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DIGITALIZAÇÃO EDUCACIONAL: A CONTRIBUIÇÃO DOS LABORATÓRIOS
DE INFORMÁTICA NA FORMAÇÃO DE UM NOVO SUJEITO COGNOSCENTE.
Cláudio Nei Nascimento da Silva?,?; Cláudia Neves de Oliveira?,?; Janaína Pereira dos
Santos ?,?; Zinivaldo Pereira da Silva?,?.
? Pesquisador-Orientador
? Voluntários de Iniciação Científica PVIC/UEG
? Curso de Pedagogia, Unidade Universitária de Formosa, UEG
RESUMO
A introdução das novas tecnologias de comunicação e informação (NTCI) no cenário
educacional implicou em mudanças significativas nos modos de aprender e ensinar. Velhas
práticas estão sendo substituídas e uma nova linguagem tem sido incorporada no cotidiano da
sala de aula e nas experiências pedagógicas, de modo geral. Esse fenômeno apóia-se na
chamada revolução digital, em função da qual um novo sujeito cognoscente está surgindo.
Deste modo, a presente pesquisa tem
o objetivo de compreender, em que medida, a
digitalização de diversas experiências pedagógicas tem contribuído para a formação de um
novo sujeito do conhecimento. O trabalho será desenvolvido através do modelo de pesquisaparticipante, escolhido em função da natureza do objeto a ser estudado, uma vez que a
observação participante ocorrerá no âmbito das disciplinas que abordem verticalmente a
relação entre tecnologia, mídias e educação. Serão sujeitos desta pesquisa alunos do curso de
Pedagogia regular, da Unidade Universitária de Formosa, constituindo uma população de
cerca de 130 membros e também os coordenadores de informática. Além disso, será aplicado
um questionário com o intuito de identificar o perfil dos alunos participantes da pesquisa:
idade, sexo, nível de domínio de informática etc. Na observação participante será utilizada
uma caderneta de campo, onde serão anotadas as principais constatações do ambiente onde
ocorrerão as observações: laboratório de informática.
Introdução
A digitalização, movimento de virtualização de sistemas e processos sociais,
tem provocado uma reconfiguração das relações de trabalho, poder, lazer e de existência
humana como um todo. No campo da educação, tem exigido novas posturas no ato de
aprender e educar-se. A pedagogia on-line, como é conhecida no meio educacional, tem sido
apontada, recorrentemente, como uma força inexorável, contra a qual não se pode lutar. Nesse
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cenário, o perfil de um novo sujeito cognoscente é constituído, com ampla capacidade de
“aprender a aprender” e domínio de um linguagem tecnológica básica que lhe permita
interagir em ambientes virtuais de aprendizagem, sejam eles on- line ou não.
Além disso, os cursos de graduação, de modo geral, têm sofrido, nos últimos
anos, alterações importantes em sua estrutura curricular com o intuito de atender às novas
demandas sociais. Uma das alterações mais importantes se refere à introdução da disciplina
Tecnologia Ed ucacional (ou Novas Tecnologias e Educação, Tecnologias e Educação,
Informática e Educação etc.), cujo objetivo é introduzir conhecimentos relativos à utilização
das novas e antigas ferramentas tecnológicas no cenário educacional. Na maioria dos casos, a
ementa dessas disciplinas prevê a aquisição de conhecimentos relativos a programas de
computador de uso doméstico, tais como, Word, Excel, Power Point, como também relativos
ao acesso e exploração da Internet, cujo domínio muitos alunos não dispõe. Esses são,
contudo, indicativos importantes de que está em curso um movimento de digitalização de
processos educacionais, ao qual os laboratórios de informáticas têm dado significativa
contribuição. Nesse sentido, a presente pesquisa tem o intuito de analisar as contribuições
desses laboratórios de informática no que tange à formação de uma nova postura discente na
relação com o objeto do conhecimento, desencadeada em função da introdução de tecnologias
digitais formadas a partir da triangulação entre o computador, o software e a Internet.
Com o surgimento de várias mídias na modernidade começa-se a perceber um
crescimento no processo de mediação das experiências de comunicação até então existentes.
As mídias surgidas, que hoje podem ser resumidas em impressas e eletrônicas, alteraram as
modalidades tempo e espaço, fazendo com que o processo educacional sentisse o impacto
dessa mudança. Com isso, a relação que o sujeito estabelece com o conhecimento está se
alterando, o que fez surgir uma nova postura no ato de aprender: a aprendizagem autônoma ou
autodidaxia. Aprendizagem autônoma consiste num “processo de ensino e aprendizagem
centrado no aprendente, cujas experiências são aproveitadas como recurso, e no qual o
professor deve assumir-se como recurso do aprendente”, (Belloni, 2001, p. 39) [Grifos da
autora].
É incontestável que o convívio social com as máquinas inteligentes tem
colaborado para a constituição de um novo sujeito aprendente. O impacto que estas
tecnologias provocaram em vários setores da vida em sociedade é visível: na linguagem, nos
estilos, nos modos de pensar, na dinâmica das relações interpessoais e interinstitucionais etc.
Para Belloni (2005), uma preocupação é inevitável com este novo panorama: como contribuir
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para formar pessoas que utilizem esta nova linguagem de modo crítico e criativo e não
meramente reprodutor e alienado? Como desenvolver estratégias de inclusão de cidadãos em
ambientes cibernéticos de modo a evitar futuros cibernalfabetos?
A Internet se define como um ambiente virtual de comunicação entre
computadores conectados em rede. De acordo com Ferrari Filho (1999), a Internet é uma rede
de redes originada no início de 1969 destinada a mostrar exeqüibilidade de construir redes
usando computadores, de forma a criar uma estrutura de comunicação extremamente
confiável e descentralizada.
A possibilidade de interação colocada pela Internet tem sido bastante explorada
pela EaD como elemento facilitador da aprendizagem, suporte para distribuição de materiais
didáticos, forma de complementação dos espaços de ensino presencial ou mesmo como uma
condição para fomentação da autonomia intelectual de estudantes. Ainda outros aspectos
poderiam ser mencionados como possibilidades colocadas pela rede mundial de computadores
à educação, de modo geral. Ba sicamente, de acordo com Ferrari Filho (1999), esses modelos
de interação podem ser classificados, segundo sua natureza de ação, como interativos e não
interativos. Qualquer que seja a natureza da comunicação apresentada na Internet, ela será
sempre muito bem aproveitada na educação. Como ferramenta de promoção da interatividade,
a Internet apresenta uma lista de ambientes tecnológicos bastante significativa: e-mail; listas
de discussão, fóruns e news-groups; ambientes de conversação ou chats; ambientes de
imersão virtual; sinalizadores de presença; ambientes de aprendizado baseados na web; portais
da web; web rings; servidores de compartilhamento de arquivos. Porém, é preciso considerar
a existência de uma tendência na educação que leva seus agentes a se apoiar em modismos,
gerando, com isso, uma supervalorização dos meios em detrimento dos fins, o que é
lamentável, uma vez que “a boa qualidade e os bons resultados de aprendizagem não
dependem abstratamente deste ou daquele meio” (Braga, 2001, p. 78).
Material de Métodos
A pesquisa ora delineada, de natureza qualitativa, situa-se no modelo de
pesquisa participante. Preocupada em manter uma postura crítica frente ao modelo positivista,
a pesquisa participante é uma modalidade relativamente recente, concebendo e fazendo
ciência a partir de uma perspectiva político-social. Sua escolha deu-se por considerar a
natureza do objeto a ser investigado, uma vez que a pesquisa ocorrerá no âmbito das
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disciplinas Tecnologia Educacional, Educação e Mídias na Sociedade da Informação e
Mídias e Produção Cultural, do curso de Pedagogia Regular, onde a utilização dos
laboratórios de informática é uma prática recorrente. Dessa forma, são considerados sujeitos
desta pesquisas os alunos das referidas disciplinas. Além disso, as atividades de pesquisa
buscam produzir conhecimentos a partir da participação e cooperação de todos os envolvidos
na situação pesquisada, esta última, conduzida pelo pesquisador-líder com o auxílio dos
alunos-pesquisadores. Além da observação participante, com utilização de caderneta de
campo, serão utilizados dois instrumentos complementares, um questionário, no qual
pretende-se identificar o perfil da clientela do curso de Pedagogia atendida no laboratório de
informática; e uma entrevista semi-estruturada, aplicada aos coordenadores e auxiliares do
laboratório de informática, a fim de identificar
as dificuldades por eles percebidas na
utilização dos computadores pelos alunos. No que tange ao perfil da clientela, serão
verificados aspectos como: idade, sexo, nível de domínio de informática, motivos de acesso à
rede e outros.
Resultados
Os resultados preliminares têm indicado que está em curso uma mudança na
concepção de homem e sociedade. Uma das mais importantes ferramentas de trabalho da
sociedade moderna, o computador, tem alterado, paulatinamente, os modelos de pensamento a
partir dos quais o homem compreende e interage com sua realidade. A esse processo
denomina-se digitalização. Suas conseqüências têm afetado, inclusive, o universo da sala de
aula, imprimindo novas experiências pedagógicas na sala de aula e, em particular, no modo de
aprender e educar-se. No campo específico da aprendizagem, a revisão de bibliografia em
consonância com o trabalho empírico de pesquisa vem trazendo à luz, elementos teóricos que
ainda constituem lacuna na literatura sobre o assunto. Com o desenvolvimento da pesquisa e o
desdobramento das principais questões acerca do objeto estudado, as constatações serão
capazes de elucidar, mais claramente, a constituição deste novo sujeito cognoscente.
Preliminarmente, pode-se dizer que as alterações no campo do pensamento foram para as
mudanças em curso na sociedade que, indiscutivelmente, alteram os padrões de relação no
interior da sala de aula e mesmo fora dela.
Como ferramenta doméstica, o computador, que permite que as pessoas se
conectem em rede, provocou uma mudança qualitativa no cenário tecnológico, econômico,
social e cultural. Como recurso tecnológico a serviço da pedagogia, pode-se considerar que há
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uma
base sólida de cultura de Internet não somente nos espaços universitários, mas
transposta para outros cenários virtuais de aprendizagem, interação, troca de informações,
atividades comerciais, publicitárias e várias outras modalidades. Entretanto, será preciso
aprofundar o debate no intuito de compreender em que medida essas alterações têm afetado o
perfil do aluno de graduação na sua relação com o conhecimento.
Seguramente, a digitalização dos processos educacionais não teria a mesma
intensidade se não fossem os laboratórios de informática com máquinas plugadas à rede
mundial de computadores, pois várias são as possibilidades que a Internet apresenta em
termos de auxílio ao processo de aprendizagem. Pode-se dizer que estes vão desde a criação
de softwares para chat, a grupos de discussão em fóruns virtuais. O potencial dessa
ferramenta parece não ter sido totalmente explorado na educação, pois a cada momento
surgem novidades que reforçam sua natureza pedagógica. Para a sala de aula, essa tecnologia
amplia algumas de suas capacidades e cria outras, reforçando a tese de que há ainda muito
espaço para novidades.
Este cenário atual, apropriado para se estabelecer o alicerce de uma educação
inovadora, rompe a concepção tradicional de professor e aluno. Urge o surgimento de
modelos novos. “O mais importante, entretanto, é a consciência de “ensinar e pensar”,
compreender mais que memorizar” (Terra Júnior, 1992, p. 4). A virtualidade será o grande
diferencial do século XXI. Até mesmo o sentido do termo tecnologia ganha uma densidade
maior e mais complexa, afinal, as relações nesta contemporaneidade avançam para um
universo de possibilidades muito maior que o previsto. A “pedagogia da transmissão”,
conforme discute Marco Silva (2003), deve ser superada pela pedagogia on-line, que nesta
cibercultura servirá, inclusive, para se pensar a pedagogia presencial, fato raramente colocado
na pauta de auto-avaliação dos professores, conforme continua o mesmo autor. Entretanto, as
implicações sociais e culturais que este novo cenário tem apresentado vão além do aspecto
meramente técnico. “Na chamada revolução tecnológica, porém, a grande ausente é
justamente a informação nova e relevante” (Belloni, 2005, p. 21). Daí, pensar a relação do
sujeito com o objeto do conhecimento num contexto educacional digitalizado reveste-se de
particular relevância, inclusive, para a docência, uma vez que mudanças no ato de aprender
implicam em mudanças no de ensinar.
Conclusões
Não restam dúvidas de que as mudanças anteriormente destacadas representam
os substratos de um novo modelo para o ato de aprender e ensinar. Como essas mudanças
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estão na base das estruturas sociais, não são, por isso, facilmente perceptíveis. Com isso, as
várias manifestações da vida humana em sociedade estão paulatinamente sofrendo a
influência de todo esse movimento. Resta saber, contudo, se as estruturas do pensamento
humano estão sendo modificadas em função desse processo. Não há dúvida de que sim! O
novo sujeito cognoscente possui uma maneira peculiar de se relacionar com o conhecimento.
A acessibilidade à informação e seu imediatismo pragmático; o pensamento em cadeia
(abrem-se links na medida em que o pensamento é acionado); a superabundância e a
democratização da informação são alguns dos aspectos que concorrem para uma nova
constituição desse sujeito.
Porém, será preciso pensar para além dos benefícios que estas tecnologias
trouxeram para a educação. A acessibilidade à informação e seu imediatismo pragmático não
podem se sobrepor à investigação responsável e em profundidade. O pensamento em cadeia
não deve ser substituído por um pensar indisciplinado, sem coerência com a busca do objeto
do conhecimento. A superabundância da informação deve ser tratada com cuidado, pois à
estrutura do pensamento deve ser acoplado um dispositivo de filtrage m, para evitar a
contaminação com o lixo eletrônico, muito comum em uma busca na rede.
O novo sujeito do conhecimento, próprio da era digital (cibercultura), terá
visivelmente aguçada sua capacidade de discernimento, pressupondo uma autonomia frente ao
universo de informação disponível, nos mais diferentes cenários digitalizados. Afinal,
conforme assinala BELLONI (2001) estamos nos distanciando cada vez mais da cultura
ensinante, para a aprendente.
Bibliografia
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados,
2001.
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