Composições Narrativas
Anedotas
Um casal de namorados, namurabum-se já quase há dois anos e acuntece que diz eles
assim:
- Bem, agora que estamos a namorar já quase há dois anos, bamos resolber casar.
E diz a namorada assim:
- Ah, primeiro temos que falar co’ os nossos pais!
- ‘tá bem, bamos falar co’os pais.
Foram falar com os pais, combinaram o casamento. Casaram-se.
Quando foi na boda, no fim da boda, foram quinze dias gozar lua-de-mel.
No regresso da lua-de-mel de quinze dias, a rapariga foi parar ao Hospital e o marido foi
p’r’ó Cemitério.
E agora diz a menina assim, porquê?
Porque ela era enfermeira e ele era cobeiro.
Armando Machado Brito – 69 Anos – Bertelo
Folder A – 2
Composições Narrativas
Histórias Jocosas
Ela tocaba biolino e ele tocaba biolão…
Uma altura, eu tinha uma amiga, que era muito minha amiga, só a mim é que me
contaba os segredos, e eu sabia que ela que se ia casar. Mas tebe um namorado antigo e,
pronto, perdeu a virgindade com ele. Depois arranjou um marido e num lhe queria, num lhe
queria dizer, num lhe queria dizer.
Então o marido, quando se casou, foram para a cama, iam-se deitar, e ela num queria
ir, tinha medo. E depois ela tocaba biolino, e ele tocava biolão, já há muito tempo, e ela disselhe:
- Então bamos, antes de ir para a cama, fazer uma serenata.
E então ela foi e começou a tocar biolino, e no biolino cantaba assim:
- Já não tenho virgo, já não tenho não…
E o marido, que tocaba biolão, oubiu aquilo e dizia assim:
- Ó que puta, ó que puta, antão…
Ó que puta, ó que puta, antão…
Quando tal, puseram tanta vez aquilo a tocar, encheram-se, no fim ele disse assim:
- Olha, quer tenhas ou não, o trabalho já não no levo tanto. Bamos lá a isso.
E lá foram. Pronto. Acabou a história.
Maria Natália Gomes da Silva, 62 anos, Bertelo
Um indibíduo tinha um papagaio à porta. E chamaba-se Manuel.
E o papagaio começou “Eu bi o cu ó Manel, eu bi o cu ó Manel.”
Diz o dono do papagaio assim:
- Oube lá, se boltas a dizer uma coisa dessas, eu bou-me a ti, depeno-te todo, ficas todo
depenadinho!
O papagaio esqueceu essa.
Passaba lá uma senhora que ia p’ ó trabalho todos os dias de manhã e o papagaio
começou-se a meter co’ ela.
- Olha lá bai ela toda emproada, de dia bai p’ó trabalho e de noite bai p’á noitada.
No segundo dia a mesma coisa, lá bai ela toda emproada, de dia bai p’ ó trabalho e de
noite bai p’á noitada.
O que é que ela resolbeu? Resolbeu a contar ao marido. Chegou a casa:
- Oh homem, olha que o papagaio dali do bizinho, do Manel, está-me a probocar.
- Então o que é que se passa?
- Que de dia bou p’ó trabalho e de noite bou p’ a noitada.
-Ah! Então espera lá que eu já lhe trato da saúde! Vou-lhe trocer o pescoço!
Lá bai ele, bou pôr uma piruca na cabeça, bou-me pintar todo, bou bestir a tua roupa,
bou calçar os teus sapatos. Bais ber que eu bou-lhe trocer o pescoço.
Lá bai ele, preparou-se todo, todo pintado. Lá bai ele pela rua fora, a passar perto do
papagaio.
Diz o papagaio assim:
- Ena, ena, lá bai ele todo gaiteiro, durante a semana é corno ao sábado é paneleiro!
Armando Machado Brito – 69 Anos – Bertelo
Folder A – 3
Uma senhora tinha 3 filhas, e era biúba. A mais belha resolbeu casar-se.
Diz a mãe assim, fez o casamento à filha e diz-lhe a mãe no outro dia assim:
- Oh filha, que tal aquela coisinha?
- Oh mãe, é comprida, mas é delgadinha.
-Oh filha, afunda, mas não é larga.
Aquilo passou-se. Resolbeu casar a do meio.
No outro dia do casamento, diz a mãe assim:
- Oh filha, e que tal aquela coisinha?
- Oh mãe, curtinha, mas grossa.
- Oh filha, alarga, mas não afunda.
Quando resolbeu casar a mais noba, lá fez o casamento, e no outro dia diz a mãe assim:
- Oh filha, que tal aquela coisinha?
- Oh mãe, comprida e grossa!
- Oh filha, que rica coisa para a tua mãezinha!
Armando Machado Brito – 69 Anos – Bertelo
Folder A – 4
Um namorado, já namoraba a rapariga há uns dias e ele, ele queria ir dançar lá p’o
conjunto. Queria ir dançar e diz assim:
- Não, não posso ir dançar, que a minha mãe disse-me que me pode cair a passarinha.
- Não, isso não pode ser possíbel.
- A minha mãe disse que não posso dançare!...
- Pronto… Mas nós fazemos bem. Vamos ali a um recanto, eu dou-te dois pontos e
depois tu já podes dançar.
- ‘tá bem, pronto.
Lá foi dar os dois pontos e diz ela ó fim:
- Olha, dá outros dois.
- Não, que já não tenho mais linhas…
Lá foi p’ra casa. A filha chegou a casa:
- Oh mãe, agora já posso dançare.
- Proquê, minha filha?
- Eu contei ao meu namorado e ele deu-me dois pontos, eu ainda pedi outros dois, mas
ele disse que não tinha mais linhas, mas eu meti assim a mão pro baixo e ainda encontrei dois
novelos.
Armando Machado Brito – 69 Anos – Bertelo
Folder A – 5
Dois miúdos, dois irmãos, o miudito era mais belho e a miudita era mais nova. Andavam
a brincar no quintal, a mãe lá estaba a fazer a lida de casa, olha da janela, vê-os todos
surrados, todos cheios de pó, de terra, do quintal.
-Ah, seus patifes, ah, seus macacos, já p’rá banheira os dois! Toca a tirar a roupa e já
p’r’á banheira.
Lá vão os miúdos por ali acima, toca a despir-se, banheira…
A miúda começou a olhar p’ ó irmão e olhou assim, biu-lhe a pilinha, começou a olhar
p’ ó irmão e olhaba por ela abaixo e não via nada e diz ela:
- Oh mãe! Oh mãe!
- Que é filha?
- Anda cá!
- O que é que foi? – A mãe lá foi.
- O que é que aconteceu?
- O mano que tem ali no meio das pernas?
- É uma pilinha!
- Eu também queria uma pilinha, também quero uma pilinha.
Diz-lhe a mãe assim:
- Não te incomodes filha, quando fores grande e se te portares bem… também vais ter
uma.
Diz-lhe o irmão assim:
- E se te portares mal, tu vais ter muitas…
Armando Machado Brito – 69 Anos – Bertelo
Folder A – 7
Uma ocasião, dois irmãos, um era mais pacato, mais honesto, mais coiso, não era tão
asneirento, nem nada. O outro era mais rebelde.
E o que era mais pacato resolver casar-se. Diz ele assim p’ó irmão:
- Ouve lá, eu vou-me casar e tu também vais ó casamento, mas eu quero que tu no dia da
boda não faças p’ra lá distúrbios. Vão p’ra lá pessoas de bem, pessoas agradábeis, não vais
sujar a minha imagem.
- Não, nem penses numa coisa dessas, s’ eu ia fazer uma coisa dessas.
Foram à igreja, fizeram o casamento, quando foi p’r’á boda lá vão lavar as mãos para
poder comer e ele tinha mais uma senhora junto com ele à bacia para lavar as mãos, diz ele
assim:
- Ai que mãos tão lindas, tão delicadas, tão branquinhas!...
Diz ela assim:
- Pois é, porque eu uso luvas.
- Olhe, minha senhora, não é nada disso, qu’eu também uso cuecas e tenh’ os colhões
pretos.
Armando Machado Brito – 69 Anos – Bertelo
Folder A – 9
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