PT Debates do Parlamento Europeu 20-01-2011 ANEXO (Respostas escritas) PERGUNTAS À COMISSÃO Pergunta nº.35 de João Ferreira (H-0632/10) Assunto: Erosão costeira A erosão costeira é um fenómeno que vem ameaçando extensas áreas de costa em Portugal, de Norte a Sul do país. Com causas diversificadas, entre as quais se poderão contar a elevação do nível médio da superfície oceânica, a diminuição da quantidade de sedimentos fornecidos ao litoral, a degradação antropogénica de estruturas naturais, bem como um conjunto diverso de intervenções sobre a faixa costeira, o fenómeno tem vindo a ameaçar a segurança de pessoas e bens em várias regiões, tendo já causado graves acidentes. Não sendo contido e invertido, poderá acarretar prejuízos futuros muito significativos e com um profundo impacto do ponto de vista económico, social e ambiental. Que medidas têm vindo a ser implementadas ao nível da UE para lidar com o problema da erosão costeira? De que forma irá a Comissão integrar a erosão costeira na abordagem comunitária à prevenção de catástrofes naturais e provocadas pelo homem? Que iniciativas estão a ser desenvolvidas? Que instrumentos de apoio aos EstadosMembros mais vulneráveis aos efeitos da erosão costeira estão disponíveis? Resposta (EN) A erosão costeira afecta gravemente cerca de 25% das costas europeias(1). O problema é susceptível de se agravar devido aos impactos das alterações climáticas, como a subida do nível da água do mar e a ocorrência de tempestades mais frequentes e mais intensas. Além disso, a intervenção crescente sobre as faixas costeiras pode interferir nos processos de sedimentação natural ou aumentar a quantidade de bens e o número de pessoas em risco em consequência da erosão costeira ou de inundações. O estudo EROSION(2), a nível pan-europeu, definiu a dimensão do problema da erosão costeira na Europa e forneceu orientações, estudos de caso e conceitos políticos para atacar de forma mais eficaz o problema da erosão costeira. Em 2010, o projecto CONSCIENCE(3) desenvolveu mais os conceitos políticos e recomendou maneiras de os executar. Para além disso, projectos e estudos confirmam que os custos financeiros da defesa das regiões costeiras e de medidas de adaptação são consideráveis. Está demonstrado que a prevenção e a adaptação antecipada aos riscos do clima são opções políticas com uma boa relação custo-eficácia(4). O Livro Branco da Comissão, de 2009, sobre adaptação às alterações climáticas(5) trata da questão dos riscos das regiões costeiras, incluindo a erosão costeira, e propõe medidas que (1) EEE 2006, The changing faces of Europe's coastal areas (A face em transformação das regiões costeiras da Europa). (2) www.eurion.org. (3) http://www" .conscience-eu.net/ (4) CCI 2009, projecto PESETA; CE 2009, "The Economics of climate change adaptation in EU coastal areas": http://ec.europa.eu/maritimeaffairs/climate_change_en.html (5) COM(2009) 147. PT Debates do Parlamento Europeu aumentem a resiliência das regiões costeiras e marinhas. Estão actualmente em curso trabalhos para assegurar a inclusão da adaptação das regiões costeiras no quadro da Política Marítima Integrada. A investigação confirma que é necessária uma abordagem abrangente e integrada para responder de forma adequada ao risco da erosão costeira. A base dessa abordagem integrada é fornecida pela Recomendação do Parlamento e do Conselho de 2002 sobre a Gestão Integrada da Zona Costeira (GIZC)(6). Também outros instrumentos comunitários existentes, como as Directivas relativas à Avaliação do Impacto Ambiental(7) e a Directiva relativa aos Riscos de Inundações(8) são importantes para reduzir o risco de erosão costeira. Para as zonas costeiras do Mediterrâneo, a UE ratificou o Protocolo GIZC à Convenção de Barcelona(9) em Setembro de 2010. O Protocolo inclui estipulações específicas sobre erosão costeira. A Comissão terá em conta o problema do risco das regiões costeiras na avaliação de impacto efectuada para um seguimento da Recomendação sobre a GIZC, previsto para finais de 2011. Atendendo a que o ordenamento do território é um importante instrumento para reduzir a vulnerabilidade nas regiões costeiras, a avaliação do impacto leva em consideração tanto a gestão costeira como o ordenamento do espaço marítimo (OEM)(10). Entretanto a Comissão continua a apoiar o intercâmbio de experiências e boas práticas na implementação da GIZC através da iniciativa OURCOAST(11). Da iniciativa resultará uma base de dados interactiva com, pelo menos, 350 casos e orientações sobre assuntos específicos e princípios da GIZC, incluindo a adaptação a riscos e às alterações climáticas. Além disso, a Comissão está a levar à prática diversas medidas com vista à plena implementação de um quadro da UE para a prevenção de catástrofes, tal como proposto pela Comunicação sobre a prevenção de catástrofes naturais e provocadas pelo homem, adoptada em Fevereiro de 2009(12) e reforçada pelo Conselho(13). Neste quadro, a Comissão emitiu, em21 de Dezembro de 2010(14) um documento de orientação sobre avaliações de risco e comportamento nacionais a adoptar no domínio da gestão de catástrofes, que foi elaborado em conjunto com as autoridades nacionais dos Estados-Membros. As "Orientações Aplicáveis às Avaliações de Risco e ao Comportamento a adoptar no domínio da Gestão das Catástrofes" visam reforçar a coerência e a comparabilidade entre avaliações de risco efectuadas a nível nacional nos Estados-Membros. As orientações não vinculativas, com base numa abordagem de riscos múltiplos, fornecem orientações em questões de terminologia, de envolvimento de diferentes sectores e entidades interessadas, e dos métodos e conceitos mais úteis. (6) 2002/413/CE, JO L 148 de 6.6.2002. (7) 85/337/CEE; 2001/42/CE. (8) 2007/60/CE, JO L 288 de 6.11.2007. (9) 2010/631/UE, JO L 279 de 23.10.2010. (10) COM(2008)791, COM(2010)771. (11) http://ec.europa.eu/environment/iczm/ourcoast.htm (12) COM(2009)82. (13) 15394/09 de 30 de Novembro de 2009. (14) SEC(2010)1626 final. 20-01-2011 PT Debates do Parlamento Europeu 20-01-2011 Na sequência do Livro Branco sobre a adaptação às alterações climáticas, a Comissão está a criar também um Centro de Orientação para a Informação sobre Adaptação, que estará operacional até ao início de 2012 e abrangerá sectores políticos de importância fundamental, incluindo zonas costeiras. O objectivo do centro de orientação para a informação é reforçar a incorporação de conhecimentos por decisores nacionais, regionais ou locais, por meio da oferta de orientação, ferramentas e melhores práticas para avaliações de vulnerabilidade às alterações climáticas a diferentes níveis geográficos. Com base na implementação do Livro Branco, a Comissão elaborará até 2013 uma exaustiva Estratégia de Adaptação da UE. No que respeita a oportunidades de financiamento, a Política de Coesão 2007-2013 investirá cerca de 5,8 mil milhões de euros na prevenção de riscos naturais. Em conformidade com o princípio da "gestão partilhada", compete aos Estados-Membros seleccionar e executar os projectos co-financiados com base nas prioridades estabelecidas nos Programas Operacionais pertinentes. Neste quadro poderão eventualmente ser apoiadas actividades de protecção costeira. No que diz respeito a Portugal, está previsto o investimento de 513 684 600 euros na "prevenção de riscos" através dos Programas Operacionais da política de Coesão 2007-2013. O programa transnacional atlântico apoia a ANCORIM (rede atlântica para a gestão dos riscos costeiros)(15), que inclui parceiros portugueses. * * * (15) ANCORIM http://atlanticprojects.inescporto.pt/project-area/ancorim/project_view