Gab. Senador Eduardo Suplicy
Requerimento
Requeiro nos termos dos artigos 218, inciso VII e 221 do Regimento
Interno do Senado Federal inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento,
dia 18 do corrente, do ator Raul Cortez, bem como apresentação de
condolências às suas filhas Ligia e Maria e às netas Vitória e Clara.
Justificativa
Cai o pano. A dramaturgia brasileira está de luto. Perdeu um de seus
maiores nomes dos últimos tempos, Raul Cortez um ator cujo legado lembrará
alguém que viveu para festejar uma vida de personagens . Vítima de um
câncer na região abdominal o ator morreu no último dia 18, aos 73 anos, no
hospital Sírio-Libanês, na Bela Vista, em São Paulo. Ele estava internado
desde o dia 30 de junho. Seu último trabalho foi na minissérie “JK” da Tv
Globo.
Raul Cortez nasceu na cidade de São Paulo em 28 de agosto de 1932.
Ele tinha uma extensa carreira na TV, no cinema e no teatro. Ator querido por
Benedito Ruy Barbosa, participou de diversas tramas do autor como
Esperança, em 2002, Terra Nostra em 1999 e O Rei do Gado em 1996.
No teatro, Cortez trabalhou com alguns dos principais diretores, como
Zé Celso Martinez, do Teatro Oficina, Antunes Filho, Ziembinski e Oduvaldo
Viana Filho. Em 1963, ganhava o Prêmio APCA (Associação Paulista dos
Críticos de Arte) de Melhor Ator Coadjuvante pela peça Os Pequenos
Burgueses, dirigida por Zé Celso.
Mais recentemente, Cortez chamou a atenção ao montar duas peças do
dramaturgo contestador Mário Bortolotto, Fica Frio - Uma Road Peça e À MeiaNoite um Solo de Sax em Minha Cabeça.
Não se achava bonito. Mas sim um sedutor. Um homem de charme que
fez história no teatro, cinema e televisão. Raul Cortez fez da vida uma história
de palco. Ao longo da vida, entrou no corpo de mais de uma centena de
personagens.
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Gab. Senador Eduardo Suplicy
Em jovem chegou a estudar direito. Mas um encontro com o teatro
brasileiro de comédia mudou-lhe as voltas ao destino. O pai não queria um filho
actor. O filho venceu as teimosias do pai e tudo fez para ser ator.
As primeiras experiências no palco foram para esquecer, com o
nervosismo a falar mais alto. Ainda na década de 50 estreia no cinema. Mas é
na televisão que o ator se revelou. A fama começa com as telenovelas
brasileiras.
Ficam guardados nos arquivos da Globo e na memória de milhões de
pessoas em todo o Mundo os papéis em novelas como "Água Viva", "Baila
Comigo", "Brega e Chique", "Mandala", "Rainha da Sucata", "Rei do Gado",
"Terra Nostra" e "Esperança". Uma das personagens mais marcantes foi a de
Jeremias Berdinazzi, um imigrante italiano na novela "Rei do Gado". O último
papel foi o de Barão do Bonsucesso, em "Senhora do Destino".
Irreverente, nunca deixou de surpreender, e não foi como muita surpresa
que os brasileiros o viram enganar a doença, quando surge a desfilar, em
Junho do ano passado, numa semana de moda em São Paulo. Porque a moda
também é palco.
A um ano de completar 50 de carreira, disse na última entrevista que ia
festejar esta vida de personagens. Mas também queria ser festejado.
Nas últimas palavras que ficam, disse não gostar que o tratassem por
senhor. Raul Cortez deixa em entrelinhas que amou menos do que gostaria.
Mas não morre sozinho. Duas filhas, uma última companheira que nunca quis
revelar o nome e para sempre o palco que o acompanhou em vida.
Sala das Sessões, em 21 de junho de 2006.
Senador Eduardo Matarazzo Suplicy
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