RELATÓRIO MENSAL Março de 2013 Prezados Cotistas, Ao longo dos últimos meses, a economia brasileira vem apresentando graves sinais de disfunção: baixo crescimento do PIB, queda da produção industrial, taxa de investimento mais baixa em 5 anos, inflação acima do teto da meta do BACEN, déficit na balança comercial, malabarismos na contabilidade oficial. Os remédios aplicados pelo governo para combater esses males – juros no seu piso histórico, desoneração tributária seletiva, crédito público farto e subsidiado – simplesmente vêm sendo incapazes de reverter essa situação. Nas últimas semanas, nossa infraestrutura parece estar à beira do colapso: filas de caminhões carregados de soja chegaram a 60km, em plena safra recorde; portos paralisados por chuvas, inépcia, acidentes navais e excesso de demanda; concessões e investimentos encontram-se emperrados por regras draconianas, incerteza jurídica e disputas políticas; os níveis dos reservatórios de água estão semelhantes àqueles da época do racionamento de energia de 2001. Para o governo, pelo menos no discurso, a culpa de nossos problemas é da crise internacional. Para os demais descontentes, o problema somos nós, mas temos conserto. Como bem observou o técnico de futebol Lori Sandri, ao assumir o Paraná Clube nos distantes anos 70 – época em que o time tinha outro nome e ainda torcíamos cantando Pra Frente Brasil – “nós só precisamos melhorar a defesa, o meio de campo e o ataque”. No entanto, a tirar pela minirreforma ministerial desse início de ano – já temos 39 pastas, para acomodar tantos aliados políticos – e considerando a mania da nossa Presidenta de interferir diretamente na gestão dos mesmos, com predileção pela Fazenda e BACEN, não devemos esperar um turn around do Brasil em 2013. Nesse contexto, como seria previsível, nossa imagem lá fora vai de mal a pior. A bolsa brasileira acumula queda de 7,5% em 2013, e só não perde da Grécia (esta caiu 16,2% em março, no rastro da crise bancária Cipriota), mas ainda somos recordistas de desvalorização nos 6 e 12 meses. As agências de classificação de risco, quem diria, até cogitaram rebaixar nosso rating soberano em março, e o teriam feito, não fossem a pressão política contrária e o receio de conturbar ainda mais o mercado. O IED-Investimento Estrangeiro Direto, termômetro preferido dos economistas para aferir o grau de atratividade de países e como indicador antecedente de confiança, por seu foco de longo prazo, ainda continua historicamente alto em termos absolutos, mas cai em relação à proporção do PIB, e se mantém em nível vergonhoso na comparação com nossos vizinhos latinos e companheiros dos BRICS. Para completar, muita gente “do ramo” (o Stuhlberger é o exemplo mais ilustre e enfático) anda dizendo que nossas empresas estão caras frente aos pares internacionais. A essa altura, você deve estar se perguntando o que fazer para se proteger nesse ambiente adverso, quem sabe, emigrar uma parte da poupança para praças mais seguras. De fato, a bolsa americana anda de vento em popa (assim como nosso FIEX, vide adiante), e talvez essa seja uma alternativa a se avaliar nesse momento, se condizente com seu perfil de investidor. No entanto, há que se considerar também a dinâmica cíclica dos mercados, portanto ainda que se venha a observar alguma volatilidade no curto prazo, não acreditamos que a conjuntura acima vá perdurar por muito mais tempo. No que diz respeito aos mercados acionários, a bolsa brasileira retornou aos 55mil pontos, enquanto o Dow Jones encontra-se em seu pico histórico, e as bolsas de países como Argentina e Venezuela observaram explosivas altas. No entanto, nossas empresas registraram bons lucros em 2012 e deverão crescer nesse exercício. A menos que um evento externo perturbador ocorra, os preços das suas ações necessariamente farão os índices voltarem a convergir. TEOREMA AÇÕES Desempenho Teorema Ibovespa CDI Março -0,8% -1,9% 0,5% 2013 -3,3% -7,5% 1,6% 12meses 4,3% -12,6% 7,5% Acumulado* 15,6% 4,1% 75,9% * desde 27/06/07 PL médio desde a constituição R$98.198 mil PL em 28/03/13 R$171.516 mil Rentabilidade líquida de taxa de administração e performance O fator de maior importância para o mau desempenho da bolsa brasileira em março, apenas citado na parte geral de nosso relatório, foi a crise do sistema bancário do Chipre. Com um PIB de EUR17Bi, representando modestos 0,2% da economia da Zona do Euro, o episódio chacoalhou os mercados mundiais na 2ª quinzena de março, com efeito especialmente severo sobre as bolsas dos países periféricos europeus e BRICS. O motivo de tanto nervosismo foi a desconfiança de que confisco aplicado aos correntistas cipriotas pudesse ser replicado em outros países em dificuldades. O desempenho da Bovespa só não foi pior devido ao acordo alcançado entre o Chipre e a Troika (Comissão Europeia, BCE e FMI), que permitiu forte alta nos 3 últimos pregões do mês. Assim, o Ibovespa encerrou março com perda de 1,9%, enquanto nosso FIA se desvalorizou 0,8% no mesmo período. Dentre as ações da carteira, as maiores quedas foram Vale PN -9,1% e ON -7,7%, Ideiasnet -7,2%, Gerdau -6,8%, Valid -6,5% e Gafisa -5,6%. As maiores altas foram Fibria 8,8%, Time for Fun 8,7% e SulAmerica 7,0%. GAFISA O resultado apresentado por Gafisa, relativo ao quarto trimestre de 2012, não agradou. A Receita Líquida no período caiu 13% em relação ao trimestre anterior, ficando em R$ 920 milhões. O Lucro Bruto caiu 27%, para R$ 223 milhões e margem bruta de 24%. O Ebitda ficou negativo em R$ 20 milhões. Alguns efeitos não recorrentes atrapalharam os números, porém parte do impacto veio de problemas estruturais, como o elevado patamar de despesas administrativas e com vendas. A parte positiva veio da forte geração de R$ 381 milhões em caixa no trimestre e R$ 1 bilhão no ano, superando com folga a meta anual e afastando o principal risco associado à liquidez da companhia. A empresa apresentou seu guidance para 2013, quando pretende lançar R$ 3 bilhões e atingir margem ebitda entre 12 e 14%. Apesar do resultado ruim no 4T13, a Gafisa segue alinhada ao projeto de turnaround de longo prazo. Já no curto prazo, a possibilidade (ou iminência?) de venda da sua participação em Alphaville é o principal driver sobre as ações. Se concretizada, essa venda deve destravar bastante valor, uma vez que a menor proposta recebida por Alphaville foi de R$ 1,85 bi (toda a Gafisa está valendo ~R$ 1,7 bi no mercado). VALID A Valid apresentou resultado trimestral fraco, porém fechou o ano dentro das expectativas, mantendo a trajetória de crescimento de Ebitda recorrente. A Receita Líquida no trimestre cresceu 1,6% para R$ 231 milhões e fechou o ano em R$ 937 milhões, 7,2% de aumento. O Ebitda ficou praticamente estável no trimestre, em R$ 56,3 milhões e cresceu 10,4% no ano chegando a R$ 221 milhões. Já o Lucro Líquido teve queda de 62% no trimestre para R$ 13,8 milhões e queda de quase 12% no ano, fechando em R$ 113,5 milhões. Os principais motivos para essa queda foram a classificação das perdas da Certificadora como não recorrentes em 2011, o que não aconteceu em 2012; e as despesas com a aquisição da americana VMark, no valor aproximado de R$ 14 milhões. O segmento da Companhia com pior desempenho foi o de Meios de Pagamento, em função das dúvidas que permearam o setor bancário em 2012 e provocaram redução na demanda pelos serviços da Valid. Ainda assim, a companhia conseguiu mais uma vez comprovar sua resiliência mantendo crescimento de dois dígitos no ano. FIA Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul 0,2% -11,2% -1,2% 2008 -13,1% 14,9% -0,7% 5,6% 7,9% -4,4% -4,6% -7,4% 2009 -0,4% 1,6% 3,1% 15,7% 13,1% 2,1% 7,0% 6,4% 2007* Ago Set Out 2,3% 5,9% -18,7% -23,1% 6,3% -0,2% Nov Dez Teorema Ano Ibov Ano CDI Ano 5,6% -4,1% -2,3% -10,9% 18,0% 14,2% 0,8% -31,2% -41,2% 12,4% 7,1% 4,0% 87,5% 82,7% Teorema Acum. Ibov CDI Acum. Acum. -10,9% 18,0% -38,7% -30,6% 18,6% 9,9% 14,9% 26,7% 30,4% 9,8% 20,2% 28,0% 43,1% -2,3% 4,8% 59,7% 5,6% 2010 -2,8% -0,1% 1,6% -1,1% -7,4% -4,9% 12,2% 0,0% 4,3% 3,0% -1,6% 2,7% 4,6% 2011 -4,0% 1,5% 3,8% -2,6% -2,7% 1,4% -8,1% -8,6% -4,9% 8,4% -5,0% 1,6% -18,7% 2012 8,0% 5,3% -0,3% -3,9% -10,8% 0,5% 1,4% 3,8% 6,3% -1,7% 5,5% 7,9% 22,3% 7,4% 8,4% 19,5% 12,6% 73,1% 2013 0,2% -2,6% -0,8% -3,3% -7,5% 1,6% 15,6% 4,1% 75,9% 1,0% -18,1% 11,6% * A partir de 27/06/07 O Teorema FI Ações é um fundo voltado ao investimento em ações de empresas com sólidos fundamentos e boa perspectiva de longo prazo, e tem como público-alvo exclusivamente investidores qualificados, conforme definido pelo Art. 109 da Instrução CVM 409/04 e alterações posteriores. Este relatório foi preparado pela Teorema Gestão de Ativos Ltda. com propósito meramente informativo, não constitui oferta ou solicitação para comprar ou vender quaisquer ações ou investimentos, e não deve ser utilizado sem o consentimento escrito desta companhia. Embora a companhia acredite serem as informações confiáveis, nenhuma garantia é dada quanto à sua acuracidade, suficiência ou atualidade. Performance passada não é garantia de resultados futuros ou ausência de risco para o investidor. TEOREMA INVESTIMENTO NO EXTERIOR Desempenho Teorema em R$ Teorema em US$ S&P500 Março 6,1% 4,1% 3,6% 2013 7,5% 9,1% 10,0% 12meses 12,7% 2,0% 11,4% Acumulado* 33,3% 21,6% 40,7% * desde 19/05/10 PL médio desde a constituição R$40.422mil PL médio desde a constituição US$22.078 mil PL em 28/03/13 R$72.829 mil PL em 28/03/13 US$36.079 mil Rentabilidade líquida de taxa de administração e performance O FIEX teve um excelente desempenho em março, valorizando-se 6,13% em reais. Quanto ao desempenho das investidas, as maiores altas foram, em dólar, J&J 9,2%, Citi 7,5%, Intel 6,6% e a estreante Disney 6,1%. Vale a pena comentar um interessante artigo do The Economist deste mês “America´s Competitiveness” com extensa análise sobre os principais problemas americanos como dívida alta, população envelhecendo, escolas medíocres (segundo padrões internacionais), infraestrutura frágil, regulação intensa, sistema fiscal bizantino, e imigração descuidada. Na base dos problemas está provavelmente a explicação porque os Estados Unidos caíram da primeira posição no ranking competitivo do World Economic Forum para a sétima posição em apenas 4 anos. O artigo ainda cita que, antes das eleições, tanto Obama quanto Romney lamentaram sobre o sonho americano estar se esvaindo. A Economist enumera os problemas agudos como a morosidade de Washington e o fato da dívida pública, sempre crescente, estar próxima dos U$ 17 Tri, mais de 100% do PIB. Esse é o país do qual os líderes chineses riem, porém a revista sugere e fundamenta que os pessimistas precisam examinar mais de perto. Mencionando apenas alguns dos motivos para otimismo quanto ao fortalecimento da economia real: várias iniciativas têm surgido pró-melhoria da educação básica. Uma dramática aceleração das reformas em escolas públicas vem acontecendo. Professores têm sido avaliados de forma mais rigorosa, a despeito dos laços históricos dos democratas com os sindicatos. Prefeitos e governadores tem se movimentado em torno de novas formas de financiamento para obras de infraestrutura. Também parece estar ficando claro que as regras para imigração são exatamente o oposto do que o país precisa. Estatísticas mostram que é 4 vezes mais provável que um imigrante termine o colegial do que um nativo. Os imigrantes trabalham mais, são 13% da população mas 16% da força de trabalho. Em média pagaram 10 vezes mais em impostos do que receberam em benefícios públicos. Estão também salvando o país da redução demográfica e provavelmente serão responsáveis por 82% de todo crescimento populacional entre 2005 e 2050. FIEX R$ Acum. Acum. Acum. 15,2% 16,1% 6,4% 15,2% 16,1% 6,4% -9,4% -18,1% 11,6% 4,4% -4,9% 18,7% 24,0% 2,1% 28,7% 33,3% -5,6% 30,8% 0,1% -3,8% 7,6% -7,0% 5,8% 3,9% 3,3% 5,3% -4,5% 1,3% -2,1% -2,8% -4,8% -7,8% 5,1% 2,2% 3,1% -0,9% 0,3% -4,4% 4,4% 0,3% 0,2% 0,6% 2,8% -1,6% 2,3% 18,7% 7,4% 8,4% 7,5% -7,5% 1,6% Teorema Ano S&P Ano Dólar Ano 12,8% -9,3% 27,0% 0,8% 10,6% 6,1% FIEX US$ Jan Fev Mar Abr 2010 * Dez Teorema -1,0% -0,6% Nov CDI 3,3% 1,6% Out Ano Mai 1,9% Set Ano Abr 2012 Ago Ibov Mar 2013 Jul Ano Fev 2010 * 2011 Jun Teorema Jan Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1,2% -3,0% 10,3% -6,9% 9,6% 3,4% 2,5% 8,5% 27,0% Ibov CDI Teorema S&P Dólar Acum. Acum. Acum. 12,8% -9,3% 2011 2,8% -0,3% -2,6% 4,9% -2,5% -1,6% -4,5% -9,6% -10,1% 12,3% -3,9% -4,3% -19,5% 0,0% 12,6% 2,3% 12,8% 2,1% 2012 9,6% 2,5% 3,7% -3,4% -10,6% 4,5% -1,1% 0,9% 0,9% 2,8% -5,2% 5,5% 9,0% 13,4% 8,9% 11,4% 27,9% 11,3% 2013 4,7% 0,0% 4,1% 9,1% 10,0% -1,5% 21,6% 40,7% 9,6% * A partir de 19/05/10 O Teorema Investimento no Exterior FI Ações é um fundo voltado ao investimento em ações no exterior de empresas com sólidos fundamentos e boa perspectiva de longo prazo, e tem como público-alvo exclusivamente investidores qualificados, conforme definido pelo Art. 109 da Instrução CVM 409/04 e alterações posteriores, com investimento mínimo de R$1mm. Este relatório foi preparado pela Teorema Gestão de Ativos Ltda. com propósito meramente informativo, não constitui oferta ou solicitação para comprar ou vender quaisquer ações ou investimentos, e não deve ser utilizado sem o consentimento escrito desta companhia. Embora a companhia acredite serem as informações confiáveis, nenhuma garantia é dada quanto à sua acuracidade, suficiência ou atualidade. Performance passada não é garantia de resultados futuros ou ausência de risco para o investidor.