UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Departamento de Letras e Artes
Centro de Estudos em Literaturas e Culturas franco-afro-americanas
Núcleo de Estudos Canadenses
Curso de Especialização Vozes da Francofonia em Língua francesa e Literaturas
francófonas
X Seminário da Francofonia, X Seminário Brasil-Canadá de estudos
comparados e II Colóquio internacional de estudos comparados
Terras de exílio, terras de acolhida: identidades
Data: 29,30 e 31 de maio de 2013
Local: UEFS – Campus universitário
Êxodos, fugas, migrações são deslocamentos humanos inerentes à história da
humanidade. De fato, quer se trate do êxodo bíblico ou da diáspora africana cuja
narração convida a um necessário e atento olhar, essas movimentações para fora do
território de origem, de um chão reconhecido como lugar da tradição, espaço familiar,
são movimentos que implicam sempre, e de maneira trágica, na perda dos mais caros
referenciais culturais e afetivos.
De fato, multidões são levadas a abandonarem seus lares, sua terra natal e são impelidas
a enfrentar o desconhecido, partindo, portanto, em geral, sem nenhuma garantia de um
futuro melhor, sem a certeza de receber a hospitalidade na terra de acolhida, nem
mesmo a certeza de que seja possível chegar a um lugar seguro. Basta lembrarmos antes
de tudo da errância do povo eleito de Deus na Bíblia. Sem nos esquecermos dos
deslocamentos de populações provocados pela escravidão ou pelos genocídios. A
contemporaneidade nos mostra esses movimentos de dispersão de centenas de exilados
que fogem do terror imposto por milícias armadas em diferentes regiões da África ou
Oriente Médio (Mali, Sudão, Ruanda, Libia, Síria...), ou até mesmo no interior do que
se chama o “primeiro mundo”. Enfim, por razões as mais diversas, uma parte da
humanidade, por terra, mar ou água, deixa atrás de si lembranças e sentimentos, bens e
haveres. Milhares de indivíduos partem em busca de espaços novos onde possam
reconstruir suas histórias pessoais e coletivas.
Claro que sabemos que outro grande contingente - visivelmente
híbrido, posto que desejoso de integrar a extraterritorialidaderecusando qualquer ideia de fronteira, aderindo, à maneira do
camaleão, aos lugares e às circunstâncias, sentindo-se sempre em
casa, esse contingente também se move, desloca-se entre
mundos diferentes. Se bem que não ignoremos esse fato, nosso
maior interesse se volta para as migrações nas quais grandes
contingentes humanos, por viverem em condições inumanas,
buscam atravessar as fronteiras, fugindo de sua terra natal
provisoriamente percebida como distopia.
Portanto, a errância que nos interessa é aquela experimentada e
vivida por aqueles que são levados a abandonar as balizas das
tradições e que vão entrar nesse terreno movediço, confrontados
ao desconhecido, ao inesperado, ao imprevisto e que são tão bem
representados pela noção de exílio. Assim, tal como o
compreendemos, o exílio é esta movimentação involuntária que
leva o indivíduo a se dobrar sob o peso de um passado ainda
recente, mas que parece deslizar, tornando-se fluido demais, pois
que as antigas certezas tornam-se tênues e as lembranças dos
rostos amados parecem desfazer-se1.
Uma vez perdidos os laços de pertença e de solidariedade, o
antigo território berço da segurança e da hospitalidade torna-se
distópico,logo inospitaleiro. Daí então a necessidade de procurar
uma nova utopia impele à partida, a deixar atrás um passado
carregado de valores afetivos e culturais. Começa, assim, a busca
por uma terra prometida, terra de asilo, terra de acolhida, terra de
possíveis, onde se possa reconstruir a vida, a família, uma
1 RAMA, Angel. A Cidade e as Letras. São Paulo:Brasiliense, 1984.CORNEJO
POLAR, Antonio. (Org.) VALDÉS, Mario. O Condor voa. Belo Horizonte, 2000.
identidade, uma nova comunidade, novas tradições, e
reelaborando o passado, reconstruam-se ritos e sonhos.
Como conciliar as antigas tradições trazidas de uma terra de exílio
com aquelas encontradas nas terras de acolhida? Quais valores
guardar e perpetuar com cuidado? Quais valores a eliminar ou
reelaborar? Quais deveriam ser reapropriados? Neste quadro,
quais seriam as possibilidades de refundação de pactos sociais
oferecidas ao errante que encontra uma terra de acolhida ? Qual o
preço a pagar por sua integração, sua aceitação, logo sua inclusão
social? O que espera dele esta terra de acolhida no momento em
que lhe oferece a tão buscada hospitalidade?
Se a mobilidade das populações, a reconstrução das
comunidades, das identidades individuais e coletivas, é uma
permanente na realidade humana como podem constatar os
historiadores, os geógrafos e os economistas, linguistas,
sociólogos, administradores....o trânsito da humanidade encontra
um lugar privilegiado na Literatura. Como os escritores colocam
em evidência essas reconstruções de terras de exílio e de terras
de acolhida? A fim de melhor compreender as inúmeras soluções
propostas pelos vários campos de conhecimento e de « saberes »,
tendo a Literatura como interface maior, o CELCFAAM- Centro de
Estudos em Literaturas e Culturas franco-afro-americanas e o NEC
- Núcleo de Estudos Canadenses da UEFS convidam a participar
das atividades dos X Seminário da francofonia, X Seminário
Brasil-Canadá de Estudos Comparados e II Colóquio de
Estudos Comparados: Terras de exílios, terras de acolhida:
identidades que serão realizados no período de 29, 30 e 31 de
maio de 2013, na Universidade Estadual de Feira de Santana
(Brasil).
As propostas de comunicações serão recebidas até 31 de
dezembro de 2012 (prazo final). Os resumos devem
compreender, por ordem, os seguintes dados:
- Prenome e nome
- endereço eletrônico
- Instituição e país de origem
-título da comunicação
- texto contendo entre 15 e 20 linhas
-uma biobibliografia com o máximo de 20 linhas
Para maiores esclarecimentos, favor contatar
- [email protected] ou
Humberto de OLIVEIRA, [email protected]
[email protected] ou
Gilton Aragão [email protected]
Marie-Rose ABOMO-MAURIN, [email protected]
Maurice AMURI Mpala-Lutebele, [email protected]
OBJETIVOS
. Subsidiar formação de uma cultura de paz;
. Contribuir para o combate ao racismo e à xenofobia;
. Oferecer condições para a desconstrução de estereótipos
negativos a respeito da alteridade;
. Subsidiar a constituição de grupos de pesquisa nos âmbitos
regional, nacional e internacional;
. Socializar conhecimentos e saberes pluriculturais;
-
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