ARTIGO DE REVISÃO
R E V I S TA P O R T U G U E S A
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
Alguns indicadores de avaliação de bem-estar em vacas leiteiras – revisão
Some indicators for the assessment of welfare in dairy cows – a review
Joaquim L. Cerqueira1,2*, José P. Araújo1,3, Jan T. Sorensen4, João Niza-Ribeiro2,5
1
Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
2
Centro de Ciência Animal e Veterinária da UTAD (CECAV)
3
Centro de Investigação de Montanha (CIMO-IPVC)
4
Department of Animal Science, Aarhus University - Denmark
5
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto
Resumo: A preocupação e o interesse da sociedade pelo
bem-estar animal (BEA) têm aumentado nos últimos anos. Em
simultâneo, a necessidade de sustentação científica na avaliação
das condições em que os animais são criados para fins de assessoria, credibilização e certificação de produtos é uma evidência.
Nos sistemas de produção dos países do norte da Europa e
no modo de produção biológico, recorrem-se a programas
de avaliação de BEA, para salvaguardar a saúde, conforto e
garantir princípios éticos e legais na produção, proporcionando
maior confiança ao consumidor final. As cinco liberdades
conferem uma indicação inicial sobre os aspectos relevantes a
considerar na apreciação do bem-estar. A utilização de uma
escala de pontuação baseada em atributos de ordem geral e
ambiental apresenta dificuldades na interpretação do BEA. Por
outro lado, se a avaliação for orientada para o animal torna-se
mais precisa. Na presente revisão são apresentados e discutidos
os principais indicadores de avaliação de BEA em vacas leiteiras
usados actualmente. Recolheu-se evidência em publicações
científicas, que demonstram a importância dos indicadores
comportamentais, de saúde e de maneio na avaliação e monitorização do BEA. Descreve-se a metodologia de utilização dos
indicadores, referindo-se as suas vantagens e limitações.
Mencionam-se os critérios de interpretação e a sua relação com
a produtividade e o BEA. Para avaliação do BEA é fundamental a mensuração de um conjunto de indicadores, mediante
várias visitas à exploração.
Palavras-chave: Bem-estar, vacas leiteiras, indicadores
Summary: The concern and interest of the society for animal
welfare (AW) have increased in recent years. Simultaneously,
the need for scientific support when assessing the conditions
under which animals are raised for purposes of advice,
credibility and certification of products are evident. In production systems in countries of northern Europe and in organic
production, the use of AW programs to safeguard animal health,
and comfort and to ensure ethical and legal principles in
production, provide greater confidence to the final consumer.
The five freedoms give an initial indication of the relevant
aspects to consider in assessing the AW. The use of a scoring
scale based on general and environmental attributes presents
interpretation difficulties. Moreover, if the evaluation is directed
to the animal, it becomes more precise. In this review the main
indicators for evaluating AW currently used in dairy cows are
presented and discussed. Evidence collected in scientific publications demonstrates the importance of behavioral, health and
husbandry indicators in the evaluation and monitoring of AW.
The methodology these indicators use is described as well as its
advantages and limitations. We also mention the criteria for
interpretation and its relation to productivity and AW. For AW
assessment it is primordial to measure a set of indicators,
through several visits to the farm.
Keywords: Welfare, dairy cows, indicators
Introdução
A reestruturação que se tem verificado nos últimos
anos ao nível das explorações leiteiras em Portugal
traduziu-se num aumento da dimensão média do
efectivo e de uma intensificação da actividade. Este
cenário associado ao consequente aumento de encabeçamento e do rendimento por vaca, o qual se encontra actualmente ao nível da média da União Europeia
(UE), conduz a maiores exigências no que se refere à
observância das normas de bem-estar animal (BEA).
Ainda que a produção média por exploração se
encontre aquém da média da UE, a maior parte do
leite é recolhido em explorações com uma dimensão
superior a 150 toneladas, sendo de salientar que 50%
da produção nacional é assegurada por apenas 10%
das explorações (com produção acima das 300
toneladas/ano) vocacionadas exclusivamente para a
produção de leite (Araújo et al., 2007).
A profissionalização dos produtores e das suas
explorações traduziu-se em melhor controlo sanitário
e da alimentação animal, maior valor genético1 dos
efectivos e permitiu, nos últimos anos, alcançar os
padrões europeus ao nível da produtividade das vacas.
Simultaneamente verificou-se um aumento qualitativo
do leite produzido, sendo de destacar que, quer o
1
*Correspondência: [email protected]
Tel: +(351) 258909740 Fax: +(351) 258909779
Fruto de programas de melhoramento e por via da aquisição de vacas
de alto valor genético provenientes de outros Estados Membros como a
França, Países Baixos e Dinamarca.
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Cerqueira JL et al.
aumento de dimensão quer a concentração regional
das explorações conduziram também a ganhos de eficiência através da optimização na logística de recolha
(MADRP, 2007).
No entanto associado ao aumento da produção de
leite, surgem problemas relacionados com mastites
(Schreiner e Ruegg, 2003), transtornos podais (Bach
et al., 2007) e reprodutivos, resultando no refugo
precoce das vacas (Webster, 2005). As elevadas
produções podem comprometer o BEA, induzindo
distúrbios na saúde, desconforto e diminuição da
qualidade do leite (Fulwider et al., 2007).
A avaliação de BEA engloba a legislação, o conhecimento científico e a ética, entendida esta, como a
responsabilidade ética dos criadores cuidarem
adequadamente os seus animais (Broom, 1991). O
BEA pode ser avaliado através da observação do comportamento dos animais, o estado de activação dos
seus sistemas fisiológicos e o seu estado geral, sendo
factores importantes o alojamento e as condições das
instalações (Veissier et al., 2007).
O conforto da vaca leiteira tem-se assumido como
um dos factores mais influentes para o aumento de
produção na última década. Um ambiente de conforto
deficitário influi negativamente o consumo de matéria
seca, a saúde do úbere, a fertilidade, estando na
origem de problemas podais (Bach et al., 2007).
Vários estudos têm sido desenvolvidos para avaliar o
impacto dos tipos de alojamentos no comportamento
dos animais, na produção de leite, na incidência de
mastites, na contagem celular, na pontuação de locomoção e nos problemas podais (Fregonesi e Leaver,
2001; Regula et al., 2004). Um número significativo
de vacas leiteiras é refugado no início da vida produtiva por várias razões, incluindo claudicação crónica.
Assegurar um nível de bem-estar aceitável das vacas
leiteiras, é importante para permitir um eficiente grau
de produção, reduzir a incidência de patologias,
satisfazer a procura de produtos derivados de animais
criados sob condições de bem-estar ideais e para
possibilitar um incremento da produção local que
possa competir com importações procedentes de países
com níveis de bem-estar animal inferiores.
A avaliação do BEA pode ser utilizada como instrumento preventivo e de assessoria aos criadores, fonte
de informação para a elaboração de directivas e de
esquemas de qualidade para os consumidores
(Napolitano et al., 2005), existindo protocolos desenvolvidos, testados, implementados e publicados para
vacas de leite (Whay et al., 2003). Os protocolos
baseiam-se em índices indirectos, derivados a partir de
uma combinação de observações directas, registos e
estimativas do criador (Webster, 2005). Esta revisão
tem por finalidade descrever e analisar os sistemas
de indicadores de avaliação de bem-estar para vacas
leiteiras que se considerou serem os mais consistentes,
rigorosos e úteis, entre os que se encontram actualmente descritos e publicados.
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Metodologia
Esta revisão sobre os principais indicadores indirectos de bem-estar em vacas leiteiras.
Optou-se por classificar os sistemas numa das três
categorias seguintes de indicadores: comportamentais,
de saúde e de maneio. Seleccionaram-se os sistemas
de indicadores com base em três critérios: a) serem
largamente referenciados na bibliografia de diversos
grupos de trabalho (sempre que possível a pesquisa
bibliográfica foi realizada tendo por critério existir
maior número de citação do artigo científico e simultaneamente incluir as publicações mais recentes), b)
possuírem critérios de avaliação objectivos, possíveis
de medir com rigor (repetibilidade e reprodutibilidade) e c) possibilitarem interpretações para estados
de saúde ou de bem-estar animal adequadamente validadas e publicadas por pelo menos um investigador ou
grupo.
Para cada sistema de indicadores é evidenciada a
metodologia de abordagem, assim como os respectivos critérios de classificação. Descrevem-se ainda as
suas potencialidades e limitações, a respectiva forma
de interpretação e as implicações que a pontuação de
resultados possui em termos de produção, saúde e
bem-estar animal.
Desta revisão foram excluídos alguns indicadores
de avaliação de bem-estar, tais como: doenças, parasitas na pele, lesões no corpo, estado da pele, descarga
vulvar, descarga nasal, descarga ocular, diarreia, taxa
de respiração, condição podal e consistência das fezes,
que apesar da sua utilização em protocolos de avaliação
de bem-estar, são pouco referenciados em revistas
científicas.
Referem-se de forma muito sintética alguns sistemas
de avaliação de bem-estar desenvolvidos e implementados na Áustria e na Alemanha.
Indicadores comportamentais
As alterações comportamentais dos animais nas
explorações são frequentemente utilizadas como um
indicador para a avaliação do bem-estar animal. Por isso
o conhecimento abrangente das actividades comportamentais dos animais é fundamental para a melhoria da
produção animal (Gordon, 1995). Estudos recentes
indicam que interacções negativas homem-animal
poderão influenciar negativamente a produção das
vacas leiteiras (Rushen et al., 1999; Breuer et al., 2000).
Atitudes negativas podem conduzir a interacções
agonísticas, medo, desregulação hormonal e stress com
reacções nefastas sobre a produção, bem-estar e dificuldades no maneio animal, aumentando o risco de
lesões para os animais. Por outro lado, a manipulação
dos animais de uma forma tranquila permite aumentar
o seu desempenho reprodutivo e de produção de leite.
Os métodos experimentais de avaliação comportamental, como a observação directa e a análise de
Cerqueira JL et al.
gravações em vídeo, têm evoluído nos últimos anos
permitindo progressos neste domínio. Os primeiros
têm alguns inconvenientes, sobretudo devido à interferência humana; os segundos são métodos demorados e
que exigem mão-de-obra especializada. Muller e
Schrader (2003) desenvolveram um método de
gravação automática da actividade comportamental de
vacas leiteiras que consiste num sistema de vigilância
mediante dispositivos electrónicos fixados aos membros
dos animais. Este método pode medir objectivamente
a actividade comportamental e monitorizar os movimentos e períodos de repouso e actividade dos animais,
sem restrição à liberdade de circulação dos mesmos.
São diversos os factores de incerteza associados às
observações feitas com estes métodos.
Em ambientes mais complexos, como a estabulação
livre ou em sistemas de pastoreio pode tornar-se difícil
observar a actividade ininterruptamente durante vários
dias. Caso estejam envolvidos mais do que um observador, poderão surgir problemas adicionais com as
interpretações dos diferentes operadores (Martin e
Bateson, 1993; Schwarz et al., 2002). A consistência
do observador também pode variar devido a factores
como distracções por motivos específicos. Acresce
ainda a possível perturbação do investigador durante a
observação ou análise (Martin e Bateson, 1993).
Por último, a observação directa pode influenciar o
comportamento dos animais ao serem observados
(Gordon, 1995).
A avaliação da relação homem-animal é uma componente muito importante para o conhecimento do
bem-estar nas explorações de vacas leiteiras (Rousing
e Waiblinger, 2004). Para estes autores a realização
dos testes de abordagem voluntária e forçada do
animal para a sua avaliação é importante. A distância
de evasão dos animais, por exemplo, poderá reflectir o
nível de relacionamento homem-animal. Embora os
testes de abordagem sejam muito influenciados por
factores externos, a sua inclusão deve ser equacionada
nos estudos de comportamento (Waiblinger et al.,
2003).
Teste de abordagem voluntária do animal
Consiste na avaliação da motivação do animal para
explorar um humano, devendo ser executado pela
manhã, cerca de uma hora após a distribuição do alimento. Determina-se uma área de ensaio no sistema
de alojamento livre com cubículos, posicionada de
forma central e amplamente visível em relação à zona
de alimentação e a uma distância mínima de 10 m dos
bebedouros. Procede-se à medição com fita e marcação a giz, serradura ou palha moída, de uma zona de
2,5 m de diâmetro, no centro da qual fica localizado
o operador durante o teste (centro do teste).
Aproximadamente 5 minutos após a conclusão da
marcação da área de ensaio, o operador caminha lentamente para o centro da área de teste e coloca-se de
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costas para os cubículos, permanecendo parado
durante 15 minutos e o teste inicia-se imediatamente.
Regista-se o número de vacas em pé na zona de 2,5 m
e são assinalados os animais que efectuam a primeira
travessia da zona bem como os possíveis contactos
com o operador.
Teste de abordagem forçada do animal
Baseia-se na avaliação da reacção do animal, ao
teste de aproximação de uma pessoa, numa amostra
aleatória de vacas em sistema de estabulação livre. A
pessoa aproxima-se da vaca de uma forma pacífica,
abordando o animal pela frente, caminhando lentamente (aproximadamente um passo por segundo),
olhando para a vaca, mas sem fixar os olhos e
mantendo braços e mãos junto ao corpo. O operador
deve permitir que as vacas o visualizem antes da
aproximação individual a cada animal. À distância
aproximada de 1 m da vaca, o operador estende
lentamente a mão e passados cerca de 10 segundos
tenta tocar no seu pescoço. O teste termina quando a
vaca se afasta do operador, dando passos bem
definidos.
As respostas deste teste são classificadas em cinco
categorias, a partir do momento de retirada da vaca,
em relação à distância da pessoa ou à aceitação (sem
fugas), da seguinte forma:
Categoria 1 - A vaca evita a pessoa a uma distância
superior a 2 m;
Categoria 2 - A vaca retira-se a uma distância entre
1,5 a 2 m;
Categoria 3 - A vaca retira-se a uma distância
inferior a 1,5 m e evita a pessoa quando esta estende a
mão, após estar imobilizada a cerca de 1 m;
Categoria 4 - A vaca aceitou o teste da pessoa ao
esticar a mão, mas evitou ser tocada;
Categoria 5 - A vaca aceitou ser tocada pela pessoa.
Teste de comportamento na sala de ordenha
As vacas leiteiras são geralmente manipuladas
através de rotinas diárias, sendo a ordenha uma das
mais importantes, que se realiza duas ou três vezes
ao dia. Esta rotina é um factor importante para o
bem-estar das vacas, uma vez que o seu comportamento é ajustado às preferências de cada animal
(Arave e Albright, 1981). A escolha de um dos lados
da sala de ordenha é um factor valorizado por alguns
animais, pois existem alguns estudos evidenciando
que as vacas eram consistentes na opção, por isso têm
uma clara preferência lateral (25,8% das vacas)
(Hopster et al., 1998). No entanto Costa e Broom
(2001), não encontraram evidências de desconforto,
inclusive nas vacas que evidenciavam alta consistência
de preferência lateral. As vacas normalmente identificam as pessoas individualmente na ordenha e o medo
perante estranhos presentes no local, poderá aumentar
substancialmente o leite residual e reduzir a produção
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final de leite nessa ordenha (Rushen et al., 1999).
Segundo Rousing et al. (2006) os animais na ordenha
são avaliados em dois momentos distintos. O primeiro
relaciona-se com a abordagem à máquina de ordenha
(convencional ou automática), sendo atribuída a
pontuação 1 para os animais que entram normalmente
no equipamento e 2 para os que efectuam uma
paragem no momento do ingresso à ordenha. O segundo prende-se com a existência de passos e/ou coices
durante a ordenha. Os passos são definidos como a
deslocação suave dos membros mantendo-se contudo
numa posição vertical; os coices são definidos como
sendo o movimento violento dos membros e sua
elevação, muitas vezes dirigidos para a frente. Estes
dois eventos são avaliados separadamente classificando-se do seguinte modo:
Classe 1 – Nenhuma ocorrência durante a ordenha;
Classe 2 – Uma ocorrência por ordenha;
Classe 3 – Duas ou mais ocorrências durante a
ordenha.
Para além desta avaliação poderá ser oportuno ainda
o registo de outras ocorrências como, coices por nos
componentes da ordenha, cauda presa, tentativa de
fuga do animal e a defecação.
As respostas fisiológicas e comportamentais de
vacas leiteiras, tanto em sistema de ordenha automática como convencional foram relativamente baixas e
típicas para o padrão da espécie, sendo ambos os
sistemas igualmente aceitáveis no que se refere à
observância dos requisitos de bem-estar animal
(Hopster et al., 2002). Contudo a frequência de passos
na ordenha automática foi significativamente superior
à convencional (Wenzel et al., 2003). Num estudo de
comportamento durante a ordenha, em ambiente
familiar e não familiar, Rushen et al. (2001) verificaram que as vacas efectuam menos passos e exibem
mais coices em situação familiar, pois em geral tal
como descrito por Rousing et al. (2004) o comportamento de passos e coices é realizado por vacas não
temerosas e/ou confiantes. Além disso, em unidades
automáticas as vacas escoiceiam principalmente no
final da ordenha, provavelmente pelo desconforto,
devido ao baixo fluxo de leite e pressão do sistema de
vácuo.
O comportamento de passos durante a ordenha foi
associado positivamente à produção diária de leite. As
vacas com lesões nos tetos foram mais propensas a
coices durante a ordenha, devido a dor e desconforto,
especialmente nas que toleravam o contacto no teste
de abordagem humana. Não foi encontrada relação
entre claudicação ou outros sinais de distúrbios nos
membros e propensão para coices ou comportamentos
anormais durante a ordenha (Rousing et al., 2004).
Este teste pode revelar-se muito útil, como ferramenta de avaliação do bem-estar ao nível da saúde do
úbere, técnicas de ordenha, lesões na pele e qualidade
das rotinas de maneio em efectivos leiteiros.
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Ascensão do animal e posturas
O tipo de estabulação influencia o comportamento
das vacas em descanso. O tempo médio de repouso e
a frequência com que cada animal se deita é influenciado pelo tipo de dieta, pela hierarquia social, pela
estrutura do cubículo, incluindo o tipo de piso, entre
outros factores associados (Dechamps et al., 1989).
Segundo Krohn e Munksgaard (1993), o tempo que as
vacas se mantêm deitadas é geralmente de 8 a 14
horas, durante períodos de observação dos animais de
15 a 25 horas. A duração de cada período varia, de
apenas alguns minutos (perturbação dos animais), até
mais de 3 horas. Neste domínio o teste de ascensão
tornou-se muito popular.
No teste de ascensão desenvolvido por Chaplin e
Munksgaard (2001), as vacas são observadas individualmente, ao amanhecer previamente à limpeza dos
alojamentos. Consiste em encorajar os animais a levantarem-se dos cubículos, sendo atribuída pontuação
de acordo com a seguinte descrição:
1. Movimento suave e fluído com sequência normal
de posturas;
2. Pequena pausa nos joelhos com sequência normal
de posturas;
3. Longa pausa nos joelhos com sequência normal
de posturas;
4. Longa pausa nos joelhos e/ou alguma dificuldade
em levantar-se, tal como embaraçosa torção da cabeça
e do pescoço, mas com sequência normal de posturas;
5. Ascensão anormal, desviando-se da sequência
normal de posturas, tal como levantar primeiro os membros anteriores ou simplesmente recusa levantar-se.
A sequência normal de posturas no momento em
que o animal está deitado e se levanta é descrita e
ilustrada (Tabela 1), devendo ser tido em conta para
avaliação deste parâmetro.
Existe ainda uma versão simplificada deste teste,
em que o observador se posiciona posteriormente à
vaca deitada no cubículo, sendo esta incentivada a levantar-se através de simples estímulo oral do operador
e seguidamente por um ou mais toques suaves na parte
posterior do animal. Assim o nível de encorajamento é
classificado da seguinte forma:
Baixo – Sem encorajamento ou apenas um toque na
parte posterior;
Médio – Encorajamento de voz e 2 a 3 toques na
parte posterior;
Alto – Encorajamento de voz e mais do que 3 toques
na parte posterior.
Dificuldades dos animais no deitar e levantar podem
provocar lesões, desconforto e descanso insuficiente,
sendo importante a realização deste teste nas explorações numa amostra representativa de vacas.
Comportamento social
O comportamento social é considerado um factor de
extrema importância no bem-estar em sistema de
Cerqueira JL et al.
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Tabela 1 – . Sequência normal de posturas quando uma vaca está deitada e se levanta
Descrição da sequência de posturas dos bovinos em ascensão
Ilustração
A região do esterno começa a elevar-se sobre o piso
Alongamento da cabeça e pescoço para a frente com flancos sobre o piso
Peso do animal sobre os joelhos e quartelas distendidas
Membros posteriores estirados
Permanece equilibrada com as quatro patas no chão
Fonte: Adaptado de Mattiello et al. (2005)
estabulação livre para bovinos de leite (Bouissou et
al., 2001). O sistema de cubículos, correctamente
dimensionado permite aos animais expressar uma
variedade de comportamentos naturais incluindo a
locomoção, com implicações positivas no ambiente
social entre animais. A relação social pacífica no efectivo leiteiro pode ter um efeito positivo e benéfico na
redução de episódios promotores de agitação e de
instabilidade para as vacas, no entanto o risco de
agressão e perturbação social pode ocorrer, provocado
por animais mais combativos. Em grupos dinâmicos é
frequente o aparecimento de interacções agressivas
que levam à instituição e manutenção da ordem social
hierárquica. Além disso a competição por recursos
(alimento, água e áreas de repouso), agravada no caso
de estábulos mal concebidos, é um importante factor
de perturbação, gerando comportamentos agressivos e
instabilidade social no efectivo leiteiro.
Em sistemas de estabulação livre para vacas leiteiras
é prática comum proceder-se à descorna, prevenindo
comportamentos agonísticos entre indivíduos, a ocorrência de lesões na pele, facilitando o maneio e transporte dos animais e reduzindo a probabilidade de
lesões dos tratadores. Com a descorna as distâncias
individuais entre animais diminuem, o que exerce um
grande efeito sobre a ordem social dentro do efectivo
leiteiro, pois um maior espaço por vaca traduz-se na
redução da frequência de comportamentos agonísticos
e associados a ocorrência de lesões. A integração de
animais jovens nos efectivos leiteiros de adultos é
outro factor potencial de stress e lesões. Verificou-se
que, nas explorações onde o criador tinha os animais
por lotes de diferentes idades, monitorizando devidamente as integrações, a frequência de lesões foi menor
do que nos efectivos leiteiros em que as vacas mais
jovens foram integradas sem qualquer medida adicional (Menke et al., 1999).
Keyserlingk et al. (2008), afirmam que o reagrupamento é prática comum no maneio de explorações
leiteiras. Estes autores ao analisarem o efeito do reagrupamento na alimentação, no comportamento social
e na produção de leite, comparando o desempenho dos
animais três dias antes do reagrupamento, constataram
que as vacas despenderam, aproximadamente menos
15 minutos na alimentação e abandonaram em média
25 vezes mais frequentemente a área de alimentação.
O número de vezes que os animais se deitaram
diminuiu de 12,2±0,9 para 10,5±0,9 e o tempo que
permaneceram deitados no cubículo mostrou uma
tendência semelhante. A produção de leite passou de
43,4±1,5 kg para 39,7±1,5 kg e manteve esta quebra
nos dias seguintes.
Wemelsfelder et al. (2001) sugerem a utilização da
metodologia experimental "Free Choice Profiling"
(FCP), para a avaliação qualitativa do comportamento,
que reflecte o nível de organização do animal, permitindo interpretar as medidas comportamentais e
fisiológicas do bem-estar global do indivíduo.
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Cerqueira JL et al.
A qualidade da relação homem-animal parece ter
uma nítida influência sobre o comportamento social
de vacas leiteiras. Um contacto próximo entre criador
e animais, com uma situação pessoal estável contribui
positivamente para um apropriado comportamento
social do efectivo leiteiro (Waiblinger et al., 2003).
Indicadores de saúde
A doença pode ser considerada como um importante
indicador de bem-estar, porque em muitos casos pressupõe-se estar associada a experiências negativas,
como a dor, desconforto ou stress. Os distúrbios que
têm maior impacto sobre o bem-estar são processos
que causam sofrimento a longo prazo em condições
que envolvem dor crónica progressiva. Para além
disso, as doenças de natureza multifactorial, sempre
com importante componente ambiental, aparecem
como resultado do efeito de factores cuja incidência
sobre o animal provoca stress, por isso o aparecimento dessas alterações morfológicas ou doenças é, ele
mesmo, um efeito de factores stressantes repetidos.
Um indicador na avaliação de bem-estar ao nível da
exploração poderá centrar-se na prevalência e intensidade de alguns problemas de sanidade do efectivo
leiteiro e outros casos críticos podem ser incluídos
(por exemplo, animais abatidos ou refugados).
A estabulação livre combinada com o exercício
regular dos animais no exterior, foi significativamente
associada a melhor sanidade e bem-estar. O exercício
regular revelou-se igualmente benéfico para vacas mantidas em estabulação presa relativamente à claudicação
e lesões dos tetos. Além do sistema de estabulação, o
maneio adequado dos animais constitui um factor
essencial na influência do estado de saúde e de bemestar das vacas leiteiras (Regula et al., 2004).
Analisamos nesta revisão indicadores incidindo sobre
quatro aspectos relevantes de saúde: condição corporal,
claudicação, higiene dos animais e lesões dos tetos.
Condição corporal
A avaliação da Condição Corporal (CC) é um meio
muito útil para a determinação do estado de gordura
corporal em vacas de leite (Edmonson et al., 1989;
Waltner et al., 1993) e a variação da CC é essencial
para estimar o balanço energético (Otto et al., 1991;
Ferguson et al., 1994; Komaragiri e Erdman, 1997).
Condição corporal excessiva é reconhecida como
factor de risco para a saúde, com influência no
consumo de alimento, no desempenho reprodutivo e
na produção de leite. De igual forma baixa CC tem
sido associada a uma fraca performance reprodutiva
acompanhada de diminuição na produção de leite
(Garnsworthy e Topps, 1982; Gearhart et al., 1990;
Domecq et al., 1997). Consequentemente a CC tem
merecido especial atenção como ferramenta de auxílio
no maneio alimentar de efectivos leiteiros (Waltner et
al., 1993).
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Os animais são classificados com base numa escala
de cinco pontos, de acordo com o estado de gordura
das zonas lombar e pélvica da vaca. Vacas muito
magras são pontuadas com 1, vacas magras com 2,
vacas médias com 3, vacas gordas com 4 e vacas obesas com 5 (Wildman et al., 1982). Vários utilizadores
têm apurado a escala unitária, utilizando meio ponto
(0,5) e quarto de ponto (0,25) com a finalidade de
alcançar maior precisão nas alterações de gordura
corporal (Edmonson et al., 1989, Otto et al., 1991,
Waltner et al., 1993). No entanto esse grau de especificidade torna-se mais difícil de aplicar para pontuações inferiores a 2 e superiores a 4 (Ferguson et al.,
1994).
A CC é atribuída à vaca com base na cobertura do
tecido ósseo e nas proeminências observadas nas
regiões do dorso, lombo, garupa e pélvis. Regiões
de observação específica incluem os processos
espinhosos e transversos das vértebras lombares, as
tuberosidades ilíacas e isquiáticas, a região sacra e
coccígea, ventralmente o trocanter maior do fémur,
em que o tecido de cobertura pode ser estimado
através de palpação, inspecção visual ou ambas
(Edmonson et al., 1989; Ferguson et al., 1994).
Um sistema de pontuação deve ser simples, replicável e fácil de transmitir aos técnicos e criadores, pois as
mudanças na gordura corporal, não são independentes
mas ocorrem de forma coordenada em todo o organismo, sendo imprescindível distinguir cada característica
de CC, facilitando a formação de avaliadores na
perspectiva de melhorar a repetibilidade e reprodutibilidade do teste (Ferguson et al., 1994).
Uma amostragem de 30% dos animais do efectivo
leiteiro é suficiente para estimar a média da sua CC,
podendo ser avaliada por especialistas, sem necessidade de deslocação à exploração (Ferguson et al.,
2006).
A escala de 5 pontos repartida em centesimais de
0,25 da unidade, descrita por Ferguson et al. (1994) é
aparentemente a utilizada pela maioria dos classificadores (Tabela 2).
Índice de claudicação
A claudicação constitui actualmente um dos
problemas de saúde, económicos e de bem-estar mais
importantes nas explorações leiteiras. É um grave
problema das vacas leiteiras, pelo impacto negativo na
redução da produção como no conforto animal (Green
et al., 2002; Whay, 2002; Espejo et al., 2006; Ettema
e Ostergaard, 2006; Thomsen et al., 2008) e contribui
também para a diminuição da eficiência reprodutiva,
causando perdas económicas (Lucey et al., 1986;
Sprecher et al., 1997). A taxa de incidência anual de
claudicação varia entre 4 a 56% em vacas adultas, em
função da exploração, do local e do ano do estudo
(Booth et al., 2004).
As vacas clinicamente afectadas nas úngulas
Cerqueira JL et al.
RPCV (2011) 106 (577-580) 5-19
Tabela 2 – Pontuação de condição corporal baseada na forma das regiões corporais
Região
do corpo
Ângulo
da garupa
Pontuação de Condição Corporal (CC)
2,00
2,25
2,50
2,75
3,00
V
Tuberosidade
iliaca
angular
Tuberosidade
isquiática
angular
Processos
transversos
das vértebras
lombares
> 50 %
visíveis
Ligamento
coccígeo
visível
Ligamento
do sacro
visível
3,25
3,50
3,75
4,00
4,25
4,50
plano
U
25 a
50%
visíveis
5,00
redondo
pouco
visível
redonda
palpável
sem
gordura
4,75
não
visível
não
visível
redonda
10 a
25%
visíveis
extremidades
não visíveis
extremidades
visíveis
pouco
visível
não
visível
pouco
visível
não
visível
Fonte: Ferguson et al. (1994)
demonstraram estros menos frequentes, intervalos
entre parto e primeira inseminação mais longos e
maior dificuldade de concepção. A taxa de concepção
é menor nos animais com problemas de claudicação e
o aumento da sua prevalência incrementa os índices de
refugo (Lucey et al., 1986; Peller et al., 1994). As
superfícies de cimento, limitações de espaço e o efeito
da nutrição dos animais na transição do período de
secagem para a lactação, foram identificados como os
principais factores responsáveis pela claudicação em
vacas leiteiras (Sprecher et al., 1995). Com o parto
estabelecem-se patologias podais influenciadas pelo
relaxamento do aparelho suspensor da terceira falange
por influência hormonal. As claudicações reduzem o
número voluntário de ordenhas por dia, principalmente
em sistemas automáticos, levando à necessidade de
uma maior intervenção humana para encaminhar os
animais para a ordenha e o mesmo acontece quando se
verificam comportamentos anormais por parte dos
ordenhadores (Grove et al., 2003; Klaas et al., 2003).
Os sistemas de estabulação e maneio diferem entre
países sendo a problemática das claudicações de
origem multifactorial. Um estudo realizado nos Países
Baixos, em 19 explorações englobando 1.450 vacas,
indicou que factores como a dieta, a presença de
pedilúvio e a realização de tratamentos podais,
estavam associados a excelentes performances de
locomoção (Amory et al., 2006). Neste estudo, as
vacas encontravam-se em estabulação livre durante o
Inverno, usufruindo da pastagem no Verão. Espejo e
Endres (2007) num estudo realizado em 50 explorações e 5.626 vacas, no Minesota, salientaram que o
tempo dispendido pelas vacas nos parques de espera,
na ordenha, o nível de conforto das instalações, a frequência de corte funcional de úngulas e o piso em
cimento influenciaram a prevalência de claudicação
no grupo de vacas de alta produção.
Já em 1966 a postura de arqueamento do lombo era
associada a lesão podal, tendo contribuído para o
desenvolvimento de novos métodos experimentais,
envolvendo a avaliação da marcha dos animais
(Sprecher et al., 1997). O sistema de pontuação da
locomoção, proposto por estes autores, incide na
postura e andamento do animal, atribuindo-se classificações distintas, em função do desempenho observado.
Os referidos autores, associam um maior grau de
claudicação a um desempenho reprodutivo inferior e a
refugo precoce.
É fundamental avaliar o estado de claudicação de
um número significativo de vacas, utilizando procedimentos simples, rápidos e fidedignos. Uma vez
concluída a avaliação de um efectivo importa identificar na exploração os factores de risco, que afectam a
incidência e prevalência de claudicação, a avaliação
do seu impacto sobre o bem-estar e a produção, bem
como uma ferramenta para a gestão da saúde no
efectivo leiteiro (Thomsen et al., 2008).
Existem diversos sistemas de pontuação da claudicação em vacas leiteiras, no entanto são muito semelhantes entre si, sendo vulgarmente mais utilizado o
sistema de Sprecher et al. (1997). Este sistema foi
avaliado cientificamente relativamente à sua repetibilidade e reprodutibilidade tendo sido documentados
bons resultados (Flower e Weary, 2006; Thomsen e
Baadsgaard, 2006; Thomsen et al., 2008). A importância da qualidade dos dados relaciona-se com uma
correcta interpretação dos resultados do próprio estudo
e pela necessidade de comparação dos resultados
inter-estudos.
Na Tabela 3 apresentam-se os índices de claudicação, assim como a classificação da marcha e seus
critérios de avaliação numa escala de 1 a 5 pontos. As
classificações 4 e 5 são tipicamente identificadas
como clinicamente claudicantes, devido à marcha
alterada dos animais. O índice 3 corresponde a um
estádio intermédio, no entanto o animal apresenta uma
11
Cerqueira JL et al.
RPCV (2011) 106 (577-580) 5-19
postura e marcha anormais. À pontuação 2 corresponde
uma claudicação muito ligeira e na 1 incluem-se os
animais com postura e marcha normais.
O índice de claudicação superior a 3 (escala de
Sprecher et al., 1997), teve um efeito depreciativo
sobre a ingestão de alimento, sobre o local ocupado
pelas vacas na manjedoura, o número de visitas diárias
ao sistema de ordenha mecânica, sobre a produção de
leite, e resultando em perdas económicas, motivadas
pelo acréscimo de trabalho com estes animais, e pela
necessidade de refugo (Bach et al., 2007).
A detecção precoce de claudicação, usando a pontuação de locomoção é vital para reduzir as perdas de
produção de leite da exploração e para a indústria, mas
principalmente para melhorar o bem-estar das vacas.
Esta deve permitir identificar as vacas na fase inicial
de claudicação, circunscrevendo e minimizando os
custos com tratamento e as perdas de produção e possibilitando a recuperação célere dos animais afectados.
Almeida et al. (2007), referem que a pontuação da
locomoção não é fiável para detecção de casos ligeiros
de claudicação em vacas leiteiras, tendo para o efeito,
realizado um estudo para avaliar um equipamento em
placa de pressão na detecção de claudicação. Algumas
novilhas demonstraram melhores aprumos (pico de
força vertical) e simetria entre membros relativamente
às mais claudicantes, possibilitando esta técnica identificar anomalias nas úngulas que não seriam sinalizadas
utilizando o índice de claudicação.
Pontuação da higiene dos animais
O grau de higiene da vaca leiteira é um importante
indicador de bem-estar (Bowell et al., 2003).
Inicialmente a pontuação de higiene dos animais foi
utilizada para avaliar o efeito do corte da cauda
(Tucker et al., 2001; Schreiner e Ruegg, 2002), na
determinação das relações entre higiene do animal e
infecções intra-mamárias subclínicas (Schreiner e
Ruegg, 2003) e para determinar o risco de contaminação microbiológica do leite (Sanaa et al., 1993).
Um elevado nível de limpeza da vaca, é indicador de
menor risco de exposição a agentes patogénicos ambientais, contribuindo para a segurança alimentar em
sistemas de garantia da qualidade (Hughes, 2001). A
maior sujidade das vacas correlaciona-se positivamente com elevada incidência de mastites (Ward et
al., 2002) e altas contagens individuais de células
somáticas (Reneau et al., 2005). A pontuação de
higiene das vacas com e sem cauda não diferiu, indicando que o seu estado de limpeza não é influenciado
pela amputação desta, contudo poderá representar um
possível benefício para o conforto do ordenhador
(Tucker et al., 2001). Ward et al. (2002), em quatro
efectivos leiteiros estudados, observaram que a menor
incidência de mastite ocorreu nas vacas mais limpas e
que dispunham de camas em melhores condições
higiénicas.
Os factores que afectam a higiene da vaca e que
Tabela 3 – Pontuação da claudicação e critérios de avaliação dos animais.
Índice de claudicação
1
Descrição da marcha
Normal
2
Irregular
3
Claudicação leve
4
Claudicação
5
Claudicação grave
Critério de avaliação
A vaca caminha normalmente. Na maioria dos casos, o lombo mantém-se
plano, tanto quando a vaca está parada como a caminhar. Sem sinais de
claudicação ou marcha irregular. Sem sinais de peso desigual entre os
membros. Sem sinais de balanceamento da cabeça quando a vaca caminha.
A vaca anda (quase) normalmente. Na maioria dos casos, o lombo mantém-se
plano quando a vaca está parada, mas arqueado ao caminhar. Sem sinais de
balanceamento da cabeça ao caminhar. A marcha pode ser um pouco irregular
e a vaca pode caminhar com passos curtos, mas não há sinais evidentes de
claudicação.
Marcha anormal com passos curtos em um ou mais membros. Na maioria dos
casos, o lombo apresenta-se arqueado, tanto quando a vaca está parada como
a caminhar. Na maioria dos casos, não há sinais de balanceamento da cabeça
ao caminhar. Na maioria dos casos, um observador não será capaz de identificar o membro afectado.
A vaca está evidentemente claudicante, em um ou mais membros. Um observador será capaz de dizer, na maioria dos casos, qual dos membros se encontra afectado. Na maioria dos casos, o lombo revela-se arqueado, tanto quando
a vaca está parada como a caminhar. Na maioria dos casos, o balanceamento
da cabeça é evidente quando caminha.
A vaca está evidentemente claudicante em um ou mais membros. É incapaz,
mostra-se relutante, ou muito reticente em suportar peso sobre o membro
afectado. Na maioria dos casos, o lombo revela-se arqueado, tanto quando a
vaca está parada como a caminhar. Na maioria dos casos, o balanceamento da
cabeça é evidente quando caminha.
Fonte: Thomsen et al. (2008), adaptado de Sprecher et al. (1997).
12
Cerqueira JL et al.
estão associados a animais conspurcados, estão
relacionados com cubículos deficientemente dimensionados (Bowell et al., 2003) e com a consistência
das fezes, em que o incremento do fluído fecal se
encontra positivamente correlacionado com animais
mais sujos (Ward et al., 2002). Estes autores referem
também que explorações com fezes mais firmes estão
associadas a animais mais limpos e que o risco de
infecção intramamária é superior em animais com
sujidade húmida relativamente a sujidade seca.
Estão documentados vários métodos de pontuação de
higiene (Hughes, 2001; Cook, 2002; Schreiner e
Ruegg, 2003; Reneau et al., 2005) que têm sido utilizados para associar a falta de higiene do úbere e regiões
limítrofes a problemas de saúde das vacas. A pontuação
da higiene na exploração, permite quantificar o grau de
sujidade e matéria fecal presente nas diferentes regiões
anatómicas e fazer uma avaliação global da limpeza do
animal (Hughes, 2001; Tucker et al., 2001; Schreiner e
Ruegg, 2002; Bowell et al., 2003; Reneau et al., 2005).
O leite do tanque de efectivos leiteiros com reduzida
contagem de células somáticas exibiu uma correlação
positiva com baixas pontuações de higiene das vacas,
associando-se a elevada qualidade do leite, com relação
mais forte para efectivos explorados no modo de
produção biológico comparativamente ao sistema
convencional (Ellis et al., 2007).
Animais com pontuação de higiene 3 e 4 foram 1,5
vezes mais susceptíveis de infecção por um agente
patogénico, do que vacas com pontuação 1 ou 2. O
estudo indicou apenas uma fraca associação entre a
pontuação de higiene das pernas e a prevalência de
microrganismos patogénicos isolados do úbere dos
animais (Schreiner e Ruegg, 2003).
Método de Cook
O método mais usado é o de Cook (2002), no qual,
o grau de contaminação da vaca é avaliado numa
escala de 1 (limpo) a 4 (muito sujo), para três regiões,
separadamente: perna, úbere, coxa e flanco. Segundo
Cook (2002) em efectivos com menos de 100 vacas
deve efectuar-se a pontuação de todos os animais, e
nas explorações maiores, pelo menos 25% das vacas.
Classificação da parte inferior das pernas:
Esta pontuação permite classificar o grau de sujidade presente nos animais e a sua distribuição na parte
inferior dos membros posteriores, mediante os
seguintes índices:
Índice 1 - pouca ou nenhuma sujidade nos membros;
Índice 2 - ligeira sujidade;
Índice 3 - são visíveis distintas manchas de esterco
nos membros, mas com pêlo visível;
Índice 4 - manchas sólidas de esterco até à parte
superior dos membros.
Classificação do úbere:
A presença visível de esterco perto dos tetos é um
factor de risco para a infecção do úbere. O procedi-
RPCV (2011) 106 (577-580) 5-19
mento consiste em observar o úbere da retaguarda e
lateralmente, recorrendo-se aos seguintes índices:
Índice 1 - o úbere encontra-se praticamente limpo;
Índice 2 - existência de alguns salpicos de esterco
no úbere e próximo dos tetos;
Índice 3 - evidência de distintas placas de esterco
sobre a metade inferior do úbere;
Índice 4 - existência de placas de esterco incrustado
no úbere e em torno dos tetos.
Classificação da coxa e flanco:
Visualizam-se as regiões da coxa e flanco do animal
e atribuem-se as seguintes pontuações:
Índice 1 - sem sujidade;
Índice 2 - ligeiros salpicos de esterco;
Índice 3 - distintas placas de esterco espalhadas pela
zona;
Índice 4 - continua placa de esterco a cobrir a zona.
Na maior parte dos casos estas zonas são contaminadas quando os animais se deitam em cubículos
sujos, em estábulos com deficiente higienização, ou
através da incrustação com esterco da base da cauda e
ao seu redor incluindo a garupa. Num estudo realizado em 58 explorações britânicas, observou-se que em
média 19% dos úberes apresentaram pontuação 3 e 4,
associados a elevado risco de infecção. Vacas em
estabulação presa têm geralmente a parte inferior das
pernas mais limpa e a coxa e flanco mais sujos comparativamente à estabulação livre. Neste sistema
existe um maior risco de conspurcação do úbere, por
intermédio da sujidade das pernas, quando a higiene
do estábulo é descurada (Cook, 2004). Ellis et al.
(2007), num ensaio de pontuação de higiene, realizado
a um número significativo de explorações leiteiras
na Inglaterra, observaram altos índices de reprodutibilidade entre operadores, revelando ser um método
funcional na avaliação do estado higiénico dos animais.
A evidência acumulada por vários trabalhos realizados em todo o mundo mostra a importância de manter
os animais tão limpos quanto possível, especialmente
as vacas de maior rendimento em início de lactação,
evitando surtos de mastites e permitindo a produção
de leite de elevada qualidade.
Lesões nos tetos
As lesões nos tetos podem ter origem traumática,
ambiental, infecciosa ou erosão química, sendo
também provocadas pelo deficiente funcionamento da
máquina de ordenha. Estas alterações na pele e nos
tecidos do canal do teto, normalmente estão associadas a elevado risco de mastite. Por outro lado, a
reduzida frequência de ordenha implica muitas vezes
a perda de leite através do canal do teto, maior tempo
de ordenha e distensão do úbere, com impactos
negativos sobre a capacidade locomotora, conforto
da vaca e a saúde do úbere.
A avaliação da qualidade do funcionamento dos
equipamentos de ordenha tem sido testada por inter13
Cerqueira JL et al.
médio da medição de parâmetros de bem-estar,
nomeadamente pela observação do comportamento
animal e pela inspecção de alterações da morfologia
dos tetos.
Derrame de leite
O derrame de leite em vacas leiteiras é um sintoma
de diminuição da função do esfíncter do teto. A fuga
de leite está relacionada com o aumento do risco de
mastite em novilhas e multíparas, provocando graves
problemas de higiene (Klaas et al., 2005). A frequência
do derrame de leite através do canal do teto é variável
entre explorações, podendo atingir valores máximos
de 36% no efectivo leiteiro (Schukken et al., 1991). A
fuga de leite também ocorreu com maior frequência
nos quartos posteriores do que nos anteriores (Persson
et al., 2003). Para as vacas que se encontram estabuladas durante a lactação, o derrame de leite possibilita
o desenvolvimento de microrganismos nas camas proporcionando um risco acrescido de incidência de mastite ambiental (Elbers et al., 1998; Waage et al., 2001),
sendo as implicações para a saúde das vacas em
pastoreio menos conhecidas. Alguns estudos têm
mostrado que, nos efectivos com elevada ocorrência
de derrame de leite, existe maior susceptibilidade para
o aparecimento de mastite clínica por Escherichia coli
(Schukken et al., 1991; Elbers et al., 1998). O sistema
de ordenha automática parece aumentar o risco de derrame de leite, possivelmente devido aos intervalos de
ordenha irregulares, pois neste sistema 62% de primíparas e 28% de multíparas derramaram leite pelo
menos uma vez (Klaas et al., 2005). Segundo estes
autores, as vacas primíparas com elevado pico de
fluxo de leite e com canal do teto profuso apresentaram
um maior risco de derrame de leite. Por outro lado,
factores como alto pico de fluxo de leite, tetos curtos
e invertidos, canal profuso e fase inicial da lactação
são propícios ao aumento do risco de derrame de leite
em vacas multíparas.
A metodologia adoptada para o estudo do derrame
de leite consiste em examinar a fuga de leite no
momento de entrada dos animais na sala de ordenha,
efectuando o seu registo (Klaas et al., 2005). Nesta, as
vacas são pontuadas positivamente, quando existe
derrame de leite de um ou mais tetos; quando os
animais são positivos na primeira observação e
negativos na segunda ou vice-versa, classificam-se
globalmente como positivos (Gleeson et al., 2007).
Hiperqueratose dos tetos
A hiperqueratose ou calosidade do teto é outro indicador de bem-estar importante. É definida pelo
aparecimento de um anel espesso no orifício do teto,
por vezes acompanhado de rugosidade. Este distúrbio
é a resposta do canal do teto a traumatismos repetidos
e altera a sua capacidade para se manter completa14
RPCV (2011) 106 (577-580) 5-19
mente fechado e impedir a infecção do úbere por
microrganismos patogénicos, dificultando ainda uma
correcta desinfecção da extremidade do teto
(Neijenhuis et al., 2000). O nível de hiperqueratose do
teto poderá estar directamente relacionado com as
condições específicas da máquina de ordenha,
nomeadamente a intensidade de vácuo durante a
ordenha e a prática de sobreordenha. Contudo factores
associados ao animal tais como, forma da extremidade, posição e comprimento do teto, assim como
produção de leite e a paridade revelaram igualmente
relação com a calosidade do teto (Bakken, 1981).
Gleeson et al. (2007) menciona que o grau de hiperqueratose aumentou com o acréscimo da produção de
leite e do tempo de ordenha e diminuiu quando as
tetinas foram removidas com um caudal de leite na
ordem de 0,8 kg/minuto, em comparação com 0,2
kg/minuto. Referiram também um aumento da hiperqueratose durante os primeiros cinco meses de
lactação com tendência para redução na fase final da
lactação.
O método universalmente utilizado para a classificação da calosidade dos tetos, foi desenvolvido por
(Neijenhuis et al., 2000) e consiste na apreciação do
tipo de calosidade e grau de severidade (Tabela 4).
Os dois sistemas de classificação, com a distinção
entre calosidade suave e rugosa são utilizados de acordo com as características dos tetos permitindo obter
uma pontuação mais rigorosa da sua condição física.
Os níveis de hiperqueratose do canal dos tetos amplificam-se nos primeiros quatro meses de lactação e a
rugosidade é visível por volta do segundo mês,
existindo ainda uma elevada correlação com o tempo
de ordenha e com a paridade, no entanto a hiperqueratose é mais precoce nas novilhas e mais frequente nas
vacas multíparas. Normalmente os tetos anteriores
apresentam maior nível de calosidade do que os
posteriores, devido à sua inferior produção de leite,
ficando expostos mais tempo aos efeitos nefastos da
sobreordenha (Neijenhuis et al., 2000).
Normalmente associado aos indicadores de derrame
de leite e de calosidade do teto é comum realizar-se a
classificação do úbere e tetos, cujas designações se
encontram descritas na tabela 5.
Para reduzir a prevalência de vacas com derrame de
leite é importante incluir este parâmetro em programas de melhoramento genético, onde a selecção de
vacas multíparas com tetos curtos e extremidade
invertida poderá ser benéfica e melhorar a performance dos efectivos leiteiros nesta disfunção (Klaas et
al., 2005). A forma dos tetos também é passível de
influenciar a hiperqueratose, pois tetos redondos e
pontiagudos têm maior risco de apresentar calosidade
e rugosidade, relativamente aos tetos com canal invertido, possivelmente pela maior exposição dos
primeiros às forças de compressão das tetinas
(Neijenhuis et al., 2000).
Cerqueira JL et al.
RPCV (2011) 106 (577-580) 5-19
Tabela 4 – Classificação dos diferentes tipos de calosidades dos tetos
Tipo
Anel de calosidade suave
Anel de calosidade rugoso
Nenhuma
N
N
Ligeira
1A
2A
Moderada
1B
2B
Espessa
1C
2C
Extrema
2D
Fonte: Adaptado de Neijenhuis et al. (2000)
Tabela 5 – Descrição dos critérios de avaliação das características dos tetos e tamanho do úbere para vacas leiteiras.
Variável
Forma do teto
Extremidade do teto
Orifício do teto
Tamanho do úbere
Nível
Curto e fino
Curto e grosso
Normal
Cónica
Grosso
Invertida
Lisa
Redonda
Pontiaguda
Normal
Profuso
Calosidade branca
Anel de calosidade áspera
Lesão aguda/tecido cicatricial
Reduzido
Pequeno
Normal
Profundo
Definição
Comprimento < 4,5 cm e diâmetro < 2 cm
Comprimento < 4,5 cm e diâmetro ≥ 2 cm
Comprimento - 4,5 a 6,5 cm, diâmetro – 2 a 3 cm
Diâmetro da extremidade do teto < diâmetro da base
Comprimento > 6,5 cm, diâmetro > 3 cm
Pouco ou claramente invertida
Plana ou levemente em placa
Pouco ou claramente redonda
Pouco ou claramente afunilada
Orifício intacto, sem lesões
Canal do teto profuso com delgado anel rosa
Anel espesso e branco com superfície lisa
Anel espesso e branco com superfície gretada
Qualquer lesão aguda ou crónica no orifício do teto
≤ a metade da distância entre curvilhão e prega do flanco
Acima do nível do curvilhão, mas ≥ metade da distância entre curvilhão
e prega flanco
Altura ao nível do curvilhão
Abaixo do nível do curvilhão
Fonte: Adaptado de Klaas et al. (2005)
Tabela 6 – Indicadores de avaliação de bem-estar em vacas leiteiras
Tipo de indicador
Comportamental
Teste
Abordagem voluntária do animal
Abordagem forçada do animal
Comportamento na sala de ordenha
Saúde
Patologias associadas
Medo e stress
Lesões nos tetos
Rousing et al.
(2006)
Chaplin e
Munksgaard
(2001)
Wemelsfelder
et al. (2001)
Ferguson et al.
(1994)
Thomsen et al.
(2008)
Postura da vaca ao levantar-se
no cubículo
Lesões nos membros
Comportamento social
Observação das interacções e
hierarquias entre animais
Avaliação da condição física
do animal
Avaliação da facilidade de
locomoção
Lesões na pele
Medo e stress
Distúrbios metabólicos
Condição corporal
Pontuação de Higiene
Derrame de leite
Hiperqueratose dos tetos
Avaliação da higiene ao nível
das pernas, úbere, coxa e flanco
Avaliação da susceptibilidade à
fuga de leite dos tetos
Autor
Waiblinger et al.
(2003).
Medo e stress
Ascensão do animal e posturas
Índice de Claudicação
Maneio
Descrição
Avaliação da motivação para
explorar um humano
Avaliação da motivação para
evitar um ser humano
Registo de comportamentos de
desconforto na sala de ordenha
(passos e coices).
Lesões nas úngulas e
membros
Mastites
Feridas na pele
Lesões nos tetos e no
esfíncter
Mastites
Calosidade dos tetos
Mastites
Avaliação de lesões nos tetos,
principalmente o tipo de
calosidade
Avaliação das dimensões e condições das instalações (cubículos e corredores)
Avaliação do maneio geral do efectivo (nutrição, sanidade e reprodução)
Cook (2002)
Klaas et al.
(2005)
Neijenhuis et al.
(2000)
Rousing et al.
(2007)
15
Cerqueira JL et al.
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Indicadores globais baseados no maneio
Considerações finais
Existem alguns sistemas globais para avaliação do
bem-estar, como o sistema TGI-35-L desenvolvido na
Áustria (Bartussek, 1999) e o TGI-200 desenvolvido
na Alemanha. Estes incidem sobre as condições ambientais, densidade animal, características dos cubículos
e maneio. O sistema Austríaco ("Animal Needs Index"
– ANI-35-L), discrimina cinco condições essenciais
de avaliação, de entre as quais se destaca o contacto
social com os membros da mesma espécie, além da
possibilidade de mobilidade, o tipo de piso, ambiente
do estábulo (ventilação, luz e ruído) e a intensidade
dos cuidados prestados pelos operadores (Bartussek,
1999).
Com estas abordagens tenta-se ultrapassar a dificuldade que existe em avaliar individualmente a enorme
diversidade de factores susceptíveis de perturbar o
bem-estar da vaca leiteira (Angus et al., 2005). Outra
motivação para o desenvolvimento de sistemas globais
tem sido a necessidade da observância das normas de
bem-estar animal; estas têm motivado muitos estudos
experimentais. Pouco métodos, contudo, têm sido
desenvolvidos para a realização de uma avaliação
global de bem-estar dos animais, em condições de
campo nas explorações.
Os sistemas Austríaco e Alemão, apesar de muito
úteis, pois apenas com uma visita à exploração, permitem o registo de todos os factores mais importantes,
apresentam limitações. Segundo Capdeville e Veissier
(2001) as medidas directas de saúde, comportamento
entre outras, realizadas nos animais, conferem uma
avaliação mais precisa do verdadeiro estado de bem-estar do que indicadores indirectos. Estes autores
desenvolveram um protocolo de avaliação de bem-estar nas explorações baseado nas cinco liberdades,
recomendando a realização de várias visitas à mesma
exploração para uma recolha de dados mais completa
e fiável. Outros autores enumeram diferentes sistemas
de medição de bem-estar, com base em diferentes
parâmetros de maneio animal, tais como Tosi et al.
(2001), Main et al. (2003), Whay et al. (2003),
Webster et al. (2004) e Angus et al. (2005). Mais
recentemente Rousing et al. (2007), referenciam a
importância das rotinas de maneio ao nível dos
cubículos e da qualidade das camas, do encabeçamento
animal na exploração, da alimentação e abeberamento
dos animais, da sanidade animal e de limpeza do
estábulo, gestão dos ciclos reprodutivos, procedimentos
de ordenha, funcionalidade das escovas higiénicas e
dos pedilúvios, condições atmosféricas do ambiente,
conduta adequada no reagrupamento e movimentação
dos animais, assim como tratamento apropriado dos
animais em caso de doença. Em sistemas de produção
com pastoreio o tempo dispendido na pastagem, a
presença de abrigos e sombra, bem como as características do estábulo e distâncias percorridas parecem
exercer um forte impacto sobre o bem-estar animal.
A utilização de indicadores comportamentais, de
saúde e maneio na avaliação de bem-estar em vacas
leiteiras é uma ferramenta muito valiosa (Tabela 6),
considerando a dificuldade da utilização de
indicadores fisiológicos e imunológicos, quer pelo
inconveniente de recolha de amostras, como pelos
custos inerentes.
Os índices de classificação de bem-estar descritos
nesta revisão são aqueles que evidenciam maior interesse de utilização para vacas leiteiras, demonstrado
por equipas de investigadores e técnicos em diferentes
países da União Europeia. O potencial dos indicadores
difere substancialmente na interpretação da condição
animal e, portanto, foram divididos em três grupos
compreendendo: (1) indicadores comportamentais
(teste de abordagem voluntária e forçada do animal,
teste de comportamento na sala de ordenha, ascensão
do animal e posturas e comportamento social); (2)
indicadores de saúde (condição corporal, índice de
claudicação, pontuação da higiene dos animais e
lesões nos tetos); (3) indicadores de maneio.
A tabela 6 apresenta uma síntese dos diferentes indicadores de comportamento e de saúde utilizados para
avaliação de bem-estar e abordados na presente
revisão, fazendo a sua descrição sintética e indicando
a relação existente com patologias das vacas leiteiras.
Tanto investigadores, como técnicos e produtores,
consideram extremamente importante a implementação de testes para inclusão em sistemas de avaliação
de bem-estar, demonstrando que a integração de
diferentes áreas de informação, desde os sistemas
de estabulação e rotinas de maneio até à saúde e
comportamento animal, são decisivos para a avaliação
de bem-estar ao nível do efectivo leiteiro.
16
Agradecimentos
Este trabalho foi realizado no âmbito de uma bolsa
mista de doutoramento da FCT, em parceria com o
Centro de Investigação Foulum da Faculdade de
Ciências Agrárias da Universidade de Aarhus na
Dinamarca, cujo apoio os autores agradecem.
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