empreender, determinar,
resolver dizem respeito ao ato de projetar enquanto desenhar, delinear, marcar se referem ao
ato de desenhar, configurar, dar forma. Portanto, se estabelece ambigüidade e tensão
dinâmica entre o aspecto abstrato (conceber, projetar, atribuir) que diz respeito ao projeto e o
aspecto concreto (registrar, configurar, formar) relativo ao desenho e a forma. Devemos
lembrar que desenho é diferente de projeto. O desenho está relacionado à expressão e a
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representação enquanto o projeto à concepção e organização para o desenvolvimento de um
produto, um objeto, seja de informação, de comunicação ou utilitário.
Ao tomarmos os significados da palavra design veremos que ela abarca os significados do
desígnio, do pressagio, do futuro. Prever o futuro, designar um fato, uma ação, prenúncio,
pressentimento, intuição. Para prever e designar recorremos ao mundo das idéias. O projeto
diz respeito à idéia, a concepção, a criação daquilo que virá a existir em um tempo sempre
futuro ao ato da concepção e da criação. Assim projeta-se para designar e no ato de projetar
exercita-se a previsão, o prenúncio, a intuição. O projeto deve ser trazido à luz a partir da
visualização, representação, pelo desenho, pelo esquema. Desta forma, o designar se
estabelece na realização de uma proposta, na solução de um dado problema, no
empreendimento para a realização de algo. A tabela 2 que se encontra abaixo nos apresenta
essas relações de significados.
DESIGN
PROJETO
Designar
Futuro
Idéia
Desenho
Destinar
Marca
Desígnio
Concepção
Representação
Determinar
Identidade
Presságio
Criação
Esquema
Empreender
Imagem
Realizar
Sinal
(proposta)
Resolv er
(problema)
Buscar /
Encontrar
(solução)
Tabela 2 – Relação de significados – design / projeto/ designar.
Autoria de Mônica Moura e Cláudio Gusmão.
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Em inglês a palavra Design pode ser utilizada de duas maneiras. A primeira é como
substantivo e significa um propósito, um plano, uma intenção e a segunda maneira é sua
utilização como verbo (to design) que está relacionada com o ato de projetar, inventar algo e
dar forma aos objetos. Muitos confundem o fazer design com o ato de desenhar, porém vale
lembrar que embora em português a palavra desenho se aproxime da palavra design os
significados são bastante diferentes.
Nos idiomas inglês, espanhol, francês e italiano a palavra design possui um vocábulo próprio
e a palavra desenho também, o que facilita demasiadamente a compreensão da
nomenclatura. Podemos observar que o ato de desenhar em inglês é o verbo to draw e o ato
de projetar por to design. No espanhol as palavras “desenho” e “design” referem-se
respectivamente a dibujo e a diseño. Enquanto na língua francesa e italiana temos o uso da
palavra design enquanto desenho é indicado por palavras como dessein e disegno. Nos
países de língua portuguesa, utilizamos a palavra na língua inglesa design, pois não temos
uma palavra que possa designar esta área de ação e este campo de conhecimento, que não
é apenas projeto, que não é apenas desenho.
Idioma
Desenhar
Design
Português
Desenho
Design, Designer
Inglês
Draw
Design, Designer
Espanhol
Dibujo
Diseño, Diseñador
Francês
Dessein
Désign
Italiano
Disegno
Design| Progettazione
Tabela 3 – Emprego das palavras desenho e design em diferentes idiomas.
Autoria de Mônica Moura e Cláudio Gusmão.
No Brasil, mesmo não tendo chegado a uma definição satisfatória, a nomenclatura em língua
inglesa foi dicionarizada e incorporada primeiramente ao dicionário Houaiss no ano de em
2001. Após esta data outros dicionários incorporaram o termo ao léxico.
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A adoção da palavra Design tem relação direta com diversos momentos históricos e dessa
maneira surgiu não somente uma nomenclatura, mas também um novo campo profissional que
vem se modificando através dos tempos. No final dos anos 1400 na Itália era empregada a
palavra disegno interno e disegno esterno para identificar a diferença entre o projeto e a
obra, o objeto executado. Por volta de 1590 na Inglaterra foi realizada a tradução do termo
italiano disegno como design para nomear a produção industrial das tecelagens e também
marca o surgimento das escolas de design. De 1600 em diante a palavra é empregada em
vários países europeus nos contratos de trabalhadores vinculados a indústrias têxteis, de
mobiliário e de objetos ornamentais e utilitários. Estas utilizavam desenhos, padrões
ornamentais e projetos de produtos. Em 1920 a palavra ganha um complemento e passa a
indicar o segmento de design gráfico, estabelecido nos EUA. A tabela 4, abaixo demonstra as
relações indicadas com respeito à disseminação da palavra design.
Final de 1400
1590
1600 em diante
A
partir
de
1920
Itália
Inglaterra
Vários
países
EUA
europeus
Disegno interno (projeto)
Tradução
do
termo italiano
Disegno
executada)
Esterno
(obra disegno
Número considerável
de
para
Design
Design gráfico
trabalhadores
ligados à criação e
confecção de padrões
ornamentais para as
Produção
indústrias têxteis, de
industrial
mobiliário, de objetos
Tecelagens
ornamentais
Schools
of
e
utilitários.
Design
Tabela 4 – Abordagem histórica da nomenclatura Design.
Autoria de Mônica Moura e Cláudio Gusmão.
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No Brasil a palavra foi instituída com a criação da primeira escola de ensino formal no país, a
ESDI – Escola Superior de Desenho Industrial e o filólogo Antonio Houaiss foi consultado para
solucionar a aplicação de uma nomenclatura que definisse o design em língua portuguesa.
Seu primeiro estudo indicava a palavra projética, mas esta nomenclatura não foi aceita e foi
indicada a nomenclatura desenho industrial. Lucy Niemeyer relata esta questão com detalhes
em seu livro Design no Brasil1 – origens e instalação, resultante de sua dissertação de
mestrado pela UFF – Universidade Federal Fluminense.
Ainda hoje existem instituições de ensino que continuam a aplicar a nomenclatura desenho
industrial para o segmento da área do design difundido como design de produto. Atualmente o
campo do design incorpora vários segmentos e áreas relativas à diversidade de atuação
profissional.
Design... “só sei o que tô fazendo”
Figura 01. Cartaz Dia do Designer de autoria desconhecida
1
Livro publicado pela editora 2AB em 1997.
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O cartaz acima, de autoria desconhecida, comemora o dia do designer e foi divulgado
primeiramente no blog sobredesign2 em novembro de 2008, depois disto, como se diz no
jargão da Internet, ‘caiu na rede’, isto é foi divulgado em vários outros sites e enviado a listas
de e-mails.
Com este exemplo, podemos observar como o campo é carregado de contradições, inclusive
para os jovens profissionais. O cartaz é constituído por uma série de ‘nãos’ na tentativa de
esclarecer o que não é design e desta forma contribuir para delinear o campo de ação de um
designer.
As frases com as negativas trazem também toda a consideração sobre as diferenças entre o
emprego e o domínio de técnicas; a ação para a formação e as atividades profissionais; o
uso dos termos e a tentativa de uma separação do campo indicando, pelo discurso das
negativas, o que é e o que não constitui o design.
Com relação ao domínio das técnicas o texto do cartaz esclarece: ‘eu não faço seu retrato a
lápis’, ‘eu não estudei corel draw ’. Com relação à formação acadêmica há claras indicações
‘eu não passei a faculdade desenhando’ e novamente ‘eu não estudei coréu drau (sic)’. As
frases sobre a atividade profissional e a tentativa de esclarecimento e indicação do campo de
atuação apontam: ‘não faço logomarcas’, ‘não troco meu serviço pelo nome no seu site’, ‘não
sou o carinha do marketing’, ‘não sou o cara da publicidade’ ‘não invento slogãozinho (sic)’.
Mais a frente encontramos visões críticas sobre as interferências na criação e no projeto e a
indicação do universo de conhecimentos do profissional quando o texto diz ‘não, sua mulher
não gosta de rosa com laranja salmão’. Na tentativa de esclarecer e como forma de contribuir
2
http://sobredesign.wordpress.com/2008/11/06/ser-designer/
Este blog é da designer, ilustradora e professora Janaína Veneziani dos Santos.
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ao emprego correto dos termos o cartaz informa: ‘não sou design e nem estudei designer’. As
frases que ocorrem na seqüência demonstram a angústia perante atividades que
incorporaram o termo design e o texto do cartaz indica: ‘não, você não é designer, é
cabeleireiro’; ‘não, você não é designer, é confeiteira’; ‘não, você não é designer, só tira
sobrancelhas’. O cartaz finaliza informando que o profissional em questão sabe do que trata
e devido ao seu repertório de conhecimentos, construído pelo seu percurso de formação,
sabe do que está falando: ‘não, eu não tô me achando, só sei o que tô fazendo (sic)’ e
finaliza informando que 05 de novembro é o dia do designer.
Para quem atua na área o cartaz no primeiro momento parece muito divertido, ou seja, a
maneira que o texto traz todas as indignações e aborda muitas das indagações que permeiam
a área. É também uma provocação e comunicação corajosa. Todos reclamam das situações
apontadas, alguns escrevem a este respeito, mas falar sobre isto com um objeto específico e
tradicionalmente importante dentro do campo do design - um cartaz - é extremamente
interessante. Sem dúvida, o emprego da tipografia, o uso da caixa alta em todo o texto, a
hierarquia do tamanho da fonte, o emprego do preto e branco, os contrastes por toda a peça
indicam a necessidade de expressar, esclarecer, afirmar e demonstrar o que é este campo e
a que se destina.
Retornando a primeira frase que pode contribuir muito com a nossa discussão, ocorre a
indicação de que um designer não é um técnico de informática e mais a frente aponta que não
estudou o softw are corel draw para se formar nesta área. Há aí uma clara indicação da
discussão de como o emprego da tecnologia é enfocado, geralmente, mas não só, pelas
pessoas que não constituem a área e normalmente pelos clientes que buscam um serviço de
um designer e também pela sociedade em geral. Normalmente, quando se fala da tecnologia
como uma das vertentes de constituição do campo do design, presente no ato de projetar, a
maioria das pessoas pensa que tecnologia é o domínio das ferramentas de um softw are. Na
era digital o emprego do softw are e também do hardw are implica no entendimento da
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linguagem que estes carregam em um universo maior do que a simples aplicação da
ferramenta. Portanto, o design é também tecnologia, no sentido mais amplo de tecnologia, mas
é também muito além disto!
O amplo e fértil campo do Design
O Design é uma atividade interdisciplinar que aponta e possibilita relações transdisciplinares e
que se fundamenta no estabelecimento de um trânsito de relações com todas as áreas do
conhecimento humano. Por este motivo, além da amplitude deste campo, a sua área de ação é
extremamente fértil, aberta a diversas relações que se constroem a partir do exercício de
criação no desenvolvimento de novas ou diferentes propostas e questionamentos,
principalmente quando consideramos a contemporaneidade.
O campo do design envolve todo o processo de desenvolvimento de um objeto, de um
produto, desde a etapa de concepção e criação integradas a um pensar, explorar e
expressar em linguagens para o desenvolvimento de um projeto que se corporificará em
produto ou sistema atuando a partir das possibilidades oferecidas pelo universo cultural e
social e, a partir das propostas estabelecidas, gerando interferências no meio, no ambiente e
na vida do homem. Gustavo Bomfim (1999) definiu muito bem esta questão quando indicava
que o design...
“É uma atividade que configura objetos de uso e sistemas de informação
incorporando valores e manifestações culturais como anúncio de novos
caminhos e possibilidades. O Design participa da criação cultural
questionando ou reforçando valores culturais de uma sociedade. O
Design apresenta as possíveis interpretações das diversas possibilidades
oferecidas pelas variáveis da natureza política, econômica, social,
tecnológica” (Bomfim: 1999, p.152)
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Para este designer e pesquisador é implícita a relação entre a criação e a tecnologia a partir
de um caminho traçado pela leitura das mesmas na sociedade na qual se vive, bem como na
concepção e desenvolvimento projetivo que incorpora e constrói uma linguagem que se
estabelece pelo trânsito de relações entre as vertentes culturais e produtivas.
A atuação no campo do design implica no relacionamento com o setor produtivo (onde a
tecnologia está fortemente presente), com o setor de marketing (onde as relações com a
comunicação e as questões midiáticas também estão presentes). Portanto, da etapa de
concepção ao desenvolvimento e acompanhamento cabe ao designer buscar a melhor
solução ou constituir novas propostas. Inclusive, integra o conjunto de relações e
abordagens de um projeto e de um produto, o pensar e acompanhar a problemática do
descarte e da reutilização dos produtos e seus efeitos na sociedade com foco na
sustentabilidade.
Lobach (2000) nos indica o design como um campo de complexas inter-relações e profusão
de conceitos que perpassam da concepção ao plano materializando uma idéia no ambiente
artificial aonde vive o homem com suas necessidades físicas e psíquicas.
Como podemos observar nas palavras de muitos pesquisadores sobre o tema, o design tem
uma relação direta com o ser humano e seu universo perceptivo considerando este no âmbito
e na incorporação das questões físicas, psíquicas e emocionais. Portanto o verbal, o visual, o
sonoro, o tátil, o olfativo e o cinestésico devem ser preocupações de um designer. Também
devem estar presentes no desenvolvimento de um projeto, em maior ou menor intensidade,
conforme a área e os objetivos aos quais o projeto e o produto se destinam. Por ser o homem
a maior preocupação do designer, cabe a este profissional buscar a melhor qualidade de vida
para o ser humano e para o planeta.
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“O abandono de antigos paradigmas no âmbito da prática, do ensino e
da pesquisa em Design constitui outro desafio. Pensar a atividade e o
papel do designer como fruto de uma relação global, que inclui o meio,
o lugar onde o objeto configurado se insere, o coletivo e a subjetividade,
decorrentes da cultura, que está presente na relação do sujeito com o
objeto, é um caminho já apontado por vários estudiosos do Design.”
(Couto e Oliveira: 1999, p.09)
Podemos dizer que o campo do design possui três características bastante importantes,
sendo a primeira o fato de que o design é uma atividade projetual, ou seja, gera, desenvolve e
implementa projetos. Gerar, conceber, idear, idealizar, inventar, inovar, aperfeiçoar são
vertentes presentes no desenvolvimento projetual que implicam na criação, no ato de criar,
cujo exercício e prática da imaginação levam ao dar forma a idéia.
A segunda característica diz respeito ao fato de que o design é uma atividade dinâmica que
acompanha as mudanças culturais e tecnológicas. Portanto, é plural, inclui a experimentação,
o conhecimento de métodos e sistemas e incorpora a expressão por meio das tecnologias e
também a subversão no uso e na proposta das ferramentas e equipamentos técnicos. O ato
de dar forma a idéia compreende a produção do objeto que é realizado por meio da
tecnologia, indicando aqui o sentido mais amplo da tecnologia que compreende um estudo
sistemático a respeito dos processos, métodos, meios, instrumentos e técnicas dos domínios
da atividade humana e em todos os ofícios e segmentos profissionais.
A terceira característica de grande importância do design é que este campo compreende a
reflexão e a prática interdisciplinar a partir de seu relacionamento e inter-relacionamento com
várias áreas e segmentos profissionais, industriais, empresariais, sociais e de serviços.
Desta maneira observa Couto:
15
A ação interdisciplinar encontra no seio do Design um terreno fértil.
Com
a
tecnologia,
o
Design
se
constrói
e
se
reconstrói
permanentemente, unindo conhecimentos científicos, empíricos e
intuitivos, e empregando-os na atividade de produzir projetos e de
teorizar sobre a atividade de configurar objetos. A análise do
movimento de visitação permitiu corroborar a noção de que o Design,
interdisciplinar por natureza, mantém viva esta característica nas mais
variadas esferas em que é desdobrado. (COUTO, 1999, p. 86)
Portanto, design é a concepção, a configuração e produção de objetos de uso, materiais,
imateriais, analógicos
ou digitais. Os
produtos
concebidos
por
um designer na
contemporaneidade destinam-se a reprodução em grandes ou pequenas séries, a projetos
que se aplicam aos espaços, sejam eles comerciais, expositivos, de tráfego. Também podem
ser reproduzidos através dos meios de comunicação de massa ou nas novas mídias para um
número determinado ou indeterminado de pessoas.
Bonsiepe (1992) nos lembra que as transformações da sociedade, da cultura, da criação e
da tecnologia se refletem nas mudanças do próprio conceito de design e também na mudança
das temáticas do discurso projetual e este deve levar a um ato que gera a introdução de algo
novo no mundo. Segundo este autor, o futuro é o espaço do design, os atos projetuais são
orientados ao futuro, daquilo que está porvir. Neste sentido, Aicher (2001) nos fala do ato de
lançar, de atirar algo fora de si. É a metáfora da idéia que toma forma, do projeto que toma
corpo, da concepção e criação que se amplia e transforma-se no ato projetual e caminha no
sentido de inserir-se como parte do mundo objetual, seja ele material ou imaterial.
Em uma perspectiva aberta o Design como um campo amplo e diverso, nas suas definições
estabelece relações com diversos conceitos, diferentes áreas e segmentos que colaboram
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sobremaneira para o desenvolvimento e a reflexão neste campo, como podemos observar no
diagrama abaixo.
Projeto
Concepção
Objetos
de Uso
Sistemas
de
Info rm ação
Subj etividade
Design
Tecnologia
Criação
Percepções
Mídias
Linguagens
Métodos
Col etividade
Exp erimen tação
Prop ostas
Solu çõ es
Cul tura
Interdisciplinaridade
Sociedade
Pesqui sas
Prod ução
Transdisciplinaridade
Pol ítica
Mer cado
Serviços
Comérci o
I ndústri a
Ambiente
Economia
Homem
Receptor
Usuário
Inter ator
Profissionais
Clientes
Quali dade de Vida
Di nâmica
de
Mudanças
Sustentabilidade
Figura 02. Diagrama Relações do Design. Autoria de Mônica Moura.
Podemos dizer que na contemporaneidade o Design possibilita a configuração de um fractal
diverso, com inúmeras possibilidades de relações e associações. Uma grande rede, um
tecido entrelaçado, repleto de signos, significações e semioses. Esta grande rede é flexível e
aberta, pois atua na esfera da informação, comunicação e conhecimento. Além disto, sua
dinâmica implica a criação, a produção e a tecnologia, tendo como o foco central de seu
universo o homem e as dinâmicas culturais que o envolvem. Um universo plural e aberto. Um
campo amplo e fértil que retrata e impulsiona o viver e estar no mundo.
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O transitar
transitar entre a criação e a tecnologia
A dinâmica do design é pautada pelas inter-relações entre criação e tecnologia a partir de
férteis cruzamentos. Não podemos esquecer que a cada mudança tecnológica o campo do
design é impulsionado, desenvolvido, valorizado e revalorizado. Assim como ocorreu entre o
final dos anos de 1980 e o início da década de 1990 com a chegada dos microcomputadores
nos escritórios de design e com o avanço das tecnologias digitais e os sistemas de redes de
informação e comunicação.
O ICSID - International Council of Societies of Industrial Design aponta a tecnologia como um
dos fatores fundamentais para o campo e para os profissionais do design. Porém, relacionam
esta questão com os fatores de inovação e humanização das tecnologias e ainda ressaltam
que o papel do designer é de exercer a prática de uma profissão intelectual, e não apenas
comercial ou de serviços.
Design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as
qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus
sistemas em todo ciclos de vida. Assim, design é o fator central da
humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial de intercâmbio
cultural e econômico. (ICSID, 2009)
Por sua vez, o ICOGRADA - International Council of Graphic Design Associations realizou
no biênio da gestão 2005-2007 uma atualização da definição da profissão do designer
gráfico, tendo em vista a necessidade de ampliar a compreensão da prática e refletindo as
mudanças mundiais. Esta versão destaca a concepção relacionada com a produção e os
sistemas produtivos implicam em tecnologia.
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A nova definição tanto amplia a nossa compreensão das áreas de
prática e reflete a mudança de nível mundial centrada na concepção
como a produção de um artefato de design como um processo
estratégico que permite a comunicação em um formato visual.
(ICOGRADA, 2009)
Podemos ver que ambos os órgãos internacionais e representativos indicam a relação
criação e tecnologia, sejam elas traduzidas ou co-relacionadas à concepção ou a produção.
Bruno Munari (1993) afirma que a beleza de um projeto se estabelece a partir da relação
entre a forma (proposta, conceito) e função (uso) de um produto que são corporificados pela
tecnologia e Argan (2000) nos lembra que vivemos em mundo constituído por coisas artificiais
desenvolvidas a partir da concepção projetual e realizadas a partir da tecnologia e esta, por
sua vez, faz o homem sentir orgulho como o de uma criação própria.
Um produto de design possui características formais e estéticas, funcionais, culturais e o
entrelaçamento dos signos articulados gera linguagem. Estas questões podem ser pautadas
pelas sete colunas do design propostas por Gui Bonsiepe (1997) que indicam o campo do
design como o espaço da conexão, da inovação, da ação efetiva, da interface e interação na
relação do usuário com o artefato, do conhecimento humano e do futuro. Todas estas
questões estabelecem relações a partir do emprego, utilização e integração da criação e da
tecnologia e embasam o discurso projetual. Este, por sua vez, se constrói a partir dos anos
de 1990 pelas relações de mudança da tecnologia que associa a busca da compatibilidade
tecnológica e o gerenciamento do design, o desenvolvimento sustentável e auto-sustentável,
à valorização do artesanal e a inclusão do design nas empresas e nas economias e a
caracterização do auge do design.
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aspectos culturais
aspectos estéticos
DESIGN
aspectos funcionais
FUTURO
CONHECIMENTO HUMANO
CAMPO DOS JUÍZOS
USUÁRIO e ARTEFATO
INTERFACE e INTERAÇÃO
AÇÃO EFETIVA
INOVAÇÃO
CONEXÃO
TECNOLOGIA
CRIAÇÃO
linguagem
Tabela 5 – Aspectos do Design, Criação e Tecnologia e as Sete Colunas
do Design de Gui Bonsiepe. Autoria de Mônica Moura e Cláudio Gusmão.
A tecnologia é um dos pilares fundamentais do design. Ela dá sustentação aos aspectos
culturais, funcionais e de linguagem de um projeto. Todos estes aspectos se refletem no
produto desenvolvido.
Devemos lembrar que a tecnologia diz respeito aos sistemas e procedimentos técnicos, aos
sistemas e meios de reprodução, ao estabelecimento de novas linguagens e processos. A
integração destes aspectos se dá no âmbito do design não apenas como ação projetual, mas
também como produção de um produto das mais diversas naturezas ou segmentos. A tabela
abaixo ilustra esta relação e integração.
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TECNOLOGIA
Reprodução de uma comunicação
ou de um conjunto de informações
DESIGN
Meios de Reprodução
Sistemas e Procedimentos
técnicos e tecnológicos
Linguagens e Processos
Tabela 6 – Relações da Tecnologia no Campo do Design.
Autoria de Mônica Moura e Cláudio Gusmão.
Segundo a designer Ana Luisa Escorel (2001), o design é uma forma de expressão
absolutamente sintonizada com a tecnologia.
Considerando estes aspectos podemos dizer que um projeto não pode ser materializado sem
a tecnologia. É a tecnologia que viabiliza não somente o produto final, mas estimula os
processos criativos e amplia as possibilidades projetuais.
A divisão entre o mundo das artes e o mundo das máquinas, tendo de um lado a criação e de
outro a tecnologia foi uma categorização ocorrida em meados do século XIX. Assim, segundo
Flusser (1999), esta divisão criou dois ramos distintos: O mundo científico, quantificável e
rígido, ou seja, o campo de ciência e tecnologia e de outro o mundo das artes e criação,
caracterizado pelas questões estéticas e mais flexíveis. O design que veio a estabelecer a
ponte, a ligação entre estes dois mundos, onde criação e tecnologia atuam em conjunto.
Ao tomarmos o design como a ligação da criação e tecnologia podemos observar que ocorre
um trânsito que se estabelece por meio de um processo, porém importante lembrar que este
processo não é rígido e nem é uma receita, muito menos uma fórmula a ser seguida, por este
motivo o sentido de trânsito se aplica de forma mais adequada, é flexível e é plural, muda
conforme as variantes do meio e da cultura no qual se estabelece e também atua com as
possibilidades de inversão, subversão, adição de outros elementos e possibilidades.
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A criação parte do universo da abstração, o mundo das idéias que é associado e interrelacionado ao repertório, vivências, experiências e referências do indivíduo imbuído na ação
para a criação. O processo que se estabelece dá origem à criação, sendo esta o resultado
para a solução de um problema, o desenvolvimento de uma nova proposta ou um ensaio que
desencadeia toda uma rede de relações visando um novo objeto ou sistema. Evidentemente,
essas relações não ocorrem de forma hierárquica e muito menos seguem fórmulas préestabelecidas. Esta primeira fase, considerada um processo de criação leva ao
desenvolvimento de uma concepção, de uma ou mais propostas que resultarão em um
projeto. Nesse caminho várias adaptações, alterações e inclusões são realizadas de forma a
ajustar, focar, recortar ou ampliar as relações para o desenvolvimento de um objeto ou
sistema.
O caminho para a realização do objeto implica no pensar e sistematizar a tecnologia que será
necessária não apenas para a visualização da idéia, mas para a materialização desta idéia.
Aquilo que foi criado deve tomar corpo. A criação, a concepção, o conceito que se
transformaram em um projeto são associados à tecnologia para a realização do objeto. A
tecnologia inclui processos, sistemas, técnicas e estabelecem relação direta com a
linguagem, o suporte e com os materiais que serão empregados. A relação com a linguagem
está imbuída em todo o processo, da criação à realização. A etapa de realização inclui a
produção, a fabricação, a execução. O objeto resultante é destinado ao ser humano, seja ele
um usuário, um leitor, um consumidor, um interator e também é destinado a um mercado, seja
ele local ou global. O diagrama abaixo ilustra este processo.
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Abstração
Repertório
Referências
Criação
Co ncepção
Experiências
Vivências
Merc ado / Consum idor
Projeto
Conceito
Proposta
Tecnologia
Objeto
Material
ou
Imaterial
Process os
Sistemas
Téc nicas
Sistematização
Tecnológica
Ser H umano
Usuário
Leitor
Inter ator
Figura 03. Diagrama relações processuais criação e tecnologia no Design.
Autoria de Mônica Moura.
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Considerações Finais
No percurso das palavras, pensamentos, reflexões, pesquisas e publicações o design vai se
construindo e reconstruindo através dos discursos, sejam eles verbais, visuais, sonoros,
cinestésicos, táteis, materiais ou imateriais. Desta forma, este campo vai sendo valorizando e
divulgado e deixa a entender, para quem quiser e puder, o papel de importância que assume
na contemporaneidade.
O caminho vai se delineando por meio de uma trama com teias de relações que partilham
vivências e experiências, dúvidas e indagações, descobertas e novos e outros olhares
sobre a história e o dinamismo cultural expressado na produção da área do design. Produtos,
objetos, sistemas, peças, valores e um eterno delinear da área que, por ser plural, está
sempre em movimento de ampliação e por compreender a amplitude está sempre aberto a
novas fertilizações e concepções, por se constituir em rede permite o transitar entre diversas
áreas e campos de conhecimento, refletindo o e sobre o homem e os modos de vida.
O elo estabelecido pelo design entre a criação e a tecnologia nos permite este pensar
integrado, inter-relacionado, permite a convivência interdisciplinar e aponta a abrangência
transdisciplinar no sentido de derrubar barreiras, diluir fronteiras, fundir, hibridizar, tornar-se
outro. São essas relações complexas que explicam a diversidade e as dúvidas com respeito
à área de atuação.
Nos parece que por todos os motivos elencados e todas as questões tratadas neste texto, o
designer é um grande criador que lê o seu tempo e é o expressar da própria
contemporaneidade.
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Referências Bibliográficas
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COUTO, Rita Maria de Souza e OLIVEIRA, Alfredo Jefferson de. Formas do Design. Rio de
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Design - Universidade Anhembi Morumbi