Proposta de criação de curso de educação à distância em Segurança de Alimentos para
manipuladores de alimentos
Simone de Souza MONTES1
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Nutricionista, Docente da Rede Pública Estadual de Ensino, Especialista em Gestão da Segurança de Alimentos e Mestranda em
Ciência de Alimentos. E-mail: [email protected].
Resumo: Atualmente, há uma grande preocupação com o bem estar e a saúde das pessoas que
habitam o planeta. A sustentabilidade, a prevenção de doenças e a alimentação segura e saudável
são os três pilares para a longevidade. Os alimentos são os grandes precursores da vida longa e de
qualidade aliados a um estilo de vida saudável e à prática de atividade física. Neste contexto, este
trabalho traz uma proposta de curso para manipuladores de alimentos, em Segurança de Alimentos,
com um diferencial: é um curso de Educação à Distância - EaD, voltado para a capacitação de
manipuladores de alimentos. O curso está pautado nas bases legais da educação brasileira - Lei
9394 de 20 de dezembro de 1996 - e se configura como de formação permanente, pois está voltado
para o profissional e sua aprendizagem em serviço. A proposta pedagógica está de acordo com os
princípios da Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, e visa formar um profissional de perfil
crítico e reflexivo, atuante em sua localidade, campo de trabalho e exercendo sua cidadania,
enquanto profissional e ator social. Desta forma, a criação do curso de Segurança de Alimentos e
de seus componentes curriculares/disciplinares se reflete na importância da (re) construção do
conhecimento, da valorização e da autoaprendizagem do profissional inserido na área de alimentos,
além de permitir a sua inclusão social digital. Estudos e trabalhos na área de educação à distância
apontam que os recursos informáticos e telemáticos podem contribuir para a qualificação de
trabalhadores (CATTANI, 2001). Dimenstein (1997) aponta que o analfabetismo digital é formado
por seres despreparados para lidar com os computadores e, muito menos, com suas redes de
informação. Diante desta lacuna, a educação a distância pode ser realizada em qualquer situação
desde que haja comprometimento técnico-pedagógico, garantindo assim o acesso do usuário,
inclusive os excluídos da tecnologia computacional. Conclui-se assim que esta proposta é o marco
inicial para a melhoria da qualificação do trabalho do manipulador de alimentos, devendo ser
implementada nos diversos campos de atuação deste profissional.
Palavras-chave: EaD. Alimentos. Aprendizagem. Formação. Qualificação.
1 REFERENCIAL TEÓRICO
Educação à Distância - EaD
A Educação à Distância – EaD, é uma modalidade de aprendizagem em que o aluno ou
cursista administra o seu tempo de estudo e dinamiza o seu aprendizado através de diversos
recursos interativos a depender da plataforma virtual utilizada. No entanto, Niskier (1999) ressalta
que na prática o desafio para essa modalidade de estudo encerra diversos descaminhos; que vai
desde a escolha do ambiente virtual, perpassando pelo preparo do professor e almejando
consequentemente a qualidade do curso.
Contudo, ao se pensar em uma implantação de um curso EaD, deve-se ter em mente de que
forma este produto entrará no mercado e qual é o público que será atingido. Podemos vislumbrar
até o público desta modalidade de curso: pessoas que almejam e necessitam se aprimorar em seus
trabalhos para assim melhorar a sua renda, o seu atendimento ao cliente, a melhoria de forma de
agir e de pensar, maior autonomia e aumento da autoestima entre outros fatores que levam esse
público a aprender a distância.
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Barreto & Pretto (2003), dizem que o grande desafio da EaD é, em última instância, o
mesmo desafio da educação como um todo. E ressalva que é necessário entender a EaD dentro de
suas limitações e especificidades, ao lado das tecnologias potencialmente redutoras de distância,
devendo acontecer de forma ampla, de forma a não aumentar a exclusão daqueles que já são
excluídos socialmente.
Por outro lado, Niskier (1999) ressalta que “os sistemas tecnológicos orientados para a
educação devem servir para a atualização do nosso trabalhador, ampliando oportunidades de
emprego... ela jamais poderá servir de instrumento de dominação”.
O que observamos, é que a educação a distância é uma forma de aperfeiçoar/capacitar e
educar qualquer pessoa desde que tenha acesso a um computador com internet, rádio, televisão,
etc., e esteja a fim de participar do processo. E de acordo com os diversos estudos apontados na
área, inclusive a tese de Doutorado de Airton Cattani (2001) em que o autor expõe um trabalho
importante de cunho interdisciplinar, envolvendo arquitetura, construção civil, educação e
informática, onde se procurou investigar como os recursos informáticos e telemáticos podem
contribuir para a qualificação de trabalhadores da indústria da construção civil.
Ao lado deste estudo, podemos fazer um paralelo com este trabalho, no sentido de visualizar
como a educação a distância pode ser realizada em qualquer situação desde que haja
comprometimento técnico-pedagógico e garantir o acesso do usuário, inclusive para os excluídos
da tecnologia computacional.i
Dentro desse arcabouço, e visando justamente a capacitação e a qualificação dos
trabalhadores nas diversas áreas de alimentos, no que concerne às noções e operacionalização das
técnicas de boas práticas, dos procedimentos adequados e corretos quanto à segurança de
alimentos, em qualquer serviço de nutrição e de alimentação, é que neste trabalho se propõe a
criação de um curso na modalidade de educação a distância, a fim de atender as expectativas de
todos os atores neste campo.
Diante da experiência profissional, observou-se que a carência de mão de obra especializada
para este setor, a falta de habilidades e de competências previstas, entre outros, geram o quadro de
insegurança de alimentos, ameaçando a saúde do consumidor. Neste sentido, há uma grande
necessidade que esses trabalhadores na área de alimentos, tenham acesso a uma formação e uma
educação continuada – aperfeiçoamento, capacitação e empreendedorismo – rumo à melhoria desse
setor, numa busca crescente pela competitividade qualidade, lucro e excelência.
Segundo Panetta (1998), editor da revista Higiene Alimentar, a qualidade é um componente
fundamental dos alimentos, como a segurança é um componente indispensável da qualidade. Com
isso, é relevante conhecer as intercorrências que podem afetar tais componentes. As condições
higiênico-sanitárias são exemplos de fatores primordiais que podem comprometer a qualidade dos
alimentos.
Paralelo a isso, está o manipulador de alimentos que interfere diretamente na sanidade
alimentar, pois está presente quase sempre em todas as fases de produção do alimento, que vão
desde o recebimento da matéria-prima, elaboração do produto até o seu envase e distribuição.
Nesse sentido, grande parte dos casos de toxinfecções por alimentos se deve à contaminação por
seus manipuladores e falta de monitoramento eficaz nas fases de elaboração do alimento
processado ou mesmo de um alimento in natura. Torna-se, inclusive necessário a constante
vigilância quanto à manipulação adequada dos alimentos que traduza a garantia de um alimento
nutritivo e saudável sob o aspecto higiênico-sanitário e de segurança.
Oferecer alimentos seguros, nutritivos e saudáveis é questão de política que envolve
segmentos sociais, industriais, econômicos e compromisso de todos que trabalham na área de
alimentos. Atualmente, o campo está cada vez mais restrito para as empresas que não tenham
compromisso com a saúde do consumidor, no oferecimento de um produto adequado às suas
necessidades.
Ao lado disso, a legislação brasileira e o código de defesa do consumidor, vêm sendo mais
rígidos e atuantes no que tange o ramo de alimentos no Brasil, com portarias e orientações mais
severas e que garantam, pelo menos, um alimento substancial e sadio para quem os consome. A
segurança de alimentos é essencial em todo processamento alimentar, é o que pode garantir a
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produção e o oferecimento de um alimento seguro e de alta qualidade higiênica e nutricional que
satisfaça um consumidor cada vez mais exigente e vigilante.
Diante do exposto, a proposta de criação do curso à distância em Segurança de Alimentos se
faz importante por querer lançar para o mercado, profissionais atuantes com perfil ético
predominante que assegurem a produção de alimentos sadios, com mínimo de perdas em seu valor
nutritivo e em seus aspectos sensoriais e o máximo em higiene e segurança.
A RDC 216 de 15/09/2004 e o Manipulador de Alimentos
A RDC 216 é uma resolução aplicada aos serviços de alimentação que realizam atividades
de: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à
venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissarias,
confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatessens, lanchonetes, padarias,
pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres (BRASIL, 2004).
É uma resolução que visa a proteção à saúde da população, no que tange à alimentação na
promoção e manutenção da saúde e da vida humana. A mesma vem trazendo uma série de
orientações, parâmetros e recomendações com o intuito de normatizar o setor de produção de
alimentos sob os aspectos higiênicos e sanitários. Esta lei deve ser complementada pelos órgãos de
vigilância sanitária estadual, distrital e municipal visando abranger requisitos inerentes às
realidades locais e promover a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos serviços de
alimentação. (BRASIL, 2004).
Segundo a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 216 de 15 de setembro de 2004, o
manipulador de alimentos é “qualquer pessoa do serviço de alimentação que entra em contato
direto ou indireto com o alimento”. E aprofunda (BRASIL, 2004):
4.6.3 Os manipuladores devem ter asseio pessoal, apresentando-se com
uniformes compatíveis à atividade, conservados e limpos. Os uniformes devem
ser trocados, no mínimo, diariamente e usados exclusivamente nas dependências
internas do estabelecimento. As roupas e os objetos pessoais devem ser
guardados em local específico e reservado para esse fim.
4.6.4 Os manipuladores devem lavar cuidadosamente as mãos ao chegar ao
trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção do serviço,
após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer
necessário. Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a
correta lavagem e antisepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de
fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios.
4.6.5 Os manipuladores não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar,
assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou praticar outros
atos que possam contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades.
4.6.6 Os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por redes, toucas
ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de barba.
As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base. Durante a manipulação,
devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem.
Diante do texto da RDC 216, percebe-se que o manipulador de alimentos deve ter um perfil
profissional de ética, de compromisso, capacitado, gozar de boa saúde e ter hábitos de higiene
saudáveis e coerentes de acordo com a sua função.
Importância da Capacitação em Boas Práticas
De acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, mais de 70% dos casos de
enfermidades transmitidas pelos alimentos têm origem no seu manuseio inadequado. Fatores como
a qualidade da matéria-prima, condições ambientais, características dos equipamentos usados na
preparação e as condições técnicas de higienização são pontos importantes na epidemiologia das
Doenças Veiculadas por Alimentos - DVA. Entretanto, nenhum destes aspectos supera a
importância das técnicas de manipulação e a própria saúde do manipulador nesta particularidade
(Silva Júnior, 2002).
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Sem dúvida alguma a equipe de cozinha que é capacitada, produz melhor, falha pouco e
desempenha com a segurança e qualidade seus serviços. Silva Júnior (2002) orienta que o
programa de boas práticas tem a finalidade de adequar o processamento dos alimentos, assim como
a manipulação, de acordo com a legislação a fim de se evitar as doenças originadas por alimentos.
Além disso, a capacitação deverá envolver conteúdos básicos de higiene, técnica, temperatura e
tempo.
Por outro ângulo, a capacitação em boas práticas melhora não tão somente o profissional de
alimentos, mas ajuda-o a mudar o seu comportamento no âmbito de trabalho e familiar. O
crescimento é profissional e pessoal. Para que o manipulador se conscientize da importância de se
ter hábitos de higiene, tanto pessoal quanto com os alimentos, é necessária a promoção de
programas de treinamentos periódicos de orientação específicos ao manipulador. O treinamento
visa conscientizar os funcionários quanto às noções de higiene, técnicas corretas de manipulação de
alimentos e práticas que garantam a inocuidade das refeições oferecidas à clientela, com vista a
evitar as toxinfecções alimentares.
2 OBJETIVO
Este trabalho destina-se a criar um curso de capacitação e atualização de trabalhadores de
cozinha cujo enfoque é a Segurança de Alimentos.
3 METODOLOGIA
O curso teve origem, inicialmente, baseando-se em outros cursos na modalidade de educação
à distância, a partir das orientações e recomendações do Ministério da Educação – MEC. O método
de ensino está direcionado em orientar e capacitar o cursista a partir de sua experiência,
promovendo a reflexão de sua atuação no mundo, na vida, na família e em seu trabalho (linha
construtivista). O método deve levar o educando a uma aprendizagem ativa, criativa e
contextualizadora, onde ele proponha sugestões e alternativas de soluções, questionamentos e
criticidade aplicando o conhecimento adquirido em sua práxis diária. A Pedagogia da práxis é o
método de trabalho mais indicado para este curso porque trabalha a diversidade de contextos,
contradições e divergências que levem a conscientização do papel de cada um e sua relevante
contribuição no meio em que está inserido, transformando o mundo para melhor (Gadotti, 2000).
Foram utilizados também princípios da Pedagogia crítico-social dos conteúdos visando a ampliação
do leque do aprendizado a nível profissional e social.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O curso terá como técnicas de ensino e de aprendizagem adotadas as discussões nos fóruns,
o diálogo em chats, o estudo de caso através de tarefas propostas no ambiente virtual de
aprendizagem, entre outros recursos. A plataforma de aprendizagem é o Moodle (Modular ObjectOriented Dynamic Learning Environment). O Moodle é um software projetado para a internet com
a finalidade de criar um ambiente virtual de aprendizagem para a disseminação de cursos de forma
dinâmica e simples, com ferramentas fáceis de serem trabalhadas e manipuladas pelos cursistas. O
Moodle tem uma característica importante: promover uma abordagem social e construcionista de
ensino, a "pedagogia socioconstrucionista" (MOODLE, 2007). Ao lado disso, a praticidade, fácil
compreensão e a interatividade fazem do Moodle um ambiente de aprendizagem virtual com todas
as características fundamentais e necessárias ao bom desenvolvimento do curso. A sequência de
estudos se dará por módulos de estudo, organizados e sequenciados sob o critério de pré-requisitos,
ou seja, por cada etapa concluída, avança-se para o próximo módulo. Haverá aulas presenciais a
partir de um cronograma oficial e seguindo a legislação e as normas para a execução de cursos à
distância. Os recursos materiais para as aulas presenciais serão os seguintes: cadeiras e mesas
individuais ou carteiras para alunos, quadro branco, pincéis para quadro branco, apostilas,
datashow e computador.
O processo de avaliação será contínuo e processual, preferencialmente individual, tendo por
base o duplo critério de assiduidade no ambiente virtual e aproveitamento dos estudos, sendo as
condições para a aprovação as seguintes: Frequência mínima de 75% nos momentos presenciais;
Participação efetiva de 80% a 90% nas atividades propostas pelo ambiente virtual (fóruns, chats,
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tarefas, wiki etc.). Essa participação será de cunho quantitativo e qualitativo. Nota ou média
mínima 5,0 (cinco pontos em cada módulo de estudo), transformada em conceito de acordo com as
recomendações legais, onde se sugere:
TABELA 1 – VALORES: NOTA, MÉDIA E CONCEITO
Nota/Média
Conceito
Abreviatura
0 a 1,9
Sem
Rendimento
S.A.
2,0 a 4,9
Insuficiente
I
5,0
Suficiente
S
5,1 a 7,0
Bom
B
7,1 a 8,9
Muito Bom
M.B.
9 a 10,0
Excelente
E
Além das atividades avaliativas durante a execução do curso, haverá também uma
avaliação escrita e presencial obrigatória em relação à área específica ao final do curso. Será
fornecido ao cursista, um certificado de conclusão do curso, de acordo com as condições acima
citadas. A certificação será realizada pela instituição onde o curso acontecerá, devendo esta ter
autonomia para ser certificadora e responsável pela emissão dos certificados, de acordo com as
normas do Ministério da Educação. Vale ressaltar que a autoavaliação estará inserida na filosofia
do curso.
O curso terá uma carga horária total de 200 horas, sendo que 80% da carga horária será
dedicada exclusivamente à esfera virtual. O critério para acesso ao curso será: ficha de inscrição,
curriculum vitae ou curriculum lattes e entrevista, cuja aplicabilidade se faz necessária para traçar
o perfil da turma.
O corpo docente será formado por profissionais ligados a área de alimentos (nutricionistas,
engenheiros de alimentos, professores da área), tutores graduados nos diversos níveis acadêmicos.
O público alvo será formado por todas as pessoas tenham interesse de atuar ou que já atuam como
manipuladores de alimentos em indústrias, hospitais, residências, creches, escolas, hotéis e afins,
restaurantes entre outros, tornando-se também multiplicadores. O curso pode atender também as
necessidades de outros atores do processo, como auxiliares e técnicos em Nutrição.
A metodologia do curso – interacionista/construtivista – envolve a articulação de
experiências pessoais e profissionais e dentro do planejamento, cada atividade tem um foco
orientador que deve estar coerente com a meta e os objetivos de cada módulo de estudo. Os
conteúdos serão abordados de forma crítica, atual, técnica (quando preciso), contextualizada e
operacional, articulando teoria e prática. Por outro lado, a tendência construtivista se dá
basicamente pela autoaprendizagem do cursista, ou seja, toda a dinâmica do curso estará voltada
para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do conhecimento de quem o constrói. Diante disso,
mesmo no ambiente virtual o construtivismo é uma forma de conceber o conhecimento desde a sua
origem até o seu atual estágio de complexidade na mente humana. E de acordo com pensadores no
assunto, o construtivismo é uma nova visão e leitura de universo, da vida humana e do mundo das
relações sociais.
No curso, os encontros acontecerão no ambiente virtual de aprendizagem através das salas de
bate-papo (encontros síncronos) e fóruns virtuais (encontros assíncronos), a fim de estimular a
interação entre os cursistas e a formação de grupo ou comunidades de estudo e/ou aprendizagem.
Haverá um professor-tutor capacitado para acompanhar o processo de aprendizagem dos
educandos, bem como, para tirar dúvidas de forma eficiente e eficaz. Caso o cursista não tenha
acesso a um computador dele, na cidade de implantação do curso deverá existir um Polo de
informática com um professor-tutor disponível para que o aluno sem acesso possa frequentar o
curso sem prejudicar o seu desempenho. A proposta sugere o programa GESAC – Governo
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Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão, do Governo Federal, que tem como meta
disponibilizar acesso à internet e mais um conjunto de outros serviços de inclusão digital às
comunidades excluídas do acesso e dos serviços vinculados à rede mundial de computadores.
(BRASIL - Ministério das Comunicações, 2009).
O curso terá o Moodle como ambiente virtual de aprendizagem (AVA), que pode ser
trabalhado individualmente ou em grupo, de acordo com a necessidade do cursista e da dinâmica
do curso. Também estará disponibilizado materiais pertinentes ao curso, material da Internet,
tarefas on line e off line, conhecimentos diversos sobre Segurança de Alimentos, além de acesso a
links da legislação de alimentos do Brasil, Mercosul, Comunidade Europeia entre outras.
Além da formatação do curso, os resultados incluíram o currículo com as disciplinas
elucidadas a seguir:
1.
Comunicação e Expressão
 Interpretação de texto
 Estudo dos diversos tipos de texto: narrativo, descritivo e dissertativo
2.
Informática
 Ambiente Operacional Windows/Linux – Microsoft Office, Br.Office, Moodle,
Internet
3.
Ciências da Nutrição
 Nutrição e Alimentação – Conceitos básicos
 Os nutrientes e os alimentos
 Funções dos nutrientes
 O organismo humano e os nutrientes
 Digestão, absorção e assimilação dos nutrientes
 Noções de Sistema Digestório Humano
4.
Ética
 Introdução a ao Estudo da Ética
 História da Ética
 Ética aplicada à área de Alimentos
 Evolução Cultural Humana
 Relações Interpessoais
5.
Microbiologia dos Alimentos
 Noções de Microbiologia Alimentar
 Microrganismos importantes em alimentos
 Alterações em alimentos de origem microbiológica
 Perigos em Alimentos
 Bactérias, Vírus, Fungos, Protozoários e Helmintos
 Patogenia das Doenças Veiculadas por Alimentos
 Padrões Microbiológicos em Alimentos segundo a Vigilância Sanitária
 Órgãos Nacionais e Internacionais de Vigilância em Alimentos
6.
Normas, Padrões e Sistemas de Segurança de Alimentos
 Conceito de Qualidade
 Controle de Qualidade
 Certificação de Sistemas de Qualidade
 Sistema 5 S
 Sistema Qualidade Total
 Boas Práticas
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 Noções do Sistema APPCC
7.
Boas Práticas em Cozinhas Institucionais/Domésticas
 Conceitos Básicos (Alimentos – Perigos – Contaminação – Boas Práticas)
 O manipulador de alimentos
 O manual de boas práticas
 Estrutura Física da Unidade de Alimentação e Nutrição
 Refeição para Coletividades Sadias
 Refeição Transportada
 Análise de Cardápios
 Desperdício de Alimentos e Sustentabilidade
 Aproveitamento Integral dos Alimentos
 Transporte de Alimentos
 Armazenamento e Conservação de Alimentos
 Percaptas dos alimentos
 Medidas de Peso e Volume
 Equivalência alimentar
 Fator de correção
 Quantidade e Qualidade
8.
Segurança de Alimentos e Segurança Alimentar
 Legislação de alimentos
 Programas Sociais de Combate à Fome do Governo Federal
 Política Nacional de Alimentação e de Nutrição - PNAN
 Codex Alimentarius
Considerações sobre as disciplinas Comunicação e Expressão, Ética e Informática.
Como o curso propõe formar profissionais capacitados e atuantes no mercado de segurança
de alimentos, e por este ser formatado na modalidade educação à distância, torna-se necessário que
o cursista domine a língua pátria para que ele possa perceber, entender, interagir através de uma
comunicação clara, concisa e objetiva. Dominando a língua pátria, inclusive a escrita, o cursista
deverá desenvolver habilidades computacionais na disciplina de Informática, uma vez que 80% do
curso desenvolver-se-á em ambiente on line. Com relação à disciplina Ética, o cursista inserido no
mercado de trabalho desenvolverá atitudes éticas, levando-o a ser um cidadão completo e aberto
aos novos desafios da vida moderna.
5 CONCLUSÃO
A criação de um curso EaD no segmento de Alimentos, especialmente no que tange a
Segurança de Alimentos, gera grandes expectativas para os profissionais dessa área. A capacitação
on line é uma ação relativamente nova e importante, uma vez que visa assegurar conhecimentos ou
a sua construção/aperfeiçoamento, para profissionais que na maioria das vezes não tiveram acesso a
uma formação técnica e/ou continuada neste campo. Isso ocorre porque, o tempo e as necessidades
são outras: avançamos na legislação, o consumidor é crítico e atuante, e o empresário almeja
expandir o seu negócio. O colaborador desqualificado e inconsciente de sua importância pode pôr
em risco a sua saúde e a do consumidor, assim como a imagem da empresa em que trabalha.
Investimentos no ser humano, nunca são demais para quem deseja prestar um serviço de
excelência, ao lado, obviamente de bons produtos. A qualidade é um benefício que sempre vale a
pena investir. O curso para manipuladores em Segurança de Alimentos constrói a ideia de
formação de um profissional, ao mesmo tempo em que é técnico, está apto para lidar com as
diversas tecnologias digitais, sendo crítico e empreendedor. Todavia, cabe ressaltar que cada
pessoa define seus objetivos, seu padrão de estudo e a sua qualidade intelectual.
Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia
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6 REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC – Ministério da Educação. Curso Técnico de Formação para os Funcionários da
Educação, 2009. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13155 Acesso em: 28
de set.2009.
______.Ministério das Comunicações. GESAC – Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento
ao Cidadão, 2009. Disponível em: http://www.idbrasil.gov.br Acesso em: 20 de out.2009.
______. Ministério da Saúde/ANVISA. (Resolução da Diretoria Colegiada) RDC 216 de 15 de
setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de
Alimentação. Brasília, 2004. Disponível em: http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=12546 Acesso em: 28 de set.2009.
BARRETO, Raquel Goulart; PRETTO, Nelson de Luca. Tecnologias educacionais e educação a
distância: avaliando políticas e práticas. 2ª ed. – Quartet Editora & Comunicação Ltda, Rio de
Janeiro, 2003.
CATTANI, Airton. Recursos informáticos e telemáticos como suporte para a formação e
qualificação de trabalhadores da construção civil. Tese (Doutorado) – Porto Alegre: UFRGS,
CINTED, PGIE, 2001.
DIMENSTEIN, Gilberto. Computador cria novos analfabetos. Folha de São Paulo. São Paulo –
25 de maio de 1997.
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Artes Médicas, São Paulo, 2000.
MOODLE, versão 1.9. Sobre o Moodle, http://moodle.org, 2007. Disponível em:
http://docs.moodle.org/pt/Sobre_o_Moodle. Acesso em: 17de out. 2009.
NISKIER, Arnaldo. Educação a Distância – A Tecnologia da Esperança. 1ª ed. – São Paulo,
1999.
PANETTA, José Cezar. O Manipulador: Fator de Segurança e Qualidade de Alimentos. Revista
Higiene Alimentar, volume 12, nº 57, 1998.
SILVA JÚNIOR, Enêo A. da. Manual de controle higiênico sanitário em alimentos. 5. ed. – São
Paulo: Livraria Varela, 2002.
i
Dimenstein (1997) aponta que o analfabetismo digital é formado por seres “despreparados para lidar com
os computadores e, muito menos, com suas redes de informação”.
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