Proposta de criação de curso de educação à distância em Segurança de Alimentos para manipuladores de alimentos Simone de Souza MONTES1 1 Nutricionista, Docente da Rede Pública Estadual de Ensino, Especialista em Gestão da Segurança de Alimentos e Mestranda em Ciência de Alimentos. E-mail: [email protected]. Resumo: Atualmente, há uma grande preocupação com o bem estar e a saúde das pessoas que habitam o planeta. A sustentabilidade, a prevenção de doenças e a alimentação segura e saudável são os três pilares para a longevidade. Os alimentos são os grandes precursores da vida longa e de qualidade aliados a um estilo de vida saudável e à prática de atividade física. Neste contexto, este trabalho traz uma proposta de curso para manipuladores de alimentos, em Segurança de Alimentos, com um diferencial: é um curso de Educação à Distância - EaD, voltado para a capacitação de manipuladores de alimentos. O curso está pautado nas bases legais da educação brasileira - Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 - e se configura como de formação permanente, pois está voltado para o profissional e sua aprendizagem em serviço. A proposta pedagógica está de acordo com os princípios da Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, e visa formar um profissional de perfil crítico e reflexivo, atuante em sua localidade, campo de trabalho e exercendo sua cidadania, enquanto profissional e ator social. Desta forma, a criação do curso de Segurança de Alimentos e de seus componentes curriculares/disciplinares se reflete na importância da (re) construção do conhecimento, da valorização e da autoaprendizagem do profissional inserido na área de alimentos, além de permitir a sua inclusão social digital. Estudos e trabalhos na área de educação à distância apontam que os recursos informáticos e telemáticos podem contribuir para a qualificação de trabalhadores (CATTANI, 2001). Dimenstein (1997) aponta que o analfabetismo digital é formado por seres despreparados para lidar com os computadores e, muito menos, com suas redes de informação. Diante desta lacuna, a educação a distância pode ser realizada em qualquer situação desde que haja comprometimento técnico-pedagógico, garantindo assim o acesso do usuário, inclusive os excluídos da tecnologia computacional. Conclui-se assim que esta proposta é o marco inicial para a melhoria da qualificação do trabalho do manipulador de alimentos, devendo ser implementada nos diversos campos de atuação deste profissional. Palavras-chave: EaD. Alimentos. Aprendizagem. Formação. Qualificação. 1 REFERENCIAL TEÓRICO Educação à Distância - EaD A Educação à Distância – EaD, é uma modalidade de aprendizagem em que o aluno ou cursista administra o seu tempo de estudo e dinamiza o seu aprendizado através de diversos recursos interativos a depender da plataforma virtual utilizada. No entanto, Niskier (1999) ressalta que na prática o desafio para essa modalidade de estudo encerra diversos descaminhos; que vai desde a escolha do ambiente virtual, perpassando pelo preparo do professor e almejando consequentemente a qualidade do curso. Contudo, ao se pensar em uma implantação de um curso EaD, deve-se ter em mente de que forma este produto entrará no mercado e qual é o público que será atingido. Podemos vislumbrar até o público desta modalidade de curso: pessoas que almejam e necessitam se aprimorar em seus trabalhos para assim melhorar a sua renda, o seu atendimento ao cliente, a melhoria de forma de agir e de pensar, maior autonomia e aumento da autoestima entre outros fatores que levam esse público a aprender a distância. Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 1 Barreto & Pretto (2003), dizem que o grande desafio da EaD é, em última instância, o mesmo desafio da educação como um todo. E ressalva que é necessário entender a EaD dentro de suas limitações e especificidades, ao lado das tecnologias potencialmente redutoras de distância, devendo acontecer de forma ampla, de forma a não aumentar a exclusão daqueles que já são excluídos socialmente. Por outro lado, Niskier (1999) ressalta que “os sistemas tecnológicos orientados para a educação devem servir para a atualização do nosso trabalhador, ampliando oportunidades de emprego... ela jamais poderá servir de instrumento de dominação”. O que observamos, é que a educação a distância é uma forma de aperfeiçoar/capacitar e educar qualquer pessoa desde que tenha acesso a um computador com internet, rádio, televisão, etc., e esteja a fim de participar do processo. E de acordo com os diversos estudos apontados na área, inclusive a tese de Doutorado de Airton Cattani (2001) em que o autor expõe um trabalho importante de cunho interdisciplinar, envolvendo arquitetura, construção civil, educação e informática, onde se procurou investigar como os recursos informáticos e telemáticos podem contribuir para a qualificação de trabalhadores da indústria da construção civil. Ao lado deste estudo, podemos fazer um paralelo com este trabalho, no sentido de visualizar como a educação a distância pode ser realizada em qualquer situação desde que haja comprometimento técnico-pedagógico e garantir o acesso do usuário, inclusive para os excluídos da tecnologia computacional.i Dentro desse arcabouço, e visando justamente a capacitação e a qualificação dos trabalhadores nas diversas áreas de alimentos, no que concerne às noções e operacionalização das técnicas de boas práticas, dos procedimentos adequados e corretos quanto à segurança de alimentos, em qualquer serviço de nutrição e de alimentação, é que neste trabalho se propõe a criação de um curso na modalidade de educação a distância, a fim de atender as expectativas de todos os atores neste campo. Diante da experiência profissional, observou-se que a carência de mão de obra especializada para este setor, a falta de habilidades e de competências previstas, entre outros, geram o quadro de insegurança de alimentos, ameaçando a saúde do consumidor. Neste sentido, há uma grande necessidade que esses trabalhadores na área de alimentos, tenham acesso a uma formação e uma educação continuada – aperfeiçoamento, capacitação e empreendedorismo – rumo à melhoria desse setor, numa busca crescente pela competitividade qualidade, lucro e excelência. Segundo Panetta (1998), editor da revista Higiene Alimentar, a qualidade é um componente fundamental dos alimentos, como a segurança é um componente indispensável da qualidade. Com isso, é relevante conhecer as intercorrências que podem afetar tais componentes. As condições higiênico-sanitárias são exemplos de fatores primordiais que podem comprometer a qualidade dos alimentos. Paralelo a isso, está o manipulador de alimentos que interfere diretamente na sanidade alimentar, pois está presente quase sempre em todas as fases de produção do alimento, que vão desde o recebimento da matéria-prima, elaboração do produto até o seu envase e distribuição. Nesse sentido, grande parte dos casos de toxinfecções por alimentos se deve à contaminação por seus manipuladores e falta de monitoramento eficaz nas fases de elaboração do alimento processado ou mesmo de um alimento in natura. Torna-se, inclusive necessário a constante vigilância quanto à manipulação adequada dos alimentos que traduza a garantia de um alimento nutritivo e saudável sob o aspecto higiênico-sanitário e de segurança. Oferecer alimentos seguros, nutritivos e saudáveis é questão de política que envolve segmentos sociais, industriais, econômicos e compromisso de todos que trabalham na área de alimentos. Atualmente, o campo está cada vez mais restrito para as empresas que não tenham compromisso com a saúde do consumidor, no oferecimento de um produto adequado às suas necessidades. Ao lado disso, a legislação brasileira e o código de defesa do consumidor, vêm sendo mais rígidos e atuantes no que tange o ramo de alimentos no Brasil, com portarias e orientações mais severas e que garantam, pelo menos, um alimento substancial e sadio para quem os consome. A segurança de alimentos é essencial em todo processamento alimentar, é o que pode garantir a Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 2 produção e o oferecimento de um alimento seguro e de alta qualidade higiênica e nutricional que satisfaça um consumidor cada vez mais exigente e vigilante. Diante do exposto, a proposta de criação do curso à distância em Segurança de Alimentos se faz importante por querer lançar para o mercado, profissionais atuantes com perfil ético predominante que assegurem a produção de alimentos sadios, com mínimo de perdas em seu valor nutritivo e em seus aspectos sensoriais e o máximo em higiene e segurança. A RDC 216 de 15/09/2004 e o Manipulador de Alimentos A RDC 216 é uma resolução aplicada aos serviços de alimentação que realizam atividades de: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissarias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatessens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres (BRASIL, 2004). É uma resolução que visa a proteção à saúde da população, no que tange à alimentação na promoção e manutenção da saúde e da vida humana. A mesma vem trazendo uma série de orientações, parâmetros e recomendações com o intuito de normatizar o setor de produção de alimentos sob os aspectos higiênicos e sanitários. Esta lei deve ser complementada pelos órgãos de vigilância sanitária estadual, distrital e municipal visando abranger requisitos inerentes às realidades locais e promover a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos serviços de alimentação. (BRASIL, 2004). Segundo a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 216 de 15 de setembro de 2004, o manipulador de alimentos é “qualquer pessoa do serviço de alimentação que entra em contato direto ou indireto com o alimento”. E aprofunda (BRASIL, 2004): 4.6.3 Os manipuladores devem ter asseio pessoal, apresentando-se com uniformes compatíveis à atividade, conservados e limpos. Os uniformes devem ser trocados, no mínimo, diariamente e usados exclusivamente nas dependências internas do estabelecimento. As roupas e os objetos pessoais devem ser guardados em local específico e reservado para esse fim. 4.6.4 Os manipuladores devem lavar cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção do serviço, após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer necessário. Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem e antisepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios. 4.6.5 Os manipuladores não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar, assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou praticar outros atos que possam contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades. 4.6.6 Os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de barba. As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base. Durante a manipulação, devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem. Diante do texto da RDC 216, percebe-se que o manipulador de alimentos deve ter um perfil profissional de ética, de compromisso, capacitado, gozar de boa saúde e ter hábitos de higiene saudáveis e coerentes de acordo com a sua função. Importância da Capacitação em Boas Práticas De acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, mais de 70% dos casos de enfermidades transmitidas pelos alimentos têm origem no seu manuseio inadequado. Fatores como a qualidade da matéria-prima, condições ambientais, características dos equipamentos usados na preparação e as condições técnicas de higienização são pontos importantes na epidemiologia das Doenças Veiculadas por Alimentos - DVA. Entretanto, nenhum destes aspectos supera a importância das técnicas de manipulação e a própria saúde do manipulador nesta particularidade (Silva Júnior, 2002). Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 3 Sem dúvida alguma a equipe de cozinha que é capacitada, produz melhor, falha pouco e desempenha com a segurança e qualidade seus serviços. Silva Júnior (2002) orienta que o programa de boas práticas tem a finalidade de adequar o processamento dos alimentos, assim como a manipulação, de acordo com a legislação a fim de se evitar as doenças originadas por alimentos. Além disso, a capacitação deverá envolver conteúdos básicos de higiene, técnica, temperatura e tempo. Por outro ângulo, a capacitação em boas práticas melhora não tão somente o profissional de alimentos, mas ajuda-o a mudar o seu comportamento no âmbito de trabalho e familiar. O crescimento é profissional e pessoal. Para que o manipulador se conscientize da importância de se ter hábitos de higiene, tanto pessoal quanto com os alimentos, é necessária a promoção de programas de treinamentos periódicos de orientação específicos ao manipulador. O treinamento visa conscientizar os funcionários quanto às noções de higiene, técnicas corretas de manipulação de alimentos e práticas que garantam a inocuidade das refeições oferecidas à clientela, com vista a evitar as toxinfecções alimentares. 2 OBJETIVO Este trabalho destina-se a criar um curso de capacitação e atualização de trabalhadores de cozinha cujo enfoque é a Segurança de Alimentos. 3 METODOLOGIA O curso teve origem, inicialmente, baseando-se em outros cursos na modalidade de educação à distância, a partir das orientações e recomendações do Ministério da Educação – MEC. O método de ensino está direcionado em orientar e capacitar o cursista a partir de sua experiência, promovendo a reflexão de sua atuação no mundo, na vida, na família e em seu trabalho (linha construtivista). O método deve levar o educando a uma aprendizagem ativa, criativa e contextualizadora, onde ele proponha sugestões e alternativas de soluções, questionamentos e criticidade aplicando o conhecimento adquirido em sua práxis diária. A Pedagogia da práxis é o método de trabalho mais indicado para este curso porque trabalha a diversidade de contextos, contradições e divergências que levem a conscientização do papel de cada um e sua relevante contribuição no meio em que está inserido, transformando o mundo para melhor (Gadotti, 2000). Foram utilizados também princípios da Pedagogia crítico-social dos conteúdos visando a ampliação do leque do aprendizado a nível profissional e social. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O curso terá como técnicas de ensino e de aprendizagem adotadas as discussões nos fóruns, o diálogo em chats, o estudo de caso através de tarefas propostas no ambiente virtual de aprendizagem, entre outros recursos. A plataforma de aprendizagem é o Moodle (Modular ObjectOriented Dynamic Learning Environment). O Moodle é um software projetado para a internet com a finalidade de criar um ambiente virtual de aprendizagem para a disseminação de cursos de forma dinâmica e simples, com ferramentas fáceis de serem trabalhadas e manipuladas pelos cursistas. O Moodle tem uma característica importante: promover uma abordagem social e construcionista de ensino, a "pedagogia socioconstrucionista" (MOODLE, 2007). Ao lado disso, a praticidade, fácil compreensão e a interatividade fazem do Moodle um ambiente de aprendizagem virtual com todas as características fundamentais e necessárias ao bom desenvolvimento do curso. A sequência de estudos se dará por módulos de estudo, organizados e sequenciados sob o critério de pré-requisitos, ou seja, por cada etapa concluída, avança-se para o próximo módulo. Haverá aulas presenciais a partir de um cronograma oficial e seguindo a legislação e as normas para a execução de cursos à distância. Os recursos materiais para as aulas presenciais serão os seguintes: cadeiras e mesas individuais ou carteiras para alunos, quadro branco, pincéis para quadro branco, apostilas, datashow e computador. O processo de avaliação será contínuo e processual, preferencialmente individual, tendo por base o duplo critério de assiduidade no ambiente virtual e aproveitamento dos estudos, sendo as condições para a aprovação as seguintes: Frequência mínima de 75% nos momentos presenciais; Participação efetiva de 80% a 90% nas atividades propostas pelo ambiente virtual (fóruns, chats, Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 4 tarefas, wiki etc.). Essa participação será de cunho quantitativo e qualitativo. Nota ou média mínima 5,0 (cinco pontos em cada módulo de estudo), transformada em conceito de acordo com as recomendações legais, onde se sugere: TABELA 1 – VALORES: NOTA, MÉDIA E CONCEITO Nota/Média Conceito Abreviatura 0 a 1,9 Sem Rendimento S.A. 2,0 a 4,9 Insuficiente I 5,0 Suficiente S 5,1 a 7,0 Bom B 7,1 a 8,9 Muito Bom M.B. 9 a 10,0 Excelente E Além das atividades avaliativas durante a execução do curso, haverá também uma avaliação escrita e presencial obrigatória em relação à área específica ao final do curso. Será fornecido ao cursista, um certificado de conclusão do curso, de acordo com as condições acima citadas. A certificação será realizada pela instituição onde o curso acontecerá, devendo esta ter autonomia para ser certificadora e responsável pela emissão dos certificados, de acordo com as normas do Ministério da Educação. Vale ressaltar que a autoavaliação estará inserida na filosofia do curso. O curso terá uma carga horária total de 200 horas, sendo que 80% da carga horária será dedicada exclusivamente à esfera virtual. O critério para acesso ao curso será: ficha de inscrição, curriculum vitae ou curriculum lattes e entrevista, cuja aplicabilidade se faz necessária para traçar o perfil da turma. O corpo docente será formado por profissionais ligados a área de alimentos (nutricionistas, engenheiros de alimentos, professores da área), tutores graduados nos diversos níveis acadêmicos. O público alvo será formado por todas as pessoas tenham interesse de atuar ou que já atuam como manipuladores de alimentos em indústrias, hospitais, residências, creches, escolas, hotéis e afins, restaurantes entre outros, tornando-se também multiplicadores. O curso pode atender também as necessidades de outros atores do processo, como auxiliares e técnicos em Nutrição. A metodologia do curso – interacionista/construtivista – envolve a articulação de experiências pessoais e profissionais e dentro do planejamento, cada atividade tem um foco orientador que deve estar coerente com a meta e os objetivos de cada módulo de estudo. Os conteúdos serão abordados de forma crítica, atual, técnica (quando preciso), contextualizada e operacional, articulando teoria e prática. Por outro lado, a tendência construtivista se dá basicamente pela autoaprendizagem do cursista, ou seja, toda a dinâmica do curso estará voltada para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do conhecimento de quem o constrói. Diante disso, mesmo no ambiente virtual o construtivismo é uma forma de conceber o conhecimento desde a sua origem até o seu atual estágio de complexidade na mente humana. E de acordo com pensadores no assunto, o construtivismo é uma nova visão e leitura de universo, da vida humana e do mundo das relações sociais. No curso, os encontros acontecerão no ambiente virtual de aprendizagem através das salas de bate-papo (encontros síncronos) e fóruns virtuais (encontros assíncronos), a fim de estimular a interação entre os cursistas e a formação de grupo ou comunidades de estudo e/ou aprendizagem. Haverá um professor-tutor capacitado para acompanhar o processo de aprendizagem dos educandos, bem como, para tirar dúvidas de forma eficiente e eficaz. Caso o cursista não tenha acesso a um computador dele, na cidade de implantação do curso deverá existir um Polo de informática com um professor-tutor disponível para que o aluno sem acesso possa frequentar o curso sem prejudicar o seu desempenho. A proposta sugere o programa GESAC – Governo Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 5 Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão, do Governo Federal, que tem como meta disponibilizar acesso à internet e mais um conjunto de outros serviços de inclusão digital às comunidades excluídas do acesso e dos serviços vinculados à rede mundial de computadores. (BRASIL - Ministério das Comunicações, 2009). O curso terá o Moodle como ambiente virtual de aprendizagem (AVA), que pode ser trabalhado individualmente ou em grupo, de acordo com a necessidade do cursista e da dinâmica do curso. Também estará disponibilizado materiais pertinentes ao curso, material da Internet, tarefas on line e off line, conhecimentos diversos sobre Segurança de Alimentos, além de acesso a links da legislação de alimentos do Brasil, Mercosul, Comunidade Europeia entre outras. Além da formatação do curso, os resultados incluíram o currículo com as disciplinas elucidadas a seguir: 1. Comunicação e Expressão Interpretação de texto Estudo dos diversos tipos de texto: narrativo, descritivo e dissertativo 2. Informática Ambiente Operacional Windows/Linux – Microsoft Office, Br.Office, Moodle, Internet 3. Ciências da Nutrição Nutrição e Alimentação – Conceitos básicos Os nutrientes e os alimentos Funções dos nutrientes O organismo humano e os nutrientes Digestão, absorção e assimilação dos nutrientes Noções de Sistema Digestório Humano 4. Ética Introdução a ao Estudo da Ética História da Ética Ética aplicada à área de Alimentos Evolução Cultural Humana Relações Interpessoais 5. Microbiologia dos Alimentos Noções de Microbiologia Alimentar Microrganismos importantes em alimentos Alterações em alimentos de origem microbiológica Perigos em Alimentos Bactérias, Vírus, Fungos, Protozoários e Helmintos Patogenia das Doenças Veiculadas por Alimentos Padrões Microbiológicos em Alimentos segundo a Vigilância Sanitária Órgãos Nacionais e Internacionais de Vigilância em Alimentos 6. Normas, Padrões e Sistemas de Segurança de Alimentos Conceito de Qualidade Controle de Qualidade Certificação de Sistemas de Qualidade Sistema 5 S Sistema Qualidade Total Boas Práticas Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 6 Noções do Sistema APPCC 7. Boas Práticas em Cozinhas Institucionais/Domésticas Conceitos Básicos (Alimentos – Perigos – Contaminação – Boas Práticas) O manipulador de alimentos O manual de boas práticas Estrutura Física da Unidade de Alimentação e Nutrição Refeição para Coletividades Sadias Refeição Transportada Análise de Cardápios Desperdício de Alimentos e Sustentabilidade Aproveitamento Integral dos Alimentos Transporte de Alimentos Armazenamento e Conservação de Alimentos Percaptas dos alimentos Medidas de Peso e Volume Equivalência alimentar Fator de correção Quantidade e Qualidade 8. Segurança de Alimentos e Segurança Alimentar Legislação de alimentos Programas Sociais de Combate à Fome do Governo Federal Política Nacional de Alimentação e de Nutrição - PNAN Codex Alimentarius Considerações sobre as disciplinas Comunicação e Expressão, Ética e Informática. Como o curso propõe formar profissionais capacitados e atuantes no mercado de segurança de alimentos, e por este ser formatado na modalidade educação à distância, torna-se necessário que o cursista domine a língua pátria para que ele possa perceber, entender, interagir através de uma comunicação clara, concisa e objetiva. Dominando a língua pátria, inclusive a escrita, o cursista deverá desenvolver habilidades computacionais na disciplina de Informática, uma vez que 80% do curso desenvolver-se-á em ambiente on line. Com relação à disciplina Ética, o cursista inserido no mercado de trabalho desenvolverá atitudes éticas, levando-o a ser um cidadão completo e aberto aos novos desafios da vida moderna. 5 CONCLUSÃO A criação de um curso EaD no segmento de Alimentos, especialmente no que tange a Segurança de Alimentos, gera grandes expectativas para os profissionais dessa área. A capacitação on line é uma ação relativamente nova e importante, uma vez que visa assegurar conhecimentos ou a sua construção/aperfeiçoamento, para profissionais que na maioria das vezes não tiveram acesso a uma formação técnica e/ou continuada neste campo. Isso ocorre porque, o tempo e as necessidades são outras: avançamos na legislação, o consumidor é crítico e atuante, e o empresário almeja expandir o seu negócio. O colaborador desqualificado e inconsciente de sua importância pode pôr em risco a sua saúde e a do consumidor, assim como a imagem da empresa em que trabalha. Investimentos no ser humano, nunca são demais para quem deseja prestar um serviço de excelência, ao lado, obviamente de bons produtos. A qualidade é um benefício que sempre vale a pena investir. O curso para manipuladores em Segurança de Alimentos constrói a ideia de formação de um profissional, ao mesmo tempo em que é técnico, está apto para lidar com as diversas tecnologias digitais, sendo crítico e empreendedor. Todavia, cabe ressaltar que cada pessoa define seus objetivos, seu padrão de estudo e a sua qualidade intelectual. Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 7 6 REFERÊNCIAS BRASIL, MEC – Ministério da Educação. Curso Técnico de Formação para os Funcionários da Educação, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13155 Acesso em: 28 de set.2009. ______.Ministério das Comunicações. GESAC – Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão, 2009. Disponível em: http://www.idbrasil.gov.br Acesso em: 20 de out.2009. ______. Ministério da Saúde/ANVISA. (Resolução da Diretoria Colegiada) RDC 216 de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, 2004. Disponível em: http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=12546 Acesso em: 28 de set.2009. BARRETO, Raquel Goulart; PRETTO, Nelson de Luca. Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. 2ª ed. – Quartet Editora & Comunicação Ltda, Rio de Janeiro, 2003. CATTANI, Airton. Recursos informáticos e telemáticos como suporte para a formação e qualificação de trabalhadores da construção civil. Tese (Doutorado) – Porto Alegre: UFRGS, CINTED, PGIE, 2001. DIMENSTEIN, Gilberto. Computador cria novos analfabetos. Folha de São Paulo. São Paulo – 25 de maio de 1997. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Artes Médicas, São Paulo, 2000. MOODLE, versão 1.9. Sobre o Moodle, http://moodle.org, 2007. Disponível em: http://docs.moodle.org/pt/Sobre_o_Moodle. Acesso em: 17de out. 2009. NISKIER, Arnaldo. Educação a Distância – A Tecnologia da Esperança. 1ª ed. – São Paulo, 1999. PANETTA, José Cezar. 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