Sexta-feira, 16.09.11
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1. Parcerias
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Jornal O Popular - 16.09.11
Educação superior
Projeto muda estrutura da UEG
Entre as propostas estão a criação de cursos tecnológicos e extinção e transferência de
outros entre unidades
Almiro Marcos
Cursos extintos e transferidos entre unidades. Criação de cursos tecnológicos e de
novos cursos como Medicina. Mudança no perfil de várias unidades. Aumento do
controle e da fiscalização dos gastos. Se forem colocadas de fato em prática, as
alterações propostas por um relatório, ao qual O POPULAR teve acesso em primeira
mão, vão mudar a cara a instituição. O motivo para tanta movimentação, conforme o
governo de Goiás, é mudar a situação da universidade, que figura hoje entre as piores
do País. Para entrar em vigor, a proposta tem de ser aprovada pelos Conselhos
Universitário e Estadual de Educação.
Antes mesmo de qualquer implementação, as propostas do relatório devem gerar
muita polêmica e reações da comunidade universitária. A primeira resposta já veio
ontem à noite. Dos 43 diretores, apenas 9 foram à apresentação do relatório. O reitor
Luiz Antônio Arantes, contrário às mudanças propostas, também não apareceu.
Mais de 20 mil alunos, quase 2,5 mil professores, quase 1,5 mil servidores e uma
montanha de problemas. No rol de dificuldades constam unidades mal estruturadas
(do ponto de vista de recursos humanos, físico e de material). Assim é a UEG . "Ela
está desarticulada. Se ela estivesse em uma boa situação, não existiria a necessidade
de mudança. Ela hoje está entre as cinco piores do Brasil de acordo com o Ministério
da Educação ( MEC ). Precisamos que ela volte a cumprir o seu papel no
desenvolvimento do Estado", discursa o titular da Secretaria de Estado da Ciência e
Tecnologia (Sectec), Mauro Faiad, pasta à qual a UEG é jurisdicionada.
O secretário tem em mãos o relatório elaborado ao longo de cinco meses por uma
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comissão composta por técnicos da secretaria, da UEG e de outras áreas do Estado. Os
técnicos reviraram documentos, visitaram unidades e concluíram com uma série de
sugestões que mexem com a autonomia (seguindo critério acadêmico) e chegam à
reestruturação total da universidade.
Mudanças de ordem prática são a extinção de seis cursos (Pedagogia em Crixás,
Itaberaí e Luziânia; História e Letras em Jussara; e Tecnologia em Redes de
Computadores, em Trindade) e a transferência de outros 24 entre as unidades (ver
detalhes em quadro acima) . As mudanças só passam a valer após a formação do
último aluno, segundo a comissão, para não gerar nenhum tipo de transtorno.
"Os cursos que estão sendo extintos foram importantes em um determinado momento.
Mas hoje, a situação mudou. Estaremos encerrando as atividades de uns, mas
sugerindo a criação de outros e a transferência para outros locais. Seguimos os
critérios do perfil de cada região para a indicação dos cursos", argumenta a vice-reitora
Eliana França, presidente da comissão que elaborou o relatório.
Mas o relatório mostra que foram mantidos cursos que, aparentemente, não se
enquadram no perfil do município. É o caso de Matemática em Jussara, um município
com perfil agropecuário. Enquanto mantém o curso da área de exatas, o documento
sugere que a unidade deve receber cursos superiores tecnológicos nas áreas de
pecuária de corte e produção de alimentos.
Outro fato sem esclarecimento é o fim do curso de Tecnologia em Redes de
Computadores em Trindade e a manutenção do mesmo em Crixás. O primeiro
município fica na região metropolitana e, o segundo, na Região Norte. O perfil de
Trindade é mais diversificado, por estar numa região mais povoada, e o de Crixás está
relacionado com mineração e pecuária.
A ideia é também melhorar a estrutura física da universidade, com a construção de
novos prédios, como laboratórios, bibliotecas e até restaurantes universitários, coisa
que até hoje não existe na UEG. Já está em elaboração uma parceria com a
Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) para a instalação de restaurantes
populares nas unidades universitárias de Goiânia, Anápolis e cidade de Goiás.
O problema desse investimento em melhoria na estrutura da universidade é que não
existem recursos para serem investidos a curto prazo, já que um discurso amplamente
repetido no seio do governo estadual é com relação ao arrocho financeiro. A atual
administração reclama que recebeu uma herança maldita do governo anterior: um
rombo nas finanças públicas.
É aí que entram as metas a longo prazo. "Precisamos garantir a obrigatoriedade do
repasse dos 2% do Orçamento do Estado para a UEG", resume Mauro Faiad. Ele
reconhece que isso nunca foi feito, ainda que a exigência exista desde 2006. O ano
que mais se aproximou do repasse foi 2009: 1,82%. Fora isso, nada mais. "Precisamos
do repasse integral, mas o dinheiro precisa ser melhor aplicado", argumenta o
secretário.
Para o futuro, ele aposta num aumento do índice de 2% do orçamento para a
universidade. "Em quatro anos o Estado deve ter um aumento real, acima da inflação,
entre 30% e 35% da arrecadação. Nesse sentido, é possível pensar num aumento do
repasse para a UEG. Mas isso será indicado com base em necessidades reais e critérios
técnicos."
Ele acrescenta que hoje a universidade não tem uma política clara de investimentos
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dos recursos que são repassados, ainda que existam mecanismos externos de controle.
"Precisamos criar mecanismos internos e melhorar a gestão dos recursos", ressalta.
Outra ideia sugerida pelo relatório é que as unidades a serem criadas só o sejam com
base em critérios técnicos, sem peso político.
Comissão diz que ouviu todas as partes
Ao longo dos 150 dias de elaboração do relatório, a Comissão de Estudos sobre a
Universidade Estadual de Goiás garante que ouviu todos os lados possíveis para
montar o diagnóstico e afinar as propostas. "Todos foram convidados a participar das
discussões a dar a sua opinião", garante a vice-reitora Eliana França, presidente da
comissão.
Mas nem ela e nem o secretário têm dúvidas de que a divulgação do teor do relatório,
com suas devidas sugestões, vai mexer com os ânimos da comunidade acadêmica.
"Temos clareza de que isso vai provocar polêmica. Mas isso é importante na
instituição. Todos aqueles que quiseram participar do debate foram ouvidos. Agora, a
proposta está pronta e será apresentada para o conselho universitário", explica Mauro
Faiad.
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Caberá ao órgão e ao Conselho Estadual de Educação (CEE) darem o aval para o
avanço da proposta. O certo é que, independente das reações, não está claro se a
universidade consegue, sozinha, sair do momento delicado. O titular da Sectec garante
que o governo não fará pressão pela aprovação. "Trata-se de uma ação de Estado, já
que sozinha a universidade não conseguiria sair da situação ruim em que se encontra
atualmente", afirma Mauro Faiad.
O titular da Sectec também ressalta que não é intenção do governo ter nenhuma
ingerência na estrutura interna da universidade. "Não é isso. A UEG precisa ter a sua
autonomia, mas autonomia se conquista. As mudanças são para fortalecer a
universidade para que ela continue como protagonista do desenvolvimento goiano",
ressalta o secretário. O obstáculo a superar é a reação negativa da maior parte dos
diretores de unidades antes mesmo do relatório ser apresentado.
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Jornal Diário da Manhã, Caderno Força Livre - 16.09.11
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