ID: 55080089 31-07-2014 Tiragem: 17589 Pág: 26 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 24,00 x 24,57 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 Concorrentes juntam-se aos fundos no interesse na Espírito Santo Saúde Ricardo Salgado é o presidente do Espirito Santo Financial Group. Compra Para além de fundos e dos mexicanos do grupo Angeles, a Fidelidade, os Mello e os brasileiros da Amil estão a estudar eventual proposta sobre o negócio da saúde do GES. Maria Ana Barroso [email protected] Os brasileiros da Amil, a Fidelidade e o grupo Mello estão estudar a possibilidade de entrarem na corrida pela Espírito Santo Saúde. Um interesse que faz crescer o grupo de investidores que olham para este activo do Grupo Espírito Santo (GES), a par de fundos internacionais e dos mexicanos do Grupo Angeles. Com a Rioforte em pleno programa de protecção de credores, o facto de a Espírito Santo Saúde estar, desde este ano, cotada em bolsa, faz com que uma eventual compra deste negócio por terceiros seja mais simples, sem os constrangimentos que um cenário de insolvência - ou protecção de credores - pode colocar. A ‘holding’ Rioforte detém a maioria do capital da Espírito Santo Saúde, através da Espírito Santo Health Care Investments. A compra de acções em bolsa ou o lançamento de uma OPA podem ser opções de mercado para permitir contornar a actual situação do grupo. São vários os investidores que ‘rondam’ nesta altura o grupo de saúde liderado por Isabel Vaz. Para além de fundos de investimento e dos mexicanos do Grupo Empresarial An- geles estão na corrida, como já noticiou o Diário Económico, também a Fidelidade, detida maioritariamente pelos chineses da Fosun, a Amil e o grupo Mello. Este último, um dos principais grupos de saúde em Portugal e que chegou a estar na corrida pelos HPP, não quis fazer qualquer comentário. Já a Fidelidade diz que não estão “envolvidos em qualquer processo de aquisição ou parce- Ao contrário de outros activos do GES à venda, a ES Saúde está cotada, o que até pode facilitar o processo de compra. O que representa ficar com a ES Saúde São ao todo cerca de 18 as unidades que compõem a Espírito Santo Saúde, espalhadas pelo país. Entre elas está o Hospital da Luz, o Hospital da Arrábida, o Hospital Beatriz Ângelo (PPP), o Hospital de Santiago e várias clínicas. De acordo com as últimas contas disponíveis, o grupo registou, no primeiro trimestre, um volume de negócios de 101,6 milhões de euros. Os lucros foram de 4,6 milhões de euros, mais 96,7% que em igual período de 2013. As contas de Junho só serão divulgadas no final de Agosto. ria na área da saúde”. Mas acrescenta que “todavia, a Fidelidade acompanha sistematicamente algumas áreas de negócio que apresentam maiores conexões com a sua actividade, visando enriquecer a proposta de valor para os nossos clientes, sendo a saúde, em geral, incluindo vertentes assistenciais, uma dessas áreas de interesse permanente”. Contactada, a Amil tão pouco quis fazer qualquer comentário. Em sentido inverso, a Espírito Santo Saúde chegou a estar na recta final para a compra dos HPP, do grupo de saúde que pertencia à CGD. Os brasileiros da Amil acabariam por ficar com este activo e estarão agora a ponderar a hipótese de dar mais dimensão ao seu negócio. O Hospital da Luz, em particular, é porventura o activo da Espírito Santo Saúde que mais atrai potenciais interessados. O Grupo Empresarial Angeles, que detém investimentos não só na Saúde, mas também no turismo, sector financeiro e comunicação, já terá olhado anteriormente para o mercado português quando, há cerca de um ano, a CGD vendeu o seu grupo de saúde, os HPP. Face à situação vivida na casa-mãe, a Rioforte, uma solução possível poderia passar por uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), operação de mercado que não choca, teoricamente, com o processo de protecção de credores acima. Uma OPA à cabeça sobre todo o grupo, por exemplo, permitiria tentar a compra sem arriscar antes um investimento na parcela de free-float disponível sem a certeza se um administrador de insolvência não trava a compra dos 51% depois. ■ com P.S.D. INVESTIGAÇÃO Rio Forte alvo de buscas no caso Monte Branco O Ministério Público fez ontem buscas na sede da Rio Forte, a holding não-financeira do Grupo Espírito Santo (GES), no âmbito do caso Monte Branco. Estas diligências visaram esclarecer transacções suspeitas envolvendo a Rio Forte e ‘offshores’ do antigo presidente-executivo do BES, Ricardo Salgado, que na semana passada foi constituído arguido por suspeita da prática dos crimes de branqueamento de capitais, burla, abuso de confiança e falsificação de documentos. “Confirma-se a continuação de diligências no âmbito do processo Monte Branco”, disse fonte oficial da Procuradoria Geral da República, após a notícia ter sido avançada pelo “i”. ESFG contrata A ‘holding’ que pediu protecção de credores está a ser assessorada pela Brunswick. Maria Ana Barroso e António Costa [email protected] A Espírito Santo Financial Group (ESFG) contratou a multinacional de relações públicas Brunswick para assessorar o actual momento de crise vivido pela ‘holding’ que detém a Tranquilidade e que é o princi- ID: 55080089 31-07-2014 Tiragem: 17589 Pág: 27 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 24,00 x 24,90 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2 Paula Nunes Empresas de Queiroz Pereira resistem à tempestade na bolsa Bolsa nacional viveu ontem nova sessão de quedas, com o BES a atingir mínimos históricos. Rui Barroso [email protected] multinacional ‘de lobbying’ pal accionista, com 20% do capital, do Banco Espírito Santo (BES). Este mesmo grupo de ‘lobbying’ internacional foi contratado, em 2011, para trabalhar a imagem externa de Portugal, após o pedido de resgate financeiro feito pelo País à ‘troika’. A multinacional foi então contratada por um preço inicial de 63 mil euros, directamente, pelo secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas. O contrato, com duração inicial prevista de três meses, terá sido na altura renovado por mais tempo. Na altura, o Governo justificou ao jornal Sol, que deu então a notícia, a contratação da Brunswick pelo facto de se tratar de um grupo com “enorme experiência internacional”, sendo portanto um “importante contributo para definir uma eficaz comunicação externa da boa execução que Portugal está a fazer dos compromissos assumidos”. A Brunswick é um grupo de comunicação internacional, de origem britânica, com presença em 13 países e fundada em 1987. A ESFG anunciou a 24 de Julho ter avançado com um pedido de protecção de credores junto dos tribunais do Luxemburgo, país onde se encontra a sede da ‘holding’. O tribunal comercial luxemburguês aceitou, o pedido da ESFG, assim como da Rioforte, que alegar não ter capacidade para fazer face às suas responsabilidades financeiras. ■ A Semapa e a Portucel, empresas controladas por Pedro Queiroz Pereira, têm sido das poucas a resistir às quedas da bolsa nacional provocadas pela crise no BES. Ontem foi mais uma sessão negra na bolsa nacional, com o PSI 20 a tombar 3,33% e com o BES a ceder mais 10,57% para 0,347 euros, um novo mínimo histórico. Isto poucas horas antes de se conhecerem os resultados do banco liderado por Vítor Bento. Apesar da Semapa não ter sido poupada na sessão de ontem, tendo descido 2,71%, continua a ser das poucas resistentes ao Julho negro que a bolsa nacional atravessa. A ‘holding’ controlada por Pedro Queiroz Pereira avança 6,30% desde o início do mês. É o segundo melhor desempenho do PSI 20, superado apenas pelos ganhos de 7,44% dos CTT, que mostraram resultados acima do esperado pelo mercado. Já a Portucel, participada em 75,86% pela Semapa, valoriza 1,46%, o terceiro melhor desempenho entre as cotadas do PSI 20 em Julho. Apesar dos ganhos poderem aparentar ser modestos, comparam com uma quebra de 9,26% do PSI 20 no mesmo período. O índice de referência da bolsa nacional é mesmo o que mais desvaloriza desde o início do mês. E muito à custa do desempenho negativo do BES e da Portugal Telecom. As acções do banco cedem 42,36% em Julho, após uma sucessão vertiginosa de acontecimentos. Ricardo Salgado saiu do banco, tendo sido substituído por Vítor Bento. E o dia-a-dia do BES tem sido marcado pela incerteza sobre a real dimensão do buraco do banco devido à exposição a entidades do Grupo Espírito Santo. O Espírito Santo Financial Group, a Rioforte e a Espírito Santo International tiveram mesmo de pedir protecção contra os credores, num processo que teve como um dos episódios marcantes a “zanga” entre Pedro Queiroz Pereira e Ricardo Salgado. Além de levar o PSI 20 ao pior desempenho do mundo em Julho, a crise no GES arrastou ainda outras cotadas como a Portugal Telecom. A operadora derroca 37% desde o início do mês, prejudicada pelo investimento de cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte. Esta entidade não cumpriu com o pagamento, o que levou a que os accionistas da PT tivessem de abdicar de uma posição significativa na fusão entre a operadora e a Oi. ■ SUBIDAS E DESCIDAS As três acções do PSI 20 com melhor e pior desempenho em Julho (valores em %). CTT 7,44 Semapa 6,3 Portucel 1,46 BES -42,36 PT -37 Teixeira Duarte -50 Fonte: Bloomberg -20,77 -20 0 10