O PEDAGOGO E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: UMA VISÃO
COMPLEXA NA FORMAÇÃO DO ALUNO TRABALHADOR
Elaine Cristina Nascimento1 - PUCPR
Grupo de Trabalho - Educação, Complexidade e Transdisciplinaridade
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A reflexão sobre a atuação dos Pedagogos nas instituições que ofertam Educação Profissional
Técnica de Nível Médio, bem como a natureza da especificidade deste trabalho frente às
demandas da sociedade, das transformações decorrentes destas e a sua influência na formação
dos profissionais e alunos desta modalidade de ensino, tem sido tema de constantes debates
no meio acadêmico. Ao considerar tais aspectos, é de suma importância que busquemos
aprofundar nosso conhecimento acerca dos processos relacionados ao ato de ensinar e
aprender, visando análise e reflexão das práticas pedagógicas presentes neste contexto, para
que estejam em consonância com os novos paradigmas. Neste contexto, esta pesquisadora,
integrante do Grupo PEFOP- Paradigmas Educacionais e formação de professores, na Linha
de pesquisas- Teoria e Prática Pedagógica na Formação de Professores, optou por investigar:
Quais os elementos presentes na prática profissional dos Pedagogos que atuam na Educação
Profissional de Nível Médio, que indicam a influência do paradigma da complexidade na
formação do Professor e do aluno desta modalidade de ensino? Apresentam-se neste artigo, os
resultados de uma pesquisa de natureza qualitativa realizada com um grupo composto por 7
pedagogos, sendo 5 pedagogos que atuavam em instituição privada e dois que atuavam em
instituições da Rede Pública Estadual do Paraná. Como objetivo, este processo investigativo
buscou considerar nas reflexões dos pedagogos envolvidos na pesquisa, procurando
evidenciar quais os avanços, desafios e perspectivas apresentados pelos participantes no que
se refere aos processos de formação dos professores e alunos da Educação Profissional,
visando um olhar sobre a prática dos pedagogos. Espera-se que com os dados obtidos seja
possível promover uma reflexão dialógica, criativa e cooperativa, apontando para uma ação
colaborativa e transformadora nas práticas pedagógicas na Educação Profissional.
Palavras-chave: Educação Profissional. Pedagogo. Complexidade.
1
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE)- Teoria e Prática na Formação de
Professores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Mestre em Tecnologia (UTFPR) Coordenadora
Pedagógica do TECPUC, email: [email protected].
ISSN 2176-1396
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Introdução
As transformações ocorridas na sociedade que se referem às questões políticas,
econômicas, sociais, tecnológicas e culturais, têm imprimido novos desafios aos professores
que atuam na Educação Profissional, principalmente quanto às práticas educativas e
metodologias que considerem as mudanças do mundo do trabalho e a formação do aluno
trabalhador.
Neste contexto, é importante destacar que embora estas mudanças estejam permeando
todos os aspectos do cotidiano dos indivíduos, ainda se fazem presentes na realidade escolar,
em práticas educativas fundamentadas em processos conservadores de ensino.
Estas práticas apresentam como referência ações fragmentadas e reducionistas, e estão
presentes em metodologias que impedem a construção de saberes significativos, acarretando
em práticas pedagógicas que não valorizam a reflexão, a visão do conhecimento de forma
ampliada e complexa e principalmente, a criação de novos saberes e atitudes.
Dessa forma, se faz necessário investigar esta temática, direcionando a reflexão sobre
a ação dos pedagogos que atuam nos cursos técnicos, para que seja possível a reflexão sobr o
direcionamento educativo junto aos professores que atuam nesta modalidade de ensino, na
busca de desenvolver práticas em que sejam valorizadas a aprendizagem significativa e o
ensino contextualizado.
O trabalho desenvolvido pelos pedagogos contribuirá nos processos educativos
desenvolvidos na Educação Profissional, uma vez que poderão atuar na formação dos
professores para que desenvolvam metodologias que superem as abordagens tradicionais nos
Cursos Técnicos de Nível Médio, compreendendo a prática pedagógica do professor como
mediador do processo educacional e apontando possibilidades para que sejam desenvolvidas
práticas inovadoras em sala de aula.
A atuação do pedagogo no contexto da Educação Profissional é elemento fundamental
na formação dos alunos, contribuindo para que possam atuar no mundo do trabalho de forma
autônoma, que sejam capazes de compor um trabalho em equipe, de se comunicarem com
assertividade, enfrentar novos desafios e situações de forma ética, criativa, autônoma e com
visão sistêmica dos processos produtivos. Ou seja, é necessário que a Educação Profissional
promova uma formação integral dos alunos.
Nesse sentido, o papel do pedagogo é de fundamental importância, pois ao promover a
formação continuada dos professores na perspectiva da Complexidade, contribuem
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diretamente na construção de novos saberes que, por sua vez, promoverão a reflexão sobre a
sua prática, visando uma prática pedagógica inovadora.
As relações entre o Paradigma da Complexidade e a Educação Profissional
A relação entre os pressupostos da complexidade e a proposição de uma prática
docente inovadora e compatível com as mudanças da sociedade, são elementos fundamentais
para os processos formativos na Educação Profissional.
Estas relações podem ser percebidas por meio das metodologias desenvolvidas em sala
de aula, que poderão contribuir para a superação da realidade, uma vez que considera como
elementos estruturantes do processo pedagógico a história de vida dos sujeitos, seu contexto
histórico e social, suas crenças e valores.
Assim sendo, não há como desvincular a relação existente entre os paradigmas e a
educação, especialmente quando ainda se fazem presentes, processos educativos que
continuam perpetuando propostas conservadoras e tradicionais, nas quais os conhecimentos
científicos são supervalorizados em detrimento da formação fundamentada na visão sistêmica
ou holística do ser humano e da vida.
Para Morin (1996, p. 287), o paradigma oferece uma idéia de evolução do
conhecimento científico, que se modifica e transforma-se mediante rupturas que ocorrem
entre uma teoria à outra. Complementa afirmando que o paradigma envolve a relação e
“comporta um certo número de relações lógicas, bem precisas, entre conceitos; noções básicas
que governam todo o discurso”
Segundo Cardoso (1995), paradigma refere-se a modelo, padrões compartilhados que
permitem a explicação de certos aspectos da realidade. É mais do que uma teoria; implica
uma estrutura que gera novas teorias. É algo que estaria no início das teorias.
Com base nos autores citados e frente ao contexto histórico-social em profundas
mudanças, evidencia-se a necessidade de considerar a influência dos paradigmas da ciência na
educação, considerando, porém que a importância da superação dos conceitos de evolução
dos conhecimentos científicos de forma estática, com modelos pautados na fragmentação dos
conhecimentos abordados em sala de aula e em uma prática pedagógica baseada na
reprodução, memorização, mecanização e domínio de técnicas.
Cabe destacar que esta prática ainda se faz presente na Educação Profissional,
principalmente em ações apoiadas nos paradigmas conservadores, que visam à aquisição de
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conhecimentos técnicos, apreendidos através da repetição e não da compreensão de forma
integral dos processos e conhecimentos necessários para o exercício da profissão.
Para Freire apud Mizukami (1986, p.10):
este tipo de sociedade mantem um sistema de ensino baseado na educação bancária
(tipologia mais aproximada do que se entende por ensino nessa abordagem), ou seja,
uma educação que se caracteriza por “depositar”, no aluno, conhecimentos,
informações, dados, fatos, etc.
Assim, torna-se um desafio premente para os pedagogos que atuam diretamente na
formação dos professores da Educação Profissional, buscar a superação do histórico de
fragmentação, improviso e insuficiência de formação pedagógica, levando-os a reconhecer
que a docência é muito mais que mera transmissão de conhecimentos empíricos ou processo
de ensino de conteúdos fragmentados e esvaziados teoricamente.
Nesta perspectiva, segundo Mizukami (1986, p. 14):
a relação professor-aluno é vertical, sendo que um dos pólos (o professor) detém o
poder decisório quanto a metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na
aula, etc. Ao professor compete informar e conduzir seus alunos em direção a
objetivos que lhe são externos, por serem escolhidos pela escola e ou sociedade em
que vive e não pelos sujeitos do processo.
Dessa forma, entende-se que o pedagogo ao desenvolver suas atividades junto aos
professores e futuros profissionais técnicos, necessita adotar uma prática pedagógica
inovadora, não hierarquizada, dinâmica, e que esteja voltada à formação de indivíduo que seja
capaz de atender as demandas e aos desafios postos pela reestruturação produtiva,
considerando o uso das novas tecnologias e principalmente valorizando seus aspectos
pessoais e comportamentais.
O pedagogo deverá ser um profissional que possa conduzir as propostas pedagógicas,
no sentido de promover a formação dos alunos/profissional que construam mais do que
conhecimentos práticos para a sua atuação profissional, e sim, apoiar propostas dos
professores que favoreçam o desenvolvimento de habilidades de gestão que sejam
significativas, inovadoras, reflexivas, criativas e críticas.
Nesta contexto, Behrens (2005, p. 56) nos aponta que:
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a produção do conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e
espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a sua
aceitação. Portanto, na prática pedagógica o professor deve propor um estudo
sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a visão de que o aluno é
um objeto e torná-lo sujeito e produtor de seu próprio conhecimento.
Assim, o papel do pedagogo que atua nos cursos de Educação Profissional, necessita
visar a formação e o desenvolvimento dos trabalhadores para que possam desempenhar suas
atividades profissionais de forma dinâmica, coletiva e criativa, e que esteja amparada nos
pressupostos do novo paradigma da ciência, denominado paradigma da complexidade.
O pedagogo da Educação Profissional e as práticas inovadoras
O mundo do trabalho aponta para a necessidade de uma formação dos alunos da
Educação Profissional subsidiada no paradigma da complexidade, e desta forma que esta
formação valorize metodologias e processos inovadores.
Nesse sentido o pedagogo que atua nesta modalidade de ensino, tem papel de suma
importância na condução das propostas pedagógicas e metodológicas, fornecendo subsídios e
apoio na construção de práticas pedagógicas realizadas pelos professores.
Em relação aos processos pedagógicos Moraes, (2012, p.81) nos aponta que:
não podemos continuar trabalhando com modelos equivocados com explicações
causais lineares, com dualidades irreconciliáveis, com paradigmas tradicionais,
construindo abstrações estereotipadas da realidade e que, em absoluto, refletem
complexidade estrutural e dinâmica da realidade.
Essa reflexão nos remete a necessidade de que as instituições que atuam com a
Educação profissional tenham pedagogos preparados e fundamentados em novos paradigmas,
novas atitudes, novos conhecimentos, novas metodologias, e uma visão ampliada da formação
do aluno trabalhador, visando conduzir sua prática pedagógica que atenda ao proposto pelo
paradigma da complexidade que orienta para uma fazer educativo dialógico, criativo, afetivo,
com sensibilidade e afeto, por meio do trabalho coletivo.
Para Moraes (2010, p. 202) para adotar a complexidade como pilar,
[...] são necessárias competência teórica, clareza epistemológica e metodológica e
uma consciência transdisciplinar para que possamos verdadeiramente responder,
neste início de milênio, aos três grandes apresentados por Edgar Morin (2000) e que
estão relacionados: aos processos de construção, desconstrução e reconstrução do
conhecimento humano; à formação de cidadãos e não apenas indivíduos, ao
desenvolvimento da consciência, como condição fundamental para a sobrevivência
da humanidade.
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Portanto, no paradigma da ciência denominado da complexidade, a formação dos
professores deverá ter olhar sistêmico, indo além do processo educativo que privilegie a
técnica, mais também, ampliar o olhar para o mundo do trabalho, da política, da economia e
da sociedade, visando à valorização das experiências de seus alunos, refletindo
constantemente sobre sua prática, relacionando estes conhecimentos com a prática e,
principalmente, buscando a superação das práticas conservadoras, racionais, puramente
técnicas e desconectadas de sentidos e significados.
Ao conduzir o processo educativo, apoiado no paradigma da complexidade, o
pedagogo precisará inicialmente, conhecer as especificidades da Educação Profissional, para
que possa ter como objetivo o desenvolvimento de ações que valorizem os conhecimentos e
experiências de seus alunos, suas realidades sociais e culturais.
De acordo com Behrens nessa perspectiva:
para desenvolver essa abordagem, a educação precisa da participação do ser com sua
inteireza, num grande encontro de cérebro e espírito, corpo e mente razão e emoção,
em que o indivíduo precisa ser visto como um todo indiviso, que, ao construir o
conhecimento, use a razão, o sentimento, as emoções, as sensações e a intuição.
(BEHRENS, 2005, p.71)
Ao partir deste referencial, o pedagogo poderá orientar os professores que atuam na
Educação Profissional para que adotem novas metodologias, uma vez que segundo aponta
Behrens (2005, p.83), “o professor torna-se uma figura significativa quando percebe que é o
orquestrador do processo educativo e que precisa propiciar um ambiente que instrumentalize
o aluno para sua emancipação social”.
Carvalho (2008, p. 146) in: Formação de professores para a educação profissional e
tecnológica), nos aponta que:
[...] essa nova concepção passa a valorizar não só o domínio dos conhecimentos
como também o domínio de atitudes e valores. Essa concepção identifica o aluno
como sujeito da construção do conhecimento e atribui ao professor o papel de
mediador das aprendizagens que se espera sejam ativas, significativas e
integradoras. Requer-se, assim, que a escola forme indivíduos criativos, críticos e
participantes ativos numa sociedade que se pretende justa e democrática.
É preciso, portanto, que os pedagogos e professores dos cursos técnicos, estejam
preparados para atuar na Educação Profissional, conhecendo os fundamentos e objetivos desta
modalidade de ensino e articulando-os para que atendam as necessidades do mundo do
trabalho.
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Ao pedagogo, cabe o desafio de promover práticas inovadoras no interior das escolas,
que promovam a descoberta e a construção do conhecimento de forma dialógica e integral,
favorecendo assim, que o futuro trabalhador possa atuar no mundo do trabalho de forma
democrática e crítica.
Resultados da pesquisa
A proposta de investigação desta pesquisa, apresenta os resultados de uma pesquisa de
natureza qualitativa realizada com um grupo composto por 7 pedagogos, sendo 5 pedagogos
que atuavam em instituição privada e dois que atuavam em instituições da Rede Pública
Estadual do Paraná, na cidade de Curitiba - Brasil.
Adotou-se a abordagem qualitativa para o desenvolvimento desta pesquisa, pois "A
preocupação central desta trajetória de pesquisa se dá com o ato de compreender, mais do que
explicar o objeto de estudo" (Bicudo, 1997, p 35).
E ainda, de acordo com Bicudo:
o pesquisador busca, então, determinar quais aspectos das estruturas individuais
manifestam uma verdade geral, podendo ser tomadas como afirmações verdadeiras e
quais não o podem. As convergências passam a caracterizar a estrutura geral do
fenômeno. As divergências indicam percepções individuais resultantes de modos
pessoais de reagir mediante agentes externos. (BICUDO, 1997, p 42)
Como objetivo, deste processo investigativo buscou considerar nas reflexões dos
pedagogos envolvidos na pesquisa, procurando evidenciar quais os avanços, desafios e
perspectivas apresentadas pelos participantes no que se refere aos processos de formação dos
professores e alunos da Educação Profissional, visando um olhar sobre a prática dos
pedagogos.
Espera- se que com os dados obtidos seja possível obtermos uma reflexão dialógica,
criativa e cooperativa, apontando para uma ação colaborativa e transformadora nas práticas
pedagógicas na Educação Profissional.
Considerações dos pedagogos participantes da pesquisa
Perguntou-se aos pedagogos o que define uma proposta educacional que tenha como
objetivo a aprendizagem significativa e o ensino contextualizado nos Cursos Técnicos?
Os elementos apontados pelos pedagogos pesquisados seguem conforme transcrito:
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P1- “Uma proposta educacional elaborada pelo coletivo dos professores a partir
das ementas já organizadas pelo MEC, mas, com autonomia deste coletivo para
alterar ou acrescentar conteúdos pertinentes ao curso, pensando nas demandas
atuais e nas mudanças que ocorrem nas áreas tecnológicas, culturais , históricas e
sociais sem tomar como eixo centralizador as demandas do capital do mercado e
sim dos movimentos que a sociedade produz a partir de novas formas de relações,
culturais, sócias e históricas.”
P6- “Acredito que uma proposta educacional que torne a aprendizagem
significativa, esteja voltada no aluno, ou seja, fazer com que ele traga suas
experiências e curiosidades para dentro da sala de aula. O aluno deve ser mais
comprometido e responsável, tirar um pouco o peso do professor e transferir para o
discente. É uma forma de preparar o aluno para o mundo do trabalho, saindo da
escola mais responsável para atuar na sua profissão”.
Outra questão abordada na pesquisa refere-se a seguinte questão: Como você
compreende a prática pedagógica do professor como mediador do processo educacional nos
Cursos Técnicos? Quais os elementos presentes no trabalho deste docente em sala de aula,
que o caracteriza como mediador?
P1- Percebo uma fragmentação da práxis pedagógica, as práticas que são
produzidas nos cursos não atendem com eficácia as expectativas dos estudantes
quando procuram os cursos como formação técnica. Estes cursos deixam muito a
desejar, estão caminhando em outra direção, pois, ainda estão presentes no
cotidiano escolar, professores que não planejam suas aulas, que não utilizam
recursos tecnológicos, que não possibilitam outras aprendizagens como, visitas
técnica, trabalhos de pesquisas, formação de projetos entre outras abordagens
metodológicas que deixariam os conteúdos mais significativos e contextualizado aos
estudantes. Então ainda estamos na era de aulas que se resumem em quadro e giz
com abordagens tradicionais e autoritárias em sala.
P5- Acredito que o trabalho do professor em sala de aula como mediador é muito
importante para o processo de ensino aprendizagem do aluno, principalmente nos
cursos técnicos, pois são alunos que buscam uma colocação profissional, e este
aluno busca um professor que consiga ser facilitador, mediador de experiências, de
conhecimento, um professor comprometido em facilitar o entendimento do aluno
que procure a forma mais clara e objetiva de transmitir o conteúdo e que esteja
dentro da linguagem do aluno e que se preocupe em trazer para a sala de aula,
práticas inovadoras para a aprendizagem dos alunos.
Perguntou-se aos pedagogos envolvidos na pesquisa, o que pode ser considerado como
práticas inovadoras na Educação Profissional, obtendo os seguintes posicionamentos:
P2 – Prática inovadora na educação profissional a meu ver seriam pesquisas de
campo que trouxessem novos rumos às tecnologias ou a produção formal do
conhecimento e elaboração de projetos científicos com auxilio da academia. Na
realidade em que atuo, temos poucas práticas inovadoras, uma delas é a brigada de
incêndio que tem um bom projeto na escola e que foi laborado pelos estudantes de
subsequente em Segurança do Trabalho. Outra proposta interessante partiu de um
professor que está organizando seminários na escola, com o objetivo de levar aos os
estudantes contato com pesquisas nas áreas dos cursos técnicos que estudam.”
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P4- “Os projetos interdisciplinares realizados entre as disciplinas técnicas e do
núcleo comum, correlacionam as práticas profissionais e garantem uma
aprendizagem significativa.
Nesse sentido, podemos verificar que os pedagogos que participaram da pesquisa
buscam promover a reflexão sobre os processos pedagógicos na Educação Profissional, tendo
como pressupostos a articulação dos conhecimentos, a relação entre os saberes, a construção
dos novos conhecimentos e a aprendizagem significativa.
Em relação aos processos pedagógicos Moraes, (2012, p.81) nos aponta que:
não podemos continuar trabalhando com modelos equivocados com explicações
causais lineares, com dualidades irreconciliáveis, com paradigmas tradicionais,
construindo abstrações estereotipadas da realidade e que, em absoluto, refletem
complexidade estrutural e dinâmica da realidade.
Assim, percebe-se que os pedagogos pesquisados, já apontam para a necessidade em
adotar uma prática diferenciada nos processos educativos desenvolvidos na Educação
Profissional, instigando seus professores sobre a importância de que as práticas desenvolvidas
em sala de aula possam promover a integração entre os saberes e a realidade dos alunos, tendo
como objetivo transformar informações em conhecimentos significativos.
Tornar os conhecimentos significativos e promover à formação dos alunos que esteja
atenta as demandas do mundo do trabalho, torna o papel do pedagogo de fundamental
importância, uma vez que caberá também à este profissional a missão de formar
continuamente, profissionais especialistas das variadas áreas do conhecimento, levando-os a
compreender os processos de ensinar e aprender de forma complexa. Para Moraes (2012, p.
16):
[...] é necessário que estejamos atentos às novas demandas impostas por um mundo
cada vez mais complexo e imprevisível, sujeito às emergências, ao acaso e ao
inesperado. Por sua vez, toda essa complexidade requer um pensamento relacional,
articulado e questionador, que ajude o sujeito a melhor compreender a dinâmica
relacional existente nos processos interdependentes caracterizadores da vida: um
pensamento de natureza complexa.
Portanto, é fundamental que os professores que atuam com a formação dos alunos/
profissionais que atuarão no mundo do trabalho, tenham mais do que a competência técnica
necessária para a sua área, mas que além destes saberes, possam conhecer os fundamentos
epistemológicos educacionais que servem como referência na Educação Profissional,
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compreendendo e reconhecendo no seu fazer diário, os pressupostos teórico metodológicos do
paradigma da complexidade.
Considerações Finais
A pesquisa realizada com 7 pedagogos que atuam em instituições públicas e privadas
que ofertam cursos de Educação Profissional da cidade de Curitiba – Brasil, apontou a
necessidade de investimento em uma formação continuada para os pedagogos que atuam
nesta modalidade de ensino, buscando ampliar seus conhecimentos e subsidiar a sua prática
na proposta metodológica fundamentada no paradigma da complexidade. Este embasamento
será fundamental para que sejam construídas nos interior das escolas, práticas que apresentem
uma ação educativa dialógica, inovadora, criativa, mediada e reflexiva.
Entendemos que a complexidade é um fator constitutivo da vida e da realidade do
sujeito formador, sendo desta forma, inerente à dinâmica da vida, à ação deste sujeito, à sua
forma de pensar e de agir sobre o objeto com que trabalha, seja ele o aluno ou os processos
pedagógicos. Daí a importância em ancorar os processos formadores nesta perspectiva, uma
vez que a realidade educacional não é previsível, determinada em mesmo ordenada.
Nesse sentido, compreendemos que a formação continuada do professor precisa
atender aos desafios de uma formação pedagógica que atenda aos novos desafios do novo
milênio, visando o desenvolvimento de conhecimentos que apontem para a reflexão sobre sua
prática, envolvendo seus alunos em novas e inovadoras metodologias, que levem em conta a
transdisciplinaridade, que vá além da mera reprodução e a memorização dos conhecimentos
para a construção e reconstrução de saberes, gerando por sua vez, novos saberes.
Por fim, destacamos que o processo de formação dos professores que tem a
complexidade e a transdisciplinaridade, pressupõe a compreensão de um processo integral e
integrador, que promova uma prática pedagógica gerada a partir das intervenções do
cotidiano.
REFERÊNCIAS
BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica.
Petrópolis : RJ, Vozes, 2005.
BICUDO, Maria Aparecida Viggiani; ESPÓSITO, Vitória Helena Cunha. Pesquisa
qualitativa em educação. Piracicaba: Editora Unimep, 1997.
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CARDOSO, C. M. A canção da inteireza: uma visão holística da educação. São Paulo:
Summus, 1995.
CARVALHO, Olgamir Francisco de. Tendências da relação trabalho/educação no contexto da
globalização: Formação de professores para educação profissional e tecnológica. Educação
Superior em Debate, volume 8, Brasília: 2008.
MORIN, Edgar. Epistemologia da complexidade. In: SCHNITMAN, D. F. (org.).
Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 2010.
MORAES, Maria Cândida; NAVAS, Juan Miguel Batalloso. Complexidade e
transdisciplinaridade em educação. São Paulo: Editora WAK, 2012.
MIZUKAMI, Maria da G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
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