ESTABILIDADE CRÍTICA EM SISTEMAS QUÂNTICOS Juci Melim Junior (IC)1 Tobias Frederico (PQ)2 1 Divisão de Engenharia Eletrônica, ITA, CTA, São José dos Campos, SP e-mail: [email protected] 2 Divisão de Ensino Fundamental, ITA, CTA, São José dos Campos, SP e-mail: tobias@…s.ita.br RESUMO Estudamos a forma analítica da energia de ligação de um sistema quântico de dois corpos, para momento angular nulo, em função da profundidade do potencial, próximo a situação crítica (energia de ligação nula). As funções obtidas para o poço quadrado, para o potencial de Yukawa e Gaussiano podem ser caracterizadas por um expoente crítico universal. ABSTRACT The analytical form of the binding energy of the quantum two-body system for zero angular momentum is studied as a function of the potential depth near the critical condition ( zero binding energy). These functions obtained for the square-well, Yukawa and Gaussian potentials can be characterized by a universal critical expoent . 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho resolvemos a equação de Schrödinger para o estado ligado de uma partícula em uma dimensão, cuja as soluções ímpares correspondem também aos estados com momento angular nulo em três dimensões para um poço de potencial quadrado. Em seguida, obtemos a solução numérica da equação de Schrödinger para o caso de um potencial de Yukawa e para o caso de um potencial Gaussiano. O nosso objetivo é veri…car a universalidade do comportamento analítico da energia de ligação em função da profundidade do potencial quando a energia de ligação tende a zero. 2 O POÇO QUADRADO A equação de Schrödinger para o estado estacionário no caso tridimensional é dada por: [¡ h ¹2 2 r + V (~r)]ª(~r) = Eª(~r); 2m (1) onde E é o autovalor do operador energia e ª(~r) é a correspondente autofunção. A interpretação da função de onda vem através da densidade de probabilidade de encontrar a partícula ao redor da posição ~r, que é dada por: jª(~r)j2 . Se o estado for ligado tem-se E < 0, e o potencial, no caso do poço quadrado, é dado por V (x) = ¡V para ¡ a2 · x · a2 , e V (x) = 0 para jxj ¸ a2 . A solução da Eq.(1) deve ser construída separadamente já que o potencial não é contínuo. Então devemos resolvê-la na região ¡ a2 < x < a2 e na região jxj > a2 . O poço é simétrico em torno do zero e devido a esta simetria de re‡exão as auto-funções são pares ou ímpares [1,2]. Assim temos para ¡ a2 < x < a2 : u(x) = A cos k1 x; (2) u(x) = B sin k2 x; (3) como solução par e; como solução ímpar. Para x > a2 ocorre o tunelamento, então devemos ter uma exponencial negativa pois de outro modo (se a exponencial fosse positiva) a probabilidade da partícula ser encontrada no in…nito seria também in…nita e isso é …sicamente injusti…cável como pode ser veri…cado, por exemplo, com o elétron con…nado ao orbital no átomo de hidrogênio [1,2]. Então na região x > a2 devemos ter como solução: (4) u(x) = C exp(¡ke x): Pelo mesmo motivo devemos ter uma exponencial positiva na região x < a2 , o que garante que a probabilidade de encontrar a partícula é a mesma independentemente do lado do poço. 2.1 Auto-funções pares Vamos usar unidades tais que h ¹ = 1, m = 12 , e a = 2. Devemos ter a continuidade da função de onda e de sua derivada no ponto x = a2 pois a equação diferencial para ª(x; t) é de segunda ordem no espaço, então devemos impor a igualdade da razão entre a derivada da função de onda e a função de onda. Isto é conhecido como a continuidade da derivada logarítmica. Usando as funções de onda das Eqs. (2) e (4) com k1 e ke escolhidos de modo que essas funções de onda sejam soluções da Eq. de Schrödinger para x < a=2 e x > a=2, respectivamente, obtemos da continuidade da derivada logaritmica no ponto x = a=2, a seguinte equação transcedental para a energia de ligação: q q p (E + V ) 2m tan (E + V ) 2m = ¡2Em: (5) q Para o estado ligado E < 0 e introduzindo a variável z, dada por z = (V ¡ jEj) 2m; p e a variável v dada por v = 2mV p ;temos que a equação para os autovalores da energia de ligação reduz-se a z tan z = v 2 ¡ z 2 : Quando E = 0, temos que zn = vn e portanto a condição crítica é dada por: vn tan vn = 0 =) vn = n¼(n = 0; 1; 2:::); (6) e com isto obtemos os valores críticos da profundidade do poço para as quais a energia de ligação é nula: V0 = (n¼)2 (n = 0; 1; 2:::); (7) 0,6 0,5 Energia 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 V/V0 Figura 1: Energia de ligação do estado par quando V está próximo a ¼ 2 . A linha contínua é o resultado do ajuste de E como uma função quadrática de V =V n. 2.2 Auto-funções ímpares Todo o desenvolvimento para a solução do auto-estado ímpar é análogo ao que foi feito anteriormente para o par, de modo que, quando E = 0, temos zn = vn resultando em: vn cot vn = 0 =) vn = n ¼ 2 (n = 0; 1; 3; 5:::); (8) Os valores críticos da profundidade do poço para as quais a energia de ligação é nula são, então: n Vn = ( ¼)2 (n = 0; 1; 3; 5; 7:::): (9) 2 0,06 0,05 Energia 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 V/V0 Figura 2: Energia de ligação do estado ímpar para V próximo a ( ¼2 )2 . Linha contínua explicada na …gura 1. 3 OS POTENCIAIS DE YUKAWA E GAUSSIANO Após o estudo da solução da equação de Schrödinger para o poço quadrado quando a energia do estado ligado é próxima de zero vamos analisar na mesma situação os potenciais de Yukawa e Gaussiano. Para resolver a equação de Schrödinger nesses casos vamos usar métodos numéricos. Vamos transformar a equação de Schrödinger independente do tempo da representação de coordenadas para a representação no espaço dos momentos. A equação de Schrödinger para o estado estacionário no caso tridimensional é dada pela Eq.(1). A transformada de Fourier da função de onda, Ã(~p), de…ne a densidade de probabilidade de encontrar a partícula com momento p~. O elemento de matriz do potencial na representação de momento é dada por h~p0 jV j~pi = v(j~qj2 ): Z 2 v(j~qj ) = d3 p i~q:~r V (r) exp[¡ ]; 3 (2¼¹h) h ¹ (10) onde ~q = ~p ¡ ~p0 . No caso particular dos estados com momento angular nulo, o potencial é integrado sobre o ângulo entre ~p0 e p~: 0 0 v (p ; p) = 2¼ Z 1 ¡1 dcos(µ)v(j~p0 ¡ ~pj2 ): (11) Desta forma chegamos a seguinte expressão para a equação de Schrödinger na representação no espaço dos momentos para um estado de momento angular nulo, cuja função de onda depende apenas de j~pj = p: p02 Ã(p0 ) + 2m Z 1 0 v0 (p0 ; p)Ã(p)p2 dp = EÃ(p0 ): (12) Para o potencial de Yukawa, dado por Vy (r) = ¸y exp(¡¹r) ; r (13) resulta que v(q 2 ) para este potencial é ¸0y : vy (q ) = 2 ¹ + q2 2 (14) Para o exemplo do potencial gaussiano, dado por Vg (r) = ¸g exp(¡¹r2 ); (15) ¡q 2 ): 2¹ (16) temos que v(q 2 ) é vg (q 2 ) = ¸0g exp( 4 QUADRATURA DE GAUSS-LEGENDRE Para resolvermos numericamente a equação integral encontrada no item anterior devemos discretizar a integral de…nida. O método usado é chamado de Quadratura de GaussLegendre e consiste em aproximar a integral de…nida por um somatório de valores da função a ser integrada, estes valores correspondem aos n zeros do polinômio de Legendre de grau n como se segue: I(f ) = Z 1 ¡1 f (x)dx= ~ n X f (xi )di : (17) i=1 Como a Eq.(12) possui limites de integração como sendo [0; 1) usou-se a seguinte mudança nos limites de integração da equação acima: (18) [¡1; 1] ! [0; c]; que e é dada pela seguinte mudança de variáveis: yi = c 1 + xi 2 (19) e, como conseqüência disto tem-se: di dyi = c : (20) 2 Substituindo a integral da Eq.(12) pelo somatório correspondente usando-se os pontos de Gauss-Legendre obtem-se: n X yi2 Ã(yi ) + v 0 (yi ; yj )Ã(yj )yj2 dyj = EÃ(yi ): 2m j=1 (21) Tabela I: Valores de potenciais (V0 ) para o com potencial de Yukawa (a) e Gaussiano (b) quando a energia (E) do estado ligado é próxima de zero. Abaixo, N corresponde ao número de pontos de Gauss- Legendre utilizado, c é a constante usada para realizar a mudança de variável dada pela Eq.(19), ¹ é o parâmetro usado na Eq.(13) e na Eq.(15) e Ei corresponde à energia do i-ésimo estado excitado. N c ¹ (a) 20 10 1 (b) 20 10 1 V0 E1 E2 E3 0.84 -33.6552520 -3.08220443 -6.0436E-005 1.447 -13.6324471 -4.35246704 -9.7228E-006 1.0 Energia 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 V/V0 Figura 3: Energia referente à primeira linha da Tabela I caso (a) para o potencial de Yukawa. Linha contínua explicada na …gura 1. 3.5 3.0 2.5 Energia 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 V/V0 Figura 4: Energia referente à primeira linha da Tabela I para o potencial Gaussiano. Linha contínua explicada na …gura 1. 5 CONCLUSÃO Veri…camos que, tanto para o poço quadrado como para o caso dos com potenciais de Yukawa e Gaussiano, a energia de ligação tem o mesmo comportamento analítico independentemente dos detalhes da interação. Isto …ca evidente quando se analisa os resultados para a energia de ligação, para valores próximo de zero, em função da razão da magnitude da profundidade do potencial e o seu valor crítico (para o qual a energia de ligação é zero). A análise das …guras 1 a 4 sugere que quando a energia de ligação é su…cientemente próxima a zero ela é proporcional a (V =Vn )2 . AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer ao Professor Tobias Frederico, meu orientador neste trabalho, por seu estímulo, pelo seu entusiasmo e sua empolgação quando falava da física como um todo. Por …m, gostaria de agradecer ao Professor Mauro Donizetti Tonassi, por tirar minhas dúvidas e colaborar para que este trabalho fosse possível. Agradeço também, ao programa PIBIC/CNPq pelo apoio …nanceiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Beiser, A; Concepts of Modern Physics; McGraw-Hill; New York, 1967; p 01. 2. Dicke, R.H.; Wittke, J.P.; Introduction to Quantum Mechanics ; McGraw-Hill; New York, 1970; p 01. OBTENÇÃO DE CERÂMICA POROSA A PARTIR DA TÉCNICA DE CONFORMAÇÃO DIRETA COM AMIDO COMERCIAL F.A. Almeida (PG) (a), F.C.L. Melo (PQ)(b), G.P. Thim (PQ) (a) (a) Departamento de Química - Instituto Tecnológico de Aeronáutica / ITA - CTA (b) Divisão de Materiais / AMR – CTA RESUMO Cerâmicas porosas têm sido aplicadas como isolantes térmicos, filtros, membranas, queimadores de gás, materiais para implantes ósseos, entre outros. A conformação de materiais porosos com amido está fundamentada nas propriedades de formação de gel em água, tornando possível seu uso como agente conformador e formador de poros. Esta técnica permite um bom controle da porosidade do produto final, pois os poros terão o formato inicial dos grãos de amido, considerando sua expansão no meio aquoso. As suspensões coloidais foram feitas com alumina A1000 (Alcoa Chemicals), amido de mandioca comercial em pó e defloculante. Para formação de grandes poros na matriz cerâmica, esferas de poliestireno expandido foram adicionados às suspensões antes da etapa de gelatinização. Após essa etapa, os corpos verdes foram submetidos a secagem em temperatura ambiente por 96 horas e em estufa a 105ºC por 2 horas. Posteriormente submetidos a etapa de pré-sinterização, eliminando-se os materiais voláteis e sinterizados a 1400ºC por 2 horas. A caracterização foi feita por microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura (MEV); e tiveram densidade e porosidade aparente calculadas pelo método de Arquimedes. ABSTRACT Porous ceramics have been used as thermal insulate, filters, membranes, gas burners and materials for bone implants, just to mention some. The fundamental aspect of porous materials consolidation from starch, is the property of its gelling in water. This characteristic led to use it as solidification agent and pores producer. This technique allows a good porosity control of the developed product, because the porous structures will be formed in the initial places of the starch grains, considering its expansion in the aqueous medium. The colloidal suspensions were made with alumina type A-1000 (Alcoa Chemicals), commercial cassava´s starch and dispersant. In order to produce larger pores in the ceramics matrix, expanded polyestirene spheres were added in suspensions before gelling step. After this step, the consolidated bodies were dried at room temperature for 96 hours and at 105ºC for 2 hours. Then, they have been pre-sintered to burn out the volatile materials and sintered at 1400ºC for 2 hours. Characterization was performed by optical and scanning electron microscopy (SEM); and bulk density and apparent porosity measured by Archimedes method.