Universidade Federal da Bahia
Estrutura de Comunidades
Anfíbios Anuros
Marcelo Felgueiras Napoli
2006
Assembléia ou Comunidade ?
Conceitos primários
 Conceito de Comunidade Abstrata: grupo abstrato de
organismos que ocorrem em uma paisagem.
Parte da premissa que há um nível de integração entre suas
partes que poderia se denominado: organísmico ou quaseorganísmico.
 Conceito de Comunidade Concreta: coleção de
organismos achados em local e período específicos.
É formalizado pela unidade amostral (réplica, parcela,
plot) que limita e compartimentaliza a variação na
composição das espécies no espaço e no tempo = o conteúdo
de uma unidade amostral é a definição operacional de
uma comunidade.
Conceitos primários
Assembléia ou Comunidade ?
 Conceito de Assembléia: semelhante ao conceito de
comunidade concreta.
Espécies independentes e que não interagem
Conotação indesejável
Por que estudar comunidades biológicas?
Conceitos primários
Quais espécies vivem neste local?
INVENTÁRIO:
E AGORA? NOS BASTA SABER A LISTA DE ESPÉCIES?
 Procuramos responder o POR QUÊ da questão:
QUEM vive com QUEM e POR QUÊ?

O que controla a diversidade de espécies?

Como as espécies respondem a alterações do ambiente?

Como as espécies respondem a distúrbios?

Como as espécies respondem quando as manipulamos?
Diversidade de Espécies
Conceitos primários
Diversidade = Inventário (lista de espécies) ?
Whittaker (1972): “ Diversidade no sentido estrito é a riqueza de
espécies e é aproximadamente medida como o número de espécies em
uma amostra de tamanho padronizado”.
McCune & Grace (2002: 25): “Riqueza de espécies é definida como o
número de espécies em uma unidade amostral ou outra área específica...
é uma medida intuitiva da diversidade.”
Então, por intuição:
Qual das unidades é a mais diversa?
aaaaaaa
f
y
aaaaaaa
fffffff
yyyyyyy
Conceitos primários
Diversidade de Espécies: diversidade ALFA
Níveis de diversidade (Whittaker 1960, 1965, 1972)
Diversidade Alfa: diversidade em réplicas individuais;
Riqueza de espécies
Equitabilidade
Uso tradicional de índices: medem probabilidades.
 D0 (riqueza de espécies) = somatório simples
 Diversidade de Simpson = mede a probabilidade
de dois indivíduos pegos aleatoriamente serem de
espécies diferentes.
 Shannon-Wiener (H’)= mede o conteúdo de
informação de uma réplica, isto é, quanto maior for a
incerteza sobre um indivíduo pertencer à uma
determinada espécie, maior será a diversidade da
réplica.
Diversidade de Espécies: diversidade ALFA
Conceitos primários
Exemplos
Sp A
Sp B
Plot 1
99
1
Plot 2
50
50
H´ Plot 1 = 0,024
H’ Plot 2 = 0,30
Você consegue entender a
semelhança entre as
réplicas quanto à
composição de espécies
que possuem?
Diversidade de Espécies: diversidade BETA
Conceitos primários
Definição: é a variação na composição das espécies observada entre as
réplicas analisadas.
Alterações na composição das espécies ao longo de gradientes:
Ambientais (fisiografias distintas do ecossistema ou Bioma)
Topográficos (altitudinais)
Geográficos (distância)
Dois tipos de análise de diversidade BETA são comuns e
importantes:
• Análise direta de gradiente: variação na composição da
comunidade tomando-se por base variáveis do ambiente (p.ex.,
umidade e temperatura);
• Análise indireta de gradiente: variação na composição da
comunidade tomando-se por base variáveis de fauna (p.ex.,
riqueza e abudância) [=species turnover, Vellend 2001, caso
especial de Diversidade Beta]
spE
spD
 Notar que não usamos índices;
 Notar o formato da tabela;
 Notar o uso de gráficos de
dispersão sobrepostos.
spB spC
Ordenação DIRETA de
gradiente: exemplo
spA
Conceitos primários
spF
Diversidade de Espécies: diversidade BETA
spF
spD
spE
Ordenação
INDIRETA de
gradiente:
exemplo 1
spB
spC
Matriz de associação
spA
Conceitos primários
Diversidade de Espécies: diversidade BETA
Conceitos primários
Diversidade de Espécies: diversidade BETA
Ordenação
INDIRETA de
gradiente:
exemplo 2
Estudos de comunidades de anuros - Brasil
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
 Quais são as perguntas via de regra feitas nos trabalhos de comunidades
desenvolvidos no Brasil nos estudos de comunidades de anuros?
Quais são as espécies que ocorrem na área (de pequenas poças à toda uma
região);
Onde estão localizadas (microhábitats)
Onde são mais comuns ou raras?
Quais são seus períodos reprodutivos na área de estudo?
Como “partilham” os recursos espaciais e temporais disponíveis na área de
estudo?
E os Métodos?
Unidades amostrais sem padronização:
Área total das réplicas desigual;
Tipos de réplicas por microambientes com n desigual;
Esforço de procura ativa e/ou passiva desigual;
Espécimes coligidos como testemunha não citados ao final da
publicação;
Comparação entre as áreas feitas por índices de similaridade, índices
de riqueza e/ou diversidade ou somente tabelamento das espécies por
microambiente.
Estudos de comunidades de anuros - Brasil
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
Quais são os ambientes estudados via de regra?
Ambientes com corpos d´água, via de regra, poças ou margem de lagoas.
Áreas de mata: limitadas a poças e lagoas internas às matas;
Áreas secas e de borda não são investigadas.
E os resultados? Como são apresentados?
Caracteriza-se o ambiente estudado, principalmente quanto à vegetação,
presença e tipos de corpos d´água, pluviosidade média mensal e temperatura
média mensal ;
Utiliza-se um ou mais transectos;
Lista-se as espécies inventariadas por ambiente examinado;
Descreve-se onde foram visualizadas as espécies por microhabitats;
Cita-se o período de atividade reprodutiva de cada espécie com dados de
história natural;
Relaciona-se a atividade reprodutiva com temperatura e pluviosidade e, via de
regra, conclui-se que ambas estas relacionadas à atividade reprodutiva das
espécies por meio de um gráfico de regressão linear, mesmo quando os dados
não são normais ou de variância semelhante; não é utilizada a análise de
regressão parcial ou múltipla para os diversos fatores climáticos fornecidos.
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
E os resultados? Como são apresentados? (Cont.)
EXEMPLOS
Pode-se ter adicionado:
Índices de similaridade entre as áreas amostradas (índice de Jacard);
Índices de riqueza e de diversidade (via de regra, Shannon-Wiener).
EXEMPLOS
SUGESTÃO
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
EXEMPLO/SUGESTÃO
Distribuição espacial: exemplo 1
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
EXEMPLO/SUGESTÃO
Distribuição espacial: exemplo 2
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
EXEMPLO/SUGESTÃO
Distribuição espacial: exemplo 3
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
EXEMPLO
Período de atividade reprodutiva: exemplo 1
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
EXEMPLO
Período de atividade reprodutiva: exemplo 2
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
EXEMPLO
Associação variáveis ambientais vs. variáveis de fauna
Distribuição temporal da riqueza de anuros adultos (barras brancas) e de girinos
(barras hachuradas), pluviosidade média acumulada dos cinco dias anteriores à
coleta (linha) e temperatura (linha pontilhada), no conjunto dos dez corpos d’água
estudados, no período de janeiro de 2003 a março de 2004 (J a M).
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
SUGESTÃO
Associação variáveis ambientais vs. variáveis de fauna
SUGESTÃO
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
E os processos que levam à estruturação das comunidades?
São questionados?
Faz-se delineamento adequado para respondê-los?
O QUE VOCÊ CONLCUI PELO QUE DISCUTIMOS ATÉ AGORA?
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
SUGESTÃO
RECOMENDAÇÕES para se estudar uma comunidade de anuros
Estabelecer as réplicas por sorteio, levando-se em conta as
diferentes fisiografias do ambiente e microambientes
Não repetir réplicas, a fim de aumentar o universo amostral;
Se a pergunta a ser respondida não objetivar variação temporal,
tentar concentrar a amostragem da área no menor número possível
de períodos;
Rigor na coleta ativa:
Mesmo esforço horas/homem trabalho em cada réplica;
Réplicas de mesma área e formato;
Alternância de equipes de coleta em cada réplica;
Alternância do horário de início e seqëência de coleta nas
réplicas;
Aquisição dos pontos de coleta de variáveis ambientais nas
réplicas de maneira padronizada:
BRASIL: aspectos descritivos – diversidade ALFA
SUGESTÃO
RECOMENDAÇÕES para se estudar uma comunidade de anuros
Variáveis ambientais sugeridas para estudos de comunidades de
anfíbios anuros:
Densidade de plantas lenhosas (método do quadrante centrado,
Krebs, 1999);
Densidade de folhagem (estratos vegetais);
Porcentagem de cobertura de serapilheira;
Profundidade de serapilheira;
Densidade de bromélias por:
espécie, tamanho, altura, com/sem água, com/sem
insolação direta, com/sem serapilheira;
Altitude (se gradientes altitudinais);
Latitude (de gradientes latitudinais);
Temperatura: microambientes, manhã, terde e noite
Velocidade da corrente de água no corpo d´água;
pH, salinidade da água no solo;
Tipos de predadores aquáticos;
Umidade do ar;
Umidade dos microambientes: serapilheira, solo e bromélias.
Estudos de diversidade Beta: variação em GRADIENTES
SUGESTÃO
RECOMENDAÇÕES para se estudar uma comunidade de anuros
Variáveis de fauna sugeridas para estudos de comunidades de
anfíbios anuros:
Riqueza de espécies;
Abundância de espécies: notar que, neste caso, procura-se por
padrões gerais de distribuição da comunidade de anuros no
ecossistema estudado, e não a estimativa concreta da densidade
de determinada espécie no ambiente (neste último caso, o
método poderia subestimar tal densidade – Por quê?)
DESAFIO
DESAFIO
O gráfico abaixo apresenta resultados obtidos quanto ao estudo de uma comunidade de anuros
em Floresta Tropical. As espécies estão representadas, levando-se em consideração o tipo de
microambiente que ocupam, o modo de reprodução e o número total de espécimes por espécie.
Além disso, o gráfico oferece informações sobre período diário de atividade e modo de forrageio.
Embora ocorra um elevado número de espécies de anuros no local estudado, o autor sugeriu que
as espécies podem coexistir devido à ausência ou a pouca pressão de competição interespecífica.
Esta “fraca” pressão de competição interespecífica foi relacionada (1) à heterogeneidade do
ambiente, (2) à homogeneidade do microclima no microambiente e a diferentes padrões (3) de
uso de microambientes e (4) circadianos.
Observando-se atentamente o gráfico notamos que
o mesmo é capaz de nos fornecer informações que
subsidiam as sugestões sobre a ausência ou baixa
competição elencadas pelo autor. Com base nos
dados fornecidos cite qual(is) desta(s) “causa(s)”
está(ão) claramente relacionada(s) no gráfico
(basta fornecer a numeração) e comente
sucintamente como a utilização e disponibilidade
destes recursos ambientais concorreriam para
evitar os efeitos aventados no “princípio da
exclusão competitiva”. Em sua resposta, extraia do
texto e/ou gráfico as variáveis pertinentes de
ambiente/fauna
e
cite-as
de
maneira
contextualizada.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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2.
3.
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Bastazini, C. V. 2006. Anfíbios da Restinga do município de Mata de São
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composição dos anuros. Dissertação de Mestrado, não publicada. PPG
Ecologia e Biomonitoramento. Universidade Federal da Bahia, Salvador.
Duellman & Trueb, L. 1994. Biology of Amphibians. Baltimore, The Johns
Hopkins University Press.
Heyer, W. R., Donnelly, M. A., McDiarmid, R.W., Hayec, C.L. & Foster,
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Magnusson, W. E. & Mourão, G. 2003. Estatística sem matemática.
Editora Planta, Londrina.
McCune, B. & Grace, J. B. 2002. Analysis of ecological communities.
MjM Software Design, Glenedem Beach, Oregon.
Munduruca, J. F. V. 2005. Gradientes ambientais e composição da
comunidade de anuros da Reserva Camurujipe, Mata de São João, Bahia,
Brasil. Dissertação de Mestrado, não publicada. PPG Ecologia e
Biomonitoramento. Universidade Federal da Bahia, Salvador.
Pough, F. H., Andrews, R. M., Cadle, J. E., Crump, M. L., Savitzky, A. H.
& Wells, K. D. 1998. Herpetology. Prentice-Hall Inc., New Jersey.
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Apresentação do PowerPoint - amphibia ufba