Cristina Batista / Maria do Rosário Borges / Tânia Brandão / Gabriele Mader / Maria Helena Alcântara / Desire Sampaio / Romeu Sassaki EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E COLOCAÇÃO NO TRABALHO UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO JUNTO À PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA 2ª edição UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS E DIRIGENTES Federação Nacional das APAEs Brasília 1997 Computação Gráfica: Celma Romualdo Targino Revisão: Maria do Rosário Archer Borges e Romeu Kazumi Sassaki 1ª edição: 1997 2ª edição: 1998 Educação Profissional e Colocação no Trabalho: uma nova proposta de trabalho junto à pessoa portadora de deficiência. Cristina Batista ... [et al.] Brasília, Federação Nacional das APAEs Bibliografia ISBN 85-86242-03-9 101 p. il. 1.Deficientes – mercado de trabalho 2.Educação Profissional 3.Profissionalização CDU 373.6:331.89 SDS – Edifício Venâncio IV Cobertura – CEP 70.393-900 Tels.: (061) 224-9922 e 224-9709 – Fax: 223-5899 – Brasília (DF) E mail: [email protected] Home page: http://www.persocom.com.br/fenapae __________________________________________________________ FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS Registro no CNSS n° 253.750 – Registro no Cart. 1° of, - n° 1.172 – livro A-6- CGC(MF) 62.388.566/0001-90 DECLARA UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL DEC. 97.889 DE 29/06/89 Sumário Introdução 1. O Trabalho, um Direito 1.1 A Função do Trabalho na Vida Humana 1.2 A Influencia da Deficiência na Questão do trabalho 1.3 A Instituição e seu papel 2. O Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho 2.1 Etapa da Preparação para o Trabalho 2.1.1 Programa de Avaliação para Trabalho 2.1.2 Programa de Pré-profissionalização 2.2 Etapa de Qualificação para o trabalho 2.2.1 Programa de Treinamento Profissional 2.2.2 Programa de Habilitação Profissional 2.3 Etapa de Colocação no Trabalho 2.3.1 Programa de Emprego Competitivo Tradicional 2.3.2 Programa de Emprego Competitivo Apoiado 2.3.2.1 Individual 2.3.2.2 Enclave 2.3.2.3 Equipe Móvel 2.3.3 Programa de Trabalho Autônomo 2.3.3.1 Individual 2.3.3.2 Industria Caseira 2.3.3.3 Cooperativa 2.3.3.4 Microempresa 3. Princípios norteadores para execução do Processo 4. Implantação do PECT 5. Implantação dos programas 5.1 Etapa de Preparação para o Trabalho 5.1.1 Implantação do Programa de Avaliação para o Trabalho 5.1.2 Implantação do Programa de Pré-profissionalização 5.2 Etapa da Qualificação para o Trabalho 5.2.1 Implantação do Programa de Treinamento Profissional 5.2.2 Implantação do Programa de Habilitação Profissional 5.3 Etapa da Colocação no Trabalho 5.3.1 Implantação do Programa de Emprego Competitivo Tradicional 5.3.2 Implantação do Programa de Emprego Competitivo Apoiado 5.3.3 Implantação do Programa de Trabalho Autônomo 6. Política de Geração de Renda versus Colocação Profissional 7. Fundação Legal 8. Considerações Finais Lista de Siglas Bibliografia Sobre os Autores “Nós trabalhamos porque precisamos do dinheiro pra sobreviver. Mas também trabalhamos porque isso contribui para nossa dignidade, o nosso valor. O trabalho nos dá mais controle sobre nossa vida e nos conecta com as outras pessoas. Sinto-me realmente privilegiada em ser remunerado pelo que adoro fazer. Toda sociedade que exclui pessoas do trabalho por qualquer motivo – sua deficiência ou sua cor ou seu gênero – está destruindo a esperança e ignorando talentos. Se fizermos isso, colocaremos em risco todo o futuro.” Robert White Apresentação Companheiros APAEanos: O manual que agora vocês têm à disposição se compromete a oferecer uma visão realista de mais um desafio a ser enfrentado pelas APAEs de todo o Brasil. Elaborado dentro da nova proposta da Federação Nacional das APAEs, resultado da estruturação dos Grupos Abertos, o produto do segundo grupo de estudo enfoca o Trabalho e suas particularidades, dentro de uma ótica voltada para a adequação da pessoa portadora de deficiência. A atual conjuntura da economia leva a uma reavaliação do mercado de trabalho disponível para todos os cidadãos brasileiros. Essa fase, marcada pela redução gradativa de postos de produção, escassez de investimentos públicos e taxas crescentes de desemprego, costuma atingir uma grande parcela da população de redução de mão-de-obra. O próprio Governo Federal assumiu essa questão como política pública. Com o Plano Nacional de Educação Profissional se pretende investir em ações que procurem adequar o trabalhador às novas exigências do mercado, além de abrir espaços para outros segmentos como as pessoas portadoras de deficiência, jovens em situação que só permitirá benefícios ao aluno e sua família. Dessa forma, avaliem com atenção os posicionamentos e observações levantadas pelo corpo profissional que organizou este manual. Em suas linhas, muito daquilo que foi considerado como inalcançável ou de difícil realização poderá se transformar em mais uma alternativa de participação social. O investimento dos nossos recursos humanos e técnicos na área do Trabalho possui um significado mais profundo do que pode parecer à primeira vista. Através da sua concretização, a atividade profissional leva ao respeito pelo cidadão, o que influi, positivamente, em sua auto-estima. Por outro lado, o produto dessa atividade pode ser reconhecido pelo meio social, que confirma a produtividade do individuo e passa a acreditar em seu potencial, independentemente de sua condição cognitiva, física ou sensorial. Cabe a nós, APAEanos, por escolha e vocação, estimular essas iniciativas como método de ampliar o universo de integração de nossos alunos, demonstrando que a capacidade profissional da pessoa portadora de deficiência está acima de sua limitações. Abraço fraterno. Eduardo Barbosa Presidente da Federação Nacional das APAEs Introdução O atendimento às necessidades de pessoa portadora de deficiência nas instituições vem crescendo a cada ano. Em função deste crescimento, as instituições necessitam cada vez mais de um suporte teórico aos serviços prestados. A demanda por uma consultoria técnica da Federação Nacional das APAEs tem aumentado muito nestes últimos anos. Também são as próprias pessoas portadoras de deficiência que, como resposta ao atendimento recebido, começam a solicitar seu lugar no mundo do trabalho competitivo. Mas os modelos utilizados até então são estrangeiros ou partem de experiências próprias e se tornarem insuficientes. Surgiu, assim, a necessidade de acrescentar serviços e programas, em especial no campo da educação profissional, incluindo a preparação para o trabalho, a qualificação para o trabalho e a colocação no mercado de trabalho. Sente-se a necessidade de rever conceitos e a pratica. A atual discussão sobre a cidadania e a inclusão social exige que se repense a questão do trabalho do portador de deficiência. O trabalho é o momento que vai finalizar o atendimento ao portador de deficiência e que vai permitir a sua participação na sociedade. O atendimento clinico ou pedagógico não terá realmente alcançado seu objetivo ultimo desejado se a pessoa portadora de deficiência continuar excluída da sociedade sem a possibilidade de participar ativamente como um sujeito produtivo. Para Tomazini (1996), “nossa parcela de contribuição para esta exclusão aconteceu exatamente no momento em que, através dos diagnósticos, etiquetamos esse individuo, o denominamos cliente, ou inserimos no interior institucional especial. Pensar em trabalho para os portadores de deficiência não significativa criar oficinas segregadas ou treiná-los para uma ocupação qualquer”. Significativa, para os autores deste manual, possibilitar aos portadores de deficiência o desenvolvimento de uma atividade laborativa de qualidade, como resultado da aplicação do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT). Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), isto implica que “os portadores de deficiência, capazes de realizar trabalhos produtivos, devem ter direito ao emprego como qualquer outro trabalhador” numa sociedade em que haja condições para que eles “sejam capazes de se tornar seres humanos autoconfiantes e realizados, em vez de isolados, esquecido e dependentes”.Em outras palavras, é importante não serem criados “ambientes”.Em outras palavras, é importante não serem criados “ambientes especiais” para portadores de deficiência, pois essa “pratica atual de manter os portadores de deficiência segredos em ‘guetos’ institucionais tem prejudicado sua interação social e, conseqüentemente, muita gente não interage normalmente com eles”. Disso se conclui que”os serviços de habilitação/reabilitação profissional e a infra-estrutura já existentes precisam se adaptar, assim como a atitude da sociedade também precisa mudar” (1994) Este manual pretende ser uma contribuição nesta mudança das atitudes e da pratica, visando: • Subsidiar o planejamento da implantação dos programas e sua execução nas instituições, que deverão realizar adaptações conforme sua realidade e as necessidades dos aprendizes; • Unificar a termologia na área da educação profissional e colocação no mercado de trabalho, e • Oferecer uma proposta de diretrizes básicas na área da educação profissional em nível nacional. 1. O Trabalho, um direito De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, ao se tratar a questão do emprego para portador de deficiência, devemos buscar uma atividade economicamente rentável, que corresponda não tanto às deficiências do candidato mas às suas aptidões e ao seu potencial. Indica Borges (1997) que “todos sabemos que o trabalho muito contribui para a auto-estima, confiança e para determinar o status do ser humano. Seu papel é de fundamental importância para o individuo pois proporciona aprendizagem, crescimento, transformação de conceitos e atitudes, aprimoramento e remuneração. Assim sendo, devemos considerar seu treinamento, suas qualidades pessoais e sua vontade de trabalhar.” Entretanto, nem sempre a sociedade tem oferecido ao portador de deficiência condição para o exercício do direito ao trabalho, razão pela qual apresentamos a seguir uma visão sobre a função do trabalho na vida humana, a influencia da deficiência na questão do trabalho e o papel das instituições no desenvolvimento daquelas condições. 1.1 A Função do Trabalho na Vida Humana Nas palavras de Tomazini (1996), “todo homem é em potencial um trabalhador. O trabalho se constitui na atividade vital do homem. É a fonte de objetivação do ser humano e através dele os homens transformam o mundo e se transformam, enquanto sujeitos sociais. (...) O trabalho define a condição humana e situa a pessoa no complexo conjunto das representações sociais, definindo a posição do homem nas relações de produção, nas relações sociais e na sociedade como um todo”. Alem de situar o sujeito num complexo de relações sociais, o trabalho faz parte do processo de estruturação e formação do seu mundo psíquico. Assim como a criança começa a estruturar e elaborar sua vida psíquica através do brincar, o ser adulto se utiliza do seu trabalho como um final deste processo. Existe uma circulação do lúdico para o trabalho. O desempenho, em conseqüência, coloca a pessoa num lugar de marginalização, tanto porque a exclui do aspecto social como por não haver uma atividade produtiva. Ele leva ao isolamento e á sensação do fracasso. O sujeito fica no lugar de resto, improdutivo e dependente do outro para seu sustento. O significado e a organização do trabalho se definem a partir do contexto da sociedade em questão. Em solidariedade primitiva e comunidades de zonas rurais, o trabalho é composto de uma série de atividades que se dão em função das necessidades básicas da vida: plantar, colher, pescar, cozinhar etc. Deste modelo muito se diferenciam as grandes metrópoles que apresentam um mercado de trabalho diferenciado, com empregos, subempregos, mercado formal e informal. Neste contexto, os trabalhadores geralmente atuam em funções especificas, freqüentemente fragmentadas e com pouca interrelação com as necessidades da vida pessoal. Em todo caso, no entanto, é o trabalho que faz do ser humano membro útil da sociedade. Existe uma série de novas exigências no mercado de trabalho onde se destacam duas tendências. Por um lado, está se criando maior exigência de qualificação, o que exclui as pessoas menos qualificadas. Por outro lado, surgiu a necessidade de uma nova filosofia de produção: mudanças na organização, no processo e nas relações de trabalho, ou seja, a busca de um novo perfil de trabalhador. 1.2 A Influencia da Deficiência na Questão do trabalho Para o portador de deficiência, o processo e o significado do trabalhar e do estar empregado não são diferentes daqueles que ocorrem para qualquer outra pessoa, mas com um agravante. O portador de deficiência – para obter o seu trabalho e mostrar que é capaz – precisa, na grande maioria das vezes, romper mitos: um mito social que vê como alguém improdutivo e um mito familiar que vê um eterno bebê, dependente, necessitando sempre de cuidados especiais e estando sem condições de desenvolver um trabalho que represente realização ou satisfação do desejo. O que tem oferecido é simplesmente proporcionar ao portador de deficiência um enquadramento em uma atividade elementar especifica e tardia no modo de produção capitalista, reproduzindo as impossibilidades, dificuldades e barreiras. Ainda conforme Tomazini (1996), “historicamente, a educação especial tem dado privilegio, em sua práxis pedagógica, ao trabalhado manual em detrimento do trabalho intelectual, ao submeter o individuo chamado deficiente às formas mecânicas de produção, visando exclusivamente a aquisição de competência manuais para a execução exclusivamente a aquisição de competências manuais para a execução de tarefas simplificadas. Reduzindo este individuo ao ‘fazer’, tão somente deixam de ser mobilizados mecanismos de apropriação da riqueza do mundo social, cultural e do desenvolvimento da competência política. (...) Separando o trabalho manual do trabalhado intelectual, ao deficiente restou o ‘fazer’ decretando-se assim a morte do aparelho mental, em benefício de uma determinada organização e divisão de trabalho. As linhas de montagem, a fragmentação em série, a realização de partes de um determinado produto, impediram e impedem a apropriação do saber, pelo trabalhador deficiente, sobre o produto final e total de seu trabalho. A maioria desses trabalhadores ignora o sentido de sua tarefa e o destino dela; o individualismo predomina sobre o sentido de coletividade, a competição individualista (ganha por produção) aprofunda a solidão e a anulação do aparelho mental, anula resistência.” Considere-se, todavia, que esta prática pode ser eficaz quanto aplicada ao deficiente mental, desde que não se peca de vista sua necessidade de conhecer o produto final e total de seu trabalho. Freqüentemente, o portador de deficiência sabe sua capacidade e que a deficiência pode colocar limitação para realizar determinadas atividades, mas também sabe que isto não implica deixar de realizar toda e qualquer atividade. A pessoa deficiente tem condições de escolher uma tarefa e de realiza-la com consciência e participação ativa se estimulada e educada para tal. Existe sempre um tipo de trabalho que a pessoa com deficiência pode realizar com competência e que lhe possibilite uma realização profissional. “Ainda persiste a idéia pré-concebida de que diminuição das capacidades físicas, mentais ou sensoriais do individuo diminui automaticamente de um erro, porque cremos que o principio ‘a mulher ou o homem certo para o trabalho certo’ se aplica igualmente às pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência podem ser tão produtivas como os seus colegas sem deficiência, se seu potencial e capacidades forem corretamente avaliados e se exercerem a função adequada” (Hélios II, 1994) “Em termos de habilidade, uma pessoa portadora de deficiência pode tornar-se um excelente empregado. Conforme inúmeros depoimentos de empregados, os trabalhadores deficientes possuem confiabilidade e apresentam um melhor índice de freqüência e um menor índice de afastamento por doença do que os colegas não-deficientes. Pelo fato de que freqüentemente as pessoas com deficiência foram excluídas do mercado de trabalho, elas valorizam e preservam a condição de estarem empregado mais do que fariam os trabalhadores não-deficientes. Além disso, algumas das pessoas portadoras de deficiência consideram que os empregos que tem são desafiadores e interessantes, mais do que os outros empregados. Aquele velho mito de que a maioria das pessoas quer um emprego fácil, simplesmente não corresponde à verdade. A maioria das pessoas deseja empregos que apresentem algum desafio.” (The Texas Planning Concil for Developmental Disabilities, 1990) Em resumo, para a pessoa portadora de deficiência, o trabalho vai possibilitar que apareça um sujeito adulto, criativo, produtivo e responsável. Resgatará sua dignidade perante a sociedade e sua família. 1.3 A Instituição e seu papel O objetivo maior do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT) é inserção efetiva do portador de deficiência na sociedade por meio do trabalho. Dentro deste contexto, cristalizam-se cinco funções básicas que as instituições de reabilitação deveriam desempenhar: 1. Identificar potencialidades e interesses do portador de deficiência e oferecer programas de educação profissional que visem garantir as condições de empregalidade. Esses programas deverão identificar-se com a realidade sócio-econômica onde se desenvolvem, propiciando varias vivencias, seja por meio de oficinas, de cursos ou de estágios, para que o aprendiz possa vivenciar, perceber, descobrir suas habilidades, potencialidades e interesses, e então optar por um tipo de trabalho. Esta concepção de educação profissional implica uma educação integralmente orientada para o conceito de preparação com vistas à autonomia e independência pessoal. 2. Capacitar e atuar os seus recursos humanos, que estão à frente dos programas de educação profissional, considerando de extrema importância que estes sejam especialistas em sua área e atendam ao perfil necessário: • Propiciando-lhe cursos, estágios e vivencias dentro de suas áreas de atuação, incluindo assim novos paradigmas do mundo do trabalho e • Garantindo-lhe uma visão unificada para que todos utilizem a mesma linguagem na instituição no que concerne às potencialidades e possibilidades da pessoa portadora de deficiência 3. Coordenar, inovar e promover programas e parcerias que possam garantir a qualidade da atividade nela desenvolvida, considerando que: • Para o bom desenvolvimento de programas de educação profissional e colocação no trabalho, a instituição precisa estar constante atualização com o mercado de trabalho, funcionando como articuladora junto a órgãos públicos e empresas privadas, de maneira a garantir as parcerias necessárias; • A qualidade e o bom desempenho de sus programas determinaram a imagem da instituição que será responsável pela confiabilidade e credibilidade do trabalho do portador de deficiência na sociedade; • Se a instituição continuar sendo assistencialista e protecionista, ela jamais conseguirá que a sociedade reconheça a pessoa deficiente com um sujeito capaz para o trabalho. 4. Sensibilizar e conscientizar a sociedade, principalmente os empregadores, sobre as potencialidades de trabalho da pessoa portadora de deficiência, por meio da divulgação de seus serviços e da inserção do portador de deficiência na empresa para que eles possam comprovar a sua potencialidade. As relações negativas apresentadas por empregadores são geralmente baseadas em supostas razoes para a exclusão de pessoas deficientes. Segundo Manda (1994), essas razões são as seguintes: • “Capacidade e produtividade - Portadores de deficiência não seriam capazes de usar os equipamentos padrão ou de usa-los eficientemente; - Portadores de deficiência precisam de instalações especiais que custariam dinheiro; - Portadores de deficiência não têm condições de chegar ao trabalho servindo-se do transporte publico; - Trabalhadores portadores de deficiência não seriam suficientemente produtivos; - Trabalhadores portadores de deficiência não seriam suficientemente adaptáveis ou versáteis; • Saúde e segurança - O ambiente de trabalho é muito perigoso para os portadores de deficiência e pode agravar sua deficiência; - Trabalhadores portadores de deficiência não seriam confiáveis e faltam muito por doença; - Em caso de incêndio, eles seriam um problema. • A imagem da empresa - Clientes da empresa poderiam se sentir constrangidos em tratar com portador de deficiência - Portadores de deficiência são muito temperamentais. • Efeitos no ambiente de trabalho - Trabalhadores deficientes não se ajustariam ao grupo e haveria problemas de comunicação; - A administração não saberia lidar com eles; - Se fraco o desempenho, acarretaria problemas entre administração e empregados.” São essas supostas razoes que muitas vezes comprometem as oportunidades do emprego para pessoa com deficiência. Mas quando a instituição divulga e passa a imagem do portador de deficiência como capaz e produtivo, assim colocando em discussão e tratando objetivamente aquelas razões, ela pode derrubar estas imagens e quebrar o “mito do deficiente incapaz”. 5. Informar e conscientizar o portador de deficiência e sua família sobre seus direitos e deveres de cidadania, como o que poderão participar mais ativamente do processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT) As famílias devem ser orientadas e preparadas para a realização de seus filhos como pessoas capazes e produtivas desde o primeiro momento em que entram na instituição.Em resumo, a instituição não deve ser segregadora, pois ela é também responsável pela inserção social do portador de deficiência. 2 O Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho A educação profissional e a colocação do portador de deficiência no mercado de trabalho têm sido realizadas, em maior ou menor grau, ao longo dos últimos 30 anos. Contudo, diante das tendências mundiais no trato da pessoa portadora de deficiência, torna-se inadiável que as instituições de educação especial e reabilitação de todo o Brasil assumam uma postura mais decisiva em relação à sua missão de prover educação profissional aos seus milhares de aprendizes, para que os mesmos possam competir no mercado de trabalho. Conceitos e técnicas mais recentes, desenvolvidos em muitos paises incluindo o Brasil, vêm provocando uma importante mudança na maneira de se entender as possibilidades de trabalho da pessoa com deficiência. Felizmente, são muitos os exemplos de sucesso profissional alcançando por pessoas com deficiência que passaram por instituições especializadas. Mas, ao mesmo tempo, reconhece-se que muitos aprendizes têm permanecido grande parte de sua vida nessas instituições, sem nenhuma perspectiva de realização profissional no mercado aberto de trabalho. Urge, pois que se mude este quadro situacional para um outro que seja realmente eficiente na prestação de programas de educação profissional e colocação da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Pelos motivos acima expostos, foi produzido o presente manual para que as instituições possam encetar um movimento forte na transformação dos seus atuais núcleos e centros em verdadeiros pólos de execução do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT). O PECT requer trabalho de equipe multiprofissional envolvendo todos os aspectos da pessoa e do meio em que vive e consiste de diversos programas para que os aprendizes das instituições venham a ter maiores possibilidades de inserção no mercado de trabalho competitivo. O PECT é dividido em três etapas: • A Preparação para o Trabalho • A Qualificação para o Trabalho e • A colocação no Trabalho. A etapa da Preparação para o Trabalho se compõe de programas de Avaliação para o Trabalho e Pré-profissionalização. A etapa da Qualificação para o Trabalho se divide em programas de Treinamento Profissional e Habilitação Profissional. E a etapa da Colocação no Trabalho pode envolver programas de Emprego Competitivo Tradicional, Emprego Competitivo Apoiado e Trabalho Autônomo. (ver Fluxograma a seguir). Avaliação para Trabalho Préprofissionalização 1° Etapa Preparação para o Trabalho Habilitação Profissional Treinamento Profissional 2° Etapa Qualificação para o Trabalho Treinamento Autônomo - individual - Industria caseira - cooperativa - microempresa - Emprego Competitivo Apoiado - individual - Enclave - Equipe móvel Emprego Competitivo Tradicional 3° Etapa Colocação para o Trabalho Fluxograma do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho Dentro deste Processo global, cada aprendiz deverá ter o seu Plano Individualizado de Educação e Colocação Profissional (daqui para frente Chamado Plano Individualizado). Assim, cada Plano Individualizado poderá seguir um roteiro de acordo com as aptidões e limitações do aprendiz. Por exemplo, em aprendiz egresso do Programa de Avaliação para o Trabalho poderá seguir diretamente para um dos programas de Colocação no Trabalho. Um outro, todavia, poderá necessitar ser encaminhado ao Programa de Préprofissionalização e daí perseguir para um dos programas de Qualificação para o Trabalho e/ou seguir para a etapa da Colocação no Trabalho. O que realmente importa é que cada aprendiz tenha o seu Plano Individualizado. 2.1 Etapa da Preparação para o Trabalho Esta etapa propicia as condições necessárias para o ingresso na etapa profissionalizante. Especificamente, ela oferece vivencia em atividades praticas de trabalho que revelarão as potencialidades, aptidões e interesses para o exercício de uma atividade profissional. A etapa da preparação para o trabalho inclui dois programas: a Avaliação para o Trabalho e a Pré-profissionalização. 2.1.1 Programa de Avaliação para Trabalho Definição: O Programa de Avaliação para o Trabalho consiste de levantamento das potencialidades do portador de deficiência, especificando o grau de capacidade para a execução de uma tarefa ou desempenho de uma função ou emprego. A partir da avaliação definem-se os demais programas que constarão do Plano Individualizado. Objetivos: Os objetivos do Programa de Avaliação para o Trabalho são: • Identificar as capacidades e habilidades; • Verificar os aspectos pessoais, sociais e profissionais; • Determinar a elegibilidade do candidato aos programas disponíveis; • Direcionar e adequar os programas a serem desenvolvidos; • Identificar as habilidades psicomotoras, comunicativas, de vida diária, sociais e conceituais. Metodologia: O Programa de Avaliação para o Trabalho realiza os seguintes passos: 1°) 2°) 3°) 4°) Analise dos dados de programas anteriores e das referencias diagnosticas de outros profissionais (como, por exemplo, nível Maximo de escolaridade, situação de saúde física e psicológica, habilidades adquiridas, orientação espacial, autonomia na locomoção e uso de transportes coletivos). Realização de entrevistas com a própria pessoa portadora de deficiência ( e com o responsável, se for o caso), visando obter dados referentes à situação de trabalho ou ocupação, historias de trabalho no passado, historia pessoal, historia escolar, historia medica, historia da família. A função primeira destas entrevistas é a de verificar o interesse da pessoa com deficiência considerando que ela é o sujeito deste processo. aplicações de técnicas avaliativas visando perceber gerais e específicos de empregabilidade. Observações diretas em ambiente que o candidato freqüenta e/ou em situações especificas, como na realização de determinadas tarefas. É uma das etapas mais importantes da avaliação porque possibilita verificar aspectos pessoais (emocionais e sociais) e capacidades para realizar determinadas tarefas. Observação: Alguns aprendizes portadores de deficiência, em fase da severidade de sua condição, não conseguem atingir um grau de desenvolvimento que lhes permita iniciar ou concluir o processo educacional profissionalizante e serem encaminhados ao mercado de trabalho. Esses aprendizes devem ser encaminhados para programas que visem a competência de vida. Esses programas atuam principalmente na área da autonomia da pessoa portadora de deficiência nas atividades da vida diária, na higiene, alimentação e nos cuidados pessoais como vestirse, locomoção e preparação de comida, assim como na comunicação. Pré-requisitos para Ingresso: • Idade mínima de 414 anos • Relativa autonomia em atividades da vida diária (especialmente para vestir-se e cuidar de necessidades fisiológicas básicas). Duração: O ideal é que o Programa de Avaliação para o Trabalho dure, no máximo, cinco dias úteis, podendo estender-se por tempo maior, se necessário. Logo após o termino da avaliaçao9 para o trabalho, a equipe se reúne, se possível incluindo o aprendiz, para definir as próximas etapas do PECT com base nos resultados dessa avaliação. 2.1.2 Programa de Pré-profissionalização Definição: O Programa de Pré-profissionalização consiste em oferecer maior variedade de experiências de trabalho em atividades praticas, complementares e acadêmicas para que a pessoa, por meio de suas vivencias, possa melhor definir seu interesse e desenvolver suas capacidades e potencialidades para o trabalho. Objetivo: Os objetivos do Programa de Pré-profissionalização são: • Possibilitar que a pessoa adquira um nivelo máximo de autonomia pessoal; • Desenvolve padrão de desempenho (variáveis do trabalho e variáveis pessoais do aprendiz) que corresponde aos exigidos nas empresas; • Treinar hábitos e atitudes essenciais de trabalho; • Facilitar a compreensão do mundo do trabalho, da entrevista de emprego, da ficha de solicitação de emprego, apresentação pessoal, direitos e deveres do trabalhador, relações no trabalho etc.; • Propiciar uma auto-avaliação quanto às aspirações e limitações pessoais para determinadas tarefas; • Capacitar para o ingresso na etapa da Qualificação para o Trabalho. Metodologia: O Programa de Pré-profissionalização deve ser definido a partir da avaliação e elaborado de modo a entender às necessidades de cada pessoa. O conteúdo programático deste programa deverá ser dividido em vários níveis, com graus de dificuldade crescente. De acordo com o desempenho na avaliação, o aprendiz iniciara no nível compatível com suas capacidades, desde que as atividades apresentem um desafio para ele, sem necessariamente passar por todos os níveis anteriores. Conteúdo Programático: • Atividades de vida diária: Cuidados pessoais (hábitos à mesa e higiênicos, locomoção e cuidados com o vestuário e saúde), socialização (relação interpessoais, boas maneiras, contatos na utilização de recursos da comunidade etc.) e comunicação • • • - (linguagem expressiva e compreensiva, escrita e leitura e tempo e medidas). Atividades praticas: atividade de limpeza e conservação de ambientes, cozinha, horticultura, jardinagem, fruticultura, criação de pequenos animais, artesanato, culinária, tapeçaria, cartonagem, bordado, atividades com papel reciclado e diferentes materiais utilizando metal, madeira, couro, tecido etc. Atividades complementares: Teatro, dança, musica, pintura, educação física etc. Atividades acadêmicas: alfabetização, manutenção pedagógica e conhecimentos sobre o mundo do trabalho, tais como: Profissões; Requisitos para o trabalho; Medidas de higiene e segurança no trabalho; Relações humanas; Normas de uma empresa. Pré-requisitos para Ingresso: • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho; • Autonomia parcial nos hábitos de higiene pessoal e alimentação; • Condições de compreender e atender ordens simples; • Linguagem gestual ou oral que possibilite comunicação com o meio; • Condições para realizar leitura incidental; • Controle esfincteriano. Duração: De um a três anos, de acordo com o desenvolvimento do aprendiz. 2.2 Etapa de Qualificação para o trabalho Terminada a etapa da Preparação para o Trabalho, inicia-se a da Qualificação para o Trabalho. Esta nova etapa caracteriza-se pelo seu objetivo eminentemente qualificador da mão-de-obra do portador de deficiência para o emprego, que varia muito em decorrência do contexto regional. Pode ser, por exemplo, um emprego como ajudante na criação de animais, operador de maquina copiadora, garçonete na lanchonete, ajudante de produção ou auxiliar de montagem. A qualificação tem sido reconhecida como fator fundamental na obtenção de bons empregos. Mas ela é também importante para outras áreas da vida da pessoa, com mostra uma pequena pesquisa realizada por uma instituição junto aos pais dos portadores de deficiência. Questões feitas aos pais: 1) O interesse de seu filho pela escola melhorou após passar a freqüentar o programa de qualificação profissional? 2) O comportamento de seu filho melhorou no ambiente familiar após freqüentar o programa de qualificação profissional? 3) Vocês observam que a relação de seu filho melhorou nos contatos sociais com amigos, colegas, parentes etc. após freqüentar o programa de educação profissional? Nível de Concordância/ discordância Concorda plenamente Concorda em parte Discorda plenamente total Questão 1 Questão 2 Questão 3 70%(7) 30%(3) 0%(0) 100%(10) 70%(7) 30%(3) 0%(0) 100%(10) 80%(8) 20%(2) 0%(0) 100%(10) A qualificação para o trabalho possui duas modalidades: o Treinamento e a Habilitação. 2.2.1 Programa de Treinamento Profissional Definição: É um programa que se preocupa fundamentalmente com o desenvolvimento de habilidades necessárias ao desempenho de uma tarefa. Ou seja, o treinamento consiste em desenvolver, por meios de atividades praticas, o potencial laborativo do aprendiz para executar e produzir um determinado trabalho com qualidade, quantidade e responsabilidade na função na qual ele será colocado futuramente. Objetivos: O Programa de Treinamento Profissional visa: • Preparar o aprendiz para o exercício de atividades profissionais; • Aperfeiçoar conhecimentos básicos necessários para a profissionalização; • Servir de treinamento para posterior colocação no mercado de trabalho competitivo; • Oferecer aos aprendizes condições para o desenvolvimento de postura adequada para o trabalho; • Encaminhar o aprendiz para o Programa de Habilitação Profissional e/ou diretamente para um dos programas da etapa da Colocação no Trabalho. Metodologia: Este programa deve ser desenvolvido por meio de atividades práticas em ambiente simulado na própria instituição e/ou em situação real de trabalho em empresas (preferencialmente através da parceria instituiçãoempresa). Para verificar o seu êxito, é necessário fazer avaliação de desempenho durante o desenvolvimento do programa. Os profissionais deverão sempre evitar manter o aprendiz dentro do Programa de Treinamento Profissional além do tempo necessário. Deverão ter o cuidado de verificar se o aprendiz seria um daqueles poucos casos de encaminhamento ao Programa de Habilitação Profissional ou se ele atingiu as condições de empregabilidade para ser inserido em um dos programas da etapa da Colocação no Trabalho. O Programa de Treinamento Profissional pede realizar-se nas seguintes modalidades: • Treinamento para o trabalho • Treinamento em estágio Treinamento para o trabalho Ao longo dos anos, na área da profissionalização da pessoa portadora de deficiência, tem-se utilizado o tempo “treinamento em serviço” para designar uma das formas de qualificação para o trabalho. Porém, “treinamento em serviço” refere-se ao treinamento que uma empresa oferece aos funcionários que nela trabalham. E isto não corresponde à situação em que o portador de deficiência se encontra neste momento, ou seja, ele ainda é funcionário de nenhuma empresa e sim aprendiz em uma instituição. Portanto, o tempo adequado é “treinamento para o trabalho”. O treinamento para o trabalho poderá ser desenvolvido na própria instituição utilizando-se da fabricação própria, subcontratos, prestação de serviços e atividades praticas de serviços gerais (limpeza, manutenção, escritório, recepção, alimentação etc) e uma equipe móvel de emprego apoiado. Estas atividades servem como campo de treinamento para o portador de deficiência, que depois pode passar para a modalidade de estágio ou para o Programa de Habilitação Profissional ou para a etapa da Colocação no Trabalho. Portanto, o treinamento para o trabalho irá atender às necessidades temporárias da pessoa portadora de deficiência que, por diversas razões, ainda não atingiu as condições de empregabilidade. Uma outra forma interessante de viabilizar o treinamento para o trabalho é a escola-empresa – um empreendimento que permanece à instituição mas está localizado na comunidade e montado exclusivamente para o desenvolvimento de programas de qualificação. A escola-empresa, criada nos moldes dos centros de formação do SENAC ( hotel-escola, escritório-escola), tem a vantagem se ser uma atividade inserida na comunidade, de proporcionar treinamento em situação real, de garantir participação social e de facilitar o ingresso no mercado de trabalho competitivo. A escola-empresa pode ser uma loja, uma padaria, um restaurante, uma cozinha industrial, uma sapataria ou um ponto de conserto para bicicletas etc. Esta deve situar-se na comunidade em local comercialmente interessante e possuir contato direto com consumidores. Os aprendizes recebem orientação dos instrutores e adquirem, de forma progressiva, habilidades em todas as tarefas inerentes ao empreendimento. Cada aprendiz deve ser treinado conforme seu ritmo individual e concluir o Programa de Treinamento Profissional com uma qualificação limitada ou completa, sendo depois encaminhado para a etapa de Colocação no Trabalho. É de suma importância que o Programa de Treinamento Profissional possua caráter transitório pois, assim, evita-se o perigo de o aprendiz permanecer indefinidamente na instituição e de o profissional não enxergar uma chance de coloca-lo no mercado competitivo. Os autores deste manual consideram que toda pessoa possui direito de levar uma vida produtiva independente. Por isso, apenas um numero muito reduzido de pessoas portadoras de deficiência muito acentuada irá permanecer na instituição. Treinamento em estágio O treinamento em estágio é realizado numa empresa, portanto em situação real, onde o aprendiz vai desenvolver e/ou modificar atitudes, a fim de torna-las aceitáveis no mundo do trabalho e adquirir uma qualificação profissional que obtive sua futura colocação em um emprego competitivo. No estagio, o portador de deficiência exercitará seus direitos e deveres de cidadão trabalhador, poderá mudar conceitos e valores, aperfeiçoará seu aprendizado, obterá o reconhecimento social e com isto assegurará o bom desempenho em um futuro emprego. Até agosto de 1991, não havia respaldado legal para a realização de estagio nas empresas. Em 30/08/91, o Ministério do Trabalho e Previdência Social, através da Instrução Normativa n° 5, assegura o trabalho educativo cujo fim é o desenvolvimento da capacidade laborativa do portador de deficiência. Mais recentemente, o governo federal através da Lei 8.859, de 23/03/94, garante o direito ao portador de deficiência à participação em atividades de estágio em empresas públicas e particulares, sem que isto caracterize vinculo empregatício. Conteúdo Programático: O conteúdo é variável de acordo com a ocupação escolhida. Primeiramente, realizar-se-á a análise do mercado de trabalho com a finalidade de definir a área de atuação, ou seja, escolher entre as atividades industriais, comerciais e rurais qual ou quis serão utilizadas para o desenvolvimento do Programa de Treinamento Profissional. Posteriormente, inserir-se-ão os conteúdos de manutenção e consolidação dos hábitos e atitudes de trabalho visando a conduta profissional adequada. Ressaltamos que a continuidade das atividades complementares (teatro, musica, dança, pintura, educação física etc.) não poderá atingir proporções tais que interfiram no conteúdo e na carga horária do Programa de Treinamento Profissional e, conseqüentemente, façam perder o objetivo central deste programa. Todo treinamento deve incluir conteúdos referentes à orientação para o trabalho, tais como: • Documentação pessoal; • Normas internas de trabalho; • Tipos de ocupações; • Concursos públicos; • Cidadania; • Estrutura organizacional da empresa; • Medidas de higiene e segurança no trabalho; • Legislação trabalhista; • Relações interpessoais; • Procura de emprego; • Organização sindical. Pré-requisitos para o Ingresso: • Idade mínima de 14 anos. • Não ter problemas graves de saúde, que exijam tratamento imediato e, portanto, afastamento do Programa de Treinamento Profissional. • Habilidades básicas necessárias para o treinamento proposto. • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, conforme o caso, também pelo Programa de Préprofissionalização. Duração: A duração é variável de acordo com a área ocupacional, na qual o aprendiz receberá treinamento. Recomenda-se que a duração seja, no Maximo, de quatro anos neste programa. 2.2.2 Programa de Habilitação Profissional Definição: O Programa de Habilitação Profissional consiste em propiciar ao aprendiz, em um nível mais formal e sistematizado do que no Programa de Treinamento Profissional, a aquisição e/ou o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades especificamente associados a uma determinada profissão ou ocupação. A habilitação profissional apresenta as seguintes características principais: • Estruturação formal; • Conteúdo programático sistematizado abrangendo teoria e prática; • Duração pré-determinada, diferente da que existe na modalidade de treinamento; • Pré-requisitos (por exemplo, nível de escolaridade) mais existentes do que o treinamento. Objetivos: Este programa visa: • Aquisição de conhecimentos específicos de uma profissão ou ocupação; • Aquisição de habilidades especificas necessárias ao desempenho dessa profissão ou ocupação; • Desenvolvimento de conhecimentos e habilidades anteriormente adquiridos pelo aprendiz e que ainda não sejam suficientes para o imediato exercício da profissão ou ocupação em foco. Metodologia: Cabe à instituição, enquanto provedora do Programa de Habilitação Profissional na própria instituição e/ou encaminhadora de seus aprendizes aos cursos de habilitação na comunidade: Quanto aos cursos externos à instituição: • Cadastra os cursos de habilitação profissional existentes em sua comunidade; • Orientar os técnicos desses cursos em relação às necessidades do portador de deficiência; • Sugerir adaptações no mobiliário, no equipamento, no conteúdo programático e/ou na metodologia dos cursos, com vistas a propiciar ao habilitado o melhor aprendizado possível; • Encaminhar os aprendizes aos cursos selecionados. Quanto aos cursos na instituição e externos a ela: • Proceder à analise dos pré-requisitos para o ingresso em cada curso disponível; • Selecionar os cursos compatíveis com as necessidades do portador de deficiência; • Realizar os cursos selecionados; • Proceder ao estudo de caso de cada aprendiz juntamente com outros profissionais da equipe da instituição e com técnicos do curso em andamento; • Acompanhar o desempenho e o progresso dos aprendizes durante a realização dos cursos; • Encaminhar aprendizes para a realização de estagio nas empresas, se for o caso (Ver item “Treinamento em estagio”, do Programa de Treinamento Profissional). Conteúdo programático: Independentemente da área profissional escolhida, os cursos deverão levar em consideração os seguintes conteúdos: • Conhecimentos específicas (da ocupação ou profissão escolhida); • Competências específicas (habilidades a serem colocadas em prática quanto do exercício dessa ocupação ou profissão escolhida); • Orientação para o trabalho ( documentação pessoal, normas internas de trabalho, tipos de ocupações, concursos públicos, cidadania, estrutura organizacional da empresa, medidas de higiene e segurança no trabalho, legislação trabalhista, relações interpessoais, procura de emprego e organização sindical); • Desenvolvimento de postura profissional (aquisição de atitudes e comportamentos desejáveis em qualquer trabalhador); • Habilidades de gestão (em alguns casos, torna-se necessário que o portador de deficiência tenha conhecimento e competência relacionados a preço, custos, vendas etc. de forma que ele possa se autogerenciar, por exemplo, num futuro trabalho autônomo). Pré-requisitos para Ingresso no Programa: • Idade mínima 14 anos; • Escolaridade (Postulamos a relevância da escolaridade essencial para o aprendizado do curso escolhido, diferentemente da escolaridade mínima exigida pelos ursos que ainda não levam em consideração o critério de adequar os pré-requisitos ao aluno); • Ter autonomia nas atividades da vida diária; • Não ter problemas graves de saúde que exijam tratamento imediato e, portanto, afastamento do programa de habilitação Profissional; • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, conforme o caso, também pelo Programa de Préprofissionalização. Duração: A duração é variável de acordo com a área de habilitação escolhida. Ressaltamos que este programa a duração dos cursos será bem menor do que a duração do treinamento profissional. 2.3 Etapa de Colocação no Trabalho Esta constitui a ultima etapa do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT), a qual confirmará ou não a validade e a eficiência de todo o procedimento anterior (primeira e/ou segunda etapas). A colocação no trabalho é a inserção da pessoa portadora de deficiência em algum tipo de atividade laborativa, primordialmente competitiva e sempre condizente com o potencial, as condições físicas e as aspirações dessa pessoa e também com as disponibilidades existentes na comunidade. A etapa da Colocação visa: • Ser um meio de facilitar a inserção da pessoa portadora de deficiência na comunidade; • Proporcionar à pessoa portadora de deficiência o encaminhamento a um emprego ou trabalho que lhe dê condições de realização profissional e de exercício de seus direitos e deveres trabalhistas; • Permitir a garantia e a consolidação do exercício da cidadania como membro ativo da sociedade. Esta etapa se utiliza de três programas: • Programa de Emprego Competitivo Tradicional • Programa de Emprego Competitivo Apoiado • Programa de Trabalho Autônomo. 2.3.1 Programa de Emprego Competitivo Tradicional Definição: O Programa de Emprego Competitivo Tradicional consiste fundamentalmente em ajudar o aprendiz na busca de uma atividade laborativa a partir do momento em que ele esteja apto a atingir os índices de produtividade (quantidade, qualidade e postura profissional) exigidos pelo empregador. É considerado tradicional por causa do método ‘treinarcolocar’ que vem sendo utilizado há bastante tempo na colocação de pessoas portadoras de deficiência que não requerem apoio continuo no local de trabalho. Objetivo: O objetivo do Programa de Emprego Competitivo Tradicional é o de proporcionar à pessoa portadora de deficiência condições que a levam a uma atividade produtiva e remunerada, realizada no mercado de trabalho competitivo, a qual lhe assegurará o exercício de seus direitos e deveres trabalhistas e permitirá sua inserção na sociedade. Metodologia: Este programa realizará os seguintes procedimentos, juntamente com o candidato, sua família e empresas: 1. Pesquisa de mercado visando levantar as empresas da comunidade que ofereçam atividades profissionais compatíveis com a qualificação do portador de deficiência; 2. Entrevista com o empreendedor para: • Sensibilização quanto às características e ao potencial laborativo do candidato; • Realização de analise ocupacional para compatibilizar a competência do candidato com a função que ele irá exercer e também para organizar um banco de empregos. 3. Entrevista com o candidato e a família para a prepara a transição da etapa da Qualificação para a de Colocação no Trabalho. 4. Encaminhamento do candidato à vaga de emprego, realizando um acompanhamento e avaliação de seu desempenho durante o período do contrato de experiência. Pré-requisitos para Ingresso: • Idade mínima de 14 anos; • Certeza de querer atuar em situação real de trabalho; • Autonomia para dirigir-se ao local de trabalho (fábrica, fazenda, escritório etc.) e nele atuar; • Qualificação adequada para o emprego em questão; • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, se for o caso, também pelo Programa de Pré-profissionalização ou Programa de Treinamento Profissional ou Programa de Habilitação Profissional. Entrevistas ilustrativas: Para documentar a prática existente, apresentamos a seguir três entrevistas feitas por um profissional de uma instituição, sendo uma realizada com o próprio trabalhador, a outra com o seu chefe imediato e uma outra com sua família. Entrevista com o trabalhador A. A. M. é ex-aprendiz do Centro de Treinamento e Produção da APAE de Salvador, tem 23 anos de idade e exerce emprego competitivo há 5 anos em uma fabrica de produtos alimentícios. Pergunta: O que a APAE representou em sua vida? Resposta: A APAE me ensinou tudo que eu preciso pra me tornar o que sou hoje: um cidadão. Pergunta: Fale de sua experiência de trabalho. Resposta: Trabalho como operador de máquinas, onde realizo o corte da cocada, ajudo na embalagem, alimento e estoque etc. Pergunta: Você esta satisfeito com o seu salário? Resposta: Não. Pergunta: Quanto você recebe mensalmente? Resposta: R$ 145,00 Pergunta: Não e bom salário? Resposta: Não, porque trabalho muito. Pergunta: Quis as suas expectativas para o futuro? Resposta: Pretendo voltar a estudar, tomar cursos que melhorem o meu desempenho dentro da empresa, me fazendo crescer. Pergunta: Você tem namorada? Pensa em casamento? Resposta: Sim. Eu tenho namorada, ela é professora de uma escolinha particular. Casamento ainda não é papo para mim. Pergunta: Você sabe lidar com o seu dinheiro? Resposta: Claro. Compro roupas, sapatos, óculos esportivos, CDs. Pergunta: Você ajuda em casa? Resposta: Sim. Dou R$ 35,00 à minha mãe. Pergunta: Você tem amigos, participa de algum lazer? Resposta: Jogo bola com os colegas, vou ou cinema com minha namorada, freqüento praia etc. Pergunta: Deixa uma mensagem para seus ex-colegas da APAE que ainda não tiveram oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Resposta: Que eles tenham responsabilidade e realizem o trabalho com dedicação, respeitando seus professores e colegas e acreditem na sua capacidade de que um dia eles chegarão lá. Pergunta: Você tem alguma queixa da empresa? Resposta: Minhas férias que ainda não tirei, falta de cursos e falta uma área de lazer. Entrevista com o chefe imediato A. B. F. é encarregado do Setor de Produção da fábrica de produtos alimentícios e chefe imediato de A. A. M. Pergunta: O que motivou a empresa a observar no seu quadro de funcionários pessoas portadoras de deficiências? Resposta: Simplesmente dar oportunidade de trabalhar a essas pessoas discriminadas pela sociedade. Pergunta: Como a empresa aproveitou essa mão-de-obra? Resposta: O ritmo dessas pessoas é normal, não havendo discrição dos demais funcionários. A. A. M. trabalha como operador de máquinas, onde realiza o corte da cocada, ajuda na embalagem, alimenta o estoque. Pergunta: O que a empresa pode relatar quanto ao desempenho dessas pessoas e como se dão as suas relações interpessoais? Resposta: É um excelente funcionário, desempenha suas funções com muita responsabilidade, tem respeito à hierarquia, é pontual e assíduo. Relaciona-se de forma satisfatória com os colegas e superiores. Pergunta: As pessoas portadoras de deficiência absorvidas pela empresa foram, em algum momento, orientadas quanto aos seus direitos e deveres? Resposta: Sim, todos os nossos funcionários ao ingressar na empresa são orientados quanto aos seus direitos e deveres. Pergunta: Na área social, o que a empresa proporciona a esses funcionários? Por Exemplo: cursos, lazer, reciclagem, treinamento. Resposta: No momento, a empresa está em fase de implantação de uma quadra esportiva polivalente e de promoção de reciclagem e treinamento para seus funcionários. Pergunta: A empresa está satisfeita com essa mão-de-obra? Tem interesse em continuar observando funcionários com deficiência? Resposta: Sim. Não existem diferenças entre essas pessoas e os demais funcionários. Muito pelo contrario, A. A. M. é um dos melhores funcionários de nossa empresa. É claro que gostaríamos de contratar novas pessoas e estamos abertos para isso. Pergunta: Que mensagem você deixaria para despertar em outros empresários o interesse em vivenciar esse tipo de experiência? Resposta: Que todos estejam abertos para admitir em seu quadro de funcionários essas pessoas, pois elas têm capacidade e responsabilidade como quaisquer outras pessoas. Que a sociedade se conscientize e proporcione oportunidade de trabalho para elas. Entrevista com a mãe do trabalhador Pergunta: O que levou a senhora a procurar a instituição? Resposta: O atraso na escolaridade de mau filho e as constantes repetições de ano. Pergunta: Qual foi a idade em que A. A. M. ingressou na instituição? Resposta: 14 anos de idade. Pergunta: Quem orientou os pais a procurar uma instituição especializada e por que? Resposta: Foi a professora devido às constantes reprovações e as dificuldades apresentadas. Pergunta: Houve uma desorganização na dinâmica familiar com a descoberta da deficiência de seu filho? Resposta: Não. Todos aceitaram sem menores problemas. Pergunta: A instituição ofereceu apoio aos pais para desenvolver um relacionamento emocional saudável com o seu filho? Resposta: Sim. Fui bem orientada por todos da instituição principalmente pelo serviço social. Pergunta: Ele gosta do trabalho que realiza? Resposta: Tem algumas restrições, mas gosta. Ele se queixa das férias acumuladas e do excesso de trabalho. Pergunta: O trabalho ampliou o seu circulo de amizade? Resposta: Sim. Hoje ele tem mais amigos para ir à praia e jogar futebol etc. Pergunta: Quais são as expectativas dele em relação ao futuro? Resposta: Ele espera crescer dentro da empresa onde trabalha e melhorar o salário. • Ajudar pessoa com deficiência que estejam em oficina protegida de trabalho a saírem de lá ou evitar que outras sejam para lá encaminhadas, conseguindo-lhes empregos apoiados na comunidade; • Treinar a pessoa portadora de deficiência nas tarefas próprias da função que irá desempenhar dentro da empresa após sua colocação; • Inserir a pessoa portadora de deficiência no trabalho e, conseqüentemente, na sociedade; • Garantir que o emprego apoiado retenha seu emprego, por meio de um acompanhamento sistemático no local de trabalho pelo tempo que ele necessitar. • Entrevistas e observações informais; • Interpretação das avaliações formais; • Avaliação de conduta em situações especificas. • Contatos (visitas, cartas, telefonemas) com empregadores; • Contato com entidades empresariais e de trabalhadores (sindicatos); • Utilização dos meios de comunicação (jornal, rádio, TV etc.). • Observação do posto de trabalho e de todos os ambientes da empresa; • Analise ocupacional e de tarefas; • Entrevista com o empregador ou chefe pessoal. • • • • • • Transporte; Habilidade física; Comportamento social; Autonomia nas atividades da vida diária; Movimentação do candidato; Apoio da família. • Treinamento com instruções sistemáticas para a realização das tarefas; • Supervisão no desenvolvimento de habilidades complementares (uso do transporte, do refeitório, do banheiro etc.) e Retirada progressiva do apoio à medida que o portador de deficiência: • Aumenta a taxa de produtividade atendendo o padrão esperado pela empresa; • Se estabiliza na empresa quanto a: produtividade, relacionamento social e conduta profissional. • Identificar as necessidades de apoio; • Buscar outros serviços existentes na comunidade, se necessário, para atender àquelas necessidades; • Considerar as avaliações do encarregado, dos colegas de trabalho, da família e do próprio trabalhador nas visitas periódicas (em media uma ou duas vezes por mês) ou nos contatos telefônicos. • • • • Idade mínima 14 anos; Desejo de atuar em situação de trabalho real; Necessidade de apoio para obter e reter emprego; Preparação mínima para atuar no mundo do trabalho principalmente em termos de postura profissional; • Habilidades sondadas/identificadas pelo profissionais da instituição; • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, se for o caso, também pelo Programa de Pré-profissionalização. • Produção e venda de produtos sanduíches, sucos, salgadinhos etc.) • Venda de vários produtos de escrito; alimentícios (cafezinho, • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, s4e for o caso, também pelo Programa de Pré-profissionalização ou Programa de Treinamento Profissional ou Programa de Habilitação Profissional. 2.3.2 Programa de Emprego Competitivo Apoiado Definição O Programa de Emprego Competitivo Apoiado destina-se àqueles aprendizes que, para obterem e reterem emprego competitivo em ambientes comuns, necessitam maior apoio em razão de sua dificuldades físicas, mentais, sensoriais, múltiplas e/ou sociais em grau acentuado. Destina-se também aos portadores de deficiência que tiveram empregos intermitentemente ou então nunca obtiveram um emprego competitivo na vida. Quanto o emprego requer esse apoio maior, é denominado “emprego apoiado”. O emprego apoiado segue o processo “colocar-treinar”, exatamente ao contrario do processo tradicional “trinar-colocar”. Ou seja, no emprego apoiado, primeiro colocamos a pessoa com deficiência no emprego e depois treinamos no próprio posto de trabalho. Neste sentido, o emprego apoiado abre a possibilidade de trabalho competitivo para pessoas que têm permanecido em oficinas protegidas de trabalho. Modalidades: As principais modalidades de emprego apoiado são as seguintes: 2.3.2.1 Individual É o emprego exercido individualmente em empresa de pequeno, médio ou grande porte, com apoio do treinador de trabalho. 2.3.2.2 Enclave É um pequeno grupo de ate oito pessoas com deficiência severa, trabalhando juntas em uma única empresa comercial ou instituição, os quais prestam serviços na comunidade, geralmente na área de manutenção de jardins e parques e de Zelândia. Objetivos: Os objetivos do Programa de Emprego Competitivo Apoiado são os seguintes: • Ajudar pessoa com deficiência que estejam em oficina protegida de trabalho a saírem de lá ou evitar que outras sejam para lá encaminhadas, conseguindo-lhes empregos apoiados na comunidade; • Treinar a pessoa portadora de deficiência nas tarefas próprias da função que irá desempenhar dentro da empresa após sua colocação; • Inserir a pessoa portadora de deficiência no trabalho e, conseqüentemente, na sociedade; • Garantir que o emprego apoiado retenha seu emprego, por meio de um acompanhamento sistemático no local de trabalho pelo tempo que ele necessitar. Metodologia: Os procedimentos relativos ao encaminhamento do candidato ao emprego apoiado são os seguintes: 1. Avaliação do candidato: Processo de avaliar as habilidades e os interesses do candidato, bem como as suas possíveis necessidades de apoio, com vistas à colocação em emprego. Pode-se realiza através de: • Entrevistas e observações informais; • Interpretação das avaliações formais; • Avaliação de conduta em situações especificas. 2. Busca de emprego adequado: Exploração do mercado de trabalho da comunidade, através de: • Contatos (visitas, cartas, telefonemas) com empregadores; • Contato com entidades empresariais e de trabalhadores (sindicatos); • Utilização dos meios de comunicação (jornal, rádio, TV etc.). 3. Avaliação do local de trabalho; Analise do local de trabalho através de: • Observação do posto de trabalho e de todos os ambientes da empresa; • Analise ocupacional e de tarefas; • Entrevista com o empregador ou chefe pessoal. 4. Colocação Escolha do candidato à vaga, considerando fatores-chave, tais como: • Transporte; • Habilidade física; • Comportamento social; • Autonomia nas atividades da vida diária; • Movimentação do candidato; • Apoio da família. 5. Treinamento local de trabalho: Fornecimento, por parte do treinador de trabalho, de: • Treinamento com instruções sistemáticas para a realização das tarefas; • Supervisão no desenvolvimento de habilidades complementares (uso do transporte, do refeitório, do banheiro etc.) e Retirada progressiva do apoio à medida que o portador de deficiência: • Aumenta a taxa de produtividade atendendo o padrão esperado pela empresa; • 6. Se estabiliza na empresa quanto a: relacionamento social e conduta profissional. produtividade, Acompanhamento; Deve haver acompanhamento para: • Identificar as necessidades de apoio; • Buscar outros serviços existentes na comunidade, se necessário, para atender àquelas necessidades; • Considerar as avaliações do encarregado, dos colegas de trabalho, da família e do próprio trabalhador nas visitas periódicas (em media uma ou duas vezes por mês) ou nos contatos telefônicos. Pré-requisitos para o Ingresso: • Idade mínima 14 anos; • Desejo de atuar em situação de trabalho real; • Necessidade de apoio para obter e reter emprego; • Preparação mínima para atuar no mundo do trabalho principalmente em termos de postura profissional; • Habilidades sondadas/identificadas pelo profissionais da instituição; • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, se for o caso, também pelo Programa de Pré-profissionalização. Exemplo: F. G., 35 anos de idade, é portador de deficiência múltipla (deficiência mental, paralisia cerebral e distúrbio na fala). Até os 26 anos de idade, ela morou com os pais e, depois, foi morar em uma residência coletiva permanente à instituição de reabilitação profissional onde ela era cliente. Dos 20 aos 26 anos de idade, ela freqüentou uma oficina protegida de trabalho, onde adquiriu experiência em etiquetagem e classificação de envelopes para mala direta, empacotamento de variados artigos, montagem de Kits com talheres descartáveis e quardanapos, e desenvolveu habilidades de limpeza de sanitários. Durante um ano antes de ser encaminhada à nova instituição, ela morou, com uma amiga, em um apartamento supervisionado. Atualmente, os pais dão a filha bastante apoio afetivo, mas não têm condição de lhe oferecer ajuda concreta. F. G. tem poucos amigos e não freqüenta atividades da comunidade. Considerando as informações coletadas e os interesses e habilidades de F. G., chegou-se à conclusão de que a atividade profissional onde ela teria melhor desenvoltura e sucesso seria em uma industria, principalmente em funções que utilizem as habilidades por ela demonstradas durante sua permanência na oficina protegida de trabalho. Entretanto, dada a sua inexperiência no mercado de trabalho competitivo, F. G. e a instituição, juntamente com sua família, optaram pelo emprego apoiado. Após uma busca nas ofertas do mercado de trabalho, a treinadora de trabalho localizou uma vaga de montadora de Kits de pratos e talheres descartáveis numa indústria de produtos plásticos. Após sua colocação, ela aprendeu rapidamente essa função com a ajuda da treinadora do trabalho, que também lhe deu apoio na fase de familiarização com os vários ambientes físicos da fabrica e com os colegas de trabalho. Com uma adaptação feita na bancada para contornar sua dificuldade física, ela conseguiu produzir dentro dos padrões da empresa. Meses depois, já sem necessidade do apoio inicial dado pela treinadora de trabalho, F. G. foi considerada um caso de sucesso. 2.3.3 Programa de Trabalho Autônomo Definição: O Programa de Trabalho Autônomo consiste em propiciar orientações e informações à pessoa com deficiência acerca de que o trabalho autônomo: • Se caracteriza pela atuação profissional, sem vinculo empregatício; • Implica no gerenciamento de um pequeno negocio ou empreendimento, que envolve administração de recursos, aquisição de encomendas e comercialização, marketing e vendas; • Poderá necessitar do envolvimento de outras pessoas (pais, irmãos, parentes, amigos etc.), caso haja implicações que dificultem a ação individual da pessoa com deficiência. Modalidade: Porem ser discriminadas quatro modalidades de trabalho autônomo: individual, industria caseira, cooperativa e microempresa. 2.3.3.1 Individual Definição: Nesta modalidade, o trabalhador atua por si só, se necessário com auxilio de outras pessoas e com equipamentos de acordo com o ramo de atividade escolhido, em espaço alugado, cedido ou próprio. Seguem alguns exemplos de ramos de atividade para a modalidade individual: • Produção e venda de produtos sanduíches, sucos, salgadinhos etc.) • Venda de vários produtos de escrito; alimentícios (cafezinho, Pré-requisito para o ingresso: • Passagem pelo Programa de Avaliação para o Trabalho e, s4e for o caso, também pelo Programa de Pré-profissionalização ou Programa de Treinamento Profissional ou Programa de Habilitação Profissional. Entrevista ilustrativa: Entrevista com um trabalhador C. J. S. é cabeleireiro profissional autônomo e possui salão de beleza em um bairro da periferia em Salvador. É ex-aluno da APAE, casado, tem 35 anos de idade e recebe uma renda mensal de R$ 700,00. Pergunta: O que levou você a decidir ser um profissional autônomo? Resposta: Eu tive varias experiências em varias empresas de prestação de serviços que não deram certo. Um dia fiz uma visita a um salão de beleza e lá fui incentivado para faze o curso de cabelereiro. Pergunta: Como você se estruturou para a montagem de seu negocio? Resposta: Com as economias adquiridas no meu trabalho. Pergunta: Quais foram as pessoas que te apoiaram neste momento? Resposta: Minha família principalmente meu pai. Pergunta: Quais os obstáculos encontrados? Resposta: O maior obstáculo foi a discriminação da comunidade que vê i cabeleireiro como “bicha”. Mas meus pais me deram muita força. Pergunta: Em algum momento você quis recuar de seus objetivos? Resposta: Não. Muito pelo contrario. Cada vez mais invisto em meu trabalho. Participo de cursos, congressos etc. Pergunta: Em que momento ocorreu a estabilização de seu negocio? Resposta: T em mais ou menos 5 anos. Pergunta: A APAE contribuiu para sua formação profissional? Como? Resposta: Contribuiu. Quando ingressei na APAE, era muito nervoso, não conseguia aprender, nem vencer as dificuldades escolares, era desatento, não obedecia ordens. Pergunta: Hoje, como você se vê profissionalmente e socialmente? Resposta: Totalmente integrado. Tenho minha família, minha casa própria, meu salão de beleza, venda geladinho etc. meu maior sonho é comprar um sitio onde pretendo morar e viver do aluguel dos meus imóveis. Pergunta: Você, como empresário, aceita em seu quadro, funcionário portador de deficiência? Resposta: Aceitaria. Pois não vejo nenhuma diferença sas outras pessoas. Pergunta: Você aconselharia seus ex-colegas a monta seu próprio negocio? Resposta: Aconselharia. Porque não temos que prestar satisfação a ninguém. O importante é escolher numa profissão que dê lucro. 2.3.3.2 Industria Caseira Definição: A industria caseira é uma pequena atividade produtiva desenvolvida no domicilio do portador de deficiência, geralmente envolvendo outros familiares, tanto na fabricação e comercialização de produtos quanto no gerenciamento do negocio. Pré-requisito: Para ser indicada a abrir uma industria caseira, a essoa com deficiência deverá ter um ou mais dos seguintes pré requisitos: • Domínio de uma atividade; • Interesse em realizar uma atividade produtiva em seu domicilio; • Disponibilidade da família em apoiar o portador de deficiência neste sentido. Exemplo: Uma aprendiz, de 20 anos de idade, portadora de uma deficiência mais comprometida, freqüentava a instituição na oficina de corte e costura, esta aprendiz foi convidada a freqüentar a oficina da instituição com ajudante do instrutor. Com o passar do tempo, a mãe, por motivos de saúde (reumatismo nos joelhos), não poderia continuar indo à instituição. E teve a idéia de convidar a filha para abrir juntas uma industria caseira de bonecos. A instituição ajudou as duas na confecção de moldes. E, assim, puderam iniciar a atividade em casa. 2.3.3.3 Cooperativa Definição: A cooperativa é uma associação autônoma, formada por pessoas que unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais em comum, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida. A cooperativa é, ao mesmo tempo, uma associação e uma empresa econômica. Por isso se diz que ela tem natureza dupla, sendo considerada uma das formas mais avançadas de organização social. A cooperativa reúne pessoa que têm interesses, problemas e necessidades em comum. Todos os associados têm os mesmos direitos e deveres definidos em estatutos. É regulamentada pela lei cooperativista n° 5.764 de 16/12/71, que a define como uma sociedade de pessoas com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não-sujeita à falência e constituída para prestar serviços aos associados. “Os sócios assumem de forma igualitária os riscos e benefícios do empreendimento a participam ativamente”. (Rech, 1995, p. 25). A cooperativa subdivide-se em três grupos: associados, dirigentes e funcionários. Uma cooperativa, conforme a legislação atual, deve possuir pelo menos 20 sócio (cooperados). Estes determinam em assembléias gerais todos os procedimentos da cooperativa. Convém contratar um gerente que se obriga a prestar conta de suas ações. A venda liquida é distribuída proporcionalmente em relação à quantidade de trabalho realizado. Portadores de deficiência aptos para executarem com independência uma função ou tarefa, podem – juntamente com pessoas não-portadoras de deficiência e/ou familiares – formar uma cooperativa. O principio de autogestão requer que todos os sócios (portadores de deficiência ou não) estejam envolvidos nas decisões coletivas. É, portanto, imprescindível que também a pessoa portadora de deficiência esteja preparada para agir como sujeito sendo responsável pelos atos de sua vida pessoal e profissional. Para garantir o bom funcionamento a cooperativa, os sócios podem nomear um consultor que acompanhe a sua gestão. Os campos de atuação da cooperativa são muito amplos: prestação de serviços, produção parcial ou total de diversos produtos, produção individual e venda coletiva. Apresentamos, a seguir, uma experiência de cooperativa de deficientes auditivos. Exemplo: A COPAVI – Cooperativa Padre Vicente de Paulo Penido Bunier, fundada em 28/02/89, em Belo Horizonte/MG, é constituída e administrada por 105 pessoas portadoras de deficiência auditiva. Tem como objetivo a prestação de serviços e locação de mão-de-obra em informática. Ela oferece: • Aos candidatos ao emprego: treinamentos em datilografia e digitação; • Aos sócios (cooperados): cursos de aperfeiçoamento em informática (Windows, Word, Excel); cursos de português; assistência medica e odontológica; e vale-alimentação; • Aos clientes: serviços de informática realizados por pessoas (portadoras de deficiência auditiva) qualificadas. Atualmente a COPAVI presta serviços ao órgão municipal de processamento de dados em Belo Horizonte e em varias Secretarias Municipais, onde seus sócios trabalham em funções de digitadores a preparadores de documentos. Pré-requisito: • Idade mínima de 18 anos • Domínio da atividade a ser desenvolvida na cooperativa • Apoio da família • Certeza de querer atuar em situação de trabalho real 2.3.3.4 Microempresa Definição: É uma unidade produtiva de bens econômicos, que se diferencia das empreses media e pequena pelo seu tamanho reduzido, pela produção ou faturamento anual e pelo numero de empregados. A microempresa pode ser industrial, comercial, artesanal e predadora de serviços. Possui legislação própria e obrigações tributarias (lei n° 7.256, de 27/04/89). As microempresas são aquelas que tiveram receita bruta de R$ 120.000,00/ano de faturamento em nível federal e 96.000 UFIRs em nível estadual. Uma microempresa funciona como uma empresa autônoma, autosuficiente, gerando renda, emprego e pode, também, oferecer Pré-requisito: • Idade mínima de 18 anos • Domínio da atividade desejada • Certeza de querer atuar em situação de trabalho real • Capacidade para autogerenciar um empreendimento. Obs.: local para fotos que deveriam ser escaniadas Total 5 folhas 3. Princípios norteadores para execução do Processo O desenvolvimento do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT) requer a observância não só dos objetivos, da metodologia e dos conteúdos, mas também dos princípios norteadores, que são atitudes e posturas indispensáveis ao seu êxito. É de extrema importância que a instituição promova entre todos os seus funcionários possibilidades de conhecer e discutir estes princípios, pois assim estará oportunizando a receptividade, a presteza e demais condições necessárias para desenvolver o PECT. São os seguintes os princípios norteadores: Avaliação Continua Considerando que a avaliação e sistemática, continua e integral, o aprendiz deverá ser avaliado ao longo da execução do seu plano individualizado. Esta avaliação tem como objetivo principal identificar o quanto cada etapa do PECT esta trazendo benefícios ao aprendiz. Os dados levantados pela avaliação irão permitir a retroalimentação do plano para melhor atender as necessidades e potencialidades do aprendiz. Por outro lado, a avaliação continua propiciará o aprimoramento do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho. Individualização O plano deve ser individualizado, ou seja, cada aprendiz deverá ter seu plano e este deverá ser elaborado assim que ele ingressar na instituição e reavaliado e adaptado à medida que ele for cumprido os programas escolhidos do PECT. Trabalho integrado A elaboração do plano individualizado bem como a sua reavaliação e adaptações periódicas deverão ser feitas de forma integrada, com a participação de todas as partes envolvidas: o aprendiz, sua família, a instituição (profissionais pertinentes a cada programa escolhido) e a comunidade (pessoas envolvidas na atividade em questão). Destaca-se a participação da família como fator-chave para a consecução plena dos objetivos profissionais do aprendiz. Colocação no trabalho O PECT pretende contribuir para assegurar a qualificação da pessoa portadora de deficiência e seu ingresso no mercado de trabalho como um direito de todos. É, portanto, de suma importância que – apesar das limitações da própria deficiência ou das barreiras e preconceitos encontrados na sociedade – não se perca de vista o objetivo final do PECT, ou seja, a colocação no trabalho. Os programas de qualificação para o trabalho somente farão sentido se resultarem na inserção do aprendiz no mercado de trabalho e na sociedade. Será então possível reverter a situação atual de exclusão social, levando a sociedade a perceber a eficiência do portador de deficiência. Coerência Os dirigentes, coordenadores e profissionais da instituição deverão ser coerentes na execução da proposta de educação profissional, considerando os aprendizes o foco central de suas atenções. E portanto, devem assegurar que, quanto houver atividades complementares (artísticas, físicas, esportivas ou culturais), estas não assumam proporções tais que afastem o aprendiz dos programas centrais, ou seja, de educação profissional e sua conseqüente colocação no mercado de trabalho. Porem, nas situações em que se verifique aptidão e interesse por parte do aprendis em uma ou outra atividade artística, física, esportiva ou cultural, a instituição deverá direcionar a qualificação dele nesse sentido, facilitando sua formação como, por exemplo, dançarino, artista plástico ou jogador de futebol. Portanto, nunca deverá ocorrer superposição de atividades complementares com programa centrais. Participação social A instituição visa, em ultima analise, a participação do portador de deficiência na sociedade. Esta participação social, tendo como meio principal o desempenho de um trabalho competitivo remunerado, poderá ter características de integração ou de inclusão ou de combinação de ambas, dependendo das circunstancias em que esse trabalho é executado pelo aprendiz. Será integração, se sua inserção depende unicamente do seu esforço sem que o ambiente de trabalho ou a própria função a ser exercida seja modificado. Será inclusão, se modificações forem efetuadas no ambiente da empresa, na função e/ou nos instrumentos de trabalho de tal modo que eles possam incluir entre os trabalhadores não-deficientes, candidatos portadores de condições diferenciadas, entre as quais a deficiência. E será uma combinação de integração e inclusão, se houver modificações mínimas no local de trabalho para um determinado portador de deficiência qualificação para a função. A mesma destinação vale para as diversas formas de trabalho autônomo. Independência e autoconhecimento A concepção do PECT leva a serio a igualdade de todos os seres humanos em seus diretos e oportunidades. Conseqüentemente, não é somente aprendiz que terá de crescer, se desenvolve e se adequar, mas também todo o seu ambiente humano: profissionais e dirigentes da instituição, a família, os empregadores e a comunidade. Para que o portador de deficiência possa realmente adquirir independência, sabendo quem ele é, sabendo qual deficiência possui e sendo capaz de julgar suas capacidades de forma realista, todas as pessoas envolvidas devem assumir uma postura e procedimentos adequados que facilitem este processo. Com isso, a pessoa portadora de deficiência terá garantidos espaços e acesso às informações sobre as alternativas disponíveis, podendo fazer escolhas, tornar decisões e assumir as conseqüências dessas decisões. Capacitação de recursos humanos É importante a atualização periódica dos profissionais que executam os programas da instituição. E, quanto são acrescentadas novas programas à rotina da instituição, torna-se imprescindível a capacitação das pessoas designadas para assumi-los. Os dirigentes, cientes do objetivo da instituição de oferecer a melhor programação possível aos aprendizes, deverão garantir a capacitação e o aprimoramento aos seus funcionários em bases continuas. 4. Implantação do PECT A implantação do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT) não exige muitos profissionais diferentes e espaços físicos maiores do que os existentes nas instituições. Toda instituição tem como se adequar para implantar este Processo. O imprescindível é que os profissionais estejam preparados e sensibilizados para com a questão do trabalho e que os dirigentes também estejam cientes e envolvidos nesta proposta. O espaço físico também não exige nada de especial ou muito elaborado. O ideal é que as três etapas do PECT (Preparação para o Trabalho, Qualificação para o Trabalho e Colocação no Trabalho) sejam desenvolvidas em espaços físicos o mais parecidos possível com ambientes do mundo do trabalho. E que esses espaços estejam em lugares bem distintos das atividades pedagógicas, clinicas e terapêuticas. Assim, o aprendiz poderá perceber que ele está iniciando uma fase nitidamente profissionalizantes na instituição, diferente portanto da fase escolar, clinica e terapêutica. Quando implantar o PECT, a instituição deve: a) Adequar as necessidades do portador de deficiência; b) Pesquisar e analisar o mercado de trabalho de sua comunidade, pois não adianta, por exemplo, preparar os adolescentes para a função de operador de maquina copiadora se na sua cidade a única atividade econômica é a pesca; c) Ouvir os candidatos quanto às suas aspirações profissionais; d) Realizar uma avaliação de suas aptidões e interesses; e) Confrontar as possibilidades dos candidatos com exigências do mercado. Para ajudar na implantação do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT), é importante considerarmos a necessidade de otimizar dos recursos humanos, físicos e materiais já existentes na instituição, concentrado esforços para o êxito do funcionamento de todos os programas do PECT. Os componentes do PECT deverão possuir conhecimentos e experiência referentes à educação profissional e ter habilidades para:o • Sugerir adaptação no mobiliário, no equipamento e no conteúdo programático e/ou na metodologia dos programas do PECT; • Trabalhar em equipe; • Desenvolver com facilidade relacionamentos positivos com empregadores; • Perceber as possibilidades de introduzir pequenas adaptações nas funções que aparentemente são inviáveis ao portador de deficiência. Recursos Serão apresentados abaixo os recursos necessários numa situação ideal. Recursos humanos; • Coordenador geral do PECT; • 1 coordenador para cada etapa do PECT; • Profissionais envolvidos nos programas do PECT; • Pessoal de apoio (serviços gerais e administrativos). Recursos físicos: • Sala de secretaria e recepção; • Sala de coordenadores; • Sala para orientação sobre todos os programas do PECT; • Sala de reunião (para qualquer finalidade) Recursos Materiais: • Telefone, fax; • Computador; • Impressora; • Armários; • Relógio de ponto; • Cadastro de empresas; • Banco de ofertas de vagas; • Arquivos; • Fichários; • Mesas; • cadeiras 5. Implantação dos programas 5.1 Etapa de Preparação para o Trabalho 5.1.1 Implantação do Programa de Avaliação para o Trabalho Convém salientar que a avaliação para o trabalho diferente da avaliação diagnostica. Avaliação diagnóstica. A avaliação consiste em identificar, na pessoa em questão, seu tipo e grau de deficiência, seus problemas emocionais e neurológicos, dificuldades nas atividades de vida diária e atividades de vida prática, dificuldades escolares, dificuldades de relacionamento familiar etc. Esta avaliação geralmente é feita por uma equipe básica formada por assistente social, medico e psicólogo, sendo que algumas equipes contam também com outros profissionais com, por exemplo, pedagogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. Avaliação para o trabalho. A avaliação para o trabalho é um programa para medir fatores gerais e específicos de empregabilidade. Os fatores gerais são: desenvolvimento social, personalidade de trabalho, aparência, hábitos de trabalho, tolerância física etc. E os fatores específicos são as aptidões, os interesses, as habilidades, as destrezas, a personalidade, a inteligência etc. para evitar equívocos de interpretação, esclarecemos abaixo alguns dos termos citados na definição. • Personalidade de trabalho refere-se a aspectos pessoais diretamente relacionados com o trabalho como, por exemplo: “motivação para o trabalho, respeito às normas de convivência e interação, tolerância às frustrações e aceitação de criticas, atitudes de responsabilidade e iniciativa frente às diferentes situações, tolerância a carga horária, compreensão e cumprimento da rotina de trabalho, aceitação de auxilio e supervisão, estabilidade do ritmo de trabalho, aceitação de auxilio e supervisão, estabilidade do ritmo de trabalho, noção de segurança, domínio da coordenação óculo-digito-manual”. (APAE/SP, 1995) • Personalidade (enquanto fator especifico) refere-se aos tipos de personalidade: introvertido e extrovertido (Jung, in Parisi, 1980, p. 103). • Inteligência refere-se ao quociente intelectual, e sim aos tipos de inteligência: emocional, carismático, artístico, acadêmico especifico, psicomotor etc. Técnicas O Programa de Avaliação para o Trabalho utiliza-se de varias técnicas, a saber: a) Analise ocupacional Consiste de “informações sistemáticas detalhadas sobre uma ocupação. Deve iniciar o que o trabalhador faz, como ele o faz, por que ele faz e quais habilidades estão envolvidas em faze-lo. Alem dos requisitos físicos e mentais e das condições de trabalho, a analise pode também incluir as ferramentas utilizadas, as maquinas operadas e a habilidade especial exigida na ocupação e como ela é adquirida.”. (Lei de Reabilitação Profissional, in Sassaki, 1986, p. 8) b) Testes psicomotor Medem “inteligência, interesse, aptidões, destreza, habilidades acadêmicas e personalidade”.(Hoffman, in Sassaki, 1986, p. 8) c) Amostras de trabalho Uma amostra de trabalho “pode ser um trabalho real, administrado e observado sob condições padronizadas, ou pode ser uma imitação de um componente de um trabalho. Pode ser um trabalho construído pelo avaliador para parecer um trabalho real da industria ou do comercio e para medir traços importantes à colocação bem-sucedida”.(Hoffman, in Sassaki, 1986, p. 8). Acrescenta-se que a amostra de trabalho pode também ser do setor primário da economia (agricultura, pecuária, extração de minérios, piscicultura etc.). d) Avaliação situacional Trata-se da avaliação de um candidato realizando um trabalho em uma situação que simula condições reais de trabalho como, por exemplo, produção própria ou subcontrato. e) Tarefas simuladas Tarefas inteiras são construídas para simular atividades industriais ou comerciais que não existam na instituição. f) Tentativa de trabalho É a utilização de postos reais de trabalho dentro da instituição (na recepção, no escritório, no almoxarifado etc.), de escolas (na secretais lanchonete etc.) e de empresas industriais, comerciais, de prestação de serviços etc. Plano Individual A avaliação para o trabalho define o Plano Individual do portador de deficiência dentro do PECT. Exemplos: 1. Um aprendiz da instituição A fez avaliação para o trabalho, que identificou com grande interesse e aptidão para ele ser treinado em uma padaria como confeiteiro. Foi traçado um Plano Individualizado para este aprendiz, iniciando pelo treinamento na padaria e posteriormente, com base na avaliação de desempenho, ele foi para um curso de habilitação realizando na própria instituição com professores do SENAC. 2. Um aprendiz da instituição B passou pela avaliação para o trabalho onde foi verificado que existiam ainda áreas que precisam ser trabalhadas como, por exemplo: cumprir horário, dificuldades de relacionamento, dificuldades de concentração. Definiu-se então o seu Plano Idealizado. Ele ingressou o Programa de Pré-profissionalização para desenvolver aquelas áreas. Ao mesmo tempo, como ele ainda não tinha definido seu interesse profissional, vivenciou as atividades em serviços de limpeza, reciclagem de papel, criação de pequenos animais, carpintaria e culinária. Uma vez definido o seu interesse e de acordo com a avaliação de desempenho, ele foi encaminhado para treinamento na área culinária e posterior habilitação no curso de salgadeiro e congelamento de salgados realizado na própria instituição. 3. Cumprindo seu Plano Individualizado, uma aprendiz da instituição C passou por um curso de habilitação profissional de garçonete, destacando-se em suas habilidades. Encaminhada para um emprego competitivo tradicional numa grande lanchonete, ela sentiu dificuldades em manter o ritmo do trabalho exigido e se intimidou pela falta de cordialidade que antes vivenciava a instituição, o que levou a determinarse dois meses depois. Voltou à instituição para solicitar ajuda na busca de um novo emprego. Refeito o seu Plano Individualizado, ela foi inserida no Programa de Emprego Competitivo Apoiado, recémimplantado. O colocador de trabalho localizou um emprego em um restaurante menos movimentado e ela foi contratada. Em seguida, ela recebeu treinamento na empresa, ministrado pelo treinador de trabalho (‘job coach’). Em um período de quatro meses conseguiu se adaptar complemente e foi desligada da instituição. Recursos: Recursos humanos: Em todos os países onde a avaliação para o trabalho já é uma prática consagrada, ela é realizada pelo avaliador profissional qualificado. Como no Brasil ainda não existe curso de nível superior nesta área, o que acontece é que esta função é exercida por uma variedade de profissionais que geralmente têm uma sólida experiência em avaliação para o trabalho (assistente social, pedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional etc.). Daqui para a frente, serão de interesse não só de instituições e seus profissionais como também de pessoas portadoras de deficiência e seus familiares o desenvolvimento da área de avaliação para o trabalho e o reconhecimento e importância da profissão de avaliador profissional. Recursos físicos: Por se tratar de um programa e não de setor, a avaliação para o trabalho pode ser realizada em diferentes locais ou instalações, internos ou externos. (Sassaki, 1986, p. 12). Somente as salas de entrevista e testes deverão estar em local que não dispensem a atenção do candidato. Recursos materiais: • Ficha de entrevistas; • Questionários; • Testes e formulários específicos de avaliação para o trabalho; • Amostras de trabalho; • Tarefas simuladas. 5.1.2 Implantação do profissionalização Programa de Pré- O Programa de Pré-profissionalização deve ser constituído por atividade de vida diária, atividades de vida pratica, atividades acadêmicas e atividades complementares. Todas as ações deste programa deverão ser organizadas, orientadas, planejadas e executadas por uma equipe multiprofissional coesa. Inicialmente, procede-se à adaptação do aprendiz quanto de sua chegada no Programa de Pré-profissionalização. As atividades práticas deverão ser compatíveis com a realidade física e social da comunidade e com a competência do portador de deficiência. As atividades acadêmicas e complementares não deverão ser planejadas à parte e sim estar integradas às atividades praticas, com vistas à formação de hábitos e atitudes de trabalho e ao desenvolvimento de conteúdos que tenham valor na vida dos aprendizes. Este programa deve preferencialmente funcionar em regime integral para melhor distribuição das atividades, além de permitir o treinamento de uma parte da competência social com o uso do momento do almoço. O agrupamento dos aprendizes deverá ser feito de acordo com: • O interesse e habilidade do aprendiz nas atividades práticas e complementares; • O nível de escolaridade; • O espaço físico disponível a cada atividade definida. Os produtos oriundos das atividades praticas desenvolvidas podem ser comercializados em bares, feiras, dentro ou fora da instituição. O importante é ficar claro para os aprendizes que o fora instituição. O importante é ficar claro para os aprendizes que o objetivo das atividades práticas é o de avaliar o desenvolver habilidades que serão necessárias em outros níveis do Programa de Pré-profissionalização ou nos outros programas do PECT. Poderão ser utilizados deferentes instrumentos e técnicas de avaliação do desempenho, indispensáveis ao acompanhamento de cada aprendiz, tais como: • Estudo de caso ou conselho de classe • Observações informais em varias situações; • Preenchimento de fichas cumulativas semestrais (relatório de desempenho nas diversas atividades); • Avaliação semanal, quinzenal ou mensal do comportamento ocupacional, emocional, social e cognitivo, com aplicação de reforços; • Auto-avaliações; • Testes e exercícios; • Dramatizações. Recursos Recursos humanos: • Orientador pedagógico • Psicólogo • Assistente social • Terapeuta ocupacional • Professor/instrutor Recursos físicos: • Salas equipadas de acordo com as atividades práticas selecionadas • Salas para atividades acadêmicas • Salas para atividades complementares. Recursos materiais: • Fichas de observações das atividades complementares • Fichas de avaliações do desempenho • Outros materiais conforme as atividades práticas implantadas. 5.2 Etapa da Qualificação para o Trabalho A etapa da Qualificação para o Trabalho se constitui de dois programas: o Treinamento Profissional e a Habilitação Profissional. Nesses dois programas, será imprescindível a realização das seguintes tarefas: • Cadastrar as possibilidades de treinamento profissional existentes em sua comunidade; • Cadastrar os cursos de habilitação profissional existentes na sua comunidade; • Preceder à analise dos pré-requisitos para o ingresso em cada alternativa de treinamento e em cada curso de habilitação disponível; • Orientar os instrutores/professores que atuam nos programas de treinamento e habilitação; • Selecionar os treinamentos e habilitações compatíveis com as necessidades do portador de deficiência; • Orientar os profissionais (internos ou externos) em relação às necessidades do portador de deficiência; • Sugerir adaptações no mobiliário, no equipamento, no conteúdo programático e/ou na metodologia desses treinamentos ou habilitações, com vistas a propiciar ao aprendiz o melhor aprendizado possível; • Acompanhar o desempenho de cada aprendiz; • Proceder ao estudo de caso de cada aprendiz • Cadastrar e contratar empresas que possam oferecer serviços e/ou vagas de estagio e vagas de emprego. 5.2.1 Implantação do Programa de Treinamento Profissional O Programa de Treinamento Profissional se constitui de duas modalidades: treinamento para o trabalho e treinamento em estagio. O treinamento para trabalho pode ocorrer em diversas situações. Cada situação possui vantagens e desvantagens para o portador de deficiência. Convém examinar cuidadosamente cada situação e tomar a decisão juntamente com o próprio aprendiz. Apresentamos, a seguir, uma visão comparativa das opções de realização de treinamento profissional Contexto Possíveis aprendiz atividades Instituição (1) do Treinamento para o trabalho; • Produção própria; • Serviços gerais (limpeza, manutenção, escritório, recepção, alimentação etc.); • Prestação de serviços (subcontrato). Escola-empresa (2) Treinamento para o trabalho; • Serviços ao publico (restaurantes, cafeteria, buffet, serviços gráficos, consertos de calçados e aparelhos elétricos, franquia de correio, casa de chá, café colonial, locadoras de vídeo, copiadora, salão de beleza etc). Empresa (3) Treinamento em Estagio • Execução de tarefas industriais • Execução de tarefas comerciais • Execução de serviços ao publico • Comercio industria (fabricação e/ou venda de: pães e similares, outros produtos alimentício, roupas, calçados, artesanato etc). Vantagens • Possibilita acesso ao processo produtivo; • Atividade inserida na comunidade; • Facilita a aprendizagem por • Proporciona treinamento mio da divisão da produção em tarefas; • Apresenta condições de trabalho similar ao que o aprendiz vai empresa. em situação real na comunidade; • Promove alto grau de independência pessoal, comunidade; social e profissional; • Garante participação social; Desvantagens • Atividade na comunidade; • Possibilita ingresso imediato no mercado de trabalho competitivo; • Possibilita recebimento de gratificação mensal; • Possibilita utilização de benefícios que a empresa oferece (ticket refeição, valetransporte, atendimento medico e odontológico etc.); • Facilita ingresso no mercado de trabalho competitivo. • Garante a qualificação para o trabalho. • Aprendizes com maiores dificuldades nas áreas biopsicossociais; • Aprendizes com bom potencial de trabalho. • Aprendizes com potencial deficiências menos acentuadas • Aprendizes que necessitam aperfeiçoar ou adquirir certas habilidades especificas e que tenham comportamento aceitável no mundo do trabalho • Mais segregativo; • Geralmente atividades repetitivas; • As vezes, o processo de produção e fragmentado (subcontratos). clientela produtivo. • Aprendizes com 1) Entidade com personalidade jurídica e sem fins lucrativos, que desenvolve programas de treinamento profissional para portadores de deficiência. 2) Empreendimento que pertence à instituição mas localizado fora dela, montado exclusivamente para o desenvolvimento de programas de etapa de qualificação para o trabalho. 3) Organização com personalidade jurídica e fins lucrativos, em setores tais como: industria, comercio, serviços e outros. Na instituição: Unidade de Produção Também conhecida como oficina protegida, oficina de produção e outros nomes, em alguns estados do País, a unidade de produção requer dos dirigentes e dos técnicos da instituição conhecimento de todo o processo educacional profissionalizante do aprendiz portador de deficiência, para proceder com eficiência à sua instalação na instituição. Primeiramente, os profissionais não devem perder de vista o objetivo da inserção no mercado de trabalho. Na medida em que os aprendizes apresentem desempenho suficiente, devem eles ser encaminhados para estagio em empresa ou para algum curso de habilitação profissional ou ainda para emprego competitivo (tradicional, apoiado ou autônomo). A unidade de produção deve ser entendida como um dos locais onde será desenvolvida uma das modalidades do Programa de Treinamento Profissional não como local de terminalidade do processo educacional profissionalizante do portador de deficiência. Aspectos organizacionais. A estrutura da unidade de produção deve ser similar à de uma empresa, tanto no aspecto físico como no funcional, para que o treinamento seja compatível com as condições reais de trabalho oferecidas nas empresas. O horário de funcionamento deve assegurar no máximo sete horas por dia para a produção, após as quais poderá haver uma hora para as atividades complementares. O momento do almoço poderá ser utilizado para o treinamento da competência social, mais especificamente a área dos cuidados pessoais (habito à mesa, higiênicos e sociais etc.). No final de cada mês, o aprendiz poderá ou não, dependendo do entendimento dos profissionais, receber uma gratificação baseada no desempenho, que será avaliado pela equipe da unidade e pelo próprio aprendiz. O reconhecimento do trabalho do aprendiz por meio da gratificação é evidentemente um estímulo. Mas não podemos deixar de entender que este e outros estímulos, que ele e a família recebem, podem também servir de motivo para que eles queiram permanecer indefinidamente na instituição. É preciso, portanto, administrar as duas situações (de um lado, o recebimento de estímulos permanecendo na instituição e, de outro lado, o recebimento de salários trabalhado em emprego competitivo que gerará benefícios pessoais, familiares e sociais). A fim de proceder à orientação, encaminhamento e acompanhamento nos demais programas do PECT e/ou no mercado de trabalho, a equipe da unidade de produção terá um ou méis profissionais, dependendo do numero de aprendizes em atendimento. Destacamos a importância de se administrar a unidade de produção nos moldes do gerenciamento empresarial, ou seja, com a aplicação de conhecimentos e técnicas que garantam a eficiência dessa unidade. A fim de realizar o treinamento para o trabalho, a unidade de produção poderá valer-se de atividades de produção própria ou atividades subcontratos. Produção própria. Entendendo-se por produção própria a fabricação de produtos realizada na instituição, que se responsabiliza pela aquisição da matéria-prima e confecção dos produtos, de cuja venda dependerá os recursos financeiros para cobrir as despesas básicas desta produção. Os produtos da unidade devem ser compatíveis com a demanda do mercado e a competência da clientela envolvida no Programa de Treinamento Profissional. Devem ser adotados métodos que facilitem a aprendizagem. A divisão da produção em etapas é um bom sistema, desde que o aprendiz vá dominado as etapas até conseguir realizar a tarefa como um todo. Evidentemente, para atender a uma encomenda de produtos apresentando uma boa produtividade, pode se utilizar a linha de montagem, onde cada aprendiz executará a tarefa que soube fazer melhor. Subcontrato. Entende-se por subcontrato a prestação de serviços de mão-de-obra a terceiros (empresas ou pessoas físicas), cuja execução é feita pelos aprendizes no espaço físico da instituição, geralmente na área de montagem, acabamento, pré-montagem, seleção de peças, embalagens e outros. Este sistema de trabalho é muito utilizado porque instituição só fornece mão-de-obra e estrutura física e a empresa fornece todo o material a ser montado e, às vezes, também os equipamentos necessários. Os procedimentos para implantação do subcontrato na instituição são os mesmos observados na implantação da produção própria. A diferença se faz no contato estabelecido entre a empresa e a instituição observando-se: valor a ser pago serviços prestados. Recomendações Tanto pata montar atividades de produção própria com instalação de serviços de subcontratos, recomenda-se a observância dos seguintes aspectos: • Realizar uma pesquisa de mercado para detectar os tipos de tarefa existentes na comunidade; • Realizar a analise ocupacional para identificar as atividades que os portadores de deficiência teriam condições de realizar; • Estabelecer bons contatos com empresas da comunidade; • Garantir a qualidade do produto respeitando o prazo de entrega e a quantidade solicitada, o que gerará a credibilidade da mãode-obra e, conseqüentemente, a continuidade do fornecimento de subcontratos; • Oferecer treinamento para o trabalho também nas funções de serviços gerais como, por exemplo, agentes de limpeza, copeiros, Office boys, recepcionistas, cozinheiros e outras que já existam na instituição. Exemplo: Uma APAE mineira recebeu insistentemente pedidos de aumentar a produção do subcontrato, pois a empresa convenceu-se da qualidade do trabalho realizado pelos aprendizes da instituição e da quantidade produzida, que era o dobro da qualidade alcançada pelos funcionários da própria empresa. Uma outra empresa se manifestou muito satisfeita como contrato estabelecido com a mesma APAE e se dispõe a continuar esta parceria e até ofereceu propostas de treinamentos para os aprendizes a serem feitos dentro da empresa nas funções de Office boy e auxiliar de jardinagem. Na comunidade: Escola-empresa Definimos neste contexto como escola-empresa um empreendimento localizado na comunidade, porém mantido pela instituição e cujo objetivo principal é o treinamento profissional dos aprendiz. O treinamento profissional ocorre, portanto, em contexto real, ou seja, uma loja, uma padaria, um restaurante, uma franquia de correio, uma cozinha industrial, uma sapataria, uma locadora de vídeo, um ponto de conserto para bicicletas etc. Por outro lado, é assegurado pela instituição o acompanhamento pedagógico-didático necessário no processo de aprendizagem. Para a implantação de uma escola-empresa torna-se necessário um estudo prévio da comunidade para detectar as necessidades do mercado assim como o perfil da clientela a ser treinada e habilitada. As atividades a serem implantadas deverão basear-se nos resultados obtidos no referido estudo prévio. A escola-empresa, mantida pela instituição, deverá funcionar fisicamente separada da empresa. Evidentemente terá que obedecer às exigências legais para sua instalação. A escola-empresa deverá oferecer oportunidades de realização de treinamento para o trabalho e também cursos de habilitação reconhecidos oficialmente. Como estamos buscando cada vez mais a integração e a inclusão social do portador de deficiência, ressaltamos a importância de se utilizar as escolas-empresas comuns já existentes na comunidade. Este tipo de alternativa (treinamento para o trabalho) facilita o ingresso do aprendiz no mercado de trabalho. Sendo a escola empresa, em termos administrativos e legais, um centro de qualificação pertencente à instituição, ela não tem um status diferente. Portanto, isto facilita sua manutenção, não sendo necessário alterar os estatutos da instituição (desde que os mesmos incluam a existência de um centro de qualificação profissional), e o que possibilitará a aquisição de notas fiscais para a comercialização, caso estas sejam necessárias. Para garantir o bom gerenciamento de escola-empresa, convém receber assessoria oi contratar um profissional da área administrativo-comercial. Exemplo: A APAE do Distrito Federal implantou em uma cidade-satélite uma padaria igual a qualquer padaria, pois produz pães, bolos, salgados e doces que vão vendidos pelos próprios aprendizes. Nesta escola-empresa atuam aprendizes em treinamento para o trabalho nas áreas de padaria, coparia e limpeza. Ao mesmo tempo, realiza-se a cada ano um curso de habilitação profissional na área de salgadeiro em convenio com o SINE. A escolaempresa esta sendo dirigida por uma coordenadora pedagógica, que realiza também os contatos com as pequenas empresas e a colocação dos aprendizes no mercado de trabalho, em conjunto com o gerente de produção, que supervisiona todo o processo produtivo assim como a compra de matéria prima e a venda dos produtos. Na comunidade: Empresa De acordo com o Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT) da pessoa portadora de deficiência, o estagio faz parte da segunda etapa, que é Qualificação para o Trabalho. A modalidade estagio visa proporcionar oportunidades de treinamento e/ou habilitação profissional. Nesta etapa, ocorre o encaminhamento dos aprendizes para empresas publicas e particulares em função condizentes com o seu potencial. Alguns procedimentos serão necessários encaminhamento, dos quais destacamos os seguintes: para este • Levantamento e cadastramento das funções adequadas às possibilidades de trabalho dos aprendizes; • Sensibilização dos dirigentes dos órgãos públicos e empresas particulares sobre o potencial de trabalho da clientela selecionada; • Orientações para os profissionais das empresas sobre a necessidade de tratamento igual aqueles dispensados aos outros estagiários ou trabalhadores; • Sugestão de adaptações no mobiliário, no equipamento e nas instalações físicas, se necessário à participação do aprendiz no processo produtivo; • Seleção dos aprendizes para encaminhamento a estagio de acordo com os critérios estabelecidos pelas empresas; • Compartilhação do horário de estagio com a continuidade da programação que ele vem recebendo na instituição; • Acompanhamento e avaliação do desempenho dos aprendizes durante o estágio; • Estabelecimento de contrato de estagio entre empresa, instituição, família e aprendiz. Algumas empresas oferecem remuneração e benefícios aos aprendizes estagiários, outras não. Mas, é evidente que a postura dos profissionais que procedem à colocação dos aprendizes nos estágios, deve ser a de defender junto às empresas a remuneração, os benefícios e a contratação dos mesmos desde o inicio do estagio. Entrevista com um estagiário “S” freqüentou a APAE de Contagem dos 10 aos 21 anos de idade, tendo sido encaminhado pela escola por apresentar dificuldade de aprendizagem e problemas de comportamento. Neste período em que freqüentou a APAE, ele recebeu atendimento clinico e foi alfabetizado completando a escolarização até a 4ª série. Passou pelo Programa de Pré-profissionalização vivenciando atividades praticas na criação de pequenos animais e com taboa. Em seguida, ingressou no NAAP – Núcleo de Aprendizagem e Atividades Profissionais onde participou no treinamento como Office-boy. Foi encaminhado para o estágio num posto de gasolina, tendo sido contratado posteriormente como empregado. No dia da entrevista, “S” trouxe o convite de seu casamento. Sua chefe se diz muito satisfeita e surpresa com o seu progresso (“Excelente funcionário, de confiança e responsável”). Ela diz que quer incentiva-lo e ajuda-lo na escola, principalmente em relação à língua portuguesa. Pergunta: Por que você foi encaminhado para a APAE? Resposta: Porque não dava saída no colégio. Ficava atrasado, dava saída em matemática e historia, mas na leitura não tinha jeito. Pergunta: Por que na leitura era mais difícil? Resposta: Na leitura acho que era um pouco de preguiça e também falta de esforço. Tinha muita dificuldades, não gostava e a professora não ajudava.também eles não poderiam dar atenção pra mim, prejudicando os outros meninos... Pergunta: Você acha que precisaria ter passado por uma instituição especial? Como foi este período? Resposta: Achei bom, aprendi muito. Tive confiança e pude corresponder à confiança que depositavam em mim. No começo, as pessoas falavam que eu era doidinho. Às vezes eu ia para alguns lugares e dava outro endereço da outra escola, pegava ônibus em outro ponto para não ir com os outros meninos da APAE. Percebia o preconceito de pessoas que são “gozadores”, descobri que tem pessoas que são assim. (Fala em tom de brincadeira). Se eu tivesse ficado na escola normal, ficaria muito atrasado e não teria chance na vida. Pergunta: E a profissionalização? Como foi? Resposta: Aprendi muitas coisas, e já tinha interesse em aprender coisas como cuidar de carro, sapateiro, etc... Quando fui indicado para o emprego, fiquei com medo. Com medo de precisar ler alguma coisa para ser treinado. Não tinha muita confiança em mim, eu tinha por mim que eu poderia dar conta, mas tinha medo de falhar. Pergunta: Hoje, como você está no trabalho e na escola? Resposta: Estou tentando fazer a 5ª série, mas não estou indo para a frente. No posto de gasolina, comecei com um serviço de ajudante (estagio) e logo fui apresentado outras funções e hoje fico até como frentista. Tem 6 meses que estou lá e já tem cliente que só deixa o carro comigo. É uma “confiança” que está sendo correspondente, faço de tudo para dar certo. A minha chefe me dá muita força, me incentiva muito e só ela sabe que eu vim da APAE. Não falo para ninguém. Fico preocupado se for fazer ficha numa empresa que quando percebem que estudei na APAE me recusarem por achar que posso ser agressivo, doido ou irresponsável. Recursos: Recursos humanos: • Profissionais que acompanham o Programa de Treinamento Profissional, preferencialmente com conhecimento e experiência na área de administração e profissionalização; • Profissionais que assumem a função do treinamento direto dos aprendizes; • Profissionais que buscam vagas, colocam e acompanham o aprendiz na empresa. Recursos físicos: Na própria instituição: • Espaço físico para a unidade de produção. Na comunidade: • Instalações da escola-empresa (semelhante às existentes na comunidade); • Instalação da empresa (para a realização do estagio). Recursos materiais: • Ficha para entrevista e instrumentos de avaliação desempenho e acompanhamento; • Equipamentos para produção própria ou execução subcontratos; • Outros materiais conforme a atividade a ser desenvolvida. 5.2.2 Implantação Profissional do Programa de do de Habilitação Assim como o processo de treinamento, também o Programa de Habilitação Profissional pode ocorrer em diversas situações: na instituição, nos recursos da comunidade ou na empresa. (ver quadro a seguir). Vale ressaltar que a habilitação profissional possui um Carter essencialmente profissionalizante. Todas as atividades complementares como educação física, arte-educação etc. não fazem parte da programação do curso em si, podendo, porém, integrar uma promoção destinada à saúde e ao bem –estar biopsicossocial em horário extra-curso. Opção de realização da habilitação profissional Situação Contexto da habilitação Instituição Recursos da comunidade Empresa Curso Curso Estagio • Realizados em regime próprio • Realizados pelo SENAI, SENAC, SENAR etc.; • Adaptados e/ou em • Realizados por escolas • Execução de tarefas nas empresas industriais, comerciais e outras. parceria com SENAI, SENAC etc técnicas, universidades, faculdades etc.: • Realizados por escolasempresas do SENAC ou realizados por escolaempresa da instituição. (A) vantagem (B) • Conteúdo totalmente • Reconhecimento oficial da adaptados às necessidades qualificação; do aprendiz; • Participação plena nas • Respeita o ritmo e as ofertas da comunidade; dificuldades do aprendiz; • Possibilita feedback positivo a respeito de sua capacidade produtiva. • Promove alto grau de independência pessoal, social e profissional; • Facilita o ingresso no mercado de trabalho. (C) • Aquisição das habilidades exatas necessárias na área de trabalho; • Possibilita o recebimento de gratificação mensal; • Possibilita a utilização de benefícios que a empresa oferece (vale transporte, ticket refeição, atendimento medico etc.); • Garante qualificação profissional Desvantagem • Mais segregativos: • Ambiente de trabalho freqüentemente mais simples do que no emprego real; • exigência maior, especialmente nas habilidades acadêmicas. • Possivelmente qualificação não reconhecida oficialmente. Clientela • Aprendizes com maiores dificuldades nas áreas biopsicossociais; • Aprendizes com necessidades ainda um acompanha-mento mais próximo. • Aprendizes que já comprovam seu desempenho, necessitando porém aperfeiçoar certas habilidades ou conhecer a área de trabalho na empresa que está disponível para contratá-lo. (A) Esta opção pede uma estrutura e um investimento da instituição em termos de recursos humanos e instalações físicas, pois é ela que assume a coordenação geral dos cursos. Apenas os recursos para pagamento de material, equipamentos e remuneração dos instrutores, assim como o fornecimento do certificado representa a contrapartida do respectivo parceiro (SINE, SENAC, SENAI etc) Exemplo: Na APAE de São Paulo, realiza-se em convenio com o SENAC uma série de cursos de habilitação que finalizam com um certificado reconhecido. Todo o currículo é organizado e constantemente adaptado pelos profissionais do COHA – Centro de Orientação Profissional Helena Antipoff. O estágio na empresa faz parte integral do corso que possui uma duração de dois anos. Os professores foram capacitados pelo SENAC para ministrarem cursos de Office-boy, recepção, datilografia, embalagem para presentes, decoração de festas infantil e operação de máquina copiadora. (B) A habilitação profissional em uma escola profissionalizante é uma variação muito interessante, pois fundamenta-se na parceria entre diversos órgãos da comunidade, abrindo assim novos campos de atuação para o portador de deficiência. É, portanto, um caminho que facilita ao egresso da instituição sua participação na comunidade e/ou sua inserção no mercado de trabalho. O processo de implantação de cursos de habilitação requer especialmente um trabalho de relações publicas e articulação entre a instituição e órgãos e/ou entidades da comunidade. Torna-se, portanto, importante que a instituição invista em profissionais qualificados que possuam um perfil adequado para estas tarefas. A seguir, citamos dois exemplos: Exemplos: 1. A APAE de Pará de Minas (MG) efetuou um convenio com a escola agrícola local, garantido o ingresso dos aprendizes na parte prática, acompanhados por uma professora. Desta forma, conseguiram acompanhar o curso e receberam o certificado. Vários aprendizes conseguiram se empregar nas fazendas da região após a conclusão do curso. 2. A APAE de São Paulo, através do Centro de Orientação Profissional Helena Antipoff (COHA), encaminha aprendizes para fazer o curso de informática oferecido pela Faculdade Anhembi Morumbi, que fornece professores, espaço físico, equipamentos e certificados de orientação para trabalho são ministrados no COHA. (C) Geralmente, o estagio representa uma parte do Programa de Habilitação Profissional. O aprendiz costuma fazer estagio na empresa quanto já adquiriu aptidões básicas e postura profissional adequada para atuar no contexto empresarial. Nesta fase, ele coloca em pratica o aprendizado adquirido no decorrer do curso. O estagio é o ultimo passo antes da contratação. Após o termino do estagio, é notório, na maioria dos casos, a satisfação tanto do aprendiz como do empregador. Recursos: Nem sempre é necessário implantar um curso de habilitação profissional na própria instituição, pois já existem alguns na comunidade como, por exemplo: • Escolas de formação profissional (tipo SENAI, SEMAC, SENAR, SESI, SESC); • Cursos profissionalizantes na comunidade. Caso contrario, a instituição poderá implantar e/ou estimular a implantação de cursos de habilitação profissional em parceria com os órgãos competentes da comunidade, realizando convênios, encaminhando propostas e conscientizando sobre a necessidade dos mesmos. Recursos humanos: • Profissionais que acompanham o Programa de Habilitação Profissional, preferencialmente com conhecimento e experiência na área de profissionalização; • Profissionais que assumem a função do treinamento direto dos aprendizes; • Profissionais que buscam vagas, colocam e treinam o aprendiz na empresa. Recursos físicos: • Salas ambientadas de acordo com o curso a ser implantado na instituição; • Espaços físico das entidades com as quais a instituição estabeleceu parcerias. Recursos materiais; • Fichas para entrevista e instrumentos de avaliação do desempenho e acompanhamento; • Equipamentos e materiais específicos dos cursos a serem ministrados. 5.3 Etapa da Colocação no Trabalho A implantação dos programas da etapa da Colocação no Trabalho requer profissionais qualificados. Trata-se de programas que envolvem essencialmente contratos da equipe da instituição com empresas, visitas a empregadores para estimular a abertura de vagas e para o preenchimento de vagas para os aprendizes. O sucesso desses programas depende – antes de tudo – de uma mudança de mentalidade da família, dos dirigentes e profissionais da instituição, dos empregadores e da pessoa portadora de deficiência. É importante que a instituição estimule e dê sustentação a este processo de mudança. Experiência mostram que estas atitudes positivas asseguram o adequado gerenciamento da instituição e melhoram a imagem perante a comunidade e o mundo empresarial. A seguir, apontamos algumas recomendações que podem auxiliar no processo desta mudança de valores. Elas foram adaptadas de um relatório publicado pela President’s Committee on Mental Retardation (s.d.). Recomendações para a colocação no trabalho 1. Recomendações para os empregadores: • Quando vocês precisarem de trabalhadores, procurem esses trabalhadores em escolas profissionalizantes e centros de reabilitação, pois estes podem lhes encaminhar pessoa aptas e treinadas. • Divulguem suas necessidades, empregos disponíveis e a qualificação que vocês requerem. • Providenciem subcontratos para a instituição de reabilitação. • Arredam, alugam ou adquirem e gerenciem uma unidade produtiva das instituições especializadas, pois estas já possuem toda a estrutura de que você precisa. • Empreguem Pessoas Portadoras de Deficiência. 2. Recomendações para os profissionais e dirigentes da instituição: • Tornem funcional o Processo de Educação Profissional e Colocação ao Trabalho (PECT) para que ele realmente qualifique e que ele tenha relevância na vida da pessoa portadora de deficiência. • Desenvolvam o PECT de acordo com a realidade atual e também considerando as perspectivas para o futuro. • Não subestimem o aprendiz. Deixem-no fazer para que ele mesmo descubra novos espaços na vida e na sociedade. • Assegurem-se de que o mundo empresarial reconheça a sua instituição como agente de educação profissional de alta qualidade. • Comprometam-se com a colocação no trabalho, fornecendo a infraestrutura necessária para realiza-la, e assim lograrem êxito tanto na comunidade e vaidade do PECT como na inserção da pessoa portadora de deficiência na sociedade. 3. Recomendações para profissionais que atuam no desenvolvimento de empregos e na colocação: • Sejam pessoas de negocio e não pessoas procurando caridade. Para isso, procurem combinar as necessidades das empregadores com as potencialidades das pessoas portadoras de deficiência. • Nunca coloquem um trabalhador que ainda não está apto para o emprego. Apresentem-se como pessoas de negocio que estão convidadas da qualidade do seu aprendiz, pois apenas desta forma conquistarão a confiança do empregador. • Providenciem um acompanhamento adequado ao recém-empregado, pois desta forma amenizarão a insegurança de ambos os lados (empregador e empregado). • Somem seus esforços aos dos colegas dos programas anteriores do PECT. Sugere-se formar um comitê comunitário de desenvolvimento de empregos, pois isto pode aumentar o grau de publicidade e evitar ações duplicadas ou paralelas. • Obtenham aprovação do gerente geral da empresa quanto à pessoa a ser colocada, pois o responsável pela área de recursos humanos poderá temer tomar decisões por contra própria. 4. Recomendações para os familiares • Elevem sua expectativas, pois pessoas portadoras de deficiência mesmo mais grave podem desenvolver aptidões acima do esperado. Acreditem em seu filho e ele acreditará em si próprio. • Assegurem-se de que todos os programas atendam às necessidades do seu filho. Estejam atentos para que o Plano Individualizado dê ênfase ao desenvolvimento de aptidões e habilidades para a vida diária, a auto-suficiência e a vida de trabalho. • Cultivem um espírito de cooperação instituição-família, pois ambas têm o mesmo objetivo de ajudar seu filho a chegar ao ápice do potencial dele. • Aceitem enfrentar riscos, pois estes são necessários para o crescimento, apesar dos perigos e medos existentes. Pela mesma razão, permitam que seu filho se arrisque. • Sejam inovadores, pois muitas conquistas foram alcançadas através da iniciativa de grupos que defendem os interesses da pessoa portadora de deficiência. 5. Recomendações para a pessoa portadora de deficiência: • Não tenha medo de perguntar. Perguntar não significa ser ignorante. Uma pessoa compromete é aquela que sabe procurar ajuda na hora certa. • Descubra onde encontrar ajuda, pois é importante que em caso de dificuldades você sabia a quem possa dirigir-se. • Aprenda a representar a si mesma. Aceitar a ajuda dos outros é importante, mas precisa aprender a ser responsável. • Mostre suas competências no trabalho. Você será avaliado – isto é um fato – mas enfrente isso e tente ser melhor do que os outros. 6. Recomendações para os governos municipal, estadual e federal: • Fortaleçam a idéia de empregar pessoas portadoras de deficiência promovendo a valorização dos mesmos como trabalhadores e membros úteis da sociedade. • Apóiem programas que fomentem o emprego, dando suporte (através de fundos) a entidade que atuam na profissionalização da pessoa portadora de deficiência. • Promovam a cooperação entre entidades que prestem o mesmo tipo de serviço, pois assim somam-se forças e reduz-se a duplicação de serviços. • Implantem incentivos financeiros para empregadores que investirem na adaptação de equipamentos e locais de trabalho para trabalhadores portadores de deficiência. Procedimentos relativos colocação profissional: ao encaminhamento do candidato à • Levantamento (cadastramento) das empresas da comunidade que ofereçam atividades profissionais, compatíveis com a habilitação ou treinamento dos candidatos. • Analise dos pré-requisitos necessários para o encaminhamento do candidato. • Sensibilização dos empresários das empresas contratadas quanto às características e ao potencial laborativo do candidato. • Realização da analise da função (analise ocupacional) e do estudo da descrição de cargos nas empresas com vistas a compatibilizar a competência do candidato com a função que ele irá exercer. • Acompanhamento e avaliação do desempenho dos candidatos no emprego. Pré-requisitos do candidato à colocação profissional: Segundo as leis vigentes no País, o candidato poderá ser colocado no mercado de trabalho a partir de 14 anos de idade, contando que tenha atingido as condições de empregabilidade. Para ingressar na vida profissional, a pessoa portadora de deficiência pode fazer opções entre as seguintes alternativas: emprego competitivo tradicional, emprego competitivo apoiado e trabalho autônomo. 5.3.1 Implantação do Programa Competitivo Tradicional de Emprego O processo de implantação do Programa de Emprego Competitivo Tradicional não requer exigências especificas, pois é o processo de colocação no mercado de trabalho que já vem sendo praticado há bastante tempo. No decorrer da implantação do programa, recomenda-se o registro das condições do mercado de trabalho, incluindo: • Levantamento de empresas na comunidade; • Cadastro de empresas, comerciantes e outros empregadores que dêem abertura para contratar pessoas portadoras de deficiências; • Análise ocupacional das tarefas a serem executadas nas vagas disponíveis ou criadas; • Avaliação de desempenho (capacidade, aptidões, comportamento e interesse) dos candidatos; • Entrevista com o candidato e a família. Recursos: Recursos humanos: Para efetuar a colocação da pessoa portadora de deficiência mercado de trabalho competitivo tradicional, é necessário que haja um mais profissionais que executem as seguintes funções: • Levantar as opções de emprego através da pesquisa mercado; • Contratar as empresas, apresentando o programa e disponibilidade de mão-de-obra qualificada: no ou de a • Realizar análise ocupacional (em vista do conceito “a pessoa certa para a função certa”). • Acompanhar e avaliar o desempenho da pessoa portadora de deficiência, durante o período de experiência contratual, junto ao chefe imediato desse emprego; • Buscar soluções para as intercorrências no ambiente de trabalho; Se todas as funções mencionadas não puderem ser desenvolvidas por um profissional, convém dividir entre dois ou mais profissionais que preencham o seguinte perfil: • Firme convicção da capacidade de trabalho da pessoa portadora de deficiência; • Boa capacidade de comunicação e articulação; • Conhecimento nas áreas de analise ocupacional e ergonomia; • Facilidade de organização e capacidade criativa; • Conhecimento do mercado de trabalho e das funções a serem desempenhadas pela pessoa portadora de deficiência; • Capacidade de realizar avaliação de desempenho do aprendiz, analise de tarefas e avaliação ergonométrica. Recursos físicos: Obs.: Ver “Recursos físicos” no capitulo 4 “Implantação do PECT”. Recursos materiais: • Ficha de cadastramento da empresa, contendo as seguintes informações: - Nome da empresa - Tipos de trabalhos - Regime de trabalho - Estrutura organizacional - vale-refeição - Cesta básica - vale-transporte - Política salarial. • Ficha de analise de funções, contendo as seguintes informações: - Nome da empresa - Atividade da empresa - Ambiente do local onde se desenvolve a tarefa - Pré-requisitos exigidos na execução da tarefa - Descrição da dinâmica da tarefa Medidas de segurança exigidas Salário/gratificação • Ficha de entrevista com o aprendiz, contendo: - Dados pessoais - Preferências profissionais - Histórico escolar - Estado de saúde etc. • Ficha de entrevista com a família, contendo: - Dados pessoais - Situação sócio-econômica da família - Expectativas em relação ao trabalho do filho - Compromisso da família. • Ficha de tremo de compromisso e do aprendiz, contendo: - Espaço para a família e o aprendiz assumirem perante a instituição seus compromissos com relação à colocação profissional. Obs.: Ver “Recursos materiais” no capitulo 4 “Implantação do PECT”. 5.3.2 Implantação do Programa Competitivo Apoiado de Emprego Recomenda-se iniciar o Programa de Emprego Competitivo Apoiado com um ou dois aprendizes e aumentar o numero progressivamente. Depois da realização da entrevista com o candidato e sua família e feita a avaliação dos interesses e habilidades do candidato, busca-se o emprego adequado da mesma forma como no emprego competitivo tradicional. A especificidade do emprego apoiado está na contratação do candidato antes do seu treinamento, que ocorrerá na empresa a cargo do treinador de trabalho (“job coach”). Este treinador acompanha todo o processo de colocação, incluindo a divisão e orientação de tarefas. Inicialmente, o treinador de trabalho atua junto com o candidato o tempo todo para depois retirar a presença gradativamente, ou seja, comparecendo apenas meio período, depois duas vezes na semana até visitas uma vez por mês, prestando aconselhamento em dificuldades especificas e apoio emocional por tempo prolongado, se necessário. Recursos: Recursos humanos: As figuras no Programa de Emprego Competitivo Apoiado são: a) Treinador de trabalho (“job coach”), que responsável por: • Realizar o treinamento e intervenção na empresa junto à pessoa portadora de deficiência; • Administrar situações-problema; • Iniciar e manter contatos; • Elaborar prontuários; • Auxiliar na elaboração do Plano Individualizado; • Transportar clientes; • Realizar o aconselhamento de clientes e familiares. b) Promotor de desenvolvimento de empregos, que é responsável por: • Levantar as novas opções de emprego; • Realizar a análise ocupacional. c) Coordenador de programa, que é responsável por: • Supervisionar e treinar o pessoal técnico; • Administrar o programa; • Substituir o treinador de trabalho e o promotor de desenvolvimento de empregos, quando necessário; • Coordenar casos. Obs.: Poderão ser utilizados os recursos humanos da própria instituição. Recursos físicos: Obs.: Ver “Recursos físicos” no capitulo 4 “Implantação do PECT”. Recursos materiais: Obs.: Ver “Recursos materiais” no capitulo 4 “Implantação do PECT”. 5.3.3 Implantação Autônomo do Programa de Trabalho O papel principal da instituição do Programa de Trabalho Autônomo é o de possibilitar o acesso da pessoa portadora de deficiência a um trabalho por conta própria, fornecendo-lhe orientações sobre a montagem desse trabalho, supervisionando-a por um determinado tempo até que a mesma consiga se autogerenciar. A instituição também deverá proceder ao encaminhamento do aprendiz para os órgãos competentes da comunidade que orientarão sobre as questões legais. Portanto, não há necessidade de se criar um setor especifico para Programa de Trabalho Autônomo mas sim oferecer aos aprendizes um atendimento individualizado de orientação sobre o trabalho por conta própria. Esse atendimento deverá considerar certas informações muito importante e que seria necessário pesquisar tanto em relação ao aprendiz quanto em relação ao mercado. A pesquisa deve incluir • • • • • • Em relação ao aprendiz Aptidão e interesse Infra-estrutura necessária Capacidade de gerenciamento Opção por um certo ramo de atividade Apoio necessário para o desenvolvimento Parcerias (pais, família, amigos, etc.) • • • • Em relação ao mercado Pesquisa de atividades a serem desenvolvidas Pesquisa de rentabilidade do negocio em questão Fornecedores Consumidores O trabalho autônomo se subdivide em: individual, industria caseira, microempresa e cooperativa. Trabalho Autônomo Individual Um trabalhador autônomo individual é indicado para pessoas que possuem maior nível de independência pessoal, capacidade de comunicação e conhecimento do dinheiro. Exemplo: O aprendiz “F” (23 anos de idade) da instituição X participa do treinamento profissional em atividade de serviços gerais. É portador de deficiência mental e afasia e utiliza-se da linguagem gestual. Faz “bico” nos finais de semana revendendo picolé. Compra os picolés em uma fabrica e revende na feira e na praia de R$ 10,00 compra alimentos e objetos de uso pessoal. Dados os resultados positivos da revenda de picolés, embora com pequena margem de lucro, “F” se animou a instalar-se como trabalhador autônomo na área de comercio de alimentos. Solicitou orientação da instituição X que, recentemente, havia organizado um serviço de informações sobre trabalho autônomo. Feita a pesquisa do mercado de alimentos, “F” foi ajudado com informações e desenvolvi8mentos de habilidades gerenciais básicas. Passados alguns meses, “F” adquiriu um carrinho de cachorro quente, obteve licença da prefeitura local e assim iniciou o seu trabalho autônomo individual. O exemplo acima mencionado relata uma situação de trabalho informal, típica de pessoas que, não tendo recursos financeiros mínimo para instalar seu negocio, lutam pela sobrevivência. Nesta lacuna do mercado, inserem-se varias opções de atuação autônoma como, por exemplo: vendedor ambulante, terceirização de atividades por grandes fabricas, produção e venda de artesanato em diversas localidade (rua, pontos comerciais) até subempregos como vendedor de jornal etc. Consideramos que estas atividades são um primeiro passo para alcançar um trabalho autônomo legalizado, como aconteceu com o aprendiz “F”. Industrial Caseira Esta modalidade oferece possibilidades de acesso ao mercado de trabalho, ou seja, a uma atividade remunerada também para pessoas com deficiência mais acentuada, pois é a família que gerencia a industria caseira junto com o portador de deficiência, fornecendo-lhe todo o apoio necessário. A instituição deve: • Estabelecer e manter um bom contato com a família; • Fornecer toda orientação necessária quanto à industria a ser implantada; • Ajudar a família participação em treinamentos ou habilitações junto com o portador de deficiência; • Encaminha-los para recursos de apoio em relação a empréstimos e financiamentos existentes na comunidade. A industria caseira pode ser considerada uma situação intermediaria para se chegar à microempresa. Exemplo: A aprendiz “Z” e sua mãe, após terem feito o curso”Confecção de Embalagens para Presentes”, passaram a confeccionar diversos produtos em seu domicilio. Inicialmente venderam seus produtos na vizinhança, em escolas e entre amigos. Graças à divulgação feita informalmente pelos próprios consumidores, elas passaram a receber um maior numero de encomendas, conseguindo desta maneira aumentar a renda familiar e a satisfação pessoal. Cooperativas O Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT) não tem a preocupação de implantar cooperativas na instituição e sim ter pessoas aptas e disponíveis para prestar orientação aos interessados (família e portador de deficiência) a respeito da cooperativa. Ressaltamos que as cooperativas são vistas hoje como uma alternativa de organização popular, utilizada mundialmente com resultados proveitosos. Abaixo, apresentamos informações essenciais que poderão ser fornecidas aos interessados em formar uma cooperativa. Passos para a formação de uma cooperativa: 1° Passo – Reunião de pessoas que tenham objetivos em comum. 2° Passo – Processo preparatório, dividido em duas etapas. A primeira é a capacitação do grupo sobre o objetivo; funcionamento e organização. A segunda é o resultado de viabilidade econômica que inclui: realidade da região, objetivos da cooperativa, dados sobre a produção, dados sobre as compras realizadas pelos sócios, orçamento de custos e receita, investimentos, condições de mercado. 3° Passo – Fundação da cooperativa. 4° Passo – O registro observando-se os itens supracitados, a cooperativa passa a existir juridicamente tendo 90 dias para começar a funcionar. Para obtenção de maior conhecimento sobre cooperativas, sugerimos a publicação: “COOPERATIVAS – UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO POPULAR” Autor: Daniel Rech. Editora: FASE, Rio de Janeiro, 1995. Pedidos do livro: FASE, Rua das Palmeiras, 90 – Botafogo – CEP 22270-070 Rio de Janeiro RJ – Tel.: (021) 286 –1598, Fax (021) 286-1209. Microempresa Tecnicamente, não é nenhum “bicho de sete cabeças” abrir uma microempresa e abrir as portas aos consumidores. Difícil é mantê-la aberta. Montar uma empresa, seja de que porte for, requer muito mais que providencias técnicas. Requer competência para administra-la. Para se montar uma microempresa, temos que considerar as etapas: • Planejamento, • Implantação, • Vendas. O planejamento começa com a decisão do tipo de negócio que se vai instalar: na área da industria, do comercio ou de serviços. Em seguida, vem a pesquisa de mercado: como fazer a pesquisa, o objeto necessário para legaliza-la, capital de giro, preço de venda do produto ou serviço e retorno de investimento. A implantação compreende: o local adequado aos equipamentos, móveis e utensílios apropriados, a forma de comunicação, sistema de transporte, processo de recrutamento, seleção, contratação e treinamento de recursos humanos, a escolha correta de fornecedores, montagem do linha de produção, leiaute, fluxo administrativo. As vendas do produto ou serviço referem-se aos planos de marketing, às sugestões sobre alternativas de propaganda e à venda propriamente dita. Configurações: Os aprendizes que apresentarem perfil para abrir este tipo de empreendimento deverão ser orientados e apoiados pela instituição para dar os passos em busca da concretização do mesmo. Os profissionais deverão encaminhar os interessados para os órgãos competentes da comunidade (SEBRAE, SINE, SENAC, cursos de gerenciamento, associações comerciais, orientação sobre aquisição de créditos, projetos e geração de renda etc.). Porém, considerarmos a microempresa uma empreitada bastante exigente. Geralmente só convém incentivar aprendizes que adquiriam um bom nível de qualificação, assim como competência para gerenciar o empreendimento (Ver “Pré-requisitos” no item 2.3.3.4 – Microempresa). 6 Política de Geração de Renda versus Colocação Profissional Á medida que aumentam as dificuldades financeiras impostas às instituições especializadas na área da deficiência, cresce também a necessidade de se buscar formas alternativas de captação de recursos financeiros. As tradicionais verbas – repassadas anualmente por órgão governamentais e/ou provenientes de apoio de organizações nãogovernamentais nacionais e internacionais – há muito não tem sido suficiente para cobrir os altos custos resultantes da prestação de serviços terapêuticos, educacionais, sociais e profissionais às pessoas portadoras de deficiência. Por este motivo e também porque as instituições estão comprometidas a prosseguir cumprindo sua missão, elas têm sido incansáveis na busca de soluções financeiras alternativas. Assim, alem das já conhecidas campanhas externas de arrecadação de fundos em forma de feiras, adesão de novos sócios, bingos, rifas e atividades afins, muitas instituições vem há tempos realizando atividade de linha de montagem de subcontratos industriais pelos quais elas recebem pagamento das empresas contratantes. Como se sabe, na realização dessa montagem, as entidades envolvem muitos dos seus assim-chamados “aprendizes” na condição de treinados. Estes aprendizes recebem parte do pagamento feito pelas empresas e as entidades ficam com a outra parte para poderem cobrir suas despesas de administração. Uma outra forma de captação de recursos financeiros envolvendo diretamente os aprendizes consiste de oficinas de produção própria, montadas dentro das próprias entidades. Acrescenta-se ainda o surgimento, primeiro como projetos e depois como empreendimentos pendentes, dos chamados “cursos profissionalizantes”. Estes cursos, além de treinarem os aprendizes, vendem à comunidade produtos confeccionados pelos aprendizes durante seu treinamento como, por exemplo: alimentos e objetos para os méis diversos fins. Existentes também cursos profissionalizantes na área de serviços, tais como: jardinagem, limpeza e conservação, lanchonetes, restaurantes, pintura de paredes etc. A experiência tem mostrado que, na convergência das duas vertes, ou seja, a necessidade de captação de recursos e a necessidade de profissionalizar aprendizes, as instituições estão diante de um serio dilema: Privilegiar uma vertente em detrimento da outra ou concilia-las para beneficio de ambas? E, neste caso, é realmente possível essa conciliação a ponto de satisfazer as duas necessidades? Cabem aqui algumas questões de natureza filosófica. A fabricação/ confecção de produtos ou a atividade na área de serviços com qualidade e quantidade compatíveis com as exigências do mercado mão-de-obra qualificada e estável, o que implica segurar na instituição seus melhores aprendizes. Até que ponto é ético este procedimento, por justa que seja a intenção da instituição de garantir fundos para continuar cumprindo sua finalidade última? Como justificar a permanência prolongada dos aprendizes na instituição, sem vinculo empregatício e com remuneração abaixo do mercado, sabendo que eles têm o direito e a capacidade de obter emprego competitivo (com vinculo empregatício e salário de mercado) e alcançar sua independência? No caso de as instituições realmente desejarem que aprendizes qualificados obtenham emprego ou trabalho na comunidade, estão elas investindo na área da colocação profissional para que esse desejo seja cumprido? Ou seja, estão as instituições que profissionalizam seus aprendizes direcionando alguns recursos para a montagem e operacionalização da atividade de colocação integrada à área dos treinamentos? Há casos e, que certos aprendizes não conseguem colocação na comunidade e, por este motivo, permanecem na instituição em atividades sócio-ocupacionais ou em atividades produtivas. Nestes casos, qual tem sido o papel das instituições na geração de soluções dentro de seus programas para que as necessidades especiais de cada um destes aprendizes sejam efetivamente atendidas em vista do direito deles à realização pessoal e profissional a mais pleno possível? Como as instituições têm atualizado seu pessoal diretivo e suas equipes técnicas a respeito dos novos conceitos e tendências que estão mudando o mundo de hoje, tais como: inclusão (na escola, na empresa, no lazer e esporte), transição escola-trabalho, vida independente, emprego apoiado, tecnologia apropriada, solução baseadas na comunidade? Nestes novos tempos, urge que a política de atendimento adota pelas instituições sociais seja permeada por uma abordagem de transparência, envolvendo a comunidade tanto no conhecimento das atividades em desenvolvimento na instituição como na tomada de decisões quando às soluções que, junto com a instituição, poderiam ser assumidas pela comunidade para um sempre melhor atendimento às necessidades da pessoas portadores de deficiência. Isto significa dizer que setores pertinentes da comunidade têm o direito de saber o que e como as instituições fazem para servir ao portador de deficiência e, uma vez cientes disso, têm o dever de contribuir cada um com o que lhe couber para a solução desejada em cada caso. Assim agindo e diante do dilema <<privilegiar a garantia de recursos financeiros para a instituição ou privilegiar a colocação profissional dos aprendizes qualificados>>, a instituição poderá encontrar soluções satisfatórias para ambas as questões do dilema porque todos os envolvidos (o aprendiz, sua família, a instituição e a comunidade) terão sido parceiros no encaminhamento desse dilema. As duas questões são igualmente importantes e podem ser resolvidas sem que uma prejudique a outra, e isto tem sido demonstrado eloqüentemente nos Estados Unidos da América, Canadá, Itália, Espanha e outros países onde este tipo de abordagem compartilhada tem sido adotado. Obs.: local para fotos que deveriam ser escaniadas Total 3 folhas 7 Fundação Legal Nos últimos anos, os direitos dos portadores de deficiência a iguais oportunidades de trabalho vêm sendo reconhecidos. O reconhecimento se deve principalmente à adoção pela Conferencia Geral da Organização Internacional do Trabalho, em 1983, da Convenção 159 e da Recomendação 168, as quais tratam da reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes. Na verdade, já em 1948, portanto 35 anos antes desse dois documentos, o direito ao trabalho era reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos sancionada pela Assembléia Geral das Nações Unidas. O artigo 23, inciso “a”, diz que: “Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de seu trabalho, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”. No entanto, sabe-se que o portador de deficiência tem ficado à mercê da caridade ou tem exercido funções repetitivas em ambientes protegidos e terapêuticos. Muitos esforços foram desenvolvidos para garantir a inserção do portador de deficiência no mercado de trabalho competitivo, em cursos profissionalizantes e em estágios nas empresas. Ele tem sido envolvido também na confecção ou fabricação de produtos na instituição enquanto recebia atendimento na área de qualificação para o trabalho. Sabe-se que esse tipo de atividade (produção própria na instituição) continua ainda desamparado tanto pela legislação trabalhista quanto pela legislação tributaria vigentes no Brasil. Conforme documento do Ministério do Trabalho (1996), o País dispõe de uma das mais avançadas legislações mundiais de proteção e apoio ao portado de deficiência. Para facilitar às instituições a implantações do processo de desenvolvimento do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT), apresentamos a seguir a compilação de textos de documentos legais pertinentes à profissionalização e emprego de Pessoas Portadoras de Deficiência. Decreto N° 2.208, DE 17 DE ABRIL DE 1997 Regulamenta o § 2° do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei n° 9.394, de 20-12-96, Que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. “Art. 2° - A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou em modalidades que contemplem estratégias de educação continuada, podendo ser realizada em escolas do ensino regular, em instituições especializadas ou nos ambientes de trabalho. Art. 3° - A educação profissional compreende os seguintes níveis: I – básico: destinado à qualificação, requalificação e reprofissionalização de trabalhadores, independentemente de escolaridade prévia; II – técnico: destinado a proporcionar habilitação profissional a alunos matriculados ou egressos do ensino médio, devendo ser ministrado na forma estabelecida por este Decreto; III – tecnológico: corresponde a cursos de nível superior na área tecnológica, destinados a egresso do ensino médio e técnico. Art. 4° - A educação profissional de nível básico é modalidade de educação não-formal e duração variável, destinada a proporcionar ao cidadão trabalhador conhecimentos que lhe permitam reprofissionalizar-se, qualificar-se e atualizar-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho, compatíveis com a complexidade tecnológica do trabalho, o seu grau de conhecimento técnico e o nível de escolaridade do aluno, não estando sujeita à regulamentação curricular. § 1° - As instituições federais e as instituições públicas e privadas sem fins lucrativos, apoiadas financeiramente pelo Poder Publico, que ministram educação profissional deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico em sua programação, abertos a alunos das redes publicas e privadas de educação básico, assim como a trabalhadores de qualquer nível de escolaridade. § 2° - Aos que concluírem os cursos de educação profissional de nível básico será conferido certificado de qualificação profissional.” LEI N° 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Diretrizes e Bases da Educação Nacional “Art. 1° - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida família, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1° - Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2° - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à pratica social. Art. 2° - A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (...) Art. 39 – A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Art. 40 – A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente do trabalho.” (...) “Art. 59 – Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: (...) IV – educação especial para o trabalho, visando à sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora”. LEI N° 8.859, DE 23 DE MARÇO DE 1994 Modifica dispositivos Lei n° 6.494, de 7 de dezembro de 1977, estendendo aos alunos de ensino especial o direito à participação em atividades de estagio “Art. 1° - O Artigo. 1° e o § 1° do artigo 3° da Lei n° 6.494, de 7 de dezembro de 1977, passaram a vigorar com a seguinte redação: Art. 1° - As pessoas jurídicas do Direito Privado, os órgãos de Administração Publica e as Instituições de Ensino podem aceitar, como estagiários, os alunos regulamente matriculados em cursos vinculados ao ensino público e particular. § 1° - Os alunos a que se refere o “caput” deste artigo devem, comprovadamente, estar freqüentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2° grau, ou escolas de educação especial. § 2° - O estagio somente poderá verificar-se em unidades que tenham condições de proporcionar experiências pratica na linha de formação do estagio, devendo o aluno estar em condições de realizar o estagio, segundo o desporto na regulamentação da presente Lei § 3° - Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares”. Decreto N° 914, DE 6 DE SETEMBRO DE 1993 Institui a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência “Art. 1° - A Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência é o conjunto de orientações normativas, que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência”. (...) Art. 4° - A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência nortear-se-á pelos seguintes princípios: I – desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-econômico e cultural; II – estabelecimento de mecanismo e instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bemestar pessoal, social e econômico; III – respeito às pessoas portadoras de deficiência que devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos. “Art. 5° - São diretrizes da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: (...) III – inclui a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação saúde, trabalho, edificação pública, seguridade social, transporte, habilitação, cultura, esporte e lazer; (...) VI – promover medidas visando a criação de empregos, que privilegiem atividades econômicas de absorção de mão-de-obra de pessoas portadoras de deficiência; (...) VIII – proporcionar ao portador de deficiência qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho”. LEI N° 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 Alterada pela Lei N° 8.883, de 8 de junho de 1994. Dispõe sobre Licitação e Contratos “Art. 24 – É dispensável a licitação: (...) XX – na contração de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos de comprovada idoneidade por órgãos ou entidades da Administração Pública para prestação de serviços ou fornecimento de mão-deobra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.” INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 5, DE 30 DE AGOSTO DE 1991, Do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Dispõe sobre a fiscalização do trabalho das pessoas portadoras de deficiência “Art. 1° - O trabalho da pessoa portadora de deficiência não caracterizará relação de emprego quando atender aos seguintes requisitos: I – realizar-se sob assistência e orientação de entidade sem fins lucrativos, de natureza filantrópica, que tenha como objetivo assistir o deficiente; II – destinar-se a fins terapêuticos ou de desenvolvimento da capacidade laborativa do deficiente. Parágrafo único – O trabalho referido neste artigo poderá ser realizado na própria entidade que prestar assistência ao deficiente ou no âmbito de empresa que, para o mesmo fim, celebrar convênios com a entidade assistencial.” LEI N° 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente “Art 66 – Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido” LEI N° 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989 Direito das pessoas portadoras de deficiência: responsabilidade do poder publico “Art. 1° - Ficam estabelecidas normas gerais que assegurem o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. (...) Art. 2° (...) III – NA ÁREA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E DO TRABALHO a) O apoio governamental à formação profissional, à orientação profissional, e a garantia do acesso aos serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados à formação profissional: b) O emprego do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns. c) A promoção de ações eficazes que propiciam a inserção, nos setores públicos e privados, de pessoas portadoras de deficiência. d) A adoção de legislação especifica que discipline a reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da Administração Pública e do setor privado, e que regulamente a organização de oficinas e congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de deficiência”. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - 1988 “Art. 6° - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alem de outros que visem à melhoria de sua condição social; (...) XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão de trabalhador portador de deficiência; ” “Art. 24. – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; (...) Art. 37 – A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte: (...) VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;”(...) “Art. 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivo: (...) IV – a habilidade e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;” (...) “Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, alem de coloca-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. § 1° - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos: (...) II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.” 8 Considerações Finais O caminho para o êxito só se encontra fazendo. Mesmo com todas as informações e orientações à disposição, freqüentemente não se vislumbra ainda como colocar a concepção em pratica. Este segredo, porém, se revela na própria ação. Alguns caminhos nós só conseguimos trilhar experimentando-os. Neste sentido os autores gostariam de incentivar os leitores a estudar e discutir o conteúdo do Processo de Educação Profissional e Colocação no Trabalho (PECT), aqui apresentado, não se deixando intimidar pela complexidade do assunto, mas sim colocando-o em prática e adequando-o conforme as necessidades de sua realidade local. Cada PECT local poderá ter sua abrangência especial, incluindo somente partes do fluxograma. A intenção dos autores é a de apresentar subsídios para a implantação de uma proposta de educação profissional e colocação no mercado de trabalho que condiz com nossa meta primeira a cidadania da pessoa portadora de deficiência em uma sociedade adequada às necessidades de todo o cidadão, por mais diferente que ele seja. A educação profissional é a abertura de um caminho para a cidadania, pois é pelo trabalho que nós nos experimentamos como seres úteis e integrantes desta sociedade. Essa afirmação nos indica duas situações interdependentes: a educação profissional e o trabalho. Um bom trabalho dependente, em grande parte, de uma boa educação profissional. Esta, por sua vez, depende de ter sido projetada de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. Quando uma pessoa é qualificada profissionalmente, respeitadas as suas necessidades, aptidões, aspirações e capacidades, independentemente do tipo de organização que a qualificou, o emprego certo para essa pessoa lhe trará satisfação, elevará sua auto-estima, aumentará o grau de motivação e, conseqüentemente, melhorará seu desempenho pessoal, profissional e social. Consideramos que a abordagem deste manual é pioneira e, de certa forma, preliminar, pois requer a avaliação individual e coletiva das entidade que atuam nesta área no Brasil. Compreendemos, no entanto, que com a publicação deste manual, conseguiremos abrir novos caminhos e novas possibilidades de atuação na área da educação profissional e colocação no trabalho. Desejamos um bom êxito e todos que percorrerem. Lista de Siglas ! "# $ " % & " % & ' ( ) ' ! ' ! ' ' ' ! # Bibliografia Ação Pedagógica. V. 2. Coleção Especial. Brasília: FENAPAES, 1993. APAE/BATATAIS: Providencias necessárias para implantação de uma empresa-escola na APAE. Batatais: APAE, 1996 – apost. APAE/SÃO PAULO. Centro de Orientação Profissional Helena Antipoff – COHA. São Paulo: APAE, 1980. – livreto. ____. Critérios para encaminhamento aos diferentes setores da Coordenadoria da Área da Educação. São Paulo; APAE/SP, 1995. 11 p. – apost. ____. Programa de profissionalização para portadores de deficiência mental na área industrial. São Paulo: NAAP, 1996. BEHNKE, R., CIOLEK, A., KÖRNER, I. Konzept und Arbeitsweise. 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Diretora do Programa de Profissionalização para “Meninos de Rua”, realizado pelo CGT – Minas Gerais, em 1993. coordenadora Clínica e Superintendente da APAE/Contagem desde 1991. participou na pesquisa sobre “Dificuldade e Transtornos do Processo de Alfabetização: uma Investigação Clinica Pedagógica”, na FAE – UFMG, em 1996-1997. Gabriele Mader. Formação em psicopedagogia na Universidade de Colônia(1980), Alemanha, especializada nas áreas de deficiência mental, distúrbios de comportamento e estimulação precoce. Atuação com o portador de deficiência em escolas publicas, na preparação para o trabalho e acompanhamento de estagio, na Alemanha. Coordenação de projetos de prevenção na APAE e no Centro Comunitário Infantil, em Patos de Minas (1985-89). Atuação juntamente com várias ONGs em projetos comunitários de prevenção de deficiência e geração de renda (1990-94). Formada na Escola de Biodança do Ceará, acompanhou como facilitadora grupos terapêuticos de mulheres, portadoras de deficiência, meninos e meninas de rua na Alemanha e no Brasil. Coordenadora Técnica da Federação Nacional das APAEs (1995-97). Varias pesquisas sobre deficiência no Brasil. Autora do livro “Estudo sobre o Atendimento à Pessoa Portadora de Deficiência no Nordeste do Brasil”. Luisa Desaire Almeida Sampaio. Licenciatura plena em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará. Licenciatura plena Artes Industriais e Desenho, pela Escola Superior de Artes Anísio Teixeira – INEP-MEC/CE. Curso de Especialização em Deficiência Mental (360 h/a) – SEEC/CE. Trabalhou por 16 anos como Diretora do Núcleo de Treinamento Profissional das APAE/Fortaleza. Atualmente é Presidente da APAE de Fortaleza/CE. Maria do Rosário Archer Borges. Formação em Orientação Educacional, pela Universidade Federal de Santa Catarina (1978). Atuou como avaliadora, integradora de serviços de oficinas, orientadora pedagógica e de colocação profissional e diretora de unidade nos Programas de Atendimento Ocupacional, Pré-profissionalização, Qualificação Profissional e Colocação no Mercado de Trabalho, na área da deficiência mental, na Fundação Catarinense de Educação Especial (1980-87). Docência em assuntos de deficiência mental em diversos cursos, palestras, congressos, seminários em varias cidades do Brasil. Fez inúmeros cursos relacionados à questão da deficiência. Membro do Grupo de Estudos de Empregos Apoiados, em São Paulo (desde 1993). Atua como orientadora pedagógica e assistente de coordenação, no Programa de Habilitação Profissional, na APAE de São Paulo (desde 1987). Maria Helena Alcântara. Formação em Artes Plásticas – habilitação em Artes Industriais. Especializada em Terapia OcupacionalMontpellier/França. Experiência em magistério superior, treinamento de recursos humanos na área de profissionalização do deficiente auditivo, deficiente visual e deficiente mental e no atendimento direto a pessoas com deficiência nas áreas de preparação, qualificação e colocação no mercado de trabalho. Atuou como Coordenadora Técnica dos Programas de Profissionalização do Centro Integrado de Ensino Especial da Fundação Educacional do Distrito Federal, em Brasil/DF. Atualmente trabalha como Diretora pedagógica da APAE/DF. Romeu Kazumi Sassaki. Formação em serviços social e reabilitação profissional (1966 e 1972). Experiência em magistério superior, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos no campo das deficiências (1965/97). Experiência no atendimento direto a pessoas com deficiência nas áreas de profissionalização, colocação no mercado de trabalho e vida independente na comunidade (desde 1960). Trabalha atualmente como consultor do Programa de Atendimento aos Portadores de Deficiência, da Prefeitura do Município de São Paulo. É membro da equipe do Centro de Vida Independente Araci Nallin (desde 1996) e do Grupo de Estudos de Emprego Apoiado (desde 1993). Tânia Maria de Freitas Brandão. Formação em Terapia Ocupacional, pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica, em Salvador/BA (1976). Especializada em Administração Hospitalar pela Faculdade de São Camilo, em São Paulo/SP. Experiência em Coordenação Técnica APAE de Salvador/BA e em implantação do Programa Pré-profissional e do Programa de Treinamento para o Trabalho, na APAE de Salvador/BA. Trabalha atualmente como coordenadora técnica do Centro de Treinamento e Produção (CTP), na APAE Salvador/BA, atuando na colocação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. É diretora e terapeuta ocupacional responsável pela Clinica Convívio, em Salvador/BA.