CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA CLÉBER CARLOS DE AGUIAR FÁBIO LEONCIO DE SOUZA IMPLANTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO CONTROLE DE JORNADA DOS MOTORISTAS EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO LINS/SP 1º SEMESTRE/2014 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA CLÉBER CARLOS DE AGUIAR FÁBIO LEONCIO DE SOUZA IMPLANTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO CONTROLE DE JORNADA DOS MOTORISTAS EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antônio Seabra, para obtenção do Título de Tecnólogo(a) em Logística. Orientador: Prof. Me. Juliano Munhoz Beltani LINS/SP 1º SEMESTRE/2014 A282 Aguiar, Cléber Carlos de Implantação da legislação do controle de jornada dos motoristas em uma empresa de transporte rodoviário / Cléber Carlos de Aguiar e Fábio Leoncio de Souza – Lins, 2014. 18 f. : il. Artigo (Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia em Logística) – Faculdade de Tecnologia de Lins Professor Antônio Seabra, 2014. Orientador: Prof. Me. Juliano Munhoz Beltani 1.Transporte rodoviário. 2.Legislação. 3.Logística. I.Souza, Fábio Leoncio de. II.Beltani, Juliano Munhoz. III.Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antônio Seabra. IV.Título. CDD 388.1 Ficha elaboradora pela Biblioteca da Faculdade de Tecnologia de Lins CLÉBER CARLOS DE AGUIAR FÁBIO LEONCIO DE SOUZA IMPLANTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO CONTROLE DE JORNADA DOS MOTORISTAS EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antonio Seabra, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Tecnólogo(a) em Logística sob orientação do Prof. Me. Juliano Munhoz Beltani. Data de aprovação: ___/___/___ ____________________________ Prof. Me. Juliano Munhoz Beltani ______________________________ Prof. Me. Silvio Ribeiro ______________________________ Prof. Me. Sandro da Silva Pinto 3 IMPLANTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO CONTROLE DE JORNADA DOS MOTORISTAS EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO Cléber Carlos de Aguiar ¹, Fábio Leoncio de Souza ² Orientador Prof. Me. Juliano Munhoz Beltani ³ ¹ ² Acadêmicos do Curso de Tecnologia em Logística da Faculdade de Lins Prof° Antônio Seabra – Fatec, Lins-SP, Brasil ³ Docente do Curso de Tecnologia em Logística da Faculdade de Lins Prof° Antônio Seabra - Fatec, Lins-SP, Brasil RESUMO O trabalho apresenta a Lei 12619/12 que regulamenta o tempo de jornada de trabalho dos motoristas, e a forma que uma empresa encontrou para se adaptar a essas novas medidas. Aborda a logística desde os primórdios dos tempos, o significado de modalidade e intermodalidade, os modais existentes e suas características, com foco principal no modal rodoviário. Foi escolhido esse assunto devido às mudanças ocasionadas por essa nova lei que afeta diretamente a forma de como as empresas atuam, alterando o tempo de trabalho dos motoristas e a forma de gestão da empresa. O objetivo do trabalho será demonstrar como uma empresa se organizou para seguir as normas impostas por essa lei. Através de um estudo de caso realizado em uma empresa de transportes rodoviários, pode-se analisar as medidas tomadas para trabalhar conforme a lei. Palavras Chave: Logística. Transporte Rodoviário. Legislação. ABSTRACT The paper presents the Law 12619/12 which regulates the time of working hours of drivers, and the way that a company found to adapt to these new measures. Discusses the logistics since the dawn of time, the meaning of modality and intermodality, existing modal and its features, with main focus on road transportation. This subject was chosen due to the changes brought by this new law that directly affects how companies act, changing the working time of drivers and the way the company's management. The main goal is to demonstrate how a company is organized to follow the rules imposed by that law. Through a case study done in a road transport company, we can analyzed the measures taken to work according to the law. Keywords: Logistics. Road transport. Legislation. 1. INTRODUÇÃO A logística é vista por muitas pessoas até hoje como uma forma de transportar produtos desde o seu ponto de fabricação até a chegada a seu cliente. Isso se reforça com o fato de existir vários modais, que são os tipos de transporte, podendo ser utilizados de forma combinada, ou seja, o transporte é feito por um tipo de modal até certo ponto, onde o produto é trocado de modal para seguir em transporte. Usando essa analogia muitos não veem como realmente é a logística, o que na verdade é pensar no produto 4 desde a compra da matéria prima para a sua fabricação, até a chegada às mãos de seus consumidores. Todas as etapas por que passa um produto é logística. O modal de transporte acaba sendo então um dos elementos da logística, e também um dos mais importantes. No Brasil o modal mais utilizado é o rodoviário, que conforme teve seu desenvolvimento no país a partir da década de 50, acabou trazendo muitas fábricas de veículos para o país, o que impulsionou o governo a investir em mais estradas naquela época e desde então se manteve como o principal meio de transportar produtos no Brasil. Apesar de hoje haver milhares de quilômetros de malha rodoviária no país, boa parte delas encontram-se abandonadas e muitas ainda até sem pavimentação. Mesmo nessas condições nossa frota de caminhões é muito grande e o número demandado de motoristas hoje é menor que o necessário. Muitos motoristas estão abandonando a profissão, e os novos motoristas estão surgindo em um número reduzido, tudo isso porque esses profissionais ainda não tem o devido valor reconhecido. Trabalham de forma exaustiva, o que pode ocasionar vários problemas de saúde e por uma remuneração ainda muito baixa. A segurança para esses profissionais ainda é muito baixa também, e a fiscalização nas rodovias ainda é muito falha, e mesmo com as tecnologias de rastreamento e monitoramento de veículos usados pelas empresas o número de acidentes e roubos de cargas ainda é muito significativo. Pensando no bem-estar desses profissionais o governo em 2012 sancionou a Lei 12619/12, que determina um número de horas de trabalho por dia, com pausas para descanso durante essa jornada. Com isso espera-se uma redução dos acidentes e uma melhora na qualidade de vida desses profissionais. A justificativa para a elaboração deste trabalho é apurar se as empresas estavam preparadas para tal mudança, pois a lei foi formulada com o intuito de melhorar o trabalho dos motoristas, mas sem pensar em como as empresas fariam ou se eram capazes de realizar tais mudanças. O objetivo principal é mostrar como uma empresa de transporte rodoviário fez para se adaptar a nova lei, as mudanças provocadas no seu modelo de gestão e também mostrar o ponto de vista do motorista sobre a lei. Para essa pesquisa, foi utilizado como metodologia o método de estudo de caso. “O estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados.” (YIN, 2001). 2. HISTÓRIA E CONCEITO DA LOGÍSTICA A logística teve seu conceito ligado inicialmente pelas operações militares, pois precisavam desenvolver estratégias para abastecimentos de suas tropas nas frentes de batalha. Pozo (2010) descreve: “Logística: denominação dada pelos gregos a arte de calcular. Essa definição serviu de parâmetro para os militares norte-americanos utilizarem como forma de designar a arte de transporte e distribuição de suprimentos das tropas”. Segundo Novaes (2007, p. 31): “Os generais precisavam ter, sob suas ordens, uma equipe que providenciasse o deslocamento, na hora certa, de munição, víveres, equipamentos e socorro médico para o campo de batalha”. Nesse período essas atividades eram consideradas apenas como operações de apoio, inevitáveis. Conforme Pozo (2010): “as forças armadas da América foram os primeiros a utilizar esse conceito de logística, na Segunda Guerra Mundial, e com muito sucesso”. Segundo Ballou (1993): 5 Infelizmente, o exemplo militar somente influenciou as atividades logísticas das firmas comerciais alguns anos depois. Por volta de 1945, algumas empresas já haviam colocado transporte e armazenagem de produtos acabados sob o único gerente. As indústrias alimentícias foram pioneiras neste aspecto. Isso foi o que também ocorreu entre as empresas por um bom período de tempo. Precisavam transportar seus produtos da fábrica para os depósitos, e também entregar nas lojas para os clientes. Novaes (2007) descreve: “O sistema logístico, mesmo o mais primitivo, agrega então um valor de lugar ao produto”. Novaes (2007) diz: “O valor de lugar depende, obviamente, do transporte do produto, da fábrica ao depósito, deste à loja, e desta ao consumidor final. Por essa razão, as atividades logísticas nas empresas foram por muito tempo confundidas com transporte e armazenagem”. Logística são planejamentos operacionais que envolvem não apenas a parte de transporte, mas a aquisição da matéria prima, armazenagem, movimentação, produção, estocagem e distribuição do produto final, de maneira a agregar mais valor ao produto desde o início de sua fabricação até a chegar ao cliente final. Para Ballou (2006), “logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender as exigências dos clientes”. Para Carvalho (2002, p. 31): Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. Para Lambert, Stock e Vantine (1999): A logística pode ser definida como o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. 2.1 EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA A evolução da logística engloba todo o processo de fabricação desde a chegada ou extração da matéria prima do fornecedor passando para o fabricante, distribuidor, varejista e o consumidor final. Segundo Novaes (2007) “Todos esses elementos do processo logístico devem ser enfocados com um objetivo fundamental: satisfazer as necessidades e preferências dos consumidores finais”. Este processo é conhecido como cadeia logística e para isso é preciso conhecer muito bem as necessidades de cada um dos componentes para que se possa buscar a satisfação plena de todo fluxo logístico. Este processo da cadeia logística nos mostra que cada elemento da cadeia é também cliente de seus fornecedores. Na visão de Novaes (2007) a moderna logística procura incorporar: 6 Prazos previamente acertados e cumpridos integralmente, ao longo de toda cadeia de suprimento; integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa; integração efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes; busca da otimização global, envolvendo a racionalização dos processos e a redução de custos em toda a cadeia de suprimentos e; satisfação plena do cliente, mantendo nível de serviço preestabelecido e adequado. Todo esse tipo de operação logística integrada moderna é denominada Supply Chain Management (SCM), ou, em português, Gerenciamento da cadeia de Suprimento. “SCM é a integração dos processos industriais e comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente.” (NOVAES, 2007). A definição acima Supply Chain Management foi adotada pelo Fórum de SCM realizado na Ohoi State University. Para Novaes (2007) o processo de evolução logística é dividido em quatro fases que analisaremos em seguir. 2.1.1 Primeira Fase: Atuação Segmentada A logística moderna praticamente originou na segunda Guerra Mundial. Após a guerra, a indústria procurou utilizar as táticas logísticas da guerra com a melhor forma possível da distribuição de seus produtos aos consumidores, trazendo aos seus produtos melhor valor agregado. Nesta época o consumidor não tinha muita opção de escolha, pois os produtos eram praticamente padronizados como exemplo: “geladeira de tipo único, na cor branca; a Coca-Cola como refrigerante típico e assim por diante”. (NOVAES, 2007). Segundo Ballou (1993), “por volta de 1945, algumas empresa já haviam colocado transporte e armazenagem de produtos acabados sob um único gerente sendo as empresa de produtos alimentícios as pioneiras”, também por tratarem de produtos perecíveis e de maior consumo. Nesta época os custos logísticos eram tratados como despesas desnecessárias a muitas empresas. Os fabricantes produziam somente o que achavam necessários, o que iriam vender, não trabalhavam com estoques por medo de ficarem parados, e por isso havia poucos produtos a disposição. Se uma loja vendia uma geladeira, por exemplo, sairia de sua loja e teria que esperar um prazo maior para que o fabricante entregasse outro produto. 2.1.2 Segunda Fase: Integração Rígida Nesta fase os consumidores inspirados pelos especialistas de marketing dando ênfase aos produtos diferenciados como exemplo geladeiras e automóveis, começaram a ser comercializados em várias cores aumentando o consumo, e novos produtos foram sendo incorporados, como televisão, aparelhos de som, fornos de micro-ondas e sem falar no setor de supermercados com as variedades de produtos lançados. (NOVAES, 2007). Este aumento se tornou possível porque os processos produtivos foram se tornado mais flexíveis, possibilitando maior variedade de produtos sem alterar os custos de fabricação, mas o aumento nas variedades de produtos ocasionou um acentuado nos estoques ao longo da cadeia produtiva e “com essa abertura, passou a ser necessária maior racionalização da cadeia de suprimento, visando menores custos e maior eficiência”. (NOVAES, 2007). 7 Para Pozo (2010), “após os anos 50, até meados dos anos 70 este período considerado como desenvolvimento representa época de decolagem para a teoria e a prática da logística empresarial”. No inicio da década de 1970, com as indústrias em pleno crescimento, veio à crise do petróleo aumentando os custos logísticos na área de transportes, que passaria a influenciar no aumento dos produtos. Neste período segundo Ballou (1993) descreve: “A filosofia econômica dominante passou de estímulo da demanda para a melhor administração dos suprimentos. Controle de custos, produtividade e controle de qualidade passaram a ser áreas de interesse.” Neste período as empresas para escoar suas produções passaram a utilizar a multimodalidade de, como uso combinado de caminhões, navio, trem e mesmo o avião, visando a redução dos custos logísticos. E outro passo importante na época foi a introdução da informática nas operações das empresas principalmente para a otimização dos estoques e centro de distribuição. 2.1.3 Terceira Fase: Integração Flexível A terceira fase iniciou-se no fim da década de 80, e teve um grande arranque graças ao desenvolvimento que se teve na informática aquela época. O código de barras começou a ser utilizado de forma geral nos supermercados, possibilitando assim uma integração flexível com os centros de distribuição, onde conseguiram ter um melhor controle dos seus estoques. O sistema de Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI) introduzido àquela época também permitia um intercâmbio de dados entre fornecedores e clientes. Segundo Novaes (2007, p. 46), “[...] na terceira fase a analogia é com a mangueira flexível, que interliga os elementos da cadeia, mas se adapta instantaneamente às necessidades momentâneas do processo, na medida das necessidades”. Nessa fase, observa-se a maior preocupação com a satisfação total do cliente, mas não se esquecendo de também atender de forma plena as partes intermediárias dessa cadeia de suprimento. 2.1.4 Quarta Fase: Integração Estratégica (SCM) Nessa fase ocorre uma mudança importantíssima da logística, onde as empresas passam a tratar a questão logística como forma estratégica. Novaes (2007, p. 47) diz: [...], ou seja, em lugar de otimizar pontualmente as operações, focalizando os procedimentos logísticos como meros geradores de custos, as empresas participantes da cadeia de suprimento passam a buscar soluções novas, utilizando a Logística para ganhar competitividade e para introduzir novos negócios. “A logística passou então a ser usada como elemento diferenciador, de cunho estratégico, na busca de maiores fatias de mercado. As razões básicas para isso são a globalização e a competição cada vez mais acirrada entre as empresas.” Novaes (2007). Essa fase se destaca das outras principalmente pela nova forma de tratamento dos problemas logísticos. Segundo Novaes (2007), o que mais diferencia essa fase são: Ênfase absoluta na satisfação plena do consumidor final; formação de parcerias entre fornecedores e clientes, ao longo da cadeia de suprimento; abertura plena, entre parceiros, possibilitando acesso mútuo às informações operacionais e 8 estratégicas; aplicação de esforços de forma sistemática e continuada, visando agregar o máximo valor para o consumidor final e; eliminar os desperdícios, reduzindo custos e aumentando a eficiência. 3. MULTIMODALIDADE E INTERMODALIDADE Basicamente trata-se da combinação entre os tipos de modais de transporte existentes, cujo objetivo é melhorar o custo e a forma da entrega de mercadorias. Essa forma de transporte pode ser chamada de multimodalidade ou intermodalidade (que da mesma forma para ambos, significa transportar por mais de um modal), que se diferenciam por algumas peculiaridades. "Como realmente não se trata apenas de uma questão semântica, foram identificadas características bem definidas dentro da evolução do uso de mais um modal para o transporte de carga" (NAZÁRIO, 2000). Isso ocorre “[...] pela integração entre duas ou mais espécies de modos, formando sistemas logísticos denominados transportes intermodais para o deslocamento da forma mais econômica possível [...]”. (FARIA E COSTA, 2005). Segundo Caixeta-Filho e Martins (2001), “[...] os estudos de transportes têm-se desenvolvido nas várias áreas do conhecimento, envolvendo aplicações das mais diversas [...]". Isso significa que com as novas invenções de novos equipamentos, deu se essa evolução na forma de transportar os produtos. Para Novaes (2007, p. 243), transporte intermodal é "a conjunção de duas ou mais modalidades sem maior preocupação além da simples integração física e operacional". Já para Hara (2011, p.45) de uma forma mais simples de se entender, o transporte intermodal é “quando as mercadorias são transportadas por mais de um modo de transporte, por diferentes operadores, que são responsáveis, cada qual, pelo seu trecho”. O transporte multimodal para Rodrigues (2007) é o “transporte de mercadorias com um único contrato de transporte, utilizando pelo menos dois modais, em decorrência da existência de um Contrato de Transporte Multimodal [...]”. Ou ainda pode até ser mais abrangente como diz Garcia Júnior (2003), também pode ser responsável “os serviços de coleta, unitização ou desunitização da carga por destino, armazenagem, manipulação e entrega da carga ao destinatário abraçando os serviços que foram contratados entre a origem e destino [...]”. Então conforme descrito pelos autores, os transportes multimodal e intermodal se utiliza mais de um modal, mas com a diferença de que no multimodal apenas um contratante é responsável pela carga independentemente de quantos modais ele utilize, e no intermodal, para cada modal utilizado terá um responsável direto pela carga. 3.1 TIPOS DE MODAIS Os modais de transporte tem uma grande importância na sociedade, pois promovem a capacidade de transportar produtos para qualquer lugar, da melhor maneira possível. Nas palavras de Caixeta-Filho e Martins (2001) é “a função econômica de promover a integração entre sociedades que produzem entre si”. Já Faria e Costa (2005) definem transporte como: O deslocamento externo do fornecedor para a empresa, entre plantas e da empresa para o cliente, estando ele em forma de materiais, componentes, subconjuntos, produtos semi-acabados, produtos acabados ou peças de reposição. É um fator na utilização de tempo e determina a rapidez e consistência um produto move-se de um ponto a outro. 9 “O transporte é um componente fundamental na composição do custo logístico, chegando a representar até 60% dos custos totais”. (RODRIGUES, 2007). Bowersox, Closs e Cooper (2006) afirmam: O principal objetivo do transporte é movimentar produtos de um local de origem até um determinado destino minimizando ao mesmo tempo os custos financeiros, temporais e ambientais. Ao mesmo tempo, a movimentação deve atender as expectativas de clientes em relação ao desempenho das entregas e a disponibilidade de informações relativas às cargas transportadas. 3.1.1 Transporte Dutoviário O transporte dutoviário segundo Rodrigues (2007) “traduz se no transporte de granéis, por gravidade ou pressão mecânica, através de dutos adequadamente projetados à finalidade a que se destinam”. “O transporte por dutos apresenta custo fixo elevado já que necessita de uma estação de controle e bombeamento e direitos de acesso”. (BOWERSOX, CLOSS E COOPER, 2006). Os principais dutos existentes são os oleodutos (utilizados principalmente no transporte de petróleo), gaseodutos (usados para transportar gás natural) e minerodutos (para transportar minérios). “O transporte dutoviário, como o ferroviário e rodoviário são controlados e regulamentados pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) que também atua nos terminais terrestres”. (NOVAES, 2007). 3.1.2 Transporte Ferroviário O transporte ferroviário trata-se basicamente de vagões conectados a uma locomotiva, que pode transportar grandes quantidades de cargas através de estradas de ferro. Ballou (2006) diz que “a ferrovia é basicamente um transportador de longo curso e de baixa velocidade”. Segundo Faria e Costa (2005): O transporte ferroviário é mais apropriado para grandes massas, e torna-se pouco eficiente e muito oneroso para o deslocamento de pequenas quantidades. Normalmente, é utilizado para itens de baixo valor agregado, mas com grandes volumes de movimentação (granéis, minérios, produtos agrícolas, etc) e para longas ou pequenas distâncias, com baixas velocidades. Na visão de Bowersox, Closs e Cooper (2006), “as operações ferroviárias apresentam custos fixos bastantes altos devido ao valor dos equipamentos, ao direito preferencial de passagem e linhas, aos pátios de manobras e aos terminais”. Já seus custos variáveis são relativamente baixos, como o combustível. Segundo Rodrigues (2007): As vantagens deste modal são: os fretes baixos com relação ao volume transportado, o baixo consumo energético, privilegiamento do estoque em trânsito, menor incidência de acidentes e assaltos em comparação ao rodoviário. Como desvantagens destacam-se os longos períodos de viagens, os custos 10 elevados quando existe a necessidade de transbordo e a baixa flexibilidade de rotas. 3.1.3 Transporte Aéreo “Este tipo de transporte mostra-se ideal para produtos que necessitem extrema rapidez na entrega, de valor elevado/peso ou altamente perecíveis, com distâncias maiores que 1.100 km”. (Rocha, 2008). “A importância do transporte aéreo na logística aumentou muito com a globalização, pois agora as cadeias produtivas estenderam suas ramificações pelo mundo todo [...]”. (NOVAES, 2007). Segundo Rodrigues (2007): Tendo em vista as restrições impostas pelos custos mais elevados, limitações no tamanho das unidades de volume e peso, além de outras peculiaridades, o modal aéreo, seja ele de caráter regular ou regional, apresenta uma tipicidade própria das cargas que a ele devem ser direcionadas: gêneros alimentícios e outros bens perecíveis, animais e plantas vivos, jóias e artigos de moda. “A vantagem significativa do frete aéreo encontra-se na velocidade pela qual um carregamento pode ser transportado. Um carregamento costa a costa por via aérea requer apenas horas, em contraste com outros modais de transporte.” (BOWERSOX, CLOSS e COOPER, 2007). Para Rodrigues (2007): Um de seus pontos fortes é sua alta velocidade além de sua grande eficiência no transporte e sua capacidade de atender a regiões de difícil acesso que outros modos não conseguem atender. Dentre seus pontos fracos encontram-se a menor capacidade em peso e volume de cargas, os custos elevados de frete e as restrições às cargas perigosas. 3.1.4 Sistema Aquaviário Conforme Rodrigues (2007), o sistema de transporte aquaviário “é aquele realizado pelos rios, lagos, mares e oceanos através de embarcações”. “A costa brasileira é dotada de um número apreciável de portos marítimos, além de alguns portos fluviais que atendem navios costeiros (por exemplo, Porto Alegre, Manaus, Belém)”. (ALVARENGA E NOVAES, 2000). Segundo Novaes (2007), “a navegação pode ser de longo curso, onde o transporte é realizado entre países; de cabotagem que pode ser: a navegação entre portos de um mesmo país, denominada pequena cabotagem, ou a navegação entre países próximos, chamada de grande cabotagem”. “A capacidade da água de transportar uma alta tonelagem por um baixo custo variável aumenta a demanda desse modal de transporte quando são desejadas baixas tarifas de frete e a velocidade é uma consideração secundária”. (BOWERSOX, CLOSS E COOPER, 2007). “No país a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) é responsável pela regulamentação e controle do transporte aquaviário”. (NOVAES, 2007). 3.1.5 Transporte Rodoviário 11 “O transporte rodoviário expandiu-se rapidamente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. De modo significativo, o rápido crescimento do setor de transportes rodoviários resultou da velocidade conjugada com a capacidade de operar de porta a porta”. (BOWERSOX, CLOSS E COOPER, 2007). Faria (2001) diz que, “o transporte caracteriza-se pela excepcional capacidade de distribuição final dos produtos e grande versatilidade [...]”. “Por sua elevada flexibilidade, este modal é indicado para a distribuição urbana, cujas transferências são de pequenas distâncias, além das inevitáveis conexões com os demais modais”. (RODRIGUES, 2007). Segundo Keedi (2008): O transporte rodoviário tem uma característica única, que o diferencia de todos os demais modos, que é a sua capacidade de tráfego por qualquer via. Ele não se atém, em hipótese alguma, a trajetos fixos, tendo a capacidade de transitar por qualquer lugar, apresentando uma flexibilidade ímpar quanto a percursos. Isto lhe dá uma vantagem extraordinária na disputa pela carga com os demais modos. “Os veículos se adaptaram muito bem aos trens, onde é possível que os reboques ou semi-reboques se transformem em vagões ferroviários, facilitando a intermodalidade”. (KEEDI, 2008). Ainda, segundo Keedi (2008): Pode transportar praticamente qualquer tipo de carga, tendo como limitação o tamanho de ambos, mas considerado ideal para mercadorias de alto valor, considerando o seu alto custo de estrutura, bem como perecíveis devido a sua agilidade. Considerado adequado para distribuição de mercadorias em curtas distâncias, de até cerca de 400 quilômetros, e para trajetos peculiares, aqueles impossíveis de ser realizados pelos demais modos. Porém, esse modal ainda conta com certas desvantagens. Segundo Keedi (2008) “frequentemente ocorre problemas com trânsito, consequentemente gasto extras com combustível em algumas regiões do país”. Além disso, os problemas com relação a segurança ainda são grandes, por isso as empresas optam por fazer o rastreamento e o monitoramento via satélite de seus veículos, e alguns casos chegando até a se fazer escolta. E ainda como afirma Faria (2001), “a malha rodoviária brasileira atualmente enfrenta graves problemas principalmente pela falta de mecanismos que possibilitem recursos financeiros suficientes para construção e manutenção das rodovias”. 4. LEGISLAÇÃO NO MODAL RODOVIÁRIO DE CARGAS O modal rodoviário hoje é o mais utilizado no país, sendo o que mais impulsiona nossa economia. A ANTT e o Registro Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (RNTRC) são alguns dos órgãos que fazem a regulamentação e o controle. A legislação sobre esse modal é bem intensa, pois trata de todos os aspectos para que se faça o transporte de cargas de maneira que tudo esteja dentro da lei. Segundo pesquisa feita pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran, 2013), até setembro de 2013 o número de caminhões chegou a 2.461.762 milhões, o que força cada vez mais a monitoração da frota e da malha rodoviária, que se torna muito mais 12 intensa se inserirmos nesse contexto os ônibus e veículos leves. Existem vários meios para que seja feito o controle das leis nesse modal, onde destacam-se: Monitoração e Rastreamento As empresas hoje optam por fazerem a monitoração de seus veículos, pois podem fazer o acompanhamento ponto a ponto de sua carga, e em tempo real ficarem sabendo quando surge um problema, isso tudo graças ao uso de rastreadores. “O rastreamento consiste na localização e acompanhamento de veículos utilizando diversas tecnologias para determinar a sua localização”. (ANEFALOS, 2013). Segundo Moura (2004, p. 28) as tecnologias aplicadas aos rastreadores são: Localização por direcionamento: Na localização por direcionamento, um dispositivo eletrônico é instalado no veículo. Sua função é emitir um sinal silencioso, criptografado, que passa a ser monitorado quando há um aviso de roubo ou furto. O cliente tem de informar o roubo à empresa, que ativa a unidade instalada no veículo que providencia o resgate do veículo. Exemplo: Sistema Lo Jack; Localização por triangulação de antenas: Trata-se de um sistema que segue o mesmo conceito aplicado aos satélites, porém utilizando antenas em terra. Oferece uma localização muito precisa, um custo de transmissão muito baixo, opera tanto "indoor" quanto "outdoor", porém com uma área de abrangência limitada. Com esta tecnologia, o sistema consegue localizar o veículo em tempo real, com uma precisão de 15 metros. O sistema pode ser acionado via telefone ou imediatamente quando o carro é violado ou quando um “botão de pânico” é pressionado. Esse sistema funciona com uma central de operação, uma rede de antenas e um equipamento embarcado. Diversas antenas integradas garantem a cobertura e a precisão de localização. A central de operação controla e integra a comunicação com a rede de antenas. Exemplo: Sistema Ituran; Localização via celular - ERB: As antenas de celular respondem pela comunicação ERB (Estação de Rádio Base). Oferece um posicionamento que não é preciso (zoneamento) a um custo de 35 transmissão mais caro que o da radio frequência. A vantagem é a área de abrangência, que engloba todas as regiões cobertas pela rede celular. Também tem uma boa velocidade de transmissão de dados, além dos opcionais que podem ser acoplados. Sua finalidade é a comunicação automática de arrombamento, roubo ou furto para a central de monitoramento, assim como avisos de pânico emitidos pelos ocupantes do veículo em casos emergenciais, como sequestro relâmpago. Não é aconselhável para casos em que o contato com o veículo for constante (funções logísticas de controle de frotas). Localização por GPS: É a mais conhecida de todas as constelações de satélites utilizadas para localização. Esse sistema só fornece ao usuário as coordenadas de latitude, longitude, altitude e velocidade. Para garantir a segurança, torna-se necessário combiná-lo com outro sistema capaz de transmitir, para uma central de monitoramento, os dados de localização obtidos pelo “GPS receiver” embarcado no veículo. Na maioria dos casos, um modem é instalado no veículo (a interface), para enviar e receber mensagens. O GPS pode ser acoplado a um Celular ou a um sistema de satélites. Isso traz uma segurança a mais no transporte, visto ainda o grande número de roubo de cargas existentes. O monitoramento é feito por um usuário que fica de olho caso o veículo desvie de sua rota ou faça uma parada não programada. 13 Roteirização A roteirização é feita para programar o melhor caminho para chegar a seu destino final. Deve-se levar em conta a melhor rodovia, o menor tempo, o menor custo com pedágios, e quando a entrega contém mais de um destino, o roteiro deve traçar um caminho em que as ordens das entregas sigam um trajeto eficiente para que não se perca tempo. Segundo Melo e Ferreira Filho (2001) o conceito de roteirização é dado por: Sistemas computacionais que, através de cálculos matemáticos também chamados de algoritmos, geralmente heurísticos e uma base de dados, são capazes de obter soluções para problemas de roteirização e programação de veículos com resultados relativamente satisfatórios, consumindo pouco tempo e esforço de processamento se comparados aos gastos nos métodos manuais. Já para Cunha (2000): O termo roteirização de veículos, embora não encontrado nos dicionários de língua portuguesa, é a forma que vem sendo utilizada como equivalente ao inglês routing (ou routeing) para designar o processo para a determinação de um ou mais roteiros ou sequências de paradas a serem cumpridos por veículos de uma frota, objetivando visitar um conjunto de pontos geograficamente dispersos, em locais pré-determinados, que necessitam de atendimento. Quando a definição dos roteiros envolve não só aspectos espaciais ou geográficos, mas também temporais, tais como restrições de horários de atendimento nos pontos a serem visitados, os problemas são então denominados roteirização e programação de veículos. Hoje em dia com os sistemas de roteirização e monitoração, juntamente com o fácil acesso a internet, transmiti facilmente aos clientes informações de seus produtos como previsão de chegada e localização. Tacógrafo O tacógrafo é o aparelho utilizado pelas empresas e pelos órgãos de fiscalização para fazer a aferição do tempo de jornada, paradas e velocidade que o motorista trafega. Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) a resolução 92/99 diz: Registrador instantâneo e inalterável de velocidade e tempo, provido de disco diagrama instrumento instalado em veículos automotores para registro contínuo, instantâneo, simultâneo e inalterável, em disco diagrama, de dados sobre a operação desses veículos e de seus condutores. O instrumento pode ter períodos de registro de 24 horas, em um único disco, ou de 7 dias em um conjunto de 7 discos de 24 horas cada um. Neste caso o registrador troca automaticamente o disco após as 24 horas de utilização de cada um. Com o uso do tacógrafo a fiscalização e as empresas então tomam as devidas providências caso seja constatado o desrespeito com a legislação. 4.1 LEGISLAÇÃO: NOVA LEI DO CONTROLE DE JORNADA DOS MOTORISTAS 14 Em abril de 2012, surgiu a Lei 12619/12 que regula e disciplina a jornada de trabalho e tempo de direção do motorista profissional. Essa lei se aplica especificamente para o transporte rodoviário de cargas e passageiros. Segundo Brasil (2012): A regra será a aplicação da jornada de trabalho de 8 (oito) horas, passível de prorrogação por mais 2 (duas) horas extras, totalizando a jornada de trabalho de 44 (quarenta e quatro) horas semanais (fora a hora extra).[...] São consideradas viagens de longo percurso quando o trabalhador se ausentar de sua residência ou local de trabalho por mais de 24 horas. Nestes casos o motorista deve descansar pelo período ininterrupto de 11 (onze) horas, sendo que a cada 4 (quatro) horas dirigindo de forma ininterrupta, deverá haver um descanso de 30 (trinta) minutos, garantido o mínimo de 1 (uma) hora para refeição, que pode coincidir com o período de descanso. Para as empresas que adotarem o sistema de dois motoristas no mesmo caminhão, poderá ser feito o descanso enquanto o outro companheiro dirige, mas o caminhão deverá ficar parado por pelo menos 6 (seis) horas[...]. Para que seja cumprida essa lei, os dispositivos de monitoração, roteirização e até mesmo os tacógrafos são essências para esse controle. Através desses meios as empresas sabem exatamente o tempo que o motorista está andando initerruptamente, o tempo que ficou parado, a velocidade em que está trafegando e seu tempo de jornada no dia. Esses meios também são utilizados para fiscalização pelas autoridades, mas sua monitoração deve ser realizada obrigatoriamente pela empresa. Essa nova legislação visa o reconhecimento e “legalização” da profissão de caminhoneiro. Ela conta com um pacote de regras que também traz o vale pedágio e carta frete, para formalização do mercado e da profissão. Principalmente, traz melhores condições de trabalho para os motoristas, dando lhes todos os benefícios e a mesma carga horária de um funcionário de empresa qualquer. Com tudo isso também se espera uma redução do número de acidentes, provocados muitas vezes pelo excesso de horas trabalhadas no dia. 5. METODOLOGIA Nesse trabalho, a pesquisa se enquadra como “Bibliográfica” e “Estudo de Caso”. Isso é justificado pelo fato do trabalho ser realizado com base em uma nova lei, onde é feito todo o levantamento bibliográfico do que está descrito, e a forma que a empresa implantou essas novas medidas no seu sistema de gestão. Pesquisa bibliográfica segundo Pradanov e Freitas (2013) é: Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Através da pesquisa bibliográfica, pode-se verificar atentamente tudo o que é proposto pela lei, e se a forma implantada na empresa condiz com o descrito. O estudo de caso é “quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento”. (YIN, 2001). 15 Segundo Gil (2008), “complementa afirmando que as pesquisas com esse tipo de natureza estão voltadas mais para a aplicação imediata de conhecimentos em uma realidade circunstancial, relevando o desenvolvimento de teorias”. Para a realização da pesquisa, os dados foram coletados no primeiro bimestre de 2014, em uma grande empresa de transporte rodoviário. Essas informações foram coletadas seguindo um roteiro com perguntas pré-elaboradas, através de uma entrevista feita com o responsável pela empresa. 6. ESTUDO DE CASO O estudo a seguir analisa as medidas tomadas por uma empresa de transporte para se enquadrar com as exigências da nova lei e as mudanças provocadas no modelo de gestão da empresa. Em visita a uma grande empresa de transporte rodoviário, levantouse através de um questionário as informações a seguir. A transportadora atua em vários segmentos, que são o boiadeiro, container, sider, frigorífica, caçamba, madeira, tanque, e distribuição. Todos esses segmentos totalizam uma frota de 1318 veículos. O responsável pela transportadora, explica como se deu a implementação da Lei 12619/12. O maior problema para a implementação dessa lei, era realizar os ajustes nos tempos de entrega de seus produtos, pois passaram a ter que negociar novos prazos e fazer toda a remodelagem do sistema de gestão da empresa. Segundo diz Brasil (2012), “jornada de trabalho e tempo de direção controlados de maneira fidedigna pelo empregador”. Com isso passaram a ter a obrigação de controlar rigidamente a jornada de seus motoristas, com a definição dos limites máximos de excesso de jornada e acúmulo de folgas. Para isso foi feito um estudo rigoroso da lei para se ajustar as mudanças. Após esse estudo e entendimento, fez se outro estudo sobre a forma como seria implantado as novas medidas aproveitando os recursos que já constavam na empresa. Já contavam com um sistema de monitoração dos veículos, mas, que não era utilizado com o propósito de monitorar o tempo de trabalho de seus motoristas, e sim se as rotas de viagem estavam sendo seguidas ou se havia algum problema com o veículo. A partir desse sistema, a empresa se ajustou para que então fossem coletados os dados do tempo de jornada. Os motoristas recebiam comissão por quilômetro rodado, o que os impulsionavam a rodar por muito mais tempo, já que o seu ganho seria maior e sem se preocuparem com os riscos de saúde e acidentes que poderiam ocorrer, o que pela nova lei também teve de ser alterado na empresa. “É proibida a remuneração do motorista em função da distância percorrida, do tempo de viagem e/ou da natureza e quantidade de produtos transportados, inclusive mediante oferta de comissão ou qualquer outro tipo de vantagem”. (BRASIL, 2012). A empresa teve que desenvolver um software que foi aliado ao sistema de rastreamento já existente e também com o seu sistema de gestão ERP, para coletar as informações enviadas pelo motorista através do módulo rastreador contido em cada veículo. Por esses módulos são transmitidas todas as informações como início de jornada, paradas, reinício de viagem e fim de jornada. Todas essas informações são gerenciadas pelo software e analisadas pelo analista de transporte, que verifica se os motoristas estão cumprindo corretamente suas jornadas. Todo esse procedimento acabou então, se tornando a folha de ponto do motorista. Para cada parada foram criadas mensagens, onde o motorista seleciona o motivo desejado, e em tempo real a empresa recebe a informação pelo qual o motorista está parando. Todos esses registros de horários ficam marcados em sua folha de ponto, onde são contabilizadas todas as horas 16 de trabalho, descanso, almoço, paradas e etc. Através desse software a empresa consegue fiscalizar se os motoristas estão cumprindo os horários conforme determina a lei. Após essas modificações no sistema, eles passaram a dar treinamentos e a distribuir alguns materiais a todos os seus motoristas, explicando o porquê da lei e a forma que passariam a trabalhar, buscando o comprometimento de cada um dos envolvidos. Dessa maneira eles buscam a filosofia de implantar a “cultura” na empresa, e não a Lei 12619. O processo total de implantação demorou cerca de oito meses, e após esse período sua porcentagem sobre o monitoramento de seus motoristas chegou a 97%. Com todos esses investimentos em treinamentos e melhora da infraestrutura para atender as novas regras e, mesmo a empresa já possuindo alguns dos sistemas necessários, o custo financeiro de implantação ainda foi alto, girando por volta de um milhão de reais. E em entrevista com um motorista da empresa, foi apurado como era seu trabalho antes e depois da nova lei. Ele explica que antes era muito complicado justamente pelo fato de não ter um tempo estipulado de trabalho por dia, e como boa parte de seu ganho era vindo das comissões, quase não tinha descanso, era uma viagem encima da outra. Com a chegada dessa nova lei essa realidade mudou consideravelmente, pois passou a ter tempo de descanso e tempo com a família. A partir de agora ele diz que o motorista não trabalha mais cansado, porém financeiramente seu ganho sofreu uma pequena redução, mas que acaba sendo compensado pelo maior tempo de descanso. Esse estudo mostra então, como foi implantada essa lei junto ao sistema de gestão da empresa, o problema enfrentado com os prazos de entrega, os custos obtidos e a visão do motorista sobre essa lei no seu trabalho. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A criação da Lei 12619/12, que se aplica ao controle de jornada para os motoristas, fez com que a empresa adotasse novos critérios para a sua gestão organizacional, promovendo alterações significativas no seu modo de operação. Com ajuda da tecnologia a empresa conseguiu se enquadrar nas medidas propostas pela lei, controlando em tempo real a jornada de trabalho dos motoristas e também fazendo as alterações necessárias para cumprir os prazos de entregas. A maior dificuldade da implantação foram os próprios motoristas, pois tiveram que se familiarizar aos novos procedimentos operacionais para seja feito o controle da sua jornada, enviando corretamente os comandos com as informações decorrentes do seu dia de trabalho. Para que todos esses procedimentos fossem implantados, a empresa teve um investimento considerável na área tecnológica e em materiais para o treinamento adequado dos profissionais. A existência de leis para se regulamentar o transporte rodoviário ainda tem muitas falhas, entre elas a baixa fiscalização, má condições das rodovias e falta de locais adequados e seguros para descanso. O propósito da lei é trazer mais qualidade de vida e segurança para os motoristas, fazendo com que ele tenha um bom tempo de descanso. Com a vigoração dessa lei, espera-se a intensificação da fiscalização, tentando assim coibir as irregularidades e diminuir os acidentes. 17 REFERÊNCIAS ALVARENGA, Antônio Carlos; NOVAES, Antônio Galvão. Logística aplicada: Suprimentos e Distribuição Física. 3 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2000. ANEFALOS, Lilian Cristina. Gerenciamento de Frotas do Transporte Rodoviário de Cargas Utilizando sistemas de Rastreamentos por Satélite. Disponível em: <http://esalqlog.esalq.usp.br/files/biblioteca/arquivo358.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2013. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais, Distribuição Física. São Paulo: Editora Atlas, 1993. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BOWERSOX, Donald J; CLOSS, David J; COOPER, M. Bixby. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2006. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J.; COOPER, M. Bixby. Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. BRASIL. LEI 12.619/12. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2012/Lei/L12619.htm>. Acesso em: 03 dez. 2013. 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