UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Aluno : Michel Antonio Rodini Estudo de Sensores de Hidrogênio baseados em nanotubos de TiO2 Santo André - SP 2014 Michel Antonio Rodini Estudo de Sensores de Hidrogênio baseados em nanotubos de TiO2 Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação Universidade Federal do ABC, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica Orientadora: Professora Doutora Kátia Franklin Albertin Torres. Santo André - SP 2014 Ficha catalográfica : Michel Antonio Rodini Estudo de Sensores de Hidrogênio baseados em nanotubos de TiO2 / Michel Antonio Rodini— Santo André, SP: UFABC, 2014 “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.” (José de Alencar) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por esta oportunidade de buscar novas conquistas, pela força que recebi nos momentos difíceis onde pensei em desistir. Agradeço a paciência da minha esposa Camila pela companhia em todos os momentos, todos mesmo. À minha mãe, Dona Neves, que não me dá moleza. “Vamos para cima” , ela diz. Isto eu guardo sempre comigo. Ao Marcelo Thalenberg que acreditou em mim e me deixou recomeçar. Profa. Dra. Katia Franklin Albertin Torres minha grande orientadora. Se quando eu perguntei se eu conseguiria acompanhar, ela tivesse dito que não, eu não teria desenvolvido este trabalho que me ajudará a mudar o rumo de minha vida. Muitíssimo Obrigado. Um grande abraço aos professores Marcelo N. P. Carreño e Inés Pereira que permitiram que mesmo com todos os meu problemas chegasse até aqui. Agradeço ao Jair, ao Igor, ao Alexandre, a Pamella, ao Fábio, ao Adir, ao Thiago e ao Gleydson meu grande parceiro na caminhada. Pessoas que sempre me ajudaram quando precisei de alguma coisa. RESUMO A detecção de pequenas concentrações do gás hidrogênio, da ordem de ppm-ppb ( partes por milhão – partes por bilhão), são de grande importância na área médica. Patologias como a intolerância a lactose, a má absorção de frutose, o crescimento bacteriano e das atividades microbianas, podem ser diagnosticadas com a monitoração dos níveis destes tipo de gás. Neste trabalho foi realizado o estudo de síntese de matrizes de nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ), pela técnica de oxidação anódica do titânio, sobre dois diferentes tipos de substrato, vidro e folha de Ti, com diferentes valores de tensão e tempo de processo. O vidro foi escolhido por ser transparente, biologicamente inativo e pode ser fabricado com superfícies muito lisas e impermeáveis. Já a folha de titânio foi utilizada com o objetivo de reduzir a quantidade de processos a serem executados, oferecendo uma redução do custo de fabricação dos sensores. Foi realizado também um estudo de cristalização dos nonotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ). Sensores baseados em matrizes de nanotubos de dióxido de titânio( TiO2 ) obtidos com 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 V foram fabricados e caracterizados à temperatura ambiente. As caracterizações morfológicas e estruturais dos nanotubos de dióxido de titânio, foram feitas utilizando a técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e microscopia Raman. Foram obtidos nanotubos de dióxido de titânio, ordenados e com paredes lisas tanto sobre o vidro como sobre as folhas de titânio. Os nanotubos crescidos a partir de filmes de titânio depositados em substrato de vidro, tiveram os diâmetros variando de 20 a 40 nm e comprimento de 240 a 520 nm. Para os nanotubos obtidos a partir de folhas de titânio, obtivemos nanotubos de 15 a 30 nm de diâmetro e comprimento variando de 150 a 500 nm. Resultados preliminares mostraram que os sensores de hidrogênio baseados em nanotubos de óxido de titânio obtidos a partir de filme fino de Ti sobre vidro, crescido com 10 V, apresentaram uma boa resposta a presença de diferentes concentrações, variando de 50 a 4000 partes por milhão ( ppm ), de hidrogênio à temperatura ambiente. Este resultado viabiliza a possibilidade da utilização deste sensor para a detecção de pequenas quantidades de hidrogênio na área da saúde. ABSTRACT The detection of small hydrogen gas concentrations, the ppm-ppb order (parts per million - parts per billion), is of great importance in the medical field. Pathologies such as intolerance to lactose, fructose malabsorption, bacterial growth and microbial activities can be diagnosed by monitoring the levels of these gas. This work was conducted to study the synthesis of arrays of nanotubes of titanium dioxide (TiO2), by anodic oxidation of titanium technique over two different substrate glass and titanium, with different voltages and process time. The glass was chosen because it is an insulator and not influence the results of conductivity of the nanotubes when subjected to hydrogen gas. Since the titanium foil was used in order to reduce the number of processes to be performed, offering a reduction in the manufacturing cost of the sensors. Was also carried out a study of the crystallization nonotubes titanium dioxide (TiO2). Sensors based on arrays of TiO2 nanotubes obtained with 10, 15, 20, 25, 30, 35 and 40 V were manufactured and characterized at room temperature. The morphological and structural characterization of titanium dioxide nanotubes, were made using scanning electron microscopy technique (SEM) and Raman microscopy. Titanium dioxide nanotubes were obtained, ordered and smooth on the glass walls so as on the titanium sheet. The nanotubes grown from titanium films deposited on glass substrate had diameters ranging from 20 to 40 nm and length 240-520 nm. For nanotubes obtained from titanium sheets, obtained nanotubes 15 to 30 nm in diameter and length ranging from 150 to 500 nm. Preliminary results showed that the hydrogen sensors based on titanium oxide nanotubes obtained from Ti thin film on glass, growing to 10 V, showed a good response to the presence of different concentrations, ranging 50 a 4000 ppm hydrogen at room temperature. This result enables the possibility of using this sensor for the detection of small amounts of hydrogen in health. Lista de Figuras Figura 1: Esquema de um sensor fotoiônico ........................................................................... 17 Figura 2: Esquema de um sensor eletroquímico típico .......................................................... 18 Figura 3: Esquema do mecanismo de oxidação e redução ...................................................... 19 Figura 4: Membrana hidrofóbica............................................................................................. 20 Figura 5: Sensor de estado sólido usado para detectar mais de 100 gases tóxicos, desenvolvido pelo IST em 1972 ............................................................................................... 21 Figura 6: Esquema de um sensor catalítico ............................................................................. 22 Figura 7: Diagrama de um sensor baseado em óxido metálico ............................................... 23 Figura 8: Efeito da absorção de oxigênio e hidrogênio na superfície de um óxido semicondutor do tipo n ............................................................................................................. 26 Figura 9: Interação do gás em uma camada : (a) compacta ; (b) porosa ................................. 27 Figura 10: Funcionamento de um sensor de hidrogênio baseado em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) .......................................................................................................................... 31 Figura 11: Imagem de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da evolução do processo, em um substrato metálico, de anodização desde a formação do óxido até a formação dos nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) com tensão constante de 20 V após (a) 5 s (b) 30 s (c) 60 s (d) 90 s s (e) 120 s e (f) 45 min ................................................................................. 32 Figura 12: Filme de dióxido de titânio depositado por sputtering em substrato transparente, imagem de cima é o filme como depositado, a do meio após o processo de anodização e a de baixo após o processo de tratamento térmico da amostra anodização. .................................... 34 Figura 13: Curvas de densidade de corrente em função do tempo de anodização de 400 nm de Ti depositado por sputtering a 500ºC obtida a partir de folhas de titânio anodizadas com o mesmo potencial e eletrólito .................................................................................................. 34 Figura 14: Célula eletroquímica utilizada no processo de anodização ................................... 37 Figura 15: Montagem do sistema de anodização .................................................................... 38 Figura 16: Componentes do sistema de anodização; (a) um eletrodo de platina em forma espiral; b) uma pinça de titânio para polarizar o ti depositado depositado na frente do substrato transparente; (c) béquer de prolipropileno; d) uma fonte de tensão dc agilent E3649A. .................................................................................................................................... 38 Figura 17: Diagrama da amostra de titânio preparada com apiezon .................................... 39 Figura 18: Curva de anodização para amostra de 10V............................................................ 41 Figura 19: Estrutura cristalina do dióxido e titânio ( TiO2 ) nas fases a) anatase, b) rutilo, c) brookita ................................................................................................................................. 44 Figura 20: a ) anatase; b) rutilo ; c) ti anodizado ................................................................... 45 Figura 21: Microscópio Eletrônico de Varredura ................................................................... 46 Figura 22: Diagrama do sensor de hidrogêneo baseado em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) ...................................................................................................................................... 47 Figura 23: Diagrama da máscara mecânica............................................................................. 47 Figura 24: Diagrama de um sensor de hidrogênio fabricado com nanotubos ......................... 48 Figura 25: Máscara mecânica para as amostras em titânio. ................................................... 48 Figura 26: Diagrama completo do sistema de caracterização de sensores de gás................... 49 Figura 27: (a) painel frontal do sistema de caracterização; (b) lógica do sistema de caracterização. .......................................................................................................................... 50 Figura 28: ( a ) sistema montado; (b) suporte de caracterização de sensores de gás com capacidade para 3 sensores simultaneamente; (c) câmara de gás montada nos sensores de gás ; ( d ) câmara de gás .................................................................................................................... 51 Figura 29: Curvas de corrente em função do tempo do processo de oxidação anódica do titânio para a obtenção dos nanotubos de dióxido e titânio sobre vidro. .................................. 53 Figura 30: Amostra com nanotubos (parte transparente) logo após a etapa de tratamento térmico ...................................................................................................................................... 54 Figura 31: Espectro de espectroscopia Raman dos nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ), obtidos com 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 V ................................................................................ 55 Figura 32: Sensor de hidrogênio com eletrodos nanotubos em substrato de vidro ................. 59 Figura 33: Imagens de Microscopia ótica de varredura (MEV) do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 40V, a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. ........................................................................................................ 60 Figura 34: Imagens de Microscopia ótica de varredura (MEV) do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 35V, a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. ........................................................................................................ 61 Figura 35: Imagens de Microscopia ótica de varredura (MEV) do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 30V, a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. ........................................................................................................ 61 Figura 36: Curvas de anodização para a obtenção das matrizes de nanotubos crescidas a partir de filmes finos de titânio obtidos pela técnica de evaporação térmica. .......................... 62 Figura 37: Curvas de anodização para a obtenção das matrizes de nanotubos crescidas em titânio ........................................................................................................................................ 63 Figura 38: Espectro Raman dos nanotubos de dióxido de titânio obtidos, sobre titânio, com 10V. .......................................................................................................................................... 64 Figura 39: Espectro Raman dos nanotubos de dióxido de titânio obtidos, sobre titânio, com 20V ........................................................................................................................................... 64 Figura 40: Sensor de hidrogênio com eletrodos nanotubos em substrato de vidro ................. 67 Figura 41: Condutividade x tempo do sensor para diferentes concentrações de hidrogênio .. 68 Figura 42: Condutividade x tempo do sensor de 40V para diferentes concentrações de hidrogênio ................................................................................................................................. 70 Figura 43: Sensibilidade ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado, na amostra 10V/5 min ................................................................................................................................. 71 Figura 44: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado , na amostra 10V/10 min ................................................................................................................. 71 Figura 45: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado, na amostra 20V/5 min ................................................................................................................... 73 Figura 46: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado, na amostra 20V/10 min ................................................................................................................. 73 Figura 47: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado , na amostra 20V/15 min ................................................................................................................. 74 Lista das Tabelas Tabela 1: Comparativo entre os diferentes tipos de sensores de gases ................................ 24 Tabela 2: Resposta do sensor com respeito ao valor da condutividade elétrica do óxido semicondutor ............................................................................................................................ 26 Tabela 3: Condições de síntese dos nanotubos de dióxido de titânio....................................... 40 Tabela 4: Relação das amostras e morfologia correspondente em vidro ................................. 56 Tabela 5: Relação das amostras e morfologia correspondente em titânio ................................ 65 Sumário 1. Introdução e Justificativas .................................................................................................... 15 1.2 Tipos de sensores de gás ...................................................................................................... 15 1.2.1 Sensores de Gás por Fotoionização (PID) .......................................................................... 16 1.2.2 Sensores Eletroquímicos ................................................................................................... 17 1.2.3 Sensores de Estado Sólido ................................................................................................. 20 1.2.4 Sensores Catalíticos ........................................................................................................... 21 1.2.5 Sensores baseados em óxidos metálicos .......................................................................... 23 1.3 Funcionamento dos Sensores de gás baseados em óxidos metálicos. ................................ 25 1.4 Sensores de Hidrogênio........................................................................................................ 28 1.5 Nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) ............................................................................. 29 1.6 Sensores de hidrogênio baseados em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) ................ 29 1.7 Fabricação de nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) ..................................................... 32 2. Objetivos................................................................................................................................ 36 3. Metodologia ........................................................................................................................... 36 3.1 Síntese dos Nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ).......................................................... 36 3.1.1 Processo de limpeza das amostras.................................................................................... 42 3.1.2 Processo de tratamento Térmico ...................................................................................... 42 3.2 Caracterização dos nanotubos de dióxido de titânio ......................................................... 42 3.2.1 Estruturas Cristalinas e Propriedades Vibracionais ........................................................... 43 3.2.2 Raman................................................................................................................................ 44 3.2.3 Microscopia eletrônica de varredura ................................................................................ 45 3.3 Obtenção dos Sensores de hidrogênio ( H2 ) ....................................................................... 46 3.4 Caracterização dos sensores de Hidrogênio ( H2 ). ............................................................. 49 4. Resultados e Discussões ......................................................................................................... 52 4.1 Caracterização dos nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 ) .............................................. 52 4.1.1 Nanotubos de dióxido de titânio crescidos em vidro ....................................................... 53 4.1.2 Nanotubos de dióxido de titânio crescido em vidro a partir de titânio depositado pela técnica de evaporação térmica..................................................................................................... 59 4.1.2 Nanotubos de nanotubos de dióxido de titânio crescidos em folha de titânio .............. 63 4.2 Caracterização dos sensores de hidrogênio ( H2 ) .............................................................. 67 4.2.1 Sensores fabricados em vidro ........................................................................................... 67 4.2.2 Sensores fabricados em titânio ......................................................................................... 70 5 . Conclusões.............................................................................................................................. 75 6. Trabalhos Futuros................................................................................................................... 76 7. Participações em eventos e publicações decorrentes ............................................................ 77 8. Bibliografia .............................................................................................................................. 77 1. Introdução e Justificativas Os sensores de gás são indispensáveis no mundo moderno e são utilizados em praticamente todos os lugares, tais como, carros, indústrias, hospitais, estabelecimentos comerciais e laboratórios para monitorar a presença e concentração de diversos tipos de gases. As pesquisas nessa área buscam dispositivos mais precisos, rápidos, versáteis e baratos. 1.2 Tipos de sensores de gás Há sensores infravermelhos, de presença, sensores de temperatura, hidrogênio entre outros, isto significa que a escolha do tipo de sensor utilizado tem que contemplar o objeto de medida, neste trabalho, os gases. Os tipos de sensores mais adequados, e largamente utilizados para monitoramento de gases combustíveis e tóxicos na área da qualidade do ar e segurança, são os eletroquímicos, catalíticos, de fotoionização e os de estado sólido. É importante salientar que estes sensores de gás não detectam um único gás. Comumente detectam algumas famílias de gases. Os principais parâmetros que definem a qualidade de um sensor comercial são: Sensibilidade: A sensibilidade do sensor é a variação do sinal elétrico de saída em função do sinal de entrada que será uma grandeza física. Quanto maiores forem as variações do sinal elétrico gerado na saída para uma mesma grandeza física, maior será a sensibilidade de um dado sensor. [1] Resolução: A resolução é o menor incremento do estímulo medido que provoca uma mudança no sinal de saída do sensor. [1] Precisão x Exatidão: Dada uma determinada grandeza física a ser medida, a exatidão é a diferença absoluta entre o valor do sinal de saída entregue pelo sensor e o valor do sinal ideal que o sensor deveria fornecer para esse determinado valor de grandeza física. [1] 15 Linearidade: A linearidade de um sensor é o parâmetro que expressa o quanto a curva característica do sensor se desvia da curva tida como curva ideal . O ideal é que sempre a curva seja linear, mais na prática isso não acaba acontecendo. [1] Velocidade de Resposta: Trata-se da velocidade com que a medida fornecida pelo sensor alcança o valor real do processo. [1] Range: A faixa de indicação ou alcance (range) é o conjunto de valores limitados pelas indicações extremas, ou seja, entre os valores máximos e mínimos possíveis de serem medidos com determinado instrumento. [1] Seletividade: É a capacidade de discriminar uma ou mais espécies em uma mistura de gases. Estabilidade: É a reprodutibilidade das medidas ao longo do tempo de uso do dispositivo. [1] Estes são alguns dos fatores que definem a qualidade de um sensor comercial. Estas características estão intrinsicamente relacionadas ao tipo de material de que o sensor é constituído e, portanto, o estudo de novos materiais ou combinações de materiais tem sido intenso. 1.2.1 Sensores de Gás por Fotoionização (PID) Os sensores de gás por fotoionização, também conhecidos pela sigla PID do inglês (Photo Ionization Detector), caracterizam-se por utilizar uma fonte de luz ultravioleta para ionizar as moléculas do gás (Figura 1). Estes dispositivos são em geral utilizados para detectar compostos orgânicos voláteis em baixas concentrações. Neste tipo de sensor as moléculas de gases passam pela câmara de fluxo do detector, onde ocorre o bombardeamento das moléculas com raios de luz ultra-violeta. As moléculas quando são atingidas pelos raios liberam íons, que são atraídos por eletrodos que 16 amplificam a carga iônica, o que gera corrente elétrica. Este tipo de sensor requer cuidados especiais com a fonte luminosa, a limpeza é importante, pois a sujeira interfere na intensidade da luz que bombardeia o gás, influenciando diretamente na leitura apresentada pelo sensor, isto significa que para uma mesma amostra, feita antes e depois da limpeza, os resultados obtidos poderão ser divergentes, além disso, a lâmpada utilizada tem uma duração de aproximadamente 6000 horas, por este motivo o sensor acaba sendo usado apenas para monitorações periódicas e não para leituras constantes. [2] Pelo fato dos sensores de fotoionização serem suscetíveis à umidade é recomendável calibrar o sensor nas mesmas condições a que ele será submetido, caso contrário, o mesmo sensor pode apresentar respostas diferentes quando exposto à ambientes distintos [2] Figura 1: Esquema de um sensor fotoiônico Fonte: [3] 1.2.2 Sensores Eletroquímicos Quando os sensores eletroquímicos começaram a ser utilizados, eles eram grandes e pesados e tinham uma função bem específica, monitorar níveis de oxigênio. Com o avanço das técnicas utilizadas na construção destes dispositivos, eles ficaram menores, mais leves e mais seletivos. No início das pesquisas os sensores eletroquímicos deviam ter uma boa condutividade, boa estabilidade química perante processos redox em solução e larga faixa de potencial de trabalho. Estes processos devido aos avanços tecnológicos perderam importância, abrindo espaço para a necessidade do trabalho com superfícies seletivamente reativas, que proporcionavam 17 resultados mais favoráveis. Os sensores eletroquímicos operam reagindo com o gás a ser detectado, produzindo um sinal elétrico proporcional à concentração do gás [2] [4]. Um sensor eletroquímico deve possuir um eletrodo de detecção e um eletrodo reagente, entre os quais deve existir uma película denominada de eletrólito (Figura 2). Sendo assim quando o gás penetra no sensor, irá reagir com o eletrodo reagente sofrendo um processo de oxidação e redução (Figura 2 e 3). Com o resistor conectado transversalmente entre os eletrodos, uma corrente que deve ser proporcional à concentração de gás, passa entre o ânodo e o cátodo. A concentração do gás pode ser medida através desta intensidade de corrente elétrica [4].É importante salientar que mudanças na temperatura alteram sensivelmente os sensores eletroquímicos, devido a este fato deve-se tentar sempre manter a temperatura estável [2]. Figura 2: Esquema de um sensor eletroquímico típico Fonte: [5] 18 Figura 3: Esquema do mecanismo de oxidação e redução Fonte: [5] Um sensor eletroquímico, deve conter uma barreira permeável ao gás, também conhecida como membrana hidrofóbica (Figura 2). Esta barreira permeável deve recobrir o eletrodo de detecção do sensor e desta forma pode, dependendo do tipo de gás, controlar a quantidade de moléculas que alcançam a superfície do eletrodo. Existem vários tipos de filmes ou membranas utilizadas para esta função, e o material mais utilizado é o Poli Tetra Flúor Etileno (PTFE). Além da barreira permeável também deve haver um eletrodo, um eletrólito e um filtro. A escolha do material que constitui o eletrodo depende do tipo de gás a ser detectado, normalmente o material escolhido são metais nobres, como ouro ou platina. A função do eletrólito é facilitar a reação e transportar a carga iônica eficazmente através dos eletrodos. O filtro deve ser colocado na frente do sensor para evitar que outros gases não desejáveis interfiram na detecção, permitindo assim somente a passagem do gás que se deseja detectar ou monitorar [6] 19 Figura 4: Membrana hidrofóbica Fonte: [5] 1.2.3 Sensores de Estado Sólido Podemos definir um sensor de estado sólido como um dispositivo que utiliza um ou mais óxidos de metais de transição, como óxido de zinco, óxido de níquel, e outros. O dispositivo utiliza um elemento de aquecimento, que regula a temperatura do sensor, e pode elevá-lo a altas temperaturas para que se possam determinar suas características. Quando o óxido metálico (sensor) é colocado em presença de um gás, ele dissocia o gás em íons carregados o que acarreta na transferência de elétrons. Para que isso ocorra o óxido metálico deve ser aquecido por uma fonte interna, para que sua temperatura alcance um nível operacional. Esta fonte é controlada por um circuito específico. Com o aumento de temperatura, aumenta a interação entre o óxido metálico e as moléculas do gás, alterando assim sua condutividade elétrica que pode ser observada devido a introdução de eletrodos no óxido metálico. Para este tipo de sensor quanto maior a concentração do gás, maior o sinal produzido pelo sensor [2] [7] Os sensores de estado sólido, também são conhecidos como sensores de semicondutores e foram descobertos quando cientistas pesquisavam junções do tipo P e junções do tipo N, e constataram que algumas eram sensíveis à presença de gases do ambiente. Inicialmente isto foi visto como um problema, que posteriormente foi resolvido isolando o semicondutor do ambiente através de um encapsulamento do material para que o mesmo não ficasse exposto. 20 Figura 5: Sensor de estado sólido usado para detectar mais de 100 gases tóxicos, desenvolvido pelo IST em 1972 Fonte: [2] Embora os sensores de estado sólido sejam vantajosos devido à durabilidade, e versatilidade, pois podem monitorar gases em pequenas ou grandes concentrações, havia ainda os alarmes falsos, que ocorriam devido a maior suscetibilidade destes sensores a gases de interferência. Estas interferências foram minimizadas utilizando-se filtros para absorver os gases que não deveriam ser detectados. Um bom exemplo de filtro é o carvão vegetal que pode ser utilizado em sensores para monitoramento do gás hidrogênio e do monóxido de carbono, pois elimina a maioria dos gases de interferência. Com a utilização do filtro o sensor trabalha muito bem e torna-se muito seletivo para os gases citados [1] [5] [8]. 1.2.4 Sensores Catalíticos Os sensores catalíticos são constituídos de elementos muito simples, que funcionam através da oxidação de gases, medindo a energia liberada por eles durante o processo de oxidação. Misturas gasosas combustíveis não queimam até que alcancem sua temperatura de ignição. Porém, na presença de certas condições químicas, o gás começa a inflamar em temperaturas mais baixas. Esse fenômeno é conhecido como combustão catalítica [1] [8] [9] 21 Os sensores catalíticos (figura 6), utilizam dois filamentos de Platina, um denominado de ativo e outro de referência. A platina é mais utilizada porque possui um excelente coeficiente de resistência de temperatura, que é a mudança na condutividade elétrica por grau de variação de temperatura, em comparação com outros metais. Além da característica citada, a platina ainda é resistente à corrosão, o que possibilita que a mesma opere em altas temperaturas por um longo período, fornecendo um sinal confiável que é proporcional a concentração de gás [7] Figura 6: Esquema de um sensor catalítico Fonte: [3] A mudança na condutividade elétrica do sensor ocorre quando o vapor de combustível entra em contato com o filamento ativo, este vapor é queimado, o que provoca um aumento na temperatura no detector, este diferencial de temperatura, entre o filamento ativo e o detector, produz a leitura da concentração dos gases presentes, através da mudança sofrida por sua resistência elétrica [1]. Os sensores catalíticos podem ser afetados por alguns fatores que determinam erros de leitura e/ou mau funcionamento do sensor, os fatores são os seguintes: Contaminação do catalisador: Algumas substâncias químicas, como o silício, podem causar perda de sensibilidade do sensor, que desta forma não conseguirá mais detectara presença de gases no ambiente em que se encontra [1]. Inibidores do sensor: Algumas substâncias como combinações de halogênios, podem inibir temporariamente a leitura do sensor. Normalmente após 24 horas de exposição ao ar o sensor, retoma suas funções [1]. 22 Deterioração do sensor: O contato com grandes concentrações de gases, ou aquecimentos elevados, podem inutilizar o sensor catalítico [1]. 1.2.5 Sensores baseados em óxidos metálicos Uma outra categoria de sensores, são os sensores baseados em óxidos metálicos (Figura 7), estes, que ganharam popularidade durante o final de 1980, uma vez que pareceu oferecer a possibilidade de se obter um detector universal de gás de baixo custo. Da mesma forma que os sensores catalíticos, os sensores baseados em materiais semicondutores operam em virtude da absorção de gás na superfície de um óxido metálico aquecido. Como no caso anterior, a absorção de um determinado gás pela superfície do óxido metálico promove uma alteração de resistência elétrica do mesmo que esta correlacionada com a concentração desse mesmo gás. Na maioria dos casos este tipo de sensor opera a uma temperatura aproximada de 200-250 °C, de forma a acelerar a taxa de reação de reduzir os efeitos de variação de temperatura. Sensores baseados em óxidos metálicos são simples, muito robustos e podem ter uma excelente resposta a concentrações baixíssimas de gás, da ordem de ppm. Eles são amplamente utilizados para detectores de gás de baixo custo [1] [9]. No entanto, em aplicações industriais eles, ainda, são pouco viáveis, já que apresentam pouca seletividade, são sensíveis a variações de temperatura e de umidade [5] [9]. Esse tipo de sensor precisa de calibração com mais freqüência do que outros tipos de sensores por serem conhecidos pela sua perda de sensibilidade quando desligados por um longo período de tempo e quando desligados, esses sensores acumulam impurezas sobre sua superfície. Esse tipo de sensores, como já mencionado anteriormente, opera a altos valores de temperatura 200 a 250 ºC, de forma a promover sua rápida recuperação. De modo geral, a recuperação após a exposição ao gás é rápida [9]. Figura 7: Diagrama de um sensor baseado em óxido metálico 23 Na Tabela 1 é apresentado um comparativo entre as diferentes categorias de sensores mencionadas. É possível observar que os sensores baseados em óxido metálicos apresentam uma melhor resposta quando operados a altos valores de temperatura, possuem sensibilidade para detecção da ordem de PPM e são indicados para detecção de hidrogênio. Tabela 1: Comparativo entre os diferentes tipos de sensores de gases Características Catalítico Estado sólido Faixas de temperatura ( oC ) -40 a 60 °C -40 a 60 °C -20 a 50 °C Fragilidade a contaminantes Várias substâncias especialmente compostos halógenos e óleos com compostos de silício Pouco sensível PH3 pode ser danoso as janelas se for elevado Exposição continuada Concentrações baixas Sensibilidade Seletividade Indicação Diminui a vida útil Resposta praticamente linear Diminui devido ao envelhecimento do catalisador Ruim Hidrocarbonetos Fotoionização Eletroquímicos -40 a 45 °C Óxidos Metálicos 200 a 250 °C Podem ser usados Podem ser usados Janela se degrada Aqueles que precisam de O2 externo danificam-se pela sua influência Redução da vida útil Linear Precisa de filtro ppm Nível de ppb ppm a % ppm Ruim para hidratos gasosos Limitada Boa Baixa Hidrocarbonetos e H2 Componentes orgânicos voláteis ( Benzeno , xileno...) Pouco sensível Acumula impurezas Podem ser usados % de O2 e gases H2 e outros tóxicos gases Fonte: [5] [9] Além disso, os sensores baseados em óxidos metálicos são a escolha mais indicada para a medição de pequenas concentrações de gases em ambientes onde a contaminação pode ser elevada. As questões de tempo de resposta e melhoria da detecção em altas temperaturas são os desafios a serem vencidos pela tecnologia de construção deste tipo de sensor. Para aplicações médicas, por exemplo, é inviável a utilização de sensores que tenham sua faixa de operação ótima, em temperaturas elevadas. Neste trabalho, a proposta é realizar a fabricação e caracterização de sensores de hidrogênio, de baixo custo, baseados em óxido metálico (dióxido de titânio - TiO2), para detecção de pequenas quantidades, da ordem de ppm ( partes por milhão) a 24 temperatura ambiente, visando sua aplicação onde baixos valores de temperatura são exigidos, por exemplo, na área médica. 1.3 Funcionamento dos Sensores de gás baseados em óxidos metálicos. A mudança da condutividade elétrica com a presença de determinados gases faz com que os óxidos metálicos semicondutores sejam amplamente estudados como candidatos para a aplicação em sensores de gás. Materiais como Dióxido de estanho (SnO2),óxido de zinco (ZnO), Dióxido de titânio (TiO2), óxido de gálio (Ga2O3 ), Trióxido de tungstênio (WO3), Trióxido de molibdénio (MoO3) e Óxido de índio (In2O3) , são utilizados por apresentarem alta sensibilidade a presença hidrogênio (H2), dióxido de nitrogênio (NO2), Monóxido de Carbono (CO), álcool e outros gases [10]. Sensores deste tipo são relativamente simples, fáceis de produzir em larga escala, de baixo custo, portanto, bem atrativos comercialmente. Contudo, eles normalmente são operados a temperaturas elevadas, várias centenas de graus célsius, para aumentar a sua sensibilidade e permitir uma reação fácil e reversível. Sensores fabricados com filmes de óxidos metálicos semicondutores apresentam sensibilidade limitada devido à pequena área superficial com respeito ao volume interagente de gás. A alternativa foi voltar os estudos para a utilização de nanoestruturas de óxidos semicondutores (nanopartículas, nanotubos), que possuem uma maior área superficial de contato, aumentando de forma considerável a sensibilidade dos sensores. Com isso, há a redução da temperatura de operação, tamanho e custo. Normalmente, este tipo de sensor é constituído por uma camada de óxido semicondutor sobre um substrato, com contatos elétricos depositados sobre o óxido formado a fim de analisar a resposta elétrica do sensor em função de diversas concentrações de gás possível [7] [8]. Os óxidos metálicos semicondutores são classificados como tipo-n e tipo-p, e os gases como oxidantes e redutores [7]. Na Tabela 2 é possível observar como se dá a resposta, com respeito à condutividade, do sensor de acordo com o tipo de óxido semicondutor e gás a ser analisado. 25 Tabela 2: Resposta do sensor com respeito ao valor da condutividade elétrica do óxido semicondutor Tipo de óxido Gás oxidante Gás redutor N Diminui Aumenta P Aumenta Diminui Fonte: [11] Inicialmente as moléculas do gás são adsorvidas fisicamente ou quimicamente na superfície do óxido (receptor). Ocorre uma interação de Van Der Walls na superfície do óxido e este tipo de adsorção pode ser facilmente desfeita. Quimicamente ocorre por ligação covalente que se apresenta mais estável, consequente uma ligação mais forte que no caso anterior. A conversão do sinal gerado pela interação físico - química ( transdução ) ocorrida na superfície do material é feita através da modulação do número de portadores do semicondutor ocasionando uma mudança no valor da resistência/condutividade da camada receptora [7]. Na Figura 8 é apresentado um modelo onde é possível observar o efeito da absorção do oxigênio e hidrogênio na superfície de um óxido semicondutor do tipo n. Figura 8: Efeito da absorção de oxigênio e hidrogênio na superfície de um óxido semicondutor do tipo n Fonte: [11] 26 Quando um óxido do tipo-n é exposto a moléculas de oxigênio (gás oxidante) estas são adsorvidas na superfície do mesmo, ionizadas, ou seja, um ou dois elétrons do óxido semicondutor são armadilhados por esta molécula, reduzindo a densidade de portadores do material, diminuindo sua condutividade. Já na presença de um gás redutor, por exemplo, o hidrogênio, essas espécies de oxigênio ionizadas são consumidas, liberando os portadores para o semicondutor novamente, aumentando a condutividade do mesmo [7] No sistema esquematizado na Figura 8 ocorre à reação química a seguir. Quando o fluxo de hidrogênio ( H2 ) é retirado, a corrente retorna ao seu valor inicial, já que o oxigênio presente no ar é continuamente adsorvido na superfície, gerando novas espécies ionizadas, com isso tem-se um equilíbrio dinâmico na equação abaixo: O- + H2 H2O + e- Em um dispositivo real este processo depende em grande parte da morfologia da camada do óxido (filme compacto, filme de nanopartículas, nanotubos). O que concluímos até o momento é que no caso de nanopartículas e nanotubos haverá uma maior interação do gás com o material sensor devido a um grande aumento da área superficial do mesmo, como apresentado na Figura 9 [7]. Figura 9: Interação do gás em uma camada : (a) compacta ; (b) porosa Fonte: [12] 27 1.4 Sensores de Hidrogênio Os sensores de hidrogênio são utilizados em processos de controle de gases tanto na indústria alimentícia como na de automóveis. Em fornos de padarias, por exemplo, os sensores de hidrogênio detectam, quando os produtos já estão assados, através do monitoramento da quantidade de hidrogênio no ar. Nos motores de automóveis, eles são utilizados para se evitar a emissão de gases poluentes em grandes quantidades. Futuramente, esses sensores poderão ser utilizados para monitoramento de infecções, por bactérias, em crianças. A detecção de pequenas concentrações, da ordem de ppm( partes por milhão) ou ppb ( partes por bilhão), de hidrogênio são de grande importância na área médica, como por exemplo, indicador de intolerância a lactose, má absorção de frutose, crescimento bacteriano, atividade microbiana, a fibromialgia, gastroparesia diabética, enterocolite necrosante e neonatal (NEC). Até onde ele aparece como um reagente indesejado, requer um monitoramento adequado de sua concentração em níveis de até 1 ppm( partes por milhão ) [13]. A enterocolite necrosante e neonatal (NEC) é uma doença que afeta recémnascidos prematuros, uma das prováveis causas dessa doença é uma inadequada irrigação de sangue para o intestino que pode lesar parte do mesmo, com isso as bactérias se instalam na parede intestinal lesionada e começam a produzir gás dentro da mesma. Com a pressão gerada pelo gás há o risco da parede intestinal se perfurar, os conteúdos intestinais podem verter-se dentro da cavidade abdominal e produzir uma infecção (peritonite), podendo a infecção se alastrar, propagando-se para o sangue e causando a morte do bebê. Uma forma de se monitorar a presença dessa enfermidade nos bebês prematuros é utilizando um sensor de hidrogênio, capaz de detectar níveis subcutâneos do mesmo da ordem de 1 – 25 ppm( partes por milhão ), em temperatura ambiente , o que é um desafio pois sensores de gás baseados em óxidos metálicos semicondutores normalmente operam a temperaturas elevadas [13]. Outro desafio é evitar a contaminação do sensor, que introduz erros de leitura, consequentemente, diminui a vida útil do mesmo. Quando o sensor é utilizado em um ambiente de atmosfera não controlada, existe a grande possibilidade de contaminação, por exemplo, por vapor de compostos orgânicos. Com isso, um grande avanço na tecnologia de sensores de gás, seria desenvolver um sensor auto-limpante, prolongando sua vida útil e aumentado a confiabilidade de leitura do mesmo [11] [7]. 28 1.5 Nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) A descoberta dos nanotubos de carbono acompanhado de propriedades interessantes vem estimulando a obtenção de estruturas nanotubulares de outros materiais. Muitos estudos indicam que no caso do óxido de titânio, os nanotubos produzem uma melhora significativa nas propriedades fotocatalíticas, de sensoriamento, foto-eletrólise e em dispositivos fotovoltaicos quando comparado a qualquer outra forma deste material [14] [12]. A aplicação de nanotubos altamente ordenados na foto-eletrólise da água induz a uma melhor absorção da luz incidida e uma eficiente transferência de carga combinada com a grande área de superfície em contanto com o eletrólito. Com isso, havendo uma maior área de contato, melhor absorção da luz incidida, acredita-se em uma maior eficiência de degradação de compostos orgânicos em um processo de descontaminação de águas, por exemplo. Células fotovoltaicas sensibilizadas por corante, fabricadas com nanoparticulas de titânio, apresentam eficiência de 11,2%, ainda baixa para comercialização de células solares comerciais [11]. Atribui-se essa baixa eficiência à presença de centros de armadilhamento entre as nanoparticulas de dióxido de titânio ( TiO2 ) o que faz com que o transporte de elétrons seja interrompido. Uma variedade de estruturas foi desenvolvida, como: nanofios, nanofibras e nanotubos, para serem utilizados nas células de forma a evitar esse problema. Estudos recentes demonstraram que os nanotubos vêm atraindo bastante atenção para esta aplicação, devido a sua estrutura que promove um caminho direto para os elétrons. Para aplicação em células solares a matriz de nanotubos orientadas verticalmente possui a maior eficiência na transferência de cargas além de uma baixa taxa de recombinação [12]. 1.6 Sensores de hidrogênio baseados em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) Sensores de hidrogênio fabricados com matrizes de nanotubos de TiO2 apresentam propriedades auto-limpantes, quando irradiados com luz ultravioleta (UV). A irradiação UV possui a energia necessária para a geração de pares-elétron lacuna no dióxido de titânio ( TiO2 ) (bandgap - 3,0 eV), aumentando, assim, sua 29 eficiência fotocatalítica. Com isso há a degradação de compostos presentes na superfície. Isso ocorre porque o dióxido de titânio ( TiO2 ) é um óxido metálico semicondutor do tipo-n, possui sua banda de valência cheia de elétrons e a de condução vazia. Quando um fóton de energia maior que a energia de banda proibida (bandgap ~ 3,0 eV) incide no material um par-elétron lacuna é gerado, já que um elétron da banda de valência vai para a banda de condução, deixando uma lacuna na banda de valência. As lacunas de valência são altamente oxidantes enquanto os elétrons de condução são bons redutores. Seu grande potencial de oxidação (alta eficiência catalítica) é utilizado na fotodegradação de compostos orgânicos, sem a geração de subprodutos potencialmente tóxicos, gerando como subprodutos gás carbônico ( CO2 ) e água ( H2O). Matrizes de nanotubos de TiO2 de até alguns micrometros de comprimento, diâmetros de poros de 22 a 110 nm, e espessuras de parede de 9 a 34 nm apresentam mudanças significativas de sua resistência elétrica em resposta a baixos níveis de hidrogênio em temperatura ambiente, comparando com micro e macro estruturas. Essa habilidade de medir pequenas concentrações de hidrogênio à temperatura ambiente torna este sensor viável para uma variedade de novas aplicações, como por exemplo, a medida de concentrações desde gás de forma transcutânea para o diagnóstico, e prevenção de doenças [15]. O sensor baseados em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ), por este material ser totalmente compatível com o corpo humano, pode ser utilizado, na medida de hidrogênio de forma transcutânea, para o diagnóstico de intolerância a lactose, por exemplo, onde é feita a medida da quantidade de hidrogênio presente através da respiração do paciente que quando apresenta tal intolerância, a lactose é fermentada por bactérias, produzindo vários gases, inclusive o hidrogênio, que são absorvidos pelo intestino, sendo carregados pela corrente sanguínea até os pulmões e por fim exalados durante a respiração. A resposta para esta análise é praticamente imediata. O exame padrão para intolerância a lactose é a análise de sangue, que demora cerca de 2 horas para medir os níveis de lactose presente após a ingestão da mesma [13]. Na Figura 10 é apresentada uma figura, de um corte transversal, de um sensor baseado em nanotubos de dióxido de titânio, de forma a deixar mais claro a explicação a respeito de seu funcionamento. 30 Figura 10: Funcionamento de um sensor de hidrogênio baseado em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) Moléculas de hidrogênio aderem, quimicamente, as paredes dos nanotubos e estas captam elétrons da banda de condução do material de forma a criar uma camada de depleção na superfície. Isto irá levar à formação de uma barreira Schottky nas superfícies dos tubos e, portanto, uma diminuição da condutividade do óxido, formador dos nanotubos. A condutividade pode ter seu valor alterado dependendo da formação cristalográfica do óxido. Sendo um material semicondutor do tipo n, Eg ≈ 3,2 eV, quando o óxido está na fase anatase, desejada para este tipo de aplicação, sua condutividade diminui com a presença do hidrogênio. Observou-se que para nanotubos de TiO2 com diâmetros da ordem de 22 nm a sensibilidade, ao hidrogênio, aumenta 200 vezes com respeito aos nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) com diâmetro de 76 nm. Esse aumento provavelmente ocorre devido ao aumento da área superficial de contato, que é da ordem de 30% [11] [10] [16]. Devido a todas essas características a proposta deste trabalho é fabricar sensores de hidrogênio baseados em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ), com diâmetros e comprimentos variados, tratados termicamente, e caracterizá-los eletricamente com 31 diferentes concentrações de hidrogênio e temperaturas, visando sua aplicação onde se exige um sensor com alta sensibilidade que trabalhe a temperatura ambiente. 1.7 Fabricação de nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) Os nanotubos de óxido de titânio podem ser obtidos por uma variedade de processos, através de um substrato nanoporoso de alumina, técnica sol-gel, crescimento semeado e processo hidrotérmico. Porém o processo que vem demonstrando produzir matrizes de nanotubos altamente ordenadas é o de anodização do titânio em soluções fluoradas. Neste tipo de processo as dimensões podem ser precisamente controladas. Através dessa técnica podem ser obtidas matrizes de nanotubos de titânio de tamanho de poro de 22-110 nm, comprimento de 200-6000 nm e espessura de paredes de 7-34 nm, controlados facilmente variando as condições de anodização [16]. A fabricação de matrizes uniformes de nanotubos de titânio através da oxidação anódica de folhas de titânio foi primeiramente reportada em 2001 por Grimes et.al [15]. A composição do eletrólito e seu pH são determinantes na taxa de crescimento e na estrutura do nanotubo. Na figura 11 é mostrado um exemplo de formação de nanotubos a partir de uma folha de titânio utilizando o processo de anodização em solução fluorada. Figura 11: Imagem de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da evolução do processo, em um substrato metálico, de anodização desde a formação do óxido até a formação dos nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 )com tensão constante de 20 V após (a) 5 s (b) 30 s (c) 60 s (d) 90 s s (e) 120 s e (f) 45 min Fonte: [12] 32 A micro-minituarização dos nanotubos para aplicação em dispositivos eletrônicos é uma perspectiva desafiadora quando se trata de obter esses filmes através das espessas folhas de titânio. Por exemplo, em fabricação de sensores sobre folhas de titânio limitaria a operação deste dispositivo a temperaturas próximas à ambiente, já que a elevadas temperaturas o metal utilizado como eletrodo na parte superior dos nanotubos pode se difundir através dos mesmos provocando um curto com a folha de titânio. Outro problema ocorre em ambientes onde há vibração, já que existe um alto estresse mecânico na interface dos nanotubos com o metal, podendo assim provocar danos à estrutura e o mau funcionamento do dispositivo. Além disso, a micro- miniaturização das matrizes de nanotubos a partir de folhas espessas de titânio ( Ti ) se torna muito difícil. Com isso a idéia é desenvolver o estudo de obtenção de matrizes de nanotubos altamente ordenadas através de filmes finos de titânio depositados sobre substratos compatíveis com os processos de litrografia [15] [17]. Assim, filmes finos de titânio seriam depositados sobre substratos transparentes recobertos com um filme condutor transparente, produzindo matrizes de nanotubos transparentes para uma variedade grande de aplicações, dentre elas, sensores de hidrogênio. Filmes de titânio depositados, pela técnica de r.f. sputtering, a temperatura ambiente, não possuem uma boa adesão com o substrato e quando imersos no eletrólito, se desprendem. Foi observado que uma boa adesão é obtida para filmes depositados entre 250 – 500 ºC. Quanto maior a temperatura de deposição, mais denso será o filme depositado, obtendo-se assim matrizes de nanotubos mais ordenadas [15] Na figura 12 tem-se um exemplo de 400 nm de titânio depositado sobre substrato transparente através da técnica de r.f. sputtering, onde se observa um filme metálico bem escuro, após o processo de anodização e formação dos nanotubos tem um filme mais transparente e após o tratamento térmico para promover uma maior oxidação e obtenção da fase anatase (possui maior atividade fotocatalítica) observa-se que o filme fica totalmente transparente. As dimensões dos nanotubos podem ser controladas através da concentração de HF na solução ou através do potencial de anodização aplicado. Assim, quando se tem uma concentração fixa de HF em solução, as dimensões do nanotubo são controladas com a tensão aplicada e para um potencial fixo de anodização, as dimensões variam de acordo com a concentração de HF na solução. Por exemplo, para concentração de 0,5% de HF os nanotubos são formados com um potencial aplicado de 10-15V. Já para uma concentração de 0,25% tem-se 6-10V e se tratando de 1%, 10-18V. 33 Figura 12: Filme de dióxido de titânio depositado por sputtering em substrato transparente, imagem de cima é o filme como depositado, a do meio após o processo de anodização e a de baixo após o processo de tratamento térmico da amostra anodização. Todo esse processo de formação dos nanotubos pode ser controlado através da curva de densidade de corrente durante o tempo de anodização. Ela é importante para que se possam obter matrizes de nanotubos intactas e sem camada metálica, quando crescidas a partir de um filme de titânio depositado sobre vidro [17] [18]. Na figura 13 são apresentadas as curva típica de um processo de anodização utilizando uma folha de titânio e um filme fino de TiO2 depositado sobre um substrato transparente (a menor), anodizado a 10V em solução de 0,5% de HF + acido acético (1:7) a temperatura ambiente. Figura 13: Curvas de densidade de corrente em função do tempo de anodização de 400 nm de Ti depositado por sputtering a 500ºC obtida a partir de folhas de Ti anodizadas com o mesmo potencial e eletrólito Fonte: [14] 34 Primeiramente nota-se que as curvas são muito parecidas e a seguir será descrito o que ocorre em cada ponto [19]: P1 – logo após a aplicação do potencial de anodização a corrente reduz devido a formação da camada de óxido de titânio na superfície. P2 – a corrente sobe devido à formação de pontos de corrosão no óxido. P3 – a corrente cai gradualmente devido a formação dos poros que vão ficando mais profundos com um maior tempo de anodização. P4 – é a transição entre a estrutura de poros e a estrutura nanotubular. P5- na transição para este ponto o comprimento do nanotubo se mantém praticamente constante. Após certo tempo de anodização a camada metálica começa a ficar muito fina e descontinua o suficiente para criar uma resistência a passagem de corrente. A corrente nesse ponto reduz drasticamente, chegando a zero quando o filme metálico já esta completamente descontínuo. Com isso, ao atingir o ponto P5 deve-se retirar a amostra da solução, caso contrário ocorrera à destruição dos nanotubos devido à corrosão dos mesmos em HF. Os nanotubos podem apresentar uma camada metálica na base se removidos antes do ponto P4. Por essa razão, como mencionado acima, monitorar a corrente de anodização durante o processo para que se tenha nanotubos de boa qualidade. Pode ocorrer variação de corrente entre os pontos P2 e P5, que, segundo Macak et. Al. [19], possivelmente ocasiona homogeniedades nas paredes do nanotubo, provavelmente isso ocorre devido a variação de pH na ponta dos poros, o que pode ser solucionado diminuindo a constante de difusão do eletrólito. Com isso eles reportaram a obtenção de nanotubos com paredes mais homogêneas a partir da anodização de titânio em eletrólito a base de glicerol com 0.5% de fluoreto de amônio (NH4F). Em trabalhos atuais os nanotubos de óxido de titânio são obtidos a partir da anodização em solução de etileno glicol, água e fluoreto de amônio. 35 2. Objetivos O objetivo deste projeto é realizar a síntese de nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 ) utilizando a técnica de oxidação anódica, sobre dois diferentes tipos de substrato (vidro e folha de titânio ), variando os valores de tensão e tempo de processo. Além disso, realizar a fabricação e caracterização de sensores de hidrogênio baseado nas matrizes de nanotubos, de dióxido de titânio (TiO2 ) obtidas, visando sua utilização a temperatura ambiente. O objetivo, geral, é de viabilizar um sensor que seja suficiente sensível para detecção de hidrogênio em pequenas quantidades, da ordem de ppm ( partes por milhão ), à temperatura ambiente. 3. Metodologia 3.1 Síntese dos Nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) Para a obtenção dos nanotubos de titânio, utilizou-se uma célula eletroquímica, apresentada na figura 14, onde, em um dos eletrodos tem se titânio e no outro eletrodo a folha de platina. No processo de anodização dos filmes utilizou-se uma solução de etileno glicol e fluoreto de amônio (NH4F), com a concentração em peso de NH4F de 0,5 % do peso da solução de etileno glicol com 2 % de seu peso de água. A solução foi agitada durante algumas horas antes do processo e durante todo o processo de anodização utilizando um agitador magnético. O diâmetro e comprimento dos nanotubos é controlado a partir do tempo e tensão de anodização, e a partir de dados de trabalhos anteriores observou-se que o valor do diâmetro aumenta de forma praticamente linear com o valor de tensão aplicada no processo de anodização [17]. Para gerar a tensão foi utilizada uma fonte DC Agilent E 3649A. O processo de anodização segue as seguintes etapas: (1) Há o crescimento de um óxido de titânio na superfície do metal devido à interação do Ti com íons O2- ou OH-. Depois da formação inicial desse óxido, esses ânions migram através do óxido até a interface metal/oxido onde reagem com o metal. 36 (2) Devido ao campo elétrico aplicado a ligação Ti-O enfraquece promovendo a dissolução dos cátions metálicos Ti4+ para o eletrólito e os ânions O2migram até a interface metal/óxido interagindo com o metal, promovendo o crescimento do óxido. Nessa etapa a formação de pequenos pontos de dissolução na superfície do óxido. (3) Migração do íon Ti4+ do metal na interface metal/óxido; esses cátions são ejetados da interface pelo campo elétrico aplicado se movendo através do óxido de titânio na superfície até a interface óxido/eletrólito. (4) A dissolução química do metal ou do óxido, pelo ácido presente no eletrólito ocorre durante a anodização. Chega um ponto onde a taxa de dissolução química e a taxa de crescimento do óxido de titânio é a mesma. Sendo assim, a chave para a formação de nanotubos ao invés de uma estrutura nanoporosa. A dissolução do óxido e do titânio promovida pelo campo elétrico é dominante, com isso, os pequenos pontos de dissolução gerados no óxido tendem a se aprofundar. Nesses pontos tem-se o processo de oxidação do Ti e corrosão do óxido formado ao mesmo tempo e com mesma taxa, com isso o Ti é consumido, aprofundando esses pontos, formando os nanotubos. Nas Figuras 14 e 15 são apresentados um esquema e o sistema, respectivamente, utilizado para obtenção dos nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 ). Figura 14: Célula eletroquímica utilizada no processo de anodização 37 Figura 15: Montagem do sistema de anodização Na Figura 16 são apresentados os componentes utilizados no processo de anodização. Figura 16; Componentes do sistema de anodização; (a) um eletrodo de platina em forma espiral; b) uma pinça de titânio para polarizar o ti depositado depositado na frente do substrato transparente; (c) béquer de prolipropileno; d) uma fonte de tensão dc agilent E3649A. Os nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 ) foram obtidos em dois tipos diferentes de substrato, sobre vidro e sobre folhas de titânio. O vidro foi o primeiro substrato a ser utilizado, por ser transparente, biologicamente inativo e pode ser fabricado com superfícies muito lisas e impermeáveis. Por limitações tecnológicas, encontradas durante o desenvolvimento do trabalho, foram obtidos nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 ), também, sobre folhas de Titânio. Para a obtenção dos sensores sobre vidro foram utilizadas lâminas de vidro para microscopia, com dimensão de 0,5 por 1 polegada. As lâminas foram inicialmente 38 limpas utilizando soluções de tricloroetileno, acetona e álcool isopropílico durante 5 min, em cada em temperatura ambiente. Logo em seguida 500 nm de titânio foi depositado utilizando a técnica de r.f. magnetron sputtering, a temperatura ambiente. Para obtenção dos filmes de Ti, utilizou um alvo de Ti e 60 sccm de fluxo de Ar. A potência e a pressão de deposição foram de 150 Watts e de 1 mTorr respectivamente. Os processos de deposição foram feitos depositando Ti por 5 minutos e aguardando mais 5 minutos sem deposição (para que o filme fino esfriasse um pouco evitando assim que o mesmo se descolasse da lâmina de vidro) por três vezes totalizando 30 min de processo. Dessa forma, foram obtidos filmes compactos e totalmente aderidos à lâmina de vidro a temperatura ambiente, diferente do que é descrito na literatura [20], onde há a necessidade de altos valores de temperatura de deposição para obtenção de filmes que não descolam durante o processo de anodização. Após a deposição, cobriu-se as bordas dos filmes finos de Ti com apiezon, de forma evitar o crescimento de nanotubos na borda das lâminas, foi deixada uma parte da borda exposta de forma realizar o contato elétrico da pinça com a folha de titânio para realização do processo de oxidação anódica. Figura 17: Diagrama da amostra de titânio preparada com apiezon Pinça Região da lâmina de titânio onde serão crescidos os nanotubos. 3 mm Apiezon 2 mm Além disso, também foram fabricadas amostras, a partir de filmes finos de titânio obtidos, devido a problemas no sistema de r.f. magnetron sputtering, durante um período de desenvolvimento do trabalho, pela técnica de evaporação térmica. Foram obtidos filmes de titânio de 190 nm de espessura com 10E-5 Torr e 70 A. Para a obtenção dos sensores sobre titânio, foram utilizadas folhas de titânio de dimensão de 0,5 por 1 polegada. As folhas de titânio foram inicialmente polidas utilizando HNO3 : HF4 : CO3COH ( ácido nítrico : ácido fluorídrico : ácido acético 39 glacial ) , na concentração de 3 :1:1. O processo de cobertura das bordas com apiezon, anodização assim como a solução química utilizada foram os mesmos utilizados para a síntese dos sensores em vidro . As condições de oxidação anódica, para obtenção das matrizes de nanotubos de TiO2, utilizadas neste trabalho são apresentadas na Tabela 3. As amostras com nomenclatura inicial de EV, correspondem aos nanotubos obtidos a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. Tabela 3: Condições de síntese dos nanotubos de dióxido de titânio Amostra Substrato Tensão de anodização Tempo( s ) Amostra Substrato Tensão de anodização Tempo (s) 10 V vidro 10V 656 10/5 Ti 10V 300 10V_2 vidro 10V 900 10/10 Ti 10V 600 15V vidro 15V 528 10/15 Ti 10V 900 20 V vidro 20V 133 20/5 Ti 20V 300 25 V vidro 25V 363 20/10 Ti 20V 600 30 V vidro 30V 229 20/15 Ti 20V 900 35 V vidro 35V 181 40 V vidro 40V 113 EV30 V vidro 30V 540 EV35 V vidro 35V 540 EV40 V vidro 40V 540 Tratando-se de um filme fino de Ti sobre vidro, deseja-se que todo titânio seja consumido, de forma evitar a sobra de metal na interface entre os nanotubos e o substrato o que causaria um curto, inviabilizando o funcionamento do sensor. Para garantir todo o consumo do filme, utiliza-se a curva apresentada na figura 18. A mesma pôde ser monitorada através de um computador por um programa desenvolvido em Labview, utilizado para o controle da fonte DC que, além de controlar o valor do potencial DC aplicado, fornece a curva de corrente de anodização em função do tempo de anodização. 40 Através da curva de corrente x tempo de anodização verificou-se que o filme é totalmente consumido em um tempo aproximado de 45 min para uma tensão de polarização de 10 V. Após o processo de anodização, as amostras foram limpas com dois enxagues em água DI e em seguida foi realizada uma limpeza com álcool isopropílico, acetona e novamente com isopropílico em ultrasom durante 5 minutos. Figura 18: Curva de anodização para amostra de 10V 2º etapa 1º etapa 3º etapa 4º etapa 5º etapa Para um melhor entendimento, a seguir é apresentada uma análise da curva de anodização apresentada na Figura 18: 1º etapa: logo após a aplicação do potencial de anodização a corrente reduz devido a formação da camada de óxido de titânio na superfície. 2º etapa: a corrente sobe devido à formação de pontos de corrosão no óxido. 3º etapa: a corrente cai devido a formação dos poros que vão ficando mais profundos com um maior tempo de anodização. 4º etapa: é a transição entre a estrutura de poros e a estrutura nanotubular. 41 5º etapa: na transição para este ponto o comprimento do nanotubo se mantém praticamente constante. Após certo tempo de anodização, a camada metálica começa a ficar muito fina e descontinua o suficiente para criar uma resistência a passagem de corrente. A corrente nesse ponto reduz drasticamente, chegando a zero quando o filme metálico já está completamente descontínuo. Com isso, ao atingir a 5º etapa deve-se retirar a amostra da solução, caso contrário ocorrera à destruição dos nanotubos devido à corrosão dos mesmos pela solução. Os nanotubos podem apresentar uma camada metálica na base se removidos antes da 4º etapa. Por essa razão, devemos monitorar a corrente de anodização durante o processo para que se tenha nanotubos de boa qualidade. 3.1.1 Processo de limpeza das amostras Após o processo de anodização as amostras são limpas com dois enxagues em água DI, em seguida o apiezon foi removido utilizando tricloroetileno e na sequencia as amostras são novamente limpas com dois enxagues em água DI, para que, por fim, seja realizada uma limpeza com álcool isopropílico, acetona e novamente com isopropílico em ultrasom durante 5 min e secando com pentano, de forma a remover qualquer resíduo orgânico gerado durante o processo. 3.1.2 Processo de tratamento Térmico Após o processo de anodização, foi realizado o tratamento térmico dos nanotubos a 300ºC durante 2 horas, para os nanotubos em vidro e de 600 ºC durante 3 horas, para os nanotubos em folha de titânio, de forma a promover a cristalização dos mesmos na fase anatase, fase esta que, como comentado na introdução, apresenta uma maior atividade fotocatalítica. 3.2 Caracterização dos nanotubos de dióxido de titânio Após a obtenção dos nanotubos foi realizada a sua caracterização utilizando a técnica SEM (Microscopia Eletronica de varredura), para a caracterização morfológica dos nanotubos e a técnicas de RAMAN (laser verde - 514 nm) para determinar a 42 estrutura do TiO2 que compõe os nanotubos. Antes de comentar sobre as duas técnicas será feita uma breve descrição sobre as fases cristalinas do dióxido de titânio e em seguida será feita uma pequena explicação sobre o funcionamento da técnica RAMAM e SEM. 3.2.1 Estruturas Cristalinas e Propriedades Vibracionais O dióxido de titânio pode ser encontrado em oito formas cristalinas diferentes, sendo elas, TiO2-B, TiO2-R, TiO2-H, TiO2-II, TiO2-III e as mais estudadas, rutilo, anatásio e brookita (Figura 19). Assim como os demais polimorfos do dióxido de titânio, estas três estruturas são compostas por octaedros com um átomo de titânio central rodeado por seis átomos oxigênio. Cada polimorfo se difere pela distorção dos octaedros e a organização de suas cadeias. Por exemplo, no rutilo os octaedros orientados paralelamente são conectados pelas bordas equatoriais ao longo da direção [0 0 1] e os orientados de forma ortogonal pelo vértice. Já no anatásio, os octaedros são todos paralelos e unidos pelas bordas, sendo que cada octaedro divide quatro bordas [21] À temperatura ambiente, geralmente, o dióxido de titânio cristaliza na fase anatásio, que é termicamente estável até a temperatura de 800ºC, onde ocorre a transição para a fase rutilo, e pertence ao sistema tetragonal. Na fase rutilo, o dióxido de titânio também apresenta uma simetria tetragonal estável até o ponto de fusão, 1855ºC. Já a fase brookita cristaliza no sistema ortorrômbico, é metaestável, de difícil síntese e raramente encontrada na natureza [21]. 43 Figura 19: Estrutura cristalina do dióxido e titânio ( TiO2 ) nas fases a) anatase, b) rutilo, c) brookita Fonte: [11] 3.2.2 Raman O efeito Raman descreve o fenômeno de mudança na frequência da luz quando ela é espalhada por moléculas ou átomos de um cristal, esse espalhamento da luz carrega informações sobre o estado físico e químico do material onde a luz foi incidida. Utilizando a técnica de espectroscopia Ramam é possivel indentificar as diferentes fases presentes em um mesmo material [22]. O óxido de titânio pode apresentar as fases anatase, rutilo e bruquita. A fase do dióxido de titânio ( TiO2 ) mais interesssante para aplicação em sensores [4] de hidrogênio é a anatase, pois esta é a que apresenta maior eficiência fotocatalítica [23]. Na Figura 20 são apresentados espectros Raman do dióxido de titânio ( TiO2 ), típicos, da fase Rutilo, Anatase e de um titânio anodizado. 44 Intensidade (u.arb.) Figura 20: a ) anatase; b) rutilo ; c) ti anodizado Deslocamento Raman (cm-1) Fonte: [23] As medidas de Ramam foram realizadas nos nanotubos utilizando o equipamento WITEC, Confocal Raman Microscope Alpha300 Rlaser - 532 nm, potencia 45 mW com o laser verde de argônio (comprimento de onda da luz: 514 nm). 3.2.3 Microscopia eletrônica de varredura Pela técnica de microscopia eletrônica de varredura (SEM – “Scanning Eletron Microscope”) as informações da amostra analisada são transmitidas através do espalhamento inelástico dos elétrons. Quando o feixe primário de elétrons interage com a amostra, os elétrons perdem energia no efeito de espalhamento e absorção que ocorrem no volume da amostra (interação com o volume), esses efeitos dependem do feixe de elétrons, do número atômico e densidade da amostra. Assim diferentes tipos de sinal podem ser coletados pelas interações inelásticas. Normalmente, os equipamentos de SEM apresentam diferentes detectores para coletar os elétrons secundários (informação da topografia da superfície), os elétrons retroespalhados (composição da 45 superfície). Na Figura 21 é mostrado o diagrama esquemático de um microscópio eletrônico de varredura. Onde o feixe de elétrons de alta energia é gerado na fonte, posteriormente é acelerado, e depois focalizado pelo sistema de lentes condensadoras e objetivas para atingir a amostra [4]. Figura 21: Microscópio Eletrônico de Varredura Fonte: [4] Nessa técnica de microscopia o feixe de elétrons é defletido vertical e horizontalmente (nas direções x e y) pela ação das bobinas de varredura e passa sobre a amostra, o sinal coletado pelo detector é formado pelos elétrons secundários e os elétrons retroespalhados, essas informações são amplificadas e projetadas no monitor Nesse trabalho as medidas de microscopia eletrônica de varredura foram realizadas no LSI-EPUSP (Laboratório de Sistemas Integráveis da EPUSP), com o equipamento Nova NanoSEM 400 da marca FEI Company, nessas medidas foram utilizados os elétrons secundários e a energia do feixe de elétrons utilizado para obter as imagens foi entre 5 - 30 kV. 3.3 Obtenção dos Sensores de hidrogênio ( H2 ) Na Figura 22 é apresentada uma imagem do corte transversal dos sensores fabricados neste trabalho. Os nanotubos estão formados na área central da amostra, 46 obtidos pela técnica de anodização descrita no item 3.1. Os contatos elétricos (Figura 22) são de platina, obtida pela técnica de e-beam e possuem espessura aproximada de 150 nm, largura de 2 mm, comprimento de 10 mm e estão espaçados em 2,99 mm. Esta máscara para os contatos foi utilizada para os sensores fabricados com nanotubos de TiO2 obtidos com 10 V. Na Figura 24 é apresentada uma imagem ilustrativa do sensor fabricado. Figura 22: Diagrama do sensor de hidrogêneo baseado em nanotubos de dióxido de titânio ( TiO2 ) Eletrodos de platina Substrato Nanotubos Figura 23: Diagrama da máscara mecânica 47 Figura 24: Diagrama de um sensor de hidrogênio fabricado com nanotubos Fonte:[11] Os sensores fabricados a partir de folhas de titânio, diferem na máscara mecânica e no material depositado para obtenção dos contatos elétricos. Devido a limitações técnicas os contatos não puderam ser construídos de platina, com isso, optamos por utilizar o próprio Ti, material que se tinha a disposição no momento . O Ti para os contatos foi depositado pela técnica de r.f. magnetron sputtering, utilizando as mesmas condições para obtenção dos filmes finos para obtenção dos nanotubos. A espessura do filme para contato foi de 150 nm. A máscara mecânica é apresentada na figura 25 . Figura 25: Máscara mecânica para as amostras em titânio. 48 3.4 Caracterização dos sensores de Hidrogênio ( H2 ). O sistema de caracterização dos sensores de hidrogênio, utilizado neste trabalho, é composto, basicamente de duas partes. A primeira é o sistema de fornecimento de gás para a amostra. A segunda é um sistema de aquisição de dados capaz de medir as variáveis elétricas com confiabilidade no decorrer do tempo . Um diagrama completo do sistema é apresentado na Figura 26. Figura 26: Diagrama completo do sistema de caracterização de sensores de gás. Neste sistema de caracterização existem 2 Mass Flows Controllers. O Mass Flows Controllers localizado a direita, está conectado a linha de gás do hidrogênio, cuja concentração é de 5000 ppm. O Mass Flows Controller localizado a esquerda está conectado a linha de gás do nitrogênio. Estes dois controladores juntos tem a capacidade de fornecer um fluxo controlado de gás para a câmara de teste, podendo se também regular a concentração de hidrogênio fornecido de 50 até o limite de 5000 ppm. Estes controladores precisam, para operar, de um sistema de comando, para fornecer as tensões elétricas corretas de funcionamento que, além de fazer a leitura dos sinais elétricos fornecidos pelo controlador, interpreta os valores e apresenta ao usuário. 49 Para isso, foi desenvolvido um software em Labview. Uma terceira linha de gás é conectada a válvula pneumática 2 para que a amostra tenha a possibilidade de receber um gás de regeneração para que seja verificada a sua capacidade de se recuperar diante a ausência do gás ao qual ela é sensível . O sistema de caracterização montado com os Mass Flows MKS ,câmara e sistema de controle em Labview é apresentado na Figura 27. Figura 27: (a) painel frontal do sistema de caracterização; (b) lógica do sistema de caracterização. (A) (B) 50 A montagem do sistema de controle de gás é apresentada na Figura 28. Figura 28: ( a ) sistema montado; (b) suporte de caracterização de sensores de gás com capacidade para 3 sensores simultaneamente; (c) câmara de gás montada nos sensores de gás ; ( d ) câmara de gás Mass Flows controllers HP 4156A ( A ) Sistema montado (B) Suporte de caracterização de sensores de gás com capacidade para 3 sensores simultaneamente (C) Câmara de gás montada nos sensores de gás ( D ) Câmara de gás 51 A segunda parte do sistema de caracterização é o sistema de medições elétricas . Para este registro foi utilizado o analisador de parâmetros HP 4156 A. Esse sistema foi utilizado na caracterização dos sensores fabricados em substrato de vidro e em folhas de Titânio. Para caracterizar o sensor de hidrogênio, foram realizados oito testes utilizando o sistema descrito acima para controlar a entrada dos gases e as suas respectivas concentrações e vasões. Como mencionado acima, para realizar as medições foi utilizado o analisador de parâmetros HP 4156A, capaz de gerar uma curva de resistência em função do tempo, aplicando uma tensão constante 10V. Todos as medições foram realizadas de forma a obter a resposta do sensor a estímulos iguais e subsequentes de N2 e H2. Durante 30 minutos comutou-se a entrada na câmara, de N2 (sempre a uma vasão de 500 ml/min), e em seguida de H2 (sempre a uma vasão de 1L/min e uma concentração constante durante cada teste), cada injeção teve duração de 5 min, até completar todo o período de teste. Cada teste foi realizado com uma concentração diferente de H2. As concentrações utilizadas foram de 50 ppm, 100 ppm, 200 ppm, 500 ppm, 1000 ppm, 2000 ppm, 3000 ppm e 4000 ppm. Esse tipo de caracterização foi realizado para os dois tipos de sensores. Para os sensores fabricados com contato de titânio, foi realizada a medida com o gás nitrogênio, com o intuito de correlacionar a velocidade de resposta e recuperação do sensor a presença de um gás, nesse caso N2, com a morfologia dos nanotubos de TiO2 fabricados. 4. Resultados e Discussões 4.1 Caracterização dos nanotubos de dióxido de titânio (TiO2 ) Como mencionado anteriormente, neste trabalho foram utilizados dois tipos diferentes de substrato, o vidro e a folha de titânio. O primeiro substrato a ser utilizado, por ser transparente , biologicamente inativo e pode ser fabricado com superfícies muito lisas e impermeáveis foi o vidro. O segundo substrato, como já mencionado, devido a limitações tecnológicas enfrentadas durante o desenvolvimento deste trabalho, foi o Titânio. Neste item serão 52 apresentadas as caracterizações morfológicas e físicas dos nanotubos de dióxido de titânio obtidos, tanto sobre vidro como sobre folha de titânio. 4.1.1 Nanotubos de dióxido de titânio crescidos em vidro Na figura 29 são apresentadas as curvas de anodização, da corrente em função do tempo, do filme Ti sobre vidro para os diferentes valores de tensão de anodização utilizados. Figura 29: Curvas de corrente em função do tempo do processo de oxidação anódica do titânio para a obtenção dos nanotubos de dióxido e titânio sobre vidro. É possível notar que as curvas apresentam um comportamento típico do processo de oxidação anódica do titânio, como o já descrito na introdução deste trabalho, e também que para maiores valores de tensão o processo de formação dos nanotubos é mais rápido. Como descrito na metodologia, no caso dos nanotubos crescidos sobre vidro, o controle de tempo de processo é feito através desta curva. No momento em que a corrente atinge o valor nulo o processo é encerrado, já que é o indicativo de que todo o filme já foi anodizado. É possível notar que para valores maiores de tensão, menores 53 valores de tempo são necessários para consumir totalmente o filme fino de Ti, formando a matriz de nanotubos. Na Figura 30 são apresentadas fotos de uma das amostras pronta, antes do tratamento térmico, a região transparente é a região ativa de nanotubos de dióxido de titânio. Figura 30: Amostra com nanotubos (parte tratamento térmico transparente) logo após a etapa de Após o processo de anodização as amostras foram tratadas a 300°C por 2 horas e submetidas a análise de de microscopia Raman . Na síntese de nanoestruturas, no caso, de dióxido de titânio, é de grande importância a verificação da fase cristalina do material, já que as propriedades fotocatalíticas, elétricas, ópticas, dentre outras, estão relacionados com a estrutura cristalina e podem mudar de forma radical com a mesma. Na Figura 31 é apresentado o espectro de espectroscopia Raman dos nanotubos de dióxido de titânio, obtidos sobre vidro, após o tratamento térmico. 54 Figura 31: Espectro de espectroscopia Raman dos nanotubos de TiO2, obtidos com 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 V 950 750 700 850 Intensidade (u.arb.) Intensidade (u.arb.) 15 V 900 10 V 650 600 550 500 800 750 700 650 600 550 500 450 450 400 400 300 400 500 600 700 800 900 300 400 1000 500 600 700 800 -1 Deslocamento Raman (cm ) -1 Deslocamento Raman (cm ) 950 950 850 800 800 Intensidade (u.arb.) Intensidade (u.a.) 850 750 700 650 600 550 750 700 650 600 550 500 500 450 450 400 25 V 900 20 V 900 400 300 400 500 600 700 800 300 400 500 600 700 800 -1 Deslocamento Raman (cm ) -1 Deslocamento Raman (cm ) 6000 35 V 30 V Intensidade (u.arb.) Intensidade (u.arb.) 1800 1200 4000 2000 600 0 300 400 500 600 700 800 300 400 500 600 700 -1 Deslocamento Raman (cm ) -1 Deslocamento Raman (cm ) 55 800 3000 40 V Intensidade (u.arb.) 2500 2000 1500 1000 500 300 400 500 600 700 800 -1 Deslocamento Raman (cm ) É possível notar, que todos as matrizes de nanotubos obtidas em vidro são de dióxido de titânio em fase amorfa, já que não há nenhuma banda referente à fase cristalina do dióxido de titânio (anatásio ou rutilo). Na Tabela 4, são apresentadas imagens, obtidas a partir da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), dos nanotubos obtidos sobre vidro. É possível notar que há, com exceção da amostra 10V_2, a formação de nanotubos bem ordenados e com paredes lisas. O diâmetro varia de 20 nm a 40 nm e comprimento de 240nm à 530nm. Tabela 4: Relação das amostras e morfologia correspondente em vidro Amostra Resistividade Morfologia Diâmetro e Comprimento dos nanotubos - nm Diâmetro: 20nm 10 V 15K Ohms Comp. : 520 nm 56 Diâmetro : 0 10V_2 ∞ Comp . 500nm Diâmetro : 15nm 15 V ∞ Comp . 530nm Diâmetro : 30nm 20 V ∞ Comp . 330nm Diâmetro : 22nm 25 V ∞ Comp . 340nm 57 Diâmetro : 22nm 30 V ∞ Comp . 300nm Diâmetro : 30nm 35 V ∞ Comp . 280nm Diâmetro : 40nm 40 V ∞ Comp . 240nm Valores de resistividade infinita foram obtidos para todos os nanotubos crescidos em vidro, concordando com os resultados de espectroscopia Raman, valor esse esperado para filmes de dióxido de titânio amorfos. A única matriz de nanotubos que não apresentou valor infinito foi a obtida com 10 V. Porém nessa amostra não foi possível fazer o espectro Raman, pois trata-se de uma amostra muito antiga, e a mesma foi danificada após uma série de caracterizações. Acredita-se que ela apresenta fase cristalina. E que as amostras não cristalizaram mais, nas condições de temperatura e tempo adotados, por alguma alteração no processo de tratamento térmico ocasionando problemas de reprodutibilidade. 58 Na Figura 32 são apresentadas uma imagem ilustrativa do sensor, o sensor já fabricado, sobre vidro, com os contatos elétricos de platina obtidos pela técnica de ebeam e uma imagem de MEV da platina sobre os nanotubos. É possível observar que temos um contato contínuo sobre os mesmos. Figura 32: Sensor de hidrogênio com eletrodos nanotubos em substrato de vidro Eletrodos de platina depositados 4.1.2 Nanotubos de dióxido de titânio crescido em vidro a partir de titânio depositado pela técnica de evaporação térmica. Nas Figuras 33, 34 e 35 são apresentadas as imagens de MEV das amostras obtidas com 40, 35 e 30 V, respectivamente. 59 Figura 33: Imagens de Microscopia ótica de varredura (MEV) do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 40V, a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. Na Figura 33, possível observar que após o processo de anodização do dióxido de titânio, neste caso, obtido pela técnica de evaporação térmica, obteve-se um filme poroso e nenhum nanotubo como se desejava. Na Figura 34 pode-se observar um filme muito irregular , com a formação de nanotubos em sua parte superficial e estrutura porosa na parte inferior do filme. O mesmo observa-se na Figura 35. Acredita-se que a não formação de nanotubos e a formação de filmes porosos em seu lugar esteja correlacionada à qualidade do filme de Ti obtida pela técnica de evaporação. Acredita-se que este filme não seja compacto o suficiente para que haver a formação de nanotubos, resultando na formação de poros como o observado nas figuras. No caso dessas amostras não foram realizadas as medidas de resistividade e Raman, pois as mesmas já haviam sido destruídas. 60 Figura 34: Imagens de Microscopia ótica de varredura (MEV) do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 35V, a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. Figura 35: Imagens de Microscopia ótica de varredura (MEV) do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 30V, a partir de filmes finos de titânio evaporados termicamente. 61 A formação irregular dos nanotubos de dióxido de titânio, obtidos através da oxidação anódica de filmes finos de titânio, obtidos por evaporação térmica, pode ser observada nas curvas de anodização do processo de obtenção dos mesmos (Figura 36). A curvas apresentam várias bandas, bandas essas que acredita-se, de acordo com o explicado na sessão 3.1, correspondem a formação inicial de poros para a consequente formação dos nanotubos. Ou seja, o processo inicial de formação, aparentemente, ocorre mais de uma única vez, como o esperado. Esse efeito pode ser observado de forma mais clara nas imagens de MEV dos nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 35 e 40 V (Figura 34 e 35), onde é possível notar que, aparentemente, há uma matriz de nanotubos embaixo, presa ao substrato e uma logo acima destes. Figura 36: Curvas de anodização para a obtenção das matrizes de nanotubos crescidas a partir de filmes finos de Ti obtidos pela técnica de evaporação térmica. 62 4.1.2 Nanotubos de nanotubos de dióxido de titânio crescidos em folha de titânio Na Figura 37 são apresentadas as curvas de corrente em função do tempo do processo de oxidação anódica dos nanotubos obtidos sobre folha de titânio. Figura 37: Curvas de anodização para a obtenção das matrizes de nanotubos crescidas em titânio Através da Figura 37 é possível notar que as curvas de anodização são típicas e semelhantes as obtidas na literatura e descrita na introdução deste trabalho. Demonstrando que está havendo a formação de nanotubos durante o processo de oxidação anódica. Nas Figuras 38 e 39 são apresentados os espectros de espectroscopia Raman dos nanotubos de nanotubos de dióxido de titânio, obtidos sobre titânio, após o tratamento térmico, com 10 e 20 V, respectivamente. 63 Figura 38: Espectro Raman dos nanotubos de dióxido de titânio obtidos, sobre titânio, com 10V. 4500 4000 A R A R A R Intensidade (u.arb.) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 10V - 5 min 10 V - 10 min 10V - 15 min 500 0 100 200 300 400 500 600 700 800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 39: Espectro Raman dos nanotubos de dióxido de titânio obtidos, sobre titânio, com 20V 14000 A 20V - 5 min 20V-10 min 20V - 15min Intensidade (u.arb.) 12000 10000 A 8000 A A R R R 6000 4000 2000 0 100 200 300 400 500 600 700 800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Através da análise do espectro Raman é possível observar que neste caso, onde os nanotubos foram crescidos sobre Ti e tratados à 600 oC, houve a cristalização dos filmes em uma mistura de fases anatásio e rutilo. Na tabela 5 são apresentados os resultados de medições de resistividade e imagens de MEV dos nanotubos de dióxido de titânio, já tratados termicamente à 600°C durante 3 horas, obtidos sobre folha de titânio. É possível notar que para as 64 amostras obtidas com 10 V (5, 10 e 15 min), as amostras anodizadas durante 5 e 10 min apresentaram a formação de nanotubos, já a amostra anodizada com 15 min, provavelmente ocorreu a formação dos nanotubos porém, acredita-se que ouve tempo suficiente para o ataque dos mesmos, pela solução de anodização. Analisando as medidas de resistividade é possível notar que a amostra onde não há a presença de nanotubos, a obtida com 15 min, o valor de resistividade elétrica é 50 e 10 vezes maior que as obtidas com 5 e 10 min, respectivamente. O diâmetro dos nanotubos obtidos foi de 15 nm e comprimento de 160 nm . Tabela 5: Relação das amostras e morfologia correspondente em titânio Amostra Resistividade Morfologia Diâmetros e Comprimentos Diâmetro : ----- 10/5 2.6M Ohms Comp . 160nm Diâmetro : 15nm 10/10 13M Ohms Comp . 160nm 65 Diâmetro : 15nm 10/15 150M Ohms Comp . 160nm Diâmetro : ---- nm 20/5 2M Ohms Comp . 220nm Diâmetro : 26nm 20/10 4M Ohms Comp . 430nm Diâmetro : 30nm 20/15 180M Ohms Comp . 540nm Já no caso dos nanotubos crescidos com 20 V (5, 10, 15 min) nota-se a formação de nanotubos bem ordenados e com paredes lisas. O diâmetro ficou em torno de 30 nm e o comprimento variou de 220 a 540 nm. 66 Nota-se que com o aumento do comprimento, nos dois casos, dos nanotubos houve um aumento da resistividade. Acredita-se que, já que se está trabalhando com substrato condutor (folha de titânio), há uma menor contribuição do mesmo no valor da resistividade e uma maior por parte dos nanotubos, já que os mesmos são de um material dielétrico, o dióxido de titânio. 4.2 Caracterização dos sensores de hidrogênio ( H2 ) 4.2.1 Sensores fabricados em vidro Na Figura 40 é apresentada uma imagem ilustrativa do sensor, o sensor já fabricado, sobre vidro, com os contatos elétricos de platina obtidos pela técnica de ebeam e uma imagem de MEV da platina sobre os nanotubos. É possível observar que temos um contato contínuo sobre os mesmos. Figura 40: Sensor de hidrogênio com eletrodos nanotubos em substrato de vidro Eletrodos de platina depositados 67 Na Figura 41 são apresentados os resultados das medições de condutividade em função do tempo para concentrações de hidrogênio variando de 50 a 4000 ppm, medidas a temperatura ambiente, para o sensor fabricado com nanotubos de TiO2 obtidos com 10 V de tensão de anodização. Figura 41: Condutividade x tempo do sensor para diferentes concentrações de hidrogênio Com base nos dados do gráfico é possível observar um aumentando no valor da condutividade a com a concentração de hidrogênio presente na câmara. Pode-se verificar também a resposta do sensor à variações da concentração de hidrogênio, tanto aumentando (quando é injetado H2 na câmara) quanto diminuindo (quando é injetado N2 na câmara). Contudo após essa rápida e brusca variação de resistência no instante em que muda a concentração de hidrogênio ele permanece variando lentamente a sua resistência, demorando a estabilizar em um valor exato de resistência, fazendo com que a resposta do sensor apresente um grande efeito de deriva. Porém é importante observar que a condutividade do sensor apresenta variação para concentrações de hidrogênio, a temperatura ambiente, da ordem de 50 ppm. Esta 68 concentração mínima foi utilizada devido às limitações dos equipamentos disponíveis no laboratório. Esse é um resultado bastante interessante, pois observa-se resposta do sensor a baixas concentrações de hidrogênio e a temperatura ambiente, viabilizando este sensor para aplicações onde altos valores de temperatura não são permitidos, por exemplo, aplicações médicas. Este foi um resultado preliminar, e há necessidade de realizar maiores estudos, mas é importante enfatizar que trata-se de um processo de fabricação de baixo custo, onde não há necessidade de altos valores de temperatura para realizar as medições. Também, não foi realizado um estudo de recuperação, reprodutibilidade, envelhecimento. Mas no caso de não haver resultados bons com estes parâmetros, por se tratar de um processo de baixo custo, pode se trabalhar com a hipótese de sensores descartáveis para medidas de baixos níveis de hidrogênio. Já os sensores fabricados com 15, 20, 25, 30, 35 e 40 V, não apresentaram nenhuma resposta a variação de hidrogênio, o que podemos correlacionar com o alto valor de resistividade (infinita) e também ao grande número de particulados sobre a “boca” dos nanotubos, como pode ser observado nas imagens da tabela 4. Já os sensores fabricados com nanotubos obtidos a partir de filmes finos de titânio evaporados, com 40 V, apresentou uma variação discreta a variação de hidrogênio, porém não há diferença nessa variação em função das diferentes concentrações de hidrogênio. Talvez, no caso do sensor fabricado com os nanotubos crescidos com 40 V essa variação discreta ocorra devido aos mesmos, apresentarem uma superfície mais limpa, onde as “bocas” estão livres, permitindo uma maior presença de gás hidrogênio no interior dos mesmos. 69 Figura 42: Condutividade x tempo do sensor de 40V para diferentes concentrações de hidrogênio -7 7,0x10 -7 6,9x10 N2 H2 N2 H2 N2 H2 -7 6,9x10 -7 6,8x10 Condutividade (S) -7 6,8x10 -7 6,7x10 -7 6,7x10 -7 6,6x10 -7 6,6x10 -7 6,5x10 -7 6,5x10 200 ppm 500 ppm 1000 ppm 2000 ppm 3000 ppm 4000 ppm -7 6,4x10 -7 6,4x10 -7 6,3x10 -7 6,3x10 0 600 1200 1800 Tempo (seg) 4.2.2 Sensores fabricados em titânio No caso desses sensores, infelizmente, não houve tempo para realizar as medidas quanto a sua sensibilidade ao hidrogênio. Porém foi realizado um teste da sua sensibilidade ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado. Os resultados deste teste são apresentados nas Figuras 43 e 44 , para os sensores fabricados com nanotubos crescidos com 10 V e 45, 46 e 47, para os sensores fabricados com nanotubos crescido com e 20 V. 70 Figura 43: Sensibilidade ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado, na amostra 10V/5 min 48,6 10V/5min Ar N2 Resistência (ohm) 48,5 48,4 48,3 48,2 200 400 600 800 1000 1200 Tempo (seg) Figura 44: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado , na amostra 10V/10 min 67,42 Ar N2 200 400 Resistência (ohm) 67,40 10V/15min 67,38 67,36 67,34 67,32 67,30 0 600 800 1000 1200 Tempo (seg) É possível notar nas Figuras 43 e 44 que os sensores apresentaram resposta a presença de nitrogênio porém, essa variação é da ordem de 0,1 Ohm, além de se observar um efeito de deriva. A hipótese para esse efeito é que no caso da amostra 71 obtida com 10 V/ 5 min (Figura 43), houve a formação de nanotubos, porém, como observado nas imagens de MEV, da tabela 5, a superfície dos nanotubos esta coberta por uma camada de filme, impedindo a penetração do gás nos mesmos. Já no caso dos nanotubos obtidos com 10 V/15 min (Figura 44), através das imagens de MEV, é possível notar que não há a presença de nanotubos no substrato, o que pode justificar o comportamento, observado, do sensor fabricado com os nanotubos de TiO2 obtidos nesta condição. No caso dos sensores fabricados com nanotubos obtidos com 20 V, houve uma variação no valor de resistência da ordem de 1 ohm, 10 vezes a mais que a obtida com os sensores fabricados com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 10 V. O que se nota, ao analisar as Figuras 45 e 46, é que a resposta dos sensores fabricados com os nanotubos obtidos com 20 V durante 5 e 10 min apresenta o efeito de deriva. Esse efeito é bem minimizado no caso do sensor fabricado com nanotubos de dióxido de titânio obtidos com 20V/25 min (Figura 47). Nos dois primeiros casos, é possível notar que a “boca” dos nanotubos (Tabela 5) não esta completamente aberta, o que dificulta a troca de gases no interior do mesmo o que, provavelmente, causa o efeito de deriva observado. No último caso, nota-se que as bocas dos nanotubos estão liberadas, com isso, há uma troca mais rápida dos gases no interior dos nanotubos, consequentemente, a recuperação do sensor é mais rápida e o efeito de deriva é minimizado. Mesmo não sendo realizada a medida desses sensores com o gás hidrogênio, a partir das medidas com o gás nitrogênio é possível chegar a algumas conclusões com respeito ao trabalho. Antes da fabricação e caracterização final dos sensores é muito importante obter nanotubos com estruturas regulares, distribuição homogênea e com suas “bocas” livres, ou seja, com a superfície livre de resíduos. Isso garantirá no mínimo um menor efeito de deriva na resposta, além de permitir realizar um estudo comparativo em termos de sensibilidade x diâmetro – comprimento, dos nanotubos. 72 Figura 45: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado, na amostra 20V/5 min 199,5 20V/5min 199,0 Resistência (ohm) Ar N2 198,5 198,0 197,5 197,0 196,5 196,0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo (seg) Figura 46: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado, na amostra 20V/10 min 433,0 20V/10min Resistência (ohm) 432,5 432,0 Ar 431,5 N2 431,0 430,5 430,0 0 200 400 600 800 1000 1200 Tempo (seg) 73 Figura 47: Resposta do sensor ao nitrogênio, com um valor de fluxo não controlado , na amostra 20V/15 min 430,0 20V/15min 429,8 Resistência (ohm) 429,6 Ar 429,4 N2 429,2 429,0 428,8 428,6 428,4 428,2 428,0 0 200 400 600 800 1000 1200 Tempo (seg) 74 5 . Conclusões Foram sintetizadas matrizes de nanotubos sobre substrato de vidro e folha de titânio a partir do processo de oxidação anódica de filme fino de titânio e da superfície do titânio no caso da folha de titânio. Os nanotubos obtidos possuem distribuição homogênea, são ordenados e com paredes lisas. Diâmetros variando de 20 a 40 nm e comprimento variando de 240 a 530 nm para os nanotubos obtidos a partir de filme de titânio sobre vidro. De 15 a 30 nm e comprimento de 160 a 540 nm para os nanotubos obtidos sobre folha de titânio. Através da análise de microscopia Raman foi observado que após o tratamento térmico os nanotubos de dióxido de titânio obtidos sobre vidro se mantiveram em fase amorfa, gerando uma resistividade infinita dos mesmos, e nanotubos de dióxido de titânio, obtidos sobre titânio, apresentaram uma mistura de fase cristalina rutilo e anatásio, fazendo com que os mesmos, apresentassem uma resistividade da ordem de mega ohms. O sensor de hidrogênio, fabricado baseado em nanotubos de óxido de titânio, obtidos a partir da anodização de filme fino de titânio, depositado pela técnica de r.f. magnetron sputtering à temperatura ambiente, caso do obtido com 10 V, obteve resultados muito interessante. Evidenciando a necessidade de continuar os estudos para o desenvolvimento de um processo de fabricação que garanta a reprodutibilidade dos resultados. Com resultados obtidos a temperatura ambiente, viabiliza assim a possibilidade da utilização deste sensor para a detecção de pequenas quantidades de hidrogênio (a menor quantidade testada foi de 50 ppm) para aplicações onde altos valores de temperatura não são permitidos. Contudo, para essa aplicação, esse resultado ainda é preliminar, sendo necessário um maior estudo, tanto da obtenção como de caracterização desse sensor, em termos de reprodutibilidade, testando a sua resposta a concentrações ainda mais baixas, assim como testes de tratamento UV, que devem melhorar a sua resposta. Já para os sensores fabricados em vidro, com titânio depositado pela técnica de evaporação térmica, anodizados à 30, 35 e 40 V, não apresentaram boa resposta. Os sensores fabricados com nanotubos obtidos com 30 V e 35 V não puderam ser caracterizados porque apresentavam uma resistência muito alta , indicando um circuito 75 aberto, acredita-se que a irregularidade dos filmes obtidos tenha afetado a qualidade da conexão entre os contatos de platina e a superfície do filme. Já os sensores fabricados com os filmes de titânio anodizados com 40 V foram caracterizados e verificou-se que eles respondem a presença de hidrogênio porém, não são capazes de discernir entre concentrações diferentes deste gás. Acredita-se que a área superficial não seja grande o suficiente para distinguir as diferentes concentrações de hidrogênio. Já com respeito aos sensores baseados em nanotubos de dióxido de titânio, a partir de folhas de titânio, apesar de não haver realizado os testes de resposta, dos mesmos, ao gás de interesse, hidrogênio e sim nitrogênio, chegou-se à conclusão que é muito importante realizar um estudo mais aprofundado da obtenção dos nanotubos de dióxido de titânio, focando na obtenção de estruturas regulares com distribuição homogênea e com a superfície livre de resíduos. Isso garantirá no mínimo um menor efeito de deriva na resposta, além de permitir realizar um estudo comparativo em termos de sensibilidade x diâmetro – comprimento, dos nanotubos. 6. Trabalhos Futuros Para trabalhos futuros pretende-se obter nanotubos de dióxido de titânio sobre vidro e a partir de folhas de titânio regulares, com distribuição homogênea e com a superfície limpa. A partir deste ponto, fabricar os sensores, com diferentes valores de tensão de anodização, a partir de filmes de titânio sobre vidro que permita tratamento térmico com maiores valores de temperatura, de forma promover a cristalização do filme, melhorando as propriedades sensoras do filme com respeito ao hidrogênio. Além disso, fabricar sensores, sobre folhas de titânio, utilizando o contato dos sensores de platina. Conseguindo encontrar os parâmetros adequados, estruturais e morfológicos, onde se obtém a melhor resposta do sensor a temperatura ambiente, pretende-se caracterizar este sensor a diferentes temperaturas e verificar a influência da mesma nas características dele. E ainda, realizar o estudo da radiação UV, após cada análise e verificar o comportamento do sensor com esse tipo de tratamento. 76 7. Participações em eventos e publicações decorrentes M.A Rodini, Thiago C.B., I. Pereyra, K.F. Albertin. “Hidrogen Sensors with TiO2 Nanotubes”, trabalho apresentado no formato pôster no 29th Symposium on Microelectronics Technology and Devices (SBMicro 2014), no período de 1 a 5 de setembro de 2014 em Aracaju, Brasil. Este trabalho foi publicado na IEEE e esta disponível no IEEE Xplore. 8. Bibliografia [1] M. A. Prochnow, “Monitoramento de gases – Estudo comparativo das principais tecnologias de sensores e aspectos relacionados.,” 2003. Dissertação de mestrado. [2] J. CHOU, “Hazardous gas monitor: a pratical guide to selections, operation and applications.,” New York, Mack Graw-Hill Book Company, 2000, p. 258. [3] E. G. GHINI, “Conheça as diferenças entre os métodos de detecção de gases.,” Clen News, 2002. [4] C. I. G. G. M. 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