1 ANÁLISE DOS CASOS DE SÍFILIS CONGÊNITA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA Liniker Scolfild Rodrigues da Silva1; Simone da Silva Rocha2; Thais de Almeida da Silva3; Wilkerly de Lucena Andrade4; William Maximo Pereira da Silva5. RESUMO A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica de evolução crônica e vertical, causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria espiroqueta de transmissão sexual, podendo ocorrer em qualquer fase gestacional. Partindo-se desse pressuposto, a Sífilis Congênita (SC) é resultado da infecção do feto através da transmissão vertical pela bactéria supracitada, quando a gestante infectada não é tratada ou inadequadamente tratada. Este trabalho objetivou analisar o que está descrito na literatura sobre a prevalência de casos de sífilis congênita nos últimos 20 anos. Trata-se de uma revisão integrativa que consiste na construção de uma análise ampla da literatura. O levantamento bibliográfico foi desenvolvido nas bases de dados: LILACS, SciElo e BDENF, o acesso eletrônico teve como vetor o portal Bireme e o Scielo, utilizando os seguintes descritores: Sífilis Congênita, Saúde e Prevalência. Teve como inclusão: artigos completos publicados em português, com dimensão temporal entre 1992 a 2012; e excluídos artigos que não estavam em português, artigos de revisão, teses, dissertações e editoriais. Foram encontrados 51 artigos que após leitura, foram e selecionados 10 conforme os critérios de inclusão e exclusão préestabelecidos. Após análise verificamos que a maior concentração de artigos inclusos neste estudo foi na base de dados LILACS com dez artigos, não foram encontrados artigos na SciElo e na BEDENF. Quando ao tipo de pesquisa dos artigos incluídos, constatou-se que 100% são quantitativas. Todos foram realizados e publicados no Brasil. Constatou-se que 60% das publicações não descreviam a formação dos autores, 8% são escritos por médicos e 32% de autoria de acadêmicos de medicina. Em relação ao ano de publicação, a maior concentração sobre a temática se deu nos anos de 2007 com quatro artigos (40%), seguidos dos anos 2001, 2003, 2004, 2010, 2011 e 2012 com uma publicação cada. Os artigos foram agrupados e os resultados divididos em cinco categorias: Prevalência; Sinais Clínicos; Tratamento do Recém-nascido (RN); Tratamento da Gestante; e do Parceiro concomitantemente a gestante. O estudo evidenciou que a SC apresenta em nosso meio um perfil de agravo recrudescente. As taxas de prevalência foram acima dos parâmetros estabelecidos para o controle, sabendo-se que grande parte desse problema poderia ter sido evitada se o pré-natal se o mesmo fosse realizado de acordo com as normas preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS). Descritores: Sífilis Congênita; Saúde; Prevalência. 1 Enfermeiro, Residente em Saúde da Mulher pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado Pernambuco (SES-PE), lotado no Hospital Agamenon Magalhães (HAM). Bacharel em Enfermagem pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/Campus Recife, Pernambuco (PE), Brasil. E-mail: [email protected]; 2,3 Enfermeira (o), Bacharel em Enfermagem pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/Campus Recife, Pernambuco (PE), Brasil; 4 Enfermeira, Residente em Saúde da Mulher pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado Pernambuco (SES-PE), lotada no Hospital Agamenon Magalhães (HAM). Bacharel e com Licenciatura Plena em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Paraíba (PB), Brasil. E-mail: [email protected]; 5 Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Residência em Saúde da Criança e Especialização em Saúde Pública, e Bacharel em Enfermagem pela UFPE. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO/Campus Recife, Pernambuco (PE), Brasil. E-mail: [email protected]. 2 INTRODUÇÃO A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica de evolução crônica e vertical, causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria espiroqueta de transmissão sexual e vertical, podendo ocorrer em qualquer fase gestacional (1). Na população geral estima-se que, anualmente, ocorram cerca de 12 milhões de casos novos de sífilis no mundo e que pelo menos meio milhão de crianças nasçam com a forma congênita da doença, e ainda, que a sífilis materna cause outro meio milhão de natimortos e abortos, caracterizando um grave problema mundial de Saúde Pública, principalmente nos países em desenvolvimento (2). Essa doença desafia há séculos a humanidade. É considerada a mais grave doença sexualmente transmissível - depois da Síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS) - podendo acontecer em todo o núcleo familiar (já que também é transmitida por via vertical) e afetando praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo (3). Embora a prevalência da infecção pela bactéria Treponema pallidum tenha reduzido por causa da descoberta da penicilina na década de 1940, a partir da década de 1960 e, de maneira mais acentuada, na década de 1980, observa-se uma tendência mundial no crescimento da sífilis entre a população em geral e, de forma particular, dos casos de sífilis congênita, tornando-a um dos mais desafiadores problemas de saúde pública deste início de milênio (4). Estima-se na presença de infecção recente não tratada que 25% das gestações terminem em aborto tardio ou óbito fetal, 11% em óbito neonatal de recém-natos a termos, 13% em parto prematuro ou baixo peso ao nascer e 20% apresentando sinais clínicos de sífilis congênita. Calcula-se que cerca de 500 mil casos de óbitos fetais registrados ao ano, estejam relacionados a sífilis congênita (5). A sífilis evolui por estágios que se alternam entre sintomáticos e assintomáticos, sendo que qualquer órgão do corpo humano pode ser afetado. A sífilis primária caracteriza-se pelo aparecimento do cancro no local de inoculação do 3 agente, com aumento dos linfonodos locais, após incubação de, em média, 15 a 20 dias. Pode, ainda, ocorrer lesão primária de localização extragenital. As lesões secundárias aparecem em média oito semanas após o desaparecimento do cancro. A apresentação mais comum da fase secundária são as máculas, entretanto, as lesões podem assumir diversos aspectos e dificultar o diagnóstico. Os sintomas das fases primária e secundária regridem espontaneamente, mesmo sem tratamento, e as lesões da fase terciária, que surgem após décadas são, na atualidade, raramente descritas (6). Por ser a sífilis uma entidade clínica passível de prevenção por meio da identificação e do tratamento da gestante infectada ainda no pré-natal o Ministério da Saúde (MS) preconiza a solicitação rotineira e obrigatória de, no mínimo, dois testes sorológicos não-treponêmicos para o diagnostico (VDRL- Venereal Diseases Research Laboratory), na assistência pré-natal: no Primeiro trimestre e no terceiro trimestre. Em caso de falha da vigilância sorológica ou situação de elevado risco, torna-se fundamental o conhecimento da sorologia da mãe no momento do parto (7). A doença é passível de eliminação, desde que a mulher infectada seja identificada e tratada antes do parto. A sífilis em gestante tornou-se doença de notificação compulsória com a portaria nº 33 de 14 de julho de 2005, devendo ser investigado e notificado todo caso quer de feto vivo ou morto, filho de mãe com sífilis (3). O diagnostico precoce da infecção materna, através da identificação do T. pallidum, e o tratamento imediato com penicilina benzatina parenteral continua sendo a melhor forma de prevenção da sífilis congênita (8). Analisar na literatura cientifica a prevalência da sífilis congênita poderá contribuir para uma melhor intervenção dos profissionais de saúde no combate a essa patologia nos períodos pré-natal e neonatal. Deste modo o objetivo do estudo foi identificar o que está descrito na literatura cientifica dos últimos 20 anos sobre a prevalência da sífilis congênita. 4 MÉTODO Tratou-se de uma revisão integrativa que consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores. É necessário seguir padrões de rigor metodológico, clareza na apresentação dos resultados, de forma que o leitor consiga identificar as características reais dos estudos incluídos na revisão (9). Para realizar o presente estudo foram seguidas seis etapas: Elaboração de uma pergunta norteadora busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, analise critica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa (10). Assim a presente revisão tem como pergunta condutora a seguinte questão: O que está descrito na literatura cientifica sobre a prevalência da sífilis congênita? O levantamento bibliográfico foi desenvolvido por meio das seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS), Scientific Eletronic Library online (SciElo) e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF). O acesso eletrônico teve como vetor o portal Bireme e o Scielo, utilizando para o levantamento dos artigos o agrupamento dos seguintes descritores: “Sífilis Congênita”, “Saúde” e “Prevalência”. Os critérios de inclusão para seleção da amostra foram: Artigos completos publicados em português, com dimensão temporal entre 1992 a 2012 e que abordassem a temática da prevalência de casos de sífilis congênita e foram excluídos artigos que estavam em outros idiomas que não o português, artigos de revisão, teses, dissertações e editoriais, bem como artigos cujo texto completo não estava disponível on-line e de forma gratuita. Com o cruzamento dos dados usando os três descritores, não foram encontrados artigos na SciElo e na BEDENF, já no LILACS foram encontrados 51 5 artigos que após leitura exaustiva, foram analisados e selecionados 10 desses artigos conforme os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos. Os artigos foram numerados segundo a ordem de localização e a análise dos dados foi realizada na forma descritiva. RESULTADOS A maior concentração de artigos inclusos neste estudo foi na base de dados LiLACS com dez artigos, não foram encontrados artigos na SciElo e na BEDENF. Ao analisar o tipo de pesquisa dos artigos incluídos, constatou-se que 100% são quantitativas. Todos os artigos foram realizados e publicados no Brasil. Constatou-se que 60% das publicações não descreviam a formação dos autores, 8% são escritos por médicos e 32% de autoria de acadêmicos de medicina. Em relação ao ano de publicação, a maior concentração sobre a temática se deu nos anos de 2007 com quatro artigos (40%), seguidos dos anos 2001, 2003, 2004, 2010, 2011 e 2012 com uma publicação cada. Os artigos foram agrupados e os resultados divididos em cinco categorias: Prevalência; Sinais Clínicos; Tratamento do RN; Tratamento da Gestante e do parceiro concomitantemente a gestante. Quanto aos objetivos e tipo de estudo, ano de publicação de periódico, o quadro 01 apresenta uma síntese dos estudos analisados, categorizados em letras alfabéticas. 6 Categoria Título Objetivo A (11) Analise de casos de sífilis Congênita na Maternidade do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos, RJ. Avaliar a abordagem diagnostica e o tratamento da sífilis materna e do recémnascido na maternidade do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos, RJ. B (12) Avaliação da efetividade das campanhas para eliminação da sífilis congênita na redução da morbimortaliade perinatal. Município do Rio de Janeiro, 1999-2000. C (13) D (14) E (2) F (15) Dar visibilidade a doenças e capacitar os profissionais de saúde no manejo do agravo. Epidemiologia da Sífilis Gestacional em Fortaleza, Ceará, Brasil. Um agravo sem controle. Conhecer o perfil epidemiológico das gestantes com VDRL reagente, em Fortaleza, Ceará, Brasil no ano de 2008. Neurossifilis congênita: Ainda um grave problema de saúde publica Verificar a prevalência de sífilis congênita (SC) e NSC, avaliar a taxa de falso positivo (FP) e verdadeiro positivo (VP) do critério antigo e determinar as diferenças nos títulos de VDRL materno e neonatal e a evolução clínica entre os FP e VP. Perfil epidemiológico da sífilis congênita no Município do Natal, Rio Grande do Norte 2004 a 2007. Positividade para Sífilis em puérperas: Descrever a ocorrência da sífilis congênita no município do Natal-RN considerando-se o perfil epidemiológico das mães e dos casos notificados pelo município. Estudar os fatores associados á Sorologia positiva para sífilis em puérperas atendidas em Ano Metodologia Periódico 2007 Quantitativo DST. J bras Doenças Sex. Transm. 2003 Quantitativo Caderno de Saúde Pública. Quantitativo Caderno de Saúde Pública. 2007 Quantitativo Epidemiologia e serviços de saúde. 2011 Quantitativo 2010 Epidemiologia e Serviços de Saúde. Panamericana de Saúde 7 ainda um desafio para o Brasil G (16) H (17) I (18) J (4) Relação entre a Cobertura da Estratégia Saúde da Família e o diagnostico de sífilis na gestação e sífilis congênita. Sífilis Congênita como Indicador de Assistência PréNatal. Sífilis Congênita: Notificação e Realidade. Sífilis Congênita como Fator de Assistência PréNatal no Município de Campo Grande – MS. 24 centros cadastrados pelo Programa Nacional de Doenças sexualmente transmissíveis, AIDS. Correlacionar as informações disponíveis em sistemas nacionais de informações em saúde sobre notificações de sífilis em gestantes, sífilis congênita e cobertura populacional da estratégia saúde da família (FHS). Estudar a prevalência de sífilis congênita (SC) em um Hospital Universitário da Região Sul do Brasil, destacando seu papel como indicador de qualidade da assistência Pré-natal, Estudar os casos de sífilis congênita ocorridos no Hospital de Referência Dona Regina (HRDR), localizado em Palmas capital do Estado do Tocantins, avaliando a taxa de notificação deste agravo para a vigilância epidemiológica e identificando algumas das causas de sua ocorrência. Verificar a Prevalência de Sífilis Congênita (SC) na Cidade de campo Grande e descrever os dados epidemiológicos, obstétricos e Peri natais da população estudada, destacando seu papel como fator de qualidade de assistência Pré-Natal, Pública. 2004 Quantitativo 2012 Quantitativo 2001 Quantitativo Caderno de Saúde Pública. Rev. Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Rev. Scientia Médica. 2007 2007 Quantitativo Quantitativo DST. J bras Doenças Sex. Transm. Quadro 1: Síntese dos artigos incluídos na revisão segundo categoria, título, objetivo, ano, metodologia e periódico. Recife 2013. 8 Categoria A Prevalência 1,18% B C D 14,1% a 10,4% Não descreve 3,21% E 5,3 / 1.000 (2007) 7,1 / 1.000 (2006) F 1,7% G 1,6% H 1,5% I 9,9 casos por 1.000(IC 95%.64%14,6%/1.000) J 2,3% Sinais Clínicos 80% foram assintomáticos, nos sintomáticos a anemia foi mais comum e tiveram alterações ósseas e alterações liquóricas. Prematuridade Prematuridade Icterícia, infecção, conjuntivite e hipoxia. RN assintomáticos Historia de aborto, parto pré-termo, parto prematuro anterior e feto natimorto. Não descreve Prematuridade e neurossífilis Septicemias, alterações liquóricas e alterações em RX de ossos longos. Não descreve Tratamento do RN Penicilina Cristalina Tratamento da Gestante Penicilina Benzatina Não descreve Não descreve Penicilina Procaína Não descreve Não descreve Penicilina Benzatina. Não descreve Não descreve Não descreve Não descreve Não descreve Não foi realizado e se foi realizado foi inadequado. Não descreve Não descreve Não documentado 1/5 do total de RN foi tratado. Não descreve Somente 33% das gestantes foram adequadamente tratadas durante o prénatal. Os parceiros das gestantes infectadas não foram adequadamente tratados em aproximadamente 60% dos casos. Quadro 2: Principais resultados dos artigos incluídos na revisão quanto a prevalência, sinais clínicos, tratamento do RN e tratamento da gestante. DISCUSSÃO No presente estudo verificou-se que as taxas de prevalência da sífilis congênita variavam de 1,5% a 14,6%, tais dados diferem de outros estudos, onde a prevalência esteve entre 1,4% a 3,5% (6,8,19). O número de casos de sífilis congênita manteve-se alto e constante, as taxas de prevalência e incidência de SC foram superiores as preconizadas pela OMS. Tais achados apontam para uma situação 9 bastante grave perpassando por falhas no acesso, falha na realização de exames e obtenção do diagnostico da sífilis, tardiamente na ocasião da internação (5). É importante ressaltar que a inadequada assistência no pré-natal e a falta de capacitação e atualização dos profissionais de saúde também contribuem para a alta prevalência desta doença (20). Evidenciamos que em um dos estudos sobre as manifestações clinicas dos neonatos infectados, 80% foram assintomáticos, nos casos sintomáticos a anemia foi mais comum. O Ministério da Saúde afirma que 60% dos conceptos acometidos pela doença são assintomáticos ao nascer (21). A intensidade das manifestações clinicas da sífilis nos neonatos dependem da treponemia materna no período da gestação em que ocorreu a infecção fetal. Assim na fase recente (fase primária ou secundária da doença) a transmissão perinatal chega a 70% a 100%, reduzindo-se para 40% a 80% nas fases latente precoce, e para 10% a 30% nas fases latente, tardia e terciária (22). Segundo dados levantados da analise de nossas pesquisas, 30% referem-se à prematuridade (23) (Nascidos antes das 37 semanas de idade gestacional), em comparação a outros estudos os resultados indicavam percentuais semelhantes. Em especial a SC tem sido associada as maiores taxas de prematuridade e baixo peso ao nascer, podendo também ocasionar uma série de danos ao feto principalmente o óbito fetal (24). Fica evidente que a sífilis é uma moléstia com graves conseqüências para a gestante e seus conceptos, visto que 80% das mães infectadas e sem tratamento transmitem a doença para os fetos e um grande número destes morrem antes de alcançar 2 anos de idade (25). Dentre os artigos selecionados para a presente revisão dois descreveram o tratamento do RN a base de antibioticoterapia, as drogas utilizadas foram: penicilina cristalina e a penicilina procaína. De acordo com protocolo do Ministério da Saúde, o regime terapêutico preferencial em caso de infecção provável é o uso de penicilina cristalina, podendo- se utilizar a penicilina procaína preferencialmente nos casos com exame de LCR normal (21).No tratamento da neurossífilis a droga escolhida é a 10 penicilina cristalina pela capacidade de atravessar a barreira hemato-encefálica (26); sabe-se que existe a recomendação de tratar todas as crianças infectadas com o regime adequado a fim de erradicar a neurossífilis, fato que demonstra a gravidade da situação da SC no Brasil, onde os gastos hospitalares ultrapassam e muitos os gastos que se teriam com a efetiva profilaxia da SC, se houvessem um programa de assistência pré-natal de qualidade (27). Com relação ao tratamento da gestante indicado para sífilis com base em nossa pesquisa e comparados aos outros pesquisados, eles foram equivalentes sobre a droga de escolha a Penicilina Benzatina (28,29,30), é a única droga considerada eficaz no tratamento da sífilis materna e o esquema terapêutico varia conforme o estagio da doença, nas mesmas doses do tratamento padrão(19).Também em nossos estudos verificou-se que somente 33% das gestantes infectadas não foram adequadamente tratadas durante o pré-natal, um valor alto implicando em um maior numero de neonatos com SC; e outro problema ainda maior são os parceiros das gestantes infectadas não serem tratados adequadamente em aproximadamente em 60% dos casos. Mesmo ocorrendo o tratamento da gestante de forma adequada, e de extrema importância o tratamento do parceiro. Caso isso não ocorra a transmissão da sífilis se perpetua na gestação atual ou em futuras gestações. As estratégias para tratamento dos parceiros incluem melhor acolhimento e flexibilização de horários de atendimento para a abordagem e tratamento de homens com sífilis no centro de saúde (30). É de relevante importância que a gestante tratada para sífilis deve fazer o acompanhamento da titulação do VDRL, se não ocorrer queda dos títulos ou se houver aumento da titulação com relação ao ultimo exame, a gestante deve ser novamente tratada e o profissional deve estar atento ao tratamento do parceiro sexual, a inadequação no tratamento acarreta sérios danos a gestante e principalmente ao concepto (31). CONCLUSÃO O estudo evidenciou que a SC apresenta em nosso meio um perfil de agravo recrudescente. As taxas de prevalência foram acima dos parâmetros estabelecidos 11 para o controle, sabendo-se que grande parte desse problema poderia ter sido evitada se o pré-natal fosse realizado de acordo com as normas preconizadas pelo Ministério da Saúde, então se questiona onde existe falha: nos profissionais que realizam pré-natais, nas políticas públicas ou nas gestantes e seus parceiros? Acreditamos que todos precisam ser envolvidos e responsabilizados para que a SC seja evitada. 12 REFERÊNCIAS 1. ARAÚJO CL, Shimizu HE, Sousa AIA, Hamann EM. Incidência da Sífilis Congênita no Brasil e sua Relação com a Estratégia Saúde da Família. Rev. Saúde Pública vol.46 n.º 3 São Paulo june 2012. 2. HOLANDA MTCG, Barreto MA, Machado KMM, Pereira RC.Perfil Epidemiológico da Sífilis Congênita no Município do Natal, Rio Grande do Norte- 2004 a 2007. Epidemiol.Serv.Saúde. Brasília, 20(2); 203-212, abr-jun 2011. 3. VÌCTOR JF, Barroso LMM,Teixeira APV, Aires AS, Araújo IM. 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